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ITANS DE ORISÁ

Luan Gomes
ITANS DE ORISÁ

OSÓÒSI: O FILHO DA FEITICEIRA

Das duzentas e uma Iyámi, haviam três especiais era três irmãs. Eram três Iyámi: Mepere,
Bokolo e Bangbá. As três fizeram um juramento: Elas juraram nunca engravidar, mas Bangbá
não cumpriu essa promessa. Bangbá deu à luz a filhos e um destes era especial. Ele era
Osotokansoso, o arqueiro de uma só flecha. Bangbá era a Iyámi da árvore jaqueira ela é Iyámi
Apaoká.
Um dia o Ooní de Ife Oduduwa fez uma grande festa para celebrar a colheita de inhames novos
e convidou a todos de todos os reinos para com ele celebrar. Todos menos as Iyámi. Ele não
deu oferendas as Iyámi. Ele excluiu as Iyámi e nem sequer se lembrou delas. As duzentas e uma
Iyámi se revoltaram! Elas eram Eleye, senhora dos pássaros e então um pássaro elas enviaram
para que ele destruísse o palácio de Oduduwa. Elas então ordenaram: “PÁSSARO ORÚRO
DESTRUA IFÉ! ”. E o pássaro Oruro pousou no telhado do palácio de Ilê Ifé. Oduduwa ficou
desesperado.
Monstruoso e gigantesco era o pássaro Oruro. Oduduwa convocou os arqueiros e prometeu que
aquele que derrubasse o pássaro se casaria com sua filha e seria o próximo rei de Ifé. Os
melhores Odé tentaram, mas nenhum pode derrubar o pássaro Oruro.
Mas o pássaro era das Iyámi e então Apaoká mandou seu filho Osotokansoso. Ele tinha o poder
de Iyámi e por isso ele podia derrubar o pássaro. Apaoká fez uma oferenda para dar satisfação
a todas as demais Iyámi e elas todas foram a favor dele.
Com uma so flecha, Osotokansoso matou o pássaro Oruro e todo o reino gritou: OSO OSI!
(OXÓSSI). Osóòsi significa "Oso é popular".
Assim como Oduduwa, Oxóssi foi rei de Ifé.
Assim como Esú, Oxóssi foi rei de Ketu.
Oxóssi é o filho de Iyámi.
As vezes quando uma pessoa pergunta a um sacerdote o nome da mãe de Oxóssi o sacerdote
diz que é Iyemonjá para que assim não tenha que pronunciar o nome terrível de Iyámi Osorongá.
Mas Oxóssi é sim filho de Iyámi Bangbá Iggi Apaoká.
Oke Aro! Ode koke Maó!
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Vai Ode! Vai caçar sua borboleta!


Ele era um Ode somente um caçador. E na casa de Osanyn ele foi criado e desde menino
procurava um amor. Ele era só um Ode, mas ele tinha nome: era chamado Oniséwè e era um
belo homem. Pela mata ele vivia e em um belo dia ele avistou uma mulher muito bela e por ela
se apaixonou.
Mas quem é esse Ode? Eu sou Odé Oniséwè.
Mas quem é esta mulher? Eu sou Oyá Bagan.
Eles viveram juntos. Ele ensinou ela sobre as folhas. Ela ensinou ele sobre os mortos e
juntos viveram muitas coisas. Ele a amava e ela o amava, mas o caminho dos Orisá as vezes
não se encontram. E ela era solitária e um dia embora ela ia e para Oniséwè deixou o mais belo
presente que podia, os seus tecidos cor de Rosa, o seu pó vermelho, o seu Ierusin, e ela ensinou
o caçador. Ela lhe disse, coloque o pó vermelho dentro do Ierusin e sempre que bater o Ierusin
diga: "Arole" e os Eguns vão se afastar. E por meu amor a ti, a morte não te conhecerá. E até
hoje há essa sorte, Odé não conhece morte.
Ela então se despediu e seu corpo se desfez, dela muitas borboletas brotaram e o corpo de
Oyá se tornou uma revoada de borboletas que voaram. Oniséwè não podia viver longe de sua
amada, e então as borboletas ele caçava e uma vez ou outra a certa ele pegava. Ela para ele
voltava, mas logo partia
Ela é uma mulher que vive sozinha, mas a ela deu a ele seus segredos.
Graças a Oyá, Odé não conhece a morte. Graças a Odé, Oyá Bagan conheceu o amor.
Até os dias de hoje ele vem vestido de Rosa e com idés de cobre. Foi presente de Oyá. E
até os dias hoje quando ele pega o Ierusin o povo começa a gritar: “Arole! Arole! Arole! ”.
Até os dias de hoje ele procura Oyá e ela por sua vez se deixa encontrar...
Oyá tem duas faces, um terrível e turbulenta, outro doce e amável. Odé só conhece o lado
bom de Oyá, para ela Odé Oniséwè é alguém que tem a chave de seu coração.

