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Equipe de elaboração
Ana Karine Pereira de Holanda Bastos
Equipe de coordenação
Alison Fagner de Souza e Silva
Chefe da Unidade do Ensino Médio (GEPEM/SEDE)
Revisão
Andreza Shirlene Figueiredo de Souza
Chrystiane Carla S. N. Dias de Araújo
Rosimere Pereira de Albuquerque
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Sumário
1. Apresentação 5
2. Noções de Alfabetização e Letramentos 10
Orientações para a realização de atividades 12
Orientações para a Avaliação 12
3. Pedagogia dos Multiletramentos 13
Orientações para a realização de atividades 27
Orientações para a Avaliação 37
4. Multiletramentos na Cultura Digital: as fake news 38
Orientações para a realização de atividades 41
Orientações para a avaliação 42
5. Referências Bibliográficas 45
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1. Apresentação
Prezado Professor,
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leitura / análise e produção de textos em meio digital que se proponham a comunicar ações individuais e
coletivas. Seleção e mobilização de conhecimentos e recursos das múltiplas linguagens. Identificação e seleção de
critérios e parâmetros de interação e de auto expressão na internet de forma segura, responsável, crítica, ética e
consciente.
As habilidades a serem desenvolvidas, a partir da ementa, estão diretamente relacionadas
ao eixo Mediação e Intervenção Sociocultural (EMIFLGG08) a fim de que o discente possa selecionar
e mobilizar intencionalmente conhecimentos e recursos das múltiplas linguagens nos mais diferentes gêneros para
propor ações individuais e/ou coletivas de mediação e promover a comunicação tendo em vista os princípios éticos
e o exercício da cidadania. Esse direcionamento nos leva a refletir sobre o trabalho da comunidade
escolar como instituição que deve promover o saber, visto que a função primordial da escola é
ensinar conteúdos e formar cidadãos para que eles desenvolvam a criticidade, a criatividade, o
senso de justiça, além de empreender no enfrentamento dos desafios diários, mobilizando,
assim, saberes construídos ao longo de sua trajetória de vida usando, ou não, as ferramentas
tecnológicas que possibilitam o crescimento, desenvolvimento e praticidade na vida e no
mundo.
Nesse contexto, as trilhas Tecnologias Digitais; ComunicAÇÃO e Possibilidades em
rede e Humanização dos espaços buscam aproximar as mudanças ocorridas nos vários âmbitos
da sociedade e a realidade vivenciada pelos estudantes no âmbito escolar. Dessa forma, faz-se
necessário incorporar as novas tecnologias na escola através do projeto político pedagógico,
projetos educacionais, ações pedagógicas e enfoque nos procedimentos metodológicos de
aplicação de abordagem de conteúdos, dentre outros. A trilha pedagógica Tecnologias Digitais
apresenta a incorporação das diversas tecnologias no contexto educacional e, para isso, faz-se
necessário a assimilação conceitual de conteúdos relacionados à tecnologia, que, na sala de aula,
pode ser representada pelo uso didático-pedagógico da tv, computador, celular, internet etc.
Geralmente, a Tecnologia Educacional está relacionada às Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) ou Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs). O
avanço das tecnologias digitais promove a interconectividade entre os indivíduos e favorece a
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criação de variadas formas de interação social, a partir das novas práticas textuais e discursivas
(engajar, clicar, postar, curtir, deletar, cancelar etc.). Vale ressaltar que as habilidades da temática
(Multi)letramentos, ética e cidadania podem ser abordadas em outras unidades ao longo do
Ensino Médio, como tema que atravessa questões relacionadas ao desenvolvimento da leitura,
multimodalidades, ética e cidadania, dentre outras.
A trilha ComunicAÇÃO concebe a comunicação como um fenômeno amplo, dialógico
e em constante movimento (AÇÃO), reinventando os dizeres, os olhares, instaurando novos
modos de ser e estar no mundo e perceber o real. O foco da abordagem é direcionado à
apropriação dos conceitos de signos, de símbolos, de sentidos e de significados que envolvem o
ato de se comunicar nos diversos contextos de uso da língua, levando-se em consideração as
diversas esferas das atividades humanas. A comunicação, seja oral, escrita, corporal, artística,
representada ou não na modalidade virtual, corresponde a um fenômeno inerente ao homem, já
que nenhum outro animal se utiliza de símbolos tão elaborados quanto ele. Ao utilizar a
linguagem, o homem mobiliza variados conceitos cognitivos e sentimentos para transmitir e
construir saberes, interagir e produzir cultura e conhecimentos fundamentais para aplicá-los na
sociedade.
