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Perspetivas 113

integrante do ‘próprio discurso’ nos pioneiros novas conceções espaciais.


tratados de urbanismo, de Sitte ou Unwin, e que
permite aceder ao nível de conhecimento que a Referências
cidade construída encerra enquanto repositório e
arquivo essencial de informação sobre si própria, Coelho, C. D. (ed.) (2013) Os Elementos
tal como revelam os trabalhos mais recentes de Urbanos. Cadernos de Morfologia Urbana
Komossa ou Busquets (Komossa, 2010; Sitte, (Argumentum, Lisboa).
2001 [1889]). E que é também a principal forma Coelho, C. D. (ed.) (2014) O tempo e a forma.
de expressão nas leituras da cidade empreendidas Cadernos de Morfologia Urbana (Argumentum,
pelos arquitetos franceses, desde Auzelle, Panerai, Lisboa).
Manguin, ou nos trabalhos desenvolvidos por Coelho, C. D. e Lamas, J. (eds.) (2007) A praça
Krier, em Viena, Gandelsonas, nos Estados em Portugal - Continente, inventário de
Unidos, ou por Solà-Morales, em Barcelona, e espaço público (FAUTL / DGOTDU,
pela maioria dos arquitetos de uma geração que Lisboa).
influenciaram (Gandelsonas, 1999; Krier, 1981 Gandelsonas, M. (1999) X-Urbanism:
[1979]; Panerai et al., 1999; Solà-Morales, 1993). Architecture and the city (Princeton
Assumindo que a utilidade do procedimento Architectural Press, Nova Iorque).
de investigação provém da relação implícita entre Komossa, S. (2010) The Dutch urban block and
a leitura analítica e o exercício de composição em the public realm (Vantilt, Roterdão).
projeto, o atlas morfológico da cidade portuguesa Krier, R. (1981 [1979]) El espacio urbano
assume-se como um instrumento para a prática do (Gustavo Gili, Barcelona).
urbanismo, assim como para o ensino desta Muratori, S. (1959) ‘Studi per una operante storia
disciplina na medida em que trata, de forma urbana di Venezia’, Palladio 3-4.
metódica e comparável, os tecidos urbanos Panerai, P., Depaule, J. C. e Demorgon, M.
selecionados e cuja operacionalidade assenta na (1999) Analyse Urbaine (Éditions Parenthèses,
capacidade de constituírem referência para o Marselha).
desenvolvimento de criações urbanas Sitte, C. (2001 [1889]) Der städtebau nach seinen
contemporâneas, pressupondo que a cidade künstlerischen grundsätzen (Birkhäuser,
herdada, aquela que faz parte do nosso quotidiano Basileia).
poderá constituir uma referência inspiradora para Solà-Morales, M. (1993) Les formes de
creixement urbà (UPC, Barcelona).

Morfologia urbana pela estética, justiça social e


sustentabilidade
Eneida M. S. Mendonça, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Artes,
Universidade Federal do Espírito Santo, Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, 29075-910
Espírito Santo, Brasil. E-mail: eneidamendonca@gmail.com

Considerando os mais de 6 000 anos de sua gradativa e inadvertidamente, vem revertendo-se


permanência (Benevolo, 1983 [1982]), a cidade em impropriedades a esta própria vida, tornando
vem se configurando no ambiente ideal para a estranhos, o ser humano e a natureza (Kujawski,
vida humana, a despeito de descompassos 1982). Além do viés social e do ambiental
diversos. Estes remetem basicamente, desde sua comentados, há ainda o descompasso quanto aos
origem a conflitos entre grupos sociais distintos, valores estéticos da cidade. Mesmo assumindo
envolvendo situações de dominância versus este, como um aspeto bastante subjetivo, trata-se
submissão (Ferrari, 1982), mantidos de muitas de fator inerente à história da cidade, que vem
formas ao longo do tempo, resultando na sendo negligenciado (Porteous, 1996), seja em
atualidade, em desigualdades, que em algumas função de dificuldades técnicas e materiais na
sociedades assumem caráter inacreditavelmente manutenção ou no planejamento das estruturas
extremo. Outro descompasso verificado diz urbanas, seja em função da prevalência da
respeito às relações incongruentes estabelecidas extração de lucros financeiros específicos sobre
com a natureza, cujo intuito inicial de adequar o interesses mais amplos e coletivos. Deste modo,
ambiente ao conforto necessário à vida, questões sociais, ambientais e estéticas, com
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variações e intensidades, no tempo e no espaço, se distâncias entre a população e os serviços


