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Belo Horizonte
2016
FICHA TÉCNICA
Coordenação Geral
Dagmá Silva Brandão
César Eduardo Moura
Eunice Margaret Coelho
REVISÃO FINAL
Tadeu Rodrigo Ribeiro
Edição: 2016
Nenhum documento nasce pronto. Ele ganha vida é nas escolas, nas salas de
aula e em cada espaço de discussão. Ele produz e é produzido, é tempo e espaço
para a reflexão, para o olhar pedagógico comprometido com aqueles que por
diversos motivos ficaram excluídos do processo de escolarização. Além disso, é
uma orientação que sustenta ações pedagógicas, pensando em uma educação de
qualidade e em uma sociedade mais justa e igualitária.
Esse é o convite que fazemos aos educadores da EJA.
Paulo Freire
1 Introdução
O que representa uma Proposição Curricular? Uma proposição
curricular é um documento que, como o próprio nome determina, tem
a função de orientar a tomada de decisões que envolvem a vida na
escola e, consequentemente, as prioridades de investimentos. Uma
proposta curricular tem como objetivo apresentar uma linha básica
que deve ser respeitada.
Isso não significa que as escolas sejam obrigadas a seguir
rigorosamente modelos idênticos, mas que cada escola elabore a
sua proposta político-pedagógica, tendo as Proposições Curriculares
como documento orientador. Toda proposta nasce como algo
dinâmico, flexível, em torno do qual a vida escolar ganha existência,
atendendo às necessidades de cada comunidade educativa. É um
desafio de todos em busca de uma educação que esteja a serviço
dos que dela mais precisam.
Nesse sentido, as Proposições Curriculares refletem seu contexto,
constituindo-se em espaços de produção, representação e
significação. As Proposições Curriculares envolvem construções
filosóficas, culturais, sociais, éticas, políticas e de caminhos que,
de certa forma, são plurais, heterogêneos e sujeitos às condições
históricas e sociais.
Pensar em uma Proposição Curricular para EJA, atualmente, exige,
ainda que rapidamente, um olhar para o passado que permita
compreender melhor a experiência atual. Esse olhar para o passado,
entretanto, não representa apenas um apanhado histórico sobre aquilo
que foi desenvolvido nessa modalidade de educação. Trata-se de uma
tentativa de entender quais foram suas preocupações norteadoras,
buscando fazer uma avaliação delas e visando estabelecer pontos
de referência para uma nova percepção do que representa uma EJA
hoje, mais focada no desenvolvimento da cidadania e referenciada
nos interesses e necessidades dos estudantes. Pensar a EJA hoje
significa levar em conta a sua origem, que é a educação popular,
cujo eixo central se fundamenta na reflexão e na análise crítica das
próprias condições de existência dos estudantes. Desse modo, a
educação é pensada e planejada não só para instrumentalizar o
estudante com os saberes formais, mas também para conscientizar
e desenvolver sua autonomia.
Secretaria Municipal de Educação
Segundo Paludo, a
Educação Popular representa uma concepção de educação que inicia sua gestação com o
projeto de modernidade brasileira e latino-americana, cujos contornos se inovam e começam
a se delinear de forma mais clara, ganhando adesões nos anos 60 e aprofundando-se nas
décadas de 70 e 80 (PALUDO, 2001, p. 53).
São esses direcionamentos que, se, por um lado, apontam para o desenvolvimento
de uma pedagogia como ciência humanística, sustentam a Proposição Curricular
aqui apresentada. Por outro lado, buscam dialogar com o mundo presente. Esse
diálogo parte de outra contribuição de Arroyo:
Talvez o tempo não seja tanto de voltarmos à história do movimento de educação popular
para reaprendermos com sua história, mas de entender as lições que vêm dos próprios
movimentos sociais populares e da pluralidade de ações coletivas cada vez mais organizadas
e mais visíveis (ARROYO, 2009, p. 408).
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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2 A educação como direito
Não devemos chamar os estudantes à escola para receber
instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições.
Devemos chamá-los para participar coletivamente da construção
de um saber que vai além do saber de pura experiência feita, que
leve em conta as suas necessidades e que se torne instrumento de
luta, possibilitando-lhes transformar-se em sujeitos de suas próprias
histórias (FREIRE, 1995).
A incorporação da educação no conjunto dos direitos da cidadania tem
uma história recente, construída, sobretudo, a partir da emergência
da concepção do direito a ter direitos.
Sob essa premissa, a educação passa a ser vista como um direito
social estruturante, na medida em que representa a base para
a concretização de outros direitos: saúde, liberdade, segurança,
cultura, bem-estar econômico, participação social e política.
Assim, o pleno exercício da educação como um direito social
pressupõe não apenas a aquisição de saberes historicamente
construídos e sistematizados pela humanidade, mas também a
criação de condições para que os sujeitos desenvolvam as múltiplas
dimensões da formação humana.
No mundo contemporâneo, cada vez mais complexo pela emergência
contínua de novas formas de linguagem, aprender por toda a vida
tem-se tornado uma necessidade fundamental. Conceber a EJA
nessa perspectiva significa garantir, além do direito à educação
básica a todos os sujeitos de todas as faixas etárias, o acesso a
ações educativas relativas a questões ambientais, de gênero, de
etnia, de profissionalização etc.
A garantia do direito a aprender por toda a vida se afirma assim como
um ato de resistência e de luta por melhores condições de vida e
de igualdade para todos os sujeitos jovens, adultos e idosos que
buscam na instituição escolar a sua efetivação.
Concebida como conhecimento básico e necessário a todos num
mundo em transformação no sentido amplo, a alfabetização é um
direito fundamental. Desde 1990, a partir da Conferência Mundial
de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia -
durante a qual se reforçou a necessidade de expansão e melhoria
do atendimento público na escolarização de jovens e adultos -,
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3 Uma história da Educação de
Jovens e Adultos na Rede
Municipal de Belo Horizonte
A criação do primeiro curso regular de suplência de 1ª a 4ª série na
Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte ocorreu em 1971,
na Escola Municipal Maria das Neves.
Naquela época, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral)
representava a ação mais ampla no campo da educação de adultos
no País. Programa de alcance nacional proposto e patrocinado pelos
governos militares, o Mobral notabilizou-se pelo expressivo aporte
da União na construção de um novo tempo e espaço para jovens
e adultos e pela forma de organização autônoma em relação aos
governos estaduais e ao próprio Ministério da Educação. A execução
das atividades de alfabetização ficava a cargo de comissões
municipais implantadas em todo o País, enquanto a orientação e a
supervisão pedagógicas bem como a produção de material didático
eram rigidamente centralizadas pelo governo federal.
O caráter da ação alfabetizadora proposta pelo Mobral era nitidamente
provisório: o que se propunha era a sua extinção assim que o
problema do analfabetismo fosse equacionado. Como decorrência
desse fato, em Belo Horizonte, a comissão municipal organizou
cursos de alfabetização com escassa vinculação com a rede escolar
básica, característica também perceptível em âmbito nacional.
Os resultados obtidos pela maioria dos jovens e adultos que o
frequentaram foram sofríveis, sendo poucos os que conseguiram
atingir níveis aceitáveis de alfabetização e letramento. A crise
econômica dos anos 80 impediu a continuidade do programa, que
demandava altos investimentos para se manter.
Paralelamente, ao longo das décadas de 70 e 80, as iniciativas
de criação de cursos de suplência em Belo Horizonte couberam
sobretudo ao governo estadual. No plano municipal, destaca-se
a criação de cursos de suplência de 1ª a 4ª séries nas escolas
municipais George Ricardo Salum, em 1985, e Honorina Rabelo, em
1986.
Entre 1990 e 1997, observou-se um vigoroso processo de expansão
da oferta de vagas em cursos de suplência na RMEBH, abrangendo
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para subsidiar a formulação das diretrizes para a EJA. Em seguida, o Sindicato Único
dos Trabalhadores em Educação remeteu ao Conselho Municipal de Educação -
CME-BH um conjunto de propostas que também demandava a construção de uma
política para a EJA no município.
No CME-BH, o processo de discussão da regulamentação da EJA envolveu,
principalmente, trabalhadores em educação das escolas municipais, estudantes
jovens e adultos e representantes dos gestores da educação do município. Questões
relacionadas à concepção, estruturação e organização, financiamento, currículo,
tempos e espaços, perfil do estudante, alfabetização, processos pedagógicos e
formação docente foram exaustivamente debatidas, gerando a edição do Parecer
093/2002, de 07/11/2002, que estabeleceu as diretrizes para a regulamentação
da EJA nas escolas municipais de Belo Horizonte. No ano seguinte, por meio
da Resolução nº 001/2003, de 5 de junho de 2003, o CME-BH regulamentou a
Educação de Jovens e Adultos no Sistema Municipal de Ensino de Belo Horizonte,
criando condições para que as escolas municipais implantassem essa modalidade
de ensino.
A partir de 2004, levando em conta a necessidade de implantar e de consolidar
a modalidade EJA na RMEBH e a falta de recursos financeiros para garantir que
essa implantação pudesse atender a todo o público jovem e adulto matriculado
nas escolas da RMEBH, a SMED optou por ofertar 10.500 vagas em 41 escolas,
priorizando o atendimento em áreas de vulnerabilidade social atendidas pelo
Programa BH Cidadania.
Atualmente a RMEBH atende a cerca de 18.000 estudantes na modalidade de
ensino EJA, em turmas nas escolas municipais e em turmas em outros espaços
não formais de ensino. Vale ressaltar que os espaços fora das escolas passam
por critérios de avaliação da SMED acerca da estrutura física e pedagógica para a
garantia da qualidade de um ensino efetivo.
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4 Quem são e o que desejam os
sujeitos da Educação de Jovens
e Adultos da Rede Municipal de
Belo Horizonte
Falar de direito à educação significa dizer daquele que é o
sujeito mais importante no processo educacional: o estudante. É
fundamental que se entenda para quem se direcionam as práticas
escolares e, sobretudo, o que quer esse sujeito. Além disso, como
veremos adiante, os estudantes da Educação de Jovens e Adultos
são constituídos de algumas especificidades que fazem com que
estejamos mais atentos aos seus objetivos diante da educação.