Por fim, a trilha Possibilidades em rede e Humanização dos espaços considera a
educação em rede, valorizando a coletividade, a colaboração e o compromisso do estudante no
ciberespaço. As redes estão em constante mudança, possibilitando as frequentes atualizações
dos usuários. Utilizar os ciberespaços em sala de aula, deve levar em conta o caráter positivo das
redes, como a cooperação e a divulgação das informações em tempo real, como estratégias de
ensino integradas à realidade social do estudante. Atrelada à rede, deve-se pensar na
humanização dos espaços como locais onde se desenvolve o ensino e a aprendizagem,
estabelece-se vínculos a partir do público-alvo, este que inclui toda a comunidade escolar,
sobretudo os estudantes. Ao percorrer essa trilha, o estudante deverá ser capaz de atuar de
maneira autônoma e criativa na execução de seus projetos pessoais e/ou coletivos no contexto
das redes de distribuição e utilização de recursos, considerando os contextos sociais, ambientais
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em um mundo tecnológico e, portanto, são usuários nativos dessas comunicações. Com isso,
tais procedimentos passam a exigir o desenvolvimento de diferentes habilidades. Propomos,
então, uma atividade que contempla os multiletramentos na sala de aula, os quais mobilizam
distintas habilidades, visando à compreensão textual. As novas tecnologias de informação,
comunicação e expressão se apresentam como ferramentas promissoras para aproximar o fazer
pedagógico dos professores às necessidades dos estudantes de dominar novos letramentos
como o digital (uso das tecnologias digitais), o visual (uso das imagens), o sonoro (uso de sons,
de áudio), o informacional (busca crítica da informação), ou os múltiplos letramentos, como
têm sido tratados na literatura.
Para finalizar a unidade curricular (Multi)letramentos, ética e cidadania, reafirmamos
a importância do desenvolvimento de novas habilidades relacionadas à leitura e à escrita, diante
das novas tecnologias existentes e da importância da pesquisa, da análise e da checagem de
informações, uma vez que a dinâmica de circulação de fatos falsos está fortemente ancorada nas
ações de leitura crítica, de produção e/ou de compartilhamento das informações disponíveis.
Neste sentido, a abordagem das fake news deve ser foco de pesquisas daqueles que trabalham
com o ensino e a aprendizagem da língua/linguagem, como forma de promover novas formas
de letramento. As fake news estão diretamente inseridas na cultura digital e, consequentemente,
nos multiletramentos, uma vez que a dinâmica de circulação de notícias envolve as redes sociais
e todos aqueles que as utilizam. Assim, é de extrema importância o diálogo aberto e a análise
atenta de distintos textos/gêneros em circulação, os quais exigem atenção de todos os usuários
de notícias em textos impressos e/ou nos espaços digitais.
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consideram-no como um processo que envolve práticas de leitura, escrita e oralidade, como
práticas que se constituem mutuamente.
No Brasil, à medida que o analfabetismo foi sendo combatido, e que um número cada
vez maior de pessoas tinham acesso à escola, onde aprendiam a ler e a escrever, a sociedade se
tornava cada vez mais centrada na escrita, evidenciando um novo fenômeno: não bastava
apenas se alfabetizar, ou seja, aprender a ler e a escrever, mas devia-se adquirir a competência
para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com práticas sociais de escrita (SOARES, 1998).
Dessa forma, ocorreu uma progressiva extensão do conceito de alfabetização (conhecimento
do código linguístico) para o letramento (capacitação do aprendiz nas práticas sociais de
linguagem e seu uso nos domínios discursivos). Assim, o letramento vai além da habilidade de
codificar e decodificar nomes, está relacionado à capacidade de usar a leitura e a escrita para
uma prática social. O conceito de letramentos se refere às práticas de leitura e de escrita
realizadas plena e efetivamente em sociedades que valorizam a escrita como atividade social,
histórica e culturalmente determinada e com propósitos comunicativos inerentes.
