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A teoria do espaço turístico
1. Introdução
2. O conceito de região
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Ver capítulos 4 e 5
econômicos (a produção, o transporte, o comercio, etc.) e de desenvolvimento social (a
alfabetização, a moradia, a saúde, os salários etc.) são similares.
Sendo os indicadores similares, as regiões adquirem uma determinada
identidade, que leva a qualificar seu espaço como homogêneo e contínuo. Essas
qualidades, válidas para a análise econômica, não podem ser transpostas para o espaço
físico porque, como vimos, na realidade, em maior ou menor grau, muitos elementos
materiais de natureza diversa compartilham uma mesma unidade espacial. A diferença
entre uma e outra concepção está em que, para a teoria do desenvolvimento regional, a
homogeneidade refere-se a semelhança de indicadores econômicos, embora a expressão
física dos elementos medidos careça de continuidade espacial.2
Ao considerar a tendência dos bens e serviços de ficarem concentrados em
alguns conglomerados urbanos e em sua capacidade de estender sua influência para
alem dos limites urbanos, alcançando uma parte do espaço rural que os rodeia, surge
outra qualidade das regiões, que é sua polarização. Essa forma de conceber o
funcionamento de uma região em torno de centros gravitacionais e de seus raios de
influência será retomada adiante, quando se detalhar a teoria do espaço turístico.
Resta mencionar um último tipo de região, surgida no momento em que os
sistemas de planejamento optam por atuar em certos espaços geográficos que
consideram estratégicos. Essas partes do território, que encontram seu tamanho e limites
em decisões político-econômicas, denominam-se região-plano ou região-programa.
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O espaço econômico não pode ser medido fisicamente porque tem N dimensões; por conseguinte, suas
magnitudes devem ser estudadas pela topologia – que é um ramo das matemáticas, especializada no
conhecimento das propriedades do espaço – unicamente sob seu aspecto qualitativo, descartando toda
idéia de medida. Estritamente, o espaço econômico é abstrato, já que existe a partir de uma série de
relações entre fatos e situações que não têm realidade física.
expansão da humanidade, em termos quantitativos, trouxe como consequência a
competição pelo espaço nas áreas de terra em exploração e o avanço rumo à conquista
de outras partes incultas.
Seu campo de ação é toda a superfície da terra, seu objetivo é a organização do
espaço e sua função é a de aperfeiçoar o uso atual, procurando fazer com que não entre
em crise pelo esgotamento prematuro dos recursos não-renováveis e pela exploração
irracional dos renováveis. Em outro plano de ação, deve determinar a potencialidade de
adaptação do solo, mediante a medição de sua capacidade de absorver a expansão dos
sistemas produtivos atuais, provocada pela multiplicação de necessidades criadas pelo
mundo moderno.
Reduzindo as possibilidades de aplicação do planejamento físico às mais gerais,
podemos dizer que são duas:
a) Espaço plano: tem duas dimensões (comprimento e largura) e serve para conhecer o
tamanho de coisas como a capa de um livro ou o piso do corredor de um hotel.
b) Espaço volumétrico: tem três dimensões (comprimento, largura e altura) e refere-se à
forma dos corpos com massa, como um livro ou a forma de um vazio, como o corredor
de um hotel.
c) Espaço tempo: reúne as três dimensões anteriores a uma nova, representada pelo
tempo que um observador demora para percorrer um espaço, como o corredor de um
hotel, ou para apreciar um volume, como as pirâmides de Chichén Itzá, no México.
Depois de analisar esses três tipos de espaço, vemos que o espaço físico tem três
dimensões, e só adquire a quarta dimensão no momento que o homem intervém como
observador, o que equivale a dizer que a quarta dimensão é subjetiva.
A existência da quarta dimensão é um dado muito importante se considerar no
planejamento do uso dos atrativos turísticos, porque um estudo minucioso da qualidade
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Vale a pena lembrar o conceito de espaço dos chineses, que diziam que a forma de um copo está em seu
vazio.
espacial de cada lugar deve servir para traçar os percursos ideais e para calcular os
tempos ótimos e mínimos de cada visita. Esses dados técnicos deverão ilustrar os
folhetos de promoção e servir de base para a programação das excursões e o
treinamento de guias.
