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Tema(s) de pesquisa(s): Relações entre forma e usos da arquitetura e entre percepção e comportamento
ambientais; análise do espaço, dos atributos físicos que o definem em termos funcionais e simbólicos; de
efeitos observáveis e potenciais de padrões de acessibilidade, visibilidade e inteligibilidade; de modos
distintos de apropriação de espaços e lugares.
PLANO DE TRABALHO
1 INTRODUÇÃO
Gehl, (2015, p. XIV–XV) fala que: “Nós moldamos as cidades, e elas nos moldam”. Cidades – assim
com livros – podem ser lidas. O domínio público de uma cidade - edificações, ruas, quadras e lotes, parques,
praças e monumentos, nos seus mais variados arranjos – são a gramática da cidade; fornecem a estrutura
que permite às cidades nascerem, e serem o palco incentivador de atividades nas quais tudo acontece;
atividades industriais, comércio, construção civil e diversos serviços, estimulando a economia e
diferenciando-as, daquelas quietas e contemplativas às ruidosas e agitadas. É, também, o lugar onde as
pessoas encontram-se para trocar ideias, comprar e vender, trabalhar ou simplesmente relaxar ou praticar
alguma atividade física.
Uma cidade com suas ruas, praças e parques planejados, proporciona aos visitantes e transeuntes,
bem como àqueles que ali moram, trabalham e se divertem diariamente, o sentimento de prazer e satisfação.
Bairros bem pensados inspiram os moradores, do mesmo modo que comunidades mal planejadas brutalizam
seus cidadãos (GEHL, 2015). Cidades desordenadas, e com alta densidade populacional, são resultados do
rápido crescimento cujo planejamento não consegue acompanhá-lo. Cada cidade pode ser considerada como
um “organismo vivo”, já que estas, estão constantemente em atividade de desenvolvimento. Cada uma, tem
sua própria dinâmica de crescimento, sendo está configurada pelo sistema viário, pelo padrão de
parcelamento do solo, pela aglomeração e pelo isolamento das edificações, assim como pelos espaços livres
condicionados por fatores culturais, econômicos, sociais e políticos (REGO; MENEGUETTI, 2011).
Portanto, a forma como as pessoas se relaciona com a cidade e apropriam-se dos espaços públicos
pode ser interpretada de diferentes perspectivas, em diferentes campos do conhecimento tornando a vida
urbana nas suas mais variadas ordenações, um campo de estudo amplo e com diversas ambiguidades. São
muitos, os conceitos que tentam decifrar e dar significado as dinâmicas urbanas desde os primórdios até os
dias atuais, seja através do estudo direto da forma das cidades (morfologia) ou até mesmo de campos
distantes e paralelos como a filosofia, a sociologia, a geografia, e a história (ZECHLINSKI, 2013).
Neste contexto, surge o termo Urbanidade, uma expressão relativamente recente que surgiu ao
longo da segunda metade do século XX, e que desde então apresenta uma ambivalência conceitual (AGUIAR,
2012). Partindo da etimologia da palavra, do latim urbanitas.atis, a primeira informação atribui a origem do
termo na palavra urbs, que significa cidade, em seguida a extensão Urbanidade, que subjaz tanto propriedade
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quanto conceito, ao menos inicialmente, “urbanidade” é o desdobramento que representa algo que é
característico do que é urbano, civilizado; que apresenta formalidades e comportamentos que manifestam
respeito nos relacionamentos sociais (AGUIAR; MORAES NETTO; HOLANDA, 2012); OLIVEIRA, 2012).
Desse modo, por esta definição, ao debater urbanidade está se dialogando necessariamente sobre
cidade e, especialmente do caráter da cidade. Seguindo a mesma linha de raciocínio do significado atribuído
as palavras partindo da sua etimologia, o termo caráter, do grego: charaktēr, é designado como um conjunto
de qualidades (boas ou más) que distinguem (uma pessoa, um povo), sendo assim, neste primeiro momento
e de forma figurada no sentido da palavra, o termo Urbanidade caracteriza-se como o conjunto de
qualidades, boas ou más, que distinguem uma cidade. Assim conceituada, a urbanidade surge como um
procedimento maior, e amplo, na qualificação da qualidade dos lugares, e coloca os valores essenciais da
arquitetura como arte social (AGUIAR, 2012).
Já a Morfologia Urbana é a ciência que estuda a forma física das cidades, bem como os principais
atores e processos de transformação que moldam essa forma. Dada a complexidade do objeto de estudo, a
Morfologia Urbana tem uma clara natureza multidisciplinar, recebendo contributos de diferentes disciplinas
e de diferentes abordagens dentro da mesma disciplina (OLIVEIRA, Vítor, 2018).
