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28/08/2023, 21:53 Morfologia urbana e a dialética edifício-cidade

Morfologia urbana e a dialética edifício-cidade


Prof. João Folly

Descrição

Devem ser exploradas a relação entre edifício e cidade, e a dialética entre a forma urbana e o espaço
edificado como elementos conformadores do desenvolvimento urbano e das relações sociais de
determinado território.

Propósito

O entendimento da relação entre o edifício e os outros elementos da cidade – vias, quadras, lotes, espaços
livres — é um dos conceitos principais para a vinculação entre os campos da arquitetura e do urbanismo,
permitindo entender a cidade e o espaço urbano como uma estrutura em que os seus elementos interagem.

Objetivos

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Módulo 1

Sistemas habitacionais, modelagens urbanas e exemplos


Reconhecer, a partir de exemplos, diferentes padrões e formas de ocupação territoriais.

Módulo 2

Sistema de leitura e ocupação da quadra e seus resultantes


espaciais
Identificar a quadra como elemento da estrutura urbana e sua consonância com os projetos
arquitetônicos.

Módulo 3

Agentes e condicionantes que interferem no território


Identificar a multiplicidade de condicionantes e de agentes, formais e informais, que intervêm na
produção do território.

Módulo 4

O edifício contemporâneo como sistema urbano


Abordar o edifício como elemento da estrutura urbana capaz de intervir na própria vitalidade urbana e
territorial.

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Introdução
Pensando a morfologia urbana como o estudo das formas urbanas, seus elementos e os seus processos de
transformação, botamos em ótica duas vertentes de estudo que nortearão nossa abordagem: de um lado o
próprio reconhecimento desses elementos, com a busca de padrões, lógicas de ocupação e relações entre
eles; do outro, o próprio dinamismo de mudança dessa forma urbana, em que história, cultura e atores
passam a ter voz, e pensamos diretamente na própria produção da forma urbana, dos territórios e espaços
de vida da cidade.

A conceituação de forma urbana apresentada como o conjunto de elementos físicos que estruturam a
cidade — tecidos urbanos, ruas, parcelas urbanas (lotes), edifícios entre outros – destaca o protagonismo
de cada um deles, mas também a relação entre essas partes como lócus de reflexão.

Entender que a vitalidade urbana está atrelada diretamente a como esses elementos se relacionam e se
apresentam ao nosso convívio permite refletirmos sobre o projeto urbano do espaço público e sobre o
projeto arquitetônico do edifício, como alternativas de bem-estar social e coletivo, além de padrões e
modelos de novas sociabilidades e de cidades mais vivas e convidativas. Análises estáticas de padrões e
dimensões desses elementos passam a ser bem-vindas, assim como as relações diretas deles com o corpo
e com práticas sociais e como tais práticas são impulsionadas ou reprimidas pelo espaço.

Podemos projetar, pensar e viver cidades de protagonismo da vida urbana com espaço de praças, fruições
entre as esferas pública e privada, fachadas ativas e ruas convidativas ao caminhar e à permanência; ao
mesmo tempo, gerarmos espaços da individualidade, de dimensões afastadas da cognição corporal e
dilatados, de muros e protagonismo de veículos. Esse paradigma de pensamento dos nossos espaços de
vida deve ser explorado.

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1 - Sistemas habitacionais, modelagens urbanas e


exemplos
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer, a partir de exemplos, diferentes
padrões e formas de ocupação territoriais.

Interpretação física da cidade: o conceito de estrutura


urbana
Abordar a cidade através do reconhecimento dos seus elementos físicos se apresenta como possibilidade
de refletir sobre a cidade como uma estrutura, com foco em sua organização relativa e nas explicações
sobre a diferenciação de suas áreas e a não homogeneidade de seus espaços. O conceito de estrutura aqui
se estabelece como um todo constituído de elementos que se relacionam de tal forma que a alteração de
um elemento ou de uma relação altera todos os demais elementos e todas as demais relações
(VILLAÇA,1998).

A estrutura urbana, como o todo organizativo dessas partes, impacta diretamente distintos aspectos e
condicionantes urbanos, alguns destacados por Davies (2007). Vejamos!

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Integração expand_more

Estabelecer ligação e sobreposição com as áreas circundantes.

Eficiência funcional expand_more

Atuar com eficiência para que os elementos individuais (edifícios, ruas, espaços abertos etc.)
trabalhem juntos como parte de um todo.

Harmonia ambiental expand_more

Criar formas de desenvolvimento energeticamente eficientes e ecologicamente sensíveis.

Senso de lugar expand_more

Estabelecer um lugar que seja reconhecidamente distinto, mas que simultaneamente fortaleça a
identidade local.

Viabilidade comercial expand_more

Responder às realidades da influência do mercado sobre o desenvolvimento da diversidade.

Cabe assim a reflexão sobre quais são essas partes e como elas se relacionam em distintos contextos,
apresentando cenários variados para a vida urbana. Lopes e Carreiro (2017) buscam uma interpretação
dessa estrutura (“artefato urbano”) através de denominadas unidades de forma, identificando seis delas:
parcelas (lotes), quarteirões, vias, espaços livres e zonas verdes, equipamentos e tipos residenciais.

Em seguida, os autores elencam características a serem avaliadas para cada uma. Como exemplos, em
lotes, são consideradas dimensões de frentes, que também são analisadas nas quadras, assim como as

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medidas de suas faces junto aos espaços públicos. Em vias, além dos componentes de sua seção
transversal, o pertencimento a um sistema local ou geral é considerado; a mesma consideração vale para os
espaços livres e sua escala de pertencimento e abrangência.

Os equipamentos considerados como catalizadores e atratores de público são abordados entre outras
análises sobre seu posicionamento e seu grau de atração, enquanto as unidades habitacionais são
abordadas sobre sua característica multi ou unifamiliar e os componentes de sua fachada.

Folly (2022) também reflete sobre os elementos da estrutura urbana que potencializam ou inibem
determinadas práticas sociais e a própria vitalidade do espaço urbano, principalmente as relações desses
elementos da estrutura urbana com as vias e suas diferentes formas de locomoção.

Para estas estabelece nova classificação viária relacionada exatamente ao contexto em que está inserida,
abordando, além de quadras, lotes e espaços livres já citados, os vazios urbanos como elementos da
estrutura urbana. A ótica das tipologias de unidades é considerada não só no contexto residencial, mas em
outros tipos de uso.

Considerando esses elementos, podemos pensar sobre o que Solà-Morales (1997) aborda como os três
principais processos de construção da forma urbana, parcelamento, urbanização e edificação, ou,
considerando formas estruturais básicas, a morfologia do solo, a infraestrutura da rede viária e da
distribuição de serviços (LOPES; CARREIRO, 2017). Refletir sobre a estrutura urbana passa a ser uma
reflexão sobre a organização física da cidade como sistema de relação e elementos e como estes tornam a

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cidade mais acessível e disponível às pessoas e aos grupos sociais. Olharemos agora para alguns
exemplos de estruturas urbanas e seus sistemas de organização.

Lugares diferentes, estruturas diferentes


Podemos abordar as estruturas inicialmente a partir de seus precedentes, reforçando seu caráter histórico e
suas particularidades. As particularidades se dão pelas condicionantes, divididas em ambientais,
culturais/simbólicas, e pela presença ou não de planejamento da ocupação. O primeiro caso, topografia,
hidrografia e áreas alagáveis, além do próprio clima da região, possui impacto direto nas formas e
possibilidades de ocupação territorial.

Mas, ao falarmos de condicionantes culturais e simbólicas, podemos abordar as formas de organização de


determinada sociedade, desde uma própria lógica tipológica, de casas x edifícios, por exemplo, mas
também de organização da aglomeração, em que um modelo americano ligado ao movimento por
automóveis, como na cidade de Detroit em meados do século XX, pode se contrapor a organização de uma
cidade para mobilidade ativa, como acontece em Amsterdam.

