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Revitalização, reabilitação, renaturalização, reinserção recuperação de rios


urbanos, uma proposta para zonas ripárias impactadas / Revitalization,
rehabilitation, renaturalization...

Article in Brazilian Journal of Development · February 2022


DOI: 10.34117/bjdv8n2-055

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2 authors:

Paula Pannunzio Admilson Írio Ribeiro


São Paulo State University São Paulo State University
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Revista indice qualis A2
Brazilian Journal of Development 9245
ISSN: 2525-8761

Revitalização, reabilitação, renaturalização, reinserção recuperação de


rios urbanos, uma proposta para zonas ripárias impactadas

Revitalization, rehabilitation, renaturalization, reinsertion recovery of


urban rivers, a proposal for impacted riparian zones

DOI:10.34117/bjdv8n2-055

Recebimento dos originais: 22/01/2022


Aceitação para publicação: 05/02/2022

Paula Andréa Pannunzio Moreira


Arquiteta pela Universidade Brás Cubas (1993), mestre em processos tecnológicos e
ambientais UNISO (2016), doutoranda em Ciências Ambientais UNESP Sorocaba,
Endereço *¹: Av. 3 de março, 740 Qd. E lote 16- Sorocaba SP CEP: 18087 486
E-mail: paula.pannunzio2@gmail.com

Admilson Irio Ribeiro


Eng. agrícola pela Universidade Federal de Lavras (1994), Mestre em engenharia
agrícola FEAGRI (1997) Doutor engenharia agrícola UNICAMP (2005), Pós-
Doutorado pela University California Riverside, UCR, Estados Unidos, professor, vice
coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, UNESP –
Sorocaba
Endereço *¹: Av. 3 de março, 740 Qd. E lote 16- Sorocaba SP CEP: 18087 486-
E-mail: paula.pannunzio2@gmail.com

RESUMO
A importância dos rios no ambiente urbano deve ser sempre muito bem ressaltada em
função dos benefícios e dos serviços ecossistêmicos que representam para o
funcionamento das cidades. A busca por soluções de recuperação ou revitalização de rios
urbanos têm sido uma crescente necessidade para as cidades. O uso e ocupação dos solos
nas zonas ripárias pode ser considerado um tema emergente no quesito de estudos
ambientais. pois retrata que degradação das zonas ripárias em áreas urbanas, está atrelada
a problemas de natureza ambiental, social e econômico. Essa urbanização desenfreada
aliada à falta de planejamento urbano e gestão ambiental denota diversos problemas às
estruturas das cidades. Desta forma, as zonas ripárias dos centros urbanos, necessitam de
estudos e instrumentos por ações de recuperação ou revitalização. O presente trabalho se
refere sobre um método de diagnóstico e tipificação das zonas riparias impactadas em
determinadas classes, e após essa classificação sugere-se a possibilidade da execução de
simples ações e projetos para mitigação dos impactos na área analisada.

Palavras-chave: Revitalização, Impactos, Zona Ripária, Rios Urbanos.

ABSTRACT
The importance of rivers in the urban environment must always be highlighted in terms
of the benefits and ecosystem services they represent for the functioning of cities. The

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search for solutions for the recovery or revitalization of urban rivers has been a growing
need for cities. The use and occupation of land in riparian zones can be considered an
emerging topic in terms of environmental studies. because it portrays that degradation of
riparian zones in urban areas is linked to problems of an environmental, social and
economic nature. This unbridled urbanization combined with the lack of urban planning
and environmental management denotes several problems to the structures of cities. In
this way, riparian zones in urban centers need studies and instruments for recovery or
revitalization actions. The present work refers to a method of diagnosis and typification
of riparian zones impacted in certain classes, and after this classification, the possibility
of carrying out simple actions and projects to mitigate impacts in the analyzed area is
suggested.

Keywords: Revitalization, Impacts, Riparian Zone, Urban Rivers.