Ligado a Osaiyn, teria sido


encantado por Onilé, a mãe terra, que se
impressionada por sua beleza, criou a
primeira gruta e fez dela surgir água doce
e límpida, porém ele precisa ensinar os
homens a arte da caça, tendo que deixa-la
só.
Dizem os antigos, que usa rosa, pelo
mesmo motivo de Oyá Onira, era um
caçador feroz e lavado de sangue
encontrou Obatalá que soprou sobre ele o
pó branco, efún para acalmá-lo e por isso,
tudo seu tem a cor branca, azul claro e
rosa.
Conhecido em alguns asés, como o
caçador de borboletas. Onisèwè aprendeu
com seu pai, Babá Dankò, a caçar as
bruxas que tentavam perturbar a ordem na
aldeia, onde prendiam-as no bambu fino e
amarrado com um laço branco, feito por
Iyèmonjá Sabá.
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LOGUN EDÉ CONHECE ODÉ ERINLÉ

Logun Edé era filho de Erinlé, mas ele nunca havia conhecido o pai. Aqui no Brasil
muitos dizem que o pai de Logun é Oxóssi, mas só dizem isso porque confundem Erinlé, o Odé
de Ilobu com Oxóssi, o Odé de Ketu.
Oxóssi e Erinlé são caçadores, os dois são Odé, mas não são a mesma pessoa. Os dois
estão na longa lista de ex amores de Osun. Mas foi de Erinlé que ela engravidou.
Quando Osun descobriu a gravidez, ela temeu que Erinlé tomasse dela o filho e o levasse
para longe, ela não contou a ele que seria Pai. Osun se separou de Erinlé e quando Logun nasceu
ficou com ele sozinha. Por ironia do destino ela teve de abandoná-lo.
Quando se casou com Sangó, ela deixou o filho para trás. Sangó não queria "filho dos
outros", Logun Edé ficou com Oyá. Foi Oyá quem criou Logun Edé. Oyá é quem foi a mãe de
verdade. Toda a infância e adolescência ele passou ao lado de Oyá. Tempos depois Erinlé soube
que Osun tinha tido um filho e que este era filho dele. Mas quando foi procurá-la, ela não sabia
onde Logun Edé estava. Ela nem sabia que ele respondia pelo nome de Logun Edé, pois o nome
que ela deu a ele quando nasceu era outro, ele originalmente se chamava Larô, mas quando se
tornou Rei de Edé ele passou a se chamar "Logun Edé".
Erinlé ficou sabendo que o filho existia, mas não sabia onde ele estava e nem como era.
Oyá criou Logun Edé até ele ser um homem forte e independente. Quando Logun se tornou este
homem ele se despediu de Oyá e partiu para viver suas aventuras sozinho. Oyá também seguiu
outro rumo, assim como Osun, Oyá também se casou com Sangó. Muitos anos se passaram um
dia ele estava na mata a caçar e avistou outro caçador que também caçava ali. Logun com seu
ofá dourado gostava de exercer sua boa pontaria caçando nas florestas. Ele ficou amigo do outro
caçador que portava uma grande lança. Este caçador era Erinlé. Erinlé caiu de amores por Logun
Edé, ele via nas atitudes de Logun, um pouco de si mesmo, porém com mais classe e leveza.
Erinlé se apaixonou por Logun Edé, mas não foi amor carnal, o que Erinlé sentia era algo
diferente, ele queria sempre estar perto do rapaz, gostava muito de ficar ao lado dele. Logun
também gostava de Erinlé. Nenhum dos dois entendiam porque amavam um ao outro, sendo
