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CONSUMISMO: RAÍZES HISTÓRICAS E CONSEQUÊNCIAS DESSE FENÔMENO

AO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO

Ayra Arnaud de Almeida1


Danilo Riki Toriy2
Jean Fellipe Fratoni de Palma3
Matheus Alves da Silveira4
Matheus Henrique Borsato5
Matheus Previato Hermenegildo6
Milton Henrique Bustos7
João Roberto dos Santos Lopes8

RESUMO

O artigo “Consumismo: Raízes históricas e consequências desse fenômeno ao


cenário contemporâneo” tem como foco principal a análise do comportamento
consumista, apresentando-se o processo de formação dele na sociedade, suas
motivações e as inúmeras consequências promovidas por ele nos âmbitos social,
econômico e ambiental. Além disso, analisa-se como a ascensão do consumismo
pode prejudicar o desenvolvimento de crianças e adolescentes e busca-se explicar os
métodos das grandes empresas para estimular o consumo exagerado na atualidade,
os quais estão ligados com o uso da publicidade para a divulgação de produtos e com
a obsolescência programada. No final do desenvolvimento, como solução para o
problema exibido, apresentou-se a ideia da inserção da disciplina “educação
financeira” nas escolas que contribuiria para maior preparação dos futuros adultos em
relação ao panorama consumista que encontrarão na sociedade. Para a confecção
da pesquisa em questão, foram utilizados artigos e sites que argumentam sobre o
tema, os quais foram lidos e analisados, além de uma investigação que contemplou
um panorama sobre as condições de consumo de um grupo de 100 (cem) pessoas.
Além disso, utilizou-se informações do livro “Vida para Consumo: A transformação das
pessoas em mercadoria”, do filósofo polonês Zygmunt Bauman. Por meio da consulta
pública acima mencionada e do desenvolvimento do restante da pesquisa, constatou-
se a tese de que a maioria das pessoas está exposta aos efeitos do consumismo na
atualidade.
1Estudante do 3º ano do Ensino Médio - Colégio Adventista de Maringá – e-mail – ayarnaudalmeida@gmail.com
2Estudante do 3° ano do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – e-mail – dtoriy@gmail.com
3Estudante do 3° ano do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – e-mail – jffratoni@gmail.com
4Estudante do 3° ano do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – e-mail – silveiramatheus303@gmail.com
5Estudante do 3° ano do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – e-mail – matheushborsato@gmail.com
6Estudante do 3° ano do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – e-mail – mthspreviato@gmail.com
7Estudante do 3° ano do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – e-mail – miltonhenrique2005@gmail.com
8 Professor de Geografia do Ensino Médio – Colégio Adventista de Maringá – Graduado em Administração –
Bacharelado (UEM) – Graduado em Geografia – Licenciatura (UEM – UNAR) – Pós-graduado em Gestão Pública
e Pós-graduado em Neuroeducação (Faculdade Descomplica) – e-mail – joaorobertolopes87@gmail.com
Palavras-chave: consumismo; publicidade; meio ambiente; obsolescência
programada, educação financeira

ABSTRACT

The article “Consumerism: Historical roots and consequences of this phenomenon to


the contemporary scenario” has as its main focus the analysis of consumerist behavior,
presenting the process of its formation in society, its motivations and the countless
consequences produced by it in the social, economic and environmental spheres. In
addition that, it analyzes how the rise of consumerism can harm the development of
children and adolescents and seeks to explain the methods of large companies to
encourage excessive consumption today, which are linked to the use of advertising to
publicize products and with planned obsolescence. At the end of the development, as
a solution to the displayed problem, the idea of inserting the subject financial education
in schools was presented, which would contribute to greater preparation of future
adults in relation to the consumerist panorama that they will find in society. For the
making of the research in question, articles and websites that argue on the subject
were used, which were read and analyzed, in addition to an investigation that includes
an overview of the consumption conditions of a group of 100 (one hundred) people. In
addition, information from the book “Life for Consumption: The transformation of
people into merchandise”, by the Polish philosopher Zygmunt Bauman, was used.
Through the aforementioned public consultation and the development of the rest of the
research, the thesis was verified that most people are exposed to the effects of
consumerism today.

Keywords: consumerism; publicity; environment; planned obsolescense; financial


education.