Primeiramente, precisamos ter clara a ideia de que o estudante
da EJA não frequentou a escola nem teve acesso às práticas de
escolarização na idade desejável. Diversas razões, que vão desde
a necessidade de ingresso precoce no mundo do trabalho até as
dificuldades de acesso a uma escola, principalmente nas zonas
rurais, fizeram com que ele não frequentasse a escola. Isso significa
dizer que nem sempre o afastamento da escolarização é uma decisão
do estudante, muitas vezes é originado por fatores externos a sua
vontade. Dessa forma, ele vivenciou uma parte de sua vida (para
muitos, a maior parte da vida) em contato com a sociedade e com o
mundo do trabalho, sem ter passado por experiências duradouras no
âmbito educacional. Isso o levou a ter diversas aprendizagens por
meio de vivências. Assim, esse sujeito chega à escola com valores e
crenças construídos no convívio social.
Isso quer dizer que os estudantes da EJA têm experiências de vidas
diversas e são de procedências diferentes, o que indica a entrada
deles na escola com traços de vida, origens, idades, vivências
profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e
estruturas de pensamentos completamente variados, visto que os
valores éticos e morais foram formados a partir da experiência, assim
como no ambiente e na realidade cultural nos quais eles estavam
inseridos. Por isso é que
Os estudantes e alunas de EJA trazem consigo uma visão de mundo
influenciada por seus traços culturais de origem e por sua vivência social,
familiar e profissional. Podemos dizer que eles trazem uma noção de
mundo mais relacionada ao ver e ao fazer, uma visão de mundo apoiada
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numa adesão espontânea e imediata às coisas que veem. Ao escolher o caminho da escola,
a interrogação passa a acompanhar o ver desse aluno, deixando-o preparado para olhar.
Aberto à aprendizagem, eles vêm para a sala de aula com um olhar que é, por um lado, um
olhar receptivo, sensível, e, por outro, é um olhar ativo: olhar curioso, explorador, olhar que
investiga olhar que pensa (BARRETO, 2006a, p. 5).
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direito em qualquer período da vida. Esse atendimento deve ser realizado com
qualidade, flexibilidade de horário e organizar-se em grupos de acordo com os
critérios que melhor atendam a seus interesses e a suas necessidades de
aprendizagens.
A EJA, para cumprir de maneira satisfatória sua função de preparar jovens e adultos
para o exercício da cidadania e para o mundo do trabalho, necessita de mudanças
significativas.
Essas mudanças foram norteadas pelos valores apresentados na Conferência
Internacional de Hamburgo, na Lei 9.394/96, no Parecer CEB 11/00, que estabelece
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, e na
Deliberação 08/00 CEB. E, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais,
para a concretização de uma prática administrativa e pedagógica verdadeiramente
voltada para o cidadão, é necessário que o processo de ensino-aprendizagem, na
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
II. A Política da Igualdade, tendo como ponto de partida o reconhecimento dos direitos
humanos e dos deveres e direitos da cidadania, visando a constituição de identidades que
busquem e pratiquem a igualdade no acesso aos bens sociais e culturais, o respeito ao
bem comum, o protagonismo e a responsabilidade no âmbito público e privado, o combate a
todas as formas discriminatórias e o respeito aos princípios do estado de Direito na forma do
sistema federativo e do regime democrático e republicano.
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5 A organização dos conhecimentos
nas Proposições Curriculares da
EJA
Todos também precisam ser preparados para viver no mundo, no momento
em que estão vivendo. Eu tenho insistido muito sobre isso nas minhas falas;
às vezes, as pessoas se esquecem disso. Ninguém antecipa o tempo da
sua existência e ninguém também vive fora do tempo da sua existência,
porque todos nós somos contemporâneos de nós mesmos. Portanto, para
eu viver no mundo contemporâneo, preciso estar preparado para viver neste
mundo (Neidson Rodrigues).
5.1.1 Territorialidades/espaços
Segundo estudiosos, com o advento da globalização econômica, produziu-se um
discurso no qual o território deixaria de ser importante para a sociedade devido à
perda de potencialidade econômica/simbólica dos espaços, resultante do caráter
homogeneizador do processo. Dessa maneira, estaria em curso um amplo processo
de “desterritorialização desenraizadora”, em nome da aldeia global, sem fronteiras
e constrangimentos (HAESBAERT, 2006).
Mas, o que é o território? Qual a origem desse conceito e quais as suas metamorfoses
ao longo do tempo? Qual a importância do conceito para os processos de ensino-
aprendizagem? Com a globalização, esse conceito perdeu, de fato, sua validade?
É possível articular esse conceito com outros na formação do sujeito? Qual a
relevância do conceito de território para a EJA?
Tais perguntas têm o intuito de estimular o debate sobre territorialidades no(s)
espaço(s) urbano(s) como uma dimensão formadora do sujeito da EJA.
Com a sistematização da geografia, no século XIX, o conceito de território ganhou
status e passou a ser entendido como um fragmento do espaço concreto, apropriado/
ocupado por um determinado grupo social, resultando na geração de
[…] raízes e identidade: um grupo não pode mais ser compreendido sem o seu território, no
sentido de que a identidade sociocultural das pessoas estaria inarredavelmente ligada aos
atributos do espaço concreto (natureza, patrimônio arquitetônico, “paisagem” (SOUZA, 2001,
p. 84).
Nesse sentido, o território era considerado, com base nas contribuições do geógrafo
Ratzel, como o solo - o espaço absoluto - pertencente ao Estado-nação. O território
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Desde então, o território passou a ser visto como estratégico para promover
o desenvolvimento nacional, por meio de um discurso enaltecedor sem uma
reflexão crítica de que o território é fruto da luta de classes. O conceito de território
passou a ser mobilizado, de forma ideológica e conservadora, para atender aos
interesses das classes dominantes que utilizaram (e utilizam) tal conceito para
promover a “união” do povo em prol de um progresso que interessa a poucos,
especialmente aqueles diretamente ligados à reprodução capitalista do espaço.
Participaram desse processo a Ciência Política e a Geografia, que passaram
por um processo de modernização justamente nesse momento, difundindo o
conceito de território como restrito ao “território nacional”, para atender aos
interesses do Estado.
um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que, a par de sua complexidade
interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” (o grupo,
os membros da coletividade ou “comunidade”, os insiders) e os “outros” (os de fora, os
estranhos, os outsiders) (SOUZA, 2001, p. 86).
Por tudo isso, ele apresenta uma dimensão funcional, comportando processos de
dominação voltados para o controle físico, da produção e da geração do lucro,
expressando-se em “territórios da desigualdade”, e uma dimensão simbólica,
comportando processos de apropriação, pois é o abrigo, o “lar”, o locus da segurança
afetiva, expressando-se em “territórios da diferença” (HAESBAERT, 2006).
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
[…] o que existe, quase sempre, é uma superposição de diversos territórios, com formas
variadas e limites não coincidentes, como, ainda por cima, podem existir contradições entre as
diversas territorialidades, por conta dos atritos e contradições existentes entre os respectivos
poderes (SOUZA, 2001, p. 94).
Isso demonstra que, longe de ter ocorrido o fim dos territórios, vivenciamos um
processo de desterritorialização e reterritorialização contínua, pois há a necessidade
de manutenção do controle espacial, com diversas roupagens, além do Estado
Nação. Desterritorialização e reterritorialização que se manifestam nos espaços
urbanos nacionais e mundiais.
Dimensão formadora que deve ser desenvolvida em uma relação com o lugar, que
é um fragmento do espaço no qual o indivíduo/grupo estabelece uma relação de
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5.1.2 Corporeidade
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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5.1.3 Memória
A memória é um processo que possibilita ao sujeito reproduzir imagens das
experiências e impressões nem sempre conscientes. No entanto, para Benjamin
(1994), a memória não deve só ter a capacidade de reter conhecimentos e fatos
vividos no passado, mas também a capacidade de reconhecer as impressões
deixadas por eles e ressignificá-los no presente, produzindo sobre eles novas
relações e novos sentidos.
No encontro de grupos e indivíduos, nascem importantes relatos, trocas,
compartilhamentos e construções coletivas, sejam espontâneos, sejam
organizados. No entanto, grande parte do que se vê são manifestações de memória
comunicativa. Para nós, o conceito de “memória comunicativa” inclui aquela
variedade de memórias coletivas baseadas exclusivamente na comunicação diária.
Essa variedade, analisada por M. Halbwachs com o conceito de memória coletiva,
constitui o campo da história oral. Comunicação diária é caracterizada por um
alto grau de não especialização, reciprocidade de papéis, instabilidade temática e
desorganização.
Diferentemente da memória comunicativa, será a memória cultural caracterizada
por ser uma memória estabelecida no tempo e na história, de modo que o passar
dos anos não modifica sua estrutura básica, mas sim a reafirma. Ao manter-se
estável e contínua, a memória cultural distancia-se do dia a dia, que é a base da
memória comunicativa (ASSMAN, 1995).
Enquanto a memória comunicativa tem um horizonte temporal curto, a memória
cultural se prolonga no tempo, conectando passado, presente e futuro, de forma a
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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Nesse sentido, o homem tem uma necessidade estética absoluta do outro, da sua
visão e da sua memória; memória que o junta e o unifica e que é a única capaz de
lhe proporcionar um acabamento externo. Nossa individualidade não teria existência
se o outro não a criasse (BAKHTIN,1992, p. 55). Isto é, sem o outro, sem a aparição
de um alguém, ou de um alguma coisa, ou de um acontecimento definitivo: exterior
a mim, estrangeiro a mim, estranho a mim, que está fora de mim mesmo, que não
pertence ao meu lugar, que não está no lugar em que eu estou, que está fora do
lugar, o outro, não existimos. O outro nos pode ser profundamente insuportável,
mas paradoxalmente indispensável.
5.1.4 Trabalho
Enquanto dimensão formadora da vida adulta, o
[...] Trabalho é uma “atividade resultante do dispêndio de energia física ou mental, direta
ou indiretamente voltada à produção de bens e serviços”, necessária à “reprodução da vida
humana, individual e social” (LIEDKE, 1997, p. 268-269).
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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II. princípios organizadores que permitam ligar “os saberes e lhes dar sentido”
(MORIN, 2002, p. 21).
