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PROJETO DE PESQUISA
DE PEQUENO PORTE
Bauru – 2019
RESUMO
As praças são elementos do espaço urbano que proporcionam lazer e bem-estar a população,
atividades de distração, contato com a natureza, descanso, prática de esporte e sociabilização.
No entanto, para que estes fatores ocorram é necessário que a praça ofereça qualidade
espacial a seus usuários. A pesquisa parte da hipótese de que a configuração, os elementos
morfológicos da praça e de seu entorno podem interferir na percepção e na apropriação deste
local transformando o espaço da praça em um local apenas de passagem. Nesse sentido, essa
pesquisa visa identificar se os aspectos físicos e morfológicos de praças com diferentes
tipologias se constituem em locais de passagem ou permanência. Os estudos serão realizados
na área central de três cidades de pequeno porte demográfico, localizadas na região centro
oeste do Estado de São Paulo, Lins, Tupã e Paraguaçu Paulista. A metodologia será composta
por multimétodos: (i) Análise formal e estrutural do entorno das praças a partir de análise da
configuração espacial da praça e de seu entorno a partir de dados gráficos e fotográficos (ii)
análise dos aspectos físicos e morfológicos das praças e de seu entorno imediato, por meio de
auditoria técnica analisando os aspectos físicos das praças e do entorno imediato (iii)
observação sistemática do uso das praças realizadas a partir de observação dos locais de
permanência, quantidade de usuários em determinados pontos, atividades realizadas e
movimentação das pessoas no local, esse processo irá acontecer por meio de mapas
temáticos e fichas auxiliadores. Espera-se que o resultado possibilite: (i) identificar quais
aspectos físicos e espaciais do espaço público e do entorno que podem coibir ou atrair os
usuários das praças; (ii) identificar quais são os usos predominantes, perfil dos frequentadores,
principais pontos de deslocamentos dos usuários, pontos de concentração e quantidade de
usuários dos locais; (iii) procurar contribuir para o planejamento urbano de praças,
desenvolvendo critérios que facilite a criação ou revitalização desses espaços de acordo com
as necessidades dos usuários.
Palavras-chaves: Praças. Qualidade espacial. Cidades de pequeno porte.
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A praça no decorrer da história tem sido palco de muitos fatos marcantes, como a Revolução
Comunista na extinta União Soviética ocorrida na Praça de São Petersburgo, a Plaza de Mayo
em Buenos Aires palco do movimento das mães que buscavam seus filhos desaparecidos,
urbano que está ligada as questões sociais, formais e estéticas da cidade (ROBBA; MACEDO,
2002)
forma geométrica (LAMAS, 1993). Lamas (1993) e Santos (2008), mencionam que em relação
projetados para serem espaços amplos, se abrindo para a estrutura interna das cidades na
direção das ruas ou para interromper os edifícios. São espaços essenciais que compõe a vida
De acordo com Magagnin (1999) e Robba e Macedo (2002) a implantação das praças em
algumas cidades brasileiras, acontecia em frente aos adros das igrejas tendo como caráter
uma outra configuração espacial, algumas são reflexos de sobras do sistema viário, e outras de
projetos urbanísticos que não incorporam sua função como ponto de encontro de pessoas, mas
Há algum tempo era possível encontrar um Brasil rural, de cidades pequenas onde não havia
muita globalização e shopping centers, a praça preenchia o vazio das noites e finais de
CASTRO; ANGELIS NETO, 2004). Magagnin (1999), Gehl (2015) e Macedo (2012) afirmam
que a praça contemporânea deixou de ser uma atratividade, um local de encontro e fórum
social, e passou a ser um problema sociocultural, caiu em desuso aliada a alteração dos
hábitos da população, ou seja, as necessidades dos usuários não são mais atendidas pelas
praças, tornando-se locais impróprios para uso coletivo e desérticas, tornando apenas um
Hoje a imagem que se tem de algumas praças no Brasil é de um espaço degradado, pobre e
ponto de atração e tornando-se impróprias para uso coletivo, sendo apenas um simples ponto