1 INTRODUÇÃO

Entre os séculos XVII e XIX, em um contexto marcado por profundas


transformações econômicas e sociais, os ideais capitalistas começaram a emergir
dentro da sociedade, juntamente com a eclosão da Revolução Industrial. Esses
fatores alteraram as formas de produção vigentes até aquele momento, o que abriu
espaço para o início do pensamento consumista com cada vez mais produtos
disponíveis no mercado.
O consumismo ganhou força ao longo dos séculos e hoje, indiscutivelmente,
exerce enorme influência no mundo globalizado, sendo a compra excessiva e
desnecessária de produtos e serviços uma marca de boa parcela dos indivíduos no
Brasil e no mundo.
Esse crescimento, porém, trouxe impactos negativos à sociedade que
prejudicarão o desenvolvimento de todas as nações no futuro, em razão de
dificuldades sociais, econômicas e ambientais.
Tendo isso em vista, o objetivo principal desse artigo é promover a reflexão a
respeito dos impactos das práticas consumistas na atualidade para todos os grupos
sociais. Segundo Bauman, as pessoas estão se transformando em mercadorias, ou
seja, alienando-se dentro do cenário consumista, o que implica a necessidade de
maior análise e reflexão sobre o tema.
Além disso, busca-se que os leitores analisem a influência da publicidade no
cenário atual, bem como os métodos utilizados pelas grandes empresas para
estimularem o consumo como o caso da obsolescência programada. Por fim, tem-se
o objetivo de apresentar uma solução para o problema: a implantação da disciplina de
educação financeira nas escolas.
Para que os objetivos sejam alcançados, o artigo apresenta inúmeras
informações e vários artifícios visuais que possuem como finalidade facilitar a
compreensão do leitor sobre o que foi exposto e permitir que, na sequência, reflexões
e análises possam ser feitas a partir do que foi apresentado.
A escrita foi desenvolvida a partir da leitura e interpretação de artigos e sites
que apresentavam informações confiáveis e relevantes para o tema abordado, além
da análise do livro “Vida para Consumo: A transformação das pessoas em
mercadoria”, de Zygmunt Bauman. No decorrer da pesquisa, é possível observar a
menção de vários autores (a partir de citações) que, por meio de seus escritos,
contribuíram para o aprofundamento da análise das questões apresentadas
relacionadas à temática do consumismo.
2 CONSUMISMO: RAÍZES HISTÓRICAS E CONSEQUÊNCIAS

Atualmente, é notório que o consumismo está cada vez mais presente dentro
da sociedade, bem como as consequências provenientes de sua intensificação no
cenário atual. Esse fenômeno pode ser definido como a compra exagerada de
produtos e serviços, a qual é realizada com baixo planejamento e sem verdadeira
necessidade. Diferentemente de consumo que representa a aquisição daquilo que é
necessário para a sobrevivência humana, sendo, portanto, uma atividade natural e
realizada desde os primórdios da existência das sociedades, o consumismo é pautado
em um comportamento impulsivo e desregulado.
Sua origem está ligada a consolidação do sistema capitalista em um momento
em que começaram a surgir as grandes empresas multinacionais e as cidades se
tornaram cada vez mais complexas, muito por conta do processo acentuado de
industrialização pelo qual elas passavam. Aliado a isso, em meio aos Séculos XVII a
XIX, nota-se o desenvolvimento do processo de Revolução Industrial em que se
concretizou um grande aumento da produção de bens manufaturados, possibilitando
que as pessoas tivessem maior acesso aos mais variados tipos de produtos.
No final do Século XIX, em um contexto marcado pelo fim da escravidão
legalizada em praticamente todo mundo, pelo avanço e melhora das máquinas no
cenário industrial, pelo início do uso do petróleo como energia em grande escala e
pelo intenso êxodo rural, observou-se a criação em massa de novas empresas que
operavam com intensa produtividade, impulsionando as linhas de montagem e
acelerando o crescimento de uma era consumista que ganha cada vez mais espaço
até hoje. A respeito disso, Moura (2018, p. 3) afirma:

A revolução industrial provocou grandes transformações na sociedade,


proporcionando um leque de opções para consumo em massa, mudando os
costumes das pessoas no tocante à aquisição de bens. O êxodo rural teve
como consequência imediata o inchamento das cidades, com claras
evidências da falta de infraestrutura básica para atender ao grande número
de população urbana que se formava, mudando, com isso, as necessidades
das pessoas, que antes eram restritas às condições próprias da área rural.

