Você está na página 1de 166

Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Gestão Ambiental e
2ª Edição

Desenvolvimento
Sustentável

Cláudio Augusto Vieira Rangel


Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Texto: Claudio Augusto Vieira Rangel
Revisão Ortográfica: Marcus Vinícius da Silva
Projeto Gráfico:, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos, Marcos Antonio Lima da Silva
Editoração: Andreza Nacif
Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói

R196g Rangel, Cláudio Augusto Vieira.

Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável / Cláudio Augusto


Vieira Rangel ; revisão de Natália Barci de Souza e Marcus Vinícius da Silva.
1. ed. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2012.

156 p. : Il

1. Gestão ambiental. 2. Proteção ambiental. 3. Política ambiental. 4.


Desenvolvimento sustentável. 5. Poluição. 6. Administração ambiental. I.
Souza, Natália Barci de. II. Silva, Marcus Vinícius da. III. Título.

CDD 363.7

Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins CRB 7/4990


Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC
pelo conteúdo do texto formulado.
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mant enedora
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Informações sobre a disciplina

Carga horária: 90 horas (60h Teóricas e 30h práticas)

Créditos: 04

Ementa: A relevância da ecologia à conservação ambiental. Alguns tipos de


poluição ambiental e a violação dos direitos humanos. Ambientes degradados. Os
instrumentos de Gestão Ambiental. Como elaborar um projeto de Gestão
Ambiental. A prática da Gestão Ambiental. O conceito de Desenvolvimento
Sustentável.

Objetivo geral: Repassar subsídios fundamentais ao entendimento da importância


da Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Com o repasse destes
subsídios, aprenderemos sobre: os conceitos de ecologia, ecossistemas e
interações; exemplificar sobre poluição e danos ambientais; explicar sobre como
elaborar projetos e utilizar instrumentos de intervenção sócio-ambiental, gestão e
desenvolvimento sustentável; promover nos alunos a mudança de paradigmas e a
motivação para atuar nesta área tão necessária à nossa sobrevivência e à
conservação do máximo de qualidade de vida para os nossos filhos, netos e futuras
gerações.
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Conteúdo programático:

Unidade 1 – Ecologia e Meio Ambiente

O conceito de Ecologia.
Definição de Ecossistema e Meio Ambiente.
Os Níveis Hierárquicos.
O Ecossistema Global, os Ecossistemas Regionais e Locais.
Compartimentos Naturais e Urbanizados.
Interações Ecológicas: Intraespecíficas e Interespecíficas.
A Cadeia Alimentar e a Produção de Alimento e Energia Natural.
Os Ciclos Biogeoquímicos – exemplos mais importantes.
Equilíbrio Ecológico.
A Relevância da Ecologia à Conservação dos Ambientes Organizados.

Unidade 2 – O Estado dos Ambientes

Ambientes Brasileiros e suas Características.


Áreas Desmatadas e Desertificadas.
Ambientes Aquáticos Erodidos.
Ambientes Marinhos Costeiros e Oceânicos Degradados.
Aterros Sanitários.
O Efeito Estufa.
O Aquecimento Global.
Mudanças Climáticas.
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Unidade 3 – Poluição Ambiental e Danos à Qualidade de Vida

Poluição Ambiental Natural.


Poluição Ambiental Antrópica.
Desigualdade Social e Pobreza.
Violência.
Direitos Humanos.

Unidade 4 – Instrumentos de Gestão Ambiental e Elaboração de um Projeto


de Intervenção Sócio-Ambiental

Legislação Ambiental.
Auditoria Ambiental.
Análise Ambiental (EIA, AIA, RIMA e Monitoramento Ambiental).
Educação Ambiental.
Direito Ambiental.
Políticas Públicas. Audiência Pública.
A Pesquisa sobre o Ambiente que sofrerá a Intervenção Sócio-Ambiental.
O Planejamento da Ação de Intervenção.
A Otimização de Projetos pela Conservação Ambiental e Qualidade de Vida.

Unidade 5 – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Princípios Norteadores da Gestão Ambiental.


Associações de Administração Ambiental.
Compromissos. Planos de Ações.
Função Social e Ações Participativas.
Desenvolvimento Econômico.
Desenvolvimento Sustentável.
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Referências

Bibliografia Básica:

DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. 8ª ed.


São Paulo: Gaia, 2003.

GÜNTER, Fellenberg. Introdução aos problemas da poluição


ambiental. 2ª ed. São Paulo: EPU: Universidade de São Paulo, 1980.

LOPES, Sônia. Bio. Volume Único. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

Bibliografia Complementar:

DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3ª ed. São


Paulo, 1995.

DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 5ª edição Ed.


Bertrand Brasil, 2002.

ODUM, Eugene P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

SEIFFERT, Mari Elizabete B. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de


ação e educação ambiental. São Paulo: Atlas, 2007.

PENNA, Carlos G. O Estado do Planeta. Sociedade de Consumo e


Degradação Ambiental. Rio de Janeiro: Record, 1999.
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,


exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero
bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio


dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se
responsável pela própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que


permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de
nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando


as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD!

Professora Marlene Salgado de Oliveira

Reitora
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Sumário

Apresentação da disciplina ................................................................................................ 11

Plano da disciplina .............................................................................................................. 13

Unidade 1 – Ecologia e Meio Ambiente ......................................................................... 15

Unidade 2 – O Estado dos Ambientes .............................................................................. 37

Unidade 3 – Poluição Ambiental e Danos à Qualidade de Vida .................................. 71

Unidade 4 – Instrumentos de Gestão Ambiental e Elaboração de um Projeto


de Inversão Sócio-Ambiental............................................................................................. 104

Unidade 5 – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável................................ 127

Considerações finais ........................................................................................................... 145

Conhecendo o autor ........................................................................................................... 147

Referências ........................................................................................................................... 149

Anexos ................................................................................................................................ 151


Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

11
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Apresentação da Disciplina

Prezado aluno,

É com grande alegria que desejo a você um bom aprendizado, o qual o


possibilite a satisfazer suas expectativas sobre a disciplina de Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável.

Por muito tempo, o homem, a espécie Homo sapiens, utilizou os recursos


naturais como se eles fossem infinitos. O manejo dos elementos da natureza
disponíveis foi praticado de forma irracional, pois pareciam ilimitados. Portanto, a
raça humana não se sentia motivada a conhecer melhor sobre o meio ambiente de
sua moradia. Nós utilizávamos os alimentos sem conhecermos a nossa “casa”, o
nosso sistema de vida. Trata-se de uma postura psicológica e sócio-ambiental que
sempre se repete, porque foi necessário termos a nossa sobrevivência ameaçada
para nos sentirmos impelidos a aprimorar a nossa sensibilidade, através da
curiosidade.

É óbvio, caro aluno, que isto não ocorreu radicalmente, em tão pouco tempo.
A História da Ciência existe para fundamentar esta afirmação. Para cada
necessidade, outra curiosidade. Foi assim que surgiu a Ecologia, a ciência da
biologia que estuda os seres vivos e o ambiente onde eles vivem, como, também,
os processos que envolvem a inter-relação existente entre os organismos e os seus
ambientes.

12
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As limitações naturais de várias regiões do Planeta Terra, que tem 97,5 % do


seu espaço físico ocupado por água salgada (água marinha), forçaram o homem a
se fixar em lugares específicos, compatíveis com as suas demandas. Começaram
então as primeiras atividades econômicas: a agricultura, a pecuária e a criação de
animais domésticos. Surgiram novas organizações mais requintadas como as
indústrias e outras produções nocivas ao equilíbrio ecológico. A relação humana
com a natureza tornou-se predatória, afetando a biodiversidade e as quatro
camadas globais do nosso planeta. Conforme o uso inadequado das nossas
propriedades materiais e imateriais, destruímos o nosso “cantinho” e provocamos a
poluição ambiental.

Após muitos estudos, vários eventos científicos foram organizados até


chegarmos à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, por exemplo, realizada no Rio de Janeiro, com o propósito de se
fundar “uma associação” através da qual os países pudessem melhor administrar
todas as organizações existentes: naturais e antrópicas, a administração consciente,
a Gestão Ambiental, com o repasse do conhecimento sobre a administração limpa
do mundo globalizado, que prioriza a defesa da natureza, do desenvolvimento
racional. O Desenvolvimento Sustentável que visa perpetuar todas as espécies
através da preservação pela conservação. Lembre-se: C:\Documents and
Settings\Rolim\My Documents\MY WEBS\GESTAOWEB\index1.htm(...) “o que
acontecer com a terra acontecerá com os filhos da terra. O homem não teceu a teia
da vida, ele é apenas um fio. O que ele fizer à teia estará fazendo a si mesmo”, chefe
Seattle (índio americano)(ANO). Porque nós somos parte deste grande
ecossistema.

Bons estudos!

13
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Plano da Disciplina

A disciplina Gestão Ambiental do Desenvolvimento Sustentável tem como


objetivo apresentar subsídios fundamentais ao entendimento da importância da
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Ensinar sobre os conceitos de
ecologia, ecossistemas e interações; exemplificar sobre poluição e danos
ambientais; explicar sobre como elaborar projetos e utilizar instrumentos de
intervenção sócio-ambiental, gestão e desenvolvimento sustentável;

De maneira didática, dividimos o nosso conteúdo em cinco unidades, visando


fornecer uma visão crítica visando promover, a mudança de paradigmas e a
motivação para atuar nesta área tão necessária à nossa sobrevivência e à
conservação do máximo de qualidade de vida para os nossos filhos, netos e futuras
gerações.

Unidade 1 – Ecologia e Meio Ambiente

Nesta unidade, estudaremos os conceitos sobre Ecologia, Ecossistemas, Meio


Ambiente e Interações Ecológicas, que explicam sobre as inter-relações
ecossistêmicas e equilíbrio ecológico.

Objetivo: Identificar os processos ecológicos responsáveis pelo bom


funcionamento dos ambientes naturais e alterados por ação antrópica.

Unidade 2 – O Estado dos Ambientes

Nesta unidade, encontraremos alguns dos mais importantes biomas


encontrados no Brasil, bem como algumas definições de ordem ecológica.

Objetivo : Conhecer os Ecossistemas Brasileiros

14
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Unidade 3 – Poluição Ambiental e Danos à Qualidade de Vida

Nesta unidade estudaremos a poluição ambiental enfocando,


inicialmente, a poluição natural e, posteriormente, a promovida por ação
antropogênica.

Objetivo: Identificar os tipos de poluição ambiental que alteram as interações,


interferindo nocivamente nos processos metabólicos, ecológicos e psicossociais.

Unidade 4 – Instrumentos de Gestão Ambiental e Elaboração de um Projeto


de Intervenção Sócio-Ambiental

Nesta unidade abordaremos instrumentos de legislação, auditoria, análise e


direito ambiental.

Objetivo : Conhecer a legislação ambiental e as atividades que envolvam, o


respeito, a preservação e o desenvolvimento do ambiente, garantindo longevidade
e segurança às gerações futuras.

Unidade 5 – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade, estudaremos os processos e diretrizes que podem nos


levar a uma melhor compreensão sobre os caminhos da humanidade em relação
ao desenvolvimento sustentável.

Objetivo : Compreender o conceito de desenvolvimento sustentável na


esfera do desenvolvimento econômico, sem, contudo comprometer a saúde do
ambiente, aumentando as perspectivas administrativas, os compromissos e ações
em prol de um desenvolvimento real e comprometido com a sociedade, futuras
gerações e, sobretudo, com o ambiente.

Bons Estudos

15
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

1 Ecologia e Meio Ambiente

O conceito de Ecologia;

Definição de Ecossistema e Meio Ambiente;

Os Níveis Hierárquicos;

O Ecossistema Global e os Ecossistemas Regionais e Locais;

Compartimentos Naturais e Urbanizados;

Interações Ecológicas: Intraespecíficas e Interespecíficas;

A Cadeia Alimentar: a Produção de Alimento e Energia Natural;

Os Ciclos Biogeoquímicos – exemplos mais importantes;

Equilíbrio Ecológico;

A Relevância da Ecologia à Conservação dos Ambientes


Organizados.

16
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade, estudaremos os conceitos sobre Ecologia, Ecossistemas, Meio


Ambiente e Interações Ecológicas, que explicam sobre as inter-relações
ecossistêmicas e sobre o equilíbrio ecológico Também abordaremos nesta
unidade, o conhecimento sobre os processos dos ambientes (ou organizações),
sejam os processos e os ambientes naturais ou urbanizados. Pois é indispensável
para todos os profissionais que almejam trabalhar com gestão ambiental e
desenvolvimento sustentável.

Objetivo da unidade:

 Identificar os processos ecológicos responsáveis pelo bom


funcionamento dos ambientes naturais e alterados por ação
antrópica.

Plano da unidade:

O conceito de Ecologia;

Definição de Ecossistema e Meio Ambiente;

Os Níveis Hierárquicos;

O Ecossistema Global e os Ecossistemas Regionais e Locais;

Compartimentos Naturais e Urbanizados;

Interações Ecológicas: Intraespecíficas e Interespecíficas;

A Cadeia Alimentar: a Produção de Alimento e Energia Natural;

Os Ciclos Biogeoquímicos – exemplos mais importantes;

Equilíbrio Ecológico;

A Relevância da Ecologia à Conservação dos Ambientes Organizados.

Bons estudos

17
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O Conceito de Ecologia

Segundo Odum (1988), a palavra ecologia deriva do grego oikos, com o


sentido de “casa” e logos, que tem o significado de “estudo”. Ecologia, então,
significa o estudo do “ambiente da casa” com todos os organismos contidos nela e
todos os processos funcionais que a tornam habitável. Assim, é a ciência que
estuda as relações que ocorrem entre os seres vivos e deles com o ambiente onde
vivem. Como também a influência que um exerce sobre o outro. Do conhecimento
que temos sobre o lugar onde vivemos depende a nossa sobrevivência.

Definições de Ecossistema e Meio Ambiente

Ecossistema
É o sistema composto por dois fatores: os bióticos, que são os seres vivos e os
abióticos, que são os elementos sem vida, os quais compõem os ambientes onde
os seres vivem. Os elementos abióticos são os ambientes geográficos e os fatores
físico-químicos, são: a terra, o mar e a atmosfera, todos os compostos químicos e os
processos físicos que ocorrem. Com certeza, os ambientes geográficos são
ambientes físicos. Mas eu preferi me referir aos ambientes como geográficos
porque quis utilizar o termo físico para os processos. Aliás, os processos físicos
podem ser exemplificados pela erosão, pela maré e pelo vento. Os compostos
químicos são responsáveis pela nutrição do solo, dos vegetais e dos animais
(inclusive a nossa), além de fazerem parte da ciclagem de nutrientes, energia
produzida e serem carreados por lixiviação, por exemplo. Neste momento, estou
descrevendo sobre ecossistemas naturais, mas os ambientes urbanizados, que

18
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

sofreram a interferência do homem também são ecossistemas. Portanto, são


ambientes com tudo que neles está contido e neles acontece. Como as
organizações são ambientes complexos que nós utilizamos para ordenar as nossas
ações, com o objetivo de conquistarmos algo que desejamos. Os ecossistemas
naturais também podem ser denominados de organizações. Neles, os objetivos são
a produção de alimento, a sobrevivência, o equilíbrio ecológico etc.

Meio Ambiente

É composto por todas as organizações que existem no nosso planeta Terra.


Com tudo que nelas está contido e nelas acontecem. A mente é considerada um
ambiente, do meio ambiente. Com a mente, objetivamos internalizar e consolidar
os conhecimentos que nos tornam mais inteligentes e capazes de enfrentarmos o
mercado de trabalho. O nosso corpo, indústrias e empresas também são meios
ambientes.

19
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Níveis Hierárquicos

Na ecologia, Odum (1988), define os níveis hierárquicos da seguinte


maneira:

Componentes Bióticos: Genes – Células – Órgãos – Organismos – Populações –


Comunidades + Componentes Abióticos: Matéria – Energia = Biossistemas:
Sistemas – Sistemas – Sistemas – Sistemas – Sistemas – Ecossistemas Genéticos
Celulares Orgânicos Organismos Populacionais

Os Ecossistemas Global, Regional e Local

 Global: é o maior de todos, o Planeta Terra, como também são os


continentes, os mares, os países e os estados.

 Regional: pode ser um município, como o de São Gonçalo ou a


cidade do Rio de Janeiro.

 Local: pode ser exemplificado como o bairro da Tijuca, a Reserva dos


Trapicheiros e a rua onde moramos.

20
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Compartimentos Naturais e Urbanizados

 Compartimentos naturais: são os ecossistemas naturais, que não


sofreram a interferência antrópica.
 Compartimentos urbanizados: são os ecossistemas que foram alterados
pela raça humana, onde edificações foram construídas.

Antrópica - Ação
Conhecer termos que constantemente são aplicados direta ou
indiretamente
facilita a prática e o entendimento sobre gestão ambiental e o
provocada pelo
desenvolvimento sustentável. homem.

Interações Ecológicas: Intraespecíficas e Interespecíficas

 Interações intraespecíficas: são as relações que existem entre

organismos da mesma espécie.

 Interações interespecíficas: são as relações que existem entre

organismos de espécies diferentes.

As relações que se estabelecem entre os seres vivos possuem a


importância ecológica de manter o meio ambiente ou as organizações naturais em
perfeito funcionamento. As condições ambientais como os fatores físicos e
químicos, citados anteriormente, podem ser limitantes à produção de alimento e
energia necessários à sobrevivência de todas as espécies vegetais e animais. Isto
acontece quando o ambiente não está “nutrido” de material necessário aos
processos responsáveis pelo equilíbrio ecológico. Segundo Lopes (1999), estas
relações podem ser harmônicas (quando nenhum organismo é prejudicado, seja
da mesma espécie ou não) ou não harmônicas (quando pelo menos um dos

21
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
organismos é prejudicado através das inter-relações que ocorrem). Mas, é
necessário ressaltar que o prejuízo temporário promovido por processos naturais

não afeta definitivamente, um


compartimento ecológico. Quando um
ciclo de processos se finaliza, este fator
biológico, traduzido pelas relações
biológicas, também é responsável por
outros ciclos que ocorrerão. O meio
ambiente é dinâmico e se renova
constantemente.

O importante para a disciplina é que


as inter-relações que existem através das
relações entre as espécies representam
um fator biológico importante, é um dos
fatores que explica sobre a saúde
ambiental.

A Cadeia Alimentar: A Produção de Alimento e Energia


Natural

A cadeia alimentar é justamente composta por todas as espécies que


existem no nosso planeta. Em cada ambiente, uma cadeia alimentar diferente
acontece, formando uma grande rede de ligações intraespecíficas e
interespecíficas, que compõem a teia alimentar.

22
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Vamos entender melhor a diferença entre cadeia alimentar e teia


alimentar?
O ciclo de produção alimentar e de energia necessários às funções
vitais dos seres vivos começa com os vegetais. São as plantas que realizam a
primeira produção, a produção primária, através da fotossíntese. Pela fotossíntese,
com a ajuda da irradiação solar, o vegetal transforma o carbono inorgânico em
carbono orgânico, que é utilizado para a formação de açúcares. Estes açúcares mais
outros produtos que são sintetizados nas células vegetais são importantes ao
metabolismo das plantas. As plantas são responsáveis pela produção primária da
cadeia alimentar. Elas são chamadas de produtores primários, pois são o primeiro
nível trófico desta cadeia. Os níveis
tróficos subsequentes são: os
consumidores primários, que são os
animais herbívoros (os que se alimentam
de vegetais), seguidos pelos
consumidores secundários, que se
alimentam destes animais herbívoros e,
prosseguindo, os consumidores terciários,
quaternários e quantos forem necessários
ao ciclo de produção. A cadeia alimentar
é, portanto, o conjunto de níveis tróficos.

O conjunto de várias cadeias


alimentares compõe a teia alimentar dos
ecossistemas. Subsequentemente, a
grande teia alimentar da Terra.

23
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Existem seres que além de serem herbívoros são carnívoros. Nós somos um
exemplo deles.

Mas, por que é tão importante sabermos sobre estes conceitos?

As inter-relações existentes entre os seres vivos possibilitam a inter-relação


dos mesmos com o meio ambiente onde vivem. Nós, os seres vivos, somos
exemplos de um dos fatores que influencia na qualidade ambiental: o fator
biológico. A nossa “movimentação” interfere na ciclagem dos compostos químicos.
Assim como os processos físicos interferem na nossa “movimentação”. Trata-se da
influência que o fator biótico exerce sobre o fator abiótico e vice-versa.

Os Ciclos Biogeoquímicos – Exemplos Mais Importantes

Os ciclos biogeoquímicos ocorrem nos ambientes por causa dos fatores


bióticos e abióticos. A coexistência da interação entre estes fatores contribui para a
ciclagem dos nutrientes e materiais que circulam pelos sistemas terra, água e
atmosfera. Dentro da climatologia, por exemplo, estes sistemas são os
subsistemas do sistema climatológico. Para a ecologia, são ecossistemas do
maior ecossistema: o Planeta Terra. Os ciclos biogeoquímicos são, então, as
consequências das interações que existem entre todos os fatores e processos dos
ecossistemas. Sejam por causas naturais ou causas provocadas pelo homem.
Quando a interferência é humana, o prejuízo para nós mesmos pode ser
irreversível. É o que veremos na unidade sobre poluição ambiental.

24
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Por enquanto, serão discutidos os cinco ciclos mais conhecidos: o ciclo da


água, do carbono, do oxigênio, do nitrogênio e do fósforo.

