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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSO EM MODELAGEM CONCEITO E
INTERPRETAÇÃO

Camila Mohr

A RENOVAÇÃO DE UM CLÁSSICO ATRAVÉS


DA MODELAGEM CRIATIVA E DO CONSUMO
CONSCIENTE

Orientadora: Profª Bernardete Lenita Suzin Venzon

CAXIAS DO SUL
2016
UCS – Universidade de Caxias do Sul
Especialização em Modelagem de Moda: Conceito e Interpretação

A Renovação de um Clássico através da Modelagem Criativa e do Consumo


Consciente

Camila Mohr

Resumo

O presente trabalho é resultado da conclusão do Curso de Pós-Graduação em Modelagem –


Conceito e Interpretação, da Universidade de Caxias do Sul. O objetivo geral deste projeto é
desenvolver um trench coat mediante aos conceitos de sustentabilidade, apontando o slow
fashion como uma perspectiva realmente possível ao mercado de moda, defendendo a
desaceleração do consumo frenético atual e buscar uma relação de afetividade com o produto.
A função da modelagem criativa na concepção de moda sustentável e o design são objetivos
específicos da análise. A pesquisa está fundamentada em bibliografias relacionadas a
sustentabilidade, história da moda, modelagem e mercado. Objetiva-se com esse projeto
despertar no consumidor um maior compromisso e conscientização, levando-o a compreender
a importância das suas escolhas e os reflexos da mesma, ocasionando a possibilidade de uma
relação equilibrada e ecologicamente sustentável entre moda, roupa e consumidor.

Palavras-chave: criatividade; modelagem; sustentabilidade.

Introdução

A pesquisadora de tendências, apontada pela revista Time, como uma das pessoas
mais influentes do mundo da moda, Li Edelkoort, apresentou o Manifesto Anti-Fashion no
inicio de 2015, ressaltando que a moda do jeito que conhecemos hoje está obsoleta devido à
imensa exploração de mão de obra escrava, produtos tóxicos, ritmo desenfreado de produção
e descarte sem pensar nas consequências ambientais e sociais. Ela acredita que antigamente
havia muito mais ousadia, os grandes nomes propunham novidades e mudanças sociais e hoje,
tudo que se vê são reutilizações de tendências passadas.
Um dos exemplos da desvalorização da moda seria o fast fashion, caracterizado pelo
alto grau competitivo e por baixo custo de produção, devido a um momento da indústria que
se baseia em um crescimento de consumo e uma produção acelerada. O segredo das grandes
magazines é conquistar os consumidores com peças que não desequilibram o orçamento e
que, ao mesmo tempo satisfaçam o desejo por novidades. Percebe-se que funciona como um
inclusor social ao facilitar o acesso aos produtos de moda às classes menos favorecidas,
contribuindo para uma maior democratização da moda. No momento em que questões
relacionadas à sustentabilidade estão em voga, esse sistema segue ao caminho inverso, já que
consiste na substituição prematura de produtos. O consumo excessivo, fomentado pela moda
de uso rápido, causa consequências diretas ao meio ambiente, pois, para manter o ritmo
acelerado de produção, há gastos exagerados de energia, matéria-prima, transporte, entre
outros, além de uma alta produção de lixo. (MARQUIORO, 2010).
De Souza e Emídio (2015) ressaltam que o problema do fast fashion é sobretudo a
efemeridade dos produtos. Como o consumidor deste modelo quer sempre as últimas
novidades da moda à disposição, e muito rapidamente são lançadas novas tendências, a busca

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pelo novo e o descarte do antigo é um processo muito rápido, o que faz com que a indústria
tenha um volume de produção muito grande para suprir essa necessidade de novidades.
“Para fugir desse cenário homogêneo que está se tornando a indústria da moda,
começa a ser cogitada a possibilidade de uma desaceleração no processo de produção do
vestuário, a busca por um design mais original no qual a inovação e a diferenciação sejam
reais, com maior qualidade, proporcionando ciclos de vida mais longos aos produtos”.
(MARQUIORO, 2010, p.134). Ao operar em proporções menores e obedecer a princípios
éticos e sustentáveis, o slow fashion se apresenta como uma estratégia de moda que visa a
proteção e a melhoria da utilização dos recursos humanos e naturais necessários para o nosso
futuro e sobrevivência. (FABRI; RODRIGUES, 2015).
De Carli (2013) salienta que diante de um cenário de saturação do mercado e variação
cada vez mais rápida da moda, faz-se necessário um olhar dirigido às necessidades humanas,
uma análise mais intimista. O objetivo geral deste projeto é desenvolver um trench coat
mediante aos conceitos de sustentabilidade, fazendo uma ligação entre a modelagem e o
conceito slow fashion, explorando o design como inovação, porém respeitando algumas
características principais da peça, reforçando os conceitos de identidade e atemporalidade que
ela transmite.

REFERENCIAL TEÓRICO

1. Tecnologia e Sustentabilidade

A Tecnologia invadiu a vida do homem de forma frenética, tornando-o um individuo


multitarefas. Tudo se acelera e se intensifica, é o funcionamento em tempo real. Para
Lipovetsky (2004), a pós-modernidade deu espaço para o estado cultural que ele chama de
hipermodernidade, caracterizada por uma cultura do excesso, do sempre mais. Todas as coisas
se tornam intensas e urgentes. O movimento é uma constante e as mudanças ocorrem em um
ritmo quase esquizofrênico determinando um tempo marcado pelo efêmero, no qual a
flexibilidade e a fluidez aparecem como tentativas de acompanhar essa velocidade.

“Até os comportamentos individuais são pegos na engrenagem do extremo, do que


são prova o frenesi consumista, o doping, os esportes radicais, os assassinos em
série, as bulimias e anorexias, a obesidade, as compulsões e vícios. Delineiam-se
duras tendências contraditórias. De um lado, os indivíduos, mais do que nunca,
cuidam do corpo, são fanáticos por higiene e saúde, obedecem ás determinações
médicas e sanitárias. De outro lado, proliferam as patologias individuais, o consumo
anômico, a anarquia comportamental”. (LIPOVETSKY, 2004, p.55).

Nasce uma nova sociedade moderna. Trata-se não mais de sair do mundo para aceder à
racionalidade moderna, e sim de modernizar a própria modernidade. “Na hipermodernidade,
não há escolha, não há alternativa, senão evoluir, acelerar para não ser ultrapassado pela
“evolução”; o culto da modernização técnica prevaleceu sobre a glorificação dos fins e ideais”
(LIPOVETSKY, 2004, p.57).
Este crescimento acelerado e o consumo cada vez maior têm causado prejuízos sociais
e ambientais por parte de vários setores, cujos produtos são mais descartáveis, como é o caso
do vestuário. A indústria têxtil é uma das atividades de maior faturamento no mundo,
movimentando cerca de US$ 33 bilhões anualmente, segundo a Associação Brasileira da
Indústria Têxtil, o que corresponde a 3% do PIB, perdendo apenas para a indústria alimentícia
que ocupa o primeiro lugar. Entretanto é uma das maiores responsáveis por causar
insustentabilidade no ciclo ambiental, que ocorre desde a extração de suas matérias-primas ao
descarte final.

