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SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO
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Secretário de Educação e Esportes


Marcelo Andrade Bezerra Barros

Secretário Executivo Planejamento e Coordenação


Leonardo Ângelo de Souza Santos

Secretária Executiva do Desenvolvimento da Educação


Ana Coelho Vieira Selva

Secretária Executiva de Educação Profissional e Integral


Maria de Araújo Medeiros

Secretário Executivo de Administração e Finanças


Alamartine Ferreira de Carvalho

Secretário Executivo de Gestão da Rede


João Carlos Cintra Charamba

Secretário Executivo de Esportes


Diego Porto Perez
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Equipe de elaboração
Ana Karine Pereira de Holanda Bastos

Equipe de coordenação
Alison Fagner de Souza e Silva
Chefe da Unidade do Ensino Médio (GEPEM/SEDE)

Durval Paulo Gomes Júnior


Assessor Pedagógico (SEDE/SEE-PE)

Revisão
Andreza Shirlene Figueiredo de Souza
Chrystiane Carla S. N. Dias de Araújo
Rosimere Pereira de Albuquerque
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Sumário
1. Apresentação 5
2. Noções de Alfabetização e Letramentos 10
Orientações para a realização de atividades 12
Orientações para a Avaliação 12
3. Pedagogia dos Multiletramentos 13
Orientações para a realização de atividades 27
Orientações para a Avaliação 37
4. Multiletramentos na Cultura Digital: as fake news 38
Orientações para a realização de atividades 41
Orientações para a avaliação 42
5. Referências Bibliográficas 45
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1. Apresentação

Prezado Professor,

O desenvolvimento humano está relacionado à necessidade de comunicação e à


adaptação do homem ao meio em que ele vive. Várias invenções e tecnologias foram criadas
para facilitar o trabalho do homem, tais como: o domínio do fogo, a invenção da roda e o
desenvolvimento de sistemas de escritas.  A invenção da prensa com tipos móveis, criada por
Gutenberg no século XV, possibilitou a confecção de livros e jornais, levando assim, à
disseminação da cultura escrita em sociedades, até então, orais. Posteriormente, foram
inventadas as máquinas fotográficas, o cinema, a televisão, os computadores, a internet e as
redes sociais virtuais. O desenvolvimento desse aparato tecnológico foi interferindo na
dinâmica da comunicação e, consequentemente, forçando o homem ao uso e ao domínio de
novas competências de leitura e escrita. 
A introdução de uma nova tecnologia nem sempre está atrelada à substituição das
tecnologias que a antecederam, já que as tecnologias mais avançadas podem incorporar aquelas
que as precederam. Por exemplo, na invenção da prensa de tipos móveis, estes não substituíram
os manuscritos; na invenção da TV não houve a substituição do cinema; e na invenção do
e-mail, a carta manuscrita não foi extinta. A maior mudança provocada pelas novas tecnologias
não está centrada apenas na materialidade da invenção, mas na forma com a qual o homem se
apropria e se relaciona com as novas tecnologias.
Para tratar sobre essas importantes temáticas, o Currículo de Pernambuco do Novo
Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Pernambuco apresenta a unidade curricular
obrigatória (Multi)letramentos, ética e cidadania direcionada ao perfil docente de Língua
Portuguesa, do Ensino Médio, com uma carga horária de 40 horas, e orienta o trabalho com a

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leitura / análise e produção de textos em meio digital que se proponham a comunicar ações individuais e
coletivas. Seleção e mobilização de conhecimentos e recursos das múltiplas linguagens. Identificação e seleção de
critérios e parâmetros de interação e de auto expressão na internet de forma segura, responsável, crítica, ética e
consciente.
As habilidades a serem desenvolvidas, a partir da ementa, estão diretamente relacionadas
ao eixo Mediação e Intervenção Sociocultural (EMIFLGG08) a fim de que o discente possa selecionar
e mobilizar intencionalmente conhecimentos e recursos das múltiplas linguagens nos mais diferentes gêneros para
propor ações individuais e/ou coletivas de mediação e promover a comunicação tendo em vista os princípios éticos
e o exercício da cidadania. Esse direcionamento nos leva a refletir sobre o trabalho da comunidade
escolar como instituição que deve promover o saber, visto que a função primordial da escola é
ensinar conteúdos e formar cidadãos para que eles desenvolvam a criticidade, a criatividade, o
senso de justiça, além de empreender no enfrentamento dos desafios diários, mobilizando,
assim, saberes construídos ao longo de sua trajetória de vida usando, ou não, as ferramentas
tecnológicas que possibilitam o crescimento, desenvolvimento e praticidade na vida e no
mundo.
Nesse contexto, as trilhas Tecnologias Digitais; ComunicAÇÃO e Possibilidades em
rede e Humanização dos espaços buscam aproximar as mudanças ocorridas nos vários âmbitos
da sociedade e a realidade vivenciada pelos estudantes no âmbito escolar. Dessa forma, faz-se
necessário incorporar as novas tecnologias na escola através do projeto político pedagógico,
projetos educacionais, ações pedagógicas e enfoque nos procedimentos metodológicos de
aplicação de abordagem de conteúdos, dentre outros. A trilha pedagógica Tecnologias Digitais
apresenta a incorporação das diversas tecnologias no contexto educacional e, para isso, faz-se
necessário a assimilação conceitual de conteúdos relacionados à tecnologia, que, na sala de aula,
pode ser representada pelo uso didático-pedagógico da tv, computador, celular, internet etc.
Geralmente, a Tecnologia Educacional está relacionada às Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) ou Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs). O
avanço das tecnologias digitais promove a interconectividade entre os indivíduos e favorece a

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criação de variadas formas de interação social, a partir das novas práticas textuais e discursivas
(engajar, clicar, postar, curtir, deletar, cancelar etc.). Vale ressaltar que as habilidades da temática
(Multi)letramentos, ética e cidadania podem ser abordadas em outras unidades ao longo do
Ensino Médio, como tema que atravessa questões relacionadas ao desenvolvimento da leitura,
multimodalidades, ética e cidadania, dentre outras.
A trilha ComunicAÇÃO concebe a comunicação como um fenômeno amplo, dialógico
e em constante movimento (AÇÃO), reinventando os dizeres, os olhares, instaurando novos
modos de ser e estar no mundo e perceber o real. O foco da abordagem é direcionado à
apropriação dos conceitos de signos, de símbolos, de sentidos e de significados que envolvem o
ato de se comunicar nos diversos contextos de uso da língua, levando-se em consideração as
diversas esferas das atividades humanas. A comunicação, seja oral, escrita, corporal, artística,
representada ou não na modalidade virtual, corresponde a um fenômeno inerente ao homem, já
que nenhum outro animal se utiliza de símbolos tão elaborados quanto ele. Ao utilizar a
linguagem, o homem mobiliza variados conceitos cognitivos e sentimentos para transmitir e
construir saberes, interagir e produzir cultura e conhecimentos fundamentais para aplicá-los na
sociedade.
Por fim, a trilha Possibilidades em rede e Humanização dos espaços considera a
educação em rede, valorizando a coletividade, a colaboração e o compromisso do estudante no
ciberespaço. As redes estão em constante mudança, possibilitando as frequentes atualizações
dos usuários. Utilizar os ciberespaços em sala de aula, deve levar em conta o caráter positivo das
redes, como a cooperação e a divulgação das informações em tempo real, como estratégias de
ensino integradas à realidade social do estudante. Atrelada à rede, deve-se pensar na
humanização dos espaços como locais onde se desenvolve o ensino e a aprendizagem,
estabelece-se vínculos a partir do público-alvo, este que inclui toda a comunidade escolar,
sobretudo os estudantes. Ao percorrer essa trilha, o estudante deverá ser capaz de atuar de
maneira autônoma e criativa na execução de seus projetos pessoais e/ou coletivos no contexto
das redes de distribuição e utilização de recursos, considerando os contextos sociais, ambientais