Por fim, a presença de planejamento prévio da ocupação pode criar marcos regulatórios e normativas para
ocupação que englobam os elementos previamente citados, como: dimensões de loteamentos e quadras,
componentes da seção transversal da rua entre outros. Em contraposição, uma ocupação espontânea, não
regulada, se estabelece a partir de práticas e demandas específicas daquela localidade e grupo social, em
um jogo de atores de menor escala. Vamos conferir alguns exemplos!

Londres e ocupação a partir dos elementos naturais: Rio Tâmisa e topografia

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Condicionantes culturais de mobilidade: Detroit

Condicionantes culturais de mobilidade: Amsterdam

Ocupação planejada

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Ocupação espontânea

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As estruturas urbanas de diferentes cidades
Neste vídeo, apresentaremos, a partir dos exemplos de Amsterdam e Detroit, a relação entre elementos da
estrutura urbana e projetos de cidade vinculados a ideais e modelos distintos de seus atores.

As particularidades e condicionantes devem ser reconhecidas, pois é importante entender que qualquer
forma urbana passa por processos de transformação constantes naturais da própria evolução da
sociedade. As cidades, como arranjo físico dessa evolução, refletem essa história cultural a partir de três
processos clareados pela escola inglesa de morfologia urbana. Entenda:

Acumulação: Aborda as permanências de atributos das paisagens de outros períodos.

Transformação: Aborda a adaptação funcional de determinados elementos históricos, com edifícios,


tecidos ou outros, adequando-se às necessidades de novo momento.

Substituição: Aborda o apagamento de determinada estrutura ou evidência de um tempo histórico.

Falamos de processos de formação e transformação quando a análise morfológica segue essa corrente, em
um processo de evolução urbana, e protagonismo da paisagem e do tempo. Os processos de modificação

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podem ser entendidos pelo que Amaral (2017) considera a hierarquia da forma na paisagem urbana,
estruturada em três grupos. Vamos conferi-los!

Plano urbano: Aborda o sistema viário e um relacionado padrão de parcelamento do solo.

Tecido urbano: Aborda quadras e lotes com os tipos semelhantes a eles associados.

Uso e ocupação do solo: Aborda diretamente o edifício e seu uso.

Nesse último grupo, temos as primeiras e mais recorrentes modificações, visto que a demanda por
mudanças se estabelece aqui nos edifícios, suas fachadas e na ocupação do lote, de mais simples
alterações. Posteriormente, com maior complexidade, temos as mudanças no desenho de quadras e,
consequentemente, do tecido urbano. Por fim, as mudanças do sistema viário, elementos do plano urbano,
mostram-se mais lentas, considerando sua maior permanência temporal em qualquer forma urbana.

A análise morfológica de uma forma e estrutura urbana se dá por dois momentos cruciais: o
reconhecimento de suas particularidades e condicionantes que vão trazer a própria identidade social e local
daquela ocupação; reflexão sobre seus processos de transformação, já ocorridos e possíveis de serem
agora planejados, em respeito ao processos de evolução social e física daquele contexto. A escola italiana
de morfologia urbana tocará exatamente nesse ponto do planejamento do novo, edifício ou espaço urbano,
como continuidade de uma cultura local expressa espacialmente.

Sistemas habitacionais: condicionantes e contexto


Destacada a importância da continuidade de uma expressão cultural no espaço, e de um reconhecimento de
precedentes e condicionantes que particularizam cada caso de projeto arquitetônico ou urbano, a ideia de
costura urbana é fundamental como uma operação relacionada diretamente às preexistências na busca por
uma coesão espacial do todo.

Podemos falar dessa costura em distintas escalas, do edifício não autônomo em relação ao entorno
imediato, passando pela operação de projetos em áreas consolidadas e a identificação de espaços
residuais, até áreas de expansão da cidade se relacionando com tecidos urbanos anteriores. Falando de
modelos de ocupação, exemplificaremos aqui, a partir de sistemas habitacionais, exemplos dessas formas
de reordenamento em que a continuidade tipológica, de tecido e social, foi explorada, e, em outros casos,
problemas dessa falta de relação.

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Desconexão de tecido e tipologia – Pruitt-Igoe.

Um dos casos mais emblemáticos de ocupações desconectadas de seu contexto ocorreu no Projeto
Habitacional Pruitt-Igoe em St. Louis, Missouri. Construído no auge do modernismo, na década de 1950,
surgiu sobre um pretexto de uma racionalidade arquitetônica para atendimento de situações de pobreza e
acabou resultando em um conjunto de problemas que levaram à sua demolição duas décadas depois.

A nova tipologia desconectada da forma de residir anterior, incluindo o começo com um processo de
substituição, removendo todo um bairro para construção do conjunto com 33 torres modulares de
apartamentos, dá início ao desligamento completo de qualquer territorialidade e morfologia existente. Em
continuidade, a própria escala dos edifícios, com 11 andares e mais de 70 metros de fachada, somado ao
espaçamento entre eles, apresenta pequenos apartamentos.

Por fim, a própria relação de custos do conjunto, em que diversas propostas do arquiteto, como unidades
baixas dispersas entre os maiores edifícios, banheiros no piso térreo e paisagismo adicional foram
desconsideradas pela Administração Federal de Habitação devido ao seu custo, somados a problemas de
um racismo socialmente e espacialmente estabelecido, e de uma política habitacional mal estruturada, com
escolhas projetuais descontextualizadas, resultaram no declínio do próprio conjunto até sua demolição.

Ainda que em contextos diferentes, os sistemas habitacionais do programa Minha


Casa Minha Vida, em seu modelo mais difundido e replicado, apresentam
semelhanças a Pruitt-Igoe, ao considerar as desconexões de tecido, a
monofuncionalidade do conjunto, e a replicação do exemplar arquitetônico em
grande escala.

A busca por terras baratas, associada a uma lógica de atendimento ao problema habitacional somente pelo
fornecimento de unidades habitacionais, criam desvínculos do conjunto da cidade e do programa
habitacional das outras atividades de dia a dia. É comum, por essa desassistência de outros infraestruturas

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urbanas, e do isolamento morfológico, se criarem áreas totalmente segregadas, facilmente apropriadas por
poderes paralelos. A própria estigmatização dos conjuntos surge daí. Veja os exemplos a seguir.

Conjunto habitacional.

Conjunto habitacional.

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A desconexão de tecido de conjuntos habitacionais
Neste vídeo, apresentaremos, a partir dos exemplos, o desvínculo territorial e urbano de conjuntos
habitacionais existentes, e a complexidade em termos de práticas sociais criadas por esse motivo.

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Para estruturar ocupações diferentes, em que padrões morfológicos e tipológicos são observados,
podemos ilustrar ações projetuais de outros sistemas habitacionais que amarram essas costuras.
Principalmente nesses casos, é importante a própria apropriação identitária do morador das unidades. O
escritório Elemental, do arquiteto Alejandro Aravena, no Chile, ilustra muito bem essas perspectivas a partir
de uma arquitetura de escala e materiais bastante associados ao entorno imediato e à própria tipologia
habitacional recorrente.

Outra característica marcante trata das expansões que são planejadas em novas áreas já previstas pelo
projeto e atendendo às necessidades dos seus moradores. Projetos como as vilas operárias produzidas
pelo extinto Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) até hoje possuem essa
apropriação particular de cada unidade por seus moradores e, em muitos casos, têm seu tecido urbano
costurado na cidade (pesquise sobre os Conjuntos do Saco dos Limões, em Florianópolis). Exemplo de
construção de ambiência urbana e escala pode ser visto no projeto holandês Housing Fish-Bowls, do
Nefkens, de 1954.

Projeto Elemental.

A costura territorial com a cidade e com o entorno

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Possibilidades em conjuntos habitacionais


Neste vídeo, apresentaremos, a partir da obra de Alejandro Aravena, formas de projetos arquitetônicos
habitacionais integrarem em suas propostas espaços para expansão e apropriações distintas da unidade.

Percebemos que as possíveis lógicas de ocupação de um projeto devem ser abordadas junto a um
reconhecimento do contexto em que ele vai ser trabalhado, consideradas preexistências, tipologias
construtivas, proporção dos espaços livres, escala dos volumes construídos, formas de apropriação pelas
populações entre outros.