O Ciclo da Água

Assim como 97,5% do Planeta Terra é ocupado pela água marinha, em


torno de 70% do nosso corpo é composto por água, que também predomina nos
outros seres. A água é uma substância indispensável para nossa sobrevivência. É
um diluente que possibilita vários processos químicos. Ela pode ser ingerida
quando a bebemos ou através dos alimentos. O excesso de água ingerido pode ser
eliminado por excreção, transpiração e outros processos, como os metabólicos das
células e a evaporação.
Para Lopes (1999), na fase fotoquímica da fotossíntese, as células das
plantas realizam a quebra da molécula de água sob a ação da luz (fotólise) e o
oxigênio é liberado para a atmosfera. É assim que nós temos o nosso oxigênio tão
essencial para nossa sobrevivência como um produto final da água absorvida
pelas plantas e, não do gás carbônico. Na fase química do metabolismo celular,
quando as plantas respiram, há a união do carbono atmosférico com as moléculas
orgânicas (presentes nos cloroplastos das plantas). Os carboidratos são formados e
a água é liberada para o meio através da respiração e transpiração. Este é um dos
exemplos de água disponibilizada para o meio ambiente. Após a transpiração, a
água é evaporada. Mas, por favor, não confundam água transpirada com o orvalho
que encontramos nas folhas pela manhã, porque são gotículas de água
condensadas e depositadas nas superfícies das folhas. Esta condensação ocorre
principalmente durante a noite, as gotículas costumam se aglomerar em cima de
qualquer superfície fria.
As plantas transpiram e a água transpirada se evapora. Nós suamos e o
nosso suor evapora. Os animais, como o cavalo, por exemplo, transpiram e a água
que eles transpiram também evapora. Temos, então, a evapotranspiração.

25
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As águas das superfícies dos solos, dos rios, lagunas, lagos, lagoas e
mares se evaporam para a atmosfera, se condensam e voltam para as superfícies
sólidas e meios aquáticos, frequentemente, em forma de chuvas. É a evaporação e
a precipitação se processando nos ambientes conforme os fatores climáticos
(rotação e translação da Terra, irradiação solar, radiação da luz solar, temperatura,
ventos etc.).
As águas liberadas pelos seres vivos, evaporadas dos ambientes
terrestres e aquáticos, condensadas na atmosfera e precipitadas como chuvas

formam o ciclo da água.

O Ciclo do Carbono

O carbono é encontrado na atmosfera e dissolvido na água em pequenas


proporções, como gás carbônico (CO2). É retirado da atmosfera e dos ambientes
aquáticos pela fotossíntese e liberado novamente através da respiração.

Os organismos mortos que se acumulam no solo também participam do ciclo


do carbono, pois eles são decompostos por micro-organismos que oxidam este
material orgânico e devolvem o gás carbônico para a atmosfera.

A combustão de fósseis, que têm o carvão e o petróleo como exemplos


representativos, é outro processo de liberação do gás carbônico.
26
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

27
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O Ciclo do Oxigênio

O oxigênio é um elemento químico da natureza muito importante para


a nossa sobrevivência, porque dele dependemos para a realização da nossa
respiração. Este gás se apresenta principalmente na atmosfera com a fórmula de
O2.
Está presente na camada de ozônio como O3. A importância da
camada de ozônio é filtrar a radiação dos raios ultravioletas.
Muitos compostos orgânicos e inorgânicos, como a água (H2O) e o gás
carbônico (CO2), possuem o oxigênio como um elemento químico de suas
composições.
Luz invisível que é nociva à nossa saúde quando é radiada com muita
intensidade. O excesso desta luz pode provocar o câncer de pele.

28
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O Ciclo do Nitrogênio

O nitrogênio ocorre na atmosfera como o gás N2, é muito abundante. Porém,


os seres vivos só conseguem aproveitá-lo por dois processos frequentes na
natureza: os processos de fixação e posteriormente nitrificação, pelas bactérias,
cianobactérias e fungos, que podem viver livremente no solo ou associados às
raízes de plantas. Quando associadas pela biofixação, transformam o N2
atmosférico em amônia (NH3), que é a forma utilizável pelos seres vivos. A amônia é
incorporada pelos aminoácidos das plantas onde vivem. E este é um exemplo de
relação interespecífica, através da qual a planta se beneficia com a biofixação.

A amônia sintetizada pelos biofixadores associados é transformada em nitrito


e, depois, nitrato pelas bactérias nitrificantes (Nitrossomonas e Nitrobacter), que são
as biofixadoras, as quais vivem livremente no solo. Estas bactérias são autotróficas
quimiossintetizantes, ou seja, são organismos capazes de produzir o seu próprio
alimento através de processos puramente químicos, que não dependem da
irradiação solar. Ao contrário da fotossíntese realizada pelas plantas, que também
são autotróficas, mas precisam da luz do sol para realizar o processo de produção
de alimento e energia. A fotossíntese foi descrita anteriormente para explicar sobre
a produção primária. Lembram? A quimiossíntese das bactérias autotróficas
nitrificantes se processa como descrito neste parágrafo. A energia da nitrificação
descrita é utilizada para a síntese de substâncias orgânicas. O nitrogênio do nitrato
é utilizado para a síntese de proteínas, aminoácidos e ácidos nucléicos. As
29
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

proteínas são formadas pela união de vários aminoácidos, que possuem o


nitrogênio como NH2. Elas, as proteínas, estão presentes nas membranas das
células, que são as membranas plasmáticas, também chamadas de membranas
citoplasmáticas, porque elas envolvem o citoplasma das células.

Os ácidos nucléicos, como o ácido desoxirribonucléico - o DNA - e o ácido


ribonucléico - o RNA -, participam da codificação genética da seguinte maneira: no
núcleo, o DNA possui os genes com as informações genéticas; ele se duplica
formando duas novas moléculas de DNA, que possuem o mesmo material genético
da molécula-mãe; estas novas moléculas, por sua vez, garantem a transmissão
deste material genético idêntico para duas novas células resultantes do processo
de divisão celular; o RNA é formado por vários nucleotídeos que compõem os
ácidos nucléicos, que ajudam na transcrição da informação genética quando
ocorre a reprodução. O nitrogênio está presente no RNA através das bases
nitrogenadas.

Outras substâncias nitrogenadas, como a ureia e o ácido úrico, as proteínas


degradadas do corpo dos organismos mortos, são transformadas em amônia
novamente pelas bactérias e pelos fungos decompositores. A amônia volta para o
ciclo.

Após um novo processo de nitrificação, o nitrogênio, como o gás N2, é


devolvido para a atmosfera reiniciando o ciclo do nitrogênio.

30
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O Ciclo do Fósforo

Os fosfatos inorgânicos são encontrados nas rochas fosfálicas, no solo e


nas plantas. O fósforo das rochas fosfálicas é dissolvido e carreado pelas chuvas,
que o transportam para os solos e para o lençol freático através da percolação.
Desta forma, ele chega aos mares. Neles, encontramos outra fonte de fósforo: os
peixes. Quando os consumimos ingerimos todo o fósforo que precisamos para os
nossos ossos, os fosfatos inorgânicos que as plantas utilizam para produzir os
compostos químicos importantes à manutenção da vida são incorporados à
biomassa vegetal e depois voltam a ser inorgânicos através dos consumidores
herbívoros. Quando inorgânico, é encontrado nos solos e nele ficam depositados
como parte dos nutrientes existentes. As florestas absorvem este nutriente muito
importante para a construção dos organismos e o crescimento dos vegetais, os
animais voltam a consumi-los, com o consumo das plantas, para depois voltarem
ao solo e mares. Assim, se processa a ciclagem do fósforo, que não possui fase

gasosa e, portanto, não é encontrado na atmosfera.

Os ciclos biogeoquímicos são responsáveis pela ciclagem de muitos


outros nutrientes dispostos nos ecossistemas como variadas formas químicas,
orgânicas e inorgânicas. Sem eles, como ficaria a biosfera? Os processos biológicos,
geológicos, geográficos, químicos, físicos e climatológicos participam destes ciclos
quando possibilitam a ocorrência dos mesmos.
31
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

32
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O Equilíbrio Ecológico

Após o acesso ao conhecimento sobre todos os conceitos relativos aos


processos ecossistêmicos, através do qual percebemos sobre a relevância de cada
fator ambiental, podemos dizer que o equilíbrio ecológico é, resumidamente, o
sinônimo de perfeita interação entre os processos biológicos, geológicos, físicos e
químicos. A natureza é perfeita e sábia. Movimenta-se nas terras, se propaga nos
mares e flui na atmosfera produzindo formatos e sons que traduzem a sua serena e
turbulenta produção ao mesmo tempo, por causa dos seus mistérios recônditos,
batimentos de ondas e trovoadas. Mas não se iludam. Não é desequilíbrio
ecológico! São os processos que se manifestam em sintonia com as causas e efeitos
dos ambientes, com equilíbrio ecológico.

A Relevância da Ecologia À Conservação dos Ambientes


Organizados

Conhecer todos os ambientes organizados naturalmente e pela ação humana,


nos torna seres cientes sobre todos os processos que envolvem e interferem em
nossas vidas. Significa identificarmos as intervenções que são positivas e as que são
negativas à melhoria e à preservação dos ambientes organizados. Porque preservar
é sobreviver aos impactos ambientais negativos que já ocorreram e conservar
todas as qualidades que continuam existindo, visando melhorar a qualidade de
vida para o nosso futuro.

link

Ambiente Brasil

www.ambientebrasil.com.br

33
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Este portal tem a missão de estimular a ampliação do conhecimento


ambiental e a formação de uma consciência crítica sobre os problemas e soluções
para o meio ambiente, idealizando a obtenção de conhecimentos de forma
organizada, sistemática e com velocidade, através de ambientes que orientam,
informam e oferecem facilidades. A proposta de trabalho do Portal é servir de elo
entre o presente e o futuro, antecipando soluções para as organizações e trazendo
conforto às pessoas, atender toda a comunidade brasileira, com interesse
específico em Meio Ambiente e oferecer produtos e serviços com soluções práticas,
imediatas e customizadas, visando à melhoria de gestão e a qualidade exigida pela
demanda.

Nesta unidade, você estudou sobre exemplos de relações ecológicas entre os


vegetais, animais e deles com o meio ambiente onde vivem e sobre os processos
físico-químicos que envolvem as inter-relações. Tantas informações só podem ser
tão importantes para entendermos sobre todos os processos que norteiam a nossa
sobrevivência e as interações ecológicas. Estudamos também conceitos muito
relacionados com saúde pública e qualidade ambiental.

A aprendizagem sobre os seres vivos e os seus ambientes é necessária para


nossa próxima unidade relativa à poluição ambiental.

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

34
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

35
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Exercícios – Unidade 1

1) Podemos afirmar que todos os compartimentos são ecológicos, sejam eles


ambientes ____________ ou ____________.

a) naturais - degradados
b) degradados - urbanizados
c) naturais - conservados
d) naturais - urbanizados
e) conservados - urbanizados

2) Atualmente a produção de energia tem sido uma questão muito importante


para a nossa sociedade. O petróleo é um exemplo representativo de qual elemento
químico?

a) Oxigênio.
b) Nitrogênio.
c) Carbono.
d) Fósforo.
e) Enxofre.

3) Os processos físicos ecossistêmicos que interferem no mecanismo ambiental


podem ser exemplificados da seguinte maneira:

a) correntes de água e ventos.


b) excreção e absorção.
c) ventos e produção energética.

36
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
d) erosão e metabolismo celular.
e) ingestão e percolação.

37
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

4) As proteínas de transporte participam de vários processos de transmissão de


compostos químicos Qual o lugar que elas se situam na célula?

a) Núcleo.
b) Membrana Nuclear.
c) Organelas.
d) Membrana Plasmática.
e) Citoplasma.

5) O fator biológico pode ser definido como:

a) percolação da água.
b) rotação da Terra.
c) condensação.
d) interação entre os seres vivos.
e) a presença de O2 na atmosfera.

6) Em vários ambientes ocorre a cadeia alimentar. O conjunto das cadeias


alimentares forma a teia alimentar, através da qual as relações interespecíficas
podem ser definidas como:

a) relações de sobrevivência.
b) relações neutras.
c) relações entre organismos de espécies diferentes.
d) relações prejudiciais a um dos organismos.
e) relações entre organismos da mesma espécie.

38
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

7) A sequência trófica de uma cadeia alimentar pode ser exemplificada da seguinte


maneira:

a) girafa, leão e árvore.


b) produtores, consumidores herbívoros e consumidores carnívoros.
c) microanimais, microvegetais e peixes.
d) Micro-organismos, peixes e ação humana.
e) aves, peixes herbívoros e fitoplâncton.

8) Os consumidores herbívoros fazem o fósforo voltar primeiramente para:

a) a atmosfera.
b) o solo.
c) as rochas.
d) as plantas.
e) o mar.

9) Escolha um ecossistema em sua moradia e descreva os elementos naturais,


interações e processos que conseguir identificar.

10) Explique o equilíbrio ecológico.

39
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

40
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

41
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

2 O Estado dos Ambientes

Ambientes Brasileiros e suas Características;


Áreas Desmatadas e Desertificadas;
Ambientes Aquáticos Erodidos;
Aterros Sanitários;
O Efeito Estufa;
O Aquecimento Global;
As Mudanças Climáticas.

42
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade, encontraremos alguns dos mais importantes biomas


encontrados no Brasil, bem como algumas definições de ordem ecológica, tais
como: desertificação, tipos de aterros sanitários, situação de degradação em
ambientes costeiros, efeito estufa, aquecimento global, enfim, uma série de
informações que ao longo do curso lhe propiciarão condições de intervir em prol
da melhoria das condições de vida dos seres vivos e, consequentemente, ampliar o
leque de oportunidades de sobrevivência de todas as espécies.

Objetivo da unidade:

Conhecer os Ecossistemas Brasileiros

Plano da unidade:

Ambientes Brasileiros e suas Características;


Áreas Desmatadas e Desertificadas;
Ambientes Aquáticos Erodidos;
Aterros Sanitários;
O Efeito Estufa;
O Aquecimento Global;
As Mudanças Climáticas.

Bons estudos.

43
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Ambientes Brasileiros e suas Características

Ao iniciar esta unidade, falaremos de alguns ambientes encontrados no Brasil,


pois assim compreenderemos melhor as situações que estes se encontram e,
consequentemente, poderemos avaliar seu estado de maneira mais abrangente.

Começaremos pela vegetação, que possui uma grande variedade no Brasil.


Porém essa vegetação vem sendo muito explorada desde o período colonial. A
vegetação original tornou-se a primeira fonte de riqueza do país. A extração do
pau-brasil representou também o início de um processo desordenado de utilização
da cobertura vegetal, que praticamente levou à extinção da mata atlântica. Essa
ação devastadora é marcante, sobretudo, nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e
parte do Centro-Oeste. Atualmente, o desmatamento atinge principalmente a
Amazônia.
Podemos classificar a vegetação brasileira, em escala regional, em
Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Matas de
Araucária e de Cocais, além dos Campos, Restingas e Mangues. Estima-se que 10%
das espécies vegetais do planeta vivam nas paisagens brasileiras, mas essa
vegetação vem sendo consumida por desmatamentos, queimadas e poluição.

Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica é uma típica floresta tropical, com grande diversidade


de espécies vegetais e animais. Ocupa 5,5 milhões de km2 dos quais 60% estão em
território brasileiro e nela vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies
existentes no planeta. Das 100 mil espécies de plantas que ocorrem em toda a
América Latina, 30 mil estão na Amazônia e, desse total, 2.500 espécies de árvores
(um terço da madeira tropical do mundo). A Amazônia também abriga muita água:
o Rio Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo e cobre uma extensão
aproximada de 6 milhões de km2, cortando a região para desaguar no Oceano
Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de
água. Esse número corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da terra.

44
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O seu solo, na grande maioria, é pobre em nutrientes. Pode parecer


contraditório que uma floresta tão rica possa sobreviver sobre um solo pobre. Isso
se explica pelo fato de ocorrer um ciclo fechado de nutrientes. Quase todos os
minerais estão acumulados no vegetal. No solo existe uma camada em
decomposição formada por folhas, galhos e animais mortos, que rapidamente são
convertidos em nutrientes e novamente absorvidos pelas raízes. Portanto, a
floresta vive do seu próprio material orgânico. Se a água das chuvas caísse
diretamente sobre o solo, tenderia a lavá-lo, retirando os sais minerais. Na floresta,
porém, a queda das gotas é amortecida pela densa folhagem, o que reduz a perda
de nutrientes. Tais fatos tornam o desmatamento um grande vilão, pois reduz a
folhagem da floresta, levando ao empobrecimento da terra, isso sem contar com os
demais seres vivos como os insetos, que se encontram em todos os estratos da
floresta, animais rastejadores, os anfíbios, répteis, aves e mamíferos, enfim, todos
que de forma direta sustentam o equilíbrio cíclico que sofre alterações drásticas em
virtude do desmatamento.

Embora o Brasil tenha uma das mais modernas legislações ambientais do


mundo, elas não têm sido suficiente para bloquear a devastação da floresta. O
Brasil tem sua riqueza natural constantemente ameaçada. A exploração de
produtos tradicionais como o guaraná, o látex e a castanha-do-pará pode ocorrer
de forma a não interferir no equilíbrio ecológico e a garantir a sobrevivência de
comunidades da floresta. Outros problemas são o extrativismo mineral e as
queimadas, práticas realizadas muitas vezes com o fim de adequar áreas da floresta
à pecuária. Daí, chegamos a problemas mais graves: a insuficiência de pessoal
dedicado à fiscalização, as dificuldades em monitorar extensas áreas de difícil
acesso, a fraca administração das áreas protegidas e a falta de envolvimento das
populações locais. Solucionar essa situação depende da forma pela qual os fatores
políticos, econômicos, sociais e ambientais serão articulados.

Outra forma de destruição tem sido os alagamentos para a implantação


de usinas hidrelétricas A atividade mineradora também trouxe graves
consequências ambientais, como a erosão do solo e a contaminação dos rios com o
mercúrio.

45
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Mata Atlântica

A Mata Atlântica, atualmente, predomina na costa brasileira, onde


planaltos e serras impedem a passagem da massa de ar, provocando chuva. Ela é
uma floresta de clima tropical quente e úmido, sendo considerada uma das
grandes prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o continente
americano. Sua cobertura florestal se apresenta reduzida a cerca de 7,6% da área
original, que apresentava aproximadamente uma extensão de 1.306.421 km2. Mais
de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica, que apresenta
muitas das características da Floresta Amazônica. A diferença mais marcante é a
topografia que, no caso da Mata Atlântica é mais íngreme e variável.

Na época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica tinha uma área


equivalente a um terço da Amazônia; cobria 1 milhão de km2 ou 12% do território
nacional, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Apesar da
devastação sofrida, a riqueza de espécies animais e vegetais que ainda se abrigam
na Mata Atlântica é incrível. Em alguns trechos de floresta, os níveis de
biodiversidade são considerados os maiores do planeta.

46
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Ocorreu à predatória do Pau-brasil a partir do século XVI, utilizado para


tintura e construção, depois a implantação do ciclo da cana-de-açúcar, onde
extensos trechos de mata Atlântica foram derrubados para dar lugar aos canaviais.
No século XVIII, foram as jazidas de ouro que atraíram para o interior um grande
número de portugueses. A imigração levou a novos desmatamentos, eles
estenderam-se até os limites com o Cerrado, para a implantação de agricultura e
pecuária.

No século seguinte, foi a vez do café, provocando a marcha ao sul do Brasil


e, então, chegou a vez da extração da madeira. No Espírito Santo, as matas foram
derrubadas para o fornecimento de matéria-prima para a indústria de papel e
celulose. Em São Paulo, a implantação do Polo Petroquímico de Cubatão tornou-se
conhecida internacionalmente como exemplo de poluição urbana.

A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do


Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. A mata possui espécies imponentes de
árvores, como o jequitibá-rosa, assim como outras espécies que também se
destacam nesse cenário tais como: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os
ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras.

Grande parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção é


originária da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-
canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista vivem na área gambás,
tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc. É também em grande parte
através da Mata Atlântica que se garante o abastecimento de água para mais de
120 milhões de brasileiros. Seus remanescentes regulam o fluxo dos mananciais
hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem escarpas e
encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso.
Essa região possui ainda belíssimas paisagens, verdadeiros paraísos tropicais, cuja
proteção é essencial ao desenvolvimento do ecoturismo, importante atividade
econômica presente em muitos projetos de desenvolvimento sustentável.

47
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Cerrado

O cerrado apresenta uma formação típica de área tropical com duas estações
marcantes, um inverno seco e um verão chuvoso. Sua área de ocorrência
predominante encontra-se no Brasil Central. O solo, deficiente em nutrientes e com
alta concentração de alumínio, dá à mata uma aparência seca. Apesar de não haver
falta de água, as plantas têm raízes capazes de retirar água do solo a mais de 15m
de profundidade. A vegetação é predominantemente arbustiva, com árvores
retorcidas e folhas recobertas por pêlos. O cerrado apresentava toda a sua beleza
de flores exóticas e plantas medicinais desconhecidas da medicina tradicional
como arnica, catuaba, jurubeba, sucupira e angico. Encontram-se ainda gramíneas
e cerradão, um tipo mais denso de cerrado, já misturado com formações florestais.
Embora tradicionalmente esteja associado à pecuária, vem sendo ocupado pela
monocultura de soja, responsável pela descaracterização dessa cobertura, já que
ocupou originalmente cerca de 25% do território brasileiro. O equilíbrio desse
sistema, cuja biodiversidade pode ser comparada à Amazônica, é de fundamental
importância para a estabilidade dos demais ecossistemas brasileiros.

48
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que mais sofreu


alterações com a ocupação humana. Um dos impactos ambientais mais graves na
região foi causado pelos garimpos, que contaminaram os rios com mercúrio e que
provocou o assoreamento dos cursos de água. A erosão causada pela atividade
mineradora tem sido tão intensa que em alguns casos chegou até mesmo a
impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo. Nos últimos anos, contudo, a
expansão da agricultura e da pecuária vem representando o maior fator de risco
para o Cerrado. A partir de 1950, tratores começaram a ocupar sem restrições os
habitats dos animais. São aproximadamente 2 milhões de km2 espalhados por 10
estados brasileiros, a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas
pela floresta Amazônica.

