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1UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

PROJETO DE PESQUISA

QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS LOCALIZADAS EM ÁREAS CENTRAIS EM CIDADES

DE PEQUENO PORTE

Renata Braga Aguilar da Silva

Orientadora: Profa. Dra. Renata Cardoso Magagnin

Linha de Pesquisa: Planejamento e Avaliação do Ambiente Construído

Bauru – 2019
RESUMO

As praças são elementos do espaço urbano que proporcionam lazer e bem-estar a população,
atividades de distração, contato com a natureza, descanso, prática de esporte e sociabilização.
No entanto, para que estes fatores ocorram é necessário que a praça ofereça qualidade
espacial a seus usuários. A pesquisa parte da hipótese de que a configuração, os elementos
morfológicos da praça e de seu entorno podem interferir na percepção e na apropriação deste
local transformando o espaço da praça em um local apenas de passagem. Nesse sentido, essa
pesquisa visa identificar se os aspectos físicos e morfológicos de praças com diferentes
tipologias se constituem em locais de passagem ou permanência. Os estudos serão realizados
na área central de três cidades de pequeno porte demográfico, localizadas na região centro
oeste do Estado de São Paulo, Lins, Tupã e Paraguaçu Paulista. A metodologia será composta
por multimétodos: (i) Análise formal e estrutural do entorno das praças a partir de análise da
configuração espacial da praça e de seu entorno a partir de dados gráficos e fotográficos (ii)
análise dos aspectos físicos e morfológicos das praças e de seu entorno imediato, por meio de
auditoria técnica analisando os aspectos físicos das praças e do entorno imediato (iii)
observação sistemática do uso das praças realizadas a partir de observação dos locais de
permanência, quantidade de usuários em determinados pontos, atividades realizadas e
movimentação das pessoas no local, esse processo irá acontecer por meio de mapas
temáticos e fichas auxiliadores. Espera-se que o resultado possibilite: (i) identificar quais
aspectos físicos e espaciais do espaço público e do entorno que podem coibir ou atrair os
usuários das praças; (ii) identificar quais são os usos predominantes, perfil dos frequentadores,
principais pontos de deslocamentos dos usuários, pontos de concentração e quantidade de
usuários dos locais; (iii) procurar contribuir para o planejamento urbano de praças,
desenvolvendo critérios que facilite a criação ou revitalização desses espaços de acordo com
as necessidades dos usuários.
Palavras-chaves: Praças. Qualidade espacial. Cidades de pequeno porte.

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A praça no decorrer da história tem sido palco de muitos fatos marcantes, como a Revolução

Comunista na extinta União Soviética ocorrida na Praça de São Petersburgo, a Plaza de Mayo

em Buenos Aires palco do movimento das mães que buscavam seus filhos desaparecidos,

entre outros acontecimentos (ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004). É um elemento

urbano que está ligada as questões sociais, formais e estéticas da cidade (ROBBA; MACEDO,

2002)

Ao longo do tempo, as praças desempenharam diversas feições e sofreram alterações em sua

forma geométrica (LAMAS, 1993). Lamas (1993) e Santos (2008), mencionam que em relação

as funções, a praça é um lugar de encontro, de permanência, de manifestações, práticas

sociais, acontecimentos, manifestações da vida urbana e comunitária, possui também funções

estruturantes e arquitetura significativas. Para Magagnin (1999) sempre foram pensados e

projetados para serem espaços amplos, se abrindo para a estrutura interna das cidades na
direção das ruas ou para interromper os edifícios. São espaços essenciais que compõe a vida

urbana de todos os habitantes (MORO, 2011).

De acordo com Magagnin (1999) e Robba e Macedo (2002) a implantação das praças em

algumas cidades brasileiras, acontecia em frente aos adros das igrejas tendo como caráter

realçar o edifício e acolher os frequentadores. Na cidade contemporânea, as praças possuem

uma outra configuração espacial, algumas são reflexos de sobras do sistema viário, e outras de

projetos urbanísticos que não incorporam sua função como ponto de encontro de pessoas, mas

simples áreas de passagem (MAGAGNIN, 1999).