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Marquioro (2010) afirma que apesar do aspecto massificador do consumo


contemporâneo estar se refletindo na própria homogeneização dos modos de vida, já existe
sinais que indicam a formação de uma nova tendência comportamental que defende o
consumo consciente e certo desapego às variações da moda. Morace (2012) ressalta a
necessidade de uma nova ética sustentável, de nutrir comportamentos e processos que podem
reduzir o impacto negativo no ecossistema, de uma maior consciência coletiva relativa ao
meio ambiente e suas propriedades, de uma demanda por produtos e serviços simples e
eficientes, de gerar uma cadeia de valores baseadas na integração entre consumidores e
fabricantes, de gerar o maior grau de felicidade através da mais comum experiência entre um
produto e novas lógicas de comunicação que darão mais oportunidades para produtos locais.
A expressão “desenvolvimento sustentável” foi utilizada pela primeira vez em 1987,
no Relatório Brundtland, documento de caráter socioeconômico elaborado para a Organização
das Nações Unidas (ONU) por uma comissão chefiada pela doutora Gro Harlem Brundtland.
Originalmente, o relatório recebeu o nome de Nosso Futuro Comum (Our Common Future), e
nele a expressão “desenvolvimento sustentável” aparecia definida como: o desenvolvimento
que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a satisfação das necessidades das
gerações futuras. (SALCEDO, 2014).

“O termo sustentabilidade ambiental, para Vezzoli e Manzini (2007), refere-se à


condição sistêmica, seja de ordem planetária, seja regional, na qual a atividade
humana não afeta os ciclos naturais ou altera a resiliência do planeta ou o
empobrecimento do capital natural que deverá ser transmitido para as gerações
futuras”. (MARTINS, 2008, p.332).

O conceito de sustentabilidade aplicado à moda propõe produção mais humanizada,


sem a exploração da mão de obra, com remuneração mais justa. Além de produzir peças cujo
design e funcionalidade favoreçam o uso duradouro. Essa pisada é nitidamente ilustrada no
movimento slow fashion. A “moda lenta” define um comportamento mais devagar na hora de
produzir e consumir moda, pregando a criação de peças perenes, duráveis e versáteis sem a
preocupação da produção em massa e necessidade de novidades para o consumidor. O
surgimento do slow fashion está ligado a uma alternativa sustentável a este panorama atual da
indústria da moda. Faz parte da ideia de sustentabilidade, a desaceleração das novidades e do
consumo, justificando atitudes mais conscientes e bem planejadas.
Para as marcas de moda, ser sustentável já não é mais uma escolha. Pesquisas
realizadas recentemente na Inglaterra e nos Estados Unidos por duas organizações que
trabalham em estreita colaboração com o mercado de luxo, a Luxury Institute e a Positive
Luxury informa que as empresas estão mudando devido à influência da Geração Y que têm
diferentes pontos de vista como as instituições devem agir. O relatório cita que 88% dos
integrantes das Gerações Y e Z, acreditam que as marcas precisam fazer o melhor, e não
apenas o “menos ruim”. É uma geração que está questionando o consumo em geral, e a
maioria deles diz que estão gastando mais com experiências, o que significa menos ênfase nas
coisas. Estão dirigindo uma tendência de “marca limpa”, onde as empresas sentem a pressão
para explicar de onde vieram e como foram feitos os seus produtos, prestando assim mais
atenção nas marcas que fazem um gerenciamento ambiental e social eficiente. (URBANO,
2016).
A facilidade da informação através da internet e dos meios de comunicação abre
espaço para consumidores mais éticos, que não buscam mais a moda rápida, que estão
cansados da produção em massa, o estilo globalizado e suas cópias, estão sim preocupados
com interferências negativas causadas ao meio ambiente, o tipo de mão de obra utilizada, o
salário recebido por esses trabalhadores e aplicação dos direitos humanos por parte das
empresas. Clientes adeptos escolheram trocar a quantidade pela qualidade, um consumo mais

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responsável e menos impulsivo, mais moderado e autodisciplinado, entendendo a importância


das suas escolhas e os reflexos da mesma.

“O melhor modo para seguir no caminho da sustentabilidade é aquele em que cada


indivíduo e, portanto, também, cada consumidor em potencial-agindo com base em
seus próprios valores, em seus próprios critérios de qualidade e em sua própria
expectativa de vida (isto é, com base na sua racionalidade normal própria)-faça
escolhas que também sejam as mais compatíveis com as necessidades ambientais.”
(MANZINI; VEZZOLI, 2002, p.65).

O mercado atual exige cada vez mais das empresas de moda a entrega de valores que
satisfação fisicamente e emocionalmente os consumidores, requerendo assim um maior
investimento de pesquisas e experimentações na hora da criação, estabelecendo assim uma
relação entre indivíduo e objeto. As marcas que trabalham no conceito slow utilizam métodos
artesanais na elaboração das peças, permitindo a dedicação de um tempo maior na concepção
e produção do produto, assim como seu uso. São roupas bem construídas, com a utilização de
materiais de alta qualidade, ênfase no design e excelência nos acabamentos. É mais do que
uma forma politicamente correta de produzir peças do vestuário; é um novo olhar sobre o
ritmo do tempo, uma nova consciência ecológica relacionada ao ato de vestir; é um
movimento que resgata a memória afetiva de objetos, propõem a reciclagem, a
multifuncionalidade e a possibilidade de personalização ao longo do tempo.
Morace (2012) acredita que com globalização no mundo contemporâneo foi
fortalecido o consumidor autoral, que valoriza produtos que tenham originalidade, significado
e que sejam inovadores e distintos. O consumidor é parte atuante do processo de
gerenciamento da informação que resulta em escolhas cada vez mais segmentadas,
culminando em escalas reduzidas de produção, que chegam até a individualização e
customização. (NOBRIGA, 2015).
Ao perceber o potencial de exclusividade das peças artesanais, o mundo da moda
iniciou um processo de aproximação com ateliês, artesãos, cooperativas e oficinas, muitas
delas situadas em comunidades carentes, agregando conceitos da economia solidária,
formando redes de crescimento socioeconômico em localidades que necessitam de
investimentos. Isso gera empregos para parcela da população negligenciada pela forma
hegemônica de produção. A roupa feita manualmente é elaborada de forma personalizada,
com acabamentos criteriosos, corte preciso, caimento perfeito, ao contrário da produção feita
por máquinas, no processo manual há sentimento e história, são peças únicas que resgatam a
identidade cultural, a memória e a tradição. Para Silva (2010) a chave do sucesso deste tipo de
confecção, mais lenta, e de melhor qualidade está na projeção de produtos personalizados e
com edições limitadas, afirmando que o cliente torna-se devoto à marca por receber
tratamento diferenciado e produtos singulares. O valor e conceito agregados às peças, é
suficiente para que o consumidor volte a comprar, talvez não tantas vezes seguidas, por se
tratar de peças bastante duráveis e de preço pouco mais elevado que além de tudo podem ser
combinadas facilmente com as demais peças de seu guarda-roupa, mas de tempos em tempos,
garantindo fidelidade e sucesso à marca.
Outro diferencial que deve ser destacado neste mercado é a inovação das peças.
Muitas vezes, erroneamente, o termo é associado a uma estética primária. No entanto, as
produções de moda sustentável têm se destacado justamente pelo design funcional e arrojado.
Também é válido pontuar o repentino e estrondoso interesse na reutilização de vestuários por
meio do público consumidor de moda, a busca por peças de brechó e customização de roupas
já existentes no armário, vem crescendo cada dia mais, pois além de encaixar-se em um estilo
vintage que atualmente encontra-se em alta, o usuário ainda contribui para uma
conscientização ambiental.

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O design para a sustentabilidade é, sem dúvida alguma, um novo enfoque, que rompe
algumas barreiras do sistema de design de moda vigente na atualidade. A principal mudança é
entender o processo de design a partir de uma abordagem do ciclo de vida útil do produto, que
vai desde sua concepção até as estratégias de gestão para o fim de sua utilização. (SALCEDO,
2014). “A conscientização progressiva de que habitamos um planeta com recursos finitos vem
trazendo consigo o inicio de um período de transição e busca por outros modelos de
desenvolvimento, paradigmas possíveis dos quais possamos evoluir no termo
sustentabilidade”. (SALCEDO, 2014, p.125).