Com o passar dos anos, a emergência do “American Way of Life” (novo estilo
de vida norte-americano que surgiu após a Primeira Guerra Mundial, baseado na
liberdade e na busca por felicidade que foi marcado pelo consumo excessivo e apego
aos bens materiais), aliada ao crescimento das campanhas publicitárias e do uso do
marketing por parte das grandes empresas também contribuíram para moldar as
relações de consumo mundiais.
A arte também sofreu influência dessa grande transformação pela qual a
sociedade estava passando, sendo o movimento Pop Art o melhor exemplo para se
ilustrar isso. Esse movimento buscava realizar uma crítica ao consumismo e à cultura
de massa e para isso, os artistas incorporaram elementos da cultura popular em suas
obras como imagens publicitárias, produtos comercializados e ícones de celebridades.
Alguns dos principais nomes desse movimento foram: Andy Warhol, Roy Lichtenstein
e Claes Oldenburg.

Ilustração 1 – Obra “In the Car”, de Roy Lichtenstein (Pop Art):

Fonte: https://www.todamateria.com.br/

Em um cenário mais recente, com o advento da internet, iniciou-se o processo


de compras virtuais em sites e aplicativos, o qual intensificou ainda mais o consumo
excessivo por parte dos indivíduos, colocando o contexto atual em um cenário
extremamente preocupante, tendo em vista os impactos sociais, econômicos e
ambientais do consumismo ao mundo que serão apresentados no decorrer do artigo.
Como dito anteriormente, muitas pessoas possuem como comportamento atual
consumir cada vez mais, o que pode ter motivações diferentes. Alguns indivíduos, por
exemplo, compram produtos e serviços excessivamente para suprirem o vazio
emocional/existencial em que estão inseridos. Outros, por sua vez, querem estar
sempre com os aparelhos mais modernos em busca de status e fama e adquirem
novos objetos compulsivamente para isso. Outros, ainda, compram excessivamente
para se sentirem aceitos em um contexto marcado pela pressão social. Por fim, alguns
também podem praticar o consumismo em virtude da influência de amigos, familiares
ou até pela influência da mídia que se utiliza de campanhas publicitárias muito
apelativas para esse fim. A respeito disso, Grossi e Santos (2007, pp. 1-2) afirmam:

Para tudo há um remédio. É assim que a sociedade de consumo supre os


padecimentos da realidade social da qual todos querem se evadir: o tédio, a
inveja e a competição, o desemprego, as decepções românticas, a obsessão
pela magreza, a luta contra a obesidade, as pancadarias adolescentes, a
depressão, a insônia, a solidão, o medo de adoecer, o terrorismo, etc. A
sociedade contemporânea padece de tantos interesses e de tantas
preocupações que fica impossível listá-los. O “remédio” do século XXI tem
sido o consumo, com o propósito de satisfazer desejos, suprir carências ou
de criar coragem para projetar ambições. As relações interpessoais também
vêm passando, cada vez mais, pela perspectiva da materialização. Ou seja,
através de objetos, os homens vêm procurando atingir a estabilidade
emocional e a autoafirmação. Consequentemente, possuir ou acumular
configuram-se como verdadeiros signos, sobretudo quando a intenção é
relacionamento. Inúmeras vezes o afeto tem sido colocado numa escala
secundária neste novo sistema cultural que se formou a partir de um desejo
irreprimível de consumir.