são desafios à gestão das cidades. cotidianos. Deste modo é possível combinar as
Esses e outros desafios vêm sendo enfrentados possibilidades de prestação de serviços públicos
técnica, conceitual e empiricamente, por em infraestrutura urbana e atendimento básico aos
estudiosos de ciências como engenharia, habitantes quanto às necessidades imediatas,
arquitetura e urbanismo, geografia, história, dinamizando-se também, a economia.
sociologia, antropologia, economia, psicologia e Outra contribuição aplicativa da morfologia
filosofia, que se desdobram em especialidades, urbana encontra-se na oportunidade de análise da
esmiuçando e desvendando o amplo e complexo interação público-privado, considerando-se as
universo da problemática urbana. Neste contexto, relações entre espaço livre e edificação, estudo
a morfologia urbana, abarcando que se potencializa se realizado também, de um
reconhecidamente o campo da arquitetura e ponto de vista da evolução histórica, envolvendo
urbanismo, da geografia e da história, porém, de tanto aspetos quantitativos como qualitativos.
algum modo, envolvendo também os demais Atenção quanto às características físicas destes
campos acima citados, vem ao longo das últimas espaços e elementos, bem como quanto aos usos e
décadas apresentando destaque, ampliando sua apropriações permite a construção de reflexão
abrangência conceitual e com isso também, o seu crítica sobre a articulação público-privado como
alcance aplicativo, de modo a fornecer subsídios, algo inerente ao modo de vida urbano e, auxilia a
os mais diversos, aos desafios social, ambiental e decisão de planejamento e gestão sobre o que
estético de nossas cidades. Del Rio (1990) já deve ser mantido, recuperado e criado e em que
apontava diversas possibilidades de aplicação da escalas de abrangência e localizações. Esse estudo
morfologia urbana no conhecimento e no ampliaria sua abordagem, se realizado de modo
planejamento / projeto urbanos. Costa e Netto combinado ao de tipologias arquitetónicas. Este
(2015), em trabalho recente, reúnem os por sua vez, apresenta outras potencialidades. A
ensinamentos das principais escolas de análise das tipologias arquitetónicas, com seus
morfologia urbana, analisam, debatem e elementos intrínsecos à técnica e ao conforto e
demonstram a aplicação destes sobre determinado respetivas relações com os usos sociais e
território. econômicos propostos e apropriados, pode
Nota-se então, que estudos da forma urbana auxiliar também, na definição de formas
envolvendo de modo sistemático, a construtivas cada vez mais sustentáveis
transformação, ao longo do tempo, da estrutura de ambientalmente, engendrando relações cada vez
parcelamento, uso e ocupação do solo, das mais compatíveis entre as pessoas e o meio onde
centralidades e do sistema de espaços livres, entre vivem.
outros aspetos, podem contribuir tanto de modo Todas estas possibilidades devem ainda se
específico como de modo articulado, para o associar à compreensão dos valores, simbologias
planejamento sócio-urbano-ambiental em seus e significados da forma urbana no tempo e no
diversos alcances. espaço, permitindo que o planejamento possa
Uma destas contribuições diz respeito à também, favorecer a dimensão estética e
possibilidade de identificação dos sentidos de psicossocial (Tuan, 1980). Isso indica que além
expansão urbana já vivenciados e de de conhecimento histórico e técnico especializado
discernimento quanto aos que se apresentam é fundamental travar uma aproximação física
como tendência. Isso permite avaliação sobre a interativa com o lugar e suas pessoas.
articulação urbana, suburbana e regional desejada A reflexão aqui apresentada não ignora o forte
para o futuro e sobre os esforços administrativos papel do capital imobiliário e financeiro como
necessários tanto para neutralizar e corrigir indutor dos processos de planejamento e
determinada lógica de expansão indesejada, como organização do território em todo o mundo
para estimulá-la e acelerá-la caso se mostre (Rolnik, 2015), o que pode tornar em vão estudos
favorável. Assim, podem ser realizadas técnicos e desejos sociais. Ao contrário, o que se
ponderações sobre o custo dos serviços públicos buscou aqui, foi um exercício, que se pode dizer,
relacionados aos vetores de expansão, evitando- didático, porém, como tal, visa suscitar
se, espraiamento urbano desnecessário. Esse amplificação. Trata-se de reconhecer na
estudo, associado à evolução histórica, morfologia urbana, amplitude a ser explorada, em
identificação atual e potencialidades futuras conteúdo e em escala, para a formulação de
quanto à localização das centralidades urbanas, planejamento / projeto sócio-urbano-ambiental,
permite abordagem propositiva em escala urbana, que permita alcançar justiça social,
metropolitana e regional, de modo a delinear-se sustentabilidade e valorização estética relacionada
arranjo funcional adequado do ponto de vista ao referencial simbólico da população do lugar,
social, para localização das atividades reduzindo-se descompassos, que acompanham e
institucionais, de comércio e serviço, reduzindo- atormentam a história da cidade.
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Referências Kujawski, G. (1982) Ortega y Garzet: a aventura