2. Trench Coat, um Clássico Renovado

O trench coat, do inglês casaco de trincheiras, é motivo de encanto duradouro por


tratar-se de uma das roupas mais enigmáticas, que mais favorecem e proporcionam status a
quem possa vestir. As empresas inglesas Aquascutum e Burberry ainda disputam a criação do
trench coat, mas é a segunda marca a quem seu nome é imediatamente ligado. O clássico
imortalizado pela Burbery foi desenvolvido para servir como uniforme do exército britânico
durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Como os tanques e os aviões não eram
comuns naquela época, as batalhas envolviam muito mais o contato, o soldado tinha que se
arrastar e se esconder nas trincheiras para chegar perto do adversário. (SABINO, 2007).
O novo casaco fazia com que os oficiais se mantivessem secos e aquecidos nas
trincheiras, devido ao tecido que era produzido, a inovadora gabardine, criada e patenteada
por Thomas Burberry. Um tecido impermeável, respirável e extremamente resistente para dias
de chuva, diferente dos já existentes que não respiravam e tinham um desagradável cheiro de
borracha. O grande segredo de Burberry era tornar os fios impermeáveis antes de transforma-
los em tecido, além da teia e trama em padrão diagonal, o que bloqueia as gotas de chuva.
(SMITH, 2004).
O modelo desenvolvido teve quase todas as partes desenhadas com uma preocupação
utilitária, e cortado com generosidade suficiente para poder ser usado como cobertor. O
abotoamento transpassado proporcionava uma proteção extra, e o forro de lã removível para
que o casaco pudesse ser usado o ano inteiro. As ombreiras, que desabotoavam, permitiam
segurar a correia do rifle, e nas passadeiras dos cintos, havia argolas de metal em formato de
D, que podiam ser usadas como suportes para granadas. A pala externa do ombro e a aba
protetora da arma funcionavam como pano que protege uma tenda da chuva e deixa a água
correr, mantendo a camada interna seca. Os bolsos volumosos eram grandes o suficiente para
que pudessem guardar mapas, provisões e munição extra. A gola forrada de lã podia ser
virada do avesso e os punhos, afivelados, para que a chuva não molhasse quem o usava.
(SMITH, 2004).
“Hollywood investiu na imagem do trench coat desde o inicio. Em 1928, o estilista e
costureiro Adrian, pôs um chapéu de chuva e um trench coat com forro xadrez em
Greta Garbo para o primeiro filme dos dois juntos, Mulher de brio. O que firmou a
reputação de Garbo como figura distante, misteriosa. As mulheres adoraram a moda,
que foi amplamente copiada. Por volta da década de 1940, quando Humphrey
Bogart surgiu como o usuário definitivo da capa de gabardine, a roupa foi
reconhecida por muitos como o símbolo do detetive particular”. (SMITH, 2004,
p.165).

Audrey Hepburn garantiu a popularidade do trench coat por muito tempo, tornando-o
peça obrigatória para a adolescente que aspirava ter a graça da atriz. Tanto em Sabrina (1954)
como em Cinderela em Paris (1957) e Bonequinha de luxo (1961), ela o usa antes de se
transformar na deusa da alta moda em Paris. “O trench coat de Audrey era uma peça de
alfaiataria premonitória, uma sacada do gosto e refinamento impecáveis que ela iria mostrar
em sua personificação da alta costura”. (SMITH, 2004, p. 166).
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Grandes estilistas como Yves Saint Laurent e Jean Paul Gaultier também exploraram
as possibilidades, com interpretações fantásticas das linhas veneráveis da peça. Yves Saint
Laurent apresentou um trench coat pela primeira vez em 1968, em suas mãos ficou mais
fluído e sensual do que o protótipo inglês, mais ajustado ao corpo, revelava mais sensualidade
inata da roupa. Ele tornou o casaco uma peça essencial do guarda-roupa feminino no início
dos anos 1970, um símbolo da mulher chique e liberada. Por sua vez, Jean Paul Gaultier
explorou as possiblidades mais ousadas, com interpretações fantásticas das linhas veneráveis
da peça. Em sua coleção de alta-costura de 1998, ele incluiu um vestido de baile talhado
como um trench longo, de lã azul-marinho, a roupa abraçava o corpo e terminava em uma
calda, enfatizando as curvas da silhueta com duas carreiras de botões. (SMITH, 2004).
Inúmeras revistas festejaram-no como um “clássico” que nunca sai de moda, que só
melhora com o passar do tempo e sem o qual todo guarda roupa é um fracasso. Qualquer
composição ganha ares de sobriedade e sofisticação com a peça, o que não significa que ela
não possa parecer moderna. Nos últimos anos, o trench coat foi redescoberto por uma nova
geração de usuários. Estilistas como Marc Jacobs e Oscar de la Renta puseram-no nas
passarelas , muitas vezes personalizando-o com novas versões em couro, seda, estampas,
cores vivas e metálicas, e abotoamentos assimétricos , atribuindo charme e elegância a
qualquer look. (SMITH, 2004).
Os primeiros trench-coats de 1901 e os desfilados atualmente nas passarelas
continuam com as mesmas características, mais de 100 anos após a sua criação continuam
sendo ícone da marca e um sucesso de vendas a cada coleção lançada. Um item eterno que se
reinventa de acordo com os muitos tipos e gostos dos seus consumidores atuais, mas sem ficar
repetitivo e nem perder sua identidade, sobrevivendo aos modismos, e reinando soberano até
hoje.

3. Origens do Vestuário e da Modelagem

A cobertura corporal humana teve início já na Pré-História. O Antigo Testamento da


Bíblia Sagrada conta que o homem inicialmente cobriu-se com folhas vegetais e
posteriormente de peles de animais. A movimentação para isso, segundo a bíblia, foi o caráter
de pudor, embora existam diversas outras interpretações, que apontam para o caráter de
adorno, magia e também de proteção. (SILVA, 2009). Sob o ponto de vista de adorno, foi
uma maneira de se impor entre os demais, inclusive mostrando bravura, ao exibir os dentes e
as garras dos animais, e acreditando também que o uso destas pudesse lhes proporcionar
poderes fora dos normais. Já no caráter de proteção, está associado à questão da sobrevivência
com relação às agressões externas e às intempéries da natureza, principalmente o frio.
(BRAGA, 2004).
“A indumentária primitiva costurada com fibras vegetais e agulhas rudimentares,
originárias de ossos de animais, logo evoluiu. Com o passar do tempo, o homem deixou de se
vestir apenas para se proteger, e o vestuário passou a exercer também a função estética, como
um modo de conceber a si mesmo e o mundo com atitude.” (LIGER, 2012, p.17). As
primeiras manifestações de modelagem do vestuário surgem a partir do momento que o
homem descobriu a técnica do curtimento das peles e inventou a agulha, geralmente feitas de
marfim de mutante, ossos de rena e de presas de leão-marinho, ainda no período Paleolítico,
permitindo assim que as peles fossem cortadas e moldadas no corpo. (LAVER, 1989).
Posteriormente com a descoberta da fiação e do tear, fica estabelecida a manufatura de tecidos
como a lã, o cânhamo, o algodão e o linho, dando início ao que se pode, significativamente,
chamar de vestimenta. (SOARES, 2008).
Segundo Dinis e Vasconcelos (2014) apud Boucher (1987) é possível dividir as formas
de construção dos trajes em cinco grandes grupos:

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 Traje drapeado: realizado pelo drapejamento de pele ou tecido ao redor do


corpo, usado pelos antigos egípcios, gregos e taitianos;
 Trajes tipo capa: obtido ao cobrir o corpo com uma peça de pele ou tecido, a
parte da cabeça, formando um capuz, ou a partir dos ombros, é o caso de alguns
trajes romanos, medievais e sul-americanos;
 Traje tipo túnica fechada: composto por varias partes cortadas de tecido,
incluindo mangas que adornam o corpo, presentes em alguns trajes gregos, trajes
orientais, blusas, camisas e chemises;
 Traje tipo túnica aberta: composto por várias partes cortadas de tecido com
alturas diferentes, utilizado sobre outras peças de vestuário e transpassado na
frente do corpo, como alguns trajes asiáticos, japoneses, russos e europeus
ocidentais;
 Traje tipo bainha: este traje envolve forma ajustada ao corpo, em especial os
membros inferiores, como os calções dos nômades e esquimós.