que mal se conheciam, mas eram os laços de sangue que falavam mais alto. Eles iam para todo
lugar juntos e todos comparavam um ao outro. Erinlé era lindo, mas um tanto bruto. Logun era
lindo exatamente como Erinlé, mas era mais vaidoso. Erinlé se vestia de modo simples. Logun
se vestia como um rei. Mas quando se olhava para o rosto dos dois se via que eram muito
semelhantes.
Erinlé era uma divindade e por isso conservou sua beleza mesmo já sendo muito velho.
Ele e Logun Edé pareciam ter a mesma idade. Um dia os dois foram caçar em uma mata distante,
uma mata escura. Lá eles encontraram um pássaro que era diferente de todos. Majestosa ave,
com penas de cores incomuns. Logun Edé sabia que aquele pássaro não era normal, era um
pássaro mágico que pertencia a uma Iyámi. Erinlé atirou sua lança e ela atravessou o pássaro o
matando. Logun Edé tentou avisar, mas já era tarde demais. A Iyámi apareceu surgindo das
sombras e viu o pássaro morto caído no chão. Furiosa ela atirou um feitiço contra eles.
Erinlé e Logun Edé ficaram cegos, a magia da feiticeira queimou os olhos dos dois. Logun
Edé quando criança havia passado algum tempo a na casa de Obatalá, e dele roubou muitos
segredos, um destes segredos era um pó miraculoso que ele trazia dentro de uma cabaça preso
a cintura. Logun Edé usou o pó para tentar restaurar a visão dele e de Erinlé, mas não foi o
suficiente. Eles continuam cegos, mas o pó fez com o eles pudessem ver um pouco de luz. A
visão ainda era muito turva, mas eles conseguiram ver um ponto de luz no céu e identificaram
como sendo a lua. Eles seguiram a lua e o sol por muitos e muitos dias. Os dois caminharam
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perdidos seguindo apenas as luzes do céu. Foram caminhando e caminhando até que em uma
noite eles ouviram um som de metal tilintando. "Bling! Blig! Bling! ”. O som do metal era
delicado e ambos se sentiam atraídos por ele. Eles seguiram o som e foram caminhando até que
caíram dentro de um rio.
Os dois estavam ali dentro da água, quando ouviram a voz de uma mulher e pediram ajuda
a ela. A mulher jogou agua e lavou os olhos deles, com o poder curativo ela removeu a magia
de Iyámi e assim a cegueira foi totalmente curada. Eles puderam ver a bela mulher que os
ajudou.
Logun Edé não a via desde criança, mas a reconheceu, era Osun, sua mãe. Erinlé também
a reconheceu, era Osun, sua ex-mulher. Quem põe os olhos em Osun mesmo que uma única
vez jamais se esquece. O som do metal a tilintar era o som de Osun lavando suas pulseiras. Ela
estava muito feliz por rever os dois homens que mais amava. Osun contou a eles que eram Pai
e filho, desde então os três sempre se encontram e Logun Edé passa parte do ano com Erinlé
nas matas e nas margens do rio que ele domina, a outra parte do ano ele passa junto com Osun
dentro das águas do rio que ela mora, mas mesmo que tenha sempre que estar com o pai ou com
a mãe, as vezes ele desaparece, e quando ele some Osun e Erinlé sabem que ele foi atrás de
Oyá, que é a mulher que Logun Edé tem como sua mãe do coração.
Oluwa o! Oluwa o Logun Edé!
Ara unse! Ara unse Odé Erinlé!