Há algum tempo era possível encontrar um Brasil rural, de cidades pequenas onde não havia

muita globalização e shopping centers, a praça preenchia o vazio das noites e finais de

semana e permitia a comunidade usufruir do local em busca de entretenimento. (ANGELIS;

CASTRO; ANGELIS NETO, 2004). Magagnin (1999), Gehl (2015) e Macedo (2012) afirmam

que a praça contemporânea deixou de ser uma atratividade, um local de encontro e fórum

social, e passou a ser um problema sociocultural, caiu em desuso aliada a alteração dos

hábitos da população, ou seja, as necessidades dos usuários não são mais atendidas pelas

praças, tornando-se locais impróprios para uso coletivo e desérticas, tornando apenas um

simples ponto de passagem.

Hoje a imagem que se tem de algumas praças no Brasil é de um espaço degradado, pobre e

abandonado, cheio de estacionamento, cercado por grades, ou vazios, deixando de ser um

ponto de atração e tornando-se impróprias para uso coletivo, sendo apenas um simples ponto

de passagem (MAGAGNIN; 1999; ANGELIS, CASTRO, ANGELIS NETO; 2004).

Para Benedet (2008) isso está acontecendo, pois, sua estrutura original não está mais

satisfazendo as necessidades dos usuários atuais. Portanto, para reverter esse processo é

necessário que o espaço da praça tenha qualidade espacial e que a infraestrutura local

também tenha qualidade, atendendo o público atual do espaço, esses fatores, de acordo com

Gehl (2015) possibilitam que mais pessoas usem as praças.

Um ambiente de alta qualidade, que propicie boas condições de permanência faz com que as
pessoas se apropriem desse espaço, por meio de diversas atividades, principalmente daquelas

atividades opcionais como leitura de jornal ou sentar para apreciar uma vista, mas quando as

condições não são favoráveis, o ambiente se torna de baixa qualidade, e as atividades

opcionais ou sociais vão diminuindo e quase nada acontece no local. (GEHL; 2015)

Mora (2009) afirma que os espaços públicos como um desenvolvedor de novas perspectivas

na cidade, precisa ser palco para as atividades coletivas, ser gerador de identidade, precisa ter

e ser dinâmico com os usuários.

Serdoura (2006) relata em sua pesquisa que as atividades opcionais e sociais dependem mais

das características do desenho urbano e ambientais do espaço público e menos das funções

urbanas localizadas no espaço edificado.

O estudo desenvolvido por Santos (2008) mostra que versatilidade e diversidade nos espaços

são determinantes para o uso, assim como a liberdade de escolha de uso pelos usuários. O

espaço público com maior número de solicitações é um espaço usado por mais pessoas e

naturalmente surge novas atividades e novos usos.

Bendet (2008) em sua pesquisa constatou que os aspectos físicos, falta de manutenção,

segurança e falta de atrativos, interfere na apropriação e na intensidade de uso nas praças de

cidades de pequeno porte.

O espaço público precisa ser planejado e reestruturado de acordo com as necessidades das

pessoas que utilizam os espaços, pois as cidades estão se desenvolvendo rapidamente e vão

continuar em desenvolvimento nos próximos anos (GEHL, 2015)

Existe diversas pesquisas, nacionais e internacionais, que buscam avaliar, através de diversas

abordagens, fatores que influenciam na qualidade do espaço público. Alguns desses autores

abordam fatores que estão associados as características físicas e estéticas do espaço público,

como segurança, limpeza, acessibilidade, conservação e qualidade dos mobiliários e

equipamentos urbanos, vegetação, sombreamento e outros aspectos ROMERO, 2001;