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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Vale lembrar, ainda, que há conceitos que só podem ser identificados como
estruturadores de uma dada disciplina ou área e outros que podem perpassar
diferentes áreas e ou disciplinas.
Zaballa (2002) lembra que a evolução de um saber unitário para uma diversificação
em múltiplos campos científicos notavelmente desconectados uns dos outros levou à
necessidade de busca de modelos que compensem essa dispersão do saber e destaca
a necessidade de revisar e buscar soluções para tal dispersão de conhecimentos.
Se todas as disciplinas têm sentido como marco teórico para a compreensão e o
conhecimento do mundo real, seja natural, social, tecnológico ou artístico, no ensino,
presencia-se, na maioria das vezes, o contrário. Perde-se ou esquece-se essa função,
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
A elaboração de uma matriz por área na EJA busca responder a esse desafio. As
áreas do conhecimento são, hoje, o que se considera como a melhor alternativa
para organização dos currículos escolares da educação básica, de forma a
superar a fragmentação e pulverização das disciplinas. No entanto, isso não é algo
novo no Brasil. As áreas do conhecimento do Encceja (O ENCCEJA - Exame de
Certificação de Competências da Educação de Jovens e Adultos) têm origem nas
diretrizes curriculares para o ensino médio aprovadas pela Câmara de Educação
Básica do Conselho Nacional de Educação em 1998, cuja relatora foi a professora
Guiomar Namo de Mello. No Parecer 15 e na Resolução 3, constavam três áreas:
Linguagens, seus códigos e tecnologias, incluindo língua portuguesa e língua
estrangeira moderna, Ciências Exatas e da Natureza, seus códigos e tecnologias,
Ciências Humanas, seus códigos e tecnologias.
Lembrando Freire, tanto o educador tradicional como o libertador não têm direito
de desconhecer os desejos e necessidades dos estudantes de receber formação
profissional e adquirir credenciamento para o trabalho. Há uma necessidade real de
que a educação deve tratar. Qual a diferença? O libertador procurará ser eficiente
na formação dos estudantes técnica e cientificamente, mas tentará desvendar a
ideologia envolvida nas próprias expectativas dos estudantes. Assim, quanto
[…] mais seriamente você está comprometido com a busca da transformação, mais rigoroso
você deve ser, mais você tem que buscar o conhecimento, mais você tem que estimular os
estudantes a se prepararem científica e tecnicamente para a sociedade real na qual vivem
(FREIRE, 1986, p. 84).
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Em um contexto cujo objetivo é a formação dos sujeitos, não faz sentido pensar
nos conteúdos como um rol de disciplinas que precisa ser ensinado. A busca
pela integração do saber, ao se situar como estratégia para responder aos
problemas que a compreensão e a intervenção na realidade colocam, possibilita
que o conhecimento proporcionado pelas diferentes ciências sempre tenha a
ver com o sentido para o qual foram criadas. Sob esse enfoque, os diferentes
saberes ou disciplinas adquirem seu verdadeiro valor ao servirem de instrumentos
inquestionáveis para ajudar a entender uma realidade extremamente complexa,
constituída por inumeráveis fatores impossíveis de abordar sem sua participação.
É a ruptura com a visão mecanicista e conteudista do ensino que denominamos
desenvolvimento de capacidades, em que o foco inicial não é o conteúdo, mas a
capacidade necessária a ser desenvolvida a partir da vida real dos sujeitos da EJA.
Uma proposição curricular por capacidades não elimina nem secundariza os conteúdos.
Sem conteúdos, recursos intelectuais, saberes ou conhecimentos, não há o que possa
ser mobilizado pelo sujeito para agir pertinentemente numa situação dada. A questão
está, portanto, no ponto de partida, no foco das intenções pedagógicas.
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6 Práticas norteadoras para a EJA
6.1 Como o adulto aprende? Breves considerações
teórico-metodológicas
Aprendi a ensinar quanto mais amava ensinar e quanto mais estudava a
respeito (FREIRE, 1986, p. 38).
Os estudantes da EJA trazem consigo histórias mais longas (e provavelmente mais complexas)
de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si
mesmos e sobre outras pessoas. Com relação à inserção em situações de aprendizagem,
essas peculiaridades da etapa da vida em que se encontra o adulto fazem com que ele
traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e,
provavelmente, maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios
processos de aprendizagem (OLIVEIRA, 1999, p. 60-61).
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7 Ciclo de formação
O ciclo de formação para a Educação de Jovens e Adultos propõe
uma forma de organização do currículo, dos tempos e espaços
escolares que atenda às necessidades educativas dos sujeitos dessa
modalidade de ensino. Considerando que a organização do trabalho
pedagógico é um dos desafios que se colocam para a Educação de
Jovens e Adultos, pensar o ciclo de formação é uma possibilidade de
conceber uma proposta de trabalho que favoreça o atendimento de
um público marcado por significativa heterogeneidade.
Algumas questões são recorrentes no desenvolvimento do trabalho
com a Educação de Jovens e Adultos. Como lidar em sala de aula com
adolescentes, jovens, adultos e idosos? Que proposta de trabalho
contempla o atendimento das necessidades básicas de aprendizagem
de sujeitos, com diferentes conhecimentos e experiências de vida?
Quais conhecimentos, habilidades e competências os estudantes da
EJA precisam adquirir para serem certificados?
Quaisquer respostas que se derem a essas indagações têm que
levar em conta as especificidades do público da EJA. Assim, a
organização do trabalho pedagógico não pode ser centrada em
conteúdos, séries, segmentos e anos letivos, em detrimento da
realidade dos sujeitos aos quais se destina o fazer pedagógico da
Educação de Jovens e Adultos. Pensar na educação para os jovens
e adultos é considerar três princípios essenciais: FLEXIBILIDADE,
MOBILIDADE E DIVERSIDADE.
Ao se optar pelo ciclo de formação fundado principalmente nesses
princípios, busca-se deslocar o foco do processo educativo centrado
em anos letivos, segmentação e conteúdos para o estudante e suas
necessidades básicas de aprendizagens. Em outros termos, o eixo
norteador dessa proposta é o sujeito estudante e seus processos
educativos, e não o contrário, como frequentemente ocorre. Isso
exige uma nova organização do trabalho pedagógico, com vistas à
elaboração de um currículo integrado, agrupamento dos estudantes
por turmas flexíveis e, sobretudo, o desenvolvimento de pedagogias
diferenciadas.
Tende-se para um currículo integrado, para a organização de uma
proposta educativa que articule, por um lado, saberes escolares e
práticas sociais e, por outro lado, ênfase no caráter das áreas de
conhecimentos. Os agrupamentos flexíveis constituem um recurso
metodológico que possibilita aos educadores organizar o trabalho
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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8 Avaliação e certificação na
Educação de Jovens e Adultos
Para a busca de melhoria das políticas públicas destinadas à EJA
no município de Belo Horizonte, é fundamental que se disponha,
além de recursos e metodologias apropriadas, de um referencial de
avaliação adequado para esse público.
A avaliação da aprendizagem envolve grandes discussões sobre
o desenvolvimento do processo pedagógico do estudante, nos
diversos níveis e modalidades de ensino, exigindo reflexões sobre a
importância de práticas avaliativas diversificadas que acompanhem
o estudante em seus avanços e dificuldades e forneçam indicadores
para o aprimoramento do trabalho pedagógico.
Na EJA, tal discussão assume relevância quando se constata que
boa parte dos estudantes, com escolaridade interrompida quando
crianças ou adolescentes, voltam para as instituições de ensino
com diversos objetivos - como apropriação dos conhecimentos
escolares, formação específica que os ajudarão profissionalmente,
formação humana e conclusão de estudos no ensino fundamental
para possibilitar a continuidade de seu percurso escolar.
Conhecer o perfil e a realidade de nossos estudantes é de suma
importância para o processo avaliativo. Apesar das dificuldades
enfrentadas pelos estudantes acerca de sua permanência no espaço
escolar, a maior parte deles deseja continuar e concluir seus estudos
por acreditar que a educação formal pode contribuir para melhorar
a vida, ampliar conhecimentos e aumentar as chances de inserção
no mundo do trabalho, possibilitando sucesso profissional e pessoal.
Nesse sentido, a avaliação da EJA deve ser implementada a partir
de várias práticas avaliativas inseridas numa proposta além da
aferição da apreensão do conteúdo simplesmente transmitido. Ela
deve ocorrer, considerando o desenvolvimento do estudante jovem
e/ou adulto como ser social. É a partir da análise realizada pelos
profissionais da escola que se inicia o processo de certificação
desses sujeitos. Essa análise é fundamental na organização dos
processos educacionais, no âmbito da sala de aula, da escola e do
sistema de ensino e no processo de certificação.
Segundo as orientações da Secretaria Municipal de Educação
de Belo Horizonte, para a certificação dos estudantes, devem ser
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9 Um esclarecimento necessário
É de fundamental importância estabelecer distinção entre Matriz de
Avaliação e Matriz de Ensino.
Segundo o Caed (UFJF), uma Matriz de Avaliação ou de Referência
apresenta o objeto de uma avaliação. É formada por um conjunto
de descritores que mostram as habilidades que são esperadas dos
estudantes em diferentes etapas de escolarização e passíveis de
serem aferidas em testes padronizados de desempenho. A Matriz
é formada por um conjunto de descritores originários de tópicos ou
temas que representam uma subdivisão de acordo com conteúdo,
competências de área e habilidades. O termo descritor vem de
descrição, de detalhamento das habilidades esperadas.
Portanto, a Matriz de Avaliação é formada com habilidades possíveis
de serem mensuradas num teste de múltipla escolha. Por exemplo,
inferir o sentido de uma palavra com base em um texto lido. Trata-
se de algo perfeitamente mensurável. No entanto, a habilidade
de expressar-se oralmente em situações de comunicação já não
é possível ser tratada em uma avaliação cujo instrumento seja
constituído de questões fechadas. Do mesmo modo, demonstrar
atitude de solidariedade ou de cuidado com a natureza serve como
exemplo.
Essas capacidades podem fazer parte de uma Matriz de Ensino, já
que o objetivo é outro. E, em ações mais gerais desenvolvidas com
os estudantes, a utilização de outros instrumentos de avaliação pode
ajudar na identificação do alcance de determinadas capacidades,
não mensuráveis nos testes já referidos.