da razão (Moderna, São Paulo).
Benevolo, L. (1983 [1982]) História da cidade Porteous, J. D. (1996) Environmental aesthetics.
(Perspectiva, São Paulo). Ideas, politics and planning (Routledge,
Costa. S. A. P. e Netto, M. M. G. (2015) Londres).
Fundamentos de morfologia urbana (C/Arte, Rolnik, R. (2015) A guerra dos lugares: a
Belo Horizonte). colonização da terra e da moradia na era das
Del Rio, V. (1990) Introdução ao desenho urbano finanças (Boitempo, São Paulo).
no processo de planejamento (Pini, São Paulo). Tuan, Y. (1980) Topofilia: um estudo da
Ferrari, C. (1982) Curso de planejamento percepção, atitudes e valores do meio ambiente
municipal integrado (Pioneira, São Paulo). (Difel, São Paulo).

Como compreender as cidades?


Maria M. Gimmler Netto e Staël A. Pereira Costa, Laboratório da Paisagem,
Universidade Federal de Minas Gerais, Rua Paraíba 697, Bairro dos Funcionários,
30130140 Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: manoelagnetto@gmail.com,
staelalvarenga@gmail.com

Talvez essa seja a pergunta intrigante que se urbana.


deseja compreender quando se investiga a forma No processo de sobreposição das camadas, são
urbana. E supõe-se que a grande contribuição observados os fenômenos de adição, adaptação,
oferecida pela morfologia urbana é a substituição e preservação das formas. As adições
possibilidade de leitura das paisagens urbanas, representam novas formas introduzidas na
cujos métodos permitem reconstituir o processo paisagem urbana. As adaptações são as mais
formativo e transformativo das cidades. Então, os comuns e resultam de reformas das estruturas
estudos morfológicos se referem à forma física existentes para o ajuste às novas necessidades
tridimensional, variável em função do tempo. funcionais da sociedade. As substituições, muito
Nesse sentido, a expressão morfologia urbana frequentes, referem-se à destruição de uma forma
possui um significado espaço-temporal intrínseco, antiga para dar lugar a uma nova forma urbana. E
pois permite a compreensão da formação e da a preservação, menos comum na
estrutura urbana atual da cidade. contemporaneidade, garante a manutenção das
Necessário evidenciar, em relação ao tempo, formas antigas, reconhecendo e valorizando o
que os estudos morfológicos não se referem aspeto cultural das paisagens urbanas (Conzen,
apenas ao passado, pelo contrário, eles apontam 2004).
para o futuro, ao indicar soluções compatíveis Nesse sentido, tanto a teoria de evolução
para o desenvolvimento sustentável das cidades. urbana desenvolvida por Conzen, quanto o
Pois, é a partir de análises das transformações que processo tipológico, criado por Muratori e
se pode compreender as tendências futuras e Caniggia, apresentam em síntese as análises das
ajustar os rumos da gestão das paisagens urbanas. dimensões espaciais e temporais investigadas
Portanto, a análise e organização temporais são simultaneamente. As figuras 1 e 2 ilustram como
fundamentais para a compreensão das cidades, exemplo de abordagens espaço-temporais, o mapa
que estão materializadas na forma urbana de cada de figura-fundo que apresenta a evolução urbana
período. Assim, cada período de tempo representa do sistema viário e o processo tipológico que
uma camada, construída formalmente no sequencialmente apresenta as transformações nos
ambiente, indicando valores específicos edifícios, ambos reconhecidos na paisagem
associados a determinado momento da história da cultural de Ouro Preto. Esses estudos referem-se
cidade. respetivamente às escolas inglesa e italiana de
Em relação à forma urbana resultante é morfologia urbana (Conzen, 2004; Caniggia e
necessário aceitar que esta é o reflexo físico de Maffei, 2001; Costa e Netto, 2015).
camadas sobrepostas. E que todas são fruto de
ações humanas, orientadas por aspetos sociais, Contribuição dos estudos clássicos da
políticos, económicos e culturais. A cidade é, morfologia urbana
portanto, uma construção social que reflete a
cultura de seus habitantes, materializada na forma As escolas de morfologia urbana inglesa e italiana
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Figura 1. O processo de evolução urbana de Ouro Preto (fonte: Costa e Netto, 2015).