Em contrapartida, os multiletramentos têm se apresentado como perspectivas
importantes no ensino e na aprendizagem da língua portuguesa. Rojo e Moura (2012)
explicitam que o conceito de ‘multiletramentos’ aponta para dois tipos importantes de
multiplicidade presentes nas sociedades urbanas: (i) a multiplicidade cultural das populações –
multiculturalismo e (ii) a multiplicidade de linguagens – multissemiose e de mídias - semiótica
de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica. Uma educação
linguística deve levar em conta: a) os multiletramentos de maneira crítica, ética e democrática; b)
os letramentos multissemióticos; c) os letramentos críticos no trato ético dos discursos: as
condições de produção, os sujeitos e o dialogismo decorrentes e d) estratégias de leitura
multimodal (GAYDECZKA e KARWOSKI, 2015).
Algumas questões são levantadas sobre a temática e merecem maior reflexão: por que
abordar a diversidade cultural e a diversidade de linguagens na escola? Há lugar na
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A noção de “agência” está relacionada a uma visão interacional e social de linguagem e que considera gênero como um
meio de agência e como ações tipificadas que dão formas às nossas ações e intenções. Bazerman (2006) considera a escrita
acadêmica imbuída de agência, em que os estudantes devem ser vistos como agentes sociais que aprendem a escrever de
forma satisfatória, textos que materializam gêneros tipificados para agir nas diversas formas interacionais tanto na escola
quanto no mundo.
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para o texto eletrônico coloca o signo verbal (palavra) num continuum de signos de outras
modalidades de linguagem (imagens bidimensionais, tridimensionais fixas ou em movimento,
signo verbal escrito ou oral com tipografias diversas, músicas, sons etc.).
Essas mudanças trazem novas possibilidades de pesquisa e desafios de percepção dos
objetos de pesquisa no campo da linguística e da linguística aplicada. Mudanças em que os
letramentos são muitos e diferenciados, cotidianos e institucionais, valorizados e
não-valorizados, locais e globais (ROJO, 2012). Como educadores, precisamos auxiliar os
estudantes a se tornarem mais conscientes dessas formas de trabalhar através de múltiplos
modos de comunicação na contemporaneidade. Quando pensamos a realidade das escolas,
observa-se que essa tendência já era seguida desde que os materiais impressos (bidimensionais,
planos e fixos) usados nas escolas passaram a ser caracterizados por uma maior riqueza nos
aspectos tipográficos visuais; isso transformou o letramento tradicional (da letra) em um tipo de
letramento insuficiente para dar conta daqueles aspectos necessários para agir na vida cotidiana.
Nesse novo cenário que se apresenta às escolas do século XXI, a implementação de
políticas públicas na aquisição das ferramentas tecnológicas, deve ser o primeiro passo para a
comunidade escolar ter acesso a computadores, notebooks etc. Além disso, é imprescindível
que sejam asseguradas as Capacitações/Formações Continuadas de Professores para que eles se
mantenham bem qualificados e assumam postura ativa, crítica e reflexiva de suas próprias
práticas pedagógicas e seguros a enfrentar as mudanças educacionais da sua época. A escola
atual precisa levar em consideração que as produções culturais que estão à nossa volta são um
conjunto de textos híbridos de diferentes gêneros, campos e de produtores variados que servem
tanto para alfabetizar como para letrar o indivíduo. Vale salientar que por textos híbridos
devemos entender que se trata não apenas dos aspectos tipológicos, mas, sobretudo de
diferentes letramentos (vernaculares e dominantes), de diferentes campos (ditos popular/de
massa/erudito); visto que o ensino de língua portuguesa tem requerido cada vez dos alunos o
refinamento das habilidades de leitura e escrita, de fala e de escuta de gêneros variados
presentes nas diversas práticas sócio letradas.
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Nesse sentido, os professores precisam aprimorar suas práticas escolares, para adequar o
ensino às modificações sociais à pluralidade cultural e dominar os vários gêneros que
emergiram com as novas demandas sociais, como a comunicação através dos aplicativos
celulares; e, além disso, articular o ensino da língua portuguesa, que desde a década de 1990,
com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 e dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) em 1997/1998, já indicavam que o ensino devia contemplar o
desenvolvimento de habilidades e abordar a noção de gêneros do texto/discurso para o
primeiro plano das questões de ensino e de aprendizagem da língua. O texto é organizado
dentro de determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das
condições de produção dos discursos, os quais geram usos sociais que os determinam.
