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Introdução ao espaço

geográfico na análise
econômica
Cap. 1 – Pires et al.
• Os conceitos de economia regional foram negligenciados pelos economistas
clássicos.
• Se deu mais importância para o tempo do que para o espaço.
• A partir da década de 1950 é que alguns conceitos passaram a se consolidar.
• Começou-se a reconhecer que o espaço muitas vezes explicava a localização de
algumas indústrias e o porque alguns lugares crescem mais do que os outros.
• Vamos ver alguns desses conceitos.
Definições
• ECONOMIA ESPACIAL
• A Economia Espacial se refere à análise da questão “o que”
está “onde” e “por quê”.
• Cumpre à análise espacial estudar os tipos específicos de
atividades econômicas, suas localizações em relação a outras
atividades econômicas.
• Para se realizar a análise espacial é necessário convencionar unidades básicas
de observação adequadas.
• Na análise espacial são feitas duas distinções essenciais: a análise locacional
e a análise regional.
• A análise locacional se refere à decisão de onde se localizar dos agentes
econômicos.
• Seu objetivo é pesquisar localizações alternativas em pontos quaisquer do
espaço, visando a eficiência econômica da unidade em questão. (Análise
microeconômica)
• A análise regional se preocupa com os agrupamentos ou aglomerações
de atividades econômicas, sociais, políticas e administrativas inter-
relacionadas, dentro de áreas geográficas.
• Nesse caso se utiliza de instrumentos macroeconômicos e métodos e
modelos agregativos.
Definições
• ECONOMIA REGIONAL
• A Economia Regional compreende o estudo da diferenciação
espacial, das inter-relações entre as áreas dentro de um sistema
nacional de regiões, enfrentando um universo de recursos
escassos, desigualmente distribuídos no espaço e
imperfeitamente móveis.
• REGIÃO
• O conceito de região não é universal, visto que um mesmo conceito não
consegue atender a geógrafos, cientistas políticos, economistas,
antropólogos, etc.
• O espaço é um elemento contínuo e qualquer espaço parcial é uma
simplificação seletiva, implicando um propósito ao incluir algumas coisas e
excluir outras.
• Um aspecto importante a se ressaltar é que o conceito de região deve ser
dinâmico.
Espaço econômico

• Perroux desenvolve um conceito de espaço econômico, visando estudar


as relações e interdependências em um sentido genérico e abstrato.
• Os espaços econômicos (abstratos) têm origem na atividade humana.
• As relações que se estabelecem quando seres humanos atuam sobre um
espaço geográfico na busca de sobrevivência e conforto dão origem aos
espaços econômicos.
• Assim, os espaços econômicos são espaços abstratos constituídos por
relações de natureza econômica, como produção, consumo, tributação,
investimento, exportação, importação e migração.
• Perroux estabelece três diferentes conceitos de espaços econômicos:
• Espaço de planejamento
• Espaço polarizado
• Espaço homogêneo
• Espaço de planejamento é o espaço econômico definido
por um plano ou programa de ação – corresponde às áreas
nas quais suas várias partes são dependentes de uma
decisão central.
• O espaço de planejamento de uma empresa é o território
abrangido por suas decisões de compra e de venda.
• O espaço de planejamento de um órgão público é
representado pelo território sobre o qual exerce suas
atividades.
• Espaço polarizado é o espaço econômico como um campo de forças
–É constituído por focos onde se concentram as atividades
econômicas, sociais, políticas e administrativas, inter-relacionados
com outros pontos do espaço em uma relação de dominação.
• O nome região polarizada traz implícita a ideia de um polo.
• E a partir desse polo, as funções que os subespaços desempenham
podem ser hierarquizadas de forma decrescente
• As áreas metropolitanas constituem exemplo muito claro de espaço
polarizado.
• Essas áreas são constituídas por um grande polo urbano que concentra
as indústrias, comércio e serviços, em torno do qual gravitam centros
menores cuja população aufere renda e realiza despesas quase que
exclusivamente no grande centro.
• Por isso, esses centros menores são frequentemente denominados
cidades satélites ou cidades dormitórios.
• Espaço homogêneo – é definido de acordo com algum
aspecto econômico de interesse.
• São espaços que apresentam características
semelhantes, tanto espacial quanto produtiva.
• Quanto mais específico o critério menor a região.
• Exemplo: Região de minérios nas proximidades de
Curitiba não seria uma região homogênea se
utilizássemos o critério do tipo de minério.
• As regiões seguem a mesma denominação que os espaços
econômicos: regiões homogêneas, regiões polarizadas e
regiões-plano ou programa.
• Essas três definições de região não são mutuamente
exclusivas.
• De fato, as diversas formas de classificação de região não
passam de simples variações do critério de homogeneidade.
• A questão é definir que tipo de homogeneização se deseja
obter.
• É preciso tomar cuidado na diferenciação entre espaço geográfico e
espaço econômico, pois é sempre recomendável considerar as
características geográficas, ou seja, a localização bem definida dentro
dos limites políticos-administrativos da nação.
• Em outras palavras, o espaço econômico é o resultado da aplicação de
um espaço matemático abstrato em um espaço geográfico concreto.
(Jacques Boundeville)
Regiões Político – Administrativas