O Cerrado é um campo tropical no qual a vegetação herbácea coexiste com


mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. A estação seca é bem
pronunciada, podendo durar de 5 a 7 meses. Os rios não secam, porém a sua vazão
diminui.

A vegetação do Cerrado tem aspectos que costumam ser interpretados como


adaptações aos ambientes secos (xeromorfismo), apresentando assim, árvores e
arbustos com galhos tortuosos, folhas endurecidas, cascas grossas; as superfícies
das folhas são muitas vezes brilhantes, outras vezes recobertas por pêlos, porém
outras plantas, contraditoriamente, têm características de lugares úmidos: folhas
largas, produção de flores e brotos em plena estação seca.

A fauna encontrada na região também recebe pouca atenção no que


concerne à sua conservação e proteção.

49
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O processo de desmatamento realizado até então, se não for contido poderá


resultar no fim do cerrado em períodos não muito distantes. Esta situação está
causando a fragmentação de áreas e comprometendo seriamente os processos
que mantêm a sua biodiversidade. Porém o Cerrado tem a seu favor o fato de ser
cortadas por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins,
São Francisco e Prata), favorecendo a manutenção de uma biodiversidade
surpreendente. Estima-se que a flora da região possua 10 mil espécies de plantas
diferentes (muitas delas usadas na produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato,
além do uso medicinal e alimentício). Isso sem contar as 400 espécies de aves, os 67
gêneros de mamíferos e os 30 tipos de morcegos catalogados na área. O número
de insetos é surpreendente: apenas na área do Distrito Federal há 90 espécies de
cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas.

50
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Pantanal

O Pantanal constitui-se em um dos mais valiosos patrimônios naturais do


Brasil, sendo a maior área úmida continental do planeta, com cerca de 150 mil km2,
situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos
estados do Brasil. Além de também englobar o norte do Paraguai e o leste da
Bolívia (que é chamado de charco boliviano), considerado pela UNESCO Patrimônio
Natural Mundial e Reserva da Biosfera.

A região é uma planície fluvial influenciada por rios que drenam a bacia do
Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e abundância,
influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Charco e Mata
Atlântica.

O Pantanal encontra-se sob o jugo das águas. A chuva divide a vida em


dois períodos bem distintos, na época da seca entre os meses de maio a outubro,
aproximadamente. A paisagem sofre mudanças radicais, no baixar das águas são
descobertos campos, bancos de areia, ilhas sobre a superfície, onde fica exposta
uma fina camada de lama humífera (mistura de areia, restos de animais e vegetais,
sementes e humus) propiciando grande fertilidade ao solo. O equilíbrio desse
ecossistema depende basicamente do fluxo de entrada e saída de enchentes que,
por sua vez, está diretamente ligado à pluviosidade regional.

Com o início do semestre chuvoso nas regiões altas (a partir de novembro),


sobe o nível de água do Rio Paraguai, provocando as enchentes. O mesmo ocorre
paralelamente com os afluentes do Paraguai que atravessam o território brasileiro
cortando uma extensão de 700 km. As águas vão se espalhando e cobrindo,
continuamente vastas extensões em busca de uma saída natural, que só é
encontrada centenas de quilômetros adiante, no encontro do Rio com o Oceano
Atlântico, fora do território brasileiro. As cheias chegam a cobrir até 2/3 da área
pantaneira. A planície é levemente ondulada, pontilhada por raras elevações
isoladas, geralmente chamadas de serras e morros, rica em depressões rasas. Seus
limites são marcados por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e
maciços. É cortada por grande quantidade de rios dos mais variados portes, todos
pertencentes à Bacia do Rio Paraguai. Os principais rios são: Cuiabá, Aquidauana,
Piquiri, Taquari, São Lourenço, Miranda e Apa. O Pantanal é circundado do lado

51
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

brasileiro (norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude entre 600 e 700 metros;
estende-se a oeste até os contrafortes da cordilheira dos Andes e se prolonga ao
sul pelas planícies pampeanas centrais.

As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso, além der
ser facilmente absorvidas. De novembro a abril, as chuvas caem torrenciais nas
cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante
umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à rebrotação
de inúmeras espécies resistentes à falta d'água dos meses precedentes.

Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa


declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo alagamento
do solo são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, formando baías de
centenas de quilômetros quadrados. O que confere à região um aspecto de imenso
mar interior.

Entre a vegetação variada encontram-se inúmeras espécies de animais


adaptados a essa região de aspectos tão contraditórios. Essa imensa variedade de
vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e sons é um dos mais
belos espetáculos da Terra.

Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem


pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus
traçados; as grandes baías alteram seus desenhos.

No Pantanal já foram catalogadas mais de 2.000 espécies de insetos voadores


(borboletas), cerca de 80 espécies de mamíferos, sendo os principais a onça-
pintada, capivara, lobinho, veado-campeiro, veado catingueiro, lobo-guará,
macaco-prego, cervo do pantanal, bugio, porco do mato, tamanduá, cachorro-do-
mato, anta, preguiça, ariranha, suçuarana, quati, tatu etc. Há 650 espécies de aves
(no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). A mais espetacular é a arara-
azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção. Há ainda tuiuiús (a ave símbolo
do Pantanal), tucanos, periquitos, garças-brancas, jaburus, beija-flores (os menores
chegam a pesar dois gramas), socós (espécie de garça de coloração castanha),
jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás e curicacas. Há
uma infinidade de répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré-do-pantanal e jacaré-
de-coroa), cobras (sucuri, jiboia, cobras-d’água e outras), lagartos (camaleão,
calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado).
52
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Quando o período da vazante começa, uma grande quantidade de peixes fica


retida em lagoas ou baías, não retornando para aos rios. Durante meses, aves e
animais carnívoros (jacarés, ariranhas etc) desfrutam, portanto, de um farto
banquete. As águas continuam baixando mais e mais e nas lagoas, agora bem
rasas, peixes como o dourado, pacu e traíra podem ser apanhados com as mãos
pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas planando sobre as águas,
formando um espetáculo de grande beleza. A fauna pantaneira é muito rica,
provavelmente a mais rica do planeta.

A vegetação do Pantanal não é homogênea e há um padrão diferente de flora


de acordo com o solo e a altitude. Nas partes mais baixas, predominam as
gramíneas, que são áreas de pastagens naturais para o gado. A pecuária é a
principal atividade econômica do Pantanal.

Entre os problemas ambientais do Pantanal estão os desequilíbrios ecológicos


provocados pela pecuária extensiva, que destrói a vegetação nativa; a pesca e a
caça predatórias de muitas espécies de peixes e do jacaré; o garimpo de ouro e
pedras preciosas, que gera erosão, assoreamento e contaminação das águas dos
rios Paraguai e São Lourenço; o turismo descontrolado que produz o lixo, esgoto e
que ameaça a tranquilidade dos animais, além de outras ocorrências secundárias.

53
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Caatinga

A palavra Caatinga vem do tupi, significa "mata branca". Encontrada


somente no Brasil, ocupa uma área de cerca de 750.000 km2, cerca de 11% do
território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e
parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil). Os cerca de 20 milhões de
brasileiros que vivem nos 800 mil km2 de Caatinga tinham a falsa ideia de que o
bioma não seria homogêneo, como se acreditava antigamente. Ele seria o
resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata
Atlântica ou a Floresta Amazônica, além do cerrado.

A Caatinga é composta de plantas xerófilas, próprias de clima seco e


árido, adaptadas a pouca quantidade de água. As plantas da Caatinga apresentam
várias adaptações que permitem a sobrevivência na estação seca. As folhas são
muitas vezes reduzidas, como nas cactáceas, nas quais se transformam em
espinhos. O mecanismo de abertura e fechamento dos estômatos é bem rápido, a
queda das folhas na estação seca representa também um modo de reduzir a área
exposta à transpiração. Algumas plantas possuem raízes praticamente na superfície
do solo para absorver o máximo da chuva. O solo da caatinga é fértil quando
irrigado. Em virtude do baixo índice pluviométrico da região sertaneja, as plantas
que produzem cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas dependem de
irrigação artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes.

Quanto à flora, foram registradas cerca de 1000 espécies, estimando-se que


haja um total de 2000 a 3000 plantas. Entre as de potencialidade frutífera,
destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri, e entre as espécies
medicinais encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame,
o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras. Com relação à fauna, foram
identificadas 45 espécies de répteis, 17 de anfíbios, 120 de mamíferos, 695 de aves,
além de pouco se conhecer em relação aos invertebrados.

As precipitações são relativamente baixas, podendo ocorrer de maneira


bastante irregular. A estação da seca é superior a sete meses por ano. Os rios
normalmente secam no verão, exceto o São Francisco, que é perene.

54
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se encontra alterada pelo


homem.

É uma floresta aciculifoliada (folhas em forma de agulha, finas e


alongadas), própria do clima subtropical, existente na Região Sul e em trechos do
estado de São Paulo. Tem na Araucária angustifólia ou pinheiro do paraná, a
espécie dominante, cujo fruto é o pinhão. Como atingem altura de mais de 30m e
possuem formação aberta, as araucárias oferecem certa facilidade à circulação. Isso,
associado ao grande número de pinheiros existentes, fez com que as florestas
dessa formação se tornassem a principal fonte produtora de madeira do país, o que
levou ao seu desaparecimento quase total.

Seu principal produto, o pinho, tem ampla e variada aplicação econômica


na indústria de móveis, na construção civil e na indústria de papel e celulose; se
volta principalmente para os pinos e os eucaliptos, menos nobres, porém mais
exploráveis em curto intervalo de tempo.

55
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Matas de Araucária e de Cocais

A Mata das Araucárias ou pinheiros do


paraná, de porte alto e copa em forma de
guarda-sol, estendia-se do sul de Minas
Gerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul,
formando cerca de 100.000 km2 de matas
de pinhais. Na sua sombra cresciam
espécies como a imbuia, o cedro, a canela,
entre outras.

A Mata de Cocais encontra-se


localizada entre a Amazônia e a Caatinga
nos estados do Maranhão, Piauí e norte do
Tocantins. Suas florestas são dominadas
pelas palmeiras babaçu e carnaúba, além
do buriti e da oiticica, que são florestas
secundárias, isto é, cresceram após o
desmatamento. O babaçu domina o
ambiente e está sendo destruído em ritmo
intenso pelas pastagens, mas pode
sobreviver pela velocidade com que se
reproduz e pelos produtos que são
extraídos dele (cera, óleo - utilizado pela indústria de alimentos e cosméticos -
fibras, glicerina etc.), de alto valor para a sobrevivência da população local.

Os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins são os que concentram as maiores


extensões de matas onde predominam os babaçus, formando muitas vezes
agrupamentos homogêneos bastante densos e escuros, tal a proximidade entre os
grandes coqueiros.

56
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Campos

Nos campos (considerados por muitos como um tipo de cerrado, assim como
as savanas africanas), a vegetação é constituída principalmente de plantas
herbáceas (com predominância da família das gramíneas, tais como grama, milho,
aveia, cevada, trigo e outras), havendo poucos arbustos e podendo ser
encontrados em diversas áreas descontínuas do país, onde aparecem com
características bastante diversas. Existem alguns tipos de plantas trepadoras e
parasitas que se servem das árvores para irem subindo e alcançar a luz; muitas
vezes estas trepadeiras desenvolvem-se tanto que acabam por estrangular as
árvores onde se enrolam. Elas são normalmente chamadas de lianas e atingem um
desenvolvimento tão grande, que quem as vê, diria que se trata de uma autentica
árvore. Há lianas com cerca de 200 metros de comprimento.

Os campos também fazem parte da paisagem brasileira. Esse tipo de


vegetação é encontrado em dois lugares distintos: os campos de terra firme são
característicos do norte da Amazônia, Roraima, Pará e ilhas do Bananal e de Marajó,
enquanto os campos limpos são típicos da região sul.

Eles são amplamente utilizados para a produção de arroz, milho, trigo e soja, e
às vezes em associação com a criação de gado. A desatenção com o solo,
entretanto, leva à desertificação, registrada em diferentes áreas do Rio Grande do
Sul.

57
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Restingas

De acordo com a resolução 07, de 23 de julho de 1996, do CONAMA, entende-


se por vegetação de restinga o conjunto das comunidades vegetais,
fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Área sujeita à
influência de fatores ambientais como marés, ventos, chuvas e ondas, o que faz
com que seja uma região dinâmica. Parte da vegetação é considerada pioneira,
colonizando espaços abertos em outras áreas, iniciando o processo de sucessão. É
uma região de baixa diversidade de espécies, com uma distribuição homogênea,
ou seja, sem dominância de qualquer tipo de espécie. O substrato das praias é
formado por areia de origem marinha e conchas e, é periodicamente, inundado
pela maré, o que limita o desenvolvimento de certos tipos de plantas e a
ocorrência de certos grupos de animais. O solo das dunas é arenoso e seco,
sofrendo ação dos ventos que o remodelam constantemente. Pode receber
borrifos das ondas, mas raramente se torna úmido. As dunas funcionam como área
de descanso e alimentação e rota migratória para alguns falcões (peregrino) e
águias, maçaricos, entre muitas outras aves como saíras, tucanos, arapongas, bem-
te-vis, macucos, jacus, saíra peruviana e a papa-mosca de restinga, ambos
endêmicos. Em áreas alteradas, as aves migratórias desaparecem e surgem as
oportunistas (coruja-buraqueira, anu branco, gavião carrapateiro), seu solo é
arenoso de origem marinha e seca, podendo acumular água da chuva em
determinadas épocas do ano.

Quanto à vegetação, encontraremos no início apenas algas e fungos


microscópicos, em seguida plantas com estolões e rizomas que podem formar
touceiras e raramente algum arbusto. O estrato herbáceo ocorre somente nas
dunas e o arbustivo varia entre 1 e 1,5 m de altura com diâmetro máximo de 3 cm.

As epífitas ocorrem no estrato arbustivo, são elas: bromélias, fungos, líquens,


musgos e orquídeas. A vegetação de restinga pode ser subdividida em três regiões:
Escrube, floresta baixa de restinga e Brejo de restinga.

58
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Mangues

O manguezal é um bioma adaptado às condições adversas de salinidade e


fluxo de marés. Este ecossistema é uma zona de transição entre mar e terra firme,
onde o solo é rico em material orgânico, baixo teor de oxigênio, lodoso e salgado.
A sua vegetação é arbórea, no entanto lenhosa. É um local bastante propício para
que os animais se alimentem direta ou indiretamente dos nutrientes, minerais e
material orgânico, sendo este utilizado para a reprodução das espécies e proteção.

Estima-se que haja hoje em todo mundo cerca de 20 milhões de hectares


de mangue, contudo, estão seriamente ameaçados pela expansão urbana, obras de
engenharia, lixões, indústrias, aterros, marinas, cultivo de camarão, poluição, entre
outros fatores. Os mangues estão localizados em regiões costeiras tropicais e
subtropicais do planeta, nas desembocaduras de rios e em litorais protegidos pela
ação direta do mar. Um exemplo é a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

O ecossistema manguezal não se restringe à orla marítima. Ele pode penetrar


quilômetros no continente, seguindo o curso de rios cujas águas se misturam com
o mar durante as marés cheias, tais como em Belém (PA) e São Luiz (MA), onde sua
vegetação típica penetra até 40 km pelo interior.

59
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

No manguezal, em geral, a vegetação é composta basicamente de


vegetações do gênero Rhizophoras sp, Lagunculareae sp e Avicennia sp. Ocorre
ainda um fenômeno em que as raízes respiratórias, chamadas de pneumatóforos
(suas extremidades afloram perpendicular ao solo), crescem eretas emergindo do
solo alagado para obter gás oxigênio necessário à respiração.

O mangue não apresenta vegetação rasteira, no entanto, encontram-se


algumas espécies de epífitas, tais como orquídeas e bromélias.

Áreas Desmatadas e Desertificadas

A ocupação do litoral ocorreu através do estabelecimento de pequenos


núcleos de povoamento que iniciaram um processo de transformação através do
desmatamento das áreas naturais, principalmente a restinga, transformando-as em
áreas urbanizadas. Recentemente, a urbanização ocorreu para fins de lazer, com o
estabelecimento de moradias temporárias, condomínios de elevado padrão ou
prédios, em geral ocupando também áreas de manguezais.

As mais importantes consequências dessa ocupação referem-se à


eliminação da vegetação natural, ao estímulo dos processos erosivos, às mudanças
nas características de drenagem por cortes e aterros (que exigem material de
empréstimo, obtido a partir da escavação de morros situados na planície litorânea).
Sem mencionar a geração de lixo, de esgoto doméstico (em geral sem o
tratamento adequado e problemas de drenagens pelo afloramento do lençol
freático nas áreas planas do litoral). Além do aumento na procura por recursos
naturais nas áreas situadas no interior, causando desmatamentos e conseqüente
perda das características naturais do ambiente. Em alguns casos, tudo isso ocasiona
o processo de eliminação de rios e córregos, o que em contrapartida empobrece o
solo e direciona o ecossistema para um processo de desertificação que, na maioria
dos casos, é irreversível.

60
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Podemos definir a desertificação como o processo de destruição do


potencial produtivo da terra nas regiões de clima árido, semiárido e subúmido
seco. Esse problema vem sendo detectado há mais de setenta anos em regiões de
todo planeta, se destacando nos Estados Unidos. Além disso, muitas outras
situações consideradas como graves problemas de desertificação foram sendo
detectadas ao longo do tempo em várias regiões do planeta, tais como Ásia,
Europa, América Latina, África e Austrália, oferecendo exemplos de como o homem
utilizou de forma indiscriminada e predatória, destruindo os recursos e
transformando terras férteis em desertos ecológicos e econômicos.

À medida que o estudo sobre a origem dos desertos evoluiu, surgiram


conceitos a respeito do assunto. Observe: Deserto é uma região de clima árido,
onde o potencial de evaporação é maior que a precipitação média anual. Este se

caracteriza por apresentar solos ressequidos; cobertura vegetal esparsa, presença


de plantas xerófilas e temporárias. O processo de desertificação ocorre em mais de
100 países do mundo, por isso é considerado um problema global. O Brasil possui
quatro áreas que evidenciam o processo de desertificação, chamadas núcleos de
desertificação, onde ocorre intensa degradação. Elas somam aproximadamente 19
mil km2 e se localizam nos municípios de Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio Grande
do Norte; Irauçuba, no Ceará e Cabrobó, em Pernambuco. As regiões áridas,
semiáridas e subúmidas secas, também chamadas de terras secas, ocupam mais de
37% de toda a superfície do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de pessoas, ou
seja, 1/6 da população mundial, cujos indicadores são de baixo nível de renda,
baixo padrão tecnológico, baixo nível de escolaridade e ingestão de proteínas
abaixo dos níveis aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Vale
ressaltar que a evolução desses lugares ocorre cada uma de modo específico.

61
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Ambientes Aquáticos Erodidos

Os ecossistemas aquáticos possuem uma importância muito grande no


contexto ambiental, pois, além de fornecer subsídios para as populações terrestres,
recebe na maioria dos casos o esgoto doméstico das populações litorâneas e do
seu entorno. Outro fator de degradação é o comprometimento das cadeias
alimentares em face dos organismos diretamente envolvidos nesse processo. Uma
pesquisa de campo referendada por especialistas do governo do Estado de São
Paulo acaba de constatar, na região de Campinas, que a degradação dos recursos
hídricos provoca um desequilíbrio intenso nas cadeias alimentares. Constatou-se
que a emissão desordenada de poluentes domésticos e industriais no leito dos rios
compromete de forma irreversível, sobretudo os organismos que ocupam a base
das cadeias alimentares destes ambientes, comprometendo assim o equilíbrio das
espécies. Isso sem mencionar a degradação dos índices de potabilidade da água
nessas regiões como, por exemplo, em ambientes rurais onde espécies endêmicas
tornam-se intolerantes à agressão ambiental, como o lambari-de-rabo-amarelo,
que só sobrevive nos trechos de regiões rurais. Em contrapartida, houve uma
“explosão” populacional de espécies resistentes que nem sempre são interessantes
na cadeia alimentar local.
Os ambientes estuarinos representam uma parte intermediadora entre a
superfície continental e o mar aberto, promovendo como conseqüência a emissão
de poluentes gerados pelas populações humanas – como os rejeitos urbanos,
agrícolas e industriais que são transportados para ambientes marinhos por meio do
escoamento superficial dos rios ou pela atmosfera. Acidentes nas estradas de alta
rodagem próximas ao litoral, envolvendo caminhões de carga, transportadores de
ácidos, óleos vegetais, grãos, entre outros, são contribuintes da poluição marinha,
uma vez que grande parte do material despejado com o acidente é indiretamente
carreada para o mar. Os poluentes também podem ser lançados diretamente nos
ambientes marinhos, como no caso de rejeitos de atividades petrolíferas, lavagens
de porões de navios e despejo de barcaças, provocando o desenvolvimento ou
surgimento de espécies exóticas vindas de outros continentes, como é o caso das
águas de lastro, usadas para, entre outras coisas, equilibrar o transporte de
substâncias nos tanques dos navios. Desta forma, os mares e os estuários
acumulam subprodutos da atividade antrópica e a situação é agravada pelo fato da
maioria dos centros urbanos localizarem-se em regiões costeiras, principalmente
próximas a baías e estuários.

62
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Aterros Sanitários

Inicialmente podemos denominar aterro com sendo a disposição ou o


aterramento do lixo sobre o solo e classificar estes locais de depósito de lixo das
cidades em três modalidades: o lixão ou vazadouro, o aterro controlado e o aterro
sanitário. Podemos observar as vantagens e desvantagens de cada um nas linhas
que se seguem.

