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Costa (2006), em seu livro Rios e Paisagens Urbanas em Cidades Brasileiras, apresenta
as ideias, expostas pelo Arquiteto Paisagista Lawrence Halprin, de que as cidades e suas paisagens
estão interligadas por fatores de cumplicidade. Halprin (apud, COSTA, 2006, p.45) ainda afirma que
as cidades mais interessantes e inteligentes são aquelas que desenvolvem uma relação harmônica
com a sua paisagem natural, onde “a nossa experiência de paisagem urbana se enriquece quando
a complexidade do sítio paisagístico se faz presente na forma e no desenho da cidade”.
Essas e outras objeções tornam-se necessárias para que a temática proposta tenha
relevância e fundamentação naquilo que se propõem, ressaltando que no cenário brasileiro
acadêmico pouco se discute sobre as áreas de margens dos rios intermitentes que formam as
cidades, podemos encontrar bastante material a respeito dos rios perenes e de suas áreas de
margens, entretanto, quando se trata de rios intermitentes e seu potencial urbanístico para a cidade,
encontramos uma lacuna considerável que pode ser trabalhada e, portanto, tornar a discursão mais
abrangente.
Por fim, recordando o compositor Paulo André Barata, que escreve “esse rio é minha rua”,
questionar as intervenções urbanísticas envolvendo as cidades contemporâneas e o papel do
arquiteto-urbanista, abre-se caminho para soluções que envolvem o tema com toda a sua
relevância, para a formação morfológica das cidades, e de seu comportamento em relação aos
meios naturais, que abrangem sua construção histórica.
3.0 OBJETIVOS
Diante do exposto, a presente pesquisa tem como objetivo geral: Desenvolver um
´´Masterplan´´ abrangendo o entorno do Rio Espinharas, na cidade de Patos-PB.
E como objetivos específicos:
⮚ Analisar as áreas de margens do Rio Espinharas, identificando os níveis de degradação no
percurso urbano do rio e caracterizando suas potencialidades;
⮚ Investigar a correlação entre os problemas urbanístico da cidade e o rio, visando, assim,
entender e caracterizar essas problemáticas a partir de indicadores de qualidade urbana;
⮚ . Identificar as potencialidades urbanísticas das margens do Rio Espinharas.
4.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 As margens de rios como espaços públicos.
As cidades apresentam-se em um constante processo de mudança e expansão
ocasionado, principalmente, pelo crescimento populacional em ordem exponencial. Onde, diante
desse cenário, as áreas urbanas tornam-se carentes de espaços públicos com capacidade de arcar
com as necessidades de interação social do indivíduo, como lazer, cultura, relação com a natureza,
esporte e outras demandas. Conscientes de que elas são, comprovadamente, responsáveis pela
qualificação da paisagem, devido possibilitarem vitalidade aos espaços urbanos, além de serem
influenciadores da qualidade de vida e bem-estar da população (JACOBS, 2011).
Em conformidade, Peluzio (2017) declara que, com o desenvolvimento das cidades, os
espaços públicos foram perdendo áreas e sendo substituídos por grandes edifícios comerciais e
setores que reprimem esses espaços, acarretando uma escassez de parques, praças, áreas de
vivência, áreas verdes, espaços de lazer, áreas de caminhada entre demais meios de uso que
trazem alto vigor para a cidade. O desenho urbano concede lugar as áreas ociosas e aglomerados
que, com o passar dos dias, causam sensações de estresse, de desconforto visual, e, também,
problemas auditivos, ansiedade e muitos outros danos à saúde pública.
Mediante o exposto, Pereira (2016) afirma que as margens de rios urbanos desempenham
eminente potencialidade para criação de espaços públicos, podendo suprir as problemáticas
urbanísticas geradas na cidade contemporânea, disponibilizando áreas para criação de
equipamentos urbanos, viabilizando espaços atrativos e relevantes em meio a cidade. Em
conformidade, Portas (1998) declara que o território das áreas de margens dispõe de capacidades
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ESPINAREAS NA CIDADE DE PATOS - PB
5.0 METODOLOGIA
Diante disso, a metodologia utilizada para a realização da pesquisa assume uma
abordagem de caráter qualitativa, o que não limita a pesquisa de ser alimentada por informações e
dados técnicos, medidas e quantificações, os quais viabilizaram compreender a formação,
desenvolvimento e desempenho referente ao cenário do objeto de estudo (GIL,2002).