Para Benedet (2008) isso está acontecendo, pois, sua estrutura original não está mais
satisfazendo as necessidades dos usuários atuais. Portanto, para reverter esse processo é
necessário que o espaço da praça tenha qualidade espacial e que a infraestrutura local
também tenha qualidade, atendendo o público atual do espaço, esses fatores, de acordo com
Um ambiente de alta qualidade, que propicie boas condições de permanência faz com que as
pessoas se apropriem desse espaço, por meio de diversas atividades, principalmente daquelas
atividades opcionais como leitura de jornal ou sentar para apreciar uma vista, mas quando as
opcionais ou sociais vão diminuindo e quase nada acontece no local. (GEHL; 2015)
Mora (2009) afirma que os espaços públicos como um desenvolvedor de novas perspectivas
na cidade, precisa ser palco para as atividades coletivas, ser gerador de identidade, precisa ter
Serdoura (2006) relata em sua pesquisa que as atividades opcionais e sociais dependem mais
das características do desenho urbano e ambientais do espaço público e menos das funções
O estudo desenvolvido por Santos (2008) mostra que versatilidade e diversidade nos espaços
são determinantes para o uso, assim como a liberdade de escolha de uso pelos usuários. O
espaço público com maior número de solicitações é um espaço usado por mais pessoas e
Bendet (2008) em sua pesquisa constatou que os aspectos físicos, falta de manutenção,
O espaço público precisa ser planejado e reestruturado de acordo com as necessidades das
pessoas que utilizam os espaços, pois as cidades estão se desenvolvendo rapidamente e vão
Existe diversas pesquisas, nacionais e internacionais, que buscam avaliar, através de diversas
abordagens, fatores que influenciam na qualidade do espaço público. Alguns desses autores
abordam fatores que estão associados as características físicas e estéticas do espaço público,
MONTELLI; 2008; BENEDET, 2008; PROJECT FOR PUBLIC SPACE, 2015; MONTEIRO,
2015; GEHL, 2015; HEEMANN E SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016; MAIA, 2018; BRANDÃO
MONTELLI, 2008; SANTOS, 2008; PRADO, 2016; PIRES, 2018, SASTRE, 2018; ITDP, 2018).
elementos tanto no âmbito das características físicas da praça quanto da qualidade espacial do
entorno, mas poucos, verificam em um mesmo trabalho, até que ponto os aspectos físicos e os
aspectos físicos e espaciais, é necessário no sentido de buscar entender o seu atrativo, o que
permite seu uso, quando estes ocorrem, e buscar resgatar a importância do uso desses
e/ou espaciais que podem estar refletindo em uma baixa ou alta apropriação do local, atraindo
ou coibindo usuários.
2 OBJETIVO
cidades de pequeno porte e identificar quais aspectos podem atrair ou coibir os usuários de
frequentá-las.
3 MÉTODO
Esta pesquisa caracteriza-se como empírica e exploratória, realizada por meio de estudos de
quantitativa e qualitativa.
Para identificar se a qualidade espacial interfere em sua apropriação pelos usuários, tornando-
concentração de usos e diversidade de atividades urbanas. O critério para definição das praças
e respectivos municípios foram: i) cidade com população estimada entre 30 mil a 100 mil
habitantes, ii) praças localizadas em áreas centrais (pertencente ao antigo núcleo de formação
da cidade) que contenha a implantação da igreja matriz no local ou no entorno próximo e que
possua diferentes tipologias, iii) cidades localizadas na região centro-oeste do Estado de São
Paulo, distante até 200km de raio, da cidade de Bauru – SP. A partir destes critérios foram
definidas as seguintes cidades para análise das praças centrais: Tupã, Lins e Paraguaçu
Figura 1- Localização geográfica das cidades de pequeno porte definidas para análise
Lins
Tupã
Bauru
Paraguaçu Paulista
3.1.1 Lins
429 quilômetros da capital do estado. De acordo com o IBGE (2017) Lins possui uma
população estimada de 77.021 habitantes. A praça Coronel Joaquim Toledo Pizza se localiza
O entorno desta região é caracterizado por apresentar malha ortogonal (figura 4), com uso do
solo misto. As quadras medem em média 87,04 metros por 90,25 metros.