No cenário consumista atual, a publicidade exerce grande influência sobre os


consumidores e contribui para a intensificação do consumo compulsivo atual.
“Tratando-se de termos atuais em sociedade, podemos dizer plenamente que os
meios de comunicação, com auxílio da publicidade, adotam de princípios únicos que
elaboram um gancho entre o consumidor e o objeto ou o segmento a ser observado.”
(OLIVEIRA, 2009, p. 1).
Ela é responsável por dar visibilidade a novos produtos, serviços e tendências
do mercado, sendo uma ferramenta das grandes empresas para a obtenção de alto
lucro que ocorre por conta da compra desregulada de artigos novos que foram
divulgados.
As campanhas publicitárias estabelecem contato com o aspecto psicológico
dos compradores, a partir de um forte apelo emocional, que atrai os consumidores
das mais variadas espécies e leva-os a terem um alto desejo por adquirir algo.
Infográfico 1 – Consumismo em alta no Brasil:

Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/

A cultura do consumo é, de certo modo, perigosa aos seres humanos. Isso


porque ela está estruturada com o objetivo de promover o engano aos indivíduos, no
sentido de que estes passam a considerar compras desnecessárias como algo
positivo para a própria vida. Com relação a isso, Bauman (2007, p. 128), sociólogo e
filósofo polonês, comenta:

A cultura consumista é marcada por uma pressão constante para que


sejamos alguém mais. Os mercados de consumo se concentram na
desvalorização imediata de suas antigas ofertas, a fim de limpar a área da
demanda pública para que novas ofertas a preencham. Engendram a
insatisfação com a identidade adquirida e o conjunto de necessidades pelo
qual se define essa identidade. Mudar de identidade, descartar o passado e
procurar novos começos, lutando para renascer - tudo isso é estimulado por
essa cultura como um dever disfarçado de privilégio.

Zygmunt Bauman, brevemente apresentado anteriormente, foi um dos maiores


estudiosos do Século XX, sendo o autor de estudos de uma variedade imensa de
temas ao longo de sua carreira. Dentre eles, destacam-se: a modernidade líquida, a
globalização, a ética, a moralidade, a política, o poder e o consumismo. A respeito
desse último tópico, o sociólogo constrói uma relação entre os consumidores e as
mercadorias, a qual está presente em seu livro “Vida para Consumo: A transformação
das pessoas em mercadoria”. Bauman (2007, p. 20) explica:

Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro


virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem
reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades
esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A "subjetividade" do
"sujeito", e a maior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito
atingir, concentra-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e
permanecer, uma mercadoria vendável. A característica mais proeminente da
sociedade de consumidores - ainda que cuidadosamente disfarçada e
encoberta - é a transformação dos consumidores em mercadorias.

Esse trecho configura-se como uma perspectiva crítica a respeito da sociedade


de consumidores. Por meio dela, pode-se analisar que em uma sociedade dominada
pelo consumismo, os indivíduos são transformados em mercadorias e são valorizados
principalmente pelo seu potencial de consumo. Isso implica que as pessoas são
avaliadas com base em sua capacidade de se encaixar em padrões pré-estabelecidos
de consumo e em como elas podem ser comercializadas. Os indivíduos são
incentivados a se verem como produtos a serem comercializados, e são pressionados
a se adaptarem a certos padrões estéticos, comportamentais e de consumo para
serem considerados socialmente aceitáveis.
Segundo Barbosa (2004, pp. 58-59), o consumismo pode adquirir diversas
representações e concepções. Ele, para alguns, é responsável por promover uma
homogeneização cultural no cenário globalizado atual, padronizando produtos e
estilos de vida e diminuindo a diversidade cultural, sendo nesse sentido, um motivador
de uma possível “americanização” do mundo. Além disso, o consumismo também é
visto como uma prática essencialmente materialista que pouco se preocupa com a
questão humanitária, além de ser considerado responsável pela perda de
autenticidade e profundidade das pessoas atuais. Por fim, ainda é apresentado que o
cenário consumista atual é uma mola propulsora para atitudes individualistas e
disputas por status social.
A forte influência do cenário consumista na sociedade atual contribui também
para prejuízos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes e ao avanço do planeta
de maneira geral. Os indivíduos da faixa etária mencionada estão cada vez mais
expostos à propagandas, campanhas de marketing e meios de comunicação que
realizam a divulgação de produtos e serviços, sendo isso fundamental para que muitos
deles adotem um consumo desregulado, na maioria das vezes, apoiado pelos próprios
pais que não percebem as consequências dessa permissão exagerada ou, muitas
vezes, aceitam-na por falta de interesse e/ou tempo para ficar com os filhos,
considerando nesse processo que os produtos da sociedade do consumo serão o
suficiente para que o jovem possa se desenvolver bem. Nesse contexto, Grossi e
Santos (2007, p. 7) afirmam:

A televisão influencia a saúde física e mental, a educação, a criatividade e os


valores daqueles que se encontram na frente da tela. Quando expostas às
propagandas, as crianças ficam vulneráveis frente a informações que não são
capazes de julgar de modo adequado.