É importante entender que essa leitura morfológica se estabelece em diversas escalas de pensamento
projetual. Podemos ilustrar essa sistematização, além dos projetos arquitetônicos citados, no planejamento
da expansão de uma cidade. Usemos Barcelona como exemplo.

O plano de Cerdá, elaborado na segunda metade do século XIX, parte de um pressuposto de quadras bem
determinadas sobre seus parâmetros de dimensões, tipologias, afastamentos, além de uma hierarquia de
eixos que estruturariam a cidade. Apesar de todos esses pretextos estabelecidos para planejamento,
olhando a contextualização do plano, vemos que as escolhas de vias estruturantes se estabelecem a partir
dos povoados originários e, principalmente, do tecido e limites de seu centro histórico. A inicial rigidez da
grelha se flexibiliza nas proximidades dessas preexistências, assim como junto à topografia de Montjuïc, e
os espaços livres em todo o plano também buscam trabalhar a acomodação do plano a esse tecido
anterior. Veja:

ontjuïc
Colina no sudoeste de Barcelona.

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O traçado do plano de Cerdá.

A acomodação abordada no plano ao falarmos de suas bordas, em uma aproximação de escala, pode ser
trabalhada em repercussão direta no projeto arquitetônico ou urbano. Formas arquitetônicas propostas,
espaços livres e preexistências dialogam, permitindo que a implantação do projeto se adeque a todo um
sistema anterior ser diagnosticado. Para estudo dessa aproximação, é sugerido o estudo de três projetos:

Intervenção urbana La Herrera em Medellin

Parque Novo Santo Amaro V do Vigliecca Associado

Projeto de Vínculo Urbano na Espanha, do escritório VAUMM

Os dois primeiros, além do provimento de novas habitações sociais, trabalham com medidas de caráter
urbano, como o provimento de infraestrutura básica, liberação do leito do rio e adequação de passeios e
espaços públicos. Em Medellin, ainda são abordadas a reforma de unidade autoconstruídas e a
regularização fundiária. Já o projeto espanhol trabalha com um equipamento de vínculo social, resolvendo a
acessibilidade do bairro, e oferecendo espaços públicos e áreas verdes em um anterior vazio urbano.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1

A estrutura urbana é constituída por um conjunto de elementos que se relacionam entre si, criando
padrões e lógicas de ocupação do território. Dentre esses elementos, não estão inseridos(as)

A as vias.

B os lotes.

C as práticas sociais.

D os espaços livres.

E as quadras.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A estrutura urbana é constituída por elementos físicos que conformam a cidade e a sua forma urbana.
As práticas sociais, ainda que fundamentais para o entendimento da apropriação dessas referidas
estruturas, não são partes constituinte, mas sim a leitura de seu processo de experimentação e
vivência. Os outros elementos constroem a própria lógica formal da estrutura e a relação entre eles é
vital para seu entendimento.

Questão 2

Incentivados por programas como o Minha Casa, Minha Vida, conjuntos habitacionais foram
construídos em profusão no presente século no Brasil. Dentre características que contribuem para um
ainda deficiente atendimento desses complexos ao problema habitacional brasileiro estão

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A falta de conectividade com tecido e escolha das cidades atendidas.

B falta de conectividade com tecido e monofuncionalidade do conjunto.

C monofuncionalidade do conjunto e escolha das cidades atendidas.

D monofuncionalidade do conjunto e qualidade estética do conjunto.

E falta de conectividade com tecido e e qualidade estética do conjunto.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A desconexão de serviços e infraestruturas básicas da cidade, criando conjuntos isolados em que a


única necessidade atendida é o abrigo da população atendida mas não as outras demandas do habitar,
acabam criando territórios socialmente frágeis e desvinculados de características básicas do
entendimento de urbanidade. Monofuncionalidade e falta de conectividade aqui são processos
complementares.

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2 - Sistema de leitura, ocupação da quadra e os


resultantes espaciais
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a quadra como elemento da estrutura
urbana e sua consonância com os projetos arquitetônicos.

A quadra como elemento da estrutura urbana


Vimos anteriormente que a organização física da cidade como estrutura, como sistema de relação e
elementos, tem na conectividade de tecido e morfológica elemento importante para a compreensão e
construção de vitalidade urbana. A quadra como um desses elementos é grande responsável por
estabelecer vínculos variados com atividades e possibilidades de ocupação, muito orientados nessa própria
leitura de conexão a nível do corpo.

Trancik (1986, p. 39), por exemplo, aborda que as ruas e quadras criadas na ótica do movimento moderno,
como espaços exclusivos, ou isolados de seu entorno, raramente possuem uma estrutura satisfatória ou a
flexibilidade de acomodar uma variedade de atividades da rua tradicional.

A Carta de Atenas, em 1933, realçava a necessidade por quadras de 200 a 400


metros, que correspondessem a distâncias condizentes à velocidade do automóvel,
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atendendo à visão moderna que hoje se mostra desvinculada da escala de


cognição do corpo. Ao contrário, temos uma estrutura pouco satisfatória e flexível
de acomodar uma variedade de atividades da rua tradicional.

Em contraposição, podemos pensar em dimensões que dialoguem melhor com a experiência peatonal e
com essa gama de atividades urbanas. Davies (2007) aborda que um espaçamento de 80 a 100m entre ruas
fornece uma rede ideal para as necessidades de pedestres e veículos na maioria das circunstâncias. Gehl
(2014) fala dessa mesma medida média de 100 metros no desenho urbano como o campo social de visão
que nos possibilita certo grau de interação, com reconhecimento de movimentos e linguagens corporais em
geral. Podemos falar também de acessibilidade, com quadras de até 150 metros, como aquelas que
permitem a tomada e mudança de rotas em todas as direções.

Ainda que entendamos essas dimensões como ideais, novamente algumas outras condicionantes podem
alterar as lógicas dessa estrutura, sendo a principal delas a própria topografia, que pode não só limitar esse
dimensionamento como principalmente impedir a formação de uma retícula ortogonal. Outros dois
parâmetros que podem influenciar a estruturação dessas quadras são especificidades de usos lindeiros,
tendo como exemplo o uso fabril e a necessidade de maiores lotes, e a espontaneidade da ocupação em
que a organização do assentamento por muitas vezes segue outras dinâmicas.

É importante que a quadra, parte da estrutura urbana, considerando suas dimensões e possibilidades de
conectividade, seja entendida como elemento que constituirá o sistema físico de distribuição e localização
de serviços, usos e atividades da cidade e representará também possibilidade de maior acessibilidade do
tecido.

Em Barcelona, as quadras além de possuírem medidas dentro dos parâmetros


citados, de 113x113 metros, trabalha com uma organização de grupos de 9
quadras e ruas, de 400x400 metros, pensados em termos de acessibilidades a
serviços, conectividade às vias principais e aos sistemas de transporte.

Uma visão única e sistêmica de quarteirões e vias como estrutura. A própria quadra também passa a ter
suas peculiaridades quando o corte diagonal dos encontros de ruas possibilita maior amplitude visual dos
edifícios e possibilidades de novos espaços públicos, também estruturados nos interiores de quadra.

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Os modelos de quadra em Barcelona.

Falamos assim de suas medidas, mas também da comunhão dessa quadra com outros elementos da
estrutura urbana, em um pensamento sistêmico junto ao conjunto de espaços livres, ao caráter e ao perfil de
vias, e aos edifícios e lotes como veremos mais à frente. Somente a composição de uma grelha e
consequente formação de quadras não consegue construir um conjunto bem estruturado para formação de
espaços de vitalidade urbana.

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A quadra de Barcelona e suas possibilidades
Neste vídeo, apresentaremos estratégias de pensamento da quadra a partir das quadras de Barcelona,
abordando seu dimensionamento, os parâmetros urbanos para seus edifícios, os miolos de quadra livres e
as esquinas chanfradas.