Figura 2. O processo tipológico de Ouro Preto (fonte: Costa e Netto, 2015).

foram fundadas pelo geógrafo Conzen e pelo tradicionais de morfologia urbana, inglesa e
arquiteto Muratori, respetivamente, a partir dos italiana, permitem observar que a metodologia
anos de 1960. O livro ‘Fundamentos de desenvolvida por cada escola divergia e convergia
morfologia urbana’, publicado em 2015 no Brasil, paradoxalmente. Divergia, pois a escola inglesa
se propõe a apresentar as escolas tradicionais de iniciava os estudos pela escala ampliada da cidade
morfologia urbana e introduzir suas bases e sucessivamente reduzia a escala para observar
conceituais, com aplicação prática na cidade de os tecidos urbanos e os lotes, enquanto que a
Ouro Preto. Os diferenciais da obra consistem na escola italiana propunha o processo inverso,
maneira didática da aplicação das técnicas e na iniciando pela edificação, ampliava-se a escala
inauguração em língua portuguesa de referência aos tecidos e por fim ao território. A convergência
bibliográfica sobre o assunto (Costa e Netto, explica-se por compreender que ambas as escolas
2015). reconheciam que a variação das escalas de
Pesquisas realizadas com foco nas interações observação dos elementos formais e o
entre os conceitos e aplicações das escolas conhecimento dos processos culturais ao longo do
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território, ilustrados na Figura 3, são organizações


abstratas para a compreensão das inter-relações
espaciais e temporais de fenômenos urbanos e
sociais. Bem como, possibilitam que novas
escalas de abordagem possam ser integradas às
investigações morfológicas.
No entanto, é percetível a todos, que no
processo de urbanização associado à
transformação da paisagem, observa-se o
ambiente sendo construído e degradado. Então,
Figura 3. Diferentes escalas de abordagem da torna-se imprescindível avaliar os impactos
morfologia urbana (fonte: Costa e Netto, 2015) ambientais relacionados à forma urbana. Pois,
somente as formas adaptadas ao suporte
ambiental poderão se manter no espaço-tempo.
tempo eram fundamentais para a compreensão das Conclui-se que os estudos morfológicos
cidades e das formas urbanas tradicionais (Costa e aliados à abordagem ambiental apresentam um
Netto, 2015). caminho para se compreender as cidades em sua
complexidade na contemporaneidade. E assim,
espera-se contribuir para a disseminação dos
Abordagens contemporâneas da morfologia conteúdos referentes à forma urbana e para as
urbana infinitas possibilidades de pesquisa oferecidas
pela aplicação do método que permite a
O conhecimento sobre as formas urbanas integração a outras abordagens.
tradicionais pode ser a base para o
desenvolvimento de pesquisas sobre as formas
contemporâneas, caracterizadas pela Referências
complexidade e indefinição de limites. Segundo
Morin (1999), a pesquisa que seja capaz de Caniggia, G. e Maffei G. L. (2001) Interpretating
compreender a complexidade, determinada pelas basic building: architectural composition and
relações estabelecidas entre o todo e as partes, buiding typology (Alinea, Florença).
estará contribuindo para o avanço do Conzen, M. P. (ed.) (2004) Thinking about urban
conhecimento em um contexto global. Esse, no form: papers on urban morphology, 1932-1998
início do século XXI, é transnacional, (Peter Lang, Oxford).
multidimensional, transversal, interdisciplinar e Costa, S. A. P. e Netto, M. M. G. (2015)
planetário. O autor explica que o planeta Terra Fundamentos de morfologia urbana (C/Arte,
também é mais que seu contexto, é reflexo da Belo Horizonte).
ordem e desordem de suas partes (Morin, 1999; Morin, E. (1999) Seven complex lessons in
Netto, 2016). education for the future (UNESCO, Paris).
Então, os estudos da forma urbana, com suas Netto, M. M. G. (2016) Paisagem Metropolitana:
escalas de abordagem, representam estudos de as formas dispersas no espaço urbano de Belo
inter-relação entre o todo e as partes. Assim Horizonte. Projeto de Tese de Doutorado,
edifícios, tecidos urbanos, plano urbano e Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.

Morfologia urbana: para entender as transformações urbanas


Karin S. Meneguetti, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Estadual de Maringá, Avenida Colombo 5790, 87090-200 Maringá PR, Brasil. E-mail:
karinschwabe@gmail.com

A morfologia urbana estuda o meio físico da do desenho urbano, a morfologia urbana é um


forma urbana, os processos e as pessoas que o método de análise para se detetar princípios,
formataram. Diretamente ligada ao planejamento regras e tipos inerentes ao desenho da cidade, e
das cidades, interage com uma ampla gama de subsidiar futuras intervenções urbanas (Del Rio,
disciplinas (Rego e Meneguetti, 2011). No campo 2000). Na geografia, a morfologia é utilizada para
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compreender características físicas e espaciais de busca por objetivos disciplinares diferentes. Em