Além do espaço econômico (que estudamos no ponto anterior) e do espaço físico
que acabamos de analisar, em planejamento utilizam-se os conceitos de espaço social e
espaço político, que também definiremos para apresentar uma análise completa de todas
as acepções técnicas do termo.
Tanto o espaço social como o político não passam de partes de um território
limitado por entornes que implicam situações teóricas similares; por exemplo, a análise
social representa em mapas as áreas que correspondem a famílias com um grau similar
de alfabetização, de mortalidade infantil ou de qualidade de moradia. Quanto ao espaço
político, nada pode explicá-lo melhor que a divisão do mundo em norte e sul, para
assinalar as duas áreas que abrangem os países que pertencem ao mundo desenvolvido e
ao Terceiro Mundo.
De algum modo, o espaço social e o político compartilham as mesmas
características que o espaço econômico. Ao fazer referência a um tema similar, diz
Mário Bunge:
“Não percebemos os campos elétricos ou as classes sociais; inferimos sua existência a partir de fatos
experimentais, e tais conceitos são significativos apenas em certos contextos teóricos.”4
5. Tipos de espaço
4
BUNGE, Mario. La ciência, su método y su filosofia. Buenos Aires: Siglo XXI, 1972. p.23.
Todos os elementos da fotografia 9 foram dispostos pelo homem, das árvores por ele plantadas às
lavouras, das residências aos artefatos utilizados para arar a terra. Já na foto seguinte, que mostra a
selva equatoriana ainda intocada pelo homem, tudo o que se vê se deve à energia da natureza. Nas
cidades dos países superindustrializados encontram-se os exemplos mais eloquentes do que pode ser um
espaço absolutamente artificial no qual a ecologia e o habitat são humanos. Ambos, como no espaço
vital, são completamente diferentes das condições naturais que determinam a existência de algumas
famílias de macacos e de outros animais selvagens, que em muitas partes da América Latina o
'"progresso" reduz a cada dia.
A seguir, definiremos o mais exatamente possível cada uma das sete tipologias,
para que nos asseguremos de que a compreensão desses conceitos básicos não deixe
lugar a dúvidas.
Espaço real. Refere-se a toda a superfície de nosso planeta e à camada da
biosfera que o envolve, que podem ser percebidas pelo homem por meio dos sentidos. E
real porque é possível comprovarmos sua existência e deslocarmo-nos por ele, e mesmo,
em muitos casos,
modificá-lo.
Espaço potencial. E a possibilidade de destinar o espaço real a algum uso
diferente do atual; portanto, o espaço potencial não existe no presente, sua realidade
pertence à imaginação dos planejadores, quando, depois do diagnóstico, ao passar para a
parte propositiva do plano, estudam-se as possibilidades de uso de um território.
Espaço cultural. E aquela parte da crosta terrestre que, devido à ação do
homem, teve modificada sua fisionomia original. Para destacar que o espaço cultural é
consequência do trabalho do homem, voltado ao acondicionamento do solo a suas
necessidades, também é chamado de espaço adaptado. Conforme o tipo de tarefa que o
homem realiza sobre o espaço cultural ou adaptado, originam-se o espaço natural
adaptado e o espaço artificial.
Espaço natural adaptado. São as partes da crosta terrestre em que predominam
as espécies do reino vegetal, animal e mineral, sob as condições que o homem lhes
estabeleceu. Também é chamado de espaço rural, para assinalar as tarefas produtivas
que ali se realizam:
arar e semear a terra fértil, construir canais de irrigação, cortar os bosques originais,
plantar novas árvores, criar gado ou explorar jazidas minerais. No espaço natural
adaptado (ou rural) as árvores ou os cereais crescem de acordo com as forças da
natureza, mas é o homem quem decide onde devem nascer e quanto tempo vão viver.