“Do final da Antiguidade (476 d.C.) até meados da Idade Média, não houve grandes
mudanças nas formas do vestuário em quase toda a Europa, em grande parte por causa da
doutrina cristã.” (MARIANO, 2011, p.48). As roupas eram compostas por capas e véus para
cobrir os corpos, de camisas, túnicas e calções para homens e uma espécie de túnica longa
para as mulheres. (DINIS; VASCONCELOS, 2014.)
“A roupa feminina foi recebendo ajustes ao longo do século XI, e as túnicas eram
cobertas por uma sobreveste, cujas mangas foram crescendo e alargando em direção
ao punho. Os modelos variavam em volume, e a evolução das técnicas de
modelagem permitiu que as peças fossem mais recortadas e recebessem nesgas e
pregueados.” (DINIS; VASCONCELOS, 2014, p.62).

Braga (2004) salienta que do final da Idade Média e o principio do Renascimento foi
de estrema importância, pois foi nessa passagem cronológica que foi surgindo o conceito de
moda. “Inicialmente de cunho religioso, as cruzadas foram ganhando também o caráter
comercial ao estabelecerem acesso a inúmeros artigos que o europeu ocidental desconhecia.”
(Braga, 2004, p.40). Com as cruzadas e a reabertura do comércio vieram não apenas os
tecidos orientais, mas as próprias roupas ou a técnica de corte. (LAVER, 1989). Para Leite
(2010) a tomada de consciência de que é possível teorizar e codificar as coisas tem uma
implicação direta no desenvolvimento tecnológico. A geometria analítica e o sistema de
coordenadas propiciou a concepção de uma tecnologia com esteio científico para a construção
de roupas ajustadas e ajudou na invenção de ferramentas facilitadoras. “Entre os séculos
XVIII e XIX, ocorre uma série de transformações nos meios de fabricação, no que diz
respeito à confecção de vestimentas. As indústrias têxteis emergiram e o uso de enchimentos,
entretelas, forro e barbatanas favoreceram o desenvolvimento da modelagem. Uma gama de
tecidos de diferentes pesos e graus de flexibilidade afetou a maneira como as roupas eram
estruturadas e apontou para novas possibilidades. (MARIANO, 2011 apud TARRANT,
1996).
Até meados do século XIX, segundo Lehnert (2001) a produção do vestuário era
manual, alfaiates confeccionavam o vestuário masculino e costureiras e modistas serviam ao
público feminino. Com a Revolução Industrial, a alfaiataria se tornou uma ciência e alfaiates
habilidosos tiveram suas próprias metodologias de utilização das medidas do corpo humano,
usadas em construções de padrões variáveis, gerando roupas prontas para o uso, com
ampliação e redução de tamanhos. “Três adventos foram fundamentais: o aparecimento da fita
métrica, o busto manequim (manequim técnico) e o estabelecimento de um traçado básico do

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corpo.” (LEITE, 2010, p.3). Dinis e Vasconcelos (2014) apud Jones (2005), afirmam que com
a invenção da máquina de costura em 1829 foi possível a produção em massa. As primeiras
peças a serem confeccionadas em máquinas foram as roupas masculinas e os uniformes
militares. Costureiras foram levadas para as fábricas e nelas houve uma padronização de
tamanhos, os desenhos de moldes e procedimentos de classificação e etiquetagem se
desenvolveram.
No ano de 1858 surge Charles Frederick Worth, apresentando uma nova proposta,
modificando o conceito de moda até ali estabelecido, instituindo a Alta Costura.

“As origens da alta costura remontam ao inicio do século XVII, quando a França era
o centro dos têxteis de seda de luxo da Europa. Mulheres da nobreza pagavam para
que criadores produzissem vestidos e acessórios personalizados para ocasiões sociais
e da corte. Esses couturies (do francês “couter”, que significa costurar), criavam
peças exclusivas para as clientes e incluíam seus nomes em etiquetas costuradas nas
roupas.” (RENFREW; RENFREW, 2010, p.80).

Worth não confeccionava vestidos segundo o desejo de suas clientes. Criava coleções
que apresentava e depois às senhoras da sociedade, que apenas precisavam escolher o tecido
desejado. (LEHNERT, 2001). “Worth conseguiu concretizar os seus ideais de beleza e
elegância, tendo dessa forma cometido a proeza de transformar o alfaiate num criador de
moda e o artesão num artista.” (LEHNERT, 2001, p.9). Assinin e Masson (2014) ressaltam a
obsessão do estilista pelo caimento perfeito, sendo pioneiro a entender o quanto o tecido e
design de uma roupa precisavam andar juntos. Percebeu a importância de alinhar o molde ao
urdume do tecido, o que se tornou um dos fundamentos da modelagem.
Entre as várias invenções para o vestuário da época está o recorte ou linha princesa. A
partir de experimentos para descer a costura da linha da cintura para um pouco acima da linha dos
quadris, Worth conseguiu eliminar a costura horizontal que unia corpete e saia, graças a recortes
verticais descendo do busto até os quadris. (MARIANO, 2011)

“Worth foi o primeiro a promover o sistema de alta-costura; mas é


impossível negar que foi Paul Poiret, seu sucessor, quem alcançou os níveis mais
ousados de criatividade e libertou – enfim – o corpo feminino da armadura imposta
no século XIX. Graças a esse mágico audacioso, numa única estação caem por terra
60 anos de talhes deformados por crinolinas, armações e espartilhos. Era preciso um
extraordinário senso artístico, aliado a uma sensibilidade de mulher sedutora e
natural, e não mais abstrata.” (RICARD, 1996, p.56).

Considera-se importante destacar a importância de Madeleine Vionnet, com sua


simplicidade sofisticada e sua grande admiração pela antiguidade clássica, que lhe serviu
como inspiração para o uso de formas geométricas básicas que se ajustavam ao corpo de
maneira simples e elegante. Muitas de suas peças só revelavam sua construção quando eram
desmontadas. A maioria delas deve sua maleabilidade e belo caimento ao fato de serem
cortadas em viés, na diagonal do fio do tecido. O desenvolvimento dessa técnica foi um dos
grandes méritos de Vionnet. (SHACKNAT, 2012). Tomando em consideração o efeito
tridimensional de um vestido, Madeleine Vionnet preferia fazer primeiro o “esboço” já a três
dimensões, e não no papel. Os seus drapejados nasciam do trabalho prático com o tecido, que
era trabalhado de todos os lados em um mini manequim de madeira. Trabalhava nestes
esboços até obter o efeito desejado, só após era entregue para uma assistente cortar em
tamanho original. (LEHNERT, 2001).
Do mesmo modo, Alix Grès fazia o design de suas peças a partir do material, e
permitia ser guiada pelo caimento do tecido, muitas de suas criações eram cortadas em viés.
Seus modelos eram frequentemente esculturais e inspirados por moulages gregas, sendo
muitas vezes executadas em jersey, crepe ou tecidos semelhantes ao musseline. Com pouca

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preocupação com a moda da época, suas obras são famosas pela elegância atemporal e pela
maneira como valorizavam o corpo. (SHACKNAT, 2012). “Grès via o seu trabalho como
uma arte, que não tinha tanto a função de tornar a vida mais cómoda para as mulheres, mas
mais a de acentuar a beleza do corpo.” (LEHNERT, 2001, p.38).