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e econômicos, desenvolvendo uma postura crítica, reflexiva e propositiva a partir dos


conhecimentos da Matemática e das Ciências Humanas. Atualmente, estamos ultrapassando os
limites aceitáveis para vivermos em sociedade, com inúmeras situações desumanas presentes em
nosso meio. Para inverter essa lógica, a escola deve promover uma ação transformadora e
humanizadora, estendendo-se à sociedade. A humanização das redes e dos espaços escolares
orienta não apenas à apreensão de conteúdos, importantes à vida dos estudantes, mas objetiva à
uma convivência mais ética tão necessária às relações humanas no contexto atual.
A unidade curricular (Multi)letramentos, ética e cidadania está relacionada à ética, à
cidadania, às questões socioculturais, aos contextos de produção dos discursos, aos processos
criativos e à produção autoral individual e/ou coletiva, às tecnologias digitais da informação e
da comunicação, aos recursos multissemióticos, aos textos multimodais, à hipermodalidade, ao
hipertexto e às hipermídias etc., atrelados aos contextos de formação e circulação dos discursos.
Assim, é indispensável que os docentes tenham acesso às formações iniciais e continuadas para
atualizar os conhecimentos e as práticas pedagógicas, tudo isso em consonância com as
diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) do Ensino Médio em que os
conceitos são articulados de forma interdisciplinar entre as diferentes áreas de conhecimento. 
A exposição empreendida nesta Unidade Curricular está em consonância com os
pressupostos da linguística aplicada, na medida em que se realizará uma análise das noções de
alfabetização e letramentos e das novas tecnologias no ensino de língua portuguesa.
Abordaremos a Pedagogia dos Multiletramentos, em que será explicitada as motivações de
pesquisadores que observaram os impactos dos avanços tecnológicos e as mudanças nas formas
de interação social. Todas as mudanças impactam a escola e revelam os desafios para o ensino
do século XXI, os quais precisam ser solucionados para proporcionar um ensino eficiente e
eficaz que possibilite aos estudantes a mobilização de conhecimentos e saberes nas diversas
situações sócio-discursivas. As competências relacionadas aos letramentos e/ou
multiletramentos tecnológicos têm se apresentado como um desafio ao sistema educacional
que, muitas vezes, não está preparado para lidar com a geração de indivíduos que já nasceram

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em um mundo tecnológico e, portanto, são usuários nativos dessas comunicações. Com isso,
tais procedimentos passam a exigir o desenvolvimento de diferentes habilidades. Propomos,
então, uma atividade que contempla os multiletramentos na sala de aula, os quais mobilizam
distintas habilidades, visando à compreensão textual. As novas tecnologias de informação,
comunicação e expressão se apresentam como ferramentas promissoras para aproximar o fazer
pedagógico dos professores às necessidades dos estudantes de dominar novos letramentos
como o digital (uso das tecnologias digitais), o visual (uso das imagens), o sonoro (uso de sons,
de áudio), o informacional (busca crítica da informação), ou os múltiplos letramentos, como
têm sido tratados na literatura.
Para finalizar a unidade curricular (Multi)letramentos, ética e cidadania, reafirmamos
a importância do desenvolvimento de novas habilidades relacionadas à leitura e à escrita, diante
das novas tecnologias existentes e da importância da pesquisa, da análise e da checagem de
informações, uma vez que a dinâmica de circulação de fatos falsos está fortemente ancorada nas
ações de leitura crítica, de produção e/ou de compartilhamento das informações disponíveis.
Neste sentido, a abordagem das fake news deve ser foco de pesquisas daqueles que trabalham
com o ensino e a aprendizagem da língua/linguagem, como forma de promover novas formas
de letramento. As fake news estão diretamente inseridas na cultura digital e, consequentemente,
nos multiletramentos, uma vez que a dinâmica de circulação de notícias envolve as redes sociais
e todos aqueles que as utilizam. Assim, é de extrema importância o diálogo aberto e a análise
atenta de distintos textos/gêneros em circulação, os quais exigem atenção de todos os usuários
de notícias em textos impressos e/ou nos espaços digitais.

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2. Noções de Alfabetização e Letramentos


A prática social da leitura e da escrita, no contexto atual, envolve o emprego do
conhecimento de forma a dar respostas às necessidades do cidadão. Estamos vivendo na era da
tecnologia influenciada pelos avanços tecnológicos, frente às diversas concepções sobre
alfabetização, letramento e multiletramentos, cabe evidenciarmos o sentido desses termos
empregados aqui. Para entender os multiletramentos, inicialmente, faz-se importante retomar os
conceitos de alfabetização e de letramento. 
De acordo com Rojo (2012), o conceito de “letramento” tardou a entrar no Brasil,
comparativamente ao cenário internacional, que já empregava o termo “literacy” para se
relacionar às atividades de leitura e escrita. No Brasil, o termo foi inaugurado por Mary Kato na
obra “No mundo da escrita”, em 1986, e desde então, tem gerado confusão por muitos
associarem letramento ao processo de alfabetização. Na verdade, a alfabetização está
relacionada às capacidades individuais de codificar, decodificar, compreender, interpretar,
replicar, intertextualizar a escrita, isto é, a língua portuguesa. Já o termo letramento está ligado
ao contexto social dos usos da leitura e da escrita presentes nas práticas das atividades humanas,
abrangendo as variedades terminológicas de letramentos:  científico, acadêmico, literário,
musical, matemático, visual, midiático etc.
Para Magda Soares (1998), ser alfabetizado, isto é, ter-se adaptado à escrita e de ter
aprendido a ler e a escrever, é diferente de ser letrado. Ler e escrever significa adquirir uma
tecnologia, a codificar e decodificar a língua escrita, isso é ser alfabetizado. O indivíduo letrado
não só é aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita,
pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.
A perspectiva predominante nos estudos do letramento até meados da década de 1990 foi a
cognitiva. Atualmente, se adota a perspectiva discursiva, destacando-se nesses estudos, Magda
Soares (2003) e Angela Kleiman (2007), dentre outros, ao tratarem de letramento,

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consideram-no como um processo que envolve práticas de leitura, escrita e oralidade, como
práticas que se constituem mutuamente.  
No Brasil, à medida que o analfabetismo foi sendo combatido, e que um número cada
vez maior de pessoas tinham acesso à escola, onde aprendiam a ler e a escrever, a sociedade se
tornava cada vez mais centrada na escrita, evidenciando um novo fenômeno: não bastava
apenas se alfabetizar, ou seja, aprender a ler e a escrever, mas devia-se adquirir a competência
para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com práticas sociais de escrita (SOARES, 1998).
Dessa forma, ocorreu uma progressiva extensão do conceito de alfabetização (conhecimento
do código linguístico) para o letramento (capacitação do aprendiz nas práticas sociais de
linguagem e seu uso nos domínios discursivos). Assim, o letramento vai além da habilidade de
codificar e decodificar nomes, está relacionado à capacidade de usar a leitura e a escrita para
uma prática social. O conceito de letramentos se refere às práticas de leitura e de escrita
realizadas plena e efetivamente em sociedades que valorizam a escrita como atividade social,
histórica e culturalmente determinada e com propósitos comunicativos inerentes.
Em contrapartida, os multiletramentos têm se apresentado como perspectivas
importantes no ensino e na aprendizagem da língua portuguesa. Rojo e Moura (2012)
explicitam que o conceito de ‘multiletramentos’ aponta para dois tipos importantes de
multiplicidade presentes nas sociedades urbanas: (i) a multiplicidade cultural das populações –
multiculturalismo e (ii) a multiplicidade de linguagens – multissemiose e de mídias - semiótica
de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica. Uma educação
linguística deve levar em conta: a) os multiletramentos de maneira crítica, ética e democrática; b)
os letramentos multissemióticos; c) os letramentos críticos no trato ético dos discursos: as
condições de produção, os sujeitos e o dialogismo decorrentes e d) estratégias de leitura
multimodal (GAYDECZKA e KARWOSKI, 2015).
Algumas questões são levantadas sobre a temática e merecem maior reflexão: por que
abordar a diversidade cultural e a diversidade de linguagens na escola? Há lugar na

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escola para o plurilinguismo, para a multissemiose e para uma abordagem pluralista


das culturas? Por que propor uma Pedagogia dos Multiletramentos?
As problematizações são levantadas visando à reflexão crítica de estudantes e
professores que buscam renovar suas práticas educacionais nesse novo contexto de ensino que
deve levar em consideração as TICs (ou TDICs), os   hipertextos   e   as   hipermídias, visto que
elas podem   transformar   o conceito tradicional de ensino e de aprendizagem.

Orientações para a realização de atividades

Para iniciar os estudantes nos multiletramentos, o professor deve sugerir a criação de um


perfil em uma rede social como forma de despertá-los à consciência da própria identidade
on-line.

Orientações para a Avaliação

Os estudantes devem conhecer o gênero proposto, ler, escrever e selecionar vocabulário


próprio do ambiente digital, além de demonstrar interesse e motivação para participar da
atividade sugerida em sala de aula.

