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Airá um Orixá 

único.
Março 29, 2016 por Fernando D'Osogiyan

Airá é um Orixá da família do raio, mas pode também ser relacionado ao vento, seu
nome pode ser traduzido como redemoinho, sendo o fenômeno que mais se assemelha a
um furacão em território Nigeriano. Seu templo fica em Savé uma cidade no Benim que
é conhecida por ser local de muitas rochas.  O surgimento do culto a Airá antecede ao
de Xangô, seu culto migrou de Savé para Oyó e de Oyó para Ketu.  Airá foi incorporado
a família de Xangô, é tido como Orixá velho, veste-se de branco, usa contas brancas
rajadas de marrom intercaladas com seguí e acompanha Oxolufon, Airá não usa coroa,
mas um eketé branco. Suas comidas votivas não são temperadas com dendê, nem com
sal e sim com banha de ori africana. Comeria quiabos, assim como Xangô. Conhecido
no Brasil como uma qualidade de Xangô, porém, na verdade foi incorporado ao panteão
do fogo, mas seu verdadeiro culto é independente, Airá é um Orixá único,  ele não usa
coroa e sim um capacete e seu simbolo é uma chave, usa uma lança como simbolo de
respeito,impondo-se mesmo depois da chegada de Xangô.

Airá é tido como Ebora, ou seja, Orixá que povoou a terra logo após a sua criação, para
alguns historiadores, seria Xangô ancestral, daí sua grande ligação com Oxalá. Airá está
intimamente ligado às cantigas da roda de Xangô, assim, se junta à família e formam os
12 Xangôs cultuados e reverenciados.

O Mito Oba àkesón

Oba Àkesón deixou o reinado para seu filho mais velho Aira Ìntilé,  grande caçador e
guerreiro, que em acordo com Xangô passou usar um Osé e passou a comer oguidí,
(sopa de Feijão com quiabo),Mais por ser um Orixá devoto  de Osolufon, ele evita o sal,
dendê e pimenta para poder estar ou comer junto a Oxalá.
O MITO DE AIRÁ

Segundo os mitos, Oxalá permaneceu injustamente preso durante sete anos no reino de
seu filho, Xangô, sem que este soubesse do fato. Grandes calamidades ocorreram em
todo o reino devido a essa injustiça e quando Xangô finalmente descobriu o que havia
acontecido com o próprio pai, resgatou-o da prisão e ordenou que fossem organizadas
grandes festas em todo o reino, em sua homenagem. A festividade conhecida hoje como
Águas de Oxalá remonta a esse acontecimento.

No entanto, Oxalá estava muito alquebrado, ferido e entristecido. Apesar de toda a


atenção que recebeu, a única coisa que desejava era retornar ao seu próprio reino, em
Ifé, onde Yemanjá, sua esposa, o aguardava. Xangô não podia acompanhá-lo, pois
precisava colocar em ordem o próprio reino e pediu a Airá que fizesse isso em seu
lugar.

Foi assim que Airá tornou-se o companheiro de Oxalá, pois a viagem foi muito longa já
que Oxalá andava muito devagar (conta-se também que Airá carregava Oxalá nas
costas) pelo fato de ainda estar se recuperando dos ferimentos que adquirira durante os
sete anos de prisão.

Durante o dia, eles caminhavam. À noite, Oxalá sentia frio e precisava descansar. Para
aquecê-lo e distraí-lo dos próprios pensamentos, Airá mandava que acendessem uma
grande fogueira no acampamento. Oxalá observava o fogo e Airá passava longas horas
contando-lhe histórias do povo de Oyó.

Desse modo, tornou-se tradição acender a fogueira no dia 29 de junho de cada ano (no
Brasil), em homenagem a Airá e à viagem que fez em companhia de Oxalá.

A Casa Branca do Engenho Velho consagrada originalmente como Ìyá Omí Àse Àirá
Intilè, e conhecido atualmente por  Ilé Ìyá Nassô,  a própria Iyá Nassô  trás de Ketu,  Ìyá
Lussô Odé Dana-Dana que auxiliado por Babá Asiká, ficam no Brasil o Àse da Nação
Ketu na Bahia próximo a igreja da Barroquinha, na primeira metade do século  XIX.
Com forte presença do culto a Airá e Xangô, por ser Iya Nassô um título dado a  um
sacerdotisa de Xangô, auxiliadas por Iya Detá e Iya Kalá, mantém a tradição até hoje
passando por várias gerações nas grandes casas de candomblé.

Antigos dizem que são seis os caminhos de Airá, porém somente quatro são do meu
conhecimento:

 Airá Intilè: Veste branco, aquele que carrega Lufon nas costas.
 Airá Igbonan: É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês
de junho de cada ano, acontece à fogueira de Airá, rito em que Igbonan dança sempre
acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das
fogueiras.

Airá Modé: É o eterno companheiro de Oxaguiã, veste branco e não come dendê (só um
pingo) sua conta leva seguí.

Airá Adjaosí: Velho guerreiro veste branco, ligado a Yemanjá e Oxalá.

Nesta cantiga abaixo, podemos entender a força de Airá nas casas antigas, embora a
bandeira seja da nação Ketu no Brasil, muitas casas originadas do Engenho Velho,
exibem no alto do seu barracão um referencia a Airá ou Xangô, como uma gamela com
machado duplo, xéren, quartinha, otás, etc.

“Airá ó lé lé, a ire ó lé lé

A ire ó lé lé, a ire ó lé lé”

“Airá está feliz, ele está sobre a casa”

Estamos felizes, ele está sobre a casa”

Mito – Fogueira de Airá

Um dos rituais mais preminentes em homenagem a Airá é o orô em torno da fogueira,


danças alegres e de muita interação com os poderosos Orixás do Fogo e toda sua familia
sendo reverenciada, Bayani, Iyá Massê, Dadá, Ajaká, Kôsso, Aganjú, etc.

Arquétipo: Pessoas de Airá são extremamente bondosas, inteligentes, podem


antever situações desfavoráveis e se planejar para qualquer situação, mudança ou
recomeço. Seu jeito calmo, manhoso e pacífico, esconde um grande estrategista
movendo-se entre o fogo e o vento silenciosamente e sem alarde.

Oriki

Áyrà ójó mó péré sé

Á mó péré sé

Áyrà ójó mó péré sé

Á mó péré sé

Tradução

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor


A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor.

Pesquisa e texto: Ogá Braga D’Odé e Babá Fernando D’Osogiyan

https://ileaxeoxolufaniwin.wordpress.com

Referência: A Fogueira de Xangô – Babá José Flávio P. de Barros e Os Orixás: Pierre
Verge

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