A ocupação da quadra: lotes e dimensionamento


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Se antes foi abordada uma visão das relações mais externas da quadra, das dimensões de testada, da
relação com outros elementos, do conjunto com outras quadras, podemos também partir de sua estrutura
interna em que vamos falar do seu modelo de parcelamento, sua utilização e das formas de ocupação.

Dos Santos (1988) vai falar das diversas formas de combinar os padrões de lotes (terras privadas) e áreas
públicas (ruas e espaços abertos) como se fosse um jogo de cartas; lotes, quarteirão e rua são tomados
como elementos mais vernaculares e universais, em que a combinação é resultado de uma infinidade de
discursos, possibilidades e reflexo do jogo de atores.

O lote como espaço privado, e a ser ocupado, vai representar as possibilidades de densidade urbana, sendo
esta a relação entre pessoas e terra disponível. A densidade de ocupação do solo molda inclusive o
tamanho da cidade, em que cidades mais densas facilitam o fornecimento de infraestrutura e geram um
consequente menor custo dessa infraestrutura. Veja os exemplos a seguir.

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A cidade como um jogo de cartas.

Densidade e ocupação dos lotes.

Podemos começar a discussão das ocupações de quadras pela dimensão dos lotes que devem oportunizar
uma variedade de usos, ao mesmo tempo que devem se manter em certo tamanho que não represente um
custo elevado da urbanização ou a dilatação do espaço livre, como já abordamos anteriormente.

Devemos alcançar um equilíbrio entre o tamanho do lote e uma ocupação


satisfatória desse lote em proporção entre a área ocupada e a qualidade espacial,
em que novamente estamos falando de densidade.

Primeiramente, é preciso compreender que, para a vitalidade urbana da rua, a menor dimensão de testada
do lote é positiva por gerar mais aberturas e contato de mais edificações com o espaço público. Para
proporcionar área suficiente para uma diversidade de usos, entendemos que o melhor tipo de lote em uma
cidade seria retangular. Dos Santos (1988) vai falar de um lote que parte de um módulo de 12x12 para
criação da quadra. Teríamos lotes iniciais de 12x36m que poderiam ser remembrados também de acordo
com as necessidades. Esse lote, interessante em um primeiro momento, e recorrente em várias estruturas
de cidades e bairros brasileiros, pode também ser refletido sobre outras lógicas pretendidas de ocupação.

Gehl (2014) observa que ruas comerciais ativas possuem uma relação de 15 a 20 lojas a cada 100 metros,
resultando em fachadas de 5 a 6 metros, sendo seguido por Davies (2007), que aborda subdivisões
pequenas, de formato regular e estreitas de 5x20m, como elementos passíveis de acomodar uma variedade
de edifícios e fazer o uso mais eficiente da terra.

Podemos refletir então em momentos diferentes sobre a necessidade de lotes um pouco maiores para
edifícios comerciais e industriais, sendo necessárias subdivisões de 15 a 20m de largura e 30 a 40m de
profundidade, capazes ainda de se relacionar a uma interface interessante com a rua, ou em lotes de
centros urbanos, ainda mais ativos em termos de atividades comerciais, com menores testadas. Em ambos
é interessante entender as possíveis necessidades de ventilação dos edifícios, a depender dos parâmetros
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urbanísticos de ocupação adotados, podendo ser abordada a quadra com área não edificada central, caso
novamente de Barcelona. Veja:

Loteamento e miolo de quadra não edificado.

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Loteamento e miolo de quadra não edificado.

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Processos de remembramento e desmembramento do
lote
Neste vídeo, explicitaremos as ações que podem ser realizadas com um ou mais lotes, para adequação a
possíveis outros usos por eles não suportados.

A ocupação da quadra: edifícios e densidade


Ainda que o padrão de loteamento possa estabelecer bons princípios para determinada estrutura urbana, a
forma como esse lote vai ser ocupado é fundamental para entendermos o modelo de cidade a ser
alcançado. Nesse quesito, o entendimento dos parâmetros urbanos é essencial. Podemos falar de uma

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estrutura de lote interessante, em que baixa taxa de ocupação e afastamento frontais e laterais mal
estabelecidos podem criar uma estrutura pouco densa e de baixa relação entre edifícios e ruas.

É o caso de muitos bairros residenciais, podendo ser esse caso ilustrado por um típico bairro de subúrbio
americano. A princípio, não se quer negar que existam áreas da cidade de ocupação mais rarefeita, mas a
dosagem das mesmas e principalmente o vínculo dessas a áreas ativas e de maior circulação nas cidades é
fundamental. Nesse momento queremos entender só que a menor ocupação do lote gera possível menor
circulação de pedestres nas ruas e assim espaços urbanos menos vivos.

Ocupações diferentes dos lotes.

Padrões de cidades completamente distintos.

Dentre esses parâmetros, podemos iniciar o debate pelos afastamentos. Netto et al. (2017) falam da
rarefação progressiva de partes do tecido urbano causada pela crescente produção de tipologias
arquitetônicas distantes da rua, cercadas por muros e impermeáveis a atividades públicas.

Calculando a proporção da presença de cada um dos três tipos arquitetônicos


(contínuo, isolado e híbrido) em uma via, e comparando ao quantitativo de
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pedestres nela circulando, percebemos majoritariamente a continuidade das


fachadas (50%) nas áreas com maior movimentação de pedestres. Isso também é
constatado com afastamentos frontais, quando é quantificado que o movimento de
pedestres a cada 2 minutos e 30 segundos diminui de 28,7 pedestres em ruas com
afastamento entre 0 e 1, para 7,9 quando esse afastamento passa a ser de 5 a 6
metros.

Ambos os parâmetros, estão relacionados diretamente ao contato do edifício com a rua, seu grau de
abertura e também a característica mais pública ou não dos edifícios. Áreas das cidades com espaços
públicos mais ativos e dinâmicos tendem a ter parâmetros de afastamento iguais a zero ou próximos a eles.
Afastamentos maiores tendem a criar áreas de maior separação entre as esferas pública e privada e
ambientes com menor circulação de pessoas.

Em outra leitura complementar, podemos abordar também os parâmetros de gabarito. Para iniciar o
entendimento desses parâmetros, é válido entender que a relação de altura de um edifício está diretamente
relacionada às proporções horizontais que a ocupação vai adquirir.

Quanto mais alto o edifício, maior a necessidade de espaço entre eles para a
criação de espaço térreo em que se tenham incidência de luz e ventos, e que
corporalmente também não se tenha a sensação de claustrofobia aos transeuntes.
Assim, ainda que inicialmente a verticalização tenha uma característica positiva de
densificação, a necessidade de espaços abertos mais dilatados pode representar
em números a mesma densidade de modelos de ocupação mais baixos.

O centro de Paris e Manhattan em Nova York, por exemplo, possuem densidades muito semelhantes, a
primeira com 21.616 pessoas por quilômetro quadrado e a segunda com 27.812 pessoas, mesmo que
construindo morfologia e tipologias arquitetônicas completamente diferentes. Em Barcelona, com seu
máximo de 6 andares, essa densidade chega a 35 mil habitantes/km², enquanto em bairros como o Itaim
Bibi em São Paulo, totalmente verticalizados, essa densidade gira na casa dos 9 mil habitantes, exatamente
pela proporção de espaços livres entre edifícios. Veja a seguir as cidade de Manhattan e Paris com
densidades muito próximas apesar de morfologias diferentes.

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Manhattan
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Paris

Vale lembrar que Gehl (2014, p. 41-42) afirma que “a conexão entre o nosso corpo e os edifícios se perde
efetivamente a partir do quinto pavimento [...] isso significa que eles não pertencem mais à nossa dimensão
de cidade”, justificando certo limite dessa verticalização.

Cabe, assim, entendermos que a quadra e seu dimensionamento podem ser olhados por essas estruturas
internas da estrutura de parcelamento e formas de ocupação dos lotes em prol de determinadas atividades
e modelos de cidade. Falamos de uma abordagem da cidade através do seu planejamento, das relações
entre o processo e a tipologia morfológica, e agora da regulamentação urbana e das normas legais como
expressão do modelo de cidade que se deseja construir.