1 INTRODUÇÃO
Diversos são os problemas ambientais enfrentados hoje em dia nas cidades.
Processos de urbanização e suas relações urbanísticas estão em constante conflito
comprometendo assim cada vez mais a funcionalidade ecológica das cidades (FENGLER
et al., 2015).
Grande parte das políticas urbanas mundiais buscam priorizar diversas temáticas
entre elas: saúde, habitação, educação, saneamento básico, mobilidade urbana, atividades
econômicas industriais, por último questões relacionadas a temas ambientais (SMITH;
DA SILVA; BIAGIONI, 2019). No entanto, questões associadas a gestão hídrica ainda
carecem pela falta de implementação de políticas, programas e projetos para o
desenvolvimento urbano e ambiental das cidades, principalmente no que se refere aos
recursos hídricos e zonas ripárias (VENDRUSCOLO et al., 2020).
A importância da presença dos rios no ambiente urbano deve ser sempre ressaltada
em função dos benefícios ecológicos e ambientais e sociais e de lazer, pois devem estar
inseridos no contexto urbano (DA SILVA; NOGUEIRA, 2021).
Nos últimos anos vários trabalhos têm se destacado pela descrição a respeito da
importância relacionada sobre a recuperação e revitalização dos rios e córregos urbanos
assim como, a revitalização das zonas ripárias (VIEIRA et al., 2020).
O crescimento urbano desenfreado, aliado a falta de planejamento ambiental,
econômico e social, faz com que a maioria dos recursos hídricos, no contexto mundial,
não recebam o tratamento adequado necessário e por fim acabam resultando em
consequências muitas vezes catastróficas, tais como, problema na qualidade e

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disponibilidade dos recursos hídricos para as comunidades (DE CARVALHO et al.,


2019).
Outro problema frequentemente diagnosticado é o uso irregular do solo
relacionado à ocupação das ZRs, seja para moradia ou para inserção de vias públicas,
resultando muitas vezes em problemas catastróficos, tais como enchentes, deslizamento
de massa, entre outros (GARCIAS et al., 2020).
Alguns países vêm se destacando, pela crescente implementação de políticas
públicas para revitalização dos rios urbanos, que ajuda na melhoria da qualidade de vida
dos espaços ecossistêmicos além da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos
(FERNANDES; DOS SANTOS; BIZZINOTTO, 2020).
Este estudo buscou elaborar um diagnóstico relacionado a situação dos rios
urbanos na cidade de Sorocaba, através da tipificação de classes de impactos juntamente
com propostas arquitetônicas que podem ser aplicadas nestes ambientes degradados,
visando minimizar o impacto.
O desenvolvimento das cidades possui grande conexão com as funções destas
zonas ripárias e dos rios. A importância fluvial pode ser destacada desde a organização
espacial até como elemento que proporciona e viabiliza as atividades econômicas, de
lazer, transporte, entre outras, (HONG; CHANG, 2020). Devemos considerar estes temas,
como parte fundamental da paisagem urbana, assim como a cidade pertence
imprescindivelmente à paisagem fluvial (COSTA; VIEIRA, 2021). As condições de
depredação das zonas ripárias não só nas cidades brasileiras, mas em âmbito mundial
exigem uma reflexão sobre a problemática da ausência de consciência coletiva (DE
MIRANDA; BOTEZELLI; PAMPLIN, 2021).
Devido ao crescimento urbano desordenado, aos avanços tecnológicos, a
degradação do meio ambiente nos canais hídricos que se intensificam a cada dia. A zona
ripária e os rios, podem ser considerados elementos principais da paisagem urbana, e que
a partir destas resultaram no surgimento das cidades (BASAK et al., 2021).
Historicamente, muitas cidades nasceram às margens dos rios, mas com o passar do tempo
sofreram intervenções sem planejamento adequado; tais como canalizações, barramentos,
retificações, desassoreamento, entre outros (SILVA; RIBEIRO; LONGO, 2021).
Os rios são considerados espaços naturais que podem favorecer o convívio com o
ambiente natural, além de atender as necessidades materiais, culturais e de lazer de
determinadas comunidades. O processo de urbanização tem contribuído para crescente
degradação destes espaços naturais, estes ambientes possibilitam oportunidades variadas

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para a população, tais como desenvolvimento econômico, desenvolvimento cultural, e de


lazer que podem ser considerados necessidades básicas para as comunidades
(EDWARDS et al., 2020).
A abordagem pela implementação dos serviços ecossistêmicos nas cidades, vem
sendo destacada em novos projetos urbanos, pois denota sobre a importância sobre
benefícios sociais, culturais, econômicos e de lazer, porém com relação a execução desses
projetos ainda é incipiente (GARCIAS et al., 2020).
Podemos considerar que urge a necessidade de incentivar divulgar e executar
projetos de recuperação e revitalização de rios e zonas ripárias urbanas.

1.1 EXEMPLOS DE PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE ZONAS RIPÁRIAS


Diversos países têm trabalhos para melhoria e revitalização das zonas ripárias e
dos recursos hídricos podemos destacar a Coréia do Sul, como um dos países pioneiros,
tornando-se referência, na implementação de políticas e projetos de recuperação dos rios
urbanos. O rio Cheonggyecheon, Figura 1, é um dos principais do país e passou por
processos de impactos ambientais, tais como, canalização, retificação, remoção de zonas
ripárias e demais problemas relacionados a urbanização desenfreada. Atualmente pode
ser considerado um dos principais cartões postais da cidade.