(Uma observação: A paternidade de Logun Edé é atribuída a três Orisá, são eles Erinlé,
Ogum e Oxalá, as diferenças se dão por costumes distintos, ou seja, todos os três são válidos,
mas apenas dentro de suas respectivas tradições.)
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Não se separa Iyámi de Osun ou Osun de Iyámi, é uma coisa só. Na árvore Oròbò tem
Iyámi. Na árvore Àjànrèré tem Iyámi. Na árvore Iroko tem Iyámi. Na árvore Ogun Bereké tem
Iyámi. Na árvore Orò tem Iyámi. Na árvore Arèrè tem Iyámi. Na árvore Igi Ope tem Iyámi. Na
árvore Ose tem Iyámi. Na árvore Asunrin tem Iyámi. Na árvore Iwó tem Iyámi. Em muitas
árvores moram as Iyámi, na Copa, no tronco e na raiz.
Mas há também a notória Iyámi no fundo do rio. Yeye é Iyámi. Osún Orisá Pupó. Osún
Orisá que se veste de vermelho. Osún é a Iyámi que foi contra as Iyámi e as duzentas não
puderam com ela.
Iyámi Eleye senhora dos pássaros ordenou que sua coruja rasgadeira pousasse sobre a
cabeça dos humanos e assim lhe causasse desgraças. Osún então com sua faca afiada raspou a
árvore azulada e fez o pó Wají, com ele pintou a cabeça de suas filhas e assim a coruja não teve
como pousar no Ori azul.
Osún é benevolente. As Iyámi ficaram furiosas. Na festa de Obatalá as Iyámi Ajé fizeram
Osún sangrar diante do Funfun, mas a vergonha se tornou honra e Osún ganhou o Ekodidé
para si e o respeito de Orisá Nlá.
Muitas vezes mais tentaram contra Osún, mas Osún jamais caiu. As Iyámi ficaram
furiosas. As Iyámi mataram a filha de Obarú. As Iyámi roubaram o primeiro filho de Oyá. As
Iyámi aterrorizaram Orisá Nlá. As Iyámi enviaram o pássaro Oruro para destruir Ifé, mas contra
Osún elas não puderam, pois Osun é Iyámi.
Olodumare elegeu Osun a ser Iyalode, a líder das mulheres. Assim então as Iyámi tiveram
de trabalhar para Osún. Ose Otura é a prova disto. Até mesmo Iyámi Odua em sua
magnificência respeita Osun.
Osun é quem se transforma em pavão e em abutre. Osun é quem faz pó vermelho e azul
em seu pilão de cobre. Osun é Iyámi Oju Omi, a mãe dos olhos d'água e tudo vê, tudo sabe,
tudo entende e tudo faz.
Osun é uma Iyámi, chamamos Osun de Iyangbá, a grande mãe. Chamamos Osun de Iyámi
Agba, a mãe ancestral. Chamamos Osún de Orisá Ayabá, uma Divindade Rainha. Chamamos
Osun de Yeye, de mamãe, pois mesmo ela sendo extrema em força e poder, ela teve piedade de
nós. Ela nos ajuda e nos defende, mesmo que saiba que jamais poderemos retribuir, ela faz de
graça, pois ela é afiada como uma agulha, mas amorosa como só ela é.
Saudamos Geledé para apaziguar as Iyámi.
Agradecemos a Osun todos os dias, pois ela
é a Iyámi que zela por nós e nos da boa sorte.
Ore Yeye Osun!
ITANS DE ORISÁ

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