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Parâmetros urbanos e condicionantes do edifício
Neste vídeo, veremos os parâmetros urbanos e as suas repercussões tanto sobre o lote quanto sobre a
estrutura urbana. Dentre os parâmetros urbanos debatidos estão: taxa de ocupação, afastamentos frontais
e lateral, gabarito e coeficiente de aproveitamento. Vamos conferir!

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Desde meados do século XX, muitas cidades pensaram sua estrutura urbana em prol da circulação
automotiva, resultando em espaços e quadras dilatadas em relação à cognição do corpo. Considerado
o dimensionamento de quadras em prol de pedestres e sua circulação, as medidas de suas testadas
que trabalham em melhor consonância são:

A 30 a 50 m

B 80 a 120 m

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C 150 a 200 m

D 200 a 400 m

E 400 a 500 m

Parabéns! A alternativa B está correta.

As medidas próximas a 100 metros de quadras se associam tanto ao campo social de visão, que nos
possibilita certo grau de interação, quanto à questão da acessibilidade, permitindo a tomada e mudança
de rotas em todas as direções.

Questão 2

Abordamos que a forma de ocupação do lote cria vínculos com as possibilidade de espaços públicos
mais ativos e de maior circulação de pedestres nas vias. Entre parâmetros urbanos que influenciam na
ocupação dos lotes estão:

A Taxa de ocupação e afastamentos laterais.

B Taxa de ocupação e dimensão da via.

C Dimensão da quadra e taxa de ocupação.

D Dimensão da via e dimensão da quadra.

E Dimensão da quadra e afastamentos laterais.

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Parabéns! A alternativa A está correta.

Estamos falando aqui de parâmetros intrínsecos ao lote e o que é permitido ser construído. Dos quatro
parâmetros nas opções estabelecidas, dois falam do dimensionamento de outros elementos urbanos,
enquanto a taxa de ocupação dita qual área pode ser ocupada do terreno pela edificação. Já os
afastamentos laterais ditam o quanto o edifício deve estar afastado de seus vizinhos laterais ou não.

3 - Agentes e condicionantes que interferem no


território
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a multiplicidade de condicionantes e de
agentes, formais e informais, que intervêm na produção do território.

Processos de tipologia estrutural e seus agentes


Até agora abordamos a estrutura urbana a partir de seus elementos morfológicos, mas pouco foi inserida a
ótica dos seus processos de crescimento e atores envolvidos. Solà-Morales (1997) classifica esses

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processos de crescimento urbano entendidos como um conjunto de operações materiais para a construção
da cidade, segundo a ordem e importância de cada uma destas operações: loteamento, urbanização e
edificação.

Dentro dessas operações, busca-se reconhecer que a tipologia estrutural é consequente de processos
reconhecidos ou não pelos planejadores. Dentre aqueles inseridos no primeiro grupo estariam a expansão, o
crescimento suburbano, os conjuntos habitacionais e os condomínios fechados/lotes com serviços
periféricos. Já no grupo de atividades não assistidas estariam as favelas, as invasões e os processos
marginais.

Mesmo que não aprofundemos cada um dos processos, cabe entender que eles possuem uma forma de
gestão e atores diferentes. O autor fala da gestão: individual nas favelas, empresarial nos condomínios
fechados, pública no crescimento e expansão suburbana, empresarial-pública nos conjuntos habitacionais.
Cruzando atores e a sequência de PUE de Solà-Morales, conseguimos, assim, criar um paralelo entre
operação material característica e atores que interferem no processo. Observe:

Loteamento nos condomínios e cidade suburbana.

Iniciativa privada, urbanização no processo de expansão.

Governo, edificação nos processos de favelas.

Indivíduo e no processos de conjuntos habitacionais.

Governo.

O método, ainda que complexo, ajuda a nos apresentar que o crescimento e a transformação urbana não
são frutos de um só processo, assim como não estão na mão de um único ator. Entender essa
concomitância de processos e agentes ajuda a entender possibilidades de ação no território. Lobato Côrrea
(2018), para efeito prático, elenca as categorias de agentes sociais em cinco grandes grupos. Vamos
conferi-los!

Proprietários dos meios de produção: grupo representado por empreiteiras e construtoras.

Proprietários fundiários: grupo representado pelos donos de terra.

Promotores imobiliários: grupo representado pelas incorporadoras e imobiliárias, responsáveis diretos


pela construção, vendas de terrenos e loteamentos, e promoção e negociações respectivamente.

Estado.

Grupos sociais.

Cada um tem seu papel no desenvolvimento de territórios a partir de seus interesses e pelo poder
diferencial que possuem na construção, apropriação e controle desse território, principalmente quando

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falamos do seu planejamento prévio, com caráter ainda mais seletivo de participação.

Maricato (2016) salienta o papel fundamental desses três grupos na formação das cidades, pois tanto
podem constituir obstáculos aos capitais ou a eles podem se associar para a obtenção de lucros com a
especulação imobiliária e fundiária. Já o Estado é quem controla o fundo público e, na forma de poder local,
promove a regulamentação e o controle sobre o uso e a ocupação do solo sendo o principal intermediador
de distintos processos como a distribuição de lucros da comercialização de terras. Foquemos agora na
força do Estado na formação territorial.

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Formação territorial e seus atores
Neste vídeo, vamos conferir a gama de atores que atuam sobre a formação territorial, esclarecendo suas
características, interesses e ferramentas de atuação.

A formação territorial e o papel do Estado


O Estado possui uma diversidade de papéis, ora como produtor dessa forma urbana, mas, em outros
momentos, como regulador, fiscalizador e até como espectador do crescimento e desenvolvimento urbano.
Construiremos cenários para cada um desses papéis.

Primeiramente, qualquer política urbana consiste em um processo de intervenção estatal sobre a cidade,
sejam eles mais físicos, como a implantação de uma praça ou infraestrutura, ou mais subjetivos, como
alguma regulamentação de parâmetro urbano por lei. Também podem ser processos de prospecção futura
quando olhadas estratégias de planejamento urbano, ou de acepção imediata como um projeto urbano
implantado.

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Seja qual for a ação sobre o território, o Estado exerce um papel, mesmo que seja de
assistir a determinado processo.

Assim, considerando o Estado como produtor do espaço urbano, direcionamos nossos esforços neste
momento para os projetos urbanos e obras públicas. A implementação de infraestrutura, como a abertura
de uma via, ou a instalação de um equipamento público, como um parque, criam condições e incentivos de
ocupação para outros atores, sendo, assim, prospecção de mudanças territoriais.

Aqui falamos do território como uma construção social e histórica, vinculada a projetos, ilusões e
interesses, em que o Estado tem lugar central quando é impulsionador de crescimento e desenvolvimento, a
partir de uma intervenção materializada territorialmente. Os interesses por trás dessas intervenções não
são únicos somente do ente público, e normalmente são construídos por discussões com os diversos
atores anteriormente apresentados.

O Estado como produtor da forma urbana.

Em um segundo momento, falamos do Estado como regulador da forma urbana, abordando sua capacidade
de definir e modificar as normas do uso e ocupação do solo, em que a organização territorial seria o
principal objetivo.

Falamos aqui principalmente de medidas de planejamento da cidade, onde temos como principal
ferramenta os planos diretores. Segundo a Constituição Federal, estes são estabelecidos como instrumento
básico da política de desenvolvimento e expansão urbana; e como função/ferramental do poder municipal, é
necessária sua aprovação pela Câmara Municipal. É de incumbência do plano diretor definir as exigências
fundamentais de ordenação da cidade que delineiam o cumprimento da função social da propriedade
urbana.

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Políticas públicas de desenvolvimento e expansão urbana.