São várias as consequências negativas que o consumo excessivo pode


promover na vida de crianças e adolescentes e ao mundo de modo geral. A primeira
delas é levá-los a valorizarem mais as posses materiais do que outros aspectos
importantes, como relacionamentos, saúde, educação e valores éticos. Eles podem
desenvolver uma mentalidade materialista, acreditando que sua felicidade e
autoestima estão diretamente ligadas ao que possuem ou ao que podem comprar.
Além disso, o consumo desregulado nessa idade prejudica a compreensão a respeito
de finanças pessoais, o que pode acarretar futuros endividamentos e outros
problemas financeiros. Por fim, é válido dizer que o consumismo exacerbado de
crianças e adolescentes pode fazer com que uma mentalidade composta pela falta de
consciência ambiental se intensifique cada vez mais na sociedade, prejudicando o
meio ambiente e a natureza.
Infográfico 2 – Consumismo infantil:

Fonte: http://incansaveis.blogspot.com/, 2015.

A ascensão da cultura consumista transformou completamente a sociedade e


trouxe inúmeros impactos negativos ao cenário contemporâneo, desde
consequências sociais e econômicas até implicações ambientais.
O consumismo pode afetar as relações sociais ao criar uma cultura de
comparação, competição e individualismo, onde o valor das pessoas é
frequentemente medido por suas posses materiais. Isso pode levar ao isolamento, à
alienação e ao enfraquecimento dos laços comunitários. Além disso, o consumo
excessivo está associado a um maior risco de desenvolvimento de doenças
psicológicas, como a ansiedade e a depressão, devido às pressões sociais,
insatisfação constante, endividamento e falta de priorização da saúde emocional,
fatores que acompanham indivíduos consumistas.
A prática do consumo desregulado também está ligada a prejuízos financeiros
como o endividamento já mencionado anteriormente. Além dele, a ausência de
reservas econômicas, o impacto nas reais prioridades financeiras como saúde e bem-
estar e a dependência do uso de crédito, o qual pode gerar altos juros, são algumas
das consequências negativas relacionadas ao aspecto econômico que estão
interligadas com práticas consumistas.
O meio ambiente também pode ser considerado uma grande vítima do
crescimento e estabelecimento do consumismo na sociedade. As indústrias, no
processo de produção dos artigos que serão posteriormente distribuídos no mercado,
utilizam os recursos naturais em grande quantidade, sem a devida preocupação
ambiental. Isso gera como consequência uma crescente esgotabilidade dos recursos
presentes no meio ambiente como a água, o petróleo, a madeira e os minerais. A
exaustão de recursos naturais, por sua vez, ocasiona a degradação dos biomas,
alterações climáticas, desertificações, dentre outros problemas.
Porém, além das consequências ambientais geradas no processo de obtenção
de matéria-prima, a produção dos artigos em grande quantidade para abastecimento
do mercado consumista e a posterior utilização deles também causa danos ao meio
ambiente como a poluição atmosférica e das águas, a emissão de gases de efeito
estufa e a geração de resíduos sólidos que, muitas vezes, não são descartados da
maneira correta, sendo muitos deles formados por lixo eletrônico.
Com relação ao lixo eletrônico e sua diferença para o lixo convencional, Baldi
(2018, p. 42) explica:

Ocorre que o lixo eletrônico não deve ser descartado juntamente com o lixo
comum, principalmente no meio ambiente, pois possui substâncias químicas
como mercúrio, chumbo, entre outros. Assim o descarte irregular pode
contaminar o solo tornando-o infértil e pode chegar aos lençóis freáticos,
comprometendo o sistema de abastecimento de água e assim oferece riscos
à saúde dos coletores quando colocado junto ao lixo comum.

Ainda sobre o meio ambiente e a relação entre sua devastação e o crescimento


das práticas consumistas, Baldi (2018, p. 38) também comenta:

A capacidade da natureza de se reestruturar frente aos danos causados para


sustentar o estilo de vida dos indivíduos na sociedade de consumo, é
inversamente proporcional à velocidade de destruição dos recursos naturais
imposta pela necessidade de se cooptar a natureza. O tempo em milhares de
anos que a natureza leva na produção de determinados recursos, o homem
transforma em décadas de destruição.