Ele determina, ainda, como devem crescer, ao plantá-los segundo um arranjo
geométrico e ao acelerar seu ritmo natural de crescimento mediante fertilizantes ou
mudando, até mesmo, sua forma natural, como no caso das árvores frutíferas que são
podadas para aumentar sua produção.
Espaço artificial. Inclui àquela parte da crostra terrestre em que predomina todo
tipo de artefatos construídos pelo homem. Sendo sua expressão máxima a cidade,
também leva o nome de espaço urbano. Nele, tudo o que existe foi feito pelo homem.
Todas as formas são inventadas por ele, e quando aparece algum elemento natural
(flores, plantas e árvores) sua função é decorar o ambiente artificial em que lhes caberá
crescer fechadas em vasos ou canteiros. Às vezes, o conceito de espaço artificial
confunde-se com o de espaço natural adaptado. Essa confusão origina-se na ignorância
do fato de que mesmo quando em uma plantação a mão do homem intervém, seu
produto - a colheita - é um resultado natural, ou seja, acredita-se que como a plantação é
um fato artificial, as plantas que nascem dela também o são. Para que a colheita fosse
artificial alguém deveria ter fabricado cada planta e cada grão, vamos supor, em matéria
plástica.
Espaço natural virgem. São aquelas áreas, cada vez mais escassas, do espaço
natural sem vestígios da ação do homem.
Espaço vital. Essa forma espacial não se refere ao solo, mas ao homem ou a
qualquer outra espécie do reino Monera, Protista, Vegetal e Animal, e a seu entorno ou
meio favorável que requerem para poder existir.
Para sintetizar o que dissemos, na figura 3.1 são apresentadas as tipologias
espaciais e suas relações.
6. Espaço turístico
• Zona • Núcleo
• Área • Conjunto
• Complexo • Corredor
• Centro • Corredor de translado
• Unidade • Corredor de estada.
7. Zona turística
Uma vez delimitadas as zonas turísticas, deve-se analisar que papel desempenha
cada uma delas em relação ao total do espaço turístico, o que se faz hierarquizando-as
de acordo com o número, a qualidade e a diversidade de seus atrativos.
8. Área turística
São as partes em que se pode dividir uma zona e, portanto, sua superfície é
menor que a do todo que as contém; no entanto, como as zonas podem chegar a ter
tamanhos diferentes, é possível que uma área da zona maior resulte maior que outra
zona menor.
As áreas turísticas devem estar dotadas de atrativos turísticos contíguos, em
número também menor que os da zona, e necessitam, da mesma forma, de uma infra-
estrutura de transporte e comunicação que relacione entre si todos os elementos
turísticos que a integram. Para que possam funcionar como um subsistema, requerem a
presença mínima de um centro turístico, e se sua infra-estrutura e recursos de
equipamentos e serviços são insuficientes, devem ser registradas como potenciais.
Ao proceder à análise das zonas para comprovar a possibilidade de subdividi-las
em áreas, é preciso começar pela análise da forma total, procurando estrangulamentos
que possam marcar uma separação natural. Encontrando-os, os atrativos que ficaram em
cada parte devem ser contados, porque uma área tampouco pode conter menos de dez
atrativos.
Ao subdividir uma zona em áreas, passa-se a um segundo nível analítico que
permite um ajuste em seus limites, Na figura 3.4, pode-se ver os resultados desses
ajustes que mantêm a unidade da zona 5, depois de tê-la dividido em duas áreas que
ficaram conectadas por meio de um corredor interno.
Como toda área deve conter um mínimo de dez atrativos, esse requisito
demanda, para que uma zona possa ser subdividida em áreas, a existência de vinte ou
mais atrativos.
9. Centro turístico
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Na análise econômica especializada, um pólo regional indica a concentração, em certos pontos do
território, da população e da produção de bens e sérvios, concentração que se vê favorecida pela
influência das comunicações e dos transportes. Todos esses pontos formam um sistema mediante o qual
fluem as relações econômicas, mas não de maneira uniforme. Alguns pólos impõem sua importância a
uma maior parte do espaço e subordinam, de fato, o funcionamento dos secundários, que, por sua vez,
dominam partes menores do território.