É nessa perspectiva que os pesquisadores do Grupo de Genebra (Joaquim Dolz,
Bernard Schneuwly, Michèle Noverraz) propõem que os gêneros sejam apresentados em
atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um propósito
comunicativo. É claro que há muitos desafios para os professores com os diversos letramentos,
diante da proliferação de mídias, canais de comunicação e da diversidade linguística e cultural,
por isso é necessário promover o acesso e o engajamento crítico dos alunos, elementos
essenciais, para que eles sejam agentes sociais transformadores.
Isso pode ser feito, por exemplo, com a elaboração de material didático que recorra a
vídeos em língua portuguesa para que as atuais tecnologias digitais possam adentrar a sala de
aula e promovam a construção e circulação de conhecimento na escola. Além disso, deve-se
trabalhar com protótipos, ou seja, estruturas flexíveis e vazadas que permitam as modificações
por parte daqueles que queiram utilizá-las em outros contextos que não o das propostas iniciais.
A Pedagogia dos Multiletramentos exige e incentiva um aluno crítico, autônomo e sujeito de sua
aprendizagem, transformando-se em criadores de conteúdos e de sentido. O docente ao invés
de discriminar o uso da internet e dos celulares e suas câmeras na escola, deve aproveitar esses
instrumentos como recursos para a interação e comunicação.
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O Twitter foi criado em 13 de julho de 2006 pela Oblivious, em São Francisco, nos EUA, por Jack Dorsey a partir da ideia
de unir as SMS (mensagens via celular) e mídias sociais. Os caracteres do Twitter, em 2017, passaram de 140 para 280.
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1996); letramento eletrônico (BUZATO, 2001); letramento digital (XAVIER, 2005; BRAGA,
2007); letramento literário (COSSON, 2011); letramento metamidiático (LEMKE, 2010);
multiletramentos (ROJO, 2012); letramento multimodal ou multimidiático (BOWEN;
WHITHAUS, 2013); letramentos sociais (STREET, 2014), dentre outros.
O conceito de letramentos refere-se, então, às práticas de leitura e de escrita realizadas
plena e efetivamente em sociedades que valorizam a escrita como atividade social, histórica e
culturalmente determinada e com propósitos comunicativos inerentes. Assim, a educação
linguística deve levar em conta: a) os multiletramentos de maneira crítica, ética e democrática; b)
os letramentos multissemióticos; c) os letramentos críticos no trato ético dos discursos: as
condições de produção, os sujeitos e o dialogismo decorrentes; d) estratégias de leitura
multimodal. Portanto, o processo de ensino relaciona a aprendizagem de conceitos ao
desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas e enfrentamento de desafios,
princípios indissociáveis das práticas sociais letradas.
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Catarina de Cleves diante da Virgem (Livro: As Horas de Catarina de Cleves, século XV (1440)
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Horas_de_Catarina_de_Cleves Acesso em 05/03/2022
Para Nascimento et al. (2011), os recursos tipográficos, como fonte, negrito ou uso de
cor, servem para salientar determinados elementos ou criar efeitos de sentido particulares: por
exemplo, fontes serifadas, como a Times New Roman, podem remeter a contextos jornalísticos.
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Além disso, as escolhas na cor da fonte podem estabelecer filiações com determinados grupos
sociais como as variedades de cores, com diversidade ou orientações híbridas. Ao colocar um
texto em colunas e usar linhas e/ou marcas gráficas para evidenciar trechos do texto, o autor
faz uso de algum recurso da multimodalidade, com o objetivo premente de orientar a leitura. A
tipografia, que é a arte de criação na composição e impressão de um texto, física ou
digitalmente, tem como objetivo principal dar ordem estrutural e dar forma à comunicação
escrita.
A hipermodalidade amplia o sentido de multimodalidade, ao extrapolar o texto
planificado e o texto linear, pois não se trata mais de uma justaposição de texto, imagens e sons,
mas sim de um design diferenciado que interliga as diferentes modalidades presentes nos textos.