Como última consequência do cenário consumista que é extremamente


importante destacar, está a própria busca das empresas em estimular a compra
excessiva e desregulada. Isso é feito de várias formas, mas uma que ganhou destaque
recentemente foi a obsolescência programada.
Esse termo pode ser definido como a prática de se programar a vida útil de
artigos e bens para torná-los obsoletos e problemáticos rapidamente, obrigando,
portanto, a compra de um novo produto. Isso é feito, tendo-se em vista que produtos
que não sofrem desgaste, não contribuem para a geração de lucro das grandes
empresas. O setor eletrônico é o mais afetado por essa prática, pois os aparelhos
podem ser manipulados facilmente e possuem custo maior do que os produtos de
outros setores produtivos. Segundo Baldi (2018, p.25), a busca da prática da
obsolescência programada é manter o hiperconsumo e a alta produção de produtos
que já são fabricados com uma “data de validade” para logo serem substituídos por
outros, na teoria, mais novos. A respeito desse tema, Bauman (2007, p.31) afirma:

O consumismo dirigido para o mercado tem uma receita para enfrentar esse
tipo de inconveniência: a troca de uma mercadoria defeituosa, ou apenas
imperfeita e não plenamente satisfatória, por uma nova e aperfeiçoada. A
receita tende a ser reapresentada como um estratagema a que os
consumidores experientes recorrem automaticamente de modo quase
irrefletido, a partir de um hábito aprendido e interiorizado. Afinal de contas,
nos mercados de consumidores-mercadorias, a necessidade de substituir
objetos de consumo "defasados", menos que plenamente satisfatórios e/ou
não mais desejados está inscrita no design dos produtos e nas campanhas
publicitárias calculadas para o crescimento constante das vendas. A curta
expectativa de vida de um produto na prática e na utilidade proclamada está
incluída na estratégia de marketing e no cálculo de lucros: tende a ser
preconcebida, prescrita e instilada nas práticas dos consumidores mediante
a apoteose das novas ofertas (de hoje) e a difamação das antigas (de ontem).

Conclui-se, portanto, que o consumismo, ou seja, a compra de produtos e


serviços sem verdadeira necessidade, de forma desregulada, é prejudicial para várias
esferas de um indivíduo, de modo que todos que possuem esse comportamento
deveriam adotar a prática do consumo consciente.
Buscando-se uma solução futura para o problema em questão, é possível
colocar em pauta a inserção da educação financeira nas escolas. Essa provável
disciplina ensinaria os jovens a administrarem melhor suas finanças, a consumir de
forma equilibrada, a prevenir fraudes, a alcançar metas, melhorando a qualidade de
vida de maneira geral desses indivíduos. Como eles serão os futuros adultos que
estarão inseridos dentro do cenário consumista, conseguirão lidar melhor com essa
questão por conta do preparo inicial que obtiveram.

3 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada tendo como base artigos e sites que possuem como
temática o consumismo, seus efeitos e sua influência no cenário atual. Além disso,
utilizou-se para o embasamento do trabalho, o livro “Vida para consumo: A
transformação das pessoas em mercadoria”, do filósofo polonês Zygmunt Bauman.
Os artigos utilizados foram obtidos a partir da biblioteca digital SciELO (Scientific
Electronic Library Online – Biblioteca Eletrônica Científica Online) e do serviço de
busca do Google conhecido como “Google Acadêmico”, em que se pode encontrar
materiais voltados a estudantes e professores.
Além desses mecanismos, uma pesquisa feita através do “Formulários Google”
foi usada para o aperfeiçoamento do trabalho. Para a sua realização, 100 (cem)
pessoas foram direcionadas para uma página em que poderiam responder a algumas
perguntas relacionadas à sua inserção dentro do cenário consumista. Os resultados
obtidos a partir dessa pesquisa estão no tópico “Análise dos dados” do artigo em
questão e permitem uma visualização mais prática das consequências
proporcionadas pela alta compra de produtos e serviços de maneira desnecessária
no cenário atual.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Para o embasamento do artigo, realizou-se uma investigação com 100 (cem)