Logo, entender a lógica da distribuição do tecido urbano, e a relação da sociedade e a forma como
as pessoas se comportam diante da configuração do comércio, dos serviços em geral e dos serviços de
educação e saúde, é essencial, uma vez que este fenômeno está diretamente relacionado com valores sociais,
culturais, políticos, e econômicos na qual estes processos desenvolvem funções e formas espaciais, isto é,
criam atividades e suas materializações, cuja distribuição espacial constitui a própria organização do espaço
urbano, na qual estabelecem uma hierarquia que caracteriza-a na escala global da cidade, fornecendo um
perfil único, a cada uma delas (CORRÊA, 1989; CAMPOS FILHO, 2010).
Para tanto, diversas questões têm de ser repensadas e recuperadas, levando em consideração o
conceito dos processos espaciais de acordo com a utilidade de cada um, conjecturando as inter-relações
humana-tempo-espaço-mudança, que acontecem na escala local sob os seguintes aspectos: Centralização e
área central; Descentralização e os núcleos secundários; Coesão e as áreas especializadas; Segregação e as
áreas sociais; Dinâmica social da segregação e Inércia e as áreas cristalizadas (CORRÊA, 1989; ZECHLINSKI,
2013).
Por conseguinte, baseado no que foi exposto, a problemática da presente pesquisa fundamenta-se
na carência de estudos que tratem da observação da dinâmica social nos espaços urbanos da cidade de Patos-
PB – especialmente o centro da cidade, onde se concentram as principais atividades comerciais, de serviço,
da gestão pública e privada, e os terminais de transportes intraurbanos, que constitui-se no foco principal
não somente dentro dos seus limites, mas também de cidades circunvizinhas –, sob um olhar da morfologia
urbana, que possibilite a identificação da viabilidade de propostas de intervenção, com base nos potenciais
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e limitações configuracionais da cidade, a fim de melhorar a Urbanidade do município, no que diz respeito a
questão da compatibilização das políticas de desenvolvimento urbano existentes com o plano diretor da
cidade, levando em consideração a mobilidade urbana a nível do pedestre, do ciclista, do motociclista, do
carro e da relação com o comércio.
O local de estudo desta pesquisa é a cidade de Patos, um município brasileiro do estado da Paraíba,
classificado como centro sub-regional, localizado no Vale do Rio Espinharas, com uma área territorial de
473,056 km² e uma população estimada em 108.766 habitantes (IBGE, 2021). Patos é considerada o quarto
município mais populoso, e o terceiro mais importante do estado, levando-se em conta os aspectos
econômicos, políticos e sociais, ficando atrás apenas da capital João Pessoa, e da cidade de Campina Grande.
A cidade é o centro de sua região geográfica intermediária e imediata, ficando distante 307 km da capital
João Pessoa. Tanto no sertão paraibano, como em áreas do Pernambuco e Rio Grande do Norte, Patos
destaca-se como polo educacional, comercial, bancário, religioso e de saúde (IBGE, 2021).
Patos apresenta a terceira maior frota de veículos do estado da Paraíba, mantendo-se atrás apenas
de João Pessoa e Campina Grande (IBGE, 2020). Em consequência disso, há o grande acúmulo de veículos na
cidade, especialmente nas áreas centrais, ocasionando transtornos espaciais na hora de se locomover e
estacionar. A precariedade da sinalização ou até mesmo a falta dela, juntamente com a falta de uma
arborização urbana adequada, entre outros problemas, podem influenciar diretamente na qualidade de vida
dos cidadãos. A vista disso, os pedestres enfrentam contratempos que dificultam a sua mobilidade, a
exemplo disso: calçadas estreitas ou inexistentes, com diferentes níveis topográficos, além de obstáculos que
na grande maioria das vezes impedem a passagem, como o grande número de motocicletas estacionadas na
maior parte dos corredores centrais, forçando o pedestre a disputar o espaço da via com veículos
motorizados, expondo os mesmos ao risco de acidentes (DANTAS, 2018; OLIVEIRA, 2019).
A falta de transporte público em Patos demonstra a situação atual da mobilidade urbana existente
na cidade, onde grande parte da população, motivada pela falta da infraestrutura de locomoção, opta por
adquirir veículos motorizados individuais, especialmente motocicletas o que corrobora com o aumento
gradativo do número de veículos estacionados nas vias da cidade durante o dia, avolumando ainda mais os
espaços destinados ao estacionamento de veículos, dificultando o trânsito de pedestres e até mesmo a
própria logística do leito carroçável, sendo um fator complicador para a dinâmica do sistema. Com isso, há
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necessidade de providenciar maneiras de tornar não somente a mobilidade urbana como um todo, como
também a própria distribuição espacial dos serviços mais equilibrada e equitativa (OLIVEIRA, 2019).
Diante deste cenário, surgiram os seguintes questionamentos: Quem são os principais agentes que
moldam o espaço urbano do centro de Patos? Quais aspectos morfológicos e configuracionais podem estar
relacionados com os atuais padrões de ocupação e apropriação da área central de Patos?
1.1 Hipótese
1.2 Objetivos
O objetivo geral da pesquisa em questão é compreender como a relação entre forma urbana e a
sociedade pode contribuir na estruturação da urbanidade da área central de Patos-PB.