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3. Pedagogia dos Multiletramentos

A escrita já foi a principal maneira de construir significados em diferentes épocas e


lugares. Os modos grafocêntricos de significado podem ser complementados ou substituídos
por outras formas de cruzar o tempo e a distância, como as transmissões orais e as gravações. 
Está subentendido que a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas,
cognitivas e linguísticas.
No final do séc. XX (1996), um grupo de pesquisadores ingleses, americanos e
australianos reuniu-se, na cidade de Nova Londres (EUA), para discutir as mudanças, então
recentes, dos textos e dos novos letramentos. Faziam parte do Grupo de Nova Londres (GNL
– New London Group) pesquisadores interessados em linguagem e educação linguística como:
Bill Cope, Gunther Kress, James Paul Gee, Mary Kalantzis, Norman Fairclough, Theo van
Leeuwen, entre outros. O Grupo Nova Londres propôs uma nova abordagem educacional que
era decorrente dos novos letramentos emergentes na sociedade contemporânea, ocasionado
principalmente pelo uso frequente das novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs) ou Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs).
Cope e Kalantzis (2006), membros acadêmicos do GNL, idealizaram uma pedagogia que
abrangesse e considerasse as diferentes culturas e contextos sociais, isto é, a Pedagogia dos
Multiletramentos, em que o termo multiliteracies (multiletramentos) é impulsionado pela
diversidade linguística e cultural e pelos variados canais de comunicação, que são caracterizados
por uma intensa multiplicidade de formas e sentidos, a multimodalidade, e diversos modos de
comunicação e linguagens existentes, trabalhadas de maneira conjunta e simultânea. Dessa
forma, Cope e Kalantzis apresentam uma pedagogia que está fundamentada na conjuntura de
quatro fatores, a dizer: Prática Situada (Situated practice), Instrução Explícita (Overt instruction),
Enquadramento Crítico (Critical framing) e prática transformadora (Transformed practice).

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Para entendermos os fatores relacionados à pedagogia dos multiletramentos, faremos


uma rápida descrição de cada um deles. A Prática Situada (Situated practice) acontece quando,
dentro de uma respectiva comunidade de educandos, há o trabalho com práticas significativas;
ou seja, práticas que motivem os aprendizes, uma vez que tenham em mente que aquele
determinado conteúdo será utilizado em possíveis situações. Isso ocorre, por exemplo, quando
necessidades e características identitárias e socioculturais são abarcadas antes e durante o
desenvolvimento de determinada atividade. A Instrução Explícita (Overt Instruction) inclui as
condições didáticas pensadas pelo professor e as fundamentações das atividades a serem
realizadas e aprendidas pelos alunos. Nessa perspectiva, há uma grande valorização do trabalho
colaborativo entre professor e aluno, de maneira que o professor auxilie o aluno na realização
de tarefas complexas.
No Enquadramento Crítico (Critical Framing), o objetivo central é que o professor auxilie os
alunos a moldar a prática, bem como auxiliá-los no que diz respeito no desenvolvimento de
uma criticidade que vá de encontro às relações nos variados âmbitos (histórico, ideológico,
político, social). O papel do professor é fundamental para guiar o aluno em atividades que
abarcam maiores complexidades. E, por último, a Prática Transformadora (Transformed Practice) diz
respeito a uma espécie de “resgate” da Prática Situada (Situated Practice) de maneira que a
Pedagogia dos Multiletramentos seja uma prática refletida, retomada, espiralada. É justamente
no momento da Prática Transformadora que deve haver uma aplicação e viabilização daquilo
que foi compreendido e trabalhado nos dois fatores anteriores – Instrução Explícita e
Enquadramento Crítico.
Esses quatro fatores que compõem a Pedagogia dos Multiletramentos propõem uma
perspectiva que considera o aluno não como um mero agente passivo, mas como um indivíduo
que apresenta suas respectivas particularidades, características e identidades como pontos que
devem ser considerados no processo de ensino e de aprendizagem. Dessa forma, o aluno é
considerado como um agente responsável para além de suas capacidades de memorizar, senão
apenas reproduz aquilo que recebe do professor (como outrora muitos modelos educacionais o

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fizeram). Todavia, o aluno é, de fato, um protagonista no que diz respeito à construção de


sentidos e ao desenvolvimento de trabalhos que os façam versar e articular o pensamento
crítico.
Mas, onde estariam as raízes da necessidade do desenvolvimento de um trabalho
docente que partisse de uma perspectiva que versasse sobre a Pedagogia dos
Multiletramentos?
Com o advento da internet, novos gêneros surgiram e novas práticas de leitura e escrita
também se fizeram presente no meio social. Gêneros como o e-mail, salas de bate-papo, o blog,
o chat, os podcasts, os infográficos, aulas on-line, webconferências etc., passaram a fazer parte
do dia a dia dos indivíduos. Dessa forma, a escola precisa acompanhar tais mudanças e a
redimensionar a sua prática pedagógica no desenvolvimento de habilidades relacionadas à
língua portuguesa.  O surgimento de novos gêneros textuais/discursos está diretamente
relacionado a essas mudanças e às novas práticas textuais como, por exemplo, as fotos digitais,
os vídeos realizados pelo celular que podem ser editados e postados nas redes sociais, o
compartilhamento de informações e notícias pela internet, dentre outras práticas.
O letramento tradicional, aquele que é adquirido pelo indivíduo, via escola, já não dava
conta da multiplicidade de semioses presentes na comunicação. Outros locais também passaram
a funcionar como locais de aprendizagens, como as lan houses presentes nos lugares mais
inusitados das regiões do Brasil, que promoveram (e promovem) práticas de letramento por
meio do computador. O multiletramento pode ou não envolver o uso de novas tecnologias da
comunicação e de informação (novos letramentos), mas caracteriza-se como um trabalho que
parte das culturas de referência dos alunos sejam elas popular, local ou de massa, e de gêneros,
mídias e linguagens por eles conhecidos, para buscar um enfoque crítico, pluralista, ético e

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democrático - que envolva agência1 – de textos/discursos que ampliem o repertório cultural, na


direção de outros letramentos.
A pedagogia atual deve estar voltada ao ensino de leitura e escrita para além da
comunicação alfabética, incorporando as habilidades tradicionais às comunicações multimodais
características das novas mídias digitais.

Desafios para o ensino do século XXI

O mundo contemporâneo é um espaço das reformas, recriações e reconstruções. Os


avanços representados pelas inovações tecnológicas, por meio da globalização, criaram
mudanças e exigências em relação aos multiletramentos (GAYDECZKA e KARWOSKI,
2015). As novas gerações implementaram um conjunto de paradigmas e tendências,
metodologias e ferramentas que possibilitaram diversas interações sociais que passaram do
papiro ao pergaminho, do pergaminho ao papel e deste aos dispositivos eletrônicos móveis
(notebooks, smartphones, tablets etc.) e, assim, permite ao homem o exercício da comunicação
escrita, oral, visual, facilitando a interação por meio de diferentes práticas de letramentos.
De acordo com Gaydeczka e Karwoski (2015. p. 153), as mudanças que esses novos
recursos exigiram podem ser sintetizadas em, no mínimo, três características: a) a intensa
circulação da informação provocou mudanças significativas nas maneiras de ler, de produzir e
de fazer circular os textos na sociedade, contribuindo para a consolidação dos suportes digitais;
b) a diminuição das distâncias sociais por meio das mídias digitais criou um efeito de
aproximação das distâncias físicas. Além disso, o volume de informações que precisam ser
processadas, criadas e/ou sistematizadas criou um efeito de contração do tempo físico e
cronológico; c) a multissemiose que as possibilidades multimidiáticas e hipermidiática trazem

1
A noção de “agência” está relacionada a uma visão interacional e social de linguagem e que considera gênero como um
meio de agência e como ações tipificadas que dão formas às nossas ações e intenções. Bazerman (2006) considera a escrita
acadêmica imbuída de agência, em que os estudantes devem ser vistos como agentes sociais que aprendem a escrever de
forma satisfatória, textos que materializam gêneros tipificados para agir nas diversas formas interacionais tanto na escola
quanto no mundo.

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para o texto eletrônico coloca o signo verbal (palavra) num continuum de signos de outras
modalidades de linguagem (imagens bidimensionais, tridimensionais fixas ou em movimento,
signo verbal escrito ou oral com tipografias diversas, músicas, sons etc.).
Essas mudanças trazem novas possibilidades de pesquisa e desafios de percepção dos
objetos de pesquisa no campo da linguística e da linguística aplicada. Mudanças em que os
letramentos são muitos e diferenciados, cotidianos e institucionais, valorizados e
não-valorizados, locais e globais (ROJO, 2012). Como educadores, precisamos auxiliar os
estudantes a se tornarem mais conscientes dessas formas de trabalhar através de múltiplos
modos de comunicação na contemporaneidade. Quando pensamos a realidade das escolas,
observa-se que essa tendência já era seguida desde que os materiais impressos (bidimensionais,
planos e fixos) usados nas escolas passaram a ser caracterizados por uma maior riqueza nos
aspectos tipográficos visuais; isso transformou o letramento tradicional (da letra) em um tipo de
letramento insuficiente para dar conta daqueles aspectos necessários para agir na vida cotidiana.
Nesse novo cenário que se apresenta às escolas do século XXI, a implementação de
políticas públicas na aquisição das ferramentas tecnológicas, deve ser o primeiro passo para a
comunidade escolar ter acesso a computadores, notebooks etc. Além disso, é imprescindível
que sejam asseguradas as Capacitações/Formações Continuadas de Professores para que eles se
mantenham bem qualificados e assumam postura ativa, crítica e reflexiva de suas próprias
práticas pedagógicas e seguros a enfrentar as mudanças educacionais da sua época. A escola
atual precisa levar em consideração que as produções culturais que estão à nossa volta são um
conjunto de textos híbridos de diferentes gêneros, campos e de produtores variados que servem
tanto para alfabetizar como para letrar o indivíduo. Vale salientar que por textos híbridos
devemos entender que se trata não apenas dos aspectos tipológicos, mas, sobretudo de
diferentes letramentos (vernaculares e dominantes), de diferentes campos (ditos popular/de
massa/erudito); visto que o ensino de língua portuguesa tem requerido cada vez dos alunos o
refinamento das habilidades de leitura e escrita, de fala e de escuta de gêneros variados
presentes nas diversas práticas sócio letradas.