pessoas que foram direcionadas para uma página virtual em que responderam
perguntas relacionadas às suas próprias condições de consumo. O processo foi
realizado a partir do “Formulários Google”, serviço do Google utilizado para esse fim.
Abaixo, seguem alguns dos resultados obtidos por essa pesquisa.
A pesquisa contemplou a participação de 56 mulheres e 44 homens. Com
relação à faixa etária dos participantes, o gráfico abaixo ilustra a quantidade de
entrevistados por intervalo de idade:
Aos participantes, perguntou-se se eles já haviam se arrependido de alguma
compra logo após a aquisição de um produto e se eles se sentiam influenciados pela
publicidade e pelas propagandas ao tomar decisões de compra. Os resultados
ilustraram a presença do comportamento consumista que é marcado por aquisições
sem planejamento e feitas com alta influência externa.

Gráfico 1: Arrependimento rápido pós-compra de um produto.

Fonte: elaborado pelos pesquisadores deste artigo, 2023.

Gráfico 2: Influência da publicidade sobre decisões de compra.

Fonte: elaborado pelos pesquisadores deste artigo, 2023.


Na sequência, perguntou-se sobre a possibilidade de o aumento do consumismo estar
prejudicando crianças e adolescentes, sendo o objetivo da pergunta perceber se os
entrevistados concordavam com os impactos do consumo excessivo nos jovens. Além
disso, questionou-se se os entrevistados já haviam se sentido prejudicados
financeiramente por conta de práticas consumistas. Nas duas respostas, mais uma
vez, foi notório a influência dos impactos causados pelo consumo em excesso na
atualidade.

Gráfico 3: O consumismo pode prejudicar o desenvolvimento dos jovens?

Fonte: elaborado pelos pesquisadores deste artigo, 2023.

Gráfico 4: Impactos econômicos promovidos pelo consumo excessivo.

Fonte: elaborado pelos pesquisadores deste artigo, 2023.


Na sequência, questionou-se se os entrevistados já haviam passado por
situações pessoais relacionadas com a obsolescência programada e os resultados,
mais uma vez, indicaram a presença do consumismo no cenário contemporâneo,
tendo em vista que a obsolescência programada é um método utilizado pelas
empresas para aumentar a compra de produtos.

Gráfico 5: Obsolescência programada no cenário atual.

Fonte: elaborado pelos pesquisadores deste artigo, 2023.

Por fim, perguntou-se aos entrevistados se eles concordavam com a inserção


da educação financeira nas escolas como uma tentativa de diminuir o consumismo no
futuro. O resultado foi quase unânime e indicou a preocupação da população com o
cenário de consumo desregulado e desnecessário.

Gráfico 6: Implantação da educação financeira nas escolas

Fonte: elaborado pelos pesquisadores deste artigo, 2023.


5 CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, a partir da apresentação de dados e informações nesse


artigo, que a fabricação cada vez maior de produtos aliada ao objetivo das grandes
empresas de obtenção de lucro, com o apoio das campanhas publicitárias, criou no
mundo atual uma enorme cultura consumista, a qual é prejudicial para o presente e o
futuro de todos os indivíduos.
Todas as pessoas precisam consumir produtos e serviços básicos para que se
mantenham estáveis, mas o problema está no momento em que itens já não
necessários e em excesso são adquiridos. Com o artigo, espera-se que as pessoas
reflitam sobre essa situação e, de alguma maneira, pensem no que pode ser feito para
a resolução desses problemas. O contexto atual está se tornando cada vez mais
insustentável e é necessário que se criem medidas que contribuam para a melhoria
das condições de consumo contemporâneas. No próprio artigo, uma possível solução
é apresentada (inserção da educação financeira em todas as escolas), sendo ela
interessante para que os futuros adultos tenham a capacidade de realizar suas
compras de maneira consciente e assertiva.
Por fim, finaliza-se com a apresentação de um resumo a respeito de como
funciona a sociedade de consumo atual. Segundo Baldi (2018, p. 13), o circuito
consumista é composto pela publicidade que cria o desejo, pelo crédito que fornece
os meios e pela obsolescência acelerada e programada que renova a necessidade do
produto.
REFERÊNCIAS

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