O hipertexto e as hipermídias, visualizados por meio dos links, apresentam múltiplas sequências
e possibilidades de trajetória. Para trabalhar nessa perspectiva, o professor deve engajar os
alunos no processo e traçar estratégias que as levem do conhecimento prévio à criação.
Desse modo, é necessário dominar e fazer uso de novas ferramentas – além das da
escrita manual (papel, pena, lápis, caneta, giz e lousa) e impressora (tipografia, imprensa) – de
áudio, vídeo, tratamento de imagem, edição e diagramação. Com efeito, o texto está perdendo
seu caráter único, fechado, engessado; o texto agora pode ser questionado, dialogado,
relacionado, já que seu caráter multi agora é hiper: hipertextos, hipermídias e afins.
Consequentemente, a aprendizagem também muda: já não somos mais prisioneiros de um
prisma único do autor que escreveu, podemos agora nos libertar interagindo com outros textos,
imagens e sons. Os textos trabalhados agora na perspectiva do multiletramento são interativos,
colaborativos, transgressivos, híbridos e fronteiriços.
Portanto, ensinar numa perspectiva dos multiletramentos, requer do professor preparar
aulas levando em conta as TICs ou TDICs, visto que ensinar língua portuguesa, hoje em dia,
requer o domínio de novas mídias que nos ajudem a renovar, reinventar nossa prática de
ensinar, nossa didática, não somente letrando, mas, sobretudo multiletrando, instando os alunos
a produzirem blogs, vídeos e radioblogs, por exemplo. Nessa perspectiva, cabe à escola e aos
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próprios no ciberespaço para que alunos e professores possam ampliar e promover debates
sobre os conteúdos ministrados em sala, colaborando para o letramento. Nesse contexto,
podemos perceber que o uso das TICs (ou TDICs) se justifica, pois se apresentam como
ferramentas inovadoras, criativas e pouco exploradas pela escola e pelos professores, sendo
capazes de dar uma nova dimensão quanto ao tempo e ao espaço dedicados à aprendizagem.
Ademais, ensinar nesse novo contexto de sociedade da informação, apresenta-se também como
um novo espaço de atuação para o professor, qual seja, o virtual. Envolve, portanto, o
desenvolvimento das competências em leitura e escrita no ciberespaço.
A pesquisa escolar em tempo de transição deve considerar e aprimorar a forma como os
alunos usam a internet como recurso de pesquisa, caso contrário, ela será utilizada
simplesmente como forma de copiar os trabalhos solicitados pelos professores. Diante disso,
formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento
hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação e a capacidade
de memorizar e classificar (PERRENOUD, 2000). Contudo, destacamos que, ao optar por uma
proposta pedagógica de uso das TICs/TDICs, o professor deve estar disposto a um
gerenciamento democrático que possibilite a formação de indivíduos capazes de realizar leitura
crítica dos meios, desenvolvendo a capacidade de argumentação crítica, escrita e oral. Essa
interação entre gerações – imigrantes e nativos digitais – em torno das ferramentas tecnológicas
pode favorecer e estreitar as relações entre professores e alunos e entre os próprios alunos.
Dessa forma, ao fazer valer as TICs/TDICs na aprendizagem formal, pretende-se tornar o
processo ensino/aprendizagem mais democrático e prazeroso, pois proporciona conflitos de
ideias e opiniões que permitem uma reflexão crítica, aperfeiçoada no exercício do diálogo, da
autoria e coautoria, bem como a reinterpretação de conceitos e práticas; saberes estes
fundamentais para que um indivíduo compreenda diversos gêneros textuais relacionados ao
saber científico, ou seja, o desenvolvimento de tais competências favorece o letramento
científico.
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Nascimento et al. (2011) destacam que o crescente espaço que as imagens vêm ocupando
no meio social, em comparação com a linguagem verbal, nos mais diversos textos de nosso dia
a dia, evidencia a importância dos diversos recursos de sentido empregados em imagens, tais
como: o enquadramento, a seleção de cores e a distribuição dos elementos na página/tela.
Atualmente, o texto escrito é apenas uma parte integrante de documentos complexos que
incorporam, de modo coeso, imagens e formas gráficas, seja complementando ou, por vezes,
substituindo o texto verbal.