toda a estrutura urbana (Jones e Larkham, 1991). ambas as escolas, os períodos históricos são
Na história da cidade, serve ao exame do processo analisados através da definição de componentes
de conformação urbana, identificando e morfológicos e relações mútuas, de acordo com
analisando seus componentes edificados, os uma perspetiva estruturalista. A leitura da forma
processos e os atores envolvidos neles, desde a urbana vai além desta perspetiva, no entanto, pois
sua gênese até as transformações mais recentes leva em conta o complexo de interações que
(Rego e Meneguetti, 2011). resulta na sua transformação, de um estado
Em comum, os pesquisadores da morfologia original a um posterior, fundamentalmente
urbana têm o foco de suas investigações no imprevisível, adicionando, portanto, um
produto físico, resultado dos processos sociais, componente dinâmico, uma perspetiva temporal
econômicos e políticos. Como expresso por (Marzot, 2005).
Moudon (1997), estudam a manifestação de ideias Na escola italiana, Caniggia introduziu o
e intenções na medida em que elas tomam forma conceito de ‘processo tipológico’ para descrever a
no chão e moldam as cidades. A análise transformação morfológica de tipos edilícios em
morfológica deve, portanto, examinar os relação aos processos de preenchimento ou
componentes elementares da forma urbana. esvaziamento do lote original. O tipo se adapta ao
Edificações, jardins, ruas, parques e monumentos longo do tempo, tornando-se um ‘traço vivo’ das
estão entre os elementos da análise morfológica transformações sistemáticas feitas pela evolução
(Moudon, 1997). O modo como cada um destes da sociedade. Já Conzen estabeleceu o conceito
elementos urbanos se cristalizou e conforma o de burgage cycle para entender as dinâmicas de
tecido da cidade é efetivamente o objeto da preenchimento e esvaziamento do lote original a
morfologia urbana (Rego e Meneguetti, 2011). fim de adaptá-lo aos usos emergentes (Marzot,
Do ponto de vista epistemológico, os estudos 2005). Segundo Kropf, ‘o trabalho de Conzen e
da morfologia urbana podem ser distinguidos de Caniggia é baseado na relação entre as coisas,
entre cognitivos e normativos, conforme o ao invés de objetos reais’ (Kropf, 2004, p. 27).
propósito primário destas abordagens (Gauthier e ‘Assim pode-se compreender a dicotomia
Gilliland, 2006). Os estudos que almejam estabelecida pelas escolas inglesa e italiana de
produzir explicações, ou estruturas explanatórias, morfologia urbana. A escola inglesa, estabelecida
para a forma urbana são cognitivos; aqueles por pesquisadores trabalhando na esteira dos
estudos que buscam determinar ou prescrever o estudos do geógrafo M. R. G. Conzen adota uma
modo como a cidade deveria ser planejada ou abordagem explanatória, cognitiva. A escola
construída no futuro são normativos. Gauthier e italiana, inspirada pelas ideias do arquiteto
Gilliland justificam a adoção desses termos da Saverio Muratori e, mais tarde, estimulada pelo
seguinte forma: ‘Usamos a expressão cognitivo trabalho de Gianfranco Caniggia, parece estar
para refletir a natureza heurística de um estimulada pelas possibilidades de desenho
empreendimento intelectual preocupado com a urbano, daí a abordagem de cunho mais
produção de conhecimento, ou pelo normativo, prescritivo, que, a partir do
desenvolvimento de meios teóricos, métodos e entendimento de tipologias urbanas, insinua
técnicas destinadas a produzir tal conhecimento. articular uma visão do futuro’ (Rego e
Da mesma forma, o termo normativo denota Meneguetti, 2011).
precisamente um exercício intelectual que visa A aplicação da teoria da morfologia urbana
articular uma visão de como o futuro deve ser, ou revela ainda potencialidades importantes para o
de expor uma doutrina ou conjuntos específicos levantamento e diagnóstico das formas urbanas
de normas e prescrições que serviriam a esta essenciais para o equilíbrio ambiental da cidade.
visão’ (Gauthier e Gilliland, 2006, p. 42). Segundo Costa e Netto (2015, p. 34), ‘a pesquisa
A diferenciação entre estudos normativos e morfológica pode desvendar e representar as
cognitivos é crucial para expor a natureza complexidades do mundo contemporâneo’, para
multifacetada da agenda intelectual da morfologia uso nos mais diversos fins e contextos. No
urbana. Isto se dá basicamente porque o campo da campo da pesquisa, se mostra como um espaço
morfologia urbana se encontra na confluência de de convergência entre pesquisadores de diversas
diversas disciplinas académicas, como áreas que se utilizam de suas metodologias e
arquitetura, planejamento urbano, geografia e conceituação para homogeneizar o debate entre
história. Cada uma destas disciplinas é objetos e interesses paralelos.
influenciada pelo seu conjunto conceitual,
tradições, programas, aparatos analíticos,
problemas e objetivos de pesquisa. Referências
As escolas inglesa e italiana são baseadas em
grande parte nos mesmos valores, apesar de seus Costa, S. A. P. e Netto, M. M. G. (2015)
dispositivos interpretativos diferenciarem-se na Fundamentos de morfologia urbana (C/Arte,
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Belo Horizonte). urban morphology may be right but not