O sistema viário do entorno da praça é composto por vias coletoras com fluxo médio de
veículos que possibilita o percurso centro-bairro (Figura 4). As travessias das ruas do entorno
da praça não são semaforizadas, mas apresentam faixa de pedestres para diminuição de
3.1.2 Tupã
Tupã localiza-se na região centro oeste do Estado de São Paulo, distante aproximadamente
450km da capital. Possui uma população estimada em 65.758 habitantes (IBGE, 2018),
original ter o formato da bandeira do Brasil (figura 02). Atualmente, essa configuração espacial
está descaracterizada, pois as ruas que faziam o contorno lateral da igreja, formando um
O entorno da praça é caracterizado por apresentar malha ortogonal (figura 3), com uso do solo
misto. As quadras são retangulares com largura média entre 85 metros a 95 metros.
Figura 3 - Antiga Praça da Bandeira Figura 4 - Sistema viário da Praça da Bandeira
N
Fonte: Site Mais Tupã (2018) Fonte: Adaptado pela autora do Google Earth Pro (2018)
O sistema viário é composto por uma via arterial (Avenida Tabajaras), com alto fluxo de
veículos que possibilita o deslocamento no sentido centro-bairro, e por vias coletoras que de
menor fluxo (Figura 4). As travessias neste recorte espacial não são semaforizadas, mas
possuem canaletas e faixa de pedestre para diminuição de velocidade dos veículos, além de
PAULISTA, 2018). De acordo com o IBGE (2017) Paraguaçu Paulista possui uma população
A igreja Matriz Nossa Senhora da Paz está localizada juntamente com praça 9 de Julho na
região central da cidade e possui em sua quadra diversos usos de serviço (banco, correio,
departamento municipal de educação e centro histórico e cultura). Sua quadra possui 174,07
O entorno desta região é caracterizado por apresentar malha ortogonal (figura 7), com uso do
solo misto. As quadras do entorno são retangulares medindo em média 88,30 metros por 82,56
metros.
O sistema viário nesta região é composto por uma via arterial com alto fluxo de veículos e vias
coletoras com fluxo médio de carros que possibilita o percurso centro-bairro. As travessias do
entorno da praça não são semaforizadas, mas apresentam faixa de pedestres e caneletas para
análises e diagnóstico. Alguns autores de referência são: Kohlsdorf (1996), Magagnin (1999),
Romero (2001), Brandão (2002), De Angelis, Castro e Angelis Neto (2005), Serdoura (2006),
Montelli (2008), Benedet (2008), Santos (2008), Mora (2009), Project for Public Space (2015),
Gehl (2015), Monteiro (2015), Heemann e Santiago (2015), Lopes (2016), Prado (2016), Pires
(2018); ITDP (2018), Sastre (2018), Maia (2018), Brandão et al. (2018); Gehl e Svarre (2018).
caracterização dos objetos de estudo; ii) análise formal e estrutural do entorno da praça; iii)
avaliação dos aspectos físicos das praças e do entorno, iv) observação sistemática do uso das
praças.
Obtenção de dados gerais da cidade e em especial das praças analisadas: data da construção,
mudanças que ocorreram durante o passar dos anos, contexto histórico das cidades e das
Este levantamento será realizado junto aos órgãos municipais, por meio de pesquisas
A partir das pesquisas desenvolvidas por Kohlsdorf (1996), Magagnin (1999) e Santos (2008)
esta etapa objetiva identificar a estrutural formal tridimensional e a relação entre a expectativa
Para Santos (2008) a localização dos edifícios e a relação entre eles com os usuários,
influencia fortemente na leitura que se tem de cada espaço. Para que a praça seja percebida
como tal, é preciso haver um sentido de contenção espacial, podendo ser mais ou menos
pelos espaços e pelas ruas que convergem a praça, são bem determinantes para a
caracterização do espaço.
A análise da forma e estrutura do entorno das praças, será desenvolvida através de uma
análise topoceptiva, que de acordo com Kohlsdorf (1996) e Magagnin (1999) centra-se através
espaço.