Na atualidade, Kress e van Leeuwen (1996) preveem uma tendência à valorização dos
aspectos visuais dos textos, ao afirmar que a língua enquanto escrita será progressivamente
suplantada pela imagem em diversas áreas da comunicação pública, visto que os textos
impressos vêm perdendo espaço para os textos digitais. Isso implica conceber que as imagens,
assim como a linguagem verbal, devem ser entendidas enquanto um sistema semiótico, ou seja,
um conjunto de signos socialmente compartilhados e regidos por determinados princípios e
regularidades, que utilizamos para representar nossas experiências e negociar nossa relação com
os outros. Sendo assim, a prática educativa deve favorecer o desenvolvimento da competência
comunicativa multimodal que envolve o conhecimento e uso adequado de diferentes recursos
semióticos como gestos, sons e imagens na comunicação contemporânea, além das demais
competências comunicativas.
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contextos sociais, que impõem novas exigências aos processos de desenvolvimento profissional,
uma vez que é preciso ser capaz de contemplar os problemas relacionados à linguagem e seus
usos sociais nas propostas de ensino (MOITA LOPES, 2006). Nas atividades da unidade
curricular (Multi)letramentos, ética e cidadania o docente deve ter como Foco
Pedagógico:
- Realização de leitura crítica de textos/gêneros digitais, ou não, observando os aspectos
estruturais de composição do gênero e o propósito comunicativo de circulação dos
gêneros na sociedade;
- Identificação de como utilizar os conhecimentos gerados pela análise dos recursos
multissemióticos presentes nos textos/gêneros multimodais presentes no meio social;
- Planejamento e utilização dos recursos multissemióticos presentes nos textos
multimodais, em língua portuguesa para mediar e intervir socioculturalmente;
- Seleção de conhecimentos que explorem as diversas práticas de linguagem, orais ou
escritas e a finalidade comunicativa de cada modalidade da linguagem;
- Ampliação de conhecimentos sobre o problema a ser enfrentado, por meio de leitura e
análise crítica de textos/gêneros do meio digital (ou não), nas modalidades orais ou
escritas, que promovam ações individuais e/ou coletivas (fanfic, nanoconto, miniconto,
videoclipe, e-zine, fanzine, hiperconto, ciberpoema, meme, gif, blog, vlog, podcast,
documentário etc.), apontando a estrutura composicional, estilo e conteúdo temático.
- Planejamento, execução e avaliação de ação social e/ou ambiental que responda às
necessidades e interesses do contexto social, selecionando e mobilizando conhecimentos
e recursos que explorem as diversas práticas sociais de linguagem (leitura, letramento
literário, produção de textos, oralidade e análise linguística/semiótica).
- Selecionar estratégias que capacitem os estudantes a identificar, com segurança e ética,
parâmetros de interação e auto expressão na internet – curadoria.
- Superação de situações de estranheza, resistência, conflitos interculturais, dentre outros
possíveis obstáculos, com necessários ajustes de rota, através da mobilização dos
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estudantes para produzirem textos dos gêneros do meio digital que poderão ser
publicados e compartilhados com outros leitores on-line.
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Adaptação da atividade proposta em ROJO, R.; BARBOSA, J. (Orgs). Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros
discursivos. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p. 137 a 141.
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certas experiências, além de serem disciplinadas e bondosas para, assim, serem recompensadas,
e, se desobedientes, deveriam ser castigadas. As duas versões têm personagens e enredo
semelhantes, porém, na versão dos Grimm, é acrescentada a resolução do problema, em que o
caçador mata o lobo e salva as duas mulheres, e foi esta versão que chegou até nós.
Durante a leitura do conto, deve-se analisar o gênero, as personagens envolvidas, o
clímax e o desfecho da história; após a leitura impressa, deve-se assistir ao vídeo da fanclipe
(Sponsored by destiny4 (Patrocinado pelo destino). A partir do recorte das telas, proposto, pode-se
analisar as imagens com uma música de fundo do grupo musical islandês Slagsmålsklubben. A
atividade deve levantar questões sobre quais letramentos são necessários para
compreender o texto/gênero?
A tela 1 apresenta uma estante colorida repleta de livros coloridos e de onde sai da
prateleira um livro vermelho que faz referência, através da paráfrase ou paródia, de Little Red
Riding Hood (Chapeuzinho Vermelho).
