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TEMA: DIFERENCIAÇÃO E

DINÂMICA FUNCIONAL NO
ESPAÇO URBANO
Diferenciação e dinâmica funcional no
espaço urbano

Espaço urbano
O espaço urbano, é um espaço geográfico, e assim é um
produto histórico e social (SOUZA, 1988; CORRÊA, 1989;
CARLOS, 2001).
Uma das características peculiares do espaço urbano, se
comparado à realidade do campo, é a significativa presença de
diferentes formas espaciais, materializadas no uso do solo
urbano.
Diferenciação funcional no espaço
urbano

O espaço urbano oferece uma grande diversidade de funções


que, geralmente, se encontram organizadas no espaço,
formando as chamadas áreas funcionais-áreas mais ou menos
homogéneas em termos das funções que oferecem 3 funções
principais: comercio, residencia e industria.
designam áreas funcionais, que assumem fisionomias
diferentes conforme a natureza das atividades que neles se
concentram.
Continuaçao
A diferenciação funcional no espaço urbano está relacionada
com alguns fatores, nomeadamente a variação do preço do
solo e a acessibilidade.

De facto observa-se que o centro da cidade é o local


privilegiado em termos de acessibilidade e de concentração
das atividades económicas, sendo, por isso, a área da cidade
onde se registam os valores mais elevados do solo
Continuaçao
.
A grande concorrência e a concentração das
atividades terciárias numa área geralmente restrita
conduzem a uma certa competição pelo espaço,
gerando-se, desta forma, um nítido desequilíbrio
entre a oferta e a procura.
Continuaçao
A acessibilidade não é uniforme em todo o espaço urbano,
sendo, sem dúvida, um dos factores mais importantes na
variação do preço do solo (renda locativa), o que vai provocar
uma diferenciação funcional.
Verifica-se uma diminuição da acessibilidade do centro da
cidade para a sua periferia e, logicamente, uma diminuição do
preço do solo. O centro da cidade por ser a área mais central e
de maior acessibilidade.
Continuaçao
A grande concorrência e a concentração das atividades
terciárias numa área restrita, têm provocado uma grande
especulação fundiária, o que tem levado a um aumento
substancial do preço do solo nesta área.

Renda locativa é uma teoria económica que determina que as


rendas ou os valores do solo diminuem com as distâncias ao
centro, isto é, revelam uma diminuição com o aumento da
distância ao centro.
Continuaçao
Outros fatores condicionantes da organização e
formação das áreas funcionais
- Qualidade dos edifícios;
- Condições de habitabilidade;
- Infraestruturas e equipamentos existentes;
- Condições ambientais (espaços verdes, níveis de poluição,
segurança,…);
- Aspetos sociais (caracts. socioeconómicas da população
residente).
As funções associadas ao sector
terciário

De um modo geral, o centro das cidades individualiza-


se em relação às restantes áreas, principalmente pela
importância das funções que nele se concentram. Por
isso, é geralmente designado por CBD - iniciais da
expressão Central Business District .
As actividades presentes no CBD são as mais sensíveis à
centralidade que este proporciona.
Continuaçao

Aí se concentram actividades do sector terciário,


nomeadamente o comércio especializado, e os níveis mais
altos de decisão, quer da administração pública (ministérios,
tribunais superiores, etc.), como da vida económica (sedes de
bancos, de companhias de seguro, etc.).
Deste modo, o CBD caracteriza-se pela:
• Intensidade de tráfego, de veículos e peões, devido à
concentração de funções raras que atraem um grande
número de pessoas;
• Numerosa população flutuante, presente apenas durante o
dia;
Dinâmica funcional no espaço urbano

Na discussão do espaço como produto social e histórico se


faz necessário articular dois processos: o de produção e o de
reprodução. Enquanto o primeiro se refere ao processo
específico.
O segundo considera a acumulação do capital através de sua
reprodução, permitindo apreender a divisão do trabalho em
seu movimento.
Continuaçao
Para Morais e Araújo (2005, p.246) “corredor comercial,
por onde circulam os frequentadores e outros agentes
sociais que, percorrendo as avenidas, ruas, esquinas e
calçadas, estabelecem suas sociabilidades e
territorialidades, descobrindo nos pequenos trajectos os
lugares de parada.”
A urbanização, por sua vez, toma uma nova forma,
uma vez que além de ser palco do comércio e do
poder (política), o espaço urbano torna-se também o
lócus da produção.
Forcas do mercado nos desenvolvimentos
das cidades
As transformações ocorridas na cidade constituíam-se em
produto e condição do modo de produção que estava se
impondo: o capitalismo, em sua fase denominada industrial
ou concorrencial.

A cidade, em decorrência do processo de industrialização,


cresce tanto em termos demográficos como territorialmente.
Continuaçao

O “inchaço” da cidade, propriamente, está associado


directamente à necessidade de força de trabalho em excesso,
sendo essa, uma das principais condições para o acúmulo de
capital a partir da indústria.
O capitalismo industrial, competia aos países periféricos,
como o Brasil, a exportação de produtos primários e a
importação de produtos industrializados dos países centrais.
Teorias do uso do solo no caracter intra-
urbano

Segundo Corrêa (1989 e1997), o espaço urbano é composto


de fragmentos. No entanto, estes se encontram articulados
por fluxos de diversas naturezas: de pessoas, de
informações, de capitais, de mercadorias, de ideologias etc.
Essa articulação no interior do espaço urbano se dá entre os
diferentes usos do solo urbano:
“Tais usos definem áreas, como o centro da cidade, local de
concentração de actividades comerciais, de serviços e de
gestão, áreas industriais, áreas residenciais distintas em
termos de forma e conteúdo social, de lazer, entre outras,
aquelas de reserva para futura expansão.”
Continuaçao
A diferenciação do uso do solo urbano, evidentemente,
não é aleatória, mas sim, reflexo e condição dos processos
sociais:
“São os diversos modos de apropriação do espaço que
vão pressupor as diferenciações de uso do solo e a
competição que será criada pelos usos, e no interior do
mesmo uso. Como os interesses e as necessidades dos
indivíduos são contraditórios, a ocupação do espaço não
se fará sem contradição e, portanto sem luta.”
Continuaçao
Mas quem são esses segmentos que produzem e utilizam o
espaço urbano? E como se dão as relações entre eles?
Corrêa (1989) propõe cinco agentes sociais produtores e
consumidores do espaço urbano:
• Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os

grandes industriais;
• Os proprietários fundiários;

• Os promotores imobiliários;

• O Estado;

• Os grupos sociais excluídos.


Continuaçao
As formas espaciais, e suas funções, constituem-se
expressões dos processos sociais.
Este geógrafo propõe seis processos espaciais e as respectivas
formas espaciais:
a) Centralização espacial e a Área Central;
b) Descentralização espacial e os núcleos secundários;
c) Coesão espacial e as áreas especializadas;
d) Segregação espacial e as áreas sociais.
Como parte do processo, a Área Central torna-se também o
foco, exclusivo, do transporte intra-urbano, o que intensifica
ainda mais a centralidade dessa área no espaço urbano.
Continuaçao
O processo de descentralização espacial, contudo, é
extremamente complexo, não podendo ser reduzido aos
níveis de acessibilidade dos lugares. A génese de subcentros
terciários está ligada à acção dos agentes sociais que
produzem o espaço.

Assim sendo, a cristalização dessa forma espacial


relaciona-se de maneira subjacente ao processo de
acumulação e reprodução do capital no espaço urbano, em
suas várias vertentes (CORRÊA, 1989,1997; SPÓSITO,
1998).

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