Outros instrumentos se fazem necessários para essa regulação e normatização da ocupação urbana,
podendo ser também apresentadas como ferramenta fundamental as “Leis de Uso e Ocupação do Solo”.
Essa legislação, também de caráter municipal, estabelece regras e parâmetros para o uso do solo, por meio
de normativas de ocupação, definindo o que é ou não permitido de ser construído em cada área da cidade.
Os parâmetros que abordamos anteriormente, de afastamentos frontais e laterais, gabarito e taxas de
ocupação aqui são explorados.

Em terceiro momento, e condicionado por seu papel como regulamentador, o Estado deve agir também
como fiscalizador, acompanhando processos de ocupação territorial, seja na aprovação de projetos e sua
consonância com os parâmetros previamente estabelecidos para determinada área, seja acompanhando e
inibindo ocupações irregulares tanto pelo seu lugar de implantação (APACS e outros), quanto pela não
aprovação em prefeitura ou por ferir algum dos parâmetros urbanos.

Falamos de um Estado que deve agir pensando no funcionamento equilibrado do todo da cidade, de acordo
com determinados objetivos públicos. Esse papel inclusive nos leva à quarta posição do Estado, de ser
espectador de processos urbanos. Solà-Morales (1997) aborda as operações materiais para a construção
da cidade, distinguindo um grupo delas não assistido pelo Estado. Trata-se de:

Favelas

Invasões

Processos marginais

Maricato (1996), por exemplo, fala do processo de expansão da periferia possuindo como aliado o binômio
de loteamentos clandestinos e ônibus em uma estratégia de separação de grupos sociais no espaço. A
partir do momento que falamos da ocupação de terras ilegais, o Estado opta por se ausentar de sua
responsabilidade sobre aquela ocupação, seja pelo não provimento de infraestrutura seja pela não
fiscalização do próprio processo de ocupação e ordenamento.

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De forma resumida, essa ausência no processo de construção territorial exime o governo de lidar com as
situações e populações de maior vulnerabilidade social, direcionando esforços para lugares em que o
capital está inserido, ao mesmo tempo que informalmente libera a criação de mais terras urbanas. Veja a
seguir alguns exemplos de ocupações urbanas não assistidas.

Entrada da rua de bairro com ocupações urbanas não assistidas.

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Vista de cima de ocupações urbanas não assistidas.

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Papéis e ferramentas dos entes públicos na formação
territorial
Neste vídeo, apresentaremos as possibilidades de atuação dos entes públicos na construção, regulação e
fiscalização da urbe, também elucidando suas ferramentas de ação.

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A sociedade e as organizações sociais como agentes


Os territórios sem infraestrutura e de ocupação espontânea trazem as populações em situação de
vulnerabilidade para o jogo de produção territorial, principalmente quando abordada a informalidade, em
territórios de interações e articulações espaciais completamente diferentes da que abordamos
anteriormente.

Falamos de organizações em torno de movimentos de resistência que representam a luta constante e


desigual pelo direito à moradia, em lugares menos relevantes para o mercado imobiliário ou de ocupação
ilegal. Se falamos na cidade formal, dos usos da terra sendo definidos pelos interesses dos mercados
imobiliário e da construção, com anuência e apoio do Estado, a produção desse outro território busca
alternativas fora dessas redes.

Comentário

Lobosco (2009) constata que, além dessas ocupações se constituírem por espaços heterogêneos e
múltiplos, com fortes tensões internas e possibilidades diversas de apropriação e acesso a serviços e
equipamentos urbanos, também se identificam pelo surgimento de práticas específicas, organizadas que
funcionam de forma a possibilitar o funcionamento e desenvolvimento dessa estrutura urbana. Essas
práticas específicas permeiam as possibilidades de integração com a cidade e com as táticas de produção
e uso do espaço particulares, refletindo valores como necessidade, antiguidade, possibilidades construtivas,
inserção em redes sociais e acesso a trabalho e serviços.

Pode-se olhar para tais práticas específicas sobre a ótica da construção e da tipologia a ela associada ou
dos espaços públicos e coletivos gerados. Na ótica da unidade habitacional, cria-se uma perspectiva
intermediária entre a construção do provisório e o permanente, onde edificações permeiam entre o abrigo e
a moradia definitiva em um mesmo processo (LOBOSCO, 2009).

A evolução construtiva inclusive incorpora outras dinâmicas de futuras apropriações e possibilidades de


acréscimo de áreas pela verticalização, em uma perspectiva de:

Flexibilidade

Adaptação

Mutabilidade

As lógicas espaciais da cidade formal, arquitetônicas e urbanas aqui desvinculadas e a ausência de


parâmetros urbanos estabelecidos permitem a multiplicidade de ações e ocupações, situação que pode ser
vista por aspecto positivo ou negativo.

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Essa mesma flexibilidade e diferente apropriação é conferida ao espaço público, que pode ser entendido
como comunitário através da real partilha espacial, em um necessário enfrentamento político e simbólico
na luta pela moradia e urbanidade. Espaços públicos são comumente apropriados como extensão dos
próprios lares, criando vínculos de comunidade e de vizinhança e flexibilizando limites do público e privado
no espaço.

O senso de comunidade traz as possibilidades e escala de abrangência de nossas


ações e a nossa representatividade como coletivo na cidade formal ou informal.
Como entes individuais ou como pequenas vizinhanças, o nosso poder de ação
diminui, e as organizações sociais, de tamanhos variados, são capazes de
estabelecer representatividade política para respondermos a ações de escalas
macro da cidade, perante as quais não teríamos possibilidades de interlocução.

Associações de moradores e de ruas, e organizações de bairro são capazes de ter papel fundamental na
construção territorial e na busca por processos participativos junto aos entes políticos. Cabe lembrar que o
Estatuto da Cidade torna obrigatória, no processo de elaboração dos planos diretores, a promoção de
debates com a participação popular e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade, possibilitando interlocuções dessas organizações.

A cidade é um campo em disputa de interesses em âmbitos locais. Assim, deve-se sempre buscar as
alternativas de construção de uma esfera pública de discussão sobre a cidade para que esses interesses se
confrontem. Essas discussões devem sobrepor a ideia do plano diretor como único lugar de participação
coletiva, considerando a produção do espaço urbano ditada também por outros instrumentos, como as leis
de uso e ocupação do solo, o código de obras, e operações consorciadas.

Hortas comunitárias.

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Processos de mutirão.

Dentre esses processos de defesas dos espaços coletivos de produção do espaço urbano, surgem as
possibilidades de autogestão coletiva, como esse lugar no qual são geradas transformações nas práticas
sociais e ambientais de comunidades urbanas através da ação dos próprios entes que se organizam como
coletivos territoriais. A defesa por habitações democraticamente produzidas, geridas por práticas de
mutirão e de propriedade coletiva, representam uma nova forma de conceber, planejar e gerir as nossas
cidades.

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Processos de gestão comunitária
Neste vídeo, veremos os casos de ocupações e cooperativas como novas formas de gestão do habitar.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Dentro das operações materiais para a construção da cidade, reconhecemos processos de tipologias
estruturais reconhecidos ou não pelos planejadores. Dentre as tipologias não reconhecidas temos

A o crescimento suburbano.

B os conjuntos habitacionais.

C os processos marginais.

D a expansão.

E os lotes com serviço.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Todos os processos informais, em que estão incluídas as ocupações à margem da cidade,


normalmente de terras de ocupação restrita e/ou de pouco interesse do capital, são desprezados pelo
Estado como forma de se isentar de responsabilidade, e se ausentar tanto no processo de construção
territorial quanto no fornecimento de infraestrutura e fiscalização.

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Questão 2

A forma urbana de assentamentos informais se configura por uma heterogeneidade de espaços e


particularidades não encontradas na cidade formal. Para destacar algumas de suas características,
podemos citar:

A Uniformidade das unidades habitacionais.

B Diversidade das possibilidades construtivas.

C Redes urbanas bem estabelecidas.

Construções pensadas sobre uma perspectiva de flexibilidade, adaptação e


D
mutabilidade.

E Espaços livres como norteadores do desenvolvimento.

Parabéns! A alternativa D está correta.