Del Rio, V. (2000) Introdução ao desenho urbano popular’, Urban Morphology 8, 26-8.
no processo de planejamento (PINI, São Paulo). Marzot, N. (2005) ‘Typological analysis and
Gauthier, P. e Gilliland, J. (2006) ‘Mapping urban hermeneutics in the Conzenian and Caniggian
morphology: a classification scheme for schools: overlaps and differences’, Urban
interpreting contributions to the study of urban Morphology 9, 48-50.
form’, Urban Morphology 10, 41-50. Moudon, A. V. (1997) ‘Urban morphology as an
Jones, A. N. e Larkham, P. J. (1991) Glossary of emerging interdisciplinary field’, Urban
Urban Form (http://www.urbanform.org/ Morphology 1, 3-10.
glossary/online.html) consultado em 10 de Rego R. L. e Meneguetti, K. S. (2011) ‘Sobre
Dezembro de 2008. morfologia urbana’, Acta Scientiarum 33,
Kropf, K. (2004) ‘M. R. G. Conzen, Gianfranco 123-7.
Caniggia, Oscar Wilde and Aesop: or, why

Para que serve a morfologia urbana?


Jonathas M. P. Silva, PUC-Campinas – Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
Rodovia Dom Pedro I, Km 136, Parque das Universidades, 13086-900 Campinas, SP,
Brasil. E-mail: jonathas.silva@puc-campinas.edu.br

Esse texto é fruto de uma reflexão estimulada construção do conhecimento potencializado pelas
pelo questionamento: para que serve a morfologia operações de analise e síntese de forma dialética.
urbana? Seu desenvolvimento segue o grande Lefebvre nunca se aventurou pelos estudos da
desafio de responder a questão travestida de morfologia urbana. Entretanto com seu livro ‘O
simplicidade, mas que na verdade guarda, entre direito a cidade’ de 1969, e ‘A revolução urbana’,
suas possíveis respostas, o coletivo de pensadores em 1970, o autor analisa as relações de forças
que auxiliaram na construção do conhecimento exercidas entre grupos sociais, destacando em
referente à morfologia urbana. seus estudos, a necessidade, de determinados
Procura-se não cair no ciclo vicioso onde os grupos em dar forma à cidade para atender seus
fundantes da matéria são citados por ordem interesses (Lefebvre, 1969, 1999 [1970]).
cronológica de contribuição, destacando seus Estes estudos sociológicos permitem afirmar
diversos estudos emblemáticos que motivaram o que a forma urbana não está descontextualizada
aprofundamento do saber referente à matéria. A das contradições sociais que a produzem.
pergunta não se refere a como foi construído o Portanto, adota-se a morfologia como estudo das
conhecimento que temos hoje a respeito da formas e dos fenômenos que lhes deram origem
morfologia urbana, mas sim ao significado desse como muito bem colocado por Lamas (1993). No
conhecimento para a vida prática ou para a caso brasileiro tal interesse nos é lembrado por
construção das ideias. Costa (2007), quando afirma que os primeiros
Decide-se então tomar o rumo da prática e o estudos sobre o tema estão relacionados aos
empréstimo de saberes outros, que não aspetos económicos, sociais e políticos das
necessariamente se debruçaram sobre a formas urbanas brasileiras, empreendidos por
morfologia urbana. historiadores, como Sérgio Buarque de Holanda, e
Algumas experiências profissionais (Silva e sociólogos, como Gilberto Freire na 1ª metade do
Manetti, 2012; Silva et al. 2013) e académicas século XX.
(Macedo, 1997; Magalhães, 2016; Silva, 2013) Podemos concluir que o interesse pelo estudo
documentam a contribuição da morfologia urbana da forma urbana nasce despido de qualquer
para levantamentos, diagnósticos e proposições de máscara disciplinar. Pode-se afirmar que
transformações urbanas. Entretanto a pergunta interessa-nos entender a forma, para assim,
ínsita em buscar a resposta nas causas primeiras, conhecer a sociedade e seus grupos sociais
isto é, nas razões mais fundamentais que compostos por individualidades.
justificam os estudos e usos dos saberes referentes Entretanto, nos distintos campos disciplinares
a morfologia urbana. a morfologia urbana toma diferentes matizes.
Partimos então a analisar a obra de Henri Assim como, conforme a estrutura educacional de
Lefebvre, sociólogo francês, que trata da cada país, os campos disciplinares são moldados
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de diferentes maneiras. No campo disciplinar da objetiva estabelecer sobre o território um objeto