Figura 1: Vestido Vionnet feito a partir de quadrados de musselina

Fonte: http://www.blue17.co.uk/vionnet-part-2/

Figura 2: Vestido Vionnet

Obs: Este diagrama mostra a geometria matemática precisa por trás das linhas fluidas
Fonte: http://www.blue17.co.uk/vionnet-part-2/

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Figura 3: Drapeados de Grès

Fonte: http://www.vogue.it/en/news/encyclo/designers/g/madame-gres

As revistas de moda dos anos 20 dão uma ideia dos costureiros que ditavam as
tendências em Paris e no resto do mundo. Dentre eles destaque para Gabrielle Chanel, a
responsável por tornar a moda realmente moderna. A simplicidade de suas criações fazia furor
em uma época que muitas mulheres continuavam a usar espartilho por baixo de vestidos
carregados de adornos. Suas criações contribuíram para cimentar a imagem da mulher na
sociedade que hoje parece obvio. Chanel pretendia ajudar as mulheres a emanciparem-se
pondo à disposição um tipo de vestuário confortável e desportivo, para ser vestido em
qualquer ocasião. Trabalhava para mulheres modernas e independentes como ela própria.
(LEHNERT, 2001).
Após a guerra e um período de grande penúria e escassez, a alta-costura começou a
fazer as primeiras tentativas de suavizar a silhueta e de renovar o conceito clássico de
elegância. Em 1947 Chistian Dior, um jovem estilista pouco conhecido na época, lança sua
primeira coleção, a qual deu o nome de New Look. Com suas saias de pregas, franzidos,
forros e armações, cintura de vespa, corpetes justos, ancas acentuadas e ombros estreitos, que
valorizavam as formas femininas. A característica mais marcante do novo estilo era a total
modificação das linhas. Os ombros das mulheres tornaram-se mais estreitos, readquirindo os
conceitos naturais, e os enchumaços eram evitados. Porém seu maior trunfo foi a definição
das linhas “A” ou a linha “Y”. A cada nova coleção surpreendia e entusiasmava o mundo com
suas criações, ditando realmente a moda da época. Em apenas dez anos, Dior conseguiu
construir um império de insuperável renome internacional. (LEHNERT, 2001).
Entretanto neste mesmo período, as casas de alta-costura fundaram boutiques que
atenderiam ás necessidades de mudanças que o momento exigia. Linhas mais baratas,
oferecendo coleções com pronta-entrega, conhecidas como prêt-à-porter. O prêt-à-porter, ou
pronto para vestir consiste em roupas produzidas em quantidade, diferentemente das peças
exclusivas, de confecção artesanal e sob medida da alta-costura. São produzidas para uma
quantidade maior de clientes e em tamanhos padronizados. Até 1950, a moda italiana e a
moda americana dependiam da alta costura de Paris, de onde eram copiados os modelos.
Christian Dior foi um dos primeiros a vender moldes em musselina para os Estados Unidos
para serem copiados e vendidos em lojas de departamentos. (RENFREW; RENFREW, 2010).

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“Para a moda, a revolução dos anos 60 se dará sobre tudo pela explosão do prêt-à-
porter, que passa a ser o principal polo irradiador de novas tendências e de
criatividade, marcando o declínio da alta-costura, cujo fechamento das maisons será
proporcional à diminuição da clientela. Os anos 60 são fortemente marcados pela
ascensão do jovem enquanto categoria individualizada.” (CALDAS, 2013).

Os jovens viviam em uma época de contestação e transformações sociais e políticas, o


que teve impacto direto na moda, que os fez os principais ditadores de tendências, diferente
do passado. Sendo assim, o fator preço mais acessível do prêt-à-porter, e novas peças feitas
com mais rapidez, ganharam o mercado. (GABARDO, 2012). Lipovestsky (1989) afirma que
com o impulso jovem no decorrer dos anos 50 e 60 acelerou a difusão dos valores hedonistas.
Instalou-se uma cultura que exibe o não conformismo, que exalta valores de expressão
individual, de descontração e de espontaneidade. A agressividade das formas, as colagens e
justaposições de estilos, o desalinho só pôde impor-se em seguida trazido por uma cultura
onde predominavam a ironia, o jogo, a emoção-choque e a liberdade.

“O prêt-à-porter já estava mais que definido e assimilado, e a indústria da moda,


muito bem estabelecida. A busca pela novidade era frenética e mal se lançava uma
ideia para que todos logo aceitassem. As butiques, cada vez em maior número, tanto
na Europa quanto nos Estados Unidos estavam difundindo e democratizando as
criações dos estilistas, tornando as ideias mais acessíveis financeiramente falando.
Sem dúvida, foi o grande momento de solidificação do prêt-à-porter.” (BRAGA,
2014, p.87).

Nos anos 70, Yyes Saint Laurent lançou a Rive Gauche, prêt-à-porter para homens e
mulheres, popularizando sua abordagem de estilo, luxo e dos consumidores de moda
contemporânea. Saint Laurent construiu de forma magnifica um império da moda
internacional com base no prêt-à-porter, tinha diversidade cultural e coragem para questionar
as regras, e também criando conceitos chocantes para a época, incluindo o conjunto safari e
um terno estilo smoking para mulheres. (RENFREW; RENFREW, 2010). Foi um homem
conectado com o mundo, sempre acreditou que a roupa devia estar a serviço da mulher e não
ao contrário.
Na década seguinte, para Braga (2014) houve uma verdadeira profusão de influências
e contrastes, opostos conviviam em harmonia e ambos eram aspectos de moda. Surge também
nesse período as “tribos de moda” e o culto ao corpo se fez presente num inicio de onda
frenética às academias de ginastica. As roupas eram extremamente justas e coloridas. Em
Paris criadores japoneses se estabeleceram e influenciaram a moda com suas propostas de
intelectualidade através da limpeza visual. Issey Miyake, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto
diziam em suas linguagens de moda o máximo com o mínimo possível de cortes, cores e
acabamentos m suas roupas. Um visual andrógino também era característica dessa tendência.
(BRAGA, 2014).
“Também nesse decênio, além da tecnologia têxtil, não se pode esquecer do início
da informatização para o setor de moda. Computadores com programas específicos
de modelagem, estamparia e outros passaram a fazer parte do dia-a-dia das
confecções, acelerando a produção e dinamizando possibilidades no trabalho de
moda.” (BRAGA, 2014, p.99)

Nos anos 90 continuam as tendências apresentadas na década anterior, uma série de


silhuetas e estilos já conhecidos. Os revivalismos seguem-se uns aos outros a uma velocidade
cada vez maior, e os intervalos entre ciclos tornam-se mais curtos. As regras de etiqueta
referente a vestuário são menos rigorosas, e a moda desportiva impôs-se em todos os sentidos.
No final do século XX aos dias atuais, houve um retorno à personalização das peças, agora

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tomando partido a evolução tecnológica que permite a construção das peças sob medida e
comercializadas pela internet. (DINIS; VASCONCELOS, 2014).