• Hospedagem.
• Alimentação
• Entretenimento
• Agências de viagens de ação local
• Informação turística sobre as instalações e atrativos locais
• Comércios turísticos
• Postos telefônicos, correios, telégrafos e telex
• Sistema de transporte interno organizado, que conecte o centro aos atrativos turísticos
compreendidos em sua área de influência
• Conexões com os sistemas de transporte externo em âmbito internacional, nacional,
regional ou local, de acordo com a hierarquia do centro.
Pode ser que o conglomerado urbano onde se assenta um centro turístico viva
exclusivamente dessa atividade, como ocorre nas aldeias de montanha que funcionam
com base nos esportes de inverno; ou que em tal conglomerado urbano o turismo seja
uma atividade a mais. Neste último caso (que estudaremos mais detalhadamente no
capítulo 8, que trata do espaço urbano) só uma parte do conglomerado urbano é
turística, como ocorre nas grandes capitais do mundo.
Com base em observações e dados estatísticos levantados em centros onde a
única atividade é o turismo, comprovou-se que existe uma relação entre a população
turística simultânea média e a população permanente, e que essa relação varia de seis
habitantes permanentes por turista (6 a 1) a um habitante permanente para cada sete
turistas (l a 7).6
6
As observações a que se faz menção baseiam-se em dados estatísticos recolhidos pelo FONATUR
(Fondo Nacional de Fomento al Turismo) em Cancun, México, e pela Subsecretaria de Turismo de
Argentina, em San Bernado. A população turística foi calculada em 80% da capacidade do
empreendimento instalado.
Bernardo, quase a totalidade do alojamento são apartamentos e casas cujo rendimento
em empregos diretos é baixíssimo, o que determina que haja pouca população
permanente e; conseqüentemente, que a relação seja de l para 7.7
Quando um centro turístico, como Acapulco ou Mar del Plata, cumpre, além
disso, o papel de pólo de desenvolvimento regional, a relação entre sua população
permanente e a turística supera amplamente a relação mais alta medida em Cancún (6
por 1). Isso indica que, apesar de ser a atividade motriz, o turismo deve coexistir com
outras; isso se traduz fisicamente na existência de dois tipos de cidades e, portanto, de
duas formas diferentes de vida em um mesmo âmbito urbano. Quando essa duplicidade
não se resolve mediante a aplicação de planos urbanos racionais, as atividades se
superpõem e interferem uma na outra, resultando em grave prejuízo para o turismo,
porque o ambiente urbano corre o perigo de perder o caráter que deve ter todo centro
turístico, caso se queira que funcione adequadamente.
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Um apart-hotel funciona com 0.12 empregados por quarto ou com 0.17, caso sejam considerados os
serviços de cafeteria, vigilância de praias e loja self-service. Uma urbanização de casas individuais
produz 0.033 empregados por quarto, e um albergue, de 0.2 a 0.4 trabalhadores para cada par de camas.
BOULLÓN, Roberto C. Características de los sevicios de alojamento turístico em México y su
contribuición a la generación de empleos. [S.I.]: Politur, 1982. p 22, 24 e 26.
específicas, como estacionamentos, trilhas, mirantes e serviços sanitários, devem estar
situados nos atrativos turísticos.
Mais comuns que os centros de distribuição são os centros de estada. Em centros
dessa natureza o turismo começou a se desenvolver por meio da exploração de um único
atrativo, como ocorre com as praias ou com as estações de inverno especializadas na
prática de esqui na neve. A característica fundamental que os distingue dos centros
turísticos de distribuição é o tempo de estada. Nos centros turísticos de distribuição, os
turistas permanecem de um a três dias no máximo, porque a finalidade da viagem é
conhecer a maior parte dos atrativos que são gerenciados desde aqueles centros. Esses
atrativos podem ser de qualquer uma das cinco categorias em que foram classificados;
mas, independentemente disso, mesmo nas mais importantes, o tempo de visita é curto,
e só em casos excepcionais se prolonga por mais alguns dias. Já nos centros de estada,
os turistas voltam todos os dias ao mesmo atrativo para praticar seu esporte ou suas
atividades preferidas.