arquitetura e do urbanismo no Brasil, que é fruto que gera novas conexões transformadoras de suas
de uma única graduação, o estudo da forma relações de força, portanto, as ações de
urbana busca estabelecer as relações entre as planejamento estão condicionadas por este
demandas sociais (por moradia, transporte, saúde, território, sem que isto seja fator determinístico,
ensino, alimentação, lazer, etc) e a paisagem, isto uma vez que estas mesmas ações irão
é, as ações que resultam das disputas sociais e que simultaneamente molda-lo para atender suas
conformam os espaços rurais, urbanos, sejam intenções. Entretanto, cabe destacar que: ‘Não se
estes livres de edificação ou edificados. pode considerar uma dialética que hierarquize
Os contextos socioeconómicos, as formas de estrutura (essência, totalidade nua), processo,
apropriações dos espaços públicos e as ações função e forma segundo um movimento linear, ou
públicas dialogam entre si imprimindo sobre o de uma maneira unívoca, pois, de um lado, a
território (o espaço onde grupos sociais, com estrutura necessita a forma para tornar-se
diferentes interesses, se relacionam) marcas que existência e, de outro lado, forma-conteúdo tem
atestam a grande transformação que ocorreu e um papel ativo no movimento do todo social
ocorrerá na paisagem urbana. (Santos, 1996, p. 101).
Cabe, entretanto a questão: como podemos Qualquer objeto novo inserido em um
analisar uma paisagem em constante território altera a forma urbana e,
transformação? Como nos coloca Thomas simultaneamente, estabelecem novas
Hobbes, tal como um relógio ou outro mecanismo contradições. Seja um novo padrão de edificação,
algo complexo é impossível saber com exatidão gerado por novas técnicas ou formas de produção,
qual é a função de cada uma das peças e pequenas quanto a um novo padrão de parcelamento do
engrenagens, salvo demonstrando o todo e solo, oriundo de uma nova necessidade de
estudando, um por um, a matéria, a forma e o negócio ou de demanda social. Toda ação
movimento dos elementos (Santos, 1996). ‘desloca’ a relação de poder entre grupos sociais.
Segundo Karel Kosik, a decomposição do (Hall, 2006). Todo deslocamento resultam em
todo é o traço mais característico do uma transformação, isto é, uma alteração da
conhecimento. Com o intuito de entender o forma.
suporte físico de um determinado recorte Este ‘novo objeto’ irá dialogar no presente
territorial analisam-se as paisagens percebidas na com o que fica do passado como forma, espaço
esperança de revelar o acúmulo de ações construído, paisagem. Isto é, a ação detona um
(passado), as formas de apropriações existentes processo de supressão, acumulação, superposição
(presente) assim como a paisagem prevista ou que será percebido pelos estudos morfológicos.
parcialmente planejada (futuro) (Kosik, 2011). São as ‘rugosidades’, termo cunhado por Milton
É preciso perceber o todo, entretanto este todo Santos para explicitar os aspetos perceptíveis
se encontra em constante deslocamento. Não há (forma) fruto da relação entre o espaço e o tempo
para Sartre a totalidade estática, mas apenas (Santos, 1996).
totalidades em movimento. As relações provocadas por uma determinada
A totalidade se apresenta constituída por ação de planejamento irão estabelecer novas
partes onde cada coisa (concreta, material, dotada relações de poder entre os agentes, mesmo que
de forma) nada mais é do que parte do todo, estes não venham a sofrer diretamente as pressões
entretanto, a apreensão das partes, que constituem geradas pela ação realizada. Como colocado por
a totalidade, não bastam para compreender o todo Whitehead (1929) os objetos somente estão no
(Santos, 1996). Isto ocorre, por exemplo, quando espaço e no tempo por causa de suas relações com
as dinâmicas socioespaciais mudam alterando a os eventos. Qualquer objeto de intervenção
quantidade e qualidade do conjunto das funções urbana estabelece no espaço e no tempo relações
que resultam em uma nova totalidade. Portanto a com eventos novos e existentes. Os estudos
totalidade está sempre se deslocando. A este morfológicos nos permitem conhecer melhor as
movimento constante Spinoza (2009) entende relações entre os eventos: ‘O reconhecimento é
como um processo denominado de totalização. refletido no intelecto como comparação. Os
Perceber a transformação da paisagem é lidar objetos reconhecidos de um evento são
com o processo de totalização, tomando a comparados com os objetos reconhecidos de outro
paisagem como processo e produto (morfo) fruto evento. A comparação pode ser entre dois eventos
da relação dialética com as ações sociais, que no presente, ou pode ser entre dois eventos dos
concretizam-se em manifestações físico-espaciais, quais um é posicionado pela consciência da
culturais, históricas e econômicas, memória e outro pela percepção imediata dos
necessariamente impregnadas na forma urbana. sentidos. Mas não são os eventos que são
Portanto como nos lembra Milton Santos o comparados. Porque cada evento é essencialmente
espaço não é apenas receptáculo da história, mas único e incomparável. O que são comparados são
condição de sua realização qualificada. A ação os objetos e as relações de objetos situados em
Perspetivas 121