BRANDÃO, 2002; SERDOURA, 2006; DE ANEGELIS, CASTRO E DE ANGELIS NETO, 2005;

MONTELLI; 2008; BENEDET, 2008; PROJECT FOR PUBLIC SPACE, 2015; MONTEIRO,
2015; GEHL, 2015; HEEMANN E SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016; MAIA, 2018; BRANDÃO

ET AL, 2018). Determinados autores, também destacam a acessibilidade, mobilidade e

características físicas dos edifícios do entorno (KOHLSDORF, 1996; ROMERO, 2001;

MONTELLI, 2008; SANTOS, 2008; PRADO, 2016; PIRES, 2018, SASTRE, 2018; ITDP, 2018).

De uma maneira geral os trabalhos existentes avaliam quantitativamente e qualitativamente os

elementos tanto no âmbito das características físicas da praça quanto da qualidade espacial do

entorno, mas poucos, verificam em um mesmo trabalho, até que ponto os aspectos físicos e os

aspectos espaciais do entorno interferem no uso desses espaços públicos.

O estudo de praças públicas em áreas centrais em cidades de pequeno porte, analisando os

aspectos físicos e espaciais, é necessário no sentido de buscar entender o seu atrativo, o que

permite seu uso, quando estes ocorrem, e buscar resgatar a importância do uso desses

espaços que são marcos históricos das cidades.

A contribuição dessa pesquisa está relacionada a proposição de um instrumento que incorpore

diferentes técnicas de análise, possibilitando a identificação de quais são os aspectos físicos

e/ou espaciais que podem estar refletindo em uma baixa ou alta apropriação do local, atraindo

ou coibindo usuários.

2 OBJETIVO

✓ Analisar as características físicas e espaciais de praças localizadas na área central de

cidades de pequeno porte e identificar quais aspectos podem atrair ou coibir os usuários de

frequentá-las.

2.1 Objetivos específicos

✓ Mapear e analisar a configuração espacial da praça e de seu entorno;

✓ Definir indicadores de desempenho para analisar os aspectos físicos e morfológicos das

praças e de seu entorno imediato;

✓ Identificar as atividades realizadas na praça bem como os frequentadores do local;


✓ Verificar os principais problemas relacionados ao uso da praça, a partir das atividades

realizadas e do comportamento dos usuários;

✓ Propor diretrizes projetuais para a melhoria da qualidade espacial, tornando-os adequados

ao bem-estar dos usuários.

3 MÉTODO

Esta pesquisa caracteriza-se como empírica e exploratória, realizada por meio de estudos de

caso, apoiada em pesquisa bibliográfica. Os dados utilizados terão uma abordagem

quantitativa e qualitativa.

3.1 Definição do objeto de estudo

Para identificar se a qualidade espacial interfere em sua apropriação pelos usuários, tornando-

se um espaço de permanência ou passagem, definiu-se por analisar praças, localizadas na

área central de cidades de pequeno porte demográfico, por constituírem locais de

concentração de usos e diversidade de atividades urbanas. O critério para definição das praças

e respectivos municípios foram: i) cidade com população estimada entre 30 mil a 100 mil

habitantes, ii) praças localizadas em áreas centrais (pertencente ao antigo núcleo de formação

da cidade) que contenha a implantação da igreja matriz no local ou no entorno próximo e que

possua diferentes tipologias, iii) cidades localizadas na região centro-oeste do Estado de São

Paulo, distante até 200km de raio, da cidade de Bauru – SP. A partir destes critérios foram

definidas as seguintes cidades para análise das praças centrais: Tupã, Lins e Paraguaçu

Paulista (tabela 1 e figura 1).

Tabela 01 – IDH das cidades analisadas

Posição Município IDHM IDHM-R IDHM-L IDHM-E Número de hab.


47 Lins 0,786 0,762 0,869 0,733 77.021 50 a 100 mil hab.
151 Paraguaçu Paulista 0,762 0,717 0,836 0,739 45255 30 a 50 mil hab.
107 Tupã 0,771 0,764 0,852 0,704 65.758 50 a 100 mil hab.