Atualmente, a indústria de confecção está equipada com sistemas computadorizados


capazes de modelar, graduar tamanhos e fazer encaixes de grade, entre outras
funções. Graças à técnica denominada enfesto, que consiste em sobrepor várias
camadas de tecido a partir de cálculos de consumo, é possível cortar grandes
quantidades de uma só vez com precisão, rapidez e economia de material.
(MANDELLI, 2014, p.74)

Em todo o desenvolvimento do vestuário, desde a pré-história, com suas funções


essenciais de proteção e adorno, passando pelo sistema artesanal e em série, até o
contemporâneo prêt-à-porter, a modelagem vem assumindo posição de importância estética e
funcional. (MANDELLI, 2014). Desta forma é dever do profissional atual investir sempre em
aprimoramentos direcionados a área e conhecer suas novas possibilidades. Além de dominar
as técnicas , precisa desenvolver sua própria concepção , resultado obtido através de suas
experiências diárias, assim conseguirá manter-se ativo no mercado extremamente competitivo
da moda.

DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

4. A modelagem nos Dias Atuais

Para que seja possível desenvolver uma coleção ou mesmo apenas uma peça de roupa
são necessárias várias etapas dentro do processo produtivo. O setor de modelagem é
considerado como uma das partes de maior relevância, pois é ele que permite dar forma as
ideias do estilista. “A modelagem pode ser compreendida como o processo que permite
correlacionar a natureza bidimensional dos tecidos à tridimensionalidade do corpo, seja
respeitando seu formato anatômico ou remodelando-o.” (MARIANO, 2013). Como um
processo essencial na confecção é possível realizar a modelagem de diferentes técnicas, tais
como:
 Moulage ou modelagem tridimensional que pode ser definida
como um trabalho artístico durante o qual o tecido é amoldado diretamente
sobre o corpo (ou manequim) de modo a obter marcações que darão forma
geométrica ao molde, possibilitando a visualização direta do resultado e da
aparência do produto e seu caimento com o tecido utilizado; (OSÓRIO, 2007).
“Esta técnica representa uma forma prática e rápida de se obter resultados
positivos no caimento de peças do vestuário, oferendo grande liberdade de
construção para o modelista e até mesmo para o designer.” (DINIS;
VASCONCELOS, 2014, p.95). Depois de finalizada a moulage da peça, faz-se
todas as marcações necessárias para identificar as linhas do molde, esta é
retirada do manequim para a planificação das partes e o acréscimo de costura.

 Modelagem plana ou bidimensional: constrói blocos


geométricos em duas dimensões (2D), utilizando como base um conjunto de
medidas anatômicas de determinadas regiões do corpo, de um tipo físico
específico. (OSÓRIO, 2007). A modelagem plana, além de possibilitar ser
realizada em papel, pode ser desenvolvida através de sistema CAD (Computer
Aided Design). Essas ferramentas vêm ganhando espaço nas confecções e
estão se tornando cada vez mais evoluídas e precisas na modelagem e

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desenvolvimento das peças. Os softwares para confecção têm grande


capacidade de acelerar o processo de ampliação e redução dos moldes, bem
como o encaixe e riscos dos tamanhos a serem cortados. (RUBBO, 2013).

Após a criação do estilista é necessário um desenvolvimento técnico para que possa


ser realizada a concretização pelo modelista da ideia proposta. É construída uma ficha técnica
onde são colocadas todas as especificações detalhadas sobre o produto, incluído os materiais
que serão utilizados e desenho técnico, sendo um documento essencial no desenvolvimento da
coleção ou peça individual. Sua correta utilização impacta na qualidade, tempo e custo de
cada peça produzida.
A aplicação das técnicas de modelagem inicia-se pelo traçado de moldes básicos.
Dinis e Vasconcelos (2014) os descreve como moldes sem apelo estético, normalmente sem
folgas e sem margens para costura, pois servem de ponto de partida para o desenvolvimento
de modelagens mais complexas, podendo-se dizer que as bases são a segunda pele do corpo,
ou seja, elas devem reproduzir fielmente as medidas de um determinado tamanho de
manequim da tabela de medidas e conter marcações dos pontos anatômicos e linhas
referenciais do corpo.
No vestuário feminino, o conjunto de moldes básicos é formado pelas bases
superiores (corpo frente, costas e manga), e saia. Qualquer peça de roupa é construída a partir
de um bloco básico ou da sua combinação. “A exatidão do traçado depende inicialmente da
compreensão da anatomia e seus princípios utilizados para o traçado dos moldes, bem como a
aplicação das medidas de maneira precisa, de acordo com a tabela em uso”. (HEINRICH,
2005, p.31).
Com o conjunto de bases já desenvolvido e aprovado, o modelista parte para o
processo de interpretação, ou seja, fará uma análise minuciosa do desenho passado pelo
estilista, analisando recortes, volumes, comprimentos, folgas e acabamentos. Com base nesta
análise é que serão feitas as alterações nos moldes básicos para obtenção da nova modelagem,
o que chamamos de moldes interpretados. (DINIS; VASCONCELOS, 2014). Os moldes
interpretados são os resultados das alterações feitas no bloco básico, a fim de obter as peças
que formarão um desenho ou modelo desejado. Nestes blocos ou moldes devem ser colocadas
as margens de costura, os piques de orientação para o setor de corte e de reprodução.
Para melhor organização e funcionamento do sistema produtivo considera-se
importantíssimo que o molde contenha informações como: o nome componente; o tamanho
desenvolvido; o número de partes a ser cortado; piques (pequenos recortes utilizados para
indicar pences ou regiões de encaixe do molde, podendo ser internos ou externos); sentido do
fio do tecido para o corte; localização da dobra do tecido; localização de botão; localização de
caseado; embebimento (diminuição de uma das medidas das partes na hora da costura);
franzidos, além do nome da modelista e a data que foi realizada a modelagem. Após a
finalização dos moldes realiza-se a pilotagem, nessa fase já foram acrescentadas as margens
de costura necessárias, onde um protótipo é confeccionado, a fim de testar e aprovar a
modelagem da peça.
É papel da pilotista apontar os defeitos de modelagem que possam comprometer a
execução do modelo, e alertar para o comportamento do tecido na máquina de costura.
Ocasionalmente é preciso rever o molde após a confecção do protótipo, eliminando excessos
em partes do tecido que tende a esticar ou franzir na maquina de costura, ou acrescentar mais
folgas para melhorar o caimento. (TREPTOW, 2003). Com os protótipos e modelagem
aprovados, são feitas as graduações dos moldes de acordo com uma tabela de medidas
estabelecida.

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5. Tabelas de Medidas

A tabela de medidas serve como base para o desenvolvimento de uma modelagem,


devendo estar em consonância como público-alvo pretendido. “Uma das características
principais que definem um bom molde básico é a exatidão das medidas, pois caracterizam um
molde perfeito e economizam tempo para produção.” (HEINRICH, 2005, p.27).
A modelagem industrial não segue as mesmas regras e nem obedece as mesmas
técnicas utilizadas para a modelagem sob-medida. Uma das principais diferenças encontra-se
que para modelar em caráter industrial, o profissional utiliza tabela de medidas padrão,
visando atingir uma média da população em cada grupo de tamanhos, e já na sob-medida é
utilizado apenas as medidas especificas do indivíduo para qual a roupa está sendo
desenvolvida. (HEINRICH, 2005).
“Quando as roupas eram confeccionadas por alfaiates, com exclusividade e sob-
medida, não havia a necessidade de analisar o público ao qual a mesma se destinaria
porque a peça era feita exclusivamente para cada pessoa. Mas, na era industrial, é
essencial projetar as peças para as pessoas que a empresa se especializa. Também é
importante a análise do tecido utilizado, pois a mesma influencia diretamente nas
modelagens e na tabela de medidas a ser utilizada.” (MANDELLI, 2014, p.23).