Assim, os descritores de uma Matriz de Avaliação farão parte da Matriz
de Ensino, com muitas outras que informam as intencionalidades do
que se deseja desenvolver com os estudantes.
Secretaria Municipal de Educação
Referências
ARROYO, Miguel Gonzalez. Educação de Jovens-Adultos: um campo de direitos e de
responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio; GIOVANETTI, Maria Amélia; GOMES,
Nilma Lino (Orgs.). Diálogos na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica,
2005, p. 19-50.
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I: magia e técnica, arte e política. São Paulo:
Brasiliense,1994.
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EDUCAÇÃO, 24, 2001, Caxambu (MG). CD-ROM. São Paulo: ANPEd, 2001, p.1-17.
56
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
______. Educação como prática da liberdade. 21. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
LIEDKE, Elida Rubini. Trabalho. In: CATTANI, Antonio David (Org.). Trabalho e tecnologia:
dicionário crítico. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
LOBO, Flávio. Vida e morte no trabalho. In: Carta Capital, 22 de outubro de 2003. (Especial
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MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 5. ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
______. Ciência com consciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
RÉMOND, René. O século XIX, 1815-1914: introdução à história do nosso tempo. São
Paulo: Cultrix, 1981.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São
Paulo: EDUSP, 2006. 260p.
SANTOS, Miriam Sepúlveda dos. Memória coletiva e teoria social. São Paulo: Annablume,
2003. 43p.
57
Secretaria Municipal de Educação
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Trabalho. In: SILVA, Kalina Vanderlei;
SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 3. ed. São Paulo: Contexto,
2010.
SOUZA, Marcelo Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento.
In: CASTRO, Iná et. al. Geografia, conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
2001, p. 77-117.
58
10 Ciências Humanas
O que faz que uma disciplina se relacione com as demais é o mundo, o
mesmo mundo que, no seu movimento, faz com que a minha disciplina se
transforme […] Todas as disciplinas têm sua relação com o mundo. […] Por
isso, o mundo é que permite que se estabeleça um discurso inteligível, um
canal de comunicação entre as disciplinas (SANTOS, 2000, p. 49).
60
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
61
Secretaria Municipal de Educação
Ao mesmo tempo, essa grande área do conhecimento deve estar articulada com a
função equalizadora da EJA, que é a de abranger todos os segmentos sociais que
requerem essa modalidade de aprendizagem. Por fim, e não menos importante, a
função qualificadora deve estar presente no ensino das Ciências Humanas na EJA,
pois trata-se de um aspecto do ser humano que está em constante formação.
62
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
63
Secretaria Municipal de Educação
importante “não apenas nas escolas diferenciadas dos índios, mas, sobretudo, na
escola pública dos não índios que precisam ter recursos e condições de entender o
problema da diversidade no Brasil” (MONTEIRO, 2011).
Os estudos sobre a temática indígena e da História e Cultura Afro-Brasileira
devem contribuir para combater as discriminações e os preconceitos étnico-
culturais, bem como para a valorização da identidade étnica dos estudantes e da
alteridade. Por outras palavras, esses estudos devem auxiliar os estudantes que
vivenciam situações de discriminação e preconceitos a assumir com dignidade
a sua ascendência, contribuindo para a formação da sua identidade e para que
sejam assumidos os atributos de sua diferença. O resgate da memória coletiva de
comunidades negras e indígenas é primordial para todos os estudantes da EJA,
independentemente da ascendência étnica.
Às Ciências Humanas compete possibilitar ao estudante da EJA, pelo conhecimento,
ferramentas que possibilitem a continuidade do desenvolvimento do seu processo
de autonomia ao lidar com os desafios de diferentes naturezas em uma sociedade.
Ferramentas que possibilitem não apenas a leitura da palavra, mas também a leitura e
atuação consciente no mundo. Um mundo caracterizado por uma imensa diversidade
(cultural, racial, social e econômica), que não deve ser compreendida como um fator
de superioridade ou inferioridade entre os grupos humanos, mas sim um fator de
complementariedade e de enriquecimento da humanidade (MUNANGA, 2004).
64
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Nesse sentido, a escola não pode declinar de sua função de formação humana, e o
processo educativo para a área das Ciências Humanas deve estar em sintonia com
esse objetivo. Ou seja, as Ciências Humanas devem contribuir para a construção
de um sujeito capaz de interrogar-se sobre a sua própria historicidade; analisar
criticamente as contradições da reprodução social do espaço, percebendo esse
espaço como produto das relações sociais e das interações entre o homem e o seu
meio; e refletir sobre a sua cultura e os seus lugares no mundo, bem como sobre
a historicidade do mundo que o rodeia, desenvolvendo um raciocínio de natureza
crítica e mobilizadora (SEFFNER, 2000).
A teoria crítica contribui para a elaboração desta matriz curricular, compreendendo o
espaço como locus construído materialmente e produzido sócio-historicamente pelo
trabalho, (re)produzindo territorialidades diversas que influenciam na corporeidade
e na memória de indivíduos e grupos sociais distintos, ao longo do tempo.
A perspectiva da reprodução do espaço permite refletir sobre os vários processos que
foram construídos e explicitados em um determinado período histórico e que podem
manifestar-se em outros contextos sócio-históricos posteriores. Um exemplo disso
é a concentração fundiária, que, no período feudal, se manifestou com os feudos
e, na contemporaneidade, se manifesta nos latifúndios. O mesmo pode ocorrer
com as relações sociais que podem mudar ou permanecer as mesmas de períodos
anteriores, tais como as relações de escravismo hoje consideradas ilegais.
Assim, analisar a (re)produção do espaço nos processos de ensino-aprendizagem
implica considerar as relações entre a sociedade e a natureza nas re(des)
territorializações e, ainda, as relações entre o novo e o antigo, extrapolando-se,
portanto, a ideia da construção do espaço apenas como uma dimensão material.
Segundo Lefebvre (2008, p. 44-45),
[…] o espaço não [é] nem um ponto de partida […] nem um ponto de chegada, mas um
intermediário em todos os sentidos desse termo, ou seja, um modo e um instrumento, um
meio e uma mediação. […] o espaço é um instrumento político intencionalmente manipulado,
mesmo se a intenção se dissimula sob as aparências coerentes da figura espacial. É um
modo nas mãos de alguém, individual ou coletivo, isto é, de um poder (por exemplo, um
Estado), de uma classe dominante (a burguesia) ou de um grupo que tanto pode representar
a sociedade global, quanto ter seus próprios objetivos, como os tecnocratas, por exemplo.
[…] Um tal espaço é ao mesmo tempo ideológico (por que político) e saber (pois comporta
representações elaboradas).
Essa análise, que deve ser realizada no diálogo entre as disciplinas que compõem
a área (e, quando necessário e possível, recorrendo-se também às contribuições
de outras áreas do conhecimento), deve partir de um novo olhar sobre os processos
educativos, coerente com a edificação de uma postura diferenciada da sociedade
em relação à educação e com a construção de novas habilidades nos diversos
campos da vida cotidiana.
Trata-se de uma postura que deve ser mediada por educadores, estudantes e
demais envolvidos na elaboração do conhecimento, cujo foco das atividades pode
ser um tema, um problema ou desenvolvimento de capacidades e habilidades; um
65
Secretaria Municipal de Educação
66
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Quadro 1: Relação de conceitos estruturadores de Ciências Humanas para cada uma das
dimensões formadoras
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
1 CORPOREIDADE
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DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
1.2 Diversidade
Diversidade é sinônimo de diferença e de dessemelhança; de divergência, de contradição e de
oposição (FERREIRA, 1999). No âmbito das Ciências Humanas, esse conceito remete-nos a múltiplos
1 CORPOREIDADE
1.3 Espacialidade
O espaço é concomitantemente contingente e continente dos processos que se realizam ao longo
da história e possui uma dimensão física e outra simbólica. Assim, ao mesmo tempo em que sofre as
1 COR-POREI-DADE
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
2.1 Lugar
O conceito de Lugar é bastante abrangente, sendo utilizado de diversas maneiras e, mais
corriqueiramente, para determinar uma localização geográfica. Por causa disso, foi um conceito
preterido pela ciência em determinados momentos por estar associado ao senso comum.
Na Geografia, o conceito esteve presente em vários momentos da elaboração do conhecimento,
refletindo a localização de fenômenos geográficos e/ou “objetos no espaço”. Posteriormente, no século
XX, o conceito foi resgatado e mobilizado para o desenvolvimento de estudos sobre as relações entre
o homem e o espaço de vivência, no estudo do cotidiano e das relações de pertencimento entre o
2 MEMÓRIA
indivíduo e o espaço. Assim, o conceito de lugar é utilizado para o estudo sobre as relações que as
pessoas estabelecem com os espaços de trabalho, da família, do lazer etc.
O lugar passou a ser definido como a base fundamental para a existência humana, já que os homens
estabelecem uma relação de pertencimento com um determinado fragmento do espaço. Nesse sentido,
o lugar poderia ser o próprio lar, o bairro, a cidade etc., desde que permita um relacionamento espacial
direto. Dessa forma, o conceito de lugar é importante, pois possibilita oportunidades de estudo do
cotidiano das pessoas, estimulando a afetividade e o imaginário a partir das manifestações resultantes
das vivências espaciais do indivíduo e dos grupos sociais. Como o lugar está relacionado ao sentimento
de pertencimento, há a possibilidade de estudos da produção do espaço geográfico além da dimensão
econômica e material.
O conceito de lugar está relacionado às identidades significativas e, dessa maneira, auxiliam na luta
para a colocação dos indivíduos como sujeitos da História e da reprodução do espaço, sendo um
importante componente para os estudos da Memória, na Educação de Jovens e Adultos.
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DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
2.2 Patrimônio
Em sentido amplo, patrimônio é um bem ou conjunto de bens - material ou imaterial - pertencente
a uma pessoa ou conjunto de pessoas. Bens que, em certos casos, possuem um valor monetário
determinado pelo mercado e, em outros, nenhum valor comercial em contraste com um grande
significado emocional (FUNARI & PELEGRINI, 2006). Bens, por vezes, herdados dos antepassados e
que, comumente, quer-se legar às gerações futuras.