eventos. O evento considerado como uma relação Kosik, K. (2011) Dialética do concreto (Paz e
entre objetos perdeu a sua passagem e neste Terra, Rio de Janeiro).
aspeto é em si mesmo um objeto. Este objeto não Lamas, J. M. R. G. (1993) Morfologia urbana e
é o evento, mas apenas uma abstração intelectual. desenho da cidade (Fundação Calouste
O mesmo objeto pode ser situado em muitos Gulbenkian & Junta Nacional de Investigação
eventos e, neste sentido, até o evento como um Científica e Tecnológica, Lisboa).
todo, visto como um objeto, pode voltar a ocorrer, Lefebvre, H. (1969) O direito à cidade (Ed.
embora não o próprio evento com a sua passagem Documentos, São Paulo).
e com as suas relações com outros eventos’ Lefebvre, H. (1999 [1970]) A revolução urbana
(Whitehead, 1929, p. 54). (UFMG, Belo Horizonte).
É preciso, portanto conhecer o objeto a ser Macedo, S. S. (ed.) (1997) ‘Litoral urbanização:
estudado por meio da leitura de suas ambientes e seus ecossistemas frágeis’,
‘rugosidades’, tendo a consciência do constante Paisagem e Ambiente 12.
processo de ‘totalização’ e dos nossos limites de Magalhães, N. C. T. (2016) ‘Unidades morfo-
percepção da ‘totalidade’ mutante. territoriais: estratégias de entendimento dos
Uma análise morfológica se mostra processos de produção da forma urbana’,
insuficiente para chegarmos a identificar as Dissertação, Pontifícia Universidade Católica de
relações de forças existentes. Por ‘onde’ ocorrera Campinas, Brasil.
a intervenção ou ação de planejamento? ‘Quem’ Santos, M. (1996) ‘A natureza do espaço: técnica
será impactado por elas? ‘Como’ se interfere no e tempo; razão e emoção’ (Editora Hucitec, São
território? Quais ‘conexões’ de facto serão Paulo).
estabelecidas? Entretanto o estudo da forma Silva, J. M. P. (2013) ‘As unidades de paisagem
possibilita ler concretamente os movimentos de como método de analise da forma urbana:
transformação da cidade. reflexões sobre sua incorporação pelo campo
Finalmente, respondendo à pergunta em uma disciplinar da arquitetura e urbanismo’,
única frase: a morfologia urbana nos serve para Cadernos do PROARQ 20, 71-93.
analisar o legado da ação humana sobre o Silva, J. M. P. e Manetti, C. (2012) ‘Memória,
território e desta maneira potencializa refletir mobilidade e complexidade: consideração pela
sobre como provocar deslocamentos convenientes história local’, Risco: Revista de Pesquisa em
a um querer socialmente construído. Arquitetura e Urbanismo 16, 61-77.
Silva, J. M. P., Manetti, C. e Tângari, V. R. (2013)
Referências ‘Compartilhamentos e unidades de paisagem:
método de leitura da paisagem aplicado à linha
Costa, S. A. P. (2007) ‘O estudo da forma urbana férrea’, Paisagem e Ambiente 31, 61-80.
no Brasil’ (http://vitruvius.es/revistas/read/ Spinoza, B. (2009) Short treatise on God, man
arquitextos/08.087/220) consultado em 10 de and human welfare (A. & C. Black, Londres).
Janeiro de 2013. Whitehead, A. N. (1929) The aims of education
Hall, S. (2006) A identidade cultural na pós- and other essays (Macmillan Company, Nova
modernidade (DP&A, Rio de Janeiro). Iorque).

5ª Conferência da Rede Lusófona de Morfologia Urbana, Guimarães,


2016
É com entusiasmo que relato a realização da V ensino e prática. Este tema geral foi tratado em
Conferência Internacional da Rede Lusófona de nove eixos temáticos envolvendo: História da
Morfologia Urbana – Portuguese-language forma urbana, Heranças patrimoniais e
Network of Urban Morphology – PNUM 2016 – regeneração urbana, Teoria da morfologia urbana,
nos dias 15 e 16 de Julho de 2016, ocorrida no Da cidade ao território, Práticas e experiências
Centro Cultural Vila Flor, na bela cidade de didáticas, Métodos e técnicas, Agentes e
Guimarães em Portugal. Organizada pela processos de transformação, Do plano ao projeto
Universidade do Minho, sob a primorosa e Espaço público e transformações recentes. O
coordenação geral de Jorge Correia e Miguel tema geral e respetivos eixos temáticos foram
Bandeira, a quinta edição da Conferência PNUM abordados por trabalhos prévia e criteriosamente
dedicou-se ao tema ‘Os espaços da morfologia selecionados, por comissão científica de
urbana’, nas abordagens referentes à pesquisa, estudiosos da morfologia urbana lusófona,

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