Figura 1– Rio Cheonggyecheon, Coreia do Sul. Fonte Google (2021).

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Figura 2– Rio Hann, Coreia do Sul. Fonte Google (2022).

O Rio Han, em Seoul, sofreu grande impacto durante a Segunda Guerra Mundial
e Guerra da Coreia, quando começou a receber o despejo de esgoto, porém, em 1998,
com o plano de Desenvolvimento e Implementação de Gestão da Qualidade da Água, o
local mudou o seu destino. Com a revitalização do rio Cheonggyecheon, o Han também
passou por mudanças e hoje é considerado limpo e já tem algumas espécies de peixe.
Em Cleveland Ohio o rio Cuyahoga, foi alvo de constantes impactos, as atividades
industriais de larga escala da cidade, levaram o rio a uma situação de intensa degradação.
com o derramamento de óleo um grande incêndio em junho de e1969, surgiram as
agências de proteção ambiental estadual e federal, além da aprovação do projeto Clean
Water. A partir dessas essas iniciativas, ocorreu também a formação de um núcleo de
saneamento regional conseguindo assim reverter o quadro de degradação do rio. Nos dias
de hoje podemos citar esse rio como um grande exemplo de revitalização ambiental.

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Figura 3- Rio Cuyahoga incêndio em 1966. Cleveland Ohio.

Fonte Google (2022)

Figura 4- Rio Cuyahoga Cleveland

.Fonte Google 2022.

Com a crescente necessidade de água para abastecimento, além da irrigação,


geração de energia, verifica-se que as atividades antrópicas estão cada vez mais
dependentes da disponibilidade dos recursos hídricos (LIMA; ZUFFO, 2020). Essa
degradação também está ligada a problemas de enchentes, ao impacto do solo por descarte
de resíduos sólidos domésticos, e outros diversos problemas ainda não citados
(FLAUSINO; GALLARDO, 2021). É de extrema importância que os diversos atores
envolvidos nos processos de gestão de cidades, incentivem, implementem e divulguem

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políticas de recuperação e revitalização ambiental, principalmente nas Zonas Ripárias,


devolvendo assim, os rios ao contexto urbano (STOFFERS et al., 2021).
A atividade urbana desordenada, causa diversos problemas ao funcionamento das
cidades, principalmente grandes impactos nas zonas ripárias, no entanto, iniciativas de
recuperação, revitalização desses locais e educação ambiental, podem ser considerados
instrumentos fundamentais para melhoria destas áreas, mitigação dos danos, que
posteriormente auxiliam a melhoria da qualidade ambiental e social do entorno ( DE
FRANÇA BERNARDO; et al. 2020).

2 METODOLOGIA
2.1 ÁREA DE ESTUDO

Figura 5- Área de Estudo e pontos de amostragem

(fonte Google)

Foram analisados 04 pontos em trechos urbanos do Rio Sorocaba, sendo 03 pontos


do córrego do Lavapés no bairro da Vila Hortência, um dos bairros mais antigos da
cidade, e o outro no bairro da vila Rica. A diferença da urbanização entre ambos é que,
nos bairros antigos, os processos urbanos visavam métodos, tais como, supressão de
leitos, canalização fechada, aberta, remoção da vegetação ripária. Nos bairros de
urbanização recente, verifica-se maior preocupação com questões ambientais. Elaborou-

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se um diagnóstico para classificar os tipos de impactos, através da matriz adaptada de


Leopold, (1994) e Arboleda (2014).