Em sentido menos alargado, o patrimônio abrange a produção material, emocional e intelectual humana
e, ainda, a herança ecológica pertencente a uma coletividade cuja extensão, mensurada a partir do bem
partilhado, oscila do âmbito local ao global. Nesse sentido, compreende-se por patrimônio o conjunto
2 MEMÓRIA
dos bens culturais, nele incluindo-se tanto a herança histórica quanto a ecológica, que “permite ao
homem conhecer a si mesmo e ao mundo que o rodeia” (SILVA & SILVA, 2010, p. 324-325).
Esses bens, tanto de uma perspectiva individual quanto coletiva, guardam vestígios de acontecimentos,
pessoas, época ou modos de viver; assim, eles se transformam em lugares de memória na medida
em que permitem aos indivíduos e às coletividades a lembrança de fatos e situações vivenciados em
outras épocas.
Observa-se que é bastante frequente uma associação estreita entre a ideia de patrimônio e o conjunto
de bens e sítios históricos, arqueológicos ou naturais que impressionam por sua monumentalidade.
Para tanto, contribui o fato de, comumente, serem os monumentos os principais alvos dos tombamentos
previstos em lei. Essa perspectiva, inclusive, é muito explorada por turistas que, considerando,
por exemplo, o território brasileiro, buscam principalmente os momentos do passado considerados
gloriosos: “o Recife holandês, os franceses de São Luís, o bandeirantismo paulista, as cidades de
ouro de Minas Gerais” (SILVA & SILVA, 2010, p. 324-327). Contudo, a ideia de patrimônio não está
limitada à excepcionalidade ou monumentalidade do bem em pauta, pois nesta definição o que conta é
o significado deste bem para os indivíduos e as coletividades.
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
Sublinha-se que “o patrimônio pode estar tombado, colecionado e exposto em museus, ou pode estar
esquecido, em ruínas, esperando o seu descobrimento. Pode servir para o consumo de massa, com o
turismo, ou pode servir como lugar de culto identitário, religioso ou cívico. Pode servir para conhecer o
processo histórico que lhe deu origem ou pode servir para congelar o passado na forma de explicações
2 MEMÓRIA
71
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
2.3 Sociedade
Conforme Nisbet (1996, p. 713-714), verifica-se, até o presente, “uma considerável diversidade de
usos da palavra sociedade”. Contudo, “o denominador comum” dos usos dessa palavra “é o fato da
associação, animal ou humana. Existe uma sociedade de amebas, mas não uma sociedade de rochas”.
Considerando-se as associações humanas, podemos definir a sociedade como um “corpo orgânico
estruturado em todos os níveis da vida social, com base na reunião de indivíduos que vivem sob
determinado sistema econômico de produção, distribuição e consumo, sob um dado regime político,
e obediente a normas, leis e instituições necessárias à reprodução da sociedade como um todo”
(FERREIRA, 1999).
O pensamento social contemporâneo distingue dois usos da palavra sociedade, ora contrastando-a
ao poder soberano do Estado, ora à comunidade (NISBET, 1996, p. 714). Nesta segunda acepção,
as comunidades são compreendidas como agrupamentos humanos de base territorial limitada, nos
quais predominam relações sociais estreitas e coesas, enraizadas na família, no lugar e na tradição
(OLIVEIRA, 2004; NISBET, 1996). Os grupos sociais, nesses casos, estariam unidos por laços afetivos
ou emocionais, e não por vínculos impessoais.
2 MEMÓRIA
72
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
• História do corpo.
e da importância da aparência em diferentes
• História da beleza.
contextos culturais.
• História da sexualidade.
1.1.4 Refletir sobre as relações entre corpo e
• A moda, a idolatria da marca e o
religiosidade em diferentes épocas e lugares.
consumo.
1.1.5 Compreender as relações entre os
indivíduos e a produção da cultura a partir de • História da alimentação.
diferentes linguagens: a música, a literatura, • Movimentos artístico-culturais:
a charge, o cartoon etc. Renascimento, Modernismo,
1.1.6 Comparar a relação entre cultura e Expressionismo etc.
corpo em diferentes sociedades. • Contribuições da Cultura Africana.
1.1.7 Valorizar as diferentes culturas e • Contribuições da Cultura Indígena.
respeitar as especificidades dos grupos
sociais.
• Historia do racismo.
1.2.3 Compreender as diversidades sociais • Gênero, corpo e História.
1.2 Diversidade
73
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA TURADORES
74
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA TURADORES
75
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTURA- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA DORES
cartoon etc.
• A construção do território brasileiro.
3.4.5 Identificar as permanências e alterações
• A questão agrária e mineraria e
nas territorialidades, ao longo do tempo, a par-
sua relação com o meio ambiente no
tir da análise de diferentes fontes: materiais e
Brasil e no mundo.
imateriais, escritas e orais, iconográficas, car-
• História de bairros, ruas,
tográficas, textuais etc.
logradouros, da escola, da fábrica etc.
3.4.6 Diferenciar as formas de relação de tra-
• A questão fundiária no Brasil
balho ao longo do tempo e suas consequên-
contemporâneo.
cias socioespaciais.
• Lutas sociais de comunidades
3.4.7 Compreender o papel do Estado na orga-
indígenas e quilombolas pelo
nização dos territórios ao longo do tempo, no
reconhecimento legal de seus
Brasil e no mundo.
territórios.
3.4.8 Apontar contribuições de tecnologias diver-
sas no encurtamento do tempo e das distâncias.
3.4.9 Conhecer a história do seu lugar de vi-
vência, contrastando-a com a história de ou-
tras localidades.
76
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMEN- CONCEITOS
SÃO FOR- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
MADORA RADORES
4.2 Noções
4.2.1 Observar, descrever e representar o
de Formas • Ponto, reta e plano
espaço circundante e figuras planas e não
Planas e Não planas • Formas geométricas
4 TERRITORIALIDADE
Planas
4.4 As Métri-
4.4.1 Relacionar perímetro, área e volume de • Perímetros, área e volume
cas e suas modo a apropriar-se do território. • Razão
Relações
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Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Cultura
A cultura não é “um dado, uma herança que se transmite imutável de geração em geração”. Ela é
uma “produção histórica, isto é, uma construção que se inscreve na história, mais precisamente na
história das relações dos grupos sociais entre si” (GEORGES BALANDIER apud SILVA, 2011, p.13).
A cultura engloba o conjunto das manifestações artísticas e materiais de uma sociedade, bem como
1 CORPOREIDADE
suas “formas de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das
religiões, das festas. As diversidades étnicas, sexuais, religiosas, de gerações e de classes constroem
representações que constituem as culturas e que se expressam em conflitos de interpretações e de
posicionamentos na disputa por seu lugar no imaginário social das sociedades, dos grupos sociais e
dos povos. A cultura, que confere identidade aos grupos sociais, não pode ser considerada produto
puro ou estável. As culturas são híbridas e resultam de trocas e de relações entre os grupos humanos”
(BRASIL, 1999, p. 77). Nesse sentido, fazem parte da cultura “o vestuário, a relação homem mulher,
[…] os hábitos de limpeza, as práticas de cura, […] os cantos, as danças, os jogos, […] os modos de
cumprimentar, […] o modo de olhar, o modo de sentir, o modo de sentar, o modo de andar, […] o modo
de rir e de chorar, de agredir e de consolar […]” (BOSI, 1993. p. 324). A cultura engloba, enfim, os
conceitos e preconceitos, os padrões e valores que perpassam as concepções de corpo, bem como a
identidade corporal e as diferentes maneiras por meio das quais, em tempos e espaços diferentes, nos
relacionamos e nos expressamos pelo corpo.
78
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
FORMADORA
CONCEITOS ESTRUTURADORES
3.1 Espaço
Em alguns momentos esse conceito é tomado como representante de uma porção específica da Terra,
no qual a sociedade desenvolve suas atividades, estando ligado à localização geográfica e pode
apresentar diferentes escalas desde a global até a de uma sala, de um quarto etc. Assim, ele pode ser
concebido como morada do homem, espaço natural, espaço econômico, espaço topológico etc.
Esse conceito sofreu mudanças ao longo da história. Inicialmente, derivado do pensamento kantiano,
o espaço foi pensado como “espaço absoluto”, “espaço receptáculo”, um fragmento continente em que
ocorriam os diversos fenômenos edificados na sociedade. No decorrer do século XX, especialmente
3 TERRITORIALIDADE
após a Segunda Guerra, o conceito de espaço, a partir da difusão de novas concepções da ciência,
foi sendo reformulado. Assim, o espaço foi, gradativamente, deixando de ser visto como “inerte” e
“continente”, se transformando em “espaço relativo”. Posteriormente, essa concepção foi enriquecida
e o espaço passou a ser tratado de forma diferenciada, compreendendo um espaço absoluto (base
para a construção da História humana), um espaço relativo (relação entre os objetos no espaço) e um
espaço relacional (um espaço que é ao mesmo tempo continente e contingente). Com as contribuições
do filósofo Henri Lefebvre, o espaço passou a ser concebido como o locus das relações sociais de
produção, como o “lugar” onde a reprodução da sociedade se realiza. Assim, o espaço é, ao mesmo
tempo, continente, pois sofre as determinações sociais do processo de produção, e contingente, uma
vez que influencia nas relações sociais e na (re)produção da sociedade.
Para entendermos o que é o espaço, necessitamos, portanto, de compreender as relações sociais
construídas pelas diferentes sociedades e as mudanças e permanências deixadas pelos diversos
grupos sociais no decorrer da História. É preciso compreender as relações entre sociedade e natureza,
que resultam na produção do espaço em um processo que resguarda marcas do passado, mas contém
elementos novos.
E é nesse processo que as territorialidades são reproduzidas, pois temos, então, a produção do espaço
em sentido mais amplo de onde deriva os diferentes territórios como fruto das disputas espaciais.
3.2 Natureza
O conceito de natureza pode ser compreendido a partir de vários aspectos, pois pode representar,
de maneira generalizada, tudo o que existe ou qualidades específicas dos objetos analisados
separadamente.