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Nesse sentido, os professores precisam aprimorar suas práticas escolares, para adequar o
ensino às modificações sociais à pluralidade cultural e dominar os vários gêneros que
emergiram com as novas demandas sociais, como a comunicação através dos aplicativos
celulares; e, além disso, articular o ensino da língua portuguesa, que desde a década de 1990,
com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 e dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) em 1997/1998, já indicavam que o ensino devia contemplar o
desenvolvimento de habilidades e abordar a noção de gêneros do texto/discurso para o
primeiro plano das questões de ensino e de aprendizagem da língua. O texto é organizado
dentro de determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das
condições de produção dos discursos, os quais geram usos sociais que os determinam.
É nessa perspectiva que os pesquisadores do Grupo de Genebra (Joaquim Dolz,
Bernard Schneuwly, Michèle Noverraz) propõem que os gêneros sejam apresentados em
atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um propósito
comunicativo. É claro que há muitos desafios para os professores com os diversos letramentos,
diante da proliferação de mídias, canais de comunicação e da diversidade linguística e cultural,
por isso é necessário promover o acesso e o engajamento crítico dos alunos, elementos
essenciais, para que eles sejam agentes sociais transformadores. 
Isso pode ser feito, por exemplo, com a elaboração de material didático que recorra a
vídeos em língua portuguesa para que as atuais tecnologias digitais possam adentrar a sala de
aula e promovam a construção e circulação de conhecimento na escola. Além disso, deve-se
trabalhar com protótipos, ou seja, estruturas flexíveis e vazadas que permitam as modificações
por parte daqueles que queiram utilizá-las em outros contextos que não o das propostas iniciais.
A Pedagogia dos Multiletramentos exige e incentiva um aluno crítico, autônomo e sujeito de sua
aprendizagem, transformando-se em criadores de conteúdos e de sentido. O docente ao invés
de discriminar o uso da internet e dos celulares e suas câmeras na escola, deve aproveitar esses
instrumentos como recursos para a interação e comunicação.

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Outrossim, deve aproveitar as redes sociais como ferramentas pedagógicas para


desenvolver habilidades de leitura e escrita, no facebook, o instagram e o twitter2, este que
permite inserir os links que são endereços (ou ponto de entrada), por meio dos quais o texto
passa a ser um ponto de ancoragem de diversas outras fontes que, com ele interagem, e que o
complementam na significação e compreensão. Além disso, os links fazem parte do hipertexto
por não ser somente a justaposição de imagem e texto, mas por ter um design que permite
várias interconexões, possibilidades diversas de trajetórias e múltiplas sequências. 
O hipertexto articula-se à multimodalidade, gerando novas interações em que palavras,
imagens e sons estão “linkados” em uma complexa rede de significados, a chamada
hipermodalidade ou hipermídia. A multimodalidade é constitutiva dos textos, tais como: os
infográficos, os diagramas, os mapas mentais, as fotografias, os desenhos e os hipertextos,
dentre outros. No espaço digital, a autoria se confronta diariamente com a apropriação: leitor e
autor nunca interagiram de maneira tão intensa, e os espaços de produção são cada vez mais
interativos e colaborativos. A escola não deve ficar à parte, limitando a aprendizagem apenas
aos ambientes virtuais, pois a sala de aula é um excelente espaço para a construção de múltiplos
textos e linguagens, com múltiplos significados e modos de significar. A presença das
tecnologias digitais em nossa cultura contemporânea, cria novas possibilidades de expressão e
comunicação. Cada vez mais elas fazem parte do nosso cotidiano e, assim, como as tecnologias
digitais estão introduzindo novos modos de comunicação, como a criação e o uso de imagens,
de som, de animação e a combinação dessas modalidades. 
Gaydeczka e Karwoski (2015, p. 156) reforçam a noção de letramento como sendo o
resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e a escrever; o estado ou a condição que
adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita.
Assim que o conceito de letramento foi amplamente difundido, surgiu uma variedade de
expressões relacionadas ao termo, tais como: letramento visual (KRESS; VAN LEEUWEN,

2
O Twitter foi criado em 13 de julho de 2006 pela Oblivious, em São Francisco, nos EUA, por Jack Dorsey a partir da ideia
de unir as SMS (mensagens via celular) e mídias sociais. Os caracteres do Twitter, em 2017, passaram de 140 para 280.

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1996); letramento eletrônico (BUZATO, 2001); letramento digital (XAVIER, 2005; BRAGA,
2007); letramento literário (COSSON, 2011); letramento metamidiático (LEMKE, 2010);
multiletramentos (ROJO, 2012); letramento multimodal ou multimidiático (BOWEN;
WHITHAUS, 2013); letramentos sociais (STREET, 2014), dentre outros. 
O conceito de letramentos refere-se, então, às práticas de leitura e de escrita realizadas
plena e efetivamente em sociedades que valorizam a escrita como atividade social, histórica e
culturalmente determinada e com propósitos comunicativos inerentes. Assim, a educação
linguística deve levar em conta: a) os multiletramentos de maneira crítica, ética e democrática; b)
os letramentos multissemióticos; c) os letramentos críticos no trato ético dos discursos: as
condições de produção, os sujeitos e o dialogismo decorrentes; d) estratégias de leitura
multimodal. Portanto, o processo de ensino relaciona a aprendizagem de conceitos ao
desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas e enfrentamento de desafios,
princípios indissociáveis das práticas sociais letradas.

Os multiletramentos na escola

A pesquisa na área da Pedagogia dos Multiletramentos tem demonstrado a importância


de se considerar o modo como a linguagem verbal e os recursos semióticos se interrelacionam
nos textos. O resultado dessas pesquisas concluíram que não existem textos monomodais ou
monosemióticos, pois todos os textos são constituídos de recursos visuais, tais como a
tipografia e a formatação. Os multiletramentos levam em conta a multimodalidade (linguística,
visual, gestual, espacial e de áudio) e a multiplicidade de significações e contextos/culturas.
Podemos afirmar que todo texto é multimodal, não podendo existir em uma única modalidade,
mas tendo sempre uma delas como predominante. 
Todo texto escrito é sempre “multimodal” (KRESS, VAN LEEUWEN, 1996;
DIONÍSIO, 2005). Dessa maneira, podemos observar que a multimodalidade estava presente
quase sempre em textos antigos em que as cores, o formato das letras e as imagens dos textos

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compunham a mensagem escrita. O livro As Horas de Catarina de Cleves, escrito no século XV


(1440), faz parte de uma produção textual muito comum na Idade Média, o livro das horas ou
livro missal que pertenciam aos devotos em que continham orações e salmos penitenciais, além
de serem ricamente ilustrados com as iluminuras, que é um tipo de pintura decorativa aplicada
às letras capitulares dos códices de pergaminho medievais. As iluminuras representam ao
conjunto de elementos decorativos e representações imagéticas executadas nos manuscritos,
produzidos predominantemente nos conventos e abadias da Idade Média. A confecção dos
Livros das Horas com as iluminuras é um rico exemplo de um ofício refinado e de suma
importância para arte medieval.

Catarina de Cleves diante da Virgem (Livro: As Horas de Catarina de Cleves, século XV (1440)
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Horas_de_Catarina_de_Cleves Acesso em 05/03/2022

Para Nascimento et al. (2011), os recursos tipográficos, como fonte, negrito ou uso de
cor, servem para salientar determinados elementos ou criar efeitos de sentido particulares: por
exemplo, fontes serifadas, como a Times New Roman, podem remeter a contextos jornalísticos.