A diferença assinalada deve ser considerada para ajustar-se o desenho do
empreendimento turístico às necessidades do consumidor, necessidades que são
diferentes em um e outro caso. Assim, os centros de estada necessitam de um
equipamento de entretenimento muito mais diversificado, para oferecer alternativas
diferentes durante todo o tempo da permanência, principalmente durante as tardes e as
noites.
Dado ser comum que uma porcentagem da demanda correspondam as pessoas
que voltam todos os anos, tanto o equipamento comercial como o de alimentação e de
entretenimento devem ser desenhados e programados de modo flexível, considerando
que, depois de certo tempo, para conservar sua clientela tradicional, deverão redecorar
suas instalações, atualizar a mercadoria que vendem, mudar o programa de espetáculos
e revisar, em geral, o serviço que prestam. Outros serviços, como as agências de viagens
de ação local, serão maiores nos centros de distribuição que nos de estada, porque nestes
últimos são quase desnecessários, a não ser que em seu raio de influência conte-se com
atrativos que valham a pena implementar como uma atração a mais.
Para completar as quatro tipologias em que dividimos os centros turísticos,
devemos mencionar os centros de escala, que não perdem a importância, apesar de não
serem tão comuns como os anteriores. Os centros de escala coincidem com as conexões
das redes de transporte e com as etapas intermediárias dos percursos de longa distância
entre uma praça de mercado emissor e outra de mercado receptor, do próprio país ou do
exterior.
As conexões de transporte podem ser locais de mudança do sistema de
transporte terrestre aéreo e vice-versa, bem como de uma linha aérea a outra. Esse é o
caso de cidades como Atlanta ou Dallas, nos Estados Unidos.
O último tipo corresponde aos centros de excursão, que são os que recebem, por
menos de 24 horas, turistas procedentes de outros centros.
Dificilmente a estada em um centro de escala se prolonga por mais de uma noite,
sobretudo nos centros de escala situados nas estradas. Também é comum que nesses
lugares o turista pare para comer, abastecer o tanque ou fazer algum conserto rápido em
seu automóvel
sem chegar a pernoitar.
Na lista de condições técnicas que um centro turístico deve satisfazer, os
atrativos ocupam um posto muito importante, tanto que podemos dizer que constituem a
razão de ser dos centros; no entanto essa condição só é imprescindível para os centros
de estada, de excursão e de distribuição. De fato, a maior parte dos centros de escala
carecem de atrativos, porque sua função é servir os passageiros em uma etapa
intermediária da viagem. Quanto ao equipamento, este se reduz aos tipos
correspondentes a hotéis, motéis e trailer-parks da categoria hospedagem, a todos os
tipos da categoria alimentação e a alguns da categoria entretenimento, especialmente
bares, comércios de miudezas e souvenirs.
Nem todos os centros turísticos de um mesmo tipo têm a mesma hierarquia. Em
geral, no início o conglomerado urbano adquire a hierarquia do atrativo de base, mas
adiante, quando chega à maturidade, a qualidade do equipamento pode colaborar para o
aumento do prestígio do conglomerado; por exemplo, quando forem mencionadas praias
como as de Barra de Navidad, no México, o que vale é a praia e a paisagem da lagoa
que se encontra atrás da faixa de areia,
mas em Mar dei Plata ou Viria dei Mar, cujas águas são muito frias, a maior parte de
sua fama atual se deve ao equipamento (basicamente da categoria entretenimento) com
que foram supridos.
11. Complexo turístico
• De 5 a 10 m.
• De 50 a 100 m.
• Até 500 m.