Fonte: Atlas do desenvolvimento humano no Brasil (2010)

Figura 1- Localização geográfica das cidades de pequeno porte definidas para análise
Lins

Tupã
Bauru

Paraguaçu Paulista

Fonte: Biblioteca virtual do Estado de São Paulo (2018)

3.1.1 Lins

O município se localiza na região centro-oeste do estado de São Paulo, e a uma distância de

429 quilômetros da capital do estado. De acordo com o IBGE (2017) Lins possui uma

população estimada de 77.021 habitantes. A praça Coronel Joaquim Toledo Pizza se localiza

em frente à Catedral Diocesana de Santo Antônio na região central da cidade e conforme

datada de 1910, ocupando um tamanho de uma quadrícula de 88x88cm.

O entorno desta região é caracterizado por apresentar malha ortogonal (figura 4), com uso do

solo misto. As quadras medem em média 87,04 metros por 90,25 metros.

O sistema viário do entorno da praça é composto por vias coletoras com fluxo médio de

veículos que possibilita o percurso centro-bairro (Figura 4). As travessias das ruas do entorno

da praça não são semaforizadas, mas apresentam faixa de pedestres para diminuição de

velocidade dos veículos.

Figura 2 – Sistema viário da Praça Coronel Joaquim Toledo Piza


N

Fonte: Adaptado pela autora do Google Earth Pro (2018)

3.1.2 Tupã

Tupã localiza-se na região centro oeste do Estado de São Paulo, distante aproximadamente

450km da capital. Possui uma população estimada em 65.758 habitantes (IBGE, 2018),

distribuídas em uma área urbana de 32,27 Km².

A praça, objeto de estudo, denomina-se Praça da Bandeira, em decorrência de seu projeto

original ter o formato da bandeira do Brasil (figura 02). Atualmente, essa configuração espacial

está descaracterizada, pois as ruas que faziam o contorno lateral da igreja, formando um

losango, foram fechadas, conforme mostra a figura 03.

O entorno da praça é caracterizado por apresentar malha ortogonal (figura 3), com uso do solo

misto. As quadras são retangulares com largura média entre 85 metros a 95 metros.
Figura 3 - Antiga Praça da Bandeira Figura 4 - Sistema viário da Praça da Bandeira

N
Fonte: Site Mais Tupã (2018) Fonte: Adaptado pela autora do Google Earth Pro (2018)

O sistema viário é composto por uma via arterial (Avenida Tabajaras), com alto fluxo de

veículos que possibilita o deslocamento no sentido centro-bairro, e por vias coletoras que de

menor fluxo (Figura 4). As travessias neste recorte espacial não são semaforizadas, mas

possuem canaletas e faixa de pedestre para diminuição de velocidade dos veículos, além de

possuírem em todas as esquinas guia rebaixada.

3.1.3 Paraguaçu Paulista

O município se localiza na região centro-oeste do estado de São Paulo e a uma distância de

567 quilômetros da capital do estado (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAGUAÇU

PAULISTA, 2018). De acordo com o IBGE (2017) Paraguaçu Paulista possui uma população

estimada de 45.255 habitantes.

A igreja Matriz Nossa Senhora da Paz está localizada juntamente com praça 9 de Julho na

região central da cidade e possui em sua quadra diversos usos de serviço (banco, correio,

departamento municipal de educação e centro histórico e cultura). Sua quadra possui 174,07

metros por 80,03 metros.

O entorno desta região é caracterizado por apresentar malha ortogonal (figura 7), com uso do

solo misto. As quadras do entorno são retangulares medindo em média 88,30 metros por 82,56
metros.