Segundo Dinis e Vasconcelos (2014) a necessidade de trabalhar com tabelas de


medidas cresceu a partir da década de 1960, juntamente com o crescimento da produção de
peças prontas , quando as roupas passaram a ser produzidas em larga escala industrial, em
diferentes tamanhos. Com está produção em larga escala fez-se necessário trabalhar com
medidas representativas para cada tamanho e que servisse de base para construção das
modelagens. “Sua importância está em ser uma base de dados coletados que não representam
cem por cento das medidas de um público, mas que se aproximam bastante do perfil estudado,
permitindo assim, que outras características de moda, como o conforto e estética, consigam
ter destaque na peça que será desenvolvida.” (BORTOLI et al.,2014).
O conhecimento dos dados de uma tabela de medidas confiável torna possível
observar as partes do corpo humano e agregar características ergonômicas que trarão valor ao
produto, e automaticamente possibilitarão uma maior aceitação. A inconformidade de
tamanhos disponíveis no mercado nacional é um dos fatores que mais abalam a segurança do
consumidor em adquirir um produto de vestuário. (DINIS; VASCONCELOS, 2014). A falta
de padronização dos corpos dos brasileiros faz com que exista uma grande variação na
vestibilidade de produtos têxteis de diferentes marcas e até de mesma marca. É bastante
comum encontrar nos grandes varejistas produtos de diferentes tamanhos para vestir um
mesmo corpo, pois podemos perceber que existe uma prática no mercado a troca de etiqueta,
pelas empresas de confecção, assim atendem ao ego dos consumidores que não aceitam ter
modificado seu manequim e consequentemente procuram roupas maiores, mas com etiqueta
de tamanho menor. (BASTOS et al., 2014).
Desta forma o SENAI CETIQT iniciou em 2009 um levantamento antropométrico
denominado Pesquisa de Caracterização Antropométrica, com o objetivo de coletar as
medidas e mapear as formas do corpo brasileiro, para que se possa gerar um banco de dados
reais da população para diversos setores da indústria, principalmente do vestuário. A medição
é feita através de um body scanner, pretendendo atingir uma amostragem final de 10 mil
brasileiros, incluído mulheres e homens a partir de 18. (DINIS; VASCONCELOS, 2014). A
padronização das medidas facilitará o trabalho dos modelistas na construção base para a
indústria do vestuário, assim como irá orientar consumidores em relação ao tamanho do
manequim.

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Para o presente trabalho foi analisado tabelas disponibilizadas no curso de Design de


Moda da Universidade de Caxias do Sul, esta adaptada para fins acadêmicos pela professora
Lígia Osório, tabela disponível no Livro Modelagem Industrial Brasileira de autoria de Sônia
Duarte e Sylvia Saggese, tabelas do levantamento antropométrico denominado Pesquisa de
Caracterização Antropométrica, do SENAI/CETIQT cedidas para estudo pelo professor
Flávio Sabrá, na disciplina de Ergonomia da Pós Graduação Modelagem Conceito e
Interpretação e uma pequena pesquisa realizada em sala de aula com 20 mulheres de 20 a 62
anos. Porém foi concluído que para os fins que o trabalho propõe, a primeira citada é a mais
adequada.

TABELA DE MEDIDAS FEMININA


Tamanho 38 40 42 44 46
Busto sem folga 84 88 92 96 100
Cintura 66 70 74 78 82
Comprimento da frente 40 41 42 43 44
Metade da largura do busto frente 22 23 24 25 26
Metade da separação do busto 8.5 9 9.5 10 10.5
Comprimento lateral 17.5 18 18.5 19 19.5
Metade da cintura da frente 17 18 19 20 21
Comprimento do ombro 11 11.5 12 12.5 13
Comprimento ombro/cintura 34 35 36 37 38
Pescoço 34 35 36 37 38
Metade da largura das costas 20 21 22 23 24
Comprimento das costas 39 40 41 42 43
Metade do costado 17 17.5 18 18.5 19
Metade da cintura das costas 16 17 18 19 20
Comprimento da manga 58 59 60 61 62
Punho com folga 21.5 22 22.5 23 23.5
Fonte: Apostila do curso de Design de Moda da Universidade de Caxias do Sul.

6. Modelagem: um Diferencial Competitivo para uma Marca

Manter-se competitivo no mercado é um dos grandes desafios encontrados pelos


empresários em geral. No setor de vestuário, devido a grande demanda de produtos oferecidos
atualmente e clientes cada vez mais exigentes, é necessário estar sempre buscando
aprimoramentos para melhorias continuas e conseguir acompanhar as mudanças rápidas do
setor. Bittencourt e Garcia (2014) acreditam um dos setores do processo de confecção que
possui capacidade de proporcionar um grande diferencial é o setor de modelagem, sendo uma
das partes iniciais e fundamentais de apoio e sustentação da marca no mercado. A modelagem
torna-se ferramenta criativa, associada ao processo de concepção e configuração do vestuário,
e tal procedimento manifesta-se positivamente no produto final. “Diante de uma oferta de
produtos muitas vezes semelhantes, como é o caso dos produtos de moda, o consumidor irá
optar pelo que atender não só pelo estilo, pela cor e pela função, mas também o que melhor
vesti-lo, ou seja, o que tiver melhor modelagem”. (DINIS; VASCONCELOS, 2014, p.70 ).
As tecnologias atuais aliadas a um bom profissional de modelagem são fundamentais
para o sucesso de uma empresa. Cabe muitas vezes ao modelista interferir na criação,
propondo algumas mudanças que possibilitem condições técnicas de vestibilidade, conforto e
qualidade do produto. O profissional de modelagem precisa estar sempre atualizado, e estar
ciente que não pode trabalhar sozinho, devendo ser uma pessoa atenta a todos os processos
dentro da empresa, pois todos esses conhecimentos servirão de subsídios para melhorar
constantemente suas modelagens. Mariano (2011) afirma que embora o conhecimento e o

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domínio dos métodos de modelagem e suas respectivas técnicas, não são por si só suficientes
para desenvolver formas vestíveis.

“Além de conhecer aviamentos, processos de modelagem, diferentes tipos de tecido


e sentido de caimento do material-conhecido como fio-, um bom profissional de
modelagem deve possuir noções de proporção, matemática, ergonomia,
antropometria e geometria espacial. Tais conhecimentos permitem ao modelista a
reprodução mais fiel possível de um projeto de criação, incluído todos os seus
detalhes de estrutura da modelagem, como fio, costuras, pregas, pences piques,
aberturas, abotoamentos, etc.” (DINIS; VASCONCELOS, 2014, p.77).

MANDELLI (2014) acrescenta que para usuários que prezam pela qualidade, o
acabamento e a boa costura são essenciais para uma peça, mas esses fatores isoladamente não
fidelizam o cliente a uma marca. A modelagem é um fator importantíssimo na busca da
satisfação do consumidor. Ao apropriar-se dos recursos da modelagem durante o processo
criativo, a empresa ou profissional agrega valor ao produto, tornando muito mais interessante
aos olhos do consumidor contemporâneo. Osório (2007) enfatiza que o design moderno de
produto tem o foco principal à integração de novas tecnologias, de modo atender às
necessidades de conforto, beleza e praticidade exigidas pelos consumidores.
Para o presente trabalho foram aplicadas técnicas de modelagem plana tradicionais
mescladas com a técnica Transformational Reconstruction, desenvolvida por Shingo Sato,
com o objetivo de trazer uma nova roupagem para o tradicional Trench Coat, desenvolvendo
variações e construções diferentes para a peça.