O lixo normalmente é coletado pelas prefeituras ou por uma companhia


particular que conduz o material a um depósito. No caso desse depósito ser do tipo
lixão, podemos dizer que se trata de um local onde há uma inadequada disposição
final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem
medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Ou seja, o mesmo que
depositá-lo a céu aberto, promovendo, entre outras coisas, a liberação de gases,
principalmente o gás metano (que é combustível), o espalhamento de lixo pela
redondeza por ação do vento, a possibilidade de criação de animais como porcos,
galinhas, etc. nas proximidades ou no local. Isso se agrava com a proliferação de
vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.), acarretando problemas
à saúde pública; sem falar na poluição do solo e das águas superficiais e
subterrâneas através do chorume (líquido de cor preto, mal cheiroso e de elevado
potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no
lixo), comprometendo os recursos hídricos.

O aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos


urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança,
minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia
para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte
na conclusão de cada jornada de trabalho. Tal forma de depósito fica
comprometida mediante a carência de impermeabilização do solo
(comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), de sistemas de tratamento
de chorume ou de dispersão dos gases gerados.

63
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

É preferível esse método ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais


que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro sanitário.
No início da fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo
a diminuir os riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente
controlada. O biogás é extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A deposição faz-
se por células que uma vez preenchidas são devidamente seladas e tapadas. A
cobertura dos resíduos faz-se diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil
do aterro, este é selado, efetuando-se o recobrimento da massa de resíduos com
uma camada de terras com 1 a 1,5 metro de espessura. Posteriormente, esta área
poderá ser utilizada para ocupações "leves" como zonas verdes, campos de jogos.

O aterro sanitário é considerado o processo mais bem elaborado, pois é


fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas que
permitem a confinação segura em termos de controle de poluição ambiental,
proteção à saúde pública; ou forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos
no solo através de confinamento em camadas cobertas com material inerte,
geralmente, solo, de acordo com normas operacionais específicas, e de modo a
evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos
ambientais.

Antes de se projetar o aterro sanitário, são feitos estudos geológicos e


topográficos para que a área selecionada para sua instalação não comprometa o
meio ambiente. Ocorre, inicialmente, a impermeabilização do solo através de
combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados
no solo. Esses líquidos são captados por tubulações e destinados a lagoas de
tratamento. A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro
através de balança. É proibido o acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados
durante a decomposição são captados e podem ser queimados com sistema de
purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de energia. Segundo a Norma
Técnica NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve ser construído em áreas
sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do
lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de solo
insaturado. O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de
qualquer curso d´água e de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas
redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores,
além de apresentar elevado índice de impermeabilidade.
64
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O Efeito Estufa

Os índices naturais de carbono da atmosfera propiciam as condições


básicas para a existência de vida no planeta, mantendo elevada a temperatura. A
Terra é aquecida pelas radiações infravermelhas emitidas pelo Sol até uma
temperatura de –27ºC. Essas radiações chegam à superfície e são refletidas para o
espaço. O carbono forma uma redoma protetora que retém parte dessas radiações
infravermelhas e as reflete novamente para a superfície. Isso produz um aumento
de 43ºC na temperatura média do planeta, mantendo-a em torno dos 16ºC. Sem o
carbono na atmosfera, a superfície seria coberta de gelo, porém seu excesso
tenderia a aprisionar mais radiações infravermelhas, produzindo o chamado efeito
estufa: a elevação da temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com as
calotas de gelo que cobrem os pólos.

O Aquecimento Global

Os cientistas ainda não estão de acordo se o efeito estufa já está ocorrendo,


mas preocupam-se com o aumento do dióxido de carbono na atmosfera a um
ritmo médio de 1% ao ano. A queima da cobertura vegetal nos países
subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. A maior fonte, no
entanto, é a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, principalmente nos
países desenvolvidos. Seja como for, a alta da emissão desses compostos acarreta
no processo batizado pelo nome de Aquecimento Global, que se resume no
aquecimento recente do planeta provocado pelo aumento da emissão dos gases
de estufa (CO, CO2, SO2 etc) através das ações humanas, ditas antrópicas.

65
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Mudanças Climáticas

A partir de 1860, estações meteorológicas começaram a medir os níveis de


carbono e observaram um aumento médio na década de 0,2 o C. Porém, a partir de
1910, o aquecimento se tornou evidente, alcançando na década de 40 um
aumento em torno de 0,6o C. No entanto, foi na última década do século XX e na
primeira metade do século XXI que os índices alarmantes receberam uma maior
atenção por parte das autoridades governamentais. Desde então, o termo
aquecimento global entrou nas mais variadas pautas governamentais.

O sistema climático varia através de processos naturais internos e em


resposta a variações dos fatores externos tais como, atividade solar, emissões
vulcânicas, variações na órbita terrestre e gases estufa. As causas detalhadas do
aquecimento recente continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas o
consenso científico identifica os níveis aumentados de gases estufa, devido à
atividade humana, como a principal influência. Essa atribuição se torna clara ao se
observar os últimos 50 anos6. Porém, em oposição ao consenso científico, outras
hipóteses foram feitas para explicar a maior parte do aumento observado na
temperatura global. Uma dessas hipóteses é que o aquecimento é causado por
flutuações no clima ou que o aquecimento é resultado principalmente da variação
na radiação solar.

66
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Infelizmente não estamos livres das conseqüências advindas destes


problemas, entre eles o derretimento das calotas polares, o aumentando o nível
das águas oceânicas, comprometendo mais de 3 bilhões de humanos, pois estes
habitam regiões costeiras. Isso sem mencionar os demais seres vivos, sempre
legados ao segundo plano. Outra conseqüência que também já podemos observar
é o caso das doenças epidêmicas que são típicas de regiões tropicais, como a febre
amarela, a malária, a dengue entre outras, para não falar da falta de energia que,
sem dúvida, provocaria uma catástrofe terrível para os padrões consumistas de
grande parte da humanidade.

As perspectivas não são e nem podem ser animadoras porque


esquecemos, em grande parte, de nossas responsabilidades como seres dotados
de cultura e raciocínio. Sendo assim, devemos assumir a dianteira dos
acontecimentos e trabalhar em uníssono com um único objetivo: perpetuar a
saúde e o equilíbrio do planeta, pois só assim poderemos galgar alguma esperança
no processo de perpetuação das futuras gerações de seres vivos, sobretudo da
humanidade.

67
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Leitura complementar:

DREW, d. Processos interativos homem-meio ambiente. 5ª edição. Ed. Bertrand


Brasil, 2002.

Na unidade seguinte estudaremos os instrumentos de gestão ambiental.


Teremos acesso à elaboração de um projeto sócio-ambiental, bem como a algumas
leis que propiciam regimentar todo esse processo.

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

68
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

69
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Exercícios – Unidade 2

1) Este bioma ocupa cerca de aproximadamente 22% do território nacional


brasileiro. Aponte a alternativa que contém o nome desse bioma.

a) Caatinga.

b) Cerrado.

c) Campina.

d) Mata Atlântica.

e) Pantanal.

2) A qual ecossistema pertence o Pau-Brasil, devastado pelo extrativismo durante a


colonização?

a) Cerrado.

b) Manguezal.

c) Mata Atlântica.

d) Floresta Amazônica.

e) Pampas.

70
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

3) O frequente derramamento de petróleo em águas brasileiras tem provocado


danos graves ao meio ambiente. De acordo com esse fato, é correto afirmar que:

I. Os peixes, por viverem abaixo da superfície das águas, não são afetados.

II. As aves marinhas, em contato com a película flutuante de petróleo, podem


morrer.

III. A película flutuante impede a penetração da luz na água, salvando assim os


peixes.

IV. Os organismos aquáticos fotossintetizantes morrem devido à ausência de luz.

V. A ingestão de organismos que tiveram contato com esse fenômeno poderá


acarretar danos à saúde humana.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas I e II estão corretas.

b) Apenas I, II e III estão corretas.

c) Apenas II, III e V estão corretas.

d) Apenas II, IV e V estão corretas.

e) Apenas I, II, III e V estão corretas.

71
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

4)Onde está localizada a Mata dos Cocais?

a) No litoral do Brasil.

b) Em áreas desde o Maranhão até o Espírito Santo.

c) Entre a Amazônia e a Caatinga, nos estados do Maranhão, Piauí e norte do


Tocantins.

d) Na Floresta Amazônica.

e) No sul do Mato Grosso e no noroeste do Mato Grosso.

5) Das alternativas abaixo, a única que permite um estudo completo de um


ecossistema é:

a) examinar as condições físicas e químicas do ambiente.

b) estudar as relações entre as populações nele existentes.

c) relacionar o meio abiótico à comunidade de organismos.

d) estabelecer a densidade das populações nele existentes.

e) examinar as populações do ambiente.

6) Aponte nas alternativas abaixo, aquela que não utiliza como modelo as formas
de depósito de lixo das cidades:

a) aterro sanitário e lixão.

b) aterro sanitário e aterro controlado.

c) aterro controlado e lixão.

d) vazadouro e aterro controlado.

e) vazadouro e aterro compactado.


72
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

7) A queima da cobertura vegetal nos países subdesenvolvidos é responsável por


um percentual de ______ de aumento na emissão de gases de estufa. Assinale nas
alternativas abaixo, aquela que completa corretamente a lacuna.

a) 25%

b) 26%

c) 27%

d) 30%

e) 35%

8) Aponte nas alternativas abaixo aquela que contém a distância mínima que um
aterro sanitário deve ficar de um curso d’água:

a) 2000 m.
b) 200 m.
c) 20 m.
d) 20 km.
e) 200 km.

73
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

9) Explique o que significa desertificação.

10) Cite os principais impactos ambientais causados pela ocupação indevida e o


consequente povoamento de regiões litorâneas e de algumas áreas ambientais.

74
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

75
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

3 Poluição Ambiental e
Danos à Qualidade de Vida

Poluição Ambiental Natural;

Poluição Ambiental Antrópica;

Desigualdade Social e Pobreza;

Violência;

Direitos Humanos.

76
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade estudaremos a poluição ambiental, enfocando inicialmente na


poluição natural e, posteriormente, a promovida por ação antropogênica. Serão
relatados exemplos com a descrição de seus efeitos nos seres vivos e nos
ambientes.

Objetivo da Unidade:

 Identificar os tipos de poluição ambiental que alteram as interações,


interferindo nocivamente nos processos metabólicos, ecológicos e
psicossociais.

Plano de Unidade:

Poluição Ambiental Natural;

Poluição Ambiental Antrópica;

Desigualdade Social e Pobreza;

Violência;

Direitos Humanos.

Bons estudos.

77
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Poluição Ambiental Natural

Por definição poluição é todo o


material ou sujeira prejudicial à saúde dos
seres vivos e dos ambientes naturais ou
urbanizados. A poluição ambiental
natural é aquela que ocorre como
consequência dos processos naturais de
ecossistemas ainda inalterados ou pouco
alterados pelo homem.
Segundo Fellenberg (1980), os
seguintes elementos ambientais são
exemplos de poluição natural: pó; pólen e
esporos; óleos essenciais (na atmosfera);
micotoxinas e fitoplâncton-toxinas
(toxinas).

As plantas fanerógamas são aquelas


em que os órgãos sexuais ficam expostos
(sem ou com flor e fruto). Os ventos ajudam
na polinização, ou seja, na reprodução
sexuada porque há intercâmbio de genes.
Os pólens são transportados pela
atmosfera. Eles são outro exemplo de
poluição natural atmosférica que pode
provocar reações alérgicas no nariz e nos
olhos.

As bactérias se tornam esporos quando formam uma parede celular que as


protege de ambientes inóspitos à sua sobrevivência. Quando há pouco alimento
ou outros fatores ambientais limitantes, além de elaborarem uma “carapaça
resistente”, elas reduzem substancialmente o processo metabólico e vivem de
forma bem latente, até que as condições ambientais voltem a ser favorável ao seu
desenvolvimento e perpetuação. Este é o estado de “dormência”, através do qual o
metabolismo celular fica bem minimizado, com a economia de energia e reserva
alimentar. Desta forma, as bactérias sobrevivem em poeiras acumuladas nos
ambientes. Na atmosfera, elas podem ser absorvidas por nós, através da respiração,
causando infecção. Existem bactérias que são responsáveis pela pneumonia.

78
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Os pinheiros são plantas coníferas, que armazenam óleos etéreos (terpenos e


ésteres – óleos essenciais) em seus troncos e folhas. Quando elas desprendem
muito óleo terpeno, as reações fotoquímicas formam partículas semelhantes a uma
neblina ou névoa, na região atmosférica. O acúmulo desta neblina parece smog e
os terpenos em excesso são prejudiciais à saúde, podendo causar irritações no
trato respiratório. Por outro lado, possuem atividades inseticidas, que é uma
alternativa química para o controle de insetos. A sua importância ecológica como
defensivos de plantas está bem definida, já que são tóxicos a várias espécies
predadoras de vegetais. Os limonoides são os terpenoides mais representativos
como protetores naturais. São, inclusive, larvicidas, porque podem combater as
larvas de Aedes aegypti, visando a erradicação da dengue.

Os micro-organismos são os maiores responsáveis pela contaminação


ambiental. Os alimentos são a matéria-prima utilizada pelos fungos para a
produção das micotoxinas, substâncias tóxicas que eles segregam aos vegetais
superiores, aos animais e ao homem. Mesmos que haja ausência total de
parasitismo (associação desarmônica entre organismos de espécies diferentes, que
pode gerar a morte gradual do hospedeiro. Por exemplo, os antibióticos
produzidos por fungos impedem a multiplicação das bactérias). Fungos produtores
de aflatoxinas, da espécie Aspergillus flavus, se desenvolvem em quase todos os
alimentos. A formação destas substâncias depende do tipo de alimentação e da
velocidade de crescimento do fungo. Os fatores físicos apropriados para a
proliferação desta espécie de fungos são: temperatura igual à cerca de 30ºC e
umidade relativa do ar em torno de 75%. Os alimentos contaminados são
resistentes ao calor. Nem a fervura e nem o cozimento são suficientes para
recuperá-los. As aflotoxinas são de um grupo de toxinas carcinogências
responsáveis por, principalmente, câncer de fígado e danos ao rim, baço e
estômago.

79
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Ainda segundo Fellenberg (1980), quanto à profilaxia contra os ataques dos


fungos, que inclusive geram deformações em vegetais superiores, nas raízes e nos
rebentos, recomenda-se a conservação dos alimentos sob refrigeração em muito
baixas temperaturas e o emprego de fungicidas nas plantações.

Normalmente, as sementes recebem um tratamento prévio com fungicidas


para se evitar a contaminação. Porém, as substâncias empregadas são venenosas
para nós e o uso incorreto pode poluir os solos e as águas superficiais.

A política de qualidade da ANVISA garante


a qualidade sanitária dos produtos alimentícios. ANVISA- Agência Nacional de Vigilância

Como já foi mencionado, o fitoplâncton é Sanitária- Tem a finalidade promover a

composto por micro-vegetais, que são a proteção da saúde da população por

produção primária do ciclo alimentar da intermédio do controle sanitário da

comunidade planctônica. Em condições produção e da comercialização de produtos

ambientais propícias, pode haver um aumento e serviços submetidos à vigilância sanitária,

da reprodução (multiplicação em massa ou inclusive dos ambientes, dos processos, dos

“boom”) destas micro-algas, inadequado à insumos e das tecnologias a eles

qualidade ambiental. O aporte de muitos relacionados.

nutrientes, temperatura, luminosidade


(fotossíntese), salinidade, entre outros fatores favorecem este estado. Lembra? Mas
a grande quantidade de algas que utilizou o alimento disponível libera substâncias
para o meio aquático após os seus processos metabólicos. Essas substâncias em
abundância tornam-se tóxicas, portanto, prejudiciais à sobrevivência das próprias
algas e de outros organismos da cadeia trófica. Tanto da região superficial, das
águas continentais, costeiras marinhas e oceânicas; da região nerítica, da
plataforma continental (parte do ambiente marinho); como das águas mais
profundas dos mananciais, lagos, lagoas, lagunas (mais internas e costeiras, dos
continentes), mares e oceanos (região pelágica = marinha).

80
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Dica:

Para mais explicações sobre o que significa região nerítica pesquise no


endereço abaixo.

www.ambientebrasil.com.br

Essas substâncias tóxicas, provenientes da produção do fitoplâncton, são


chamadas de fitoplâncton-toxinas. Elas podem alcançar o organismo humano de
muitas maneiras porque se acumulam, por exemplo, em moluscos e peixes, que
são consumidos por nós. A contaminação por essas toxinas nos conduz à questão
da poluição antropogênica. O despejo de material orgânico, através dos esgotos,
altera as características ambientais e propicia a proliferação desordenada das
espécies fitoplanctônicas tóxicas. A espécie Gymnodimiun sanguineum é
responsável pela Maré Vermelha, que se forma devido ao excesso de reprodução
dessas micro-algas, gerando um “boom” das mesmas, com a liberação de
fitoplâncton-toxinas e a consequente mortandade de peixes, prejudicando o ciclo
da cadeia alimentar e da vida.

81
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Poluição Ambiental Antrópica

Apesar das inúmeras divulgações de informações e dados sobre a necessidade


de preservarmos os recursos naturais, o homem continua utilizando a natureza
como se não fosse parte dela. O nosso manejo dos elementos naturais ainda é
irracional porque ainda estamos degradando o ambiente. A poluição ambiental
antrópica pode atingir o ar, a água e o solo.

Quando as propriedades naturais da atmosfera ficam alteradas por agentes


externos, podemos dizer que a poluição atmosférica se consumou como
consequência das atividades e dos produtos humanos. As indústrias, fábricas de
papel e cimento e refinarias de petróleo emitem enxofre, chumbo e outros metais
pesados (além dos resíduos sólidos que veremos posteriormente). No entanto os
veículos automotores são os maiores responsáveis pela emissão de gases tóxicos
como o monóxido de carbono, o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o
dióxido de enxofre e derivados de hidrocarbonetos e chumbo.

As poeiras são partículas com dimensões tão pequenas que ficam suspensas
no ar. As usinas termoelétricas alimentadas com carvão, indústrias de cimento e
alguns ramos da indústria química, além dos veículos automotores, para
Fellenberg (1980, p.31), são algumas fontes de poeiras não metálicas. As pastagens,
os desmatamentos e os desertos também são responsáveis por este tipo de
poluição por causa dos ventos. Os solos empobrecidos enfraquecem a cobertura
vegetal e possibilitam a formação de nuvens desta poeira em questão.
Constantemente, a nossa atmosfera é atingida pela poeira cósmica, mas a sua
quantidade é muito reduzida quando comparada com a que é produzida por nós.

82
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As irritações crônicas das mucosas provêm dessa poluição com a sua penetração
nos pulmões e sedimentação nas vias respiratórias. O pó de asbesto de parte dos

freios e embreagens dos veículos gera câncer nas vias respiratórias. A poeira
comum de beira de estrada depositada nas folhas impede a realização da
fotossíntese porque bloqueia a absorção da luz natural com a forte reflexão dos
raios do sol.

Na poeira metálica (que contem metal e seus derivados), o chumbo é o


elemento químico metálico mais tóxico. Os utensílios domésticos, traços de
chumbo, fundição de chumbos e indústria de plásticos, em quantidades maiores,
são exemplos de fontes dessa poluição. Como este metal é muito denso, o gás
industrial o transporta por poucos quilômetros apenas e este composto é
sedimentado rapidamente. Quando assimilado pelo trato digestivo, é parcialmente
absorvido pelo estômago e pelo intestino. Porém, a porção que representa maior
risco à saúde é a sua forma química, que se concentra no ar. O pulmão a assimila
mais rápida e completamente do que o trato digestivo. Ela entra na circulação
sanguínea e se distribui por todo o organismo, podendo provocar danos ao
sistema nervoso central. Como consequência, pode gerar estados de agitação,
epilepsia, mal de Parkinson e paralisia.

83
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As partículas coloidais sólidas que se apresentam na fumaça ficam misturadas


às gotículas de líquidos e vapores. São muitas as formas de fumaças poluidoras
produzidas pelo homem. A mais comum é a do cigarro. As folhas do tabaco são
preparadas para sempre apresentarem certo grau de umidade que impede a
imediata e completa queima do cigarro quando o mesmo é aceso. Por isso, não há
formação de chamas. Junto com o vapor d'água, que se forma e fica aquecido,
ocorre à destilação de muitos elementos químicos fisiologicamente ativos. Dentre
os que existem, predominam nicotina, monóxido de carbono, benzopireno e
alguns derivados, alcatrão e fuligem. A ressorção destes componentes voláteis
ocorre com a inalação realizada pelo hábito de fumar. Através das vias respiratórias,
atingem os brônquios, os alvéolos pulmonares e os eritrócitos. Como
consequência, surgem o catarro, o câncer (nos brônquios e nos pulmões) e a
constante sensação de cansaço. Pelo plasma sanguíneo, chegam ao coração, ao
cérebro, ao córtex suprarrenal e ao útero. A hipertensão, o enfarte, a euforia, as
úlceras, a trombose, a pulsação alta e os nascimentos prematuros ou morte de
fetos, são outros danos causados à saúde.
Ressorção - absorção pelo sangue

84
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Pouca quantidade de cigarros é suficiente para poluir o ar de um ambiente


pequeno. Quando o cigarro não era proibido em recintos fechados, cerca de 2,5%
da hemoglobina de fumantes passivos ficava combinada com monóxido de
carbono (CO). As outras substâncias nocivas também podem igualmente
comprometer a saúde daqueles que não são fumantes e inalam a fumaça exalada
pelas pessoas viciadas. Sob este aspecto, este vício foi, por muito tempo, uma
questão ambiental preocupante. Atualmente, esta problemática está resolvida com
relação aos lugares públicos de interesse comum como os ônibus, restaurantes,
cinemas, shoppings, entre outros. Levando-se em consideração o gasto com a
saúde pública, as despesas decorrentes do tabagismo podem ser altas com
hospitalização, tratamento, invalidez e morte.

Os gases são substâncias que, nas condições normais (temperatura ambiente e


pressão de uma (1) atmosfera), se apresentam no estado gasoso e não condensam.
Os vapores são os gases que podem se condensar em condições ambientais
normais como o vapor d’água, por exemplo. O dióxido de carbono ou gás
carbônico (CO2) e o monóxido de carbono (CO) são gases produzidos em grande
quantidade.