• O território nacional está dividido em 27 unidades


federativas: 26 estados e 1 Distrito Federal.
• Os estados estão subdivididos em municípios: 5570.
• As estatísticas produzidas no Brasil observam essa divisão
geopolítica.
• Se utilizar a métrica de Estado, muitas vezes pode ser
insatisfatório, porque os territórios estaduais constituem
espaços geográficos muito diferenciados e heterogêneos.
• Exemplo: COVID
• Dentro do estado do Paraná há outras subdivisões:
• Regional de Saúde:
• São 4 macrorregionais de saúde que abrangem as 22
regionais de saúde.
• Francisco Beltrão faz parte da macrorregional Oeste e
da 8ª Regional de Saúde.
Meso e microrregiões
• As mesorregiões são estabelecidas com base no conceito de organização
espacial, e em seguida são desmembradas em microrregiões.
• MESORREGIÃO – área individualizada em uma UF, que apresenta
formas de organização do espaço geográfico definidas pelas seguintes
dimensões:
• Processo social, como determinante;
• Quadro natural, como condicionante;
• Rede de comunicações e lugares, como elemento de articulação espacial.
• As microrregiões resultam da subdivisão das mesorregiões em espaços
que apresentam especificidades, basicamente relacionadas à produção.
• O conceito de estrutura de produção é abrangente, englobando além da
produção propriamente dita, distribuição, troca e consumo de atividades
urbanas e rurais.
Mesorregiões
do Paraná

Fonte: https://suportegeografico77.blogspot.com/2019/07/mapa-mesorregioes-do-parana.html
• A mesorregião Sudoeste do Paraná é subdividida em 3 microrregiões:
Capanema, Francisco Beltrão e Pato Branco .
• Curiosidade: A microrregião de Palmas pertence ao sudoeste
paranaense pela lei do estado e pela definição do IBGE pertence à
mesorregião Centro Sul.
• Sudoeste do Paraná tem 37 municípios pelo IBGE e 42 pela lei estadual
nº 15.825/08.
Espaço Geográfico

• Qualquer economia, qualquer sistema de mercado depende da interação


social e portanto da interação espacial.
• Como o tempo, o espaço geográfico é uma variável inevitável com a
qual o homem convive.
• Tentaremos compreender, definir e analisar como as famílias e as
empresas se organizam em função das condições impostas pelo espaço
geográfico.
A noção de espaço na análise
econômica

• Mas primeiro vamos definir espaço, que é uma variável que comporta
toda a atividade humana.
• Normalmente se utiliza o termo espaço para designar uma realidade
abstrata mais geral que engloba um todo sem se deter a
particularidades.
• Será utilizado o termo espaço nesse sentido abstrato, de acordo com a situação que
estará sendo analisada.
• Território será outro termo que será utilizado, em um sentido mais jurídico, quando
nos referirmos a espaço de intervenção política em uma realidade concreta
socioeconômica, histórica e política.
• O espaço geográfico, ou seja, o lugar, a localização, suas características mudam a
percepção e a decisão dos agentes econômicos, afetando o modo como interagem
entre si.
A distância
• O espaço geográfico, e mais especificamente a distância, implica em
custos, tanto para as famílias quanto para as empresas.
• Percorrer uma distância que separa dois pontos no espaço geográfico
exige esforço, recurso e tempo.
• Exemplos: custos de transporte de mercadorias, custos de comunicação
e informação, custos de deslocamento de pessoas.
• Quanto maior a distância, maiores serão os custos.
• Outro fator que podem alterar essa percepção de distância é a fronteira política,
diferença cultural, diferença social.
• Esses fatores acentuam o impacto da distância geográfica sobre o
comportamento da população e das empresas.
• Exemplo: moramos perto geograficamente da fronteira com a Argentina, no
entanto, as barreiras comerciais e trabalhistas que existem são potencialmente
maiores do que cidades que se localizam no Brasil e possuem a mesma
distância.
• Para facilitar, por enquanto nos limitaremos a uma questão geográfica
de distância.
• Custos de transporte abarca diversos custos envolvidos para se transpor
uma distância, incluindo, por exemplo, custos de oportunidade.
• Vamos ver um exemplo da relação da distância e o preço do produto para
uma dada empresa, onde serão incorporados os preços o custo de transporte.
• Esses custos podem ser pagos diretamente pelo consumidor ao buscar o
produto na origem ou ser pago pelo produtor sob a forma de custos reais de
transporte e distribuição.
• Os custos devem retratar os custos de oportunidade do tempo relacionado ao
deslocamento da mercadoria de um local para outro.
P