Este elemento, com que se finaliza a lista dos componentes da teoria do espaço
turístico, desempenha uma função combinada de centro com corredor turístico. Com
efeito, os corredores turísticos de estada são superfícies alongadas, em geral paralelas às
costas de mares, rios ou lagos, que têm uma largura que não supera, em suas partes mais
extensas, os 5km. A largura é indeterminada porque depende da longitude das praias,
das costas, dos lagos ou da margem dos rios que têm interesse turístico.
O que distingue um corredor de estada de um de translado é: primeiro, a forma
de disposição dos atrativos; segundo, a forma do assentamento do empreendimento
turístico e, terceiro (decorrente das anteriores), sua função.
E, também neste caso, o atrativo determina a estrutura física do corredor de
estada. Em vez de situar-se em um ponto equidistante de um conjunto de atrativos
(como se explicou ao descrever as características dos centros turísticos de distribuição)
ou de concentrar o equipamento em uma única praia ou um bosque (como ocorre com
os centros turisticos.de estada), a localização do empreendimento turístico nos
corredores de estada pode adotar três formas diversas, a saber:
• Cidade linear.
• Distribuição linear de hospedagem.
• Concentrações escalonadas.
• Zonas
• Áreas
• Complexos
• Núcleos
• Conjuntos
• Centros de distribuição
• Centros de escala
• Centros de estada
• Unidades
• Corredores de translado
• Corredores de estada
Outras características do sistema é flexibilidade de alguns elementos que o
compõem, que podem evoluir pelo incremento do empreendimento turístico até alcançar
as categorias superiores. A figura 3.9 mostra a cadeia evolutiva, cujo primeiro elo é o
núcleo e o mais elevado, o complexo. Já sabemos que quando se conecta um núcleo à
rede de estradas, ele se transforma automaticamente em um conjunto. Por sua vez, o
conjunto - na dependência da natureza e hierarquia de seus atrativos - pode, mediante o
desenvolvimento adequado do empreendimento turístico, chegar a funcionar como
unidade, como centro de escala, estada ou distribuição, ficando unicamente para este
último a possibilidade de chegar a funcionar como um complexo. Por sua vez, uma
unidade é capaz de transformar-se em um centro de estada.
As funções dos centros de escala, de estada, de excursão e de distribuição não
são excludentes; ao contrário, às vezes um mesmo centro pode chegar a desempenhar as
quatro funções, e, muito mais frequentemente, duas delas. Taos, no Novo México, é um
centro que reúne as quatro funções porque serve de escala para aqueles que, ao
percorrer as rodovias 3 e 38, querem conhecer o Carson National Forest e a Cimarron
Canyon Wildlife Área; de estada para os aficionados à prática de esqui na neve em Taos
Ski Área ou em Sipakú Ski Área; e de distribuição para os turistas interessados em
visitar esses lugares, mais Red River, a ponte sobre a garganta do rio Questa, El Pueblo
e os ranchos Taos, a casa de Kit Carson, o Kit Carson National State Park ou o Fort
Burgwin Research Center, além da própria cidade. Além disso, Taos Ski, Taos e Sipapú
Ski Área são três centros que funcionam reciprocamente como centros de excursão (ver
figura 3.10)
Os outros elementos (zona, área e corredor de estada e de translado) não mudam
sua função; o que pode acontecer é que, ao organizar o espaço turístico, sejam
classificados como potenciais por terem um insuficiente ou nenhum empreendimento
turístico.
Quanto à relação espacial, uma zona pode conter, além dos quatro corredores
internos, as áreas e seus centros correspondentes, outros centros complementares de
escala, ou de estada e de distribuição, unidades, conjuntos e, possivelmente, algum
complexo. A outra variante é que, como mostra a figura 3.11, conectados a um corredor
de translado se encontrem os complexos, conjuntos, unidades ou centros de escala,
estada e distribuição e os corredores de estada. Fora da estrutura espacial que resulta da
vinculação de todos os elementos ao longo dos corredores, mas integrando o sistema,
ficam os núcleos e os atrativos isolados.