85
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O monóxido de carbono é um gás muito tóxico e a sua atividade fisiológica


se baseia na sua capacidade de combinação com a hemoglobina e a conseqüente
redução do oxigênio no organismo. Isto pode ocorrer nos eritrócitos (sinônimo de
hemácias, células vermelhas ou glóbulos vermelhos) enquanto o CO2 é acumulado
nas células, podendo ocasionar uma acidose no citoplasma (plasma de uma célula),
com distúrbios metabólicos. As plantas são bem resistentes às concentrações de
CO, que são consideradas altas (em torno de 1%), enquanto o homem e os animais
são muito sensíveis ao mesmo. Quando o monóxido de carbono possui a
concentração de 60 ppm no ar, uma quantidade equivalente a 10% de
carboxihemoglobina se forma no sangue. O ser humano reage apresentando
indício de dificuldade visual e dor de cabeça leve. Em casos mais estremados, para
o teor de 660 ppm do mesmo, passamos a ter 50% de carboxihemoglobina em
nossa circulação sanguínea, ocasionando graves reações como paralisia, bloqueio
das funções respiratórias e coma.

86
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As atividades humanas também poluem a nossa atmosfera com emissões


gasosas ácidas, que são compostas por gases caracteristicamente ácidos e que são
capazes de formar gases ácidos. O dióxido de enxofre (SO2), o fluoreto de
hidrogênio (HF) e o cloreto de hidrogênio (HCL) são gases ácidos característicos. O
SO2 se origina a partir do aquecimento de minérios do grupo dos sulfetos e da
fabricação de fertilizantes, celulose e ácido sulfúrico. O petróleo e o óleo
combustível contêm enxofre, em proporções variáveis, conforme a origem. O HF se
desprende de fundições de metais pesados e alumínios; e de indústrias de vidro,
esmaltes, porcelana e fertilizantes. O HCL se forma nas indústrias de fertilizantes, de
esmaltação e porcelana, de eletroquímica e na combustão de materiais contendo
cloro, como cloreto de polivinila (PVC). Todos formam ácidos quando com a
presença de água. No homem, eles atacam as mucosas e os alvéolos pulmonares.
Em casos graves, há perda de sangue pelos alvéolos.

87
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O dióxido de enxofre junto com o dióxido de azoto formam as chuvas ácidas,


que têm o pH baixo, com o valor igual a 4,5.

O HF pode ser assimilado pelo trato digestivo. Ele penetra na corrente


sanguínea, provoca a diminuição do número de eritrócitos, bloqueando a ação das
enzimas responsáveis pela degradação oxidativa de glicídios durante a respiração
celular. Por isso a fluoretação da água potável para o endurecimento destes é
contraindicado. É mais adequado o uso de pasta dental fluoretada.
Nos vegetais, o SO2 bloqueia a fotossíntese pela destruição das clorofilas a e b.
Assim como o HCL, através da redução da síntese de clorofilas, prejudica o mesmo
processo fotossintético relativo às plantas autotróficas (fitoplâncton).
A reação de oxidação é uma reação química característica de gases oxidantes.
São eles os óxidos de nitrogênio [monóxido de nitrogênio (NO) e dióxido de
nitrogênio (NO2)] e ozone. As suas principais fontes são o motor de combustão,
além das indústrias de ácido nítrico e sulfúrico. Estes óxidos sofrem transformações
que levam à formação de ozone (O3). Os raios ultravioletas, mais energéticos,
podem decompor facilmente o NO2 em NO, formando a espécie química O muito
reativa. Esta reage com o oxigênio atmosférico e ozone:
NO2 ---UV---> NO + O
O + O2 -------> O3

Isto ocorre na Camada de Ozônio, situada na estratosfera. Ela tem a função


protetora porque absorve a maior parte dos raios UV, provenientes do Sol. Se toda
a radiação solar UV alcançasse a superfície terrestre, teríamos muitas ocorrências
de afecções dermatológicas e câncer de pele, sobretudo nos indivíduos de raça
branca. A raça negra é menos sensível aos raios UV.
Os gases oxidantes são nocivos à saúde humana,
pois causam intoxicação e edemas pulmonares. O ozone Lipossolúveis-
e os óxidos de nitrogênio são lipossolúveis, portanto, solúveis em gorduras
podem penetrar profundamente nos alvéolos
pulmonares, além de poderem provocar à desnaturação
de proteínas, tornando porosas e ainda mais permeáveis as paredes dos alvéolos e
capilares. Os primeiros são lentamente preenchidos com plasma proveniente dos
vasos capilares. Os pulmões acumulam lentamente um líquido espumoso,
propiciando o edema pulmonar, com a conseqüente morte por sufocação.

88
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nas plantas, tais gases também alteram a permeabilidade das membranas


celulares, mas não de modo tão grave como no homem. As clorofilas e os
carotenóides são destruídos, o que diminui a capacidade fotossintética. Além de
bloquearem a troca gasosa e impedirem a abertura dos estômatos das folhas. A
transpiração, o transporte de materiais, a fotossíntese e a respiração ficam
comprometidas.

A grande reatividade dos óxidos possibilita


Smog: do inglês, deriva das
a formação de smog [aerossóis e nitrato de palavras smoke - fumaça e fog -
peroxiacetila (PAN)]. Este é decorrente das neblina, nevoeiro.

dimensões de suas partículas, uma solução


coloidal como a poeira e a fumaça. O acúmulo de diferentes tipos de substâncias
do smog e a influência de fatores ambientais diversos provocam variados efeitos
combinados no homem, nas plantas e no meio ambiente. Exemplos: em 1952, em
Londres, durante uma inversão térmica, um smog matou 4000 pessoas. Uma
concentração relativamente baixa de SO2 tornou-se nociva por causa da elevada
concentração de poeira em suspensão no ar. O SO2 adsorvido (= aderido numa
superfície) por partículas de pó penetra até os alvéolos pulmonares e as paredes
dos capilares sofrem corrosão, formando edemas mortais no pulmão. O smog sem
o pó e este sem o SO2 teriam sido inofensivos à saúde humana; o PAN, existente
neste conhecido nevoeiro também prejudica a fotossíntese, porque bloqueia o
crescimento das plantas; muitos componentes juntos podem acarretar na
interferência de um sobre o outro, resultando numa diminuição da atividade de
cada um deles. Por isso é importante se avaliar corretamente a ação da
combinação de fatores químicos contaminantes.

89
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O elemento químico eteno é um composto orgânico que ocorre no smog. As


suas fontes podem ser o gás de iluminação, o craqueamento de petróleo e os gases
de escape de veículos motorizados. Pequenas concentrações dele já são suficientes
para danificar muitas plantas. Sistemas biológicos, animais ou vegetais, em alguns
casos, podem possuir uma sensibilidade muito maior para registrar processos e/ou
fenômenos do que técnicas de análise química ou física. Por outro lado, a análise
físico-química permite resultados que reproduzem características mais próximas da
realidade pontual da coleta de amostras.

As emissões e imissões são caracterizadas por conceitos bem definidos como:


“concentração máxima de emissão” (CME), que determina a quantidade máxima de
substância tóxica que pode ser emitida para a atmosfera; e “concentração máxima
de imissão” (CMI), que determina sobre as concentrações toleráveis e não
prejudiciais à saúde do homem, animais e vegetais. Os padrões adotados para a
definição dos agentes poluidores e os critérios para a aferição dos poluentes e seus
efeitos sobre os seres vivos possibilitam a identificação das fontes de poluição
atmosférica. Em cidades muito poluídas, os distúrbios conseqüentes das
contaminações por substâncias tóxicas do ar são agravados pela inversão térmica,
típica do período de inverno, quando uma camada de ar frio se forma na alta
atmosfera, aprisionando o ar quente e bloqueando a dispersão dos elementos
toxicogênicos.

90
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

A atmosfera é um recurso natural muito compartilhado pelo mundo inteiro e


os efeitos negativos da poluição também são rápida e globalmente sentidos.

O mar representa 97% de toda a água existente na Terra. A poluição da água


representa um aspecto muito inquietante da degradação antrópica do meio
natural. O fluxo aquático subterrâneo, localizado abaixo das camadas mais
profundas do solo, dificilmente é atingido e poluído. A contaminação das águas
continentais mais superficiais e oceânicas é um problema contemporâneo de
extrema gravidade. A poluição aquática se processa num ritmo muito mais
alarmante que o referido sobre a poluição atmosférica. O número de despejos
nocivos é muito maior que os poluentes emanados na atmosfera. As águas
residuárias urbanas, agropecuárias e industriais; as de lavagem de petróleo e
derramamento de óleo são alguns exemplos das principais fontes dos poluentes.

Dos despejos dos grandes centros urbanos destacam-se os provindos de seus


esgotos, através dos quais também são lançados restos de alimentos, sabões e
detergentes, além dos detritos orgânicos. Os detergentes sintéticos, de utilização
doméstica, são uma forma de poluição grave porque foram produzidos com
substâncias orgânicas complexas de difícil biodegradação. Os seus fosfatos e
polifosfatos são elementos químicos limitantes ao desenvolvimento de algas e
bactérias. Portanto, são os principais responsáveis pela eutrofização da água.
Além disso, reduzem a tensão superficial da água e formam espuma na superfície
91
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

desta. Os coliformes fecais também representam risco contra a saúde da biota


aquática e do homem, embora possam ser mais facilmente degradados por
bactérias quimiossintetizantes. Em ambiente aquático contaminado com matéria
de origem fecal, a Escherichia coli é a responsável pela degradação das fezes. O seu
habitat natural costuma ser o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros
animais de sangue quente. Por isso, primeiramente é feita a contagem de bactérias
coliformes e só depois é quantificado o número total contido em um conhecido
volume d'água. Temos, assim, o “índice de coliformes fecais”, que é o critério mais
importante para a avaliação de qualidade.

Poluentes como as substâncias orgânicas, detergentes e produtos de limpeza,


servem de substratos para microorganismos, possibilitando a colonização e o
desenvolvimento dos mesmos. Em águas muito poluídas ocorre a eutrofização
[água hipertrófica com excessiva quantidade de nutrientes presentes na coluna
d'água e a quantidade anormal de microorganismos que praticam a oxidação
biológica (= biodegradação = decomposição biológica)]. A decomposição destes
materiais e de CO2 tem como consequência um consumo maior de oxigênio.
Todos os organismos que precisam do oxigênio para viver são levados à morte e os
seus restos fornecem ainda mais alimentos para as bactérias anaeróbias, que
normalmente só existem em pequenas quantidades. Elas decompõem substâncias
orgânicas em ausência de oxigênio com a formação de metano (CH4), amônia
(NH3), dissulfeto de carbono (CS2) e gás sulfúrico (H2S), dos chamados gases de
putrefação. Estes gases são bem tóxicos para os seres vivos, inclusive o homem,
pois exterminam a existência dos animais aeróbios (os peixes morrem), além de
comprometerem a atmosfera, porque esses elementos químicos também
contribuem para a formação de chuvas ácidas.

Os fertilizantes, os pesticidas e outros produtos químicos das águas residuárias


de origem agropecuária atingem outras águas por percolação, lembra? São as
águas de escorrência que percorrem os espaços vazios do solo, existentes entre as
argilas. É desta forma que chegam aos rios, mares e, eventualmente, ao mar. Os
elementos químicos, como o chumbo (Pb), o mercúrio (Hg), o cobre (Cu), o zinco
(Zn), o crômio (Cr), o níquel (Ni) e o cádmio (Cd), são altamente tóxicos e mesmo
assim são despejados nos rios e mares.

92
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O petróleo, na sua forma bruta, é uma grande mistura de hidrocarbonetos


saturados e insaturados. Esta mistura é utilizada para a obtenção de óleo
combustível, gasolina de diferentes tipos, parafina, medicamentos, cosméticos,
fibras têxteis, plásticos e muitos outros produtos.

A indústria do petróleo aumentou bastante a sua produção. Como também a


poluição por este produto. Nas regiões oceânicas, mais profundas dos mares, que
ocorrem após a plataforma continental, a partir do talude, navegam petroleiros.
Estes, em suas viagens de retorno, lavam os seus tanques e suas águas de lavagem
poluem o mar com os resquícios de petróleo e seus derivados. Por isso, zonas
marítimas onde estas operações são permitidas foram delimitadas em convenções
internacionais.

93
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O petróleo é hidrófobo e se espalha na


Hidrófobo- não é solúvel na
superfície formando uma fina película, após a água
evaporação dos componentes voláteis. Os menos
voláteis permanecem flutuando como uma massa viscosa. Assim, fica prejudicada a
troca gasosa entre a água e o ar, com o ambiente aquático completamente
alterado. As bactérias capazes de degradá-lo biologicamente podem ser uma
alternativa de combate contra esse contaminante. Este tipo de poluição provoca a
mortandade de várias espécies da cadeia alimentar e aves marinhas. O seu refino

também possibilita o seu despejo.

As substâncias inorgânicas liberadas por muitas indústrias de vários ramos são


igualmente problemáticas. Os metais pesados são os predominantes. Eles são
muito reativos e basta uma pequena concentração para trazerem efeitos adversos
à água. Como, também, possuem a singular propriedade de serem precipitados
por sulfetos. Participam da bioacumulação porque se acumulam através da cadeia
alimentar (Trófica, lembra?) e os predadores apresentam a maior concentração.

O mercúrio, um dos metais pesados, é empregado como catalisador na


fabricação de acetileno e como cátodo (pólo negativo), em processos eletrolíticos
industriais. Como composto organo-mercúrio, é utilizado na indústria da madeira e
na agricultura (agente de proteção das sementes contra bactérias e fungos). Em
1953, uma indústria de acetileno, localizada na ilha de Kyushu, Japão, depositou
detritos de mercúrio na baía de Minamata. Este foi consumido pela cadeia trófica
aquática. Os peixes e moluscos ficaram poluídos com um nível de toxicidade alto e
intolerável para os homens. Principalmente os pescadores tiveram sérios
problemas de saúde e uma média de 38% das pessoas atingidas faleceram. Elas
tiveram uma paralisação progressiva dos órgãos dos sentidos, que se principiava
pelas mãos e pelos pés e se propagava por todo o corpo. Outros sintomas foram
identificados, como: lesões renais, tremores musculares, irritabilidade, distúrbios da
fala, perturbações do sono, fraqueza de memória e diminuição da capacidade de
concentração mental.

94
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As fontes de poluição por cádmio podem ser os fosfatos usados como


fertilizantes, na indústria metalúrgica do zinco e em muitos processos de
combustão. Também no Japão, pela primeira vez, foi observada uma estranha
atrofia do esqueleto, muito dolorosa, provocada por intoxicação crônica com
cádmio. Inicialmente, as vítimas eram acometidas por uma diminuição do olfato e
pela formação de um anel amarelo no colo dos dentes. Posteriormente, a medula
óssea ficou afetada com a redução dos glóbulos vermelhos e a crescente remoção
de cálcio dos ossos. A deficiência de cálcio no tecido ósseo foi o fator responsável
pela redução de até 30% do tamanho do esqueleto.

Outros metais pesados que, freqüentemente, são provenientes das indústrias,


são diretamente prejudiciais ao homem. Dois mecanismos de ação são
fundamentais à explicação sobre os processos de intoxicação e surgimento de seus
sintomas. Primeiramente, este poluente forma complexos com os grupos
funcionais de muitas enzimas (formação de quelatos) e as partes das enzimas
responsáveis por determinados processos metabólicos são bloqueadas. Porque a
placenta é permeável aos metais pesados, muitos fetos foram afetados. Portanto,
muitas crianças nasceram com sérios defeitos no sistema nervoso após a catástrofe
de Minamata. O segundo mecanismo envolve as membranas celulares, com as
quais estes metais podem se combinar e ocasionar as alterações de suas estruturas.
O transporte de íons e substâncias orgânicas essenciais à manutenção dos
processos vitais fica prejudicado.

A seguir, temos a relação dos ramos industriais e de alguns dos poluentes


metálicos (metais pesados) que são emitidos:

95
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Ramo Industrial
_________Metais pesados_________
Cd Cr Cu Hg Pb Ni Sn Zn

Papel X X X X X X
Petroquímica X X X X X X
Ind. de Cloro e KOH (eletrolítica) X X X X X X
Fertilizantes X X X X X X X
Refinarias de petróleo X X X X X X
Usinas siderúrgicas X X X X X X X X
Ind. de metais não ferrosos X X X X X X X
Veículos automotores e aviões X X X X X X
Vidro, cimento e cerâmica X
Indústria têxtil X
Indústria de couro X
Usinas termoelétricas X

Sendo:
Cd = cádmio
Cr = crômio
Cu = cobre
Hg = mercúrio
Pb = chumbo
Ni = níquel
Sn = estanho
Zn = zinco

Os pesquisadores ainda estão descobrindo sobre os efeitos das intoxicações


lentas e contínuas por metais pesados e suas influências em doenças
contemporâneas como nervosismo, baixa resistência a infecções, câncer e outras.
O comportamento desses poluentes ainda não pode ser controlado e, muitas
vezes, a presença deles só é identificada na biota após anos ou decênios.

Conforme a descrição sobre os processos nocivos à qualidade da água foi


citada a principal forma de poluição do solo: a aplicação de fertilizantes e
pesticidas, que percolam para as águas, pelos espaços intersticiais do solo, após
poluírem o mesmo. As chuvas e as águas de escorrência transportam os poluentes
para as suas camadas mais profundas. As técnicas modernas estão contaminando
os solos cultivados de maneira irremediável a ponto de colocar a produção agrícola
sob o risco de ficar comprometida em longo prazo.

96
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Conforme Fellenberg (1980), os fertilizantes são utilizados para enriquecer o


solo com nutrientes químicos necessários ao bom desenvolvimento das culturas. O
crescimento demográfico e a demanda de consumo conduziram o homem a
otimizar as colheitas com o máximo de rendimento por área específica. Portanto,
tornou-se necessário devolver ao solo os nutrientes que foram subtraídos pelas
raízes. Como é muito caro purificar os fertilizantes, eles são aplicados com
compostos químicos tóxicos que se concentram nas camadas superiores, onde se
encontra a maior parte do sistema de raízes das plantas. Este manejo inadequado
compromete os vegetais e o restante da biota, inclusive os microorganismos, todos
responsáveis pela fertilidade do próprio solo. As suas características físicas e
químicas se modificam propiciando a desertificação.

Os inseticidas, os fungicidas e os herbicidas são exemplos de pesticidas usados


para combater pragas peculiares às plantas consumidas pelo homem. Eles são
igualmente nocivos, poluidores, e afetam muitos seres vivos embora o objetivo
seja destruir um número limitado de espécies.

97
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Desigualdade Social e Pobreza

A desigualdade social e a pobreza são frutos do desenvolvimento da nossa


sociedade muito materialista, capitalista, imediatista e globalizada.

Vejamos porque esta questão foi incluída nesta unidade.

Como foi definida inicialmente, a poluição é todo o material ou sujeira que


degrada o meio ambiente. Neste caso, o material é imaterial considerando-se que o
agente poluidor, primeiramente, é a nossa cultura de desenvolvimento social. O
mundo pós-moderno globalizado da nossa organização cultua o individualismo na
busca pelo bem estar e pela satisfação do acúmulo de riquezas. Os conceitos que
visavam nortear ações pela qualidade de vida foram transformados em práticas
que aumentaram os índices de desigualdade social. Um exemplo disso é a
favelização. A pobreza é a principal consequência desta realidade. É uma
problemática histórica, através da qual muitos não têm acesso aos bens mais
essenciais à vida. Podemos, então, considerar que aqueles que vivem na pobreza,
ou em condições abaixo da pobreza, são seres que estão sendo altamente
degradados em nossos sistemas urbanizados. O nosso “poluente” cultural foi
produzido pela história das relações sociais das nossas organizações.

Dica!

Que tal pesquisa um pouco sobre a favelização? Consulte livros na biblioteca


mais próxima.

98
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Violência

A violência pode ser considerada um outro fator de poluição ambiental


porque também causa danos aos seres vivos e objetos, inclusive a nós, seres
humanos. É um ato que contraria a autonomia, a integridade física ou psicológica e
a vida, com o uso da força que desrespeita os direitos alheios. O nosso limite
comportamental deveria terminar onde começa o direito do próximo. A violência
até pode ser uma doença ou patologia social, mas ainda é considerada uma reação
a uma causa, um sintoma de que os valores estão muito invertidos enquanto a vida
está banalizada e a conquista imediata de bens valorosos monetariamente está
sendo priorizada. A fome e a pobreza, provindas da desigualdade social, são
algumas fontes deste comportamento nocivo à qualidade de vida e à
sobrevivência de toda a biota das teias alimentares do nosso planeta.

99
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Direitos Humanos

Nas organizações sociais há uma diversidade de interesses que são


administrados pelos poderes executivo, legislativo e judiciário, sem os quais seria
muito difícil preservarmos os direitos humanos. Dos que são regidos pela
legislação, responsável pelo direcionamento das intervenções permitidas aos
atores representativos da sociedade, podemos enfatizar o direito de viver e o
direito à prática da cidadania.

Vivemos com dignidade quando temos o alimento, a moradia, a saúde e a


educação. Possuímos, então, o direito de desenvolver a nossa criatividade visando
o aprimoramento das nossas potencialidades. Quando acessamos o conhecimento
acadêmico, nos preparamos para constantemente atualizar a nossa forma de
olhar, pensar e sentir sobre o ambiente onde vivemos e freqüentamos. Portanto,
nos tornamos identidades sociais capazes de igualmente sermos representativos
através das ações interativas e participativas. Desta forma, passamos a ser pessoas
habilitadas a construir o conhecimento sobre as áreas específicas degradadas, os
fatores de poluição, a recuperação e a conservação ambiental pela preservação
da biota e do bom funcionamento dos sistemas, naturais ou urbanizados. Estas
100
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

iniciativas possibilitam a prática da cidadania, além de representarem ações


importantes à manutenção da vida, com a nossa sobrevivência e a perpetuação de
todas as espécies das futuras gerações.