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Além disso, as escolhas na cor da fonte podem estabelecer filiações com determinados grupos
sociais como as variedades de cores, com diversidade ou orientações híbridas. Ao colocar um
texto em colunas e usar linhas e/ou marcas gráficas para evidenciar trechos do texto, o autor
faz uso de algum recurso da multimodalidade, com o objetivo premente de orientar a leitura. A
tipografia, que é a arte de criação na composição e impressão de um texto, física ou
digitalmente, tem como objetivo principal dar ordem estrutural e dar forma à comunicação
escrita. 
A hipermodalidade amplia o sentido de multimodalidade, ao extrapolar o texto
planificado e o texto linear, pois não se trata mais de uma justaposição de texto, imagens e sons,
mas sim de um design diferenciado que interliga as diferentes modalidades presentes nos textos.
O hipertexto e as hipermídias, visualizados por meio dos links, apresentam múltiplas sequências
e possibilidades de trajetória. Para trabalhar nessa perspectiva, o professor deve engajar os
alunos no processo e traçar estratégias que as levem do conhecimento prévio à criação. 
  Desse modo, é necessário dominar e fazer uso de novas ferramentas – além das da
escrita manual (papel, pena, lápis, caneta, giz e lousa) e impressora (tipografia, imprensa) – de
áudio, vídeo, tratamento de imagem, edição e diagramação. Com efeito, o texto está perdendo
seu caráter único, fechado, engessado; o texto agora pode ser questionado, dialogado,
relacionado, já que seu caráter multi agora é hiper: hipertextos, hipermídias e afins.
Consequentemente, a aprendizagem também muda: já não somos mais prisioneiros de um
prisma único do autor que escreveu, podemos agora nos libertar interagindo com outros textos,
imagens e sons. Os textos trabalhados agora na perspectiva do multiletramento são interativos,
colaborativos, transgressivos, híbridos e fronteiriços.
Portanto, ensinar numa perspectiva dos multiletramentos, requer do professor preparar
aulas levando em conta as TICs ou TDICs, visto que ensinar língua portuguesa, hoje em dia,
requer o domínio de novas mídias que nos ajudem a renovar, reinventar nossa prática de
ensinar, nossa didática, não somente letrando, mas, sobretudo multiletrando, instando os alunos
a produzirem blogs, vídeos e radioblogs, por exemplo. Nessa perspectiva, cabe à escola e aos

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educadores apropriarem-se de tecnologias pedagógicas que colaborem para que o educando


possa atuar na sociedade de forma ativa, posicionando-se frente a situações cotidianas que
exijam dele a leitura e a discussão crítica dos fatos, calcadas no conhecimento científico e
tecnológico.
Para atingir tais objetivos, é necessário estimular os estudantes a desbravarem o universo
textual existente, o que inclui experimentar a sua inserção em diversos gêneros linguísticos,
como a leitura de livros, jornais, artigos, receituários, blogs, e-mails, hipertextos entre tantos
outros. Além disso, a percepção de letramento científico colabora com a prática pedagógica do
educador de forma que ele possa ter como foco a aprendizagem dos alunos num sentido
interdisciplinar das ciências. Nesse sentido, “a participação do cidadão na vida social de uma
maneira ampla depende de sua possibilidade de interlocução com questões complexas baseadas
em conhecimentos científicos e tecnológicos” e não na memorização descontextualizada de
conceitos e fórmulas que não se aproximam da realidade.
Pesquisas realizadas por instituições como o Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA) procuram avaliar, em vários países, as competências de jovens no que se
refere ao letramento. Como competências, esses exames destacam a capacidade do estudante de
ir além dos conhecimentos aprendidos na escola, sabendo analisar, refletir, interpretar, colocar e
solucionar problemas em uma infinidade de situações. Segundo dados do PISA de vários anos,
mostram que os estudantes brasileiros não apresentam a proficiência leitora adequada para
resolver situações cotidianas, mesmo as mais simples. 
Além desses, outros problemas são apontados por pesquisadores como colaboradores
para o baixo rendimento dos alunos: desmotivação profissional, falta de competência na escrita
e na leitura, evasão escolar, repetência etc. O motivo disso, está no fato dos avanços
tecnológicos dos últimos 20 anos do século XX terem promovido o surgimento da geração
digital, com a qual o sistema educacional não está preparado para lidar. A educação formal,
portanto, deve promover a formação do aluno no contexto das mudanças tecnológicas que
envolvem o uso da internet, em especial a interatividade das redes sociais, além de criar espaços

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próprios no ciberespaço para que alunos e professores possam ampliar e promover debates
sobre os conteúdos ministrados em sala, colaborando para o letramento. Nesse contexto,
podemos perceber que o uso das TICs (ou TDICs) se justifica, pois se apresentam como
ferramentas inovadoras, criativas e pouco exploradas pela escola e pelos professores, sendo
capazes de dar uma nova dimensão quanto ao tempo e ao espaço dedicados à aprendizagem.
Ademais, ensinar nesse novo contexto de sociedade da informação, apresenta-se também como
um novo espaço de atuação para o professor, qual seja, o virtual. Envolve, portanto, o
desenvolvimento das competências em leitura e escrita no ciberespaço.
A pesquisa escolar em tempo de transição deve considerar e aprimorar a forma como os
alunos usam a internet como recurso de pesquisa, caso contrário, ela será utilizada
simplesmente como forma de copiar os trabalhos solicitados pelos professores. Diante disso,
formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento
hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação e a capacidade
de memorizar e classificar (PERRENOUD, 2000). Contudo, destacamos que, ao optar por uma
proposta pedagógica de uso das TICs/TDICs, o professor deve estar disposto a um
gerenciamento democrático que possibilite a formação de indivíduos capazes de realizar leitura
crítica dos meios, desenvolvendo a capacidade de argumentação crítica, escrita e oral. Essa
interação entre gerações – imigrantes e nativos digitais – em torno das ferramentas tecnológicas
pode favorecer e estreitar as relações entre professores e alunos e entre os próprios alunos.
Dessa forma, ao fazer valer as TICs/TDICs na aprendizagem formal, pretende-se tornar o
processo ensino/aprendizagem mais democrático e prazeroso, pois proporciona conflitos de
ideias e opiniões que permitem uma reflexão crítica, aperfeiçoada no exercício do diálogo, da
autoria e coautoria, bem como a reinterpretação de conceitos e práticas; saberes estes
fundamentais para que um indivíduo compreenda diversos gêneros textuais relacionados ao
saber científico, ou seja, o desenvolvimento de tais competências favorece o letramento
científico.

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Nascimento et al. (2011) destacam que o crescente espaço que as imagens vêm ocupando
no meio social, em comparação com a linguagem verbal, nos mais diversos textos de nosso dia
a dia, evidencia a importância dos diversos recursos de sentido empregados em imagens, tais
como: o enquadramento, a seleção de cores e a distribuição dos elementos na página/tela.
Atualmente, o texto escrito é apenas uma parte integrante de documentos complexos que
incorporam, de modo coeso, imagens e formas gráficas, seja complementando ou, por vezes,
substituindo o texto verbal. 
Na atualidade, Kress e van Leeuwen (1996) preveem uma tendência à valorização dos
aspectos visuais dos textos, ao afirmar que a língua enquanto escrita será progressivamente
suplantada pela imagem em diversas áreas da comunicação pública, visto que os textos
impressos vêm perdendo espaço para os textos digitais. Isso implica conceber que as imagens,
assim como a linguagem verbal, devem ser entendidas enquanto um sistema semiótico, ou seja,
um conjunto de signos socialmente compartilhados e regidos por determinados princípios e
regularidades, que utilizamos para representar nossas experiências e negociar nossa relação com
os outros. Sendo assim, a prática educativa deve favorecer o desenvolvimento da competência
comunicativa multimodal que envolve o conhecimento e uso adequado de diferentes recursos
semióticos como gestos, sons e imagens na comunicação contemporânea, além das demais
competências comunicativas.

Abordagem dos multiletramentos na sala de aula

A prática pedagógica que considere, efetivamente, as condições de produção, circulação


e recepção dos textos/discursos demanda uma reflexão acerca de teorias que abordam os usos
sociais das múltiplas linguagens em diferentes contextos. É necessário destacar as mudanças
sociais relacionadas à vida sociocultural e as interferências nos processos de ensino e de
aprendizagem, levando em consideração o uso das tecnologias e do ensino da produção de
textos em função da diversificação/ reconfiguração das interações sociais nos distintos

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contextos sociais, que impõem novas exigências aos processos de desenvolvimento profissional,
uma vez que é preciso ser capaz de contemplar os problemas relacionados à linguagem e seus
usos sociais nas propostas de ensino (MOITA LOPES, 2006). Nas atividades da unidade
curricular (Multi)letramentos, ética e cidadania o docente deve ter como Foco
Pedagógico:
- Realização de leitura crítica de textos/gêneros digitais, ou não, observando os aspectos
estruturais de composição do gênero e o propósito comunicativo de circulação dos
gêneros na sociedade;
- Identificação de como utilizar os conhecimentos gerados pela análise dos recursos
multissemióticos presentes nos textos/gêneros multimodais presentes no meio social;
- Planejamento e utilização dos recursos multissemióticos presentes nos textos
multimodais, em língua portuguesa para mediar e intervir socioculturalmente;
- Seleção de conhecimentos que explorem as diversas práticas de linguagem, orais ou
escritas e a finalidade comunicativa de cada modalidade da linguagem;
- Ampliação de conhecimentos sobre o problema a ser enfrentado, por meio de leitura e
análise crítica de textos/gêneros do meio digital (ou não), nas modalidades orais ou
escritas, que promovam ações individuais e/ou coletivas (fanfic, nanoconto, miniconto,
videoclipe, e-zine, fanzine, hiperconto, ciberpoema, meme, gif, blog, vlog, podcast,
documentário etc.), apontando a estrutura composicional, estilo e conteúdo temático.
- Planejamento, execução e avaliação de ação social e/ou ambiental que responda às
necessidades e interesses do contexto social, selecionando e mobilizando conhecimentos
e recursos que explorem as diversas práticas sociais de linguagem (leitura, letramento
literário, produção de textos, oralidade e análise linguística/semiótica). 
- Selecionar estratégias que capacitem os estudantes a identificar, com segurança e ética,
parâmetros de interação e auto expressão na internet – curadoria.
- Superação de situações de estranheza, resistência, conflitos interculturais, dentre outros
possíveis obstáculos, com necessários ajustes de rota, através da mobilização dos

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estudantes para produzirem textos dos gêneros do meio digital que poderão ser
publicados e compartilhados com outros leitores on-line.