Custos de
Transporte
P3

P2

P1
Custos de produção
por unidades

d Distância
d’
• Quanto mais inclinada a curva de custos de transporte, mais sensível são os
custos de transporte à distância, e mais caro será transportar o produto.
• As empresas e as famílias buscam minimizar o custo de transporte.
• Quanto mais próximos estão os agentes econômicos, menores os custos.
• Consumidores situados mais próximos à origem do gráfico serão mais
beneficiados, isso afeta o custo do solo.
• Por que o aluguel é mais caro nas grandes aglomerações?
• Porque nesses lugares os agentes reduzem o custo de transporte e de interação
social.
• Esse exemplo é uma simplificação da realidade porque os custos de
transporte normalmente não são lineares, porque o espaço geográfico
não é homogêneo.
• Isso implica em curvas mais inclinadas para algumas regiões e menos
inclinadas para outras.
• Além disso, existem “quebras”, ou seja, interrupção do deslocamento
que elevam o custo de transporte.
• O que seria essa “quebra”?
• Essas “quebras” podem acontecer devido a uma fronteira geográfica ou
política, ou por mudança no tipo de transporte.
• A escolha da forma de transportar implica diretamente nos custos.
• A Figura a seguir mostra a elevação do custos causada por “quebra” no
transporte.
Custos
Custo de entrega com
interrupção de transporte

Custo de entrega sem


interrupção de transporte

Custos fixos
no terminal

h Distância
Curvas de custos para diversos modos de transporte.

Custos

Avião Caminhão

Trem
Barco

Distância
• Os interceptos do eixo vertical mostram que o custo fixo do transporte depende do tipo de
transporte utilizado para o deslocamento da mercadoria.
• A inclinação diferente das curvas mostram que os custos por quilômetro não aumentam
proporcionalmente para os diferentes tipos de transporte.
• Para transportes de curtos trajetos é mais vantajoso caminhão, para trajetos intermediários,
a ferrovia é mais vantajosa e para longos trajetos o transporte marítimo é mais barato.
• O transporte aéreo dificilmente é rentável, exceto para produtos de grande valor agregado e
muito perecíveis. Exemplo: vacinas.
• Com raras exceções, as grandes cidades industriais tendem a se
localizar próximas a vias fluviais.
• Exemplo: na América Latina há pouco transporte marítimo
desenvolvido no interior, assim, as indústrias tendem a se localizar
próximas ao litoral.
• Assim, a indústria tende a se localizar próximas aos portos, a menos
que outros fatores a leve para outras direções.
• Quais fatores?
• Geográficos e climáticos – em alguns casos, a atração pela região
costeira pode ser compensada pela falta de condições adequadas
produção nessas proximidades.
• Economias de Escala – o custo não aumenta proporcionalmente à
distância. Por exemplo, uma viagem de 100km não custa o dobro que
uma viagem de 50km.
• Quando traçamos a curva de custo de transporte, desconsideramos esse
fato.
• A inclinação da curva de custos de transportes deve diminuir à medida
que a distância aumenta.
Custos de transporte com economia de escala
P

T=Custos fixos
+variáveis

Custos
Variáveis

Custos fixos

Distância
• Outro fator sobre as economias de escala do transporte, os custos não
aumentam de maneira proporcional à quantidade transportada.
• Por exemplo, um vagão de trem utilizando apenas 60% da capacidade
significam custos unitários elevados.
• Assim, utilizar a capacidade máxima dos meios de transporte é uma
forma de reduzir custo de transporte.
A centralidade

• O termo centralidade refere-se a um sentido geográfico em um sentido


de centralização da produção em um lugar.
• A produção de um bem ou serviço pode ser centralizada ou dispersa,
dependendo do resultado de duas forças opostas: custos de transporte e
economias de escala.
• As empresas buscam maximizar as economias de escala e minimizar os
custos de transporte.

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