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RESUMO XII SIIU – SEMINARIO DE INVESTIGAÇÃO EM URBANISMO

Ms Afonso Celso Vanoni de Castro - FAU Mackenzie, SP, Br.


Dra. Angélica Aparecida Tanus Benatti Alvim – FAU Mackenzie, SP, Br.

Drenagem e paisagens fluviais em São Paulo: parâmetros de


planejamento para urbanização em bordas fluviais.1

A gestão das águas urbanas administra ações antrópicas decorrentes do


processo de urbanização e os efeitos que alteram processos climáticos,
hidrológicos e geológicos geradores de degradação da qualidade da água,
aumento das inundações e crises hídricas que afetam milhões de pessoas em
zonas urbanizadas. A recuperação dos rios urbanos e a proteção dos
mananciais são temas estratégicos e prioritários para o desenvolvimento das
cidades e regiões metropolitanas e, exigem a superação do paradigma
higienista e abordagem setorial da engenharia hidráulica tradicional. Exigem
abordagens de caráter sistêmico, aplicadas em modelos de planejamentos
mais abrangentes que as premissas de caráter setorial que se atêm, grosso
modo, a aspectos econômicos e sociais. (Santos 2004; Spirn, 1995; Hough,
1995; Riley, 1998; Marcondes, 1999; Kahtouni, 2016; Higueras, 2006; Alvim,
2003; Travassos, 2010; Gorski, 210; Delijaicov, 1998; Rutkowski, 1999;
Schutzer, 2012).
Experiências de programas e projetos de recuperação ou reconversão de
cursos d’água demonstram que presença da água é protagonista e agrega aos
espaços urbanos envoltórios qualidades socioambientais específicas, na
maioria das vezes, associadas à presença da vegetação. Essa integração
água-vegetação resgata em muitos casos as dinâmicas ecossistêmicas dos
biomas originais, conferindo qualidades caracterizadas como serviços
ambientais de regulação, culturais e de suporte, conforme literatura do campo
dos Projetos de Recuperação das Paisagens Fluviais. (Demantova, 2009,
Burkhard et al, 2012, Naeem et al, 1999, Costanza et al, 1998 e 1977). Porém
no campo do Planejamento Territorial Urbano são poucas as referencias a esse
tema. Ademais se observa que essas ações ocorrem, na maioria das vezes, a
posteriori e destinam-se a reparar danos ou impactos negativos já provocados
pelos processos de urbanização nas orlas fluviais.
Por sua vez o Planejamento Ambiental e os Planos de Manejo de Comitês de
Bacias Hidrográficas inter-regionais, tratam a questão numa escala muito
ampla além da escala da paisagem urbana. E também os Planos Diretores
Municipais, como instrumentos operativos do Planejamento Territorial Urbano,
restringem-se a questões de controle da impermeabilização do solo,
conservação de vegetação e redução de poluição aérea e sonora, no tocante
as questões ambientais, e não determinam parâmetros preliminares
específicos de uso e ocupação do solo em áreas ribeirinhas ou de fundo de

1
Esse artigo faz parte da tese de doutoramento do autor em andamento no Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,
Brasil; na área de concentração Urbanismo Moderno e Contemporâneo, sob orientação da
Profa. Dra. Angélica Benatti Alvim, com apoio do Programa Mack pesquisa.
vale, salvo em bordas de grandes rios ou oceânicas (Alencar, 2017; Alvim,
2003; Travassos, 2010; Gorski, 210; Delijaicov, 1998; Santos, 2004).
Portanto algumas questões se impõem: como podemos conciliar
desenvolvimento urbano com conservação das águas? Quais seriam os
parâmetros de Planejamento Urbano e Territorial adequados para promover a
reconciliação entre as cidades e os sistemas naturais “água-vegetação” em
áreas ribeirinhas e de fundo de vale?
O artigo apresenta metodologia para construção de um quadro com parâmetros
de Planejamento territorial para áreas de bordas fluviais e regiões de fundo de
vale urbanas. Apoia-se em revisão bibliográfica no campo dos planos e
projetos de reconversão urbana e revitalização de rios e orlas fluviais, apoiadas
em conceitos de sustentabilidade para a conciliação de demandas urbanas e
ambientais e utiliza avaliações das características urbano ambientais para
elaboração de estratégias de recuperação, requalificação ou restauração de
cursos d’água urbanos (Cengiz, 2016, Schutzer, 2012, Alencar, 2017,
Travassos, 2010; Castañer, 2018). Apoia-se também nos trabalhos do Grupo
de Pesquisa “Urbanismo Contemporâneo: redes, sistemas e processos” da
FAU Mackenzie sobre sustentabilidade em áreas urbanizadas ambientalmente
frágeis.
A metodologia será aplicada em estudo analítico do processo de urbanização
da bacia do Córrego Jaguaré no município de São Paulo, Brasil, cuja escolha
se justifica por ser essa uma bacia situada em área urbana consolidada e
dotada de distintos modelos de urbanização – formal precária e em expansão –
dotada de infraestrutura de saneamento e drenagem distribuída de forma
irregular; por estar integralmente situada no município de São Paulo; por ter
suas cabeceiras e nascentes relativamente protegidas e íntegras e fazer parte
de um programa de despoluição de suas águas da autarquia de gestão das
águas e saneamento de São Paulo; e ainda por ter acesso aos dados de uma
ampla pesquisa multidisciplinar elaborada no ano de 2016 que atende aos
requisitos necessários e fundamentais das características fisiográficas,
urbanísticas e de paisagem dessa bacia.
A metodologia se desenvolve em etapas: a) Construção de um quadro das
unidades ambientais estruturais da bacia hidrográfica nos anos 1930, 1954,
1988, 2004 e 2017, utilizando softwares de geoprocessamento; b) Elaboração
de matriz com dados das legislações urbanísticas e ambientais vigentes em
cada período; c) Elaboração de Matriz Comparativa associando e avaliando os
dados da urbanização com parâmetros legais por períodos, considerando suas
qualidades socioambientais; d) E por fim elaboração de Quadro de Parâmetros
adequados para o Planejamento Territorial.
A área da bacia do Córrego Jaguaré, para efeito dessa pesquisa, foi dividida
em três porções: alta, média e baixa; e será selecionada uma dessas três
áreas para aplicação e validação da metodologia.

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