Assim, tem-se como objetivos específicos: (i) Compreender quais os elementos constituintes da
urbanidade; (ii) Reconhecer os diferentes modos da experiência urbana e as relações entre atores, atos e
espaços; (iii) Descrever a forma urbana da área central de Patos, bem como seus elementos constituintes;
(iv) Qualificar a urbanidade da área central de Patos; (v) Identificar congruências e incongruências entre
forma urbana e urbanidade na área central de Patos.
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Conforme o que foi abordado sobre o enunciado no título da pesquisa, denominado por Urbanidade,
os problemas enfrentados nos municípios fazem parte do sistema que constitui o tema levantado. De
natureza igual, a cidade de Patos apresenta diversos problemas no que diz respeito a sua Urbanidade.
Problemas estes que estão inter-relacionados com a mobilidade urbana; a infraestrutura da cidade; e sua
fisionomia, como fora apresentado anteriormente.
Aguarda-se que os resultados achados desta pesquisa sejam capazes de colaborar para a
identificação de potenciais e limitações configuracionais da cidade de Patos-PB, chegando a teoricamente
sugerir melhorias e adequações, caso seja possível, serem incorporadas no processo de construção dos
planos urbanísticos posteriores, colaborando com os gestores públicos na elaboração de projetos mais
humanizados e compatibilizados com a lógica socioespacial dos fluxos e deslocamentos humanos. Identifica-
se, assim, uma capacidade profissional e mercadológica do desenvolvimento técnico e científico proposto na
pesquisa.
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3 METODOLOGIA
A pesquisa pretende trabalhar em cima das análises paralelas às normas e orientações contidas nos
planos de mobilidade urbana com os padrões configuracionais da cidade (morfologia) e a relação da
sociedade com elas. Estas relações pretendem constatar como as propriedades e características morfológicas
das cidades otimizam ou delimitam o discurso contido no planejamento do Plano Diretor das cidades.
Portanto, este trabalho será realizado por meio de estratégias investigativas combinadas que viabilizarão
concatenar os temas abordados.
Por fim, a pesquisa resultará um análogo entre as políticas de planejamento urbano nos planos de
mobilidade urbana e o potencial configuracional da cidade, identificando, com base no potencial morfológico
observado, se as hipóteses levantadas são plausíveis ou apresentam incoerências e/ou limitações.
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Cronograma da Pesquisa
Referencial Coleta e Análise Redação da Defesa da
Semestre Disciplinas Qualificação
teórico dos Dados dissertação dissertação
2022.1
2022.1
2022.2
2022.2
2023.1
2023.1
2023.2
2023.2
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REFERÊNCIAS
AGUIAR, D.; MORAES NETTO, V.; HOLANDA, F. R. B. de (Orgs.). Urbanidades. Rio de Janeiro, RJ: Folio Digital :
FAPERJ, 2012.
CAMPOS FILHO, C. M. Reivente seu bairro. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2010.
DANTAS, S. de O. Análise da Caminhabilidade do Bairro Centro da Cidade de Patos, Paraíba, Brasil. 2018.
70 f. TCC – Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário de Patos - UNIFIP, Patos, 2018.
GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. [S. l.]: Ed. da UFRGS, 2009. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/52806. Acesso em: 11 maio 2021.
IBGE. Censo Demográfico 2021 Patos (PB) | Cidades e Estados | IBGE. 28 fev. 2021. IBGE - Intituto Brasileiro
de Geografia e Estatística. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/pb/patos.html.
Acesso em: 15 abr. 2021.
IBGE | CIDADES@ | PARAÍBA | PATOS | PESQUISA | FROTA DE VEÍCULOS | VEÍCULO. 2020. IBGE - Intituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/patos/pesquisa/22/28120?tipo=ranking. Acesso em: 28 jan. 2022.
JULIÃO, I. M. M. Plano de resposta e recuperação das ruas da cidade de Patos-PB, Paraíba, Brasil contra a
pandemia de Covid-19, com foco na ciclomobilidade. 2021. 121 f. TCC – Curso de Arquitetura e Urbanismo,
Centro Universitário de Patos - UNIFIP, Patos, 2021.
OLIVEIRA, A. F. L. de. Diretrizes para um plano de mobilidade urbana para pedestres para a cidade de Patos,
Paraíba, Brasil. 2019. 131 f. TCC – Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário de Patos - UNIFIP,
Patos, 2019.
OLIVEIRA, S. E. de. CIDADE E URBANIDADE: ALGUMAS RELAÇÕES ENTRE PALAVRAS. , p. 17, 2012. .
REGO, R. L.; MENEGUETTI, K. S. A respeito de morfologia urbana. Tópicos básicos para estudos da forma da
cidade. Acta Scientiarum. Technology, v. 33, n. 2, p. 123–127, 20 abr. 2011.
https://doi.org/10.4025/actascitechnol.v33i2.6196.
ZECHLINSKI, A. P. P. Configuração e práticas no espaço urbano : uma análise da estrutura espacial urbana.
2013. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/85210. Acesso em: 10 jan. 2022.