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O ESPAÇO URBANO

Amanda Gonçalves Silva.

A cidade, como um espaço urbano, é vista como uma entidade que pode
ser desmembrada em elementos distintos como pontos, linhas e áreas. A
compreensão desse espaço pode ser derivada das percepções de seus
residentes ou de segmentos específicos da população sobre o espaço urbano
e suas respectivas partes. Uma alternativa para a análise é considerar o
espaço urbano como uma forma espacial, interligada à estrutura social, aos
processos urbanos e às funções. Além disso, o espaço urbano, assim como
qualquer outra entidade social, pode ser interpretado através de um paradigma
de consenso ou de conflito.
De maneira ampla, a cidade é composta por uma variedade de usos do
solo que se encontram justapostos. Esses usos configuram áreas distintas, tais
como: o centro urbano, que concentra atividades comerciais, de serviços e de
gestão; zonas industriais e residenciais, que se diferenciam em termos de
forma e conteúdo social; espaços destinados ao lazer; e áreas reservadas para
futura expansão, entre outras. Esse mosaico de usos do solo constitui a
organização espacial da cidade, ou seja, o espaço urbano fragmentado.
O espaço urbano, portanto, é caracterizado pela fragmentação e
articulação, funcionando como um reflexo e um condicionante social. Ele é
composto por um conjunto de símbolos e é palco de conflitos. Dessa forma, o
espaço urbano representa a sociedade em uma de suas dimensões mais
visíveis, materializada nas formas espaciais.
O texto trás apontamentos explicativos sobre quem produz o espaço
urbano sendo;
Os proprietários de grandes indústrias e as corporações comerciais de
grande porte, devido à magnitude de suas operações, são grandes usuários de
espaço. Eles têm a necessidade de áreas extensas e economicamente viáveis
que atendam aos critérios locacionais relevantes para as atividades de suas
empresas, seja próximo a portos, linhas ferroviárias ou em locais com ampla
acessibilidade para a população.
Os proprietários de terras que buscam maximizar a renda proveniente de
seus ativos, com um interesse particular em garantir que esses ativos sejam
utilizados da maneira mais lucrativa possível. Isso geralmente envolve o uso
comercial ou residencial de alto padrão. O foco principal desses proprietários é
o valor de mercado do terreno, em vez de seu valor funcional ou utilitário.
Alguns proprietários de terras, particularmente os mais influentes, podem até
ver o valor de suas propriedades aumentar como resultado de investimentos
públicos em infraestrutura, como transporte rodoviário.
Os promotores imobiliários que são um grupo de profissionais que
executam uma série de operações, seja em parte ou na totalidade. Essas
operações incluem a incorporação de propriedades, o financiamento de
projetos, a realização de estudos técnicos, a construção física de imóveis e a
comercialização desses imóveis. O objetivo final dessas operações é
transformar o capital investido em bens imobiliários em capital monetário, com
um acréscimo de lucro.
O Estado que desempenha um papel na estruturação espacial das áreas
urbanas. Sua intervenção tem se mostrado complexa e diversificada, tanto
temporal quanto espacialmente, espelhando a dinâmica da sociedade da qual é
um componente integral.
Os grupos excluídos que são caracterizados por indivíduos que não
possuem recursos financeiros suficientes para arcar com o aluguel de uma
moradia adequada, muito menos para adquirir uma propriedade. Esta é uma
das circunstâncias que, juntamente com o desemprego, doenças e subnutrição,
define a condição social desses grupos. As opções de moradia disponíveis
para essas pessoas incluem habitações coletivas, sistemas de autoconstrução,
conjuntos habitacionais fornecidos pelo governo e as precárias favelas.

“O Espaço Urbano”, de Roberto Lobato Corrêa, é uma obra seminal na


geografia urbana brasileira. Corrêa oferece uma análise aprofundada da
formação e estruturação do espaço urbano, com foco especial nas cidades
brasileiras.
O autor aborda a complexidade do espaço urbano através de uma
perspectiva multidimensional, considerando fatores históricos, econômicos,
sociais e políticos. Ele argumenta que o espaço urbano não é apenas um
reflexo da sociedade, mas também um agente ativo na formação social.
Corrêa destaca a importância do planejamento urbano e da política na
formação do espaço urbano. Ele critica a falta de planejamento adequado e a
influência excessiva dos interesses econômicos na formação das cidades
brasileiras.
No entanto, a obra de Corrêa pode ser criticada por sua falta de
consideração pelas perspectivas dos habitantes urbanos. Embora ele
reconheça a importância dos fatores sociais na formação do espaço urbano, há
uma falta de análise em profundidade das experiências e percepções dos
indivíduos que vivem nesses espaços.
Em conclusão, “O Espaço Urbano” é uma contribuição valiosa para o
campo da geografia urbana. Apesar de suas limitações, a obra de Corrêa
oferece uma compreensão abrangente da complexidade do espaço urbano e
destaca a necessidade de um planejamento urbano mais inclusivo e equitativo.

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