2.2 MATRIZ DE AVALIAÇÃO


Para aplicação da matriz considerou-se a análise e diagnóstico através da
pontuação de indicadores, obtidos pela aplicação da matriz, a qual denominamos AZR
acrônimo para Avaliação da Zona Ripária urbana (tabela 2) determinando-se classes
relativas a situação do dano e impacto decorrente no local. A matriz é composta por
indicadores dos meios físico bióticos e antrópicos (impermeabilização, densidade
demográfica, margens do leito entre outros) relacionados a critérios e atributos,
(sazonalidade do impacto severidade e temporalidade). Dados fisiográficos, imagens por
satélites (Google) e visitas in loco, contribuíram para avaliar a situação de uso do solo
nas ZRs, considerando trechos de APPs, conforme código florestal lei 12651/74. Este
método consolidou-se em 03 fases principais: a 1° obtenção da pontuação dos parâmetros
de avaliação; a 2° através da classificação ambiental do impacto e a 3º pela sugestão de
projetos paisagísticos e urbanísticos de revitalização. Para classificar o tipo da zona
impactada, utilizamos a fórmula abaixo especificada, para obtenção de parâmetros:
K = N x [(P+R) x M], onde:
K= classificação e tipo da ZR impactada, após aplicação de matriz e ponderação dos
resultados, verifica-se a classe do impacto das respectivas ZRs.
N= natureza do fator (pode ser positivo ou negativo)
P= presença / ausência do fator antrópico causador de impacto/dano, nesta etapa,
classifica-se de 1 a 3 conforme a intensidade do fator presente.
R = possibilidade de mitigação ou reversibilidade da degradação ambiental, também
variável de 1 a 3, sendo 1 baixo, 2 médio e 3 altos.
M = Magnitude, especifica o grau de severidade, importância do fator analisado podendo
variar de 1 a 3.
Tabela 01- Atributos de ponderação (elaborado pelo autor)
INDICAÇÃO INTREPRETAÇÃO PONDERAÇÃO
K Classe ou tipo do dano K = N x [(P+R) x M]
Natureza do dano pode ser positivo ou -1 maleficio
N
negativo, ou neutro +1 benefício
1 baixo
P Presença do impacto 2 médio
3 alto
1 baixo
Classificação conforme grau de
R 2 médio
reversibilidade
3 alto
1 baixo
Magnitude relata a severidade do
M 2 médio
impacto na ZR
3 alto

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Tabela 02 - Matriz de Tipificação de danos e impactos da Zona Ripária (elaborado pelo autor).
TRECHO:

NATUREZA MAGNITUDE
PRESENÇA PONTUAÇÃO
(x) (X)
REVERSIBILID.
probabilidade
1 - 2 3 1 -5
de enchentes
urbanizaçao
2 + 1 1 1 2
residencial
urbanização uso
3 - 2 3 3 -15
misto
MEIO ANTRÓPICO

ocupação
4 + 2 1 1 3
demográfica

5 - 3 3 3 -18
vias públicas
descarte de
6 + 1 3 3 12
resíduos solidos
depsejo
7 - 1 3 1 -4
águas pluviais
equip e mobil.
8 urbanos + 3 3 3 18

profundidade do
9 - 3 1 3 -12
leito
canalização
10 - 3 3 3 -18
do leito

11 odor da água + 1 1 3 6
MEIO FÍSICO

12 cor da água + 1 1 1 2

13 sedimento na água - 1 1 1 -2

14 erosão do solo + 1 1 2 4

impermeab do
15 - 3 1 3 -12
solo
deterioração da
16 - 2 1 2 -6
paisagem natural
esgoto doméstico
17 + 1 1 3 6
MEIO BIÓTICO

efluentes

18 vegetação ciliar - 3 1 3 -12

19 fauna terrestre - 3 1 2 -8

20 fauna aquatica - 3 1 2 -8

TOTAL ZRIED -67

ZRPSI Zona ripária preservada sem impacto (30m de margens livres) > 100
classes de impactos de uso do solo

ZRLI Zona ripária com leve grau de impacto 70 < 100

ZRIFR Zona ripária impactada com facilidade de revitalização 40 < 70

ZRIMDR Zona ripária impactada com média dificuldade de revitalização 10 < 40

ZRIDR Zona ripária impactada com dificuldade de revitalização - 50 < 10

ZRIED Zona ripária impactada com extrema dificuldade de revitalização - 80 < -50

ZRIR Zona ripária com impossibilidade de revitalização < - 80

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3 RESULTADOS
Posteriormente a classificação dos tipos de impactos das zonas ripárias, propôs-se
projetos de simples conceito, que possam ser elaborados por sociedades civis autônomas,
como ongs, associações de bairro, e demais pertencentes as comunidades interessadas.
Um dos objetivos deste projeto foi que possa ser executado sem a necessidade da
intervenção do poder público, ou seja, ações simples que podem muito contribuir para
mitigação dos impactos e danos das zonas ripárias urbanas.

3.1. CÓRREGO LAVAPÉS – TRECHO 1A e 1B


Conforme aplicação da matriz nos pontos acima discriminados classificamos a
intensidade do impacto na área 01, foi como ZRIMDR, zona ripária impactada com média
dificuldade de revitalização, devido a não ocupação total da zona ripária e à extensão e
possibilidade de preservação natural das margens. Para este ponto, propusemos detalhes
de paisagismo com espécies nativas, juntamente com implantação de uma pista de
caminhada para a comunidade. No córrego já canalizado, sugerimos a colocação de
pedras no leito, tipo pedras de enrocamento, para melhorar a comunidade biótica do canal,
tornando fluxo hídrico, meândrico. O trecho 1B apresenta margens naturais, então a
sugestão do plantio de espécies nativas foi mantida.