As trocas químicas relativas à química ambiental representam um


conhecimento indispensável, mas não é um motivo de súbita memorização.
Na verdade, nós ainda estamos discutindo sobre saúde pública. Não esqueça
que os seres vivos também são considerados meio ambiente. As fontes dos
poluentes, os tipos de dano ambiental e os efeitos por eles causados contra a
saúde de todos os ambientes são o que há de mais importante para este
estudo.

Esta unidade proporcionou subsídios para a observação das formas de


poluição ambiental e dos efeitos danosos que ela pode causar à saúde dos seres
vivos e à qualidade dos ambientes natural e urbanizado. Na próxima, estudaremos
os ecossistemas degradados.

Dica de Site:

Rede Ambiente

www.redeambiente.org.br

ONG sócio-ambientalista sem fins econômicos, sediada em Viçosa (MG) e


fundada em 30 de março de 1999, por professores, pesquisadores e profissionais
liberais, com a missão de trabalhar com Educação Ambiental e Meio Ambiente.

101
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

102
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

103
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Exercícios – Unidade 3

Marque as alternativas corretas nas questões abaixo:

1) O chumbo é um metal pesado que pode provocar maiores danos ao sistema:

a) circulatório.
b) respiratório.
c) digestório.
d) linfático e imunológico.
e) nervoso central.

2) Os óleos terpenos podem causar irritações no:

a) sistema digestório.
b) sistema respiratório.
c) sistema linfático e imunológico.
d) sistema endócrino.
e) sistema circulatório.

3) O metal pesado mais tóxico que costuma ser encontrado na poeira metálica é:

a) o cobre.
b) o manganês.
c) o chumbo.
d) o cádmio.
e) o zinco.
104
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

105
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

4) Os fitoplâncton-toxinas podem atingir o homem pela:

a) ingestão de carne bovina.


b) ingestão de cogumelos.
c) ingestão de ar.
d) ingestão de moluscos e peixes.
e) ingestão de alface.

5) Proporcionalmente, com relação aos ambientes, qual é a fumaça que mais


danifica a saúde humana?

a) A fumaça dos veículos motorizados.


b) A fumaça do cigarro.
c) A fumaça da indústria têxtil.
d) A fumaça das queimadas.
e) A fumaça da indústria do petróleo.

6) Os polens são um exemplo de poluição ambiental natural proveniente:

a) do fitoplâncton.
b) das cianofíceas.
c) das plantas fanerógamas.
d) dos cogumelos.
e) das musgos.

7) As micotoxinas são toxinas produzidas por:

a) fungos.
b) fitoplâncton.
c) musgos.

106
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
d) briófitas.
e) pinheiros.

107
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

8) As principais fontes de poluição do solo são:

a) as indústrias de ácido nítrico e ácido sulfúrico.


b) as indústrias de celulose e esmaltação.
c) as indústrias de eletroquímica e petróleo.
d) as indústrias de cimento e as usinas termoelétricas.
e) as indústrias de fertilizantes e pesticidas.

9) Escreva sobre a poluição aquática.

10) Quais são as outras formas de poluição que normalmente não são discutidas
dentro desta questão ambiental?

108
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

109
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

110
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

4
Instrumentos de Gestão
Ambiental e elaboração de
um Projeto de Intervenção
Sócio-Ambiental
Legislação Ambiental;

Auditoria Ambiental;

Análise Ambiental (EIA, AIA, RIMA e Monitoramento Ambiental);

Educação Ambiental;

Direito Ambiental (Legislação Ambiental; Diagnose Ambiental


Ecológica e Mesologia);

Políticas Públicas. Audiência Pública;

A Pesquisa sobre o Ambiente que sofrerá a Intervenção Sócio-


Ambiental;

O Planejamento da Ação de Intervenção.

111
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade, abordaremos instrumentos de legislação, auditoria, análise e


direito ambiental. Iremos adquirir conhecimentos que envolvem o aprendizado
através da educação ambiental, além de leis que facultam ao aluno condições de
elaborar um projeto de intervenção sócio ambiental com vistas ao aprimoramento
e à preservação administrativa do ambiente.

Objetivo da unidade:

 Conhecer a legislação ambiental e as atividades que envolvam o


respeito, a preservação e o desenvolvimento do ambiente,
garantindo longevidade e segurança às gerações futuras.

Plano da unidade:

Legislação Ambiental;

Auditoria Ambiental;

Análise Ambiental (EIA, AIA, RIMA e Monitoramento Ambiental);

Educação Ambiental;

Direito Ambiental (Legislação Ambiental; Diagnose Ambiental Ecológica e


Mesologia);

Políticas Públicas. Audiência Pública;

A Pesquisa sobre o Ambiente que sofrerá a Intervenção Sócio-Ambiental;

O Planejamento da Ação de Intervenção.

Bons estudos.

112
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Legislação Ambiental

A legislação ambiental utilizada no Brasil é bem elaborada por ter regras e


conceitos bem avançados a respeito da preservação e proteção do meio ambiente.
Mas no que se diz respeito à aplicação destas leis, por diversos fatores, fica
inviabilizado suas aplicações.

Quanto à abrangência de leis ambientais, o Brasil possui diversas leis de suma


importância. Podemos citar dentre estas:

 Lei n.º. 4.771, de 15 de setembro de 1965 – Pertencente ao Código


Federal Florestal. Dispõe sobre o ordenamento e manejo das
florestas existentes no território nacional e das demais formas de
vegetação;

 Lei n.º. 4.947, de 06 de abril de 19966 – Considerada a lei do Direito


Agrário, que dispõe sobre a forma que se deve proceder durante
processos de cunho agrário;

 Lei n.º. 5.197, de 03 de janeiro de 1967 – Lei de Fauna, que institui


regras para proteção da fauna silvestre, posicionando punições
severas quanto ao descumprimento dessas regras;

 Lei n.º. 9.433, de 8 de janeiro de 1997 – Lei que rege a Política


Nacional de Recursos Hídricos é considerada também a lei das águas,
por criar regras para o gerenciamento e uso de recursos hídricos;

 Lei n.º. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais,


esta lei é responsável pela instituição de punições por crimes
ambientais. Esta lei trouxe inovações, vejamos algumas.

113
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

As leis esparsas, de difícil aplicação, depois da totalidade da legislação


ambiental são consolidadas. As penas têm uniformização e gradação adequadas e
as infrações são claramente definidas.

Pessoa jurídica não era responsabilizada criminalmente. Após a criação da lei


define a responsabilidade da pessoa jurídica - inclusive a responsabilidade penal - e
permite a responsabilização também da pessoa física autora ou coautora da
infração.

Pessoa jurídica não tinha decretada liquidação quando cometia infração


ambiental. Após a criação da lei pode ter liquidação forçada no caso de ser criada
e/ou utilizada para permitir, facilitar ou ocultar crime definido na lei. E seu
patrimônio é transferido para o Patrimônio Penitenciário Nacional.

A reparação do dano ambiental não extinguia a punibilidade. Depois da


criação da lei a punição é extinta com apresentação de laudo que comprove a
recuperação do dano ambiental.

Impossibilidade de aplicação direta de pena restritiva de direito ou multa. A


partir da constatação do dano ambiental, as penas alternativas ou a multa podem
ser aplicadas imediatamente.

Aplicação das penas alternativas era possível para crimes cuja pena privativa
de liberdade fosse aplicada até 02 (dois) anos. Após a instituição da lei é possível
substituir penas de prisão até 04 (quatro) anos por penas alternativas, como a
prestação de serviços à comunidade. A grande maioria das penas previstas na lei
tem limite máximo de 04 (quatro) anos.

A destinação dos produtos e instrumentos da infração não era bem definida.


Com a totalidade da lei, os produtos e subprodutos da fauna e flora podem ser
doados ou destruídos e os instrumentos utilizados na infração podem ser
vendidos.
Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para se alimentar, era crime
inafiançável. Porém, com a lei, matar animais continua sendo crime. No entanto,
para saciar a fome do agente ou da sua família, a lei descriminaliza o abate.

114
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Maus tratos contra animais domésticos e domesticados era contravenção, com


a geração da lei, além dos maus tratos, o abuso contra estes animais, bem como
aos nativos ou exóticos, passa a ser crime.

Não havia disposições claras relativas a experiências realizadas com animais.


Com o invento da lei, experiências dolorosas ou cruéis em animais vivos, ainda que
para fins didáticos ou científicos, são consideradas crimes, quando existirem
recursos alternativos.

Pichar e grafitar não tinham penas claramente definidas. Com a aprovação da


lei, a prática de pichar, grafitar ou de qualquer forma conspurcar edificação ou
monumento urbano, sujeita o infrator a até um ano de detenção.

A prática de soltura de balões não era punida de forma clara. Com a instituição
da lei, fabricar, vender, transportar ou soltar balões, pelo risco de causar incêndios
em florestas e áreas urbanas, sujeita o infrator à prisão e multa.

Destruir ou danificar plantas de ornamentação em áreas públicas ou privadas


era considerado contravenção. Com a homologação da lei, a destruição, dano,
lesão ou maus tratos às plantas de ornamentação é crime, punido por até 01 (um)
ano.

O acesso livre às praias era garantido, entretanto, sem prever punição criminal
a quem o impedisse. Com a confirmação da lei, quem dificultar ou impedir o uso
público das praias está sujeito a até 05 (cinco) anos de prisão.

Desmatamentos ilegais e outras infrações contra a flora eram considerados


contravenções. Com a instituição da lei, o desmatamento não autorizado agora é
crime, além de ficar sujeito a pesadas multas.

115
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

A comercialização, o transporte e o armazenamento de produtos e


subprodutos florestais eram punidos como contravenção. Com a nova lei, comprar,
vender, transportar, armazenar madeira, lenha ou carvão, sem licença da
autoridade competente, sujeita o infrator a até 01 (um) ano de prisão e multa.

A conduta irresponsável de funcionários de órgãos ambientais não estava


claramente definida. Com a criação da lei, os funcionários de órgão ambiental que
fizerem afirmações falsas ou enganosas, omitir a verdade, sonegar informações ou
dados em procedimentos de autorização ou licenciamento ambiental, podem
pegar até 03 (três) anos de cadeia.

As multas na maioria das vezes eram fixadas através de instrumentos


normativos passíveis de contestação judicial. Com a nova lei, a fixação e aplicação
de multas têm a força da lei.

A multa máxima por hectare, metro cúbico ou fração era de R$ 5 mil. Hoje a
multa administrativa varia de R$ 5 mil a R$ 50 milhões.

Texto retirado da própria lei.

Regulamenta o Artigo 225, 1º, incisos I, II, III, e VII da Constituição Federal,
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras
providências.

Ainda no que se diz respeito à legislação ambiental, a Constituição Federal de


1988, disserta sobre as competências e parâmetros em que cada poder público é
responsável. Por exemplo: A União legislará e atuará em face de questões de
interesse nacional e as suas normas devem servir de referencial para os Estados e
Municípios. Os Estados legislarão diante de problemas regionais, devendo observar
os princípios e fundamentos genéricos previstos pela legislação federal. Os
Municípios legislarão apenas quando o interesse for estritamente local, devendo
observar os princípios e fundamentos genéricos previstos pela legislação federal.

Podemos dizer que a união cria normas que poderão servir de base para os
estados e municípios utilizarem como guias para criação de leis que atendam a
interesses locais, sem que haja grandes discrepâncias entre elas.

116
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Na criação desta Lei houve um grande progresso, pois se define sanções


penais e as responsabilidades pelos crimes ambientais, também é definido de que
forma pode-se atuar para punir os responsáveis em crimes ambientais. Antes da
criação desta lei havia diversas outras leis esparsas, com uma difícil aplicação.

Auditoria Ambiental

O conceito primário de auditoria pode ser definido como um processo


ordenado e documentado de pesquisa, visando obter e avaliar de forma direta,
provas para determinar que as atividades, sistema de conduta e condições
ambientais que estejam sendo respeitados de acordo com os critérios de auditoria.

A auditoria surgiu inicialmente com o objetivo principal de verificar o


cumprimento da legislação, sendo vista por muitas empresas como um modo de
gerenciamento utilizado para identificar de forma antecipada os problemas
provocados por suas operações, utilizando a auditoria ambiental como meio de
redução de custos que provavelmente serão envolvidos futuramente no decorrer
das atividades.

A auditoria ambiental pode ser feita basicamente de duas formas: interna e


externa. Da forma interna quando uma empresa ou uma pessoa contrata auditores
independentes e tem seus resultados para uso interno. Quando a auditoria é feita
de forma externa, a contratação geralmente é feita pelo poder público, tendo
resultados avaliados por terceiros e disponibilizados para consulta pública.

As auditorias públicas geralmente são aplicadas na construção de complexos


residenciais e condomínios.

No Brasil, a auditoria ambiental aplicada diretamente à habitação surgiu


inicialmente por meios das legislações estaduais, no qual leis estaduais regem
medidas e regras para atuação e conduta de auditores ambientais. Podemos citar:
Lei nº. 790, de 5/11/91, do Município de Santos-SP e a lei nº. 1.898, de 16/11/91, do
Estado do Rio de Janeiro.

117
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Uma auditoria ambiental pode ter objetivos e


finalidades diferentes como: análise de impactos ISO: (International Organization

ambientais, necessidades para contratação de um for Standardization)-

seguro por uma determinada empresa, verificar o Organização Internacional para

cumprimento da legislação em vigor. Esta Padronização-Entidade que

verificação da legislação ambiental em vigor pode congrega os grêmios de

ser feita após acidentes para controle de risco ou padronização/normalização de

até de caráter preventivo das atividades 170 países.

executadas.

A auditoria ambiental hoje em dia é regida por normais que foram


estabelecidas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, em tradução
as normas da ISO.

Análise Ambiental

A análise ambiental é um estudo de todas as alterações que podem ser


provocadas por ações de uma empresa e como esta empresa pode ser dirigida para
que esses efeitos sejam amenizados ou anulados.

Um estudo de uma análise ambiental pode ser feito a partir do Estudo de


Impacto Ambiental (EIA), Análise de Impacto Ambiental (AIA), Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA) ou um monitoramento ambiental. Devem ser
consideradas durante esses estudos as diferenças entre meios ambientes
existentes, onde cada qual tem que ser observados e analisados de forma
diferenciada.

O EIA foi proposto para desenvolver uma explicação total do que está sendo
analisado, ou seja, do ambiente afetado. Ambiente este que será modificado pela
ação. Nesta proposta serão considerados pontos de futuros possíveis impactos ao
ambiente, pressupondo as alterações que este irá sofrer. A resultante do estudo
servirá para a melhoria do ambiente e das ações da empresa neste.

118
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O EIA deve possuir bases na legislação: a Lei de Política Nacional do Meio


Ambiente. Estas bases são delimitadoras para os estudos de impacto como: limites
geográficos, forma do projeto, se há planos do governo para região e se vai ser
compatível com esses projetos (caso eles existam).

Durante a elaboração do EIA devem ser levados em conta os seguintes


aspectos: Ambiente Físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os
recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos de água, o
regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; Ambiente
Biótico: os ecossistemas naturais - a fauna e a flora - destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e
ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; O meio sócio-
econômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia,
destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos
ambientais e o potencial de utilização desses recursos.

O mais importante é que o EIA seja elaborado por diversos profissionais em


diferentes áreas trabalhando em conjunto. Nesta ambiente multidisciplinar podem
ser realizados diversos estudos formando o EIA completo em todos os pontos de
vista.

RIMA é um relatório que apresenta os resultados do EIA. Este relatório deve


ser apresentado num caráter objetivo para que haja uma fácil compreensão deste,
se possível utilizando recursos de comunicação visual. Durante a elaboração do
RIMA devem ser abordadas as relações do projeto com planos governamentais,
descrever os materiais utilizados, as indicações da influência do projeto ou da área
afetada, devem ser descrito os futuros impactos ambientais (com utilização de
métodos técnicos), programa de acompanhamento e o futuro monitoramento dos
impactos ambientais.

AIA É um método de avaliação ambiental formado por diversos


procedimentos capazes de uma pesquisa de impacto ambiental e de seus
métodos, podendo assim ter um resultado preciso e de fácil compreensão para o
público que será apresentado. E também deverá conter medidas possíveis para
proteção do meio ambiente durante a implantação de um projeto por uma
empresa.

119
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Monitoramento Ambiental – O monitoramento ambiental consiste geralmente


em um acompanhamento de uma área degradada. Este acompanhamento pode
ser feito em períodos predeterminados ou em momentos em que há um destaque
da atividade da região. Normalmente seus resultados podem ser apresentados
através do EIA ou RIMA.

Dentre os processos de análise ambiental podemos também citar o PCA (Plano


de Controle Ambiental), que tem por finalidade reunir todas as informações
específicas, assim como as ações que deverão ser feitas com base nos estudos
elaborados pelo EIA.

Durante os processos de análises ambientais é possível notar que os estudos


são baseados em observações amplas, focando em ambientes externos, também
em observações restritas com um conteúdo focado e imediato. As análises
ambientais podem ser desencadeadas por diversos motivos, dentre eles estão:
economia proposta pela empresa, novas diretrizes dos consumidores, novas regras
de conduta do mercado, clientes mais exigentes, entre outros. Sendo sempre
processos que contribuem para o bem estar do coletivo e para a melhoria da
implantação de projetos, em todos os tipos de análise veem diversos profissionais
trabalhando em conjunto para se obter um único resultado.

120
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Educação Ambiental (EA)

Como poderemos definir a educação ambiental?

No início das civilizações os problemas ambientais eram de baixa magnitude,


atingindo casos locais, mas com a revolução industrial houve um crescimento
econômico acelerado e uma busca de matérias-primas na natureza. Hoje em dia é
comum em grandes centros urbanos encontrarmos cursos da água, a poluição
atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada e a redução ou
mesmo destruição dos habitats faunísticos, além de muitas outras formas de
agressão ao meio ambiente. Neste contexto, claro que houve uma necessidade de
mudar o comportamento do homem em relação à natureza, procurando que
houvesse um crescimento sócio-econômico, minimizando os impactos ambientais.
A esse processo chamamos de desenvolvimento sustentável. Em outras palavras, é
um processo que visa garantir os recursos do planeta para as gerações futuras e
melhores condições de vida no ambiente.

Ao falarmos de educação ambiental estamos iniciando um processo que se


constitui numa forma ampla de educação, tendo em vista atingir grande parte da
população ou ela como um todo. Tomando como enfoque incentivo para uma
análise crítica sobre os problemas que atinge o meio ambiental, além de tomar
como resultado uma população capaz de ter uma consciência para cuidar e
resolver a problemática ambiental.

Este processo de EA pode ser feito nas escolas ou fora delas, tendo em vista
uma conscientização dos problemas que atingem o meio em que as pessoas
vivem, lembrando a importância de minimizar ou sanar tais problemas.

121
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Para que o processo de EA seja bem elaborado e efetivo é necessário que se


promova o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e habilidades a fim de
que se obtenham as condições para a preservação e melhoria da qualidade
ambiental. Tais processos da educação devem estar apoiados em trabalhos de
grupos, nos quais há a interação e a busca de conhecimentos, sempre
direcionando fatos do cotidiano (vida real). Em muitos desses processos para um
bom aprendizado, é necessário que se tenha o envolvimento de atividades práticas
nas quais os envolvidos possam visualizar os resultados de ações do
desenvolvimento sustentável no meio ambiente, seja ele natural ou urbano.

O homem tem a sua práxis, ou seja, o seu pensar e agir, condicionados por
fatores externos, religiosos, sociais, políticos, econômicos e ambientais, sofrendo ,
exercendo influências e interferências sobre ele. O ser humano é responsável pelo
aumento da demanda de recursos naturais e pela geração de resíduos lançados ao
meio ambiente. Disso decorre a crise ambiental, um dos grandes desafios da
sociedade contemporânea. É fundamental desenvolver e implantar mecanismos de
controle e prevenção dos recursos naturais, principalmente aqueles em que a ação
do homem se faz de maneira inadequada, degradando água, solo e ar. Em virtude
desses fatores, faz-se necessária a realização de atividades que envolvam a EA com
o propósito de colaborar no processo de preservação dos recursos ambientais. A
Educação Ambiental deve propiciar uma percepção integrada da natureza
complexa ao meio físico-natural e do meio constituído pelos seres humanos,
resultante da interação dos aspectos físicos, biológicos, sociais, econômicos e
culturais.

Transformadora na aquisição de conhecimentos, valores, comportamentos e


habilidades práticas, a partir da reorientação e articulação das diversas disciplinas e
experiências educativas, para participação responsável e eficaz na prevenção e
solução dos problemas ambientais e da gestão da qualidade do meio ambiente.

122
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

A EA contribui para a formação de uma consciência sobre a importância da


qualidade do meio ambiente em sua relação com o desenvolvimento, para o qual a
educação deverá difundir conhecimentos sobre as alternativas produtivas menos
desgastantes para o meio ambiente, e assim fomentar a adoção de modos de vida
compatíveis com a preservação da qualidade do mesmo. Também propicia a
compreensão da educação ambiental como resultado de uma reorientação e
articulação das diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a
percepção integrada, causa dos problemas e não só seus efeitos mais evidentes.
Além disso, faculta a todos os membros da sociedade, segundo suas modalidades e
em distintos graus de complexidade, aquisição de conhecimentos científicos e
tecnológicos, o sentido dos valores, atitudes, a participação efetiva na prevenção e
resolução de problemas ambientais. Uma ênfase especial deverá ser dada à
capacitação de pessoas para agir e tomar decisões.

Direito ambiental (Legislação ambiental; Diagnose


ambiental ecológica e mesologia).