A carência de terra livre para construção na maioria dos assentamentos informais acaba conferindo às
suas construções uma característica ímpar de ser estruturada sempre para possíveis expansões, que
representam a própria mudança da estrutura organizativa de seus residentes. Outro aspecto também
associado ao baixo poder aquisitivo das famílias é o fato das unidades habitacionais serem
construídas em partes, podendo representar também mudanças no meio do processo.

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4 - O edifício contemporâneo como sistema urbano


Ao final deste módulo, você será capaz de abordar o edifício como elemento da estrutura
urbana capaz de intervir na própria vitalidade urbana e territorial.

Primeiras palavras
Em uma breve retrospectiva dos temas que foram discutidos até aqui — a morfologia urbana e o estudo da
estrutura e sistemas urbanos, as formas de ocupação e características da quadra, e, por fim, os agentes que
interferem no território — todos eles se relacionam de uma forma com o edifício, um dos elementos básicos
da estrutura urbana, compositivo da quadra e produto desses atores em muitos dos casos.

Falar assim do edifício como sistema urbano é entendê-lo como unidade que, além de ter suas
características intrínsecas, dialoga o tempo todo com a cidade e com o espaço público, criando vínculos
não só espaciais, mas também relacionados às práticas sociais de um território, comportamentos das
pessoas que ali vivem, e relacionado diretamente ao conceito de vitalidade urbana. Para tal, abordaremos os
conceitos da fachada como interface urbana, e da relação público-privado do edifício e os espaços
intermédios.

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A fachada como interface


A fachada é o primeiro elemento compositivo da relação entre o edifício e sua esfera pública.
Características diversas desse diálogo podem ser trabalhadas para se alcançar fachadas mais atrativas aos
transeuntes e que criem interessantes relações de ambiências urbanas.

Gehl (2014, p. 241) apresenta estudo realizado na cidade de Estocolmo, de registro e avaliação dos pisos
térreos das edificações ao nível da rua, a partir de cinco características relacionadas a essa zona de
transição. Veja:

Quantidade de portas a cada 100 metros

Variedade de função

Quantidade de unidades cegas e passivas

Relevo das fachadas

Quantidade de detalhes

A partir dessas características, os edifícios classificam-se em cinco categorias relacionadas à sua


atratividade: ativo, convidativo, misto, monótono e inativo.

Aqui falamos de distintas relações de edifícios, não necessariamente só compositivas das fachadas, mas
que possuem direta relação com elas — número de aberturas, relevos e detalhes compositivos da fachada, e
unidades cegas. São quatro categorias com repercussão clara de caraterísticas compositivas daquela
arquitetura, porém a variedade de usos e funções já dialoga com o próprio modelo de cidade estabelecido
de áreas monofuncionais ou não.

Dentre essas características, a quantidade de aberturas nos parece protagonista, principalmente nas formas
de se relacionar interior e exterior dos edifícios. Lugares mais dinâmicos da cidade possuem muitas
aberturas para o espaço público.

Gehl (2014) fala de 15 a 20 portas a cada 100 metros. Podemos aumentar esse
grau de interação quando pensamos não só no térreo, mas também nos outros
andares de diálogo com esfera pública. O próprio Gehl aborda os cinco primeiros
pavimentos como aqueles que se vinculam à rua de alguma forma; Folly (2022)
considera o segundo pavimento em diálogo direto com o espaço público, em
termos não só visuais, mas de uso, ao refletir sobre a porosidade de fachadas.

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Cabe refletir que essas fenestrações de fachadas podem adquirir uma multiplicidade de formas, que podem
se caracterizar como passagem, gradação de controle e troca visual, em níveis distintos de privacidade do
interior do edifício. Não necessariamente a atividade interior dos edifícios regula ou restringe as suas
formas de interação com a rua. Veja as categorias de atratividade de térreos, segundo GEHL.

Ativo

Pequenas unidades, muitas portas (15-20 portas a cada 100 m).

Ampla variedade de funções.

Nenhuma unidade cega e poucas unidades passivas.

Muitos detalhes no relevo da fachada.

Predominância de articulação vertical da fachada.

Bons detalhes e materiais.

Convidativo

Unidades relativamente pequenas (10-14 portas a cada 100 m).

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Alguma variação de funções.

Poucas unidades cegas e passivas.

Relevo na fachada.

Muitos detalhes.

Misto

Unidades grandes e pequenas (6-10 portas a cada 100 m).

Modesta variação de funções.

Algumas unidades passivas e cegas.

Relevo modesto na fachada

Poucos detalhes.

Monótono

Grandes unidades, poucas portas (2-5 a cada 100 m).

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Variação de função quase inexistente.

Muitas unidades cegas ou desinteressantes.

Poucos (ou nenhum) detalhe.

Inativo

Grandes unidades, poucas (ou sem) portas (0-2 portas a cada 100 m).

Nenhuma variação visível de função.

Unidades passivas ou cegas.

Fachadas uniformes, nenhum detalhe, nada para se ver.

Podemos, assim, pensar além de certas leituras corretas, porém já bastante inseridas dentro do nosso
campo da arquitetura ou aqui apresentadas, como a necessidade de térreos comerciais que vão permitir
essa permeabilidade, e o controle da dimensão do lote e consequentemente das fachadas. Ambas são
fundamentais para falarmos desse diálogo de edifício, mas queremos ir além com outras possibilidades.

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Permeabilidade de fachadas e a atmosfera urbana
Neste vídeo, vamos conferir as distintas possibilidades de abertura de um edifício; o programa
arquitetônico; e a transição público-privada do edifício. Abordaremos, assim, estratégias projetuais que
envolvam esse espectro da arquitetura. Vamos lá!

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Em muitos casos, o térreo de uma edificação acaba se fechando em prol de uma intenção de privacidade
em que as atividades internas, próximas à fachada, possuem caráter mais individual. Esse é o caso, por
exemplo, de áreas da cidade mais residenciais, em que a opção pelo afastamento das edificações, somado
a muros de proteção no contato com a rua, são as estratégias projetuais mais utilizadas. Sugerimos refletir
aqui sobre três possibilidades de projeto:

Paisagismo/elementos naturais

Fechamentos vazados

Diferença de níveis

Em relação à última dessas possibilidades, uma imagem clara em nossos imaginários, a partir de um
conjunto de filmes norte-americanos na cidade de Nova York, se encontra no bairro do Harlem, onde
normalmente as unidades residenciais multifamiliares usam de dois níveis em contato direto com a rua,
para que nenhum deles esteja visualmente relacionado diretamente à rua. As janelas das residências nos
primeiros níveis estão sempre mais altas que o olhar dos transeuntes. A relação importante aqui é de ser
visto da rua, e não necessariamente que se tenha uma relação visual com o interior da edificação.

Rua do Harlem, Nova York.

Já os elementos naturais podem criar uma barreira física entre esquadria e o espaço de circulação de
pedestres sem que necessariamente a relação entre ambos não exista. Normalmente a visualização do
interior de uma residência é lateral e rápida por quem na frente dela circula, e essa que normalmente se

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busca impedir. Não é comum que uma pessoa, andando em uma rua, pare e fique olhando para um interior
residencial, entendida já certa gradação de privacidade nessa relação.

Assim, somente alguns elementos visuais ou de afastamento já são capazes de criar essa atmosfera de
privacidade. É o caso de algumas vias em Amsterdam, que usam dos canais para estabelecer essa barreira
entre esferas públicas e esquadrias residenciais do térreo. Os elementos vazados como grades e cobogós
buscam também esse controle parcial da visão nessa transição.

Rua em Amsterdam, Holanda.

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As relações espaciais na esfera público-privada


Abordadas relações de fechamentos e aberturas no entendimento do edifício como sistema urbano,
podemos também refletir sobre outras relações espaciais que se vinculam à função e à fluidez desse
edifício. Entendendo a ideia de limite do edifício como lugar de separação e de relação com o entorno,
podemos entender o mesmo também como ponto de encontro e transição.