Orientações para a realização de atividades

Para direcionar as atividades pedagógicas da unidade curricular, propomos um exercício


de análise multissemiótica do gênero fanclipe3, este que se configura como um gênero
produzido por fãs, e que se apropriam da linguagem e da estética constitutiva do gênero
videoclipe e, a partir de uma música, produzem novos vídeos e, dessa forma, interferem
ativamente na circulação do conteúdo, ampliando as formas de leituras e produções textuais. 
Inicialmente, o docente deve incentivar a leitura da história Chapeuzinho Vermelho que
está disponível no mercado editorial brasileiro em várias versões e traduções, como as versões
de Charles Perrault ou dos Irmãos Grimm. Nas duas versões, o conto carrega o cunho
popular e oral, tendo sido recolhido e registrado, na versão de Charles Perrault, na obra Contos
da Mamãe Gansa (entre 1691 e 1697). O contexto de produção da versão de Perrault envolve a
sociedade francesa do século XVII, que acreditava que contar histórias para as crianças era
uma maneira de ensinar os bons modos aos filhos, especialmente às meninas.
Cerca de um século depois separa a versão francesa daquela publicada pelos Irmãos
Grimm, sob o título de Contos de Fadas para o Lar e as Crianças (em alemão: Kinder-und
Hausmärchen), de 1812. Os linguistas Jacob Grimm (1785) e Wilhelm Grimm (1786)
recolheram histórias populares que escutavam de camponeses alemães e liam em
manuscritos antigos, além de realizarem um complexo trabalho de depuração dos textos,
adequando-os ao público-alvo que era a classe média burguesa alemã, tendo potencializado os
efeitos artísticos e estéticos sob os ideais humanistas. Assim, as histórias poderiam ser
destinadas às crianças, vistas como seres inocentes que deveriam ser educadas e protegidas de

3
Adaptação da atividade proposta em ROJO, R.; BARBOSA, J. (Orgs). Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros
discursivos. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p. 137 a 141.

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certas experiências, além de serem disciplinadas e bondosas para, assim, serem recompensadas,
e, se desobedientes, deveriam ser castigadas. As duas versões têm personagens e enredo
semelhantes, porém, na versão dos Grimm, é acrescentada a resolução do problema, em que o
caçador mata o lobo e salva as duas mulheres, e foi esta versão que chegou até nós.
Durante a leitura do conto, deve-se analisar o gênero, as personagens envolvidas, o
clímax e o desfecho da história; após a leitura impressa, deve-se assistir ao vídeo da fanclipe
(Sponsored by destiny4 (Patrocinado pelo destino). A partir do recorte das telas, proposto, pode-se
analisar as imagens com uma música de fundo do grupo musical islandês Slagsmålsklubben. A
atividade deve levantar questões sobre quais letramentos são necessários para
compreender o texto/gênero?
A tela 1 apresenta uma estante colorida repleta de livros coloridos e de onde sai da
prateleira um livro vermelho que faz referência, através da paráfrase ou paródia, de Little Red
Riding Hood (Chapeuzinho Vermelho). 

   
Tela 1             Tela 2

A tela 2 apresenta um infográfico ou maquete da planta da casa da Chapeuzinho


Vermelho. Possivelmente o autor do fanclipe utilizou o software Autocad, Revit Architecture, 3D
Studio ou Google SketchUp, dentre outros. Nas duas primeiras telas são mobilizadas além do

4
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Y54ABqSOScQ&t=8s de Tomas Nilsson. Data de acesso: 7 de março de
2022.

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letramento literário, responsável para relacionar o fanclipe ao conto literário, o Letramento


Matemático, definido  pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2018) - como as
competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar
matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a
resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos,
fatos e ferramentas matemáticas, no caso da tela 2, corresponde às formas geométricas e as
medidas dos cômodos da casa; e os Letramentos Digitais que envolvem a capacidade de
leitura e escrita em telas de celulares e/ou computadores, bem como a “mobilização de
habilidades para usar eficientemente essas tecnologias para localizar recursos, comunicar ideias
e construir colaborações que ultrapassem os limites pessoais, sociais, econômicos, políticos e
culturais”, de acordo com Dudeney et al. (2016, p. 17).
Os Letramentos Digitais estão vinculados às habilidades que os alunos precisam adquirir
para sua plena participação no mundo além da sala de aula. Dudeney et al. (Ibid) apresentam que
os Letramentos Digitais estão relacionados aos letramentos: Impresso, em SMS, em
Hipertextos, em Multimídia, em Jogos, Móveis, em Codificação, Classificatório, em Pesquisa,
em Informação, em Filtragem, Pessoal, em Rede, Participativo, Intercultural e em Remix. Todos
esses letramentos são acionados quando os gêneros digitais são utilizados em sala de aula.

 
Tela 3 Tela 4

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A tela 3 mostra a imagem de duas personagens da história: a Chapeuzinho Vermelho e a


sua mãe que pede à menina que vá até a casa da avó levar uma cesta de produtos (tela 4).  Essa
tela pode ser relacionada a outra etapa do vídeo em que complementa a noção de família
biológica. A imagem da mãe e da filha estão apresentadas em cores diferentes.

Tela 5

A análise nesta tela está relacionada à noção de letramento científico biológico. O


Letramento Científico tem como proposta o desenvolvimento de habilidades do fazer
científico, através de um currículo escolar atento ao cotidiano e ao desenvolvimento da ciência.
O PISA vem balizando a construção de documentos orientadores para a educação no Brasil. E
a BNCC assume o compromisso direto no desenvolvimento do letramento científico para a
área das Ciências da Natureza, envolvendo a “capacidade de compreender e interpretar o
mundo (natural, social e tecnológico), mas também transformá-lo com base nos aportes
teóricos e processuais da ciência” (BRASIL, 2017, p. 273). O letramento científico, alinhado às
discussões da BNCC, deve fomentar um espaço propício ao desenvolvimento de habilidades
tais como: a leitura e a formulação de hipóteses, bem como a reflexão crítica de fatos cotidianos
na tomada de decisões ancoradas nos saberes científicos.

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Kress e Van Leeuwen (1996) consideram que as imagens visuais e todos os modos
semióticos devem ser lidos como textos socialmente construídos e estão diretamente
relacionados ao Letramento Visual que é a habilidade de interpretar a informação visualmente
apresentada baseando-se na premissa de que imagens podem ser lidas, e que seu significado
pode ser decodificado através de um processo de leitura. As habilidades a serem desenvolvidas
nesse tipo de letramento estão relacionadas à: observar, identificar detalhes, compreender as
relações visuais, pensar, analisar, criar e comunicar criativamente através de recursos imagéticos,
que devem ser mobilizados na análise do fanclipe Sponsored by destiny.
A Gramática Visual desenvolvida por Kress e Van Leeuwen (2006), orienta para alguns
aspectos que devem ser considerados nas imagens como o contexto, a audiência
(leitor/receptor), o propósito (enunciado/mensagem), o produtor (emissor), o layout (os
elementos dentro da imagem enfatizam um enunciado verbal). Vários gêneros são apresentados
no vídeo como: gráficos, infográficos, mapas, embalagens, dentre outros. Os aspectos
estruturais dos gêneros como a composição, o tema, o estilo e a função comunicativa devem ser
ressaltados, a depender do tópico da aula. Além da diversidade de gêneros apresentados no
fanclipe e dos distintos letramentos que são mobilizados para a compreensão textual, o vídeo
pode ser usado como material pedagógico aos professores de diferentes componentes
curriculares, já que as noções apresentadas podem ser exploradas de forma intertextuais e
interdisciplinares. 