O sistema viário nesta região é composto por uma via arterial com alto fluxo de veículos e vias

coletoras com fluxo médio de carros que possibilita o percurso centro-bairro. As travessias do

entorno da praça não são semaforizadas, mas apresentam faixa de pedestres e caneletas para

diminuição de velocidade dos veículos. E a infraestrutura destinada ao pedestre nessa região é

boa. As calçadas do entorno medem entorno de 2,60 metros de largura.

Figura 5 – Antiga Praça 9 de Julho Figura 6 - Tipologia atual da Praça 9 de Julho

Fonte: Site Notícias da Paz (2018) Fonte: O melhor da cultura SP (2018)

Figura 2 - Sistema viário da Praça 9 de Julho

Fonte: Adaptado pela autora do Google Earth Pro (2018)


3.2 Procedimentos metodológicos

Os procedimentos metodológicos serão compostos por cinco etapas distribuídas entre a

revisão de literatura e o levantamento de dados e respectiva análise dos resultados.

3.2.1 Revisão bibliográfica

A primeira etapa se caracteriza por realizar um levantamento das pesquisas nacionais e

internacionais (dissertações, teses, artigos em periódicos e anais de congressos) que

envolvem os seguintes temas: avaliação do espaço público e de praças, qualidade espacial,

metodologias de avaliação do espaço público, características do espaço público e cidades de

pequeno porte. Este levantamento deverá subsidiar as etapas de definição metodológica,

análises e diagnóstico. Alguns autores de referência são: Kohlsdorf (1996), Magagnin (1999),

Romero (2001), Brandão (2002), De Angelis, Castro e Angelis Neto (2005), Serdoura (2006),

Montelli (2008), Benedet (2008), Santos (2008), Mora (2009), Project for Public Space (2015),

Gehl (2015), Monteiro (2015), Heemann e Santiago (2015), Lopes (2016), Prado (2016), Pires

(2018); ITDP (2018), Sastre (2018), Maia (2018), Brandão et al. (2018); Gehl e Svarre (2018).

3.2.2 Levantamento de dados

A segunda etapa compreende o levantamento de dados, que será dividido em: i)

caracterização dos objetos de estudo; ii) análise formal e estrutural do entorno da praça; iii)

avaliação dos aspectos físicos das praças e do entorno, iv) observação sistemática do uso das

praças.

3.2.2.1 Caracterização dos objetos de estudo

Obtenção de dados gerais da cidade e em especial das praças analisadas: data da construção,

mudanças que ocorreram durante o passar dos anos, contexto histórico das cidades e das

praças, dimensões, localização dos equipamentos urbanos e mobiliários e outros aspectos.

Este levantamento será realizado junto aos órgãos municipais, por meio de pesquisas

bibliográficas, por medições in locu e observação.


3.2.2.2 Análise formal e estrutural do entorno das praças

A partir das pesquisas desenvolvidas por Kohlsdorf (1996), Magagnin (1999) e Santos (2008)

esta etapa objetiva identificar a estrutural formal tridimensional e a relação entre a expectativa

e a transmissão deles com os usuários e suas percepções.

Para Santos (2008) a localização dos edifícios e a relação entre eles com os usuários,

influencia fortemente na leitura que se tem de cada espaço. Para que a praça seja percebida

como tal, é preciso haver um sentido de contenção espacial, podendo ser mais ou menos

evidente, percebido de forma imediata ou à medida que vá percorrendo o espaço.

O posicionamento e a configuração das aberturas entre os edifícios envolventes formados

pelos espaços e pelas ruas que convergem a praça, são bem determinantes para a

caracterização do espaço.

A análise da forma e estrutura do entorno das praças, será desenvolvida através de uma

análise topoceptiva, que de acordo com Kohlsdorf (1996) e Magagnin (1999) centra-se através

de uma percepção perceptiva, baseando-se na relação em que o corpo humano se encontra no

espaço.