No decorrer dos séculos, a concepção de natureza sofreu várias transformações. Na Grécia Antiga
pensava-se que a natureza representava uma causa final. Acreditava-se que o mundo exterior estava
dotado de uma ordem metafísica que organizava o desenvolvimento dos corpos. Assim, o mundo
da natureza era como um conjunto de corpos em movimento, portadores de racionalidade e de uma
inteligência, com o homem fazendo parte desse processo.
3 TERRITORIALIDADE
Com a revolução científica, essa concepção foi modificada, e a natureza passou a ser constituída como
algo externo ao ser humano, configurando-se num conjunto de elementos formadores do planeta (a
água, o ar, os solos, o relevo, a fauna e a flora). Tal processo é uma herança do pensamento cartesiano
que promoveu a cisão entre natureza e homem, dessacralizando a natureza, que foi transformada
em objeto a ser conhecido e dominado pelo homem. Dessa forma, diversas ciências passaram a
desenvolver estudos sobre a relação sociedade natureza, concebendo a natureza como um recurso à
produção, limitando as possibilidades de análise da natureza em si.
Propõe-se na EJA estimular o uso do conceito de natureza, na dimensão formadora Territorialidade,
servindo como referência para os estudos dos diversos tipos de seres vivos e para os estudos do clima,
da geologia terrestre, da geomorfologia etc., entendidos como uma “natureza natural”1 do mundo, em
uma perspectiva crítica.
Os elementos que compõem essa “natureza natural” possuem uma dinâmica que é independente
da existência da sociedade e que deve ser compreendida nas diversas modalidades de ensino, pois
influenciam nas formas de reprodução do espaço.
Em suma, o estudante da EJA deve desenvolver uma noção de natureza que não seja apenas o recurso
a ser apropriado pela sociedade para os processos de reprodução das mercadorias. Tal perspectiva
deve contemplar a relação que a sociedade estabelece com a natureza na produção do espaço e do
território, sob a ótica da sustentabilidade.
79
Secretaria Municipal de Educação
3.3 Tempo
Existem diversas noções de tempo ou, por outras palavras, diferentes temporalidades. Entre elas, o
tempo natural e o tempo concebido, isto é, construído socialmente. O primeiro apresenta-se por meio de
fenômenos cíclicos, como o dia, a noite e as estações do ano (o inverno, o verão, o tempo das águas...)
e está relacionado aos ciclos de nascimento e morte, sendo, portanto, aquele que se manifesta, por
exemplo, nas etapas da vida: infância, adolescência, idade adulta, velhice (BITTENCOURT, 2004, p.
200). O tempo concebido (tempo social), por sua vez, está relacionado às muitas invenções que,
3 TERRITORIALIDADE
desde épocas remotas, o homem construiu para contar e controlar o tempo natural, entre as quais
calendários, cronologias e relógios.
O tempo social não é o mesmo para todos os povos em todas as épocas e lugares. Essa construção
varia de acordo com cada cultura, conforme as muitas percepções do tempo vivido. Este, outra das
diferentes temporalidades que a complexa noção de tempo comporta, relaciona-se ao modo como
cada um de nós percebe a passagem do tempo, considerando as perspectivas biológica e psicológica.
Em sociedades capitalistas, o tempo social é o tempo do dinheiro, do relógio, do cronômetro a valorizar
frações de segundos, enquanto em outras culturas, a exemplo das sociedades tradicionais, o tempo
social está mais próximo do tempo da natureza - o tempo da chuva e da seca, do plantio e da colheita.
Há que se considerar, ainda, entre outras diferentes temporalidades, o tempo histórico, compreendido
como o tempo das transformações sociais. Trata-se de uma temporalidade que reúne o tempo vivido e
o tempo concebido e que não se esgota no tempo cronológico.
Operacionalizado à luz da dimensão formadora Territorialidade, o conceito estruturador Tempo permite
pensar os territórios como construções sociais que se transformam com o passar dos anos, podendo,
portanto, ser analisados historicamente.
das relações sociais de classe, de gênero e de trabalho. Essas interações caracterizam-se por níveis
diferenciados de complexidade, abarcando desde as relações entre um indivíduo e seu grupo familiar
até as relações de dimensões planetárias como as que perpassam a divisão internacional do trabalho
e a governança mundial. Essas relações são territorializadas, acontecem em diversas escalas, do local
ao global, e formam teias que possibilitam a existência das sociedades humanas.
Pensadas à luz da dimensão formadora Territorialidade, destacam-se as relações de poder que
definem, delimitam e interferem na gestão de um dado território, bem como a noção de lugar, entendido
como a porção do território apropriada pela vida cotidiana, espaço que “guarda em si o movimento da
vida, enquanto dimensão do tempo passado e presente”. No lugar ocorrem as relações de consenso e
conflito; no lugar o estudante estabelece relações sociais com outros indivíduos e grupos de convívio
(BRASIL, 1999, p. 33).
80
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
FORMADORA
CONCEITOS ESTRUTURADORES
4.1 Cidadania
O conceito de cidadania é originário da Grécia e foi utilizado, desde a antiguidade, para representar
os direitos dos cidadãos, que eram os homens livres participantes da vida econômica, política, social
e cultural da Grécia.
Com o decorrer dos séculos, o conceito foi ampliado a partir das lutas sociais, estendendo-se ao plano
dos direitos civis, políticos e sociais de todo o conjunto da sociedade e não somente como direitos dos
homens livres ou “bem nascidos”, expressando que os indivíduos têm direito de intervir na produção
da sociedade, participando de diversas formas (direta e indiretamente) das decisões sobre os rumos
da mesma.
4 TRABALHO
Isso deve ocorrer através da consolidação dos direitos políticos (votar e ser votado, participar de
partidos políticos, sindicatos etc.), dos direitos civis (baseados no direito à liberdade de pensamento,
de religião, de associação etc.) e dos direitos sociais (regulamentação do trabalho, proteção da saúde
do trabalhador, o seguro-desemprego, férias, licença-maternidade, licença-paternidade etc.) que
conformam o escopo da cidadania, na atualidade.
Trata-se de um conceito que deve ser apreendido e mobilizado pelos diferentes níveis e modalidades de
educação, com a perspectiva de edificar uma formação mais crítica em relação aos direitos e deveres
da vida em sociedade. Assim, é importante que o estudante da EJA (re)signifique constantemente esse
conceito por meio das Ciências Humanas (e outras grandes áreas do conhecimento) com o fito de
construir uma sociedade mais justa e democrática e garantir o amplo acesso desses sujeitos à vida em
sociedade de maneira digna.
Ao mesmo tempo, mobilizar tal conceito na EJA é um movimento que dá voz e vez aos grupos sociais
que se inserem nessa modalidade de educação e que em vários momentos são silenciados e têm sua
cidadania negada.
4.2 Poder
Poder é uma palavra que “designa a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos” e
4 TRABALHO
“tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais”
(STOPPINO, 2000, p. 933). Assim, pode-se falar em poder do homem sobre a natureza e em formas de
poder social, isto é, nas formas de poder do homem sobre o homem. Nesse segundo caso, a palavra
refere-se, especificamente, à capacidade de um indivíduo ou grupo de indivíduos de influenciar ou
determinar o comportamento de outro(s) indivíduo(s) ou grupo(s) de indivíduos. Trata-se, portanto, de
situações em que o homem é tanto o sujeito quanto o objeto do poder, do poder social.
81
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DIMENSÃO
FORMADORA
CONCEITOS ESTRUTURADORES
4.2 Poder (cont.)
O controle que o homem exerce sobre a natureza é uma forma de poder, mas não faz parte do que se
classifica como poder social, ainda que o poder sobre a natureza e o poder sobre as coisas inanimadas
seja relevante para o exercício do poder do homem sobre o homem.
Bobbio (2000a, p. 955) distingue, a partir dos meios utilizados para o exercício do poder, três formas
principais do poder social: o poder ideológico, o poder político e o poder econômico. Este está
relacionado à posse, em situações de escassez, de bens necessários ou assim considerados para
induzir o comportamento daqueles que não os possuem, consistente, sobretudo, na realização de um
determinado tipo de trabalho:
“Em qualquer sociedade onde há proprietários e despossuídos, o poder dos primeiros deriva da
possibilidade que a disposição exclusiva de um bem lhes dá de conseguir fazer com que os segundos
trabalhem para os primeiros sob as condições pelos primeiros impostas” (BOBBIO, 2000b, p. 220).
Quanto ao poder ideológico, este se vale da “influência que as ideias formuladas de “certo modo,
expressas em certas circunstâncias, por uma pessoa investida de certa autoridade, e difundidas
mediante certos processos, exercem sobre a conduta dos consociados” (BOBBIO, 2000a, p. 955). O
poder político, por sua vez, se vale da força. Não de qualquer tipo de força, pois, do contrário, seria
difícil distinguir entre o poder político e o poder de um bando de ladrões qualquer, mas da força cujo
monopólio o Estado reivindica para si com relativo êxito, aquela que é considerada legítima nos limites
4 TRABALHO
de um determinado território.
Bobbio (2000a, p. 956) afirma ainda que a distinção apontada por ele entre as três principais formas do
poder social se faz presente “na maior parte das teorias sociais contemporâneas, nas quais o sistema
social global aparece direta ou indiretamente articulado em três subsistemas fundamentais, que são a
organização das forças produtivas, a organização do consenso e a organização da coação”.
Sublinha-se que “o poder social não é uma coisa ou a sua posse: é uma relação entre pessoas”.
Assim, “não existe Poder, se não existe, ao lado do indivíduo ou grupo que o exerce, outro indivíduo
ou grupo que é induzido a comportar-se tal como aquele deseja”. O poder social “é uma relação entre
seres humanos. Uma relação que se rompe se aos recursos de A e à sua habilidade em utilizá-los não
corresponder a atitude de B para se deixar influenciar”. E, ainda, que “a mesma pessoa ou o mesmo
grupo pode ser submetido a vários tipos de poder relacionados com diversos campos” (STOPPINO,
2000, p. 934 e 937). Nesse sentido, pode-se dizer, por exemplo, do poder do médico e do professor, que
dizem respeito, respectivamente, à saúde e ao saber, e do poder do empregador sobre o empregado,
relacionado à esfera econômica e às atividades profissionais.