Tela 6 Tela 7

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  A tela 6 apresenta parte do percurso percorrido pela Chapeuzinho Vermelho que pedala
uma bicicleta da sua casa rumo à casa da sua avó. O professor pode fazer várias abordagens
nessa imagem como a importância das atividades físicas na educação corporal e a educação
ambiental, que tem como objetivos contribuir para a formação de cidadãos conscientes e
comprometidos com o meio ambiente local e global. O meio ambiente não pode se restringir
apenas ao ambiente biológico e físico, mas abarca também aos cuidados com as relações sociais,
econômicas e culturais. 
A Educação Ambiental deve ser vista como uma educação política por estar
relacionada ao comprometimento do cidadão que deve buscar alternativas para o bem comum,
além de ser entendida como processo, por meio do qual o ser e a coletividade constroem
valores sociais, atitudes, habilidades e competências em busca de conhecimentos para a
conservação do meio ambiente. Dessa forma, urge elaborar medidas para solucionar problemas
ambientais que estão cada vez mais alarmantes como a exploração das florestas, dos rios, do ar
etc., na tentativa de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, hoje, e das gerações futuras. 

Tela 8

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O letramento ambiental deve ser estimulado como ferramenta para a educação


ambiental, em prol da sustentabilidade dos recursos naturais do planeta. Ao longo do vídeo, os
sentidos vão sendo construídos e confirmados com a apresentação das imagens que reforçam a
importância de se conhecer o clima e a vegetação que interfere diretamente na composição do
solo que é fertilizado com matéria orgânica derivada das folhas e dos das árvores que caem no
chão e passam pelo processo de decomposição, transformando-se em nutrientes para o solo
(tela 8). A temática do letramento ambiental está relacionada ao Planejamento Urbano que é
o processo de idealização, criação e desenvolvimento de soluções que visam a melhorar ou
revitalizar aspectos de uma determinada área urbana, tendo como objetivo principal
proporcionar aos habitantes de uma dada comunidade, uma melhoria na qualidade de vida.

Tela 9

Esse aspecto é confirmado no vídeo pelas imagens da rua onde está situada a casa da
Chapeuzinho Vermelho (South Grimm Street) (tela 9), em que aparecem as casas sem nenhuma
vegetação aparente. O planejamento urbano lida com os processos de produção, estruturação e
apropriação do espaço urbano. O processo de interferência no espaço urbano vai depender do

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planejamento e do poder de atuação do órgão planejador. A seleção de imagens propostas do


vídeo, mostra a Chapeuzinho Vermelho, saindo de casa em direção à casa da avó (tela 10).

Tela 10

No caminho, a Chapeuzinho encontra o lobo que consegue extrair da menina, as


informações de seu trajeto até à casa da avó (tela 11).

Tela 11

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Os aspectos textuais como enredo, personagens e espaço devem ser ressaltados, os quais
apresentam três mulheres (a avó, a mãe e a menina) inseridas na narrativa, em que a
protagonista se mostra forte e decidida quando ela desobedece à mãe, isto é, se impõe, mas ao
mesmo tempo se mostra ingênua e vulnerável, quando se deixa enganar pelo antagonista, o
lobo mau, e põe em risco a própria vida.

Tela 12 Tela 13

A Chapeuzinho Vermelho chega à casa e percebe que os olhos, as orelhas e a boca da


avó (na verdade, do lobo) estão maiores do que o costume (tela 12, 13 e 14). Ao ser
questionado, o lobo também devora a menina. A versão da história, registrada por Charles
Perrault encerra nesse ponto, já na versão dos Irmãos Grimm, é inserido um caçador que mata
o lobo e resgata a avó e a Chapeuzinho Vermelho (tela 15). 

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Tela 14                       Tela 15

Tela 17

A última tela apresentada aqui (tela 17) é composta de uma sequência de quatro imagens
em que aparecem o tamanho das barras do gráfico, com cores diferentes, que corresponde à
felicidade da avó e da Chapeuzinho Vermelho. O escore de felicidade lembra, ao espectador, o
layout da tela da pontuação dos videogames. O autor do vídeo ao remixar o conto de fadas
tradicional com imagens de gêneros do discurso científico como os gráficos, mapas, plantas

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baixa etc., criou um efeito original de paródia científica de um gênero literário e de veracidade
de uma história ficcional, além de criar um efeito de renovação e de modernidade no conto e
que, também, está relacionado à música do vídeo que é um rock.  

Orientações para a Avaliação

Após a execução da atividade, é importante observar se os estudantes conseguem fazer a


leitura crítica de textos digitais; estão aptos a selecionar conhecimentos que explorem as
diversas práticas de linguagem; são capazes de identificar e selecionar parâmetros de interação e
auto expressão na internet; demonstram habilidades que valorizam e facilitam o trabalho em
grupo; demonstram interesse e se sentem motivados a participar das atividades sugeridas em
sala de aula.

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4. Multiletramentos na Cultura Digital: as fake news


Na cultura digital, os multiletramentos são impulsionados pela diversidade cultural,
linguística e diversos meios e modos de comunicação e diversas formas de sentido, a
multimodalidade. Desde a publicação dos PCNs (1998), já havia um direcionamento das
atividades pedagógicas ao uso das tecnologias da comunicação e informação. Na BNCC (2018),
há uma intensificação da orientação para o uso das TICs/TDICs em sala de aula, além de
ampliar as competências gerais a serem desenvolvidas, dentre elas destacam-se: i) Compreender,
utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.
Na área de Linguagens e suas Tecnologias no Ensino Médio, a BNCC destaca ainda a
necessidade de se considerar as várias práticas do universo digital, que diz respeito a ii)
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas,
críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se
em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura,
trabalho, informação e vida pessoal e coletiva (BRASIL, 2018). O documento defende que a
exploração do campo jornalístico-midiático permite construir uma consciência crítica e seletiva
em relação à produção e circulação de informações, posicionamentos e induções ao consumo
(BRASIL, 2018), e, isso, está diretamente relacionado à temática das fake news. O gênero notícia
está inserido na BNCC dentro de um dos cinco campos de atuação propostos: Campo da vida
cotidiana (nos anos iniciais), Campo artístico-literário, Campo das práticas de estudo e pesquisa,
Campo jornalístico-midiático e Campo de atuação na vida pública (BRASIL, 2018).

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Na esfera digital, as redes sociais se configuraram como o grande palco da disseminação


das fake news que são consideradas produtos da era da pós-verdade5. A principal característica das
fake news é o seu forte apelo emocional que as tornam mais atrativas para um público que,
muitas vezes, não faz a leitura crítica das mensagens e acaba associando tais notícias às suas
próprias ideias pré-concebidas, quase sempre relacionadas à intolerância religiosa, ao
preconceito e ao fanatismo político. Antes, o jornalismo era uma instância imparcial e
responsável pela credibilidade das informações veiculadas, porém, hoje em dia, submete-se ao
imediatismo na propagação da mensagem, já que os sujeitos passaram a desempenhar um papel
importante na produção das notícias e que, devido ao imediatismo na disseminação da
mensagem, não processam e nem analisam o conteúdo antes de publicá-lo. Os sites que
difundem as notícias falsas mantêm-se na produção de conteúdos graças aos cliques e ao
engajamento da audiência no compartilhamento da mensagem que, por sua vez, acaba
impulsionando a veiculação de publicidades. Assim, ao se deparar com uma notícia é
importante responder às seguintes questões: a) Quem produziu a notícia? b) Quais os
contextos de produção da notícia? c) A notícia pode ser comparada a outras mídias? d)
Na dúvida de que se trata de uma notícia falsa, quem a elaborou e qual a finalidade? e)
Quais estratégias são utilizadas para sua viralizar as fake news? f) A quem interessa as
consequências sociais e políticas da viralização? g) Como acessar as notícias
verdadeiras? Essas questões se configuram como propostas que podem ser elaboradas a partir
da análise de notícias falsas dentro do ambiente digital. Ao refletir sobre tais questões, o
estudante mobiliza o Letramento Crítico6 que tem como objetivo a formação de cidadãos
atuantes e que estes se tornem protagonistas dos seus saberes, na busca de um mundo mais
justo, por meio da crítica aos atuais problemas políticos e sociais, diante de questionamentos

5
A pós-verdade é um dos elementos da era digital que está abalando as crenças e valores, devido aos dilemas enfrentados
pela sociedade atual, que é a necessidade de conviver com a complexidade do mundo contemporâneo, ocasionado pelas
tecnologias digitais de informação e comunicação (ou TDICs). Pós-verdade é um termo já incorporado ao vocabulário da
mídia global. O conceito está relacionado às circunstâncias em que as pessoas respondem mais aos sentimentos e às crenças
que a apresentação dos fatos.
6
Paulo Freire (1987) é considerado a fonte seminal dos estudos de Letramentos, embora o autor tenha optado por usar
termos como: pedagogia emancipatória, pedagogia crítica, pedagogia libertadora e empoderamento.