Da relação que pode existir entre cada elemento do espaço turístico e do
funcionamento comercial do setor, em primeiro lugar, destacam-se os centros e os
corredores turísticos de estada como os mais rentáveis, já que por serem os que
funcionam com maior permanência, com o mesmo número de turistas que outro lugar,
podem conseguir mais ingressos. Depois vêm os complexos e, em seguida, os centros
de distribuição e de escala. Quanto aos corredores de estada, seu funcionamento não
deveria ser idêntico ao dos centros de mesmo nome. E dizemos não deveria porque, por
desconhecimento ou por inoperância da superestrutura, cada um dos lugares que o
integram se comercializa e se promove separadamente, competindo por um mesmo
mercado, como ocorre na costa do Pacífico no México com o corredor turístico
Manzanillo-Playa Azul-Salagua-Las Brisas-Las Hadas-Playa Santiago-Maeva-Vida dei
Mar-Barra de Navidad-Melaque Cuastecomates-La Manzanilla-Boca de Iguanas, que
reúne todas essas localidades turísticas em menos de 50 km. O correto seria identificar
tal corredor, bem como muitos outros da América Latina, como um subsistema que
funciona unitariamente, e comercializá-lo no mercado como um produto que apresenta
múltiplas opções.
Se um corredor de estada é colocado no mercado destacando-se suas
singularidades, é muito fácil captar dois tipos de turista: um, o aficcionado do turismo
itinerante, que pode passar suas férias alojando-se por curtos períodos em qualquer uma
das alternativas oferecidas
e, outro, aquele que ano após ano pode voltar para alojar-se por períodos mais
prolongados em apenas um dos lugares oferecidos e passar nele todo seu tempo de
férias, fazendo excursões ao restante.
Atualmente, as superestruturas de comercialização e promoção funcionam
desconectadas de uma visão integral do espaço que pretendem vender, porque, na
realidade, desconhecem o conceito de espaço, limitando-se a enfocar suas ações para
atrativos e centros que são vistos como peças isoladas. Daí as grandes contradições em
que incorre a superestrutura oficial, quando, ao pretender desenvolver o setor em seu
conjunto, apoia promoções de locais que lutam entre si, todos projetando a mesma
imagem e recorrendo à já esgotada técnica da fraseologia utilizada para vender artigos
domésticos.
A teoria do espaço turístico é a base para organizar todas as ações do setor, já
que permite a elaboração de políticas promocionais que, partindo da realidade do
patrimônio, trabalhem com base em produtos claramente definidos. De todos os
produtos, a zona será o maior e mais importante para projetar-se no exterior, porque
permite apresentar tantas imagens do país quanto as zonas que tenham sido detectadas.
Essas mesmas zonas e os subsistemas que as integram, bem como os demais elementos
do espaço turístico, devem ser analisados em suas potencialidades e apresentados à
iniciativa privada para que esta utilize, com fins comerciais, a informação técnica
elaborada pelas repartições dos órgãos oficiais e possam preparar-se os pacotes
turísticos de circuito e de estada por corredores, complexos e centros de distribuição.
Quanto ao campo específico do planejamento físico, a teoria do espaço é um
instrumento útil para orientar a análise e o diagnóstico do setor, mediante um
procedimento que simplifique o trabalho intelectual ao conduzi-lo de forma organizada.
Posteriormente, e de acordo com a potencialidade de cada elemento e as projeções da
demanda, será preciso estabelecer, em primeiro lugar, os limites de crescimento de
todos os elementos do espaço turístico analisado e, depois, calcular com um nível
satisfatório de aproximação, as categorias e tipos de empreendimento turístico a ser
construído em cada etapa de sua evolução. Na parte resolutiva de um plano, depois de
saber como são e como funcionam os elementos que integram o espaço turístico, é
necessário identificar projetos, pensados não em si mesmos, mas como meio para
melhorar o rendimento individual de cada elemento de forma coordenada, para que cada
êxito parcial redunde em benefício do conjunto.
Bibliografia