“A técnica de transformação e reconstrução proposta por Sato consiste em projetar


modelos com recortes e volumes inovadores, tendo como ponto de partida peças de
algodão cru, construídas a partir de bases ou blocos básicos. A peça costurada é
vestida num manequim técnico e, assim como na moulage, o designer tem contato
com a volumetria corporal e pode avaliar a estética e as proporções dos novos
desenhos. Trata-se de uma metodologia orientada principalmente para designers de
moda, incorporando as habilidades de manipular a modelagem de maneira intuitiva,
artística e inovadora, como na moulage, mas alicerçada em bases convencionais que
podem ser elaboradas por modelagem plana.” (MARIANO, 2013, p.5).

Figura 4: Exercícios desenvolvidos em aula com Shingo Sato (Modelagem Criativa)

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7. Memorial Descritivo do Desenvolvimento do Produto

A metodologia usada para o desenvolvimento das bases de corpo frente e costas foi a
estudada no Curso de Design de Moda da Universidade de Caxias do Sul, adaptada pela
professora Lígia Osório. Para a construção da manga foi utilizado o método apresentado por
Sonia Duarte e Sylvia Saggese no livro Modelagem Industrial Brasileira.

Figura 5: Bases utilizadas redesenhadas em Corel Draw

Com as bases prontas em tamanho 40 foram acrescentados 50 cm de comprimento a


partir da cintura e adicionado uma folga de 2 cm nas laterais e um transpasse de 10 cm no
centro da frente. Todas as pences foram mantidas, exceto a do ombro das costas, que foi
eliminada na cava. As cavas foram rebaixadas em 2,5cm e redesenhadas acompanhando o
prolongamento dos ombros, que foram alongados 3 cm e subidos 2cm.
No centro das costas inferior foi criado uma pala com uma prega macho de 12 cm de
largura. A peça é composta de duas golas, a primeira estilo alfaiate e a segunda uma gola
aplicada. Os bolsos decorativos e funcionais ao mesmo tempo, são estilo fole e apresentam
uma lapela. Na manga é um modelo tradicional no qual apenas foram feitas as alterações na
cabeça, para encaixe na cava e o puxo alargado.
Testado no manequim de prova foi observado que as pences da cintura estavam fora
do lugar correto, assim como a gola também não estava caindo certo , por não ter recebido os
cortes de abertura, e o transpasse também estava muito grande. (foi reduzido para 6 cm). Foi
necessário corrigir os moldes e refazer o protótipo para a segunda fase da construção. Com as
bases corrigidas, e a peça costurada novamente em morim foi dado início a criação dos
recortes, utilizando a Técnica Transformational Reconstruction.

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Figura 6: Modelagem realizada redesenhada em Corel Draw

Figura 7: Modelagem inicial (frente, costas e manga)

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Figura 8: Moldes forro, vista, bolsos, gola aplicada, lapelas e carcela

Figura 9: Aberturas realizadas na gola e na manga

Figura 10: Processo de construção da modelagem em morim

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Figura 11: Moldes criados a partir da Técnica Transformational Reconstruction

Figura 12: Forro sendo estampando de forma artesanal

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8. Ilustração do projeto

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9. Produto final desenvolvido / Editorial

Como resultado da pesquisa, foi desenvolvido um trench coat em tecido lona de seda
(70% seda e 30% algodão) da empresa Casulo Feliz. Esta produz os fios de seda de forma
manual, aproveitando os casulos impróprios para a indústria e também reciclando os
subprodutos dessa mesma matéria-prima. No forro foi usado sarja 100% algodão orgânico,
fornecida pela Justa Trama. A organização é referência em economia solidária no Brasil e
reconhecida internacionalmente como a rede nacional mais completa do país, por ser uma
cadeia produtiva que começa com o plantio do algodão agroecológico e vai até a
comercialização de roupas feitas com o produto final e que trabalha nos preceitos da
economia solidária, sustentabilidade e comércio justo. A modelagem do trench desenvolvido
respeita sua forma básica, porém seu diferencial encontra-se nos seus recordes resultantes da
técnica Transformational Reconstruction.

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10. Variações da modelagem

Figura 13: Variações do trench coat

A partir de uma mesma base de um trench coat tradicional foi pensado em três
modelos, todos confeccionados com tecidos sustentáveis. O primeiro modelo é uma versão
para ser usado só ou complementando um look, com mangas curtas, este mantém alguns
elementos do tradicional, com transpasse, lapelas, pala e um cinto. A segunda opção é um
modelo mais moderno, em virtude dos recortes desenvolvidos com a técnica
Transformational Reconstruction, porém seu corte reto faz com que se mantenha entre os
clássicos, passando um ar mais sóbrio e elegante. Por fim o terceiro modelo utiliza também a
estrutura básica do trench, possui lapela e pala, mas foi transformado em um maxi colete de
alfaiataria. Todas as peças são versáteis e podem ser usadas por todos os tipos de
consumidores, dos clássicos aos mais modernos.

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11. Considerações finais

Em decorrência da competividade do mercado atual, tanto no setor do vestuário como


nos demais segmentos, manter-se ativo é um dos grandes problemas encontrados pelas
empresas, faz-se então necessário uma diferenciação dos produtos que serão oferecidos aos
consumidores.
A roupa atual não é apenas escolhida por estilo, cor ou função, precisa ter valores
agregados. Consumidores atuais valorizam produtos, serviços e empresas relacionados direta
ou indiretamente com os preceitos de sustentabilidade. Procuram por bens e serviços
diferenciados com os quais se identifiquem além de estarem cada vez mais conscientes da
ética do consumo e atentos aos valores, produtos e empresas comprometidos com o meio
ambiente e com os direitos humanos.
Com base na pesquisa pode-se afirmar a importância da modelagem como um fator
influenciador e decisivo na hora da compra, pois fatores como o conforto, o caimento e a
mobilidade são avaliados diariamente. Esses só são obtidos com sucesso quando a modelagem
é desenvolvida de forma correta, desta forma é notável a importância de um bom profissional
de modelagem aliado as tecnologias atuais oferecidas.
A modelagem tornou-se uma ferramenta criativa, associada ao processo de concepção
e configuração do vestuário, podendo ser interpretada de diferentes formas e tal procedimento
manifesta-se positivamente no produto final. O presente projeto se propôs a renovar um
clássico da moda, o trench coat, através dos conceitos de sustentabilidade aliado as técnicas
de modelagem tradicionais e contemporâneas. Espera-se que os resultados obtidos neste
trabalho, possam incentivar a valorização do modelista no setor, pois sem ele nada acontece, e
que a criação possa ser vista com outros olhos, usando instrumentos de modelagem e
materiais sustentáveis para o seu desenvolvimento, possibilitando de uma relação equilibrada
e ecologicamente sustentável entre moda, roupa e consumidor.

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UCS – Universidade de Caxias do Sul
Especialização em Modelagem de Moda: Conceito e Interpretação

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Anexos

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Figura 13: Primeiro Trech Coat Burberry

Fonte: http://www.lillystrends.com.br/category/viagem

Figura 14: Divas do cinema: Marlene Dietrich (1948), Sophia Loren (1958) e Audrey
Hepburn(1961)

Fonte: http://en.vogue.fr/fashion/fashion-inspiration/diaporama/how-to-wear-a-trench-coat/25941#sophia-loren-
a-rome-en-1958

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UCS – Universidade de Caxias do Sul
Especialização em Modelagem de Moda: Conceito e Interpretação

Figura 15: Twiggy (1968), Jackie Kennedy (1970) e Audrey Hepburn (1980)

Fonte: http://www.harpersbazaar.com/fashion/trends/g2926/iconic-trench-coat-fashion/?slide=7

Figura 16: Modelagens dos egípcios, gregos, romanos e bizantinos

Fonte:Livro: A evolução da indumentária ( Marie Louise Nery)

Figura 17: Modelagem período românico, idade média gótica, renascimento na Itália,
Alemanha e Inglaterra

Fonte:Livro: A evolução da indumentária ( Marie Louise Nery)

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