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sobre as profundas desigualdades existentes no Brasil, com incentivo de ações que visem às
mudanças e em soluções pautadas na justiça e na igualdade.
Como proposta educacional para solucionar a produção e disseminação das fake news é
preciso estimular o Letramento Digital, já abordado no tópico anterior, e o Letramento
Crítico que devem ser desenvolvidos pelos estudantes desde a educação básica, passando pelo
ensino médio até o ensino superior. O domínio dos Letramentos Digitais e o Letramento
Crítico, levando em conta a multimodalidade, os hipertextos e as hipermídias, são condições
para que o sujeito saiba identificar as fake news, já que para acessar os links e checar as
informações é preciso mobilizar habilidades e ferramentas digitais, da configuração textual e
hipertextual da notícia.
Para trabalhar as fake news em sala de aula, sugerimos a análise do gênero notícia de
jornal, em que os estudantes devem estar familiarizados com a estrutura do gênero7, com a
tipologia textual dissertativa-argumentativa, além de pesquisar conteúdos informativos que
estejam fortemente vinculados ao contexto político-social brasileiro. A notícia é um relato de
fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade e que esta seja
capaz de compreender a estrutura textual do gênero. O relato é organizado partindo das
informações mais relevantes para as secundárias, como numa pirâmide invertida, através do lide8
. É preciso considerar o atravessamento da dimensão discursiva em que os aspectos
sócio-históricos da situação comunicativa dependem das intenções e vontades do enunciador
que faz uma apreciação valorativa sobre o que será noticiado, bem como a avaliação dos
leitores. Assim, o produtor da notícia fará suas escolhas linguísticas, de composição e estilo, e de
aspectos extralinguísticos, que são os contextos situacionais de validação ou invalidação, daquilo
que será veiculado.

7
Ver em Lage (2006).
8
De acordo com Nilson Lage (2006), o lide corresponde ao primeiro parágrafo da notícia do jornalismo impresso, embora
possa haver outros lides em seu corpo. O lide se constitui como um elemento fundamental do texto jornalístico, que expressa
a função das linhas iniciais de uma matéria, além de orientar o leitor à leitura dos outros parágrafos. O lide, deve responder às
seguintes perguntas: o quê (a ação), quem (o agente), quando (o tempo), o onde (o lugar), como (o modo) e por que (o
motivo) do acontecimento da história.

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Orientações para a realização de atividades

A ementa da unidade curricular, orienta para o desenvolvimento de habilidades


relacionadas às seleção, mobilização, mediação e promoção da comunicação tendo em vista os
princípios éticos e o exercício da cidadania. Além disso, a identificação e seleção de critérios e parâmetros de
interação e de auto expressão na internet de forma segura, responsável, crítica, ética e consciente e, para tanto,
o trabalho com as fake news reforça a importância de se analisar com criticidade a informação
lida antes de repassá-la. Assim, torna-se imprescindível discutir essa questão no ambiente
escolar, visando à formação de jovens críticos e atuantes na vida social. Sugerimos a leitura do
livro Os Elementos do Jornalismo (2003), em que os autores escreveram sobre a profissão do
jornalista, a teoria e a cultura do jornalismo. Os autores da obra, Kovach e Rosenstiel, chegaram
a algumas reflexões: a) a primeira obrigação do jornalismo é com a verdade, b) a primeira
lealdade do jornalismo é com os cidadãos, c) a essência do jornalismo é a disciplina da
verificação, d) os praticantes do jornalismo devem manter independência daqueles a quem
cobrem, e) o jornalismo deve ser um monitor independente do poder, f) o jornalismo deve
abrir espaço para a crítica e o compromisso público, g) o jornalismo deve empenhar-se para
apresentar o que é significativo de forma interessante e relevante, h) o jornalismo deve
apresentar as notícias de forma compreensível e proporcional, i) os jornalistas devem ser livres
para trabalhar de acordo com sua consciência. Kovach e Rosenstiel apresentam elementos que
julgam ser a finalidade do jornalismo que é fornecer informação às pessoas para que estas sejam
livres e capazes de se autogovernar; além de orientar para a avaliação criteriosa que os sujeitos
devem ter ao receber as notícias. É preciso levar os estudantes a refletirem sobre como as
notícias são apresentadas, mesmo que o jornalista tenha uma boa formação técnica, há questões
sociais e filosóficas que a profissão não é capaz de resolver a partir de sua prática profissional e
que, muitas vezes, os conceitos de fato, opinião, verdade, objetividade etc., são constituídos de
certo relativismo.

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Orientações para a avaliação

1º momento: Apresentação dos gêneros jornalísticos digitais; leitura de referências


Apresentação da relacionadas ao jornalismo e ao contexto político-social brasileiro.
atividade Apresentação do conceito de fake news.

2º momento: Divisão dos estudantes em grupos, e cada um deles pesquisará um tema


Orientação aos a ser definido pelo professor.
estudantes Cada grupo deve buscar na internet informações sobre a notícia e
procurá-la em várias mídias e/ou vários sites.

Reflexões iniciais: a) Há apresentação de fatos? b) Se sim, os fatos são


apresentados dentro de um contexto histórico? c) O texto usa dados
3º momento: estatísticos? d) Se sim, como o autor usa esses dados? e) O autor
Reflexões apresenta um ponto de vista? f) Se sim, como ele é apresentado? g) Os
fatos são apresentados dentro de um contexto histórico? h) Há relação
dos fatos apresentados no texto com fatos recentes da história? e) O
texto apresenta mais de uma visão sobre o tema? f) Há imagens no
texto? O que ela Representa? Se sim, o texto dialoga com a imagem?

Para checagem das notícias, deve-se observar as terminações dos


4º momento: endereços eletrônicos como: .org, .edu, .com., .br, dentre outros, e o que
Desenvolvimento cada um significa.
da atividade Em relação à estrutura textual, deve-se observar o gênero, a estrutura
composicional, a temática e o estilo próprio da notícia.
Após as reflexões linguísticas e extralinguísticas, as notícias devem ser
apresentadas de forma hipertextual para que sejam realizadas as
comparação.

Após a execução da atividade, é importante observar se os estudantes


5º momento: conseguem fazer a leitura crítica dos textos digitais; são capazes de
Avaliação buscar dados científicos e seguros; demonstram interesse e se sentem
motivados a participar da atividade sugerida em sala de aula.

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A disseminação de notícias falsas pode ser relacionada à herança nefasta do chefe da


propaganda nazista, Joseph Goebbels, que afirmava que “uma mentira repetida mil vezes vira
verdade”. O que muitas vezes chamamos de “fatos”, pode se configurar apenas como um
recorte ou representações do fato e o sentido dependerá da subjetividade de cada indivíduo. As
fake news são disseminadas à medida que se relacionam com as subjetividades do sujeito que
acredita nas informações que estão de acordo com as suas crenças e se configuram como
assuntos relevantes como conteúdos importantes no ensino da língua portuguesa, por conter
elementos linguísticos e extralinguísticos indispensáveis na construção do saber.
A habilidade de lidar com diferentes textos se desenvolve de forma implícita e, muitas
vezes, fora dos muros da escola. O complexo universo de construção de sentidos, a partir da
abordagem dos letramentos e da multimodalidade, dão subsídios para práticas dos
multiletramentos. É necessário conceber os textos como uma união social e cultural e as
imagens representam ações, objetos e situações. As imagens produzem interação ou significado
interpessoal entre o que vê e o que é visto pelo uso de características como cor, ângulo,
distância e tipo de mídia empregada (fotografia, desenho, diagrama etc.).
Assim, propomos como atividades pedagógicas relacionadas à unidade curricular
(multi)letramentos, ética e cidadania, textos que desenvolvam a habilidade de compreender
como os autores das produções textuais utilizam a língua, atrelando à linguagem verbal às
fotografias, gráficos, desenhos e músicas para construir representações motivadas por interesses
específicos, visto que o uso de signos visuais não é neutro, ao contrário, trata da definição da
realidade social. É importante explicitar as formas como as pessoas empregam os recursos
visuais de sentido, de modos particulares para buscarem determinados efeitos na sua audiência,
contribuindo, assim, para formar leitores críticos e produtores de textos engajados com as
questões literárias e/ou sociais.
Concordamos com Gaydeczka e Karwoski (2015), ao afirmarem que o ensino e a
aprendizagem devem promover atividades organizadas e privilegiar os avanços tecnológicos na
sociedade, a fim de incorporar e implementar o uso das tecnologias de maneira efetiva no

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ambiente escolar. Os abismos que se abrem entre a escola e as novas práticas tecnológicas
podem comprometer o ensino e ampliar o marasmo ou a desmotivação dos estudantes. Para
uma geração acostumada com a substituição de novidades, de versões atuais, sempre mais
modernas, fica claro que a comunidade escolar precisa estar preparada para enfrentar desafios,
transpondo a cultura da superficialidade, evitando o descartável. Ao assumir os
multiletramentos e oferecer ao aluno possibilidades de leituras impressas, na tela de
computador (desktop ou notebook) ou pela tela do celular, fica a seu critério escolher o suporte
de leitura que o estimule à prática de ler por prazer e que, assim, promoverá a formação das
habilidades necessárias para a vivência na sociedade digital, sobretudo com mais motivação.

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