Sendo assim, estabelecido os procedimentos metodológicos da pesquisa;
1. Pesquisa Bibliográfica: Tendo como bases conceituais para essa fase da pesquisa Gorski
(2008), Tucci (2008), Costa (2006), Saraiva (1999), Gehl (2013), Delijaicov (1998) dentre outros,
será feito a revisão bibliográfica utilizando o referencial teórico para elaboração do quadro teórico-
conceitual, visando estabelecer as principais afirmações sobre o tema. Proporcionando um
esclarecimento aprofundado sobre as divergências entre rio-cidade, sua importância para o
desenvolvimento urbano e aplicações urbanísticas nas áreas de margens de rios intermitentes no
cenário atual, sendo feita busca em livros, sites, revistas e artigos relacionados ao tema.
2.Configuração física da área de estudo: Nesta etapa, será realizado uma maior aproximação
com a área de estudo a partir do reconhecimento feito in loco do recorte a ser estudado, utilizando
o Google Earth para esse mapeamento. Identificando e delimitando o recorte geográfico dentro da
área de análise, tornando mais claro o campo de observação e aplicação dos indicadores de
qualidade do espaço. Ressaltando que o recorte a ser estudado do rio e suas margens está
distribuído em cinco trechos distintos entre si, onde os resultados poderão ser mais eficazes e
pontuais, possibilitando a pesquisa uma visão mais ampla e coerente sobre a influência das
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ESPINAREAS NA CIDADE DE PATOS - PB
margens do rio sobre a cidade. Ainda nesta segunda etapa, será desenvolvido mapas que possam
caracterizar as áreas de margens do rio, sendo propostos os seguintes mapas: 01) uso e ocupação
do solo; 02) gabarito; 03) espaços privados e públicos; 04) mapas de densidades; 05) mapas de
fluxos e outros aspectos que possibilitaram a criação de quadros e gráficos, com o diagnóstico da
área de estudo. Enfatizando que serão utilizados software como AUTOCAD, Dinâmica EG, OGIS e
Sintaxe Espacial para criação dos mapas conceituais.
3. Etnografia Urbana: Sendo um método de trabalho extraído da antropologia, a etnografia urbana
traz como possibilidade a aproximação com a dinâmica urbana e, de igual modo, com as
sociabilidades nas cidades contemporâneas. Dessa forma, apoiado nos estudos de Magnani
(2002), evidenciando a etnografia relacionada aos estudos da cidade, será oportuno para a
pesquisa as questões voltadas à cidade contemporânea e seus espaços público. Tal procedimento
tem por intuito alcançar a diversidade dos usos e apropriações dos espaços públicos em área de
margens de rios urbanas. Ao adotar o método da etnografia urbana, propõe-se buscar uma
abordagem denominada por Magnani (2002) de “olhar de perto e de dentro”, desenvolvidos a partir
dos atores sociais envolvidos. É uma visão que nos possibilita reaver os conceitos Lefebvriana, isto
é, investigando de um lado os atores e suas atividades, e de outro, a paisagem na qual essas
atividades são realizadas.
4. Elaboração de uma Master Plan: Sendo uma ferramenta do planejamento urbano, o Master
Plan, auxilia na dinâmica de aplicação dos espaços públicos e apropriação de todos eles. Tendo
como fim último nesta pesquisa, nortear e organizar as decisões urbanísticas que devem ser
tomadas em relação às margens do rio Espinharas no recorte em que se estuda. Definindo, por
assim dizer, uma possível proposta de projeto que permita a compreensão do produto final e sua
demonstração aos seus usuários.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADE
2021 2022 2023
Revisão bibliográfica
Levantamento/análise
Qualificação da dissertação
Fechamento da pesquisa
Defesa da dissertação
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ESPINAREAS NA CIDADE DE PATOS - PB
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