Para a análise sob a ótica da percepção será utilizado técnicas de eventos sequenciais,

através da fotografia, registrando exatamente o que o usuário percebe em um trajeto pré-

determinado, analisando os planos verticais, planos horizontais, volumetria das edificações,

estruturas inter volumétricas dos espaços, parcelamento do solo, relação entre cheios e vazios,

forma urbano e mobiliário urbano.

3.2.2.3 Avaliação dos aspectos físicos e espaciais das praças e entorno

Esta etapa caracteriza-se pela análise dos elementos físicos e espaciais (mobiliários urbanos,

vegetação, pavimentação, condições físicas do local, cores, texturas, condições físicas das

fachadas, entre outros aspectos) da praça e de seu entorno imediato por meio da avaliação

dos planos bidimensionais (verticais e horizontais). Essa avaliação será realizada a partir de

uma tabela de auditória técnica mensurando elementos presentes na praça através de


parâmetros relacionados a acessibilidade, conforto, segurança, diversidade de uso e desenho

urbano, afim de entender o que pode estimular a permanência e/ou a realização de atividades

cotidianas dos usuários neste local e o que pode coibir o uso do local. Para a definição dos

parâmetros e indicadores foi utilizado o trabalho desenvolvido por: Romero (2001), Brandão

(2002), De Angelis, Castro e De Angelis Neto (2005), Benedet (2008), Mora (2009), Project for

Public Space (2012), Monteiro (2015), Heemann e Santiago (2015), Gehl (2015), Lopes (2016),

Prado (2016), Maia (2018), Sastre (2018), ITDP (2018), Pires (2018), Brandão et al (2018). A

coleta de dados será realizada por meio de levantamento de campo e a análise será realizada

baseado em uma escala para uma avaliação de pior e melhor desempenho do espaço.

3.2.2.4 Observação sistemática do uso das praças

Para conseguirmos perceber o que faz com que as pessoas utilizem determinados espaços,

além das características físicas do local, é preciso perceber as condicionantes humanas

individuais e sociais afim de entender as escolhas e comportamentos pessoais e de grupo.

(SANTOS, 2008).

A observação será realizada de forma direta, organizada e planejada, será não participante, ou

seja, os usuários não serão ativamente envolvidos, não serão questionados, mas sim

observados, e suas atividades e comportamentos serão mapeados para melhor entender e

compreender suas necessidades e como o espaço da praça é usado.

As pessoas e atividades serão divididas em categorias, e perguntas fixas serão desenvolvidas

pelo autor, afim de responder alguns questionamentos sobre os espaços. Entretanto, para Gehl

e Svarre (2018), não é possível elaborar uma lista de perguntas fixas, que possam ser

aplicadas em todos os espaços, áreas ou cidades, pois cada cidade e espaço é singular,

portanto o observador deverá usar outros sentidos como olhos e bom senso.

Será necessário focar a atenção em quem, o quê, onde e em outras perguntas básicas, que

poderão fornecer um conhecimento geral sobre o comportamento no espaço público. (GEHL E

SVARRE, 2018)
Para a realização da observação, primeiramente será realizada observações preliminares das

áreas para melhor conhecer as características e entender o local. Com base nas primeiras

observações, serão definidos os horários e a frequência para a marcação dos registros,

conforme maior intensidade de uso da praça em dias semanais e finais de semana.

Para a análise da observação sistêmica será utilizado registros de contagem, mapeamento e

rastreamento dos usuários.

Por se tratar de praças localizadas em zona central, pode haver um grande deslocamento de

pessoas, e muitas dessas podem estar utilizando o local como de passagem e/ou atalho para

cumprir seu destino, portanto é importante destacar que será registrado no mapa e nas fichas

todas as pessoas que estiverem na praça durante o momento da marcação.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Análise formal e estrutural do entorno das praças

A partir dos trabalhos desenvolvidos por Kohlsdorf (1996), Magagnin (1999) e Santos (2008),

será realizada a análise formal e estrutural a partir de aspectos visuais e perceptivos e

aspectos formais.