Existem poderes que dizem respeito a um só indivíduo e poderes relacionados a milhares de
indivíduos, a exemplo do poder do governante sobre os governados. Existem ainda relações de poder
unidirecionais e aquelas nas quais “se distinguem um maior ou menor grau de reciprocidade”, tais como
as que se estabelecem entre partidos políticos que pretendem formar uma coalizão (idem, p. 936).
O poder é um fenômeno da maior importância na vida em sociedade, uma vez que praticamente
inexistem relações sociais nas quais ele esteja ausente. Assim, as relações de poder inerentes às
sociedades humanas e, em especial, aquelas que acontecem no universo do trabalho, associadas ao
jogo dialético entre capital e trabalho pelo controle do processo produtivo, conformam um importante
eixo estruturador do ensino de jovens e adultos.
82
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DIMENSÃO
FORMADORA
CONCEITOS ESTRUTURADORES
4 TRABALHO
4.3 Sociedade
O conceito estruturador Sociedade, definido anteriormente (ver p. 127-129 acima), analisado em
interconexão com a dimensão formadora Trabalho, propicia uma reflexão sobre as diversas formações
sociais possíveis a partir de relações de produção distintas, o estudo de processos históricos que
resultaram na formação das sociedades contemporâneas, bem como de aspectos dessas sociedades,
entre os quais os contrastes extremos típicos da modernidade tardia.
4 TRABALHO
4.4 Tempo
Operacionalizado à luz da dimensão formadora Trabalho, o conceito estruturador Tempo, definido
anteriormente (ver p. 132-133), é um convite para estudos sobre a História Social do Trabalho, em
suas múltiplas nuances e desdobramentos, e de seus inúmeros sujeitos históricos, entre os quais os
estudantes da EJA.
Quadro 2: Interfaces dos conceitos estruturadores de Ciências Humanas com cada dimensão
formadora
83
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
1.1.1 Apropriar-se do corpo, compreendido
como objeto histórico submetido a sucessivas • • Manifestações culturais na
84
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
2.1.1 Descrever lugares que possuem
significados afetivos para a construção da
memória individual e coletiva.
2.1.2 Compreender as implicações do lugar
na construção de identidades individuais e
coletivas.
2.1.3 Construir representações do lugar (mapas
mentais, mapas conceituais, história em
• História dos bairros, das cidades
quadrinho, cartoons, relatos escritos etc.).
2.1.4 Identificar a contribuição dos diferentes
lugares da vida para a construção da memória e de lugares no espaço urbano e
(moradia, trabalho, lazer etc.). rural (fazendas, fábricas, escola,
2.1 Lugar
Quadro 3: Matriz curricular de Ciências Humanas para a Dimensão Formadora Corporeidade (Cont.)
85
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
•Segregação espacial.
3.1.3 Reconhecer as desigualdades
•Exclusão e discriminação
socioespaciais presentes no contexto urbano e
rural, a partir da análise de fontes imagéticas,
textos, mapas etc. social.
3.1.4 Explicar as estratégias de exclusão
e inclusão das populações nas diferentes
•Tecnopolos, cidades globais
3.1 Espaço
e médias.
•Hierarquia urbana.
territorialidades urbanas e rurais.
3.1.5 Identificar os tipos de industrialização
presentes nos espaços nacional e mundial. •Crescimento urbano.
3.1.6 Compreender as relações sociais no
espaço urbano e rural a partir de diferentes
•Conflitos no campo e na
cidade.
•Migrações regionais,
linguagens: a música, a literatura, a charge, o
cartoon etc.
3.1.7 Compreender a historicidade presente em nacionais e internacionais
diversos aspectos dos espaços geográficos e
(campos de refugiados,
apropriar-se das narrativas históricas que eles
carregam. refugiados ambientais, ação
3.1.8 Analisar historicamente espaços internacional).
geográficos distintos, desnaturalizando-os.
3.1.9 Desenvolver um olhar crítico sobre o
espaço.
86
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
• História da Cidadania.
• História do movimento operário e
sindical no Brasil.
• Direitos trabalhistas.
• Direitos sociais, trabalho e
4.1 Conceituar cidadania. trabalhadores na Europa do século
4.2 Correlacionar direitos de cidadania com XIX.
direitos do trabalho, no contexto da urbanização, • Cidadania e escravismo no Brasil
da industrialização brasileira e das questões Imperial.
agrárias/agrícolas no território brasileiro. • Emergência, consolidação e crise
4.3 Identificar as lutas pelos direitos dos do Estado de bem-estar social.
trabalhadores na sociedade moderna e • Trabalho e trabalhadores no Brasil
contemporânea.
contemporâneo: trabalho formal
4.4 Conhecer e questionar o papel do Estado
versus trabalho informal; trabalho
4.1 Cidadania
nacionalismos, autoritarismos e
racismos (passado e presente).
• Processos de inclusão/exclusão
social.
momentos da História.
• Formas de organização do trabalho:
4.2.4 Relacionar poder e cidadania na
organização da sociedade.
taylorismo, fordismo, toyotismo e
4.2.5 Relacionar poder, tecnologia e exclusão
social em diferentes sociedades. ohnismo.
4.2.6 Refletir sobre a ação dos meios de • Relações de trabalho no Brasil
comunicação para a legitimação dos poderes contemporâneo.
instituídos. • História do Capitalismo.
4.2.7 Discutir as principais ideologias e os meios • Formas de organização e luta das
de controle social presentes na sociedade classes trabalhadoras em diferentes
contemporânea. épocas e lugares.
4.2.8 Caracterizar as relações de trabalho no
Brasil contemporâneo.
4.2.9 Relacionar poder político, tecnologia e
exclusão social.
88
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
4.3.1 Descrever as transformações
socioespaciais advindas dos processos de
trabalho.
4.3.2 Conhecer diferentes formas de
organização social, associando-as a diferentes
formas de produção, distribuição e consumo
dos bens materiais e simbólicos necessários à
vida.
4.3.3 Reconhecer e analisar as diferentes
formas da divisão social e internacional do
trabalho.
4.3.4 Analisar a divisão territorial e social do
trabalho no Brasil no contexto urbano-rural e os
processos de exclusão e inclusão degradada.
4.3.5 Compreender as relações de trabalho
existentes na sociedade a partir de diferentes • Mídia e sociedade de consumo.
4.3 Sociedade
brasileira atual.
4.3.9 Descrever a sociedade de consumo de
massa, estabelecendo contrapontos entre
consumo e preservação ambiental.
4.3.10 Caracterizar a sociedade brasileira
contemporânea, compreendendo sua posição
na divisão internacional do trabalho.
4.3.11. Articular a inserção dos indivíduos
na divisão social do trabalho e os processos
de exclusão e integração social no mundo
contemporâneo.
(passado e presente).
de organização e produção da produção e do • Dinâmica populacional no território
trabalho, a partir da análise de diferentes fontes
brasileiro e sua relação com o
históricas: filmes, textos, iconografia, charges
etc. desenvolvimento da sociedade do
4.4.5 Diferenciar as formas de relação trabalho.
de trabalho ao longo do tempo e suas • Formas de organização da produção
consequências socioespaciais. e do trabalho: taylorismo, fordismo;
4.4.6 Compreender o papel do Estado na toyotismo.
organização do trabalho ao longo do tempo, no • O papel do Estado no liberalismo e
Brasil e no mundo. no neoliberalismo.
4.4.7 Analisar as lutas pelas melhorias das
condições de trabalho ao longo da história e as
consequências dessas lutas.
89
Secretaria Municipal de Educação
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11 Matemática
11.1 Introdução
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Secretaria Municipal de Educação
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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Secretaria Municipal de Educação
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
O uso de computadores nas aulas de Matemática pode ter várias finalidades: fonte
de informação para auxiliar no processo de construção de conhecimento: ferramenta
para execução de tarefas, considerando-se, por exemplo, planilhas eletrônicas,
processadores de texto, banco de dados etc.; meio para o desenvolvimento de
autonomia pelo uso de softwares que possibilitem pensar, refletir e criar soluções.
O computador pode ser também um grande aliado do desenvolvimento cognitivo
dos estudantes, principalmente na medida em que proporciona o desenvolvimento
de um trabalho que se adapta a distintos ritmos de aprendizagem e permite que o
estudante aprenda com seus erros (BRASIL, 2002).
A calculadora também é indicada pela Proposta Curricular para a EJA como um
recurso didático, embora o seu uso na sala de aula ainda seja considerado uma
questão polêmica (BRASIL, 2002). É inegável que essas máquinas, transformando-
se em objetos de consumo amplo, estão convertendo-se no meio de calcular mais
utilizado pela população, tanto nas atividades cotidianas como nas profissionais.
A utilização de vídeos educativos e softwares é outra sugestão que propicia uma
apresentação dinâmica de conceitos, figuras, relações e gráficos - nos quais o ritmo
e a cor são fatores estéticos importantes para captar o interesse do observador -, e
possibilita uma observação mais completa e detalhada, na medida em que permite
parar a imagem, voltar, antecipar. Além disso, jornais e revistas também constituem
importantes fontes de informação para os professores (BRASIL, 2002).
A abordagem histórica da Matemática permite ao estudante compreender que o
avanço tecnológico de hoje não seria possível sem a herança cultural de gerações
passadas. Essa abordagem, entretanto, não deve restringir-se a informações
relativas a nomes, locais e datas de descobertas. Em muitas situações, o recurso
histórico pode dar respostas a alguns porquês, esclarecendo e dando significado às
ideias matemáticas que estão sendo construídas nas aulas pelos jovens e adultos.
Os jogos favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução de
problemas e na busca de soluções (BRASIL, 2002). Eles propiciam a simulação
de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, estimulando
o planejamento das ações, e possibilitam a construção de uma atitude positiva
perante os erros, uma vez que as situações se sucedem rapidamente e podem ser
corrigidas de forma natural no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas.
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DIMENSÕES
CONCEITOS ESTRUTURADORES/ VERBETES
FORMADORAS
1 Campo numérico e algébrico
3 Conhecimento espacial
TRABALHO, O conhecimento espacial está relacionado ao modo como o sujeito apreende o espaço
em seu entorno. Esse conceito diz respeito à habilidade de ler, compreender e interpretar
TERRITORIALIDADE,
representações gráficas, que, por sua vez, está ligada ao desenvolvimento de um aspecto
MEMÓRIA, indispensável da inteligência humana, além de corresponder a um modo de comunicação.