Figura 6- Córrego Lavapés rua Assis Machado pontos1A e 1B

(Fonte Google 2022).

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Figura 7-Córrego Lavapés, trecho

1A (Fonte Google 2022)

Figura 8-Córrego Lavapés, trecho

1B (Fonte Google 2022).

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Figura 9-Sugestão de projeto nos trechos 1A e 1B

-elaborado pelo autor.

Figura 10-Sugestão de projeto nos trechos 1A e 1B

- (Eaborado pelo autor).

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Figura 11 -Sugestão de projeto nos trechos 1B

(Elaborado pelo autor).

3.2 CÓRREGO LAVAPÉS – TRECHO 2


O trecho 2, obtivemos a classe: ZRIED sendo o mais impactado, devido à intensa
ocupação urbana, a total remoção da vegetação ripária, a ocupação das margens, trata-se
de um ponto de extrema dificuldade revitalização. Foi proposto trabalhar com detalhes
tipo grafite, colocação de espécies nativas tipo trepadeiras, e também a inclusão de pedra
e rochas, buscando inserir elementos mais naturais, visando melhorar a estética do local

Figura 12- Trecho 02 córrego Lavapés

(Autor).

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Figura 13- Trecho 02 -Situação Atual

(Fonte: autor).

Figura 14-Proposta de projeto para trecho 02

(Autor).

3.3 TRECHO 03 – CÓRREGO LAVAPÉS - CALHA PRINCIPAL RIO


SOROCABA
O trecho 03 foi o que obteve a melhor classificação pontuação devido à sua
localização com proximidade á calha principal do rio e por estar localizado dentro de uma
área restrita ao público. Sua grande extensão de áreas naturais, resultaram na zona riparia
em melhor classe, ZRIFR, zona ripária impactada com facilidade de recuperação.

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Figura 15 Ponto 3 - Córrego Lavapés

(Fonte Google).

3.4 TRECHO 04 – CÓRREGO LAVAPÉS BAIRRO VILA RICA


O bairro da Vila Rica, apesar de ser um bairro mais novo que a Vila Hortência,
neste trecho do córrego, percebe-se que a urbanização preservou as margens naturais do
leito assim como espaço para recuperação da vegetação ripária. Pela aplicação da matriz
de tipos a classificação do córrego no bairro da Vila Rica é ZRIFR, portanto considera-
se o trecho 04 como Zona Ripária Impactada com Facilidade de
Revitalização/Recuperação. Verifica-se que para melhorar esta Zona ripária, ações
simples de paisagismo, sem intervenção do poder público e educação ambiental, podem
auxiliar numa significativa melhoria do local.

Figura 16-Trecho 04 - córrego no bairro da Vila Rica

-(Fonte Google 2022).

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Figura 17- Trecho 04-córrego no bairro da Vila Rica, rua Joao Guariglia, Sorocaba

-(Fonte Google 2022)

Figura 18- Imagem proposta para trecho canalizado ponto 2

(Elaborado pelo autor).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A impossibilidade de reverter espaços urbanos em espaços naturais, é fato, porém,
propor condições de melhoria ao ambiente, principalmente em zonas ripárias, é uma
política que deve ser adotada no contexto urbano das cidades. Neste estudo foi possível
observar que além da ocupação e expansão desenfreada urbana, a falta de educação
ambiental é um fator condicionante que diretamente também leva a degradação das zonas
ripárias por isso nossa proposta de melhorar os espaços procurando algumas
possibilidades de mitigação dos danos e impactos.

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A densidade de ocupação urbana resultou em diferentes tipos de impactos desta


área de estudo, o que possibilita a atividade de revitalização em determinados trechos em
outros não. Temos plena consciência de que é impossível tornar os rios urbanos isentos
de impactos, porém é possível reintegrar os rios nas cidades, tornando-os um ambiente
mais agradável e menos impacto auxiliando a melhoria dos serviços ecossistêmicos.
Nosso estudo classificou os tipos de impactos existentes em dois trechos de zonas
ripárias urbanas em Sorocaba, e mostra sugestões de projeto para minimizar o dano
mitigar o impacto, o que podemos fazer sem depender do poder público para melhorar a
situação dessas áreas. Por esse motivo elaboramos uma matriz de tipificação de simples
interpretação que possa ser utilizado por quaisquer interessados em ações de mitigação
de danos e impactos nas Zonas Ripárias urbanas.

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