Os aspectos visuais e perceptivos serão analisados através de representação gráfica ou

fotográfica de um trajeto pré-determinado no entorno do espaço público, onde a partir dos

dados gráficos e fotográficos serão construídos dados e analisados através dos planos

verticais do entorno da praça.

Os aspectos espaciais, serão analisados através de informações coletadas em campo ou em

órgãos públicos, a partir dos dados, mapas temáticos serão gerados, como plantas (divisão de

lotes, uso e ocupação), cortes e elevações (skyline das fachadas e relação das aberturas e

fechamentos)

4.2 Avaliação dos aspectos físicos e espaciais das praças e entorno

A análise dos aspectos físicos e espaciais do entorno serão analisadas através de tabela de

auditória técnica, mensurando elementos físicos e espaciais presente no espaço físico da


praça e no entorno imediata, alguns dos elementos analisados de acordo com os autores de

referência, Romero (2001), Brandão (2002), De Angelis, Castro e De Angelis Neto (2005),

Benedet (2008), Mora (2009), Project for Public Space (2012), Monteiro (2015), Heemann e

Santiago (2015), Gehl (2015), Lopes (2016), Prado (2016), Maia (2018), Sastre (2018), ITDP

(2018), Pires (2018), Brandão et al (2018), serão: estado de conservação dos edifícios, usos

das edificações, largura efetiva das calçadas, obstrução permanente e temporária, vegetação,

condição físicas das calçadas, limpeza, segurança e outros aspectos.

Afim de mensurar os aspectos negativos e positivos dos espaços, será desenvolvido uma

escala de avaliação, nota, para cada indicador, que se diferenciará de acordo com a situação

encontrada in loco.

Por fim, será calculado o índice de avaliação, o resultado do índice identificará o grau de

qualidade física e espacial de cada praça e seu entorno

4.3 Observação sistemática do uso das praças

A observação sistêmica contará com analises de contagem, mapeamento e traçado dos

usuários da praça com a finalidade de compreender os principais fluxos, quantidade de

pessoas, atividades realizadas, pontos de concentração de usuários do local, horário de maior

movimento e outros aspectos.

A contagem será realizada a fim de registrar quantas pessoas estão se deslocando no espaço

e quantas estão paradas. A contagem será realizada através de fichas auxiliadoras, os

números serão coletados manualmente através de pequenas repetições de contagem durante

todo o dia, por fim todas as horas individuais coletadas, serão compiladas, para ao final, se ter

uma visão geral do dia.

O mapeamento ajudará a entender o que acontece nos espaços da praça, indicando onde as

pessoas mais permanecem sentadas, em pé, em grupos ou individualmente. As marcações

ocorrerão em mapas auxiliadores, em diferentes horas do dia, inúmeras amostras serão

coletadas e por fim serão combinados por camadas, o que irá proporcionar uma imagem clara

do padrão das atividades realizadas.


O traçado é um registro de linhas de movimentação dos usuários do espaço, esse tipo de

análise irá ajudar a entender os padrões de deslocamentos dos usuários, assim como um

conhecimento sobre a movimentação do local. A coleta será realizada através de mapas e

conforme a movimentação dos usuários, linhas serão tracejadas na planta.

5 CRONOGRAMA

O plano de trabalho proposto compreenderá a execução das seguintes etapas ao longo dos 24

meses (fevereiro/2018 a fevereiro/2020)

1. Cumprimento de créditos das Disciplinas; (concluído)

2. Estágio Docência; (concluído)

3. Revisão da Literatura e detalhamento da metodologia;

4. Levantamento de dados

5. Tabulação e análise de dados;

6. Exame de Qualificação;

7. Desenvolvimento de artigo para Periódico;

8. Redação final da Dissertação;

9. Defesa da Dissertação;

10. Correção da Dissertação.

2018 2019 2020


Etapa
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10

6 BIBLIOGRAFIA

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