A partir da habilidade espacial, é possível, de modo interdisciplinar, ler e interpretar mapas
CORPOREIDADE
e, desse modo, enquanto cidadãos, os jovens e adultos podem pensar o espaço e sobre o
espaço.
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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Secretaria Municipal de Educação
102
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
1.1.1 Compreender a função social do número: • Números naturais: classificação,
a. utilizar códigos numéricos simples de ordenação, comparação,
cotidiano (número de telefone, endereços, conservação, ordens e classes.
apartamento em edifícios, linhas de ônibus);
b. ler quantidades que tratam de fatos e • Sistema de numeração: ordens e
acontecimentos do mundo do trabalho e da classes.
vida real;
c. utilizar estratégias, associando situações
recorrentes do trabalho, para quantificar • Números naturais.
(contagem, emparelhamento, grupamento), • Ordens e classes.
ordenar e construir códigos.
1.1.2 Compreender o sistema de numeração
decimal, identificando o conjunto de regras • Antecessor e sucessor
e símbolos que o caracterizam, a partir de
situações-problema do contexto do trabalho.
1.1.3 Ler e registrar quantidades que tratam de
• Operações: adição e subtração;
fatos e acontecimentos do mundo do trabalho multiplicação e divisão
e da vida real.
1.1.4 Localizar na reta numérica os números
naturais, estabelecendo as relações de
antecessor e sucessor. • Números fracionários.
1.1.5 Construir os fatos fundamentais da
1.1 Campo Numérico e Algébrico
103
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
1.2.1 Relacionar objetos, encontrados nos
• Trajetos e distâncias
de lados e ângulos) no espaço de convívio
• Formas geométricas, ângulos
doméstico e do trabalho.
• Localização (par ordenado)
1.3.3 Interpretar a localização de objetos e
• Pontos de referência
pessoas no espaço de convívio doméstico e do
• Plantas, croquis e mapas
trabalho.
1.3.4 Identificar pontos de referência para o
deslocamento no espaço como no trajeto de
casa para o trabalho.
1.3.5 Ler e construir planta baixa, croquis e
mapas.
1.4.1 Estabelecer relações entre unidades de
medidas usuais e instrumentos de medida:
1.4 As Métricas e suas Relações
104
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
2.1.1 Identificar as características do sistema de
numeração decimal: base 10 e valor posicional
e do sistema sexagesimal (horas, minutos,
segundos).
2.1.2 Estabelecer relação de ordem entre os
números naturais.
2.1.3 Decompor os números naturais e
representá-los por meio de escrita numérica.
2.1.4 Reconhecer e aplicar as ideias, algoritmos • Valor posicional.
e propriedades das operações, associando • Relação de ordem
2.1 Campo a conceitos como reduzir, agregar, perder, • Decomposição de números naturais
Numérico ampliar e parcelar. • Algoritmos
e 2.1.5 Utilizar procedimentos de cálculo mental • Cálculo mental
Algébrico e estimativas, utilizando diferentes estratégias. • Expressões algébricas
2.1.6 Reconhecer expressões algébricas como • Expressões algébricas
generalizações sobre propriedades numéricas • Antecessor e sucessor
2 MEMÓRIA
105
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DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
2.4.1 Ampliar as noções de grandezas e
2.4 As medidas para a compreensão da realidade, ao
Métricas longo do tempo. • Grandezas e unidades de medidas
e suas 2.4.2 Desenvolver, apropriar-se e aplicar • Perímetro, área e volume
Relações as noções de perímetro, área e volume em
diversos contextos.
2.5.1 Utilizar recursos da informática, como
editor de texto, gráficos e planilhas eletrônicas,
2.5 Orga- na elaboração de listas e organização de dados.
2.5.2 Comparar tabelas que tratam de dados,
nização • Listas de dados
como altura/peso; gênero e idade, em relação a
e Análise • Tabelas e gráficos
tabela pré-determinada.
de Infor- • Tabelas e gráficos
2.5.3 Ler e interpretar, em situações que tratam
mações e • Tabelas e gráficos
da memória individual ou coletiva, informações
dados veiculadas em imagens, gráficos ou tabelas.
2.5.4 Produzir registros escritos a partir da
leitura e interpretação de situações-problema.
3.1 Campo
• Fração
Numérico 3.1.1 Efetuar cálculos necessários para análise
• Proporção. Regra de Três
e de diferentes estágios do peso corporal.
• Porcentagem
Algébrico
2 MEMÓRIA
3.2
Noções 3.2.1 Reconhecer figuras planas, percebendo
de Formas relações de tamanho, forma e posição (nº •Formas geométricas
Planas de lados e ângulos) no espaço de convívio • Ângulos
e Não doméstico e do trabalho.
Planas
3.3 Conhe-
3.3.1 Relacionar tempo e distância percorrida
cimento • Distância
em um deslocamento.
Espacial
3.4 As
3.4.1 Interpretar conceitos de beleza,
Métricas
relacionando-os com conceitos veiculados pela • Grandezas e unidades de medidas
e suas mídia (obesidade, IMC, anorexia).
Relações
3.5.1 Ler e interpretar, em situações que tratam
da qualidade de vida de jovens e adultos,
informações veiculadas em imagens, gráficos
3.5 Orga- e tabelas.
3.5.2 Analisar tabelas e gráficos de diversos • Construção e análise de tabelas e
nização
alimentos quanto ao valor nutricional para gráficos
e Análise
escolha de produtos mais saudáveis. • Tabelas e gráficos
de Infor- 3.5.3 Analisar e tratar informações matemáticas • Tabelas e gráficos
mações e (tabelas, gráficos, índices, listas) relacionadas • Registro escrito
Dados ao desenvolvimento físico e à saúde a fim de
fomentar a qualidade de vida.
3.5.4 Produzir registros escritos a partir da
leitura e interpretação de situações-problema.
Quadro 9: Matriz Curricular de Matemática para a Dimensão Formadora Memória (Cont.)
106
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
4.2 Noções
4 TERRITORIALIDADE
4.4 As
Métricas 4.4.1 Relacionar perímetro, área e volume de • Perímetros, área e volume
e suas modo a apropriar-se do território. • Razão
Relações
107
Secretaria Municipal de Educação
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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109
Secretaria Municipal de Educação
O termo numeramento pode causar alguma estranheza, pois ainda não conquistou
no discurso pedagógico ou no acadêmico a mesma popularidade do termo
letramento.
Cabe, pois, na abordagem dessa dimensão, discutir o que é numeramento e que
contribuições a adoção desse conceito traz para a atuação daqueles que trabalham
na formação escolar de pessoas jovens e adultas.
110
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Com efeito, podemos até nos arriscar a parafrasear Magda Soares para explicar a
preferência brasileira pelo termo numeramento, em detrimento de numeracia, como
ocorreu com o letramento sobre a literacia. A professora Magda sugere que essa
opção talvez se relacione à referência - melhor sugerida pelo sufixo -mento do que pelo
sufixo -ia - à ação ou às contribuições de processos, menos ou mais intencionais, por
meio dos quais pessoas ou grupos se apropriam da cultura escrita. Nós poderíamos,
então, dizer que, da mesma maneira, no campo da Educação Matemática no Brasil,
também preocupam os processos de apropriação de práticas matemáticas socialmente
valorizadas, e não apenas identificar quanto um indivíduo ou um grupo delas se
apropriou. Num país em que nem mesmo as condições para aquisição da tecnologia da
leitura e da escrita encontram-se disponíveis para toda a população, preocupa-nos não
só o ‘estado’ ou a ‘condição’ que assume ‘aquele que aprende a ler e escrever’ ou que
‘conhece os números e consegue fazer contas’; interessa-nos também a concepção,
as estratégias, o desenvolvimento e a avaliação de ações voltadas à viabilização ou à
potencialização de processos de apropriação da cultura escrita e de certos modos de
matematicar. Essas preocupações parecem atrair, com a prioridade revelada na escolha
do sufixo, a atenção e o empenho de educadores e outros estudiosos, sugerindo, de
alguma forma, os compromissos que com isso assumem ao lançar mão dos conceitos
desse campo para operacionalizar as análises que empreendem e orientar as práticas
pedagógicas que desenvolvem (FONSECA, 2008).
Na perspectiva que queremos aqui adotar, estamos considerando o letramento
como um conceito amplo, que envolve práticas sociais, condições e possibilidades
para o sujeito fazer frente às demandas de uma sociedade grafocêntrica. Nessa
perspectiva, constatamos que as demandas de uma sociedade regida pela cultura
escrita são também marcadas pelos valores associados a essa cultura e vão ficando
cada vez mais diversificadas e complexas. Isso porque também se diversificam e
complexificam os modos de produção e de relação das sociedades letradas, de modo
que, para o sujeito constituir práticas de leitura e escrita adequadas às condições,
exigências e possibilidades dessa sociedade e das posições que ele assume nela,
será preciso que mobilize uma diversidade cada vez maior de conhecimentos.
Entre esses conhecimentos, destacam-se os conhecimentos matemáticos, porque
certos modos de quantificação e de organização das formas e dos espaços têm
alto valor na sociedade letrada. Não se trata, portanto, de tomar o numeramento
como um fenômeno paralelo ou análogo ao do letramento, mas de considerar
numeramento como uma das dimensões do letramento.
Essa perspectiva assume, pois, a centralidade dos processos de letramento nas
discussões sobre a função social da escolarização. Tal centralidade tem exigido
e propiciado que nos debrucemos sobre as demandas e as contribuições das
diversas áreas do conhecimento e das diversas disciplinas escolares no que tange
a tais processos de apropriação não só da tecnologia do ler e do escrever, mas
também dos critérios, dos valores, das ferramentas e das intenções, dos ritos e dos
gêneros próprios da(s) cultura(s) escrita(s).
Na discussão que queremos desenvolver aqui, vamos focalizar alguns aspectos
dessa inserção do ensino da Matemática e de outras oportunidades de vivências
111
Secretaria Municipal de Educação
112
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Temos, muitas vezes