Tela 1 Tela 2
4
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Y54ABqSOScQ&t=8s de Tomas Nilsson. Data de acesso: 7 de março de
2022.
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Tela 3 Tela 4
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Kress e Van Leeuwen (1996) consideram que as imagens visuais e todos os modos
semióticos devem ser lidos como textos socialmente construídos e estão diretamente
relacionados ao Letramento Visual que é a habilidade de interpretar a informação visualmente
apresentada baseando-se na premissa de que imagens podem ser lidas, e que seu significado
pode ser decodificado através de um processo de leitura. As habilidades a serem desenvolvidas
nesse tipo de letramento estão relacionadas à: observar, identificar detalhes, compreender as
relações visuais, pensar, analisar, criar e comunicar criativamente através de recursos imagéticos,
que devem ser mobilizados na análise do fanclipe Sponsored by destiny.
A Gramática Visual desenvolvida por Kress e Van Leeuwen (2006), orienta para alguns
aspectos que devem ser considerados nas imagens como o contexto, a audiência
(leitor/receptor), o propósito (enunciado/mensagem), o produtor (emissor), o layout (os
elementos dentro da imagem enfatizam um enunciado verbal). Vários gêneros são apresentados
no vídeo como: gráficos, infográficos, mapas, embalagens, dentre outros. Os aspectos
estruturais dos gêneros como a composição, o tema, o estilo e a função comunicativa devem ser
ressaltados, a depender do tópico da aula. Além da diversidade de gêneros apresentados no
fanclipe e dos distintos letramentos que são mobilizados para a compreensão textual, o vídeo
pode ser usado como material pedagógico aos professores de diferentes componentes
curriculares, já que as noções apresentadas podem ser exploradas de forma intertextuais e
interdisciplinares.
Tela 6 Tela 7
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A tela 6 apresenta parte do percurso percorrido pela Chapeuzinho Vermelho que pedala
uma bicicleta da sua casa rumo à casa da sua avó. O professor pode fazer várias abordagens
nessa imagem como a importância das atividades físicas na educação corporal e a educação
ambiental, que tem como objetivos contribuir para a formação de cidadãos conscientes e
comprometidos com o meio ambiente local e global. O meio ambiente não pode se restringir
apenas ao ambiente biológico e físico, mas abarca também aos cuidados com as relações sociais,
econômicas e culturais.
A Educação Ambiental deve ser vista como uma educação política por estar
relacionada ao comprometimento do cidadão que deve buscar alternativas para o bem comum,
além de ser entendida como processo, por meio do qual o ser e a coletividade constroem
valores sociais, atitudes, habilidades e competências em busca de conhecimentos para a
conservação do meio ambiente. Dessa forma, urge elaborar medidas para solucionar problemas
ambientais que estão cada vez mais alarmantes como a exploração das florestas, dos rios, do ar
etc., na tentativa de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, hoje, e das gerações futuras.
Tela 8
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Tela 9
Esse aspecto é confirmado no vídeo pelas imagens da rua onde está situada a casa da
Chapeuzinho Vermelho (South Grimm Street) (tela 9), em que aparecem as casas sem nenhuma
vegetação aparente. O planejamento urbano lida com os processos de produção, estruturação e
apropriação do espaço urbano. O processo de interferência no espaço urbano vai depender do
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Tela 10
Tela 11
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Os aspectos textuais como enredo, personagens e espaço devem ser ressaltados, os quais
apresentam três mulheres (a avó, a mãe e a menina) inseridas na narrativa, em que a
protagonista se mostra forte e decidida quando ela desobedece à mãe, isto é, se impõe, mas ao
mesmo tempo se mostra ingênua e vulnerável, quando se deixa enganar pelo antagonista, o
lobo mau, e põe em risco a própria vida.
Tela 12 Tela 13
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Tela 14 Tela 15
Tela 17
A última tela apresentada aqui (tela 17) é composta de uma sequência de quatro imagens
em que aparecem o tamanho das barras do gráfico, com cores diferentes, que corresponde à
felicidade da avó e da Chapeuzinho Vermelho. O escore de felicidade lembra, ao espectador, o
layout da tela da pontuação dos videogames. O autor do vídeo ao remixar o conto de fadas
tradicional com imagens de gêneros do discurso científico como os gráficos, mapas, plantas
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baixa etc., criou um efeito original de paródia científica de um gênero literário e de veracidade
de uma história ficcional, além de criar um efeito de renovação e de modernidade no conto e
que, também, está relacionado à música do vídeo que é um rock.