Essas perspectivas podem fazer com que o limite deixe de se reconhecer unicamente por um elemento
físico e construído de fechamento, mas possa existir como subjetiva interrupção de continuidade percebida
pela consciência do indivíduo. Para ilustrar esse conceito, usemos a Praça dos Artes, em São Paulo como
exemplo.

Praça das Artes e gradação dos limites de público e privado.

Praça das Artes e gradação dos limites de público e privado.

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Os planos de fechamento no nível térreo não se consolidam como um elemento físico tal qual uma porta ou
grade, mas se estabelecem exatamente pela percepção dos blocos elevados que, ao mesmo tempo,
convidam a adentrar o pátio e deixam perceptível que você está em um lugar de controle privado; um
espaço semipúblico, que trabalha exatamente a ideia do espaço entre ou intermédio dessas esferas pública
e privada.

O limite nesse projeto funciona como um filtro ao permitir uma conexão indireta de possível controle. Com
outros propósitos, em outros casos, pode servir como uma barreira quando isola dois territórios fisicamente
ou espacialmente contínuos (relação mais comum), ou ser elemento conector ao estabelecer uma conexão
física direta (NORBERG-SCHULTZ, 1998, apud SUÁREZ, 2014, p. 22).

Importante entender que nos três casos não se fala do edifício autônomo, mas sempre vinculado ao seu
entorno com uma relação clara de fluidez e níveis de restrição entre eles, falando agora do edifício inserido
dentro de um sistema composto também pelo espaço público, os demais edifícios, e principalmente as
pessoas que pela cidade circulam. Essa visão sistêmica faz com que essas relações não se encerrem
somente na fachada do edifício, mas permitam adentrar o edifício e ser percebido em suas relações de
elementos compositivos internos, ou transbordar os limites da casca de um único edifício e trabalhar em um
conjunto de elementos da estrutura urbana.

Exemplos para ilustrar o transbordamento do edifício na criação das nuances público-privado, e de limites
que passam a ser percebidos por um conjunto de elementos da estrutura urbana, podem ser encontrados
em dois casos em Barcelona: Plaza Real e os miolos de quadra do plano de Cerdá criam relações diretas
entre edifícios e os espaços livres.

No primeiro, a necessidade de passar por portais nos térreos de edifícios ou em pequenas ruas de
pedestres para se chegar ao interior da praça, cria uma relação uníssona entre o espaço aberto e o conjunto
de edifícios, todos em mesma altura e com grande grau de porosidade das fachadas para a praça. Esta,
ainda que totalmente pública, aparenta ter sempre suas atividades aos edifícios vinculadas, e sua própria
ambiência está a eles associada. Diversas cidades espanholas ou por espanhóis colonizadas possuem
praças de estrutura semelhante.

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Praça Real em Barcelona.

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Miolos de quadra em Barcelona.

Já nos miolos de quadra, em escala diferente, os espaços livres também se conformam a partir de uma
relação das continuidades de edificações, se direcionando diretamente a elas, porém construindo lógicas
completamente diferentes entre eles, quando da intenção desses espaços serem públicos, privados ou
semipúblicos.

Algumas quadras conformam passagens, com portais ou ausência de dois ou mais edifícios; outras,
espaços de praça mais públicos, com abertura de todo um lado para a rua, ou até de uma das esquinas; por
fim, outras se tornam espaços totalmente restritos com o conjunto de edifícios impedindo acesso a esses
interiores. Compreender que essas ações podem ser estruturadas junto a projetos arquitetônicos ou
urbanos é aqui passo fundamental.

Já pensando na esfera pública adentrando o edifício, o Instituto Moreira Salles, em São Paulo, pode ilustrar
um caso em que esses limites extravasam a fachada do edifício, assim como o seu próprio térreo, ainda que
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tenha na sua composição de aberturas e materiais, elementos essenciais para a percepção de um andar
intermediário público.

Fachada do Instituto Moreira Salles.

A liberação da estrutura de suas bordas constrói uma lógica espacial do térreo como espaço público e
convidativo à circulação, enquanto uma abertura de mesmas proporções e única no meio da fachada
constrói a percepção de que esse andar também é totalmente público, como realmente acontece em seu
programa. Ali se encontram livraria e café como um espaço de praça, onde o próprio material do piso
remete a esse ambiente que é parte da cidade, e não encerrado dentro do edifício.

Ainda de acordo com materiais, a transparência da fachada e de outras partes do edifício se contrapõe ao
fechamento completo de outras áreas (exposições), transparecendo o controle das áreas por quem no
prédio circula. Falamos assim de cinco elementos que conformam soluções para o pensamento desses
limites: volumes, espaço, estrutura, materiais, fechamento/aberturas.
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Andar intermediário público do Instituto Moreira Salles.

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Térreos públicos e permeabilidade urbana
Neste vídeo, apresentaremos projetos em que os térreos do objeto arquitetônico se apresentam como
elemento de fluidez urbana, assim como as estratégias projetuais. Os edifícios do MEC e do SESC 24 de
Maio serão utilizados como exemplo.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1

Dentre as formas de a esfera pública adentrar o edifício, reconhecemos:

A Recuo de pilares, transparência de fachadas e continuidade de materiais.

Pilares nas quinas das edificações, transparência de fachadas e continuidade de


B
materiais.

C Recuo de pilares, espaços bem definidos e transparência de fachadas.

Continuidade de materiais, transparência de fachadas e pilares nas quinas das


D
edificações.

E Espaços bem definidos, recuo de pilares e transparência da fachada.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O recuo de pilares, assim como a manutenção de materiais entre interior e exterior, transmite a
sensação de continuidade entre espaços, transportando para o interior. Térreos livres utilizam
normalmente de ambas as estratégias. Já a transparência da fachada permite visualização de
atividades internas do edifício sendo um possível convite a elas.

Questão 2

Considerando o térreo de um conjunto de edifícios, a característica que pode estabelecer um conjunto


urbano inativo e monótono corresponde à/ao

A elevada quantidade de portas e aberturas.

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B variedade de função.

C presença de unidades cegas e passivas.

D relevo das fachadas.

E quantidade de detalhes.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Fachadas muradas ou com poucas aberturas podem proporcionar sensação de insegurança,


monotonia ao caminhar, falta de relação das esferas pública e privada, devido à inatividade
acontecendo nesse plano de fachadas e a uma sensação de maior escala do próprio limite.

Considerações finais
Como vimos, o edifício não pode ser pensando de maneira autônoma. A partir do entendimento da estrutura
urbana e do estudo da morfologia urbana, é possível entender a relação direta do edifício com os demais
elementos dessa estrutura – quadra, lote, via e espaço livre. A partir dessa compreensão, o edifício passa a
trabalhar como um sistema urbano em que sua fachada, seu térreo e outros de seus elementos passam a
dialogar diretamente com a cidade.

Em pensamento complementar, o projetar de qualquer outro dos elementos da estrutura urbana deve levar
em consideração as intenções de ocupação dos edifícios e os parâmetros urbanos a eles apresentados. A
quadra é assim pensada através de suas dimensões e das relações com condicionantes diversas, como a
topografia e o perfil de loteamento.

Por fim, reconhecer que os projetos arquitetônicos ou urbanos, assim como estratégias de planejamento,
são dotados de intenções, interesses e ideais de distintos atores é importante, a fim de contribuir para

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modelos de cidade que buscamos, mais inclusivos, coletivos e espacialmente geradores de vitalidade
urbana.

headset
Podcast
Ouça agora um bate-papo sobre estratégias projetuais que tratam da relação entre o edifício e o espaço
público. Essas estratégias trabalham a fachada como interface urbana; a relação público-privada do edifício
e os espaços intermédios; a relação dos sistemas estruturais com as fachadas; os requisitos de parâmetros
urbanos.

Explore +
Para saber mais sobre a rarefação progressiva de partes do tecido urbano, leia Os impactos da urbanização
contemporânea no Brasil, de Netto, Saboya e outros colaboradores (2017). Vale a leitura!

Referências
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LOPES, C.; CARREIRO, M. A análise morfológica urbana: achegas da escola Catalã. In: Perspectivas: Debate
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