Para a análise sob a ótica da percepção será utilizado técnicas de eventos sequenciais,
estruturas inter volumétricas dos espaços, parcelamento do solo, relação entre cheios e vazios,
Esta etapa caracteriza-se pela análise dos elementos físicos e espaciais (mobiliários urbanos,
vegetação, pavimentação, condições físicas do local, cores, texturas, condições físicas das
fachadas, entre outros aspectos) da praça e de seu entorno imediato por meio da avaliação
dos planos bidimensionais (verticais e horizontais). Essa avaliação será realizada a partir de
urbano, afim de entender o que pode estimular a permanência e/ou a realização de atividades
cotidianas dos usuários neste local e o que pode coibir o uso do local. Para a definição dos
parâmetros e indicadores foi utilizado o trabalho desenvolvido por: Romero (2001), Brandão
(2002), De Angelis, Castro e De Angelis Neto (2005), Benedet (2008), Mora (2009), Project for
Public Space (2012), Monteiro (2015), Heemann e Santiago (2015), Gehl (2015), Lopes (2016),
Prado (2016), Maia (2018), Sastre (2018), ITDP (2018), Pires (2018), Brandão et al (2018). A
coleta de dados será realizada por meio de levantamento de campo e a análise será realizada
baseado em uma escala para uma avaliação de pior e melhor desempenho do espaço.
Para conseguirmos perceber o que faz com que as pessoas utilizem determinados espaços,
(SANTOS, 2008).
A observação será realizada de forma direta, organizada e planejada, será não participante, ou
seja, os usuários não serão ativamente envolvidos, não serão questionados, mas sim
pelo autor, afim de responder alguns questionamentos sobre os espaços. Entretanto, para Gehl
e Svarre (2018), não é possível elaborar uma lista de perguntas fixas, que possam ser
aplicadas em todos os espaços, áreas ou cidades, pois cada cidade e espaço é singular,
portanto o observador deverá usar outros sentidos como olhos e bom senso.
Será necessário focar a atenção em quem, o quê, onde e em outras perguntas básicas, que
SVARRE, 2018)
Para a realização da observação, primeiramente será realizada observações preliminares das
áreas para melhor conhecer as características e entender o local. Com base nas primeiras
Por se tratar de praças localizadas em zona central, pode haver um grande deslocamento de
pessoas, e muitas dessas podem estar utilizando o local como de passagem e/ou atalho para
cumprir seu destino, portanto é importante destacar que será registrado no mapa e nas fichas
A partir dos trabalhos desenvolvidos por Kohlsdorf (1996), Magagnin (1999) e Santos (2008),
aspectos formais.
dados gráficos e fotográficos serão construídos dados e analisados através dos planos
órgãos públicos, a partir dos dados, mapas temáticos serão gerados, como plantas (divisão de
lotes, uso e ocupação), cortes e elevações (skyline das fachadas e relação das aberturas e
fechamentos)
A análise dos aspectos físicos e espaciais do entorno serão analisadas através de tabela de
referência, Romero (2001), Brandão (2002), De Angelis, Castro e De Angelis Neto (2005),
Benedet (2008), Mora (2009), Project for Public Space (2012), Monteiro (2015), Heemann e
Santiago (2015), Gehl (2015), Lopes (2016), Prado (2016), Maia (2018), Sastre (2018), ITDP
(2018), Pires (2018), Brandão et al (2018), serão: estado de conservação dos edifícios, usos
das edificações, largura efetiva das calçadas, obstrução permanente e temporária, vegetação,
Afim de mensurar os aspectos negativos e positivos dos espaços, será desenvolvido uma
escala de avaliação, nota, para cada indicador, que se diferenciará de acordo com a situação
encontrada in loco.
Por fim, será calculado o índice de avaliação, o resultado do índice identificará o grau de
A contagem será realizada a fim de registrar quantas pessoas estão se deslocando no espaço
todo o dia, por fim todas as horas individuais coletadas, serão compiladas, para ao final, se ter
O mapeamento ajudará a entender o que acontece nos espaços da praça, indicando onde as
coletadas e por fim serão combinados por camadas, o que irá proporcionar uma imagem clara
análise irá ajudar a entender os padrões de deslocamentos dos usuários, assim como um
5 CRONOGRAMA
O plano de trabalho proposto compreenderá a execução das seguintes etapas ao longo dos 24
4. Levantamento de dados
6. Exame de Qualificação;
9. Defesa da Dissertação;
6 BIBLIOGRAFIA
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