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5
A pós-verdade é um dos elementos da era digital que está abalando as crenças e valores, devido aos dilemas enfrentados
pela sociedade atual, que é a necessidade de conviver com a complexidade do mundo contemporâneo, ocasionado pelas
tecnologias digitais de informação e comunicação (ou TDICs). Pós-verdade é um termo já incorporado ao vocabulário da
mídia global. O conceito está relacionado às circunstâncias em que as pessoas respondem mais aos sentimentos e às crenças
que a apresentação dos fatos.
6
Paulo Freire (1987) é considerado a fonte seminal dos estudos de Letramentos, embora o autor tenha optado por usar
termos como: pedagogia emancipatória, pedagogia crítica, pedagogia libertadora e empoderamento.
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sobre as profundas desigualdades existentes no Brasil, com incentivo de ações que visem às
mudanças e em soluções pautadas na justiça e na igualdade.
Como proposta educacional para solucionar a produção e disseminação das fake news é
preciso estimular o Letramento Digital, já abordado no tópico anterior, e o Letramento
Crítico que devem ser desenvolvidos pelos estudantes desde a educação básica, passando pelo
ensino médio até o ensino superior. O domínio dos Letramentos Digitais e o Letramento
Crítico, levando em conta a multimodalidade, os hipertextos e as hipermídias, são condições
para que o sujeito saiba identificar as fake news, já que para acessar os links e checar as
informações é preciso mobilizar habilidades e ferramentas digitais, da configuração textual e
hipertextual da notícia.
Para trabalhar as fake news em sala de aula, sugerimos a análise do gênero notícia de
jornal, em que os estudantes devem estar familiarizados com a estrutura do gênero7, com a
tipologia textual dissertativa-argumentativa, além de pesquisar conteúdos informativos que
estejam fortemente vinculados ao contexto político-social brasileiro. A notícia é um relato de
fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade e que esta seja
capaz de compreender a estrutura textual do gênero. O relato é organizado partindo das
informações mais relevantes para as secundárias, como numa pirâmide invertida, através do lide8
. É preciso considerar o atravessamento da dimensão discursiva em que os aspectos
sócio-históricos da situação comunicativa dependem das intenções e vontades do enunciador
que faz uma apreciação valorativa sobre o que será noticiado, bem como a avaliação dos
leitores. Assim, o produtor da notícia fará suas escolhas linguísticas, de composição e estilo, e de
aspectos extralinguísticos, que são os contextos situacionais de validação ou invalidação, daquilo
que será veiculado.
7
Ver em Lage (2006).
8
De acordo com Nilson Lage (2006), o lide corresponde ao primeiro parágrafo da notícia do jornalismo impresso, embora
possa haver outros lides em seu corpo. O lide se constitui como um elemento fundamental do texto jornalístico, que expressa
a função das linhas iniciais de uma matéria, além de orientar o leitor à leitura dos outros parágrafos. O lide, deve responder às
seguintes perguntas: o quê (a ação), quem (o agente), quando (o tempo), o onde (o lugar), como (o modo) e por que (o
motivo) do acontecimento da história.
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ambiente escolar. Os abismos que se abrem entre a escola e as novas práticas tecnológicas
podem comprometer o ensino e ampliar o marasmo ou a desmotivação dos estudantes. Para
uma geração acostumada com a substituição de novidades, de versões atuais, sempre mais
modernas, fica claro que a comunidade escolar precisa estar preparada para enfrentar desafios,
transpondo a cultura da superficialidade, evitando o descartável. Ao assumir os
multiletramentos e oferecer ao aluno possibilidades de leituras impressas, na tela de
computador (desktop ou notebook) ou pela tela do celular, fica a seu critério escolher o suporte
de leitura que o estimule à prática de ler por prazer e que, assim, promoverá a formação das
habilidades necessárias para a vivência na sociedade digital, sobretudo com mais motivação.
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