O direito ambiental é o conjunto de leis que tem por finalidade a proteção do


bem ambiental. Este é caracterizado por um bem de uso comum do povo que
assegure a ele e suas futuras gerações uma qualidade de vida. A esta tutela
podemos englobar bens como: ar, água, solo, fauna, flora, bens do patrimônio
histórico ou cultural.

O direito ambiental evolui de acordo com a necessidade de assegurar ao meio


ambiente uma sobrevivência diante dos impactos ambientais que estes sofriam. As
leis brasileiras devem ter em sua dissertação princípios que não se oponham às
regras ou tratados que o país esteja em apoio.

Com o direito ambiental criou-se base para que a resultante da diagnose


ambiental ecológica de acordo com uma legislação específica, principalmente na
lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 que institui diversas leis de crimes
ambientais, para se punir e remediar possíveis danos feitos. A diagnose ambiental é
um exame feito no meio ambiente com base na observação em que seu resultante
pode ser o EIA, RIMA ou AIA.

123
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Ainda sobre direito ambiental, o principal foco pode ser definido com base no
artigo 225 da constituição brasileira de 1988, que assegura a todos: “direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado”.

A mesologia é uma ciência intimamente ligada a estes dois temas, a educação


ambiental e o direito ambiental, pois tem como seu centro de estudo as influências
recíprocas dos organismos e do meio em que estes vivem, onde a mesologia pode
estudar os efeitos do desequilibro ambiental ou dar base para que se possa haver
um trabalho de educação ambiental.

Políticas Públicas. Audiência Pública

A política pública brasileira surgiu como resultante da conferência de


Estocolmo na década de 70. A partir desta, os países envolvidos passaram a ver os
cuidados com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável como uma
alternativa para o crescimento sócio-econômico. Quando se trata de política
pública para o meio ambiente estamos falando de desenvolvimento sustentável,
que em outras palavras seria uma base para uma nova orientação das políticas
existentes de desenvolvimento, de seus efeitos diretos e indiretos no meio
ambiente. Hoje em dia podemos evidenciar este conceito de desenvolvimento
sustentável na retirada de matérias-primas ou recursos da natureza.

Neste meio, para que se possa atingir uma condição satisfatória, é necessária
uma eficiente política de educação ambiental para focalizar o trabalho dos
envolvidos e toda a população nas interações entre o meio físico-biológicos com as
sociedades e culturas produzidas.

124
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Como um importante passo dentre as políticas públicas de meio ambiente


podemos citar a introdução do conceito de educação ambiental como um decreto
lei onde se diz: Em seu artigo primeiro define a educação ambiental como processo
por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos e habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade. Ainda enfatiza a questão da interdisciplinaridade
metodológica e epistemológica da educação ambiental como “componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter
formal e não formal” (art. 2º). Reforça a responsabilidade coletiva da sua
implementação, seus princípios básicos, objetivos e estratégias. Esta lei fornece um
roteiro para a prática da educação ambiental e na sua regulamentação (Decreto
4281/02) indica os Ministérios da Educação e do Meio Ambiente como órgãos
gestores dessa política. Texto baseado no próprio decreto lei que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA–lei 9795/99).

Após a criação desta lei foi necessário que todo estado repensasse e se
reorganizasse para que suas ações atendessem às novas diretrizes intituladas pela
lei e às demandas específicas que sociedade precisaria. No Brasil, as políticas
públicas de meio ambiente se iniciaram com as mudanças em órgãos gestores
como o MEC, o MMA.

Audiência pública possui um importante papel dentro das políticas públicas


de meio ambiente, pois é através destas que o estado se comunica diretamente
com a população que será envolvida nos processos ambientais. Numa audiência
são relatados os fatos que irão se produzir sejam esses por ações do governo ou
empresas particulares.

125
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Pesquisa sobre o Ambiente que sofrerá a Intervenção


Sócio-Ambiental

A pesquisa do ambiente que sofrerá um impacto ambiental deve ser iniciada


com base na observação do meio e em possíveis alterações que este irá sofrer com
a intervenção. As intervenções sócio-econômicas são fatos que constituem a
existência da humanidade, visto que durante seu curso histórico, o mundo natural
existe para benefício dos seres humanos. Essa concepção sobre a presença e
utilidade da natureza é parcialmente satisfatória. Devido a ser limitada, já que
muitos argumentos contra a poluição, o uso de gases prejudiciais à camada de
ozônio, a queima de combustíveis fósseis e a destruição das florestas podem ser
apresentados em termos do prejuízo causado à saúde e ao bem-estar humanos,
pelos poluentes ou pelas mudanças climáticas que podem acontecer em
decorrência do uso de combustíveis fósseis e destruição das florestas. Como os
seres humanos necessitam de um meio ambiente no qual possam sentir-se bem, a
preservação desse ambiente pode constituir um valor, dentro de um referencial
moral centrado no humano. Com isto surgiu uma crescente necessidade de um
equilíbrio sócio-ambiental.

As pesquisas de um ambiente são focadas em elementos em longo prazo,


elementos esses que muitos ambientalistas consideram como herança planetária,
já que estas alterações serão prejudiciais não somente à geração existente, mas
também às gerações futuras.

As pesquisas sobre a intervenção sócio-ambiental devem levar em


consideração fatores como: o meio, seres de outras espécies que são igualmente
capazes de sentir dor, de sofrer, cujas vidas podem ir bem ou mal. As alterações
(antrópicas) nos ecossistemas provocam mudanças em todo o planeta causando
malefícios aos seres animados e inanimados, além disso, de acordo com o tempo, a
natureza se defende das agressões (com resultados locais como enchentes ou
muitas vezes catastróficos como ciclones).

126
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Com o estudo do ambiente podemos focar os trabalhos a serem realizados


neles para que estes possam ser amenizados, ou até mesmo neutralizados em
longo prazo.

O Planejamento da Ação de Intervenção

O planejamento consiste em uma resultante das ações do acompanhamento


da pesquisa sócio-ambiental. Geralmente o planejamento de ações da interferência
no ambiente é baseado nas resultantes do EIA.

Um planejamento de ação deve conter respostas práticas para possíveis


alterações no meio, em que se possam amenizar esses impactos na aplicação de
um projeto, tendo em vista a questão sócio-ambiental.

A otimização de projetos pela conservação ambiental e qualidade de vida. Esta


otimização pode ser eleita com uma forma de melhor aproveitar os projetos ou
estudos que zelam pelo bem estar do ambiente e com isso uma boa qualidade de
vida, visto que pode ser dito que um ambiente ecologicamente equilibrado resulta
em um ambiente propício ao bem estar da vida humana. Podemos definir estes
projetos de conservação de forma que produza e divulgue informações
propositivas às políticas públicas e ações do poder público, voltadas à defesa dos
direitos coletivo, da proteção e conservação do patrimônio ambiental, podendo ser
expostas em audiências públicas.

Dentre esses estudos para a otimização de um projeto podemos citar o


Programa de Política e Direito Sócio-ambiental (PPDS) que está em uso desde 2003.
Este programa é resultante da união de três linhas de ação já existentes. O
programa tem como objetivo assegurar via legal, os direitos relativos ao meio
ambiente natural referente às populações existentes nessas áreas (populações
indígenas). Tem a tentativa de assegurar às populações indígenas os direitos à boa
qualidade de vida em seu ambiente natural.

127
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

IMPORTANTE:

No site do Planalto, faça a leitura na íntegra da lei nº 6.938, de 31 de agosto


de 1981.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm

Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da
Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. Alguns trechos
foram vetados ou redigidos, ou ainda modificados por leis mais atualizadas.

No site do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis

www.ibama.gov.br

Observe as tabelas que apresentam valores atribuídos aos serviços e produtos


realizados pelo Instituto Brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais
renováveis que estão incluídos na Lei nº 9.960, de 2000.

Observe também Atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de


recursos ambientais Incluídos pela Lei nº 10.165, de 27.12.2000.

Finalize com a leitura da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 que


discorre sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm

128
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade, podemos observar e conhecer etapas do processo de


legislação ambiental, além de conhecer procedimentos como EIA, RIMA, AIA e
outros de gestão e auditoria ambiental que, entre outras coisas, possibilitam
ampliar o leque de conhecimentos e alternativas de preservação do ambiente.
Encontramos também algumas leis e tabelas que podem ajudar significativamente
no processo de aprendizagem da disciplina.

Link

Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada

www.ipea.gov.br

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada é uma fundação pública federal


vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Suas
atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações
governamentais para a formulação, reformulação de políticas públicas e programas
de desenvolvimento brasileiros. Os trabalhos do IPEA são disponibilizados para a
sociedade por meio de inúmeras, regulares publicações e seminários, além de, mais
recentemente, via programa semanal de rádio, TV em canal aberto e fechado. O
IPEA tem por finalidade realizar pesquisas, estudos sociais, econômicos, disseminar
o conhecimento resultante, dar apoio técnico e institucional ao Governo na
avaliação, formulação e acompanhamento de políticas públicas, planos e
programas de desenvolvimento e oferecer à sociedade elementos para o
conhecimento, solução dos problemas e dos desafios do desenvolvimento
brasileiro.

129
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Na unidade seguinte observaremos técnicas e manejos que viabilizam o


processo de gestão e desenvolvimento sustentável do planeta.

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

130
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Exercícios – Unidade 4

1) Aponte nas alternativas abaixo a Lei de Fauna, que institui regras para proteção
da fauna silvestre.

a) Lei n.º. 5.197, de 03 de janeiro de 1967.

b) Lei n.º. 5.198, de 03 de janeiro de 1967.

c) Lei n.º. 5.199, de 03 de janeiro de 1967.

d) Lei n.º. 5.197, de 03 de janeiro de 1968.

e) Lei n.º. 5.197, de 03 de janeiro de 1968.

2) Sobre a legislação ambiental é correto afirmar que:

a) a legislação ambiental utilizada no Brasil é mal elaborada, por ter regras e


conceitos pouco avançados a respeito da preservação e proteção do meio
ambiente.

b) a legislação ambiental utilizada no Brasil é bem elaborada, por ter regras


e conceitos bem avançados a respeito da preservação e proteção do meio
ambiente.

c) a legislação ambiental no Brasil é muito utilizada, por ter regras e


conceitos difíceis de serem executados a respeito da preservação e
proteção do meio ambiente.

d) a lei que vigora na legislação ambiental é pouco utilizada pelos órgãos


competentes que, por sua vez, iniciam o processo de execução mais
rapidamente.

131
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
e) a legislação ambiental não tem atuação coerente no processo de
aplicação das normas vigentes.

3) A pessoa jurídica não era responsabilizada criminalmente. Após a criação da Lei


nº. 9.605, o que foi definido?

a) A pessoa jurídica pagaria apenas uma multa por danos ambientais e


ninguém seria responsabilizado.
b) A pessoa jurídica é responsabilizada, inclusive penalmente.
c) Não há nenhuma penalidade, pois ainda faltam leis a serem aprovadas.
d) Somente a pessoa física é responsabilizada.
e) A pessoa física paga uma multa apenas.

4) Quanto aos danos ambientais causados pelo homem, ele não era extinto da
punibilidade. Depois da criação da lei a punição foi extinta. O que era necessário
apresentar para que não houvesse punição?

a) Laudo explicativo da situação do terreno.


b) Diagnóstico militar justificando ações das forças armadas.
c) Apresentação de um laudo que não comprovasse a recuperação do dano
ambiental.
d) Apresentação de um laudo que comprovasse a recuperação do dano
ambiental.
e) Apresentação de um artigo que comprovasse a recuperação do dano
ambiental.

5) Matar um animal da fauna silvestre, mesmo que fosse para se alimentar é crime
inafiançável e até hoje continua sendo crime. Assinale, dentre as alternativas
abaixo, aquela que contém o motivo que poderia fazer a lei voltar atrás quanto a
matar um animal.

a) somente para ganhar tempo.


b) somente para salvar este animal.
c) somente em casos em que o guarda florestal autorizasse seu consumo,
mediante a declaração de captura para se alimentar.
d) somente em casos em que o guarda florestal participasse da captura e
autorizasse seu consumo.

132
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
e) somente para saciar a fome.

133
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

6) Aponte nas alternativas abaixo aquela que diz onde as pesquisas do ambiente
são focadas.

a) são focadas nos ambientalistas, pois eles são os únicos responsáveis pelo
sucesso do planeta.
b) são focadas nas condições de preservação das áreas desmatadas.
c) as pesquisas de um ambiente são focadas em elementos em longo prazo,
elementos que muitos ambientalistas consideram como herança
planetária.
d) as pesquisas de um ambiente anulam os elementos em longo prazo, pois
estes elementos são considerados??? pelos especialistas em ambiente.
e) o foco das pesquisas depende da abordagem feita pelos governantes no
processo de elaboração das leis.

7) A sigla IBAMA refere-se a qual das alternativas a seguir?

a) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente.


b) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis.
c) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais não
Renováveis.
d) Instituto Brasileiro do Meio e dos Recursos Naturais Renováveis
e) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Artificiais

134
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

8) Assinale a alternativa que não está de acordo com a tabela dos preços e
produtos cobrados pelo IBAMA.

a) licença ou renovação para transporte nacional de fauna silvestre.


b) licença ou renovação para exposição ou concurso de animais silvestres.
c) licença para importação, exportação ou reexportação de animais vivos,
partes, produtos e derivados da fauna.
d) autorização de queimada comunitária ao preço de R$ 15,00.
e) autorizações para supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente: até 50 ha.

9) Sabe-se que a destinação dos produtos e instrumentos da infração não era bem
definida. Neste caso, o que pode acontecer com o produto e o subproduto da
fauna e da flora?

10) O que disponibiliza a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998?

135
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

5 Gestão Ambiental e
Desenvolvimento
Sustentável

Princípios norteadores da Gestão Ambiental;

Associações de Administração Ambiental –


Compromissos;

Planos de Ações – Fundos Sociais e Ações


participativas;

136
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nesta unidade, estudaremos os processos e diretrizes que podem nos levar a


uma melhor compreensão sobre os caminhos da humanidade em relação ao
desenvolvimento sustentável, princípios norteadores, administrativos, planos de
ações e compromissos, enfim, como poderemos trilhar os caminhos do
desenvolvimento sem comprometer a segurança de futuras gerações.

Objetivo da unidade

 Compreender o conceito de desenvolvimento sustentável na esfera


do desenvolvimento econômico, sem comprometer a saúde do
ambiente, aumentando as perspectivas administrativas, os
compromissos e ações em prol de um desenvolvimento real e
comprometido com a sociedade, futuras gerações e, sobretudo, com
o ambiente.

Plano da unidade:

Princípios norteadores da Gestão Ambiental;

Associações de Administração Ambiental – Compromissos;

Planos de Ações – Fundos Sociais e Ações participativas;

Desenvolvimento Econômico – Desenvolvimento Sustentável.

Bons estudos

137
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Princípios norteadores da Gestão Ambiental

O que somos? De que somos feitos? De onde viemos? Através do tempo, o


homem aprendeu como dominar os elementos, o mundo em que vive, mas o
tempo ainda é, sem dúvida, o nosso maior mistério. Sabe-se que nós, homens,
viemos de minúsculas partículas que se uniram para formar nosso ancestral mais
distante ou não, somos feitos de alguns compostos químicos, os mesmos de várias
outras formas de vida que habitam este mesmo planeta. Viemos de um lugar
especial, um lugar hoje em processo de fragmentação pela ação antrópica, ação
que promove a destruição de nossa casa, nossa vida e futuro. O mundo de hoje é
repleto de conhecimentos, sabe-se que o homem começava a dominar o fogo há
50.000 anos e desde então os diferentes homens que habitaram o planeta
começaram a sua saga: desenvolvimento intelectual com a escrita, conhecimentos
agrícolas, metalurgia, conhecimentos náuticos, com isso, o homem expandiu seu
domínio aos quatro cantos da terra e logo o mundo já era todo conhecido. Com os
cinco continentes habitados por milhões de pessoas, fez-se necessário expandir a
agricultura e manufatura de utensílios e bens de consumo entre toda a população.

A Terra é o terceiro planeta no sistema solar, na ordem crescente a partir


do sol, possui apenas um satélite, a Lua, é dotada dos movimentos de translação —
ao redor do sol — e rotação, que descreve em torno de si mesmo um eixo
imaginário que passa pelo centro da gravidade do planeta e cujas extremidades
são os pólos norte e sul. Ambos os movimentos utilizados para a demarcação do
tempo: ano e dia respectivamente. Através do conhecimento desenvolvido entre
as ciências e sua evolução contínua, foi possível, através de estudos, dividir o
interior do globo em camadas desde o núcleo até a crosta terrestre ou camada
superficial que é composta por diferentes solos e dividida em grandes placas, as
quais sofrem alterações climáticas durante o ano (as estações determinam inícios e
fins de ciclos biológicos). Esta camada superficial é recoberta por uma extensa
quantidade de água que é de 1,35 bilhões de Km3 e, apesar de ser muita água,
apenas 8,6 milhões de Km3 são utilizáveis para o consumo humano e não são
distribuídos igualmente entre os continentes do planeta.

138
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

A terra possui um sistema eficiente de se autorreciclar e transformar vida


em vida. Os ecossistemas sustentados pela natureza selvagem a qual originou
todas as formas de vida do planeta se concentram espalhadas por todo o mundo,
mas não se deve esquecer que o mundo é um só e, quando uma parte está com
problemas, o mundo inteiro compartilha dos mesmos problemas e consequências.

Foi durante muitos anos que a fumaça (poluição) era indício de


progresso. E assim foi visto até que se começou a observar os danos e problemas
relacionados à destruição do meio em que vivemos. As águas e os solos
começaram a refletir problemas graves sobre a criatura mais notável do planeta —
o homem — e, com a intensificação desses processos a humanidade se viu em um
rumo sombrio e perigoso.

Então, as Nações Unidas resolveram realizar a primeira conferência


mundial sobre o meio ambiente, em 1972, em Estocolmo. A partir de então, muitos
paises da Europa e da América do Norte se viram obrigados a impor que muitas
empresas investissem parte de seus recursos financeiros para a reversão dos
problemas relacionados ao meio ambiente, pois se nada fosse feito a situação se
agravaria, denegrindo sua situação em um mercado mundial em que os
consumidores, agora munidos de leis e órgãos ambientais capazes de gerar regras
para controle de produção, venda e limites de poluição, levam as empresas a
buscar métodos e técnicas de minimizar seu danos.

Como resultado da conferência, foram elaborados modelos de ações e


medidas, entre eles o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, além de
colocar em evidência, com muita transparência, o papel das empresas na gestão
ambiental.

Em 1992, diante da realização da 2ª conferência mundial sobre meio


ambiente, no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, foi novamente colocado à
necessidade de se preocupar mais com os problemas gerados pela poluição
descontrolada e a preocupação de um mundo sustentável e em desenvolvimento,
revelando-nos um ar de preocupação sobre a realidade exposta ao mundo.

139
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Já em 2007, o mundo se deparou com a realidade: o mundo sofre e, dessa


vez, os culpados por uma possível extinção em massa seremos nós e, cada vez mais
o mundo vai pagar por ações inconscientes dos seres humanos. Faz-se necessário a
tomada de medidas enérgicas e emergenciais a cada dia. Ecossistemas perecem e
com eles espécies que simplesmente deixam de existir. Sem sombra de dúvida,
somos o agente mais destruidor do planeta, tão ferozes quanto meteoros que
caíram milhares de anos atrás, sendo a única diferença que o meteoro o fez em
curto espaço de tempo, e o homem pagará lentamente até um ponto irreversível, a
menos que se tome uma atitude em escala global.

A partir dessa percepção, vemos o mundo começar a mudar; os homens


precisam cuidar de suas casas, afinal sem o mundo não haverá um lugar para se
chamar de lar, não haverá um lugar para desfrutar a vida que nos foi concebida. As
medidas começam a emergir e a situação global pode mudar: as escolas, as
empresas e todos preocupados começam a reagir de maneira favorável para salvar
o mundo, atingir uma realidade que, antes imaginária, terá que se tornar real; um
mundo com desenvolvimento sustentável.

Gestão Ambiental – Seus Atores Sociais

Com a crescente e potente “humanização” do espaço ao nosso redor e, o


entendimento adquirido com o passar do tempo, os programas de gestão
ambiental desenvolvidos no mundo de hoje serão os responsáveis pelo dia de
amanhã. As normas internacionais e as medidas de cada país serão o que e o
quanto delimitará o progresso, a regressão da poluição hoje existente. É óbvio que
existem ações antrópicas que jamais poderão ser desfeitas, mas o atual desafio é
reduzir para minimizar os impactos e reciclar para reaproveitar, dando assim
continuidade ao ciclo de vida dos recursos utilizados.

Assim, pode-se concluir de forma límpida que a gestão ambiental tem por
objetivo fundamental um conceito que consiste em um conjunto de medidas e
procedimentos eximiamente definidos, que colocados de maneira correta,
permitem o controle total ou parcial sobre impactos dirigidos ao meio ambiente.

140
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O ciclo da gestão é necessário desde um início até seu contínuo


funcionamento, ou seja, um empreendimento empresarial deve ter por meta e por
respeito uma conscientização das leis, de ações e de medidas que queiram tomar
compromisso com o meio ambiente, desde sua fundação devem contemplar esse
sistema previamente definido. No caso de uma empresa já existente, o mesmo vai
acontecer só que de modo diferente: a partir do momento em que a administração
resolve assumir o compromisso será feito uma avaliação ambiental inicial que
indicará as normas e medidas a serem tomadas pela empresa.

É de grande importância ressaltar que parte da iniciativa de uma empresa


preservar o meio ambiente, mas é fundamental que os consumidores fiscalizem o
trabalho, pois de que vale o ecologista comprar um pacote de carvão para seu
consumo, se o carvão vem de uma produção irregular que desmata e provoca
incêndios?

As políticas ambientais tomadas pelo empreendimento devem colocar de


maneira formal o compromisso assumido perante a sociedade, delimitando suas
intenções e princípios em relação aos procedimentos relacionados ao desempenho
ambiental. É importante não só a sociedade, mas todos os colaboradores
assumirem o papel em conjunto. E que as melhorias oferecidas sejam contínuas,
tanto para o aspecto do meio ambiente como perante a legislação e normas
aplicáveis.

As empresas assumem como programas de marketing, a aplicação dos


sistemas de gestão ambiental (SGA), comprometendo-se com o meio ambiente
como uma forma de mostrar aos seus consumidores que cada vez mais a empresa
se preocupa com o mesmo.

O SGA tem que estar bem claro quanto a seus requisitos desde os
procedimentos mais básicos até seus procedimentos finais. Uma empresa tem que
estar em comum acordo com todos que trabalham com ela desde fornecedores até
seus consumidores, e o único jeito para que isto ocorra é através dos atores sociais
— os fiscalizadores — desde agentes públicos pagos pelo governo até mesmo um
simples consumidor que tenha conhecimento de seus direitos.

141
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

O trabalho do SGA tem como objetivo um serviço contínuo que deve ter como
meta a harmonia com o meio ambiente. Aqui no Brasil, temos a série de normas
NBR ISO 14000, em que um SGA provê ordenamento e consistência para que as
organizações abordem suas preocupações ambientais, através de alocação de
recursos, definição de responsabilidades e avaliação contínua de práticas,
procedimentos e processos. Ainda em conforme a NBR ISO 14004, os princípios
essenciais para orientar os responsáveis pela implementação ou aprimoramento de
um sistema de gestão ambiental incluem, mas não se limitam a:

 reconhecer que a gestão ambiental se encontra entre as mais altas


prioridades da organização;
 estabelecer e manter comunicação com as partes interessadas
internas e externas;
 determinar os requisitos legais aplicáveis e os aspectos ambientais
associados às atividades, produtos e serviços da organização;
 desenvolver o comprometimento da administração e dos
empregados no sentido da proteção ao meio ambiente, com uma
clara definição de responsabilidades e responsáveis;
 estimular o planejamento ambiental ao longo do ciclo de vida do
produto ou do processo;
 estabelecer um processo que permita atingir níveis de desempenho
visados;
 prover recursos apropriados e suficientes, incluindo treinamento
para atingir os níveis de desempenho visados, de forma contínua;
 avaliar o desempenho ambiental com relação à política, objetivos e
metas ambientais da organização, buscando aprimoramentos, onde
seja apropriado;
 estabelecer um processo de gestão para auditar , analisar o SGA e,
para identificar oportunidades de melhoria do sistema e do
desempenho ambiental resultante;
 estimular prestadores de serviços e fornecedores a estabelecerem
um SGA.

142
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Os empreendimentos podem considerar diferentes usos para as normas de


SGA, a saber:

 utilizando a NBR ISO 14001 – sistema de gestão ambiental –


especificação e diretrizes de uso para obter a certificação/registro
por terceira parte ou a autodeclaração do SGA de uma organização;

 utilizando esta norma ou partes dela, para iniciar e/ou aprimorar seu
SGA. Ela não é destinada para fins de certificação /registro;

 utilizando esta norma como uma diretriz ou a NBR ISO 14001 ,como
uma especificação para reconhecimentos por segunda parte, entre
partes contratantes, o que pode ser apropriado para algumas
relações comerciais;

 utilizando documentos ISO relacionados.

Para a escolha, são dados diversos fatores, entre eles o da política da empresa,
o tempo da existência do empreendimento, várias vantagens e/ou desvantagens e
o porte da organização. Nos últimos tempos, vem sendo muito considerado a
implementação destas normas a empresas de pequeno e médio porte, pois
realçam o compromisso com a seriedade da organização perante a realidade
ecológica que vive o planeta.

Existem muitos benefícios para empresa ao obter um SGA: desde rendimentos,


com a redução de taxas e impostos, como uma melhor imagem ao público bem
como assegurar qualidade e satisfação.

Portanto, torna-se óbvio que o SGA é uma peça imprescindível para o


desenvolvimento social do planeta para promover ações de beneficio mútuo entre
empreendimento e sociedade, preservando o meio em que se vive, podendo assim
levar a uma conscientização comum a todos.

143
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Associações de Administração Ambiental – Compromissos

Cada país deveria por compromisso ao ecossistema chamado Terra, dar


atenção aos assuntos relacionados ao meio ambiente, mas não é essa a realidade
existente no planeta. Em paises subdesenvolvidos, encontra-se muita miséria e a
ganância humana compele mais ainda para a degradação do meio ambiente do
que para sua proteção e recuperação.

O Brasil, por exemplo, possui um ministério relacionado ao meio


ambiente e para cada um dos 27 estados federativos há um órgão público de
responsável por seu respectivo território, havendo ainda um órgão federal para
todo o país e ainda podem se considerar as secretarias municipais de cada
município brasileiro. Sabe-se que, por muito tempo, estes estiveram sem
credibilidade e viram-se problemas estruturais e operacionais, mas com as
conferencias mundiais e com a pressão voltada sobre a proteção do meio
ambiente, o Brasil começou a ganhar fôlego, começou a desenvolver medidas para
corrigir e transformar sua realidade em outra totalmente diferente. Com a ajuda de
outros ministérios e com apoio da polícia federal, o Ministério do Meio Ambiente
(MMA) desenvolve e reparte operações para preservação, além do
desenvolvimento do meio ambiente.

Através de imagens via satélite e com forças conjuntas, os envolvidos


conseguem agir mais e possibilitam mais ações, através da lei de crimes ambientais
(Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) proposta então pelo ex-presidente
Fernando Henrique, com auxilio do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), grande parte das
práticas inerentes ao meio ambiente vem sendo retalhadas.

Entre outras, conta-se com a participação massiva de ONGs, organizações


não governamentais, que auxiliam na educação ambiental e social, levando o
conhecimento necessário para milhares de pessoas que precisem entender o
porquê salvar o planeta e preservar a natureza a todo custo. Outras ONGs auxiliam
diretamente com trabalhos diretos ao meio ambiente o que é de grande valor para
humanidade.

144
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Planos de Ações – Fundações Sociais e Ações


Participativas

O que são planos de ações? Bom, o tema é sugestivo, porém não tão
simples. Os planos de ações variam de lugar para lugar, de meta para meta e cabe
ao problema ou à solução dizer qual será o plano e suas respectivas funções sociais,
ações participativas.

Coloquemos a Baía de Guanabara, localizada no Estado do Rio de Janeiro:


sabe-se que, muitos anos atrás (50 anos), havia mamíferos aquáticos (cetáceos),
conhecidos por golfinhos, Tursiops trucantus, e hoje não há registros de frequentes
presenças no mesmo local, mas a pergunta é: o que houve? Houve um desenfreado
crescimento industrial seguido de grande ocupação irregular nos espaços
geográficos presentes em entorno da Baía, sem considerar as indústrias que se
instalaram ao longo do mesmo estado, contaminando os afluentes que
desembocam naquela baía. Gerando uma grande quantidade de poluentes
dispersos na água, uma “fuga” da fauna local, dando espaço para o lixo e a
degradação. Porém onde estão os planos de ação? As ações participativas? Sabe-se
que os órgãos públicos começaram a tomar iniciativas, mas ainda não há uma
participação real do público mais interessado, que são os residentes daquele
estado, pois quando a sociedade tiver noção de que tem direito de cobrar pela
preservação do meio que os rodei, as atitudes começarão a ser tomadas.

Na Lei nº. 6.938 de 31 de agosto de 1981 (*Regulamentada pelo Decreto


n. 99.274, de 06/06/1990. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e Mecanismos de Formulação e Aplicação, dá outras Providências) em seu art.
2º. Diz que a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar
no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da igualdade da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios:

145
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,


considerando o meio ambiente como um patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o
uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para
o uso racional e à proteção dos recursos ambientais;
VII. acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas;
IX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental para todos os níveis do ensino, inclusive para
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.

Observando estes princípios, é claro que, se fossem colocados em prática, não


poderia existir essa quantidade descomunal de poluição que observamos, porém a
prerrogativa para aplicá-las é a falta de recursos financeiros.

O Brasil desfruta de uma gama gigantesca de profissionais da área em plena


formação e já formados, o que falta é a política entrar em prática. Há a necessidade
de observar e buscar meios capazes de ajudar o meio, sem prejudicar o homem.

146
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Desenvolvimento Econômico – Desenvolvimento


Sustentável

O real significado do desenvolvimento sustentável está relacionado com o dia


de amanhã, pois o mesmo depende do desenvolvimento econômico atual, porém
a próxima geração não deve ser prejudicada em função da nossa inconsequência e
irresponsabilidade. Temos que garantir condições de sobrevivência para todas as
espécies do planeta.

Para atender a real necessidade será necessário atingir metas, e essas


variam de sociedade para sociedade, pois como já fora dito, dependerá
exclusivamente do grau de conhecimento e da capacidade de agir de cada uma.

Entre os objetivos podemos citar:

 conservação;

 preservação;

 atuação responsável;

 educação;

 conscientização;

 qualidade.

Todas as metas anteriormente relacionadas são de vital importância para se


atingir a verdadeira essência do desenvolvimento sustentável. E todas elas se
entrelaçam, pois somente com a conservação dos recursos atuais e sua
preservação permanente, sendo regida pelos órgãos competentes, pela educação
ambiental garantida pela lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999, em que todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente,
garantirão, por consequência, a qualidade do meio ambiente em que vivemos e o
que nossa descendência viverá.

147
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

LEITURA COMPLEMENTAR:

Braga, Benedito et al. Introdução a engenharia ambiental, 2ª ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2005.

Santos, Rozely Ferreira dos. Planejamento Ambiental: Teoria e prática. São


Paulo: Oficina dos Textos, 2004.

Valle, Cyro Eyder do. Qualidade Ambiental: ISO 14000, 6º ed., São Paulo:
Editora Senac, 2002.

Caro aluno, chegamos ao final de um período de aprendizagem que, por


diversos meios, podemos observar a necessidade e urgência no contexto
planetário de promover modificações em nossa conduta no que se refere ao
ambiente em que vivemos. Promover ações concretas e palpáveis, no trato com os
recursos naturais, pois, só assim poderemos cerrar fileiras no processo contínuo de
desenvolvimento econômico com total sustentabilidade e, a partir desta conduta,
trabalhar para devolver ao planeta, sua beleza e diversidade, garantindo o futuro
de todos os seres vivos e não vivos nesta esfera de existência. Até breve e sucesso!

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

148
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

149
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Exercícios – Unidade 5

1) Qual era a relação entre o homem e a natureza, nos primórdios da vida humana
sobre a terra?

a) O homem exercia e controlava a natureza.


b) O homem dependia das forças da natureza, dela se beneficiava e intervia
nos elementos naturais.
c) O homem era controlado pelas forças da natureza.
d) O homem iniciava a destruição significativa dos bens naturais.
e) O homem já tinha uma consciência elaborada da importância dos bens
naturais.

2) Podemos afirmar que nas relações do homem com o meio ambiente existem:

a) danos e prejuízos ao meio ambiente que já eram significativos antes da


idade moderna (séc. XVIII / XX).
b) danos e prejuízos à natureza pela só motivação jurídica, não econômica,
nem social.
c) danos e prejuízos à natureza, em escala significativa, decorreram do
industrialismo e do crescimento populacional.
d) danos e prejuízos à natureza, porque só são considerados como
significativos a partir do momento em que a lei estabeleceu infrações
ambientais.
e) danos e prejuízos à natureza que resultam de lesões causadas por forças
naturais, não tendo a intervenção humana condições de influir,
significativamente, no desequilíbrio e na degradação dos elementos
naturais.

150
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

3) Abaixo seguem alguns itens referentes aos princípios que devem ser atendidos
pela política nacional do meio ambiente. Aponte nas alternativas abaixo aquela
que não apresenta esses princípios.

a) ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,


considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.

b) racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.

c) planejamento e fiscalização do uso dos recursos antrópicos.

d) proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas.

e) controle e zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente


poluidoras.

4. O que podemos dizer sobre o conceito de desenvolvimento sustentável?

a) Que decorre da prioridade ao desenvolvimento econômico desde que,


através da economia, se obtenham benefícios sociais.

b) Que decorre da prioridade ao desenvolvimento econômico, na medida


em que se preservam os bens da natureza úteis ao desenvolvimento da
economia.

c) Que decorre da função social da propriedade urbana ou rural.

d) Que decorre do equilíbrio entre a atividade econômica e a utilização dos


recursos naturais no desenvolvimento.

e) Que decorre da própria “natureza” humana que, em qualquer época


sempre esteve sensível à necessidade de preservar os bens da natureza.

151
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

5) A sigla SGA refere-se:

a) sociedade gestora ambiental.


b) sociedade de gestão do ambiente.
c) serviço gestor do ambiente.
d) serviço de gestão ambiental.
e) sistema de gestão ambiental.

6) Assinale a alternativa que expressa o objetivo fundamental da gestão ambiental.

a) estabelecer um conjunto de medidas e procedimentos eximiamente


definido que se colocado de maneira correta, permite o controle total ou
parcial sobre impactos dirigidos ao meio ambiente.
b) formar um conceito que consiste em um conjunto de medidas e
procedimentos que permite ocasionalmente o controle total ou parcial
sobre impactos dirigidos ao meio ambiente
c) formar ações governamentais que se permita controlar tudo que saia do
poder legislativo e tudo que se refira ao ambiente.
d) formar ações governamentais que tenham efetivo controle sobre a
propriedade privada e pública.
e) estabelecer medidas e procedimentos normativos definidos que se
colocados de maneira correta, permitem o controle parcial sobre
impactos dirigidos ao meio ambiente.

152
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

7) Abaixo seguem os princípios essenciais para orientar os responsáveis pela


implementação ou aprimoramento de um sistema de gestão ambiental em uma
organização, exceto:

a) reconhecer que a gestão ambiental se encontra entre as mais altas


prioridades da organização.
b) estabelecer e manter comunicação com as partes interessadas internas e
externas.
c) determinar os requisitos legais aplicáveis e os aspectos ambientais
associados às atividades, produtos e serviços da organização.
d) delimitar o comprometimento da administração e dos empregados no
sentido da proteção ao meio ambiente, com uma distinta definição de
responsabilidades e responsáveis.
e) estimular o planejamento ambiental ao longo do ciclo de vida do produto
ou do processo.

8) Todas as metas abaixo indicadas são de vital importância para se atingir a


verdadeira essência do desenvolvimento sustentável. Aponte a alternativa que não
representa essa essência.

a) conservação.
b) elaboração.
c) preservação.
d) atuação responsável.
e) educação.

9) Em que ano e em que lugar foi realizada a 1ª conferência mundial sobre o meio
ambiente e o que se apresentou como resultado?

10) Escreva a quantidade de água estimada que recobre as regiões superficiais do


planeta e mencione também a quantidade própria para o consumo humano.

153
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

154
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Considerações Finais

Concluímos aqui o trabalho de aprendizagem em Gestão Ambiental Do


Desenvolvimento Sustentável. Ao longo das unidades de estudo você aprendeu
sobre a ecologia e meio ambiente, o significado e utilização de seus termos, como
proceder em ambientes naturais e artificiais. Descobriu também situações de
danos à qualidade de vida, tais como poluição, degradação do ambiente, conheceu
vários ecossistemas, sobretudo os brasileiros e tomou parte no conhecimento das
situações de desequilíbrio e saque ao ambiente ocasionado na sua grande maioria
por ações antrópicas. Além disso, conheceu possíveis soluções, tomou
conhecimento de leis que protegem e fornecem subsídios para que como
profissional ou até mesmo ser social interaja no processo de intervenção, ou
mesmo, recuperação do ambiente.

A Universo Virtual o parabeniza por ter concluído seus estudos, aumentando


sua bagagem de conhecimentos e habilidades que irão beneficiá-lo por toda a
vida.

Mas a aprendizagem não para por aqui, mantenha o hábito de ler, atualize-se
sempre e não se esqueça de praticar o que foi aprendido.

Sucesso!

155
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

156
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Conhecendo o Autor

Cláudio Augusto Vieira Rangel

Bacharel em Biologia Marinha pela Faculdade Maria Thereza- FAMATH,


licenciado em Ciências Físicas, Químicas e Matemáticas pela UNIVERSO. Especialista
Latu-Sensu em Docência do Ensino Superior – UNIPLI. Mestre Strictu-Sensu em
Educação- UNIVERSO. Mestre Strictu-Sensu em Ensino de Ciências da Saúde e do
Ambiente- UNIPLI, professor-tutor da disciplina on-line Ecologia I e Gestão
Ambiental Desenvolvimento Sustentável do Departamento de Ensino a Distância
da Universidade Salgado de Oliveira.

157
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

158
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Referências

ANDRADE, Rui Otávio B. de; Tachizawa, Takeshy; de Carvalho, Ana Barreiros.


Gestão Ambiental – Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento
Sustentável. São Paulo: MAKRON Books, 2000.

BRAGA, Benedito et al. Introdução a engenharia ambiental, 2ª ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2005.

DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3ª ed. São Paulo,


1995.

DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. 8ª ed. São


Paulo: Gaia, 2003.

DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente 5ª edição Ed.


Bertrand Brasil, 2002.

GÜNTER, Fellenberg. Introdução aos problemas da poluição ambiental. 2ª


ed. São Paulo: EPU: Universidade de São Paulo, 1980.

LOPES, Sônia. Bio. Volume Único. 1ª ed. São Paulo: Saraiva,1999.

ODUM, Eugene P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara,1988.

PENNA, Carlos G. O Estado do Planeta. Sociedade de Consumo e


Degradação Ambiental. Rio de Janeiro: Record, 1999.

SANTOS, Rozely Ferreira dos. Planejamento Ambiental: Teoria e prática. São


Paulo: Oficina dos Textos, 2004.

SEIFFERT, Mari Elizabete B. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de ação e


educação ambiental. São Paulo: Atlas, 2007.

VALLE, Cyro Eyder do. Qualidade Ambiental: ISO 14000, 6º ed., São Paulo:
Editora Senac, 2002.

159
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

160
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

A nexos

161
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Gabarito

Unidade 1

1-d
2-c
3-a
4-d
5-d
6-c
7-b
8-b

9) Resposta pessoal, pois depende da região onde o aluno se encontra.

10) É o sinônimo da perfeita interação entre os processos biológicos, geológicos,


físicos e químicos.

A natureza, com perfeição e sabedoria, movimenta-se nas terras, se propaga


nos mares e flui na atmosfera produzindo formatos e sons que traduzem a sua
serena e turbulenta produção. Além disso, por causa dos seus mistérios recônditos,
batimentos de ondas e trovoadas, não significam de maneira alguma um tipo de
desequilíbrio.

162
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Unidade 2

1- b

2-c

3-d

4-c

5-c

6-e

7-a

8-b

9) Processo de destruição do potencial produtivo da terra nas regiões de clima


árido, semiárido e subúmido seco, reduzindo ou anulando sua capacidade de
recuperação.

10) Eliminação da vegetação natural, estímulo dos processos erosivos, mudanças


nas características de drenagem por cortes e aterros, geração de lixo, geração de
esgoto doméstico.

163
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Unidade 3

1-e
2-b
3-c
4-d
5-b
6-c
7-a
8-e
9) A poluição aquática é principalmente provocada por poluentes de ambientes
urbanizados. Ela é mais alarmante que a poluição atmosférica porque é mais
rápida. Os esgotos e as águas de escorrência de atividades humanas como a
fertilização e a aplicação de pesticidas são fontes de contaminação. A bactéria
Escherichia coli é responsável pela degradação dos coliformes fecais das fezes
provenientes de esgotos. Os detergentes artificiais possuem substâncias orgânicas
de difícil biodegradação. Eles servem de substratos para microorganismos que
provocam a eutrofização. A eutrofização é a alteração ambiental que ocorre com a
disponibilidade de muitos nutrientes carreados para a coluna d’água,
possibilitando o desenvolvimento e a proliferação destes microorganismos. A
decomposição de materiais e CO2 conduzem ao maior consumo de oxigênio e
todos os organismos que precisam de oxigênio morrem. Os seus restos servem de
alimento para as bactérias anaeróbias. Elas decompõem este material orgânico e
formam gases de putrefação como o metano (CH4), a amônia (NH3), o dissulfeto de
carbono (CS2) e gás sulfúrico (CS2). Estes gases são nocivos aos animais aeróbios
(como os peixes que morrem) e ao homem, além de contribuírem para a formação
de chuvas ácidas (igualmente tóxicas para os seres vivos). O petróleo forma uma
película fina que prejudica a troca gasosa entre a água e o ar, alterando o ambiente
aquático e gerando o desequilíbrio ecológico. Os metais pesados despejados nas
águas por muitas indústrias de vários ramos podem danificar seriamente a nossa
saúde e de outros seres vivos da cadeia alimentar, como os moluscos e os peixes
que nós consumimos. O efeito nocivo destes metais inorgânicos é lento, mas
podem levar à morte.

164
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

10) A desigualdade social e pobreza, e violência. O ser humano é um ser integrante


da natureza e precisa dela para sobreviver. Qualquer fator que prejudique a nossa
saúde pode ser considerado um agente de poluição ambiental.

Unidade 4

1-a
2-b
3-b
4-d
5-e
6-c
7-b
8-d

9) Podem ser doados ou destruídos, e os instrumentos utilizados quando da


infração podem ser vendidos.

10) Ela dispõe sobre as sanções penais, administrativas derivadas de condutas,


atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.

165
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Unidade 5

1-b

2-c

3-c

4-d

5-e

6-a

7-d

8-b

9) Em 1972, em Estocolmo, na Suécia, os resultados foram os seguintes: elaboração


de modelos de ações e medidas, entre eles o programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, além de colocar em evidência com muita transparência, o papel das
empresas na gestão ambiental.

10) Cerca de 1,35 bilhões de Km3, apesar de ser muita água, apenas 8,6 milhões de
Km3 são utilizáveis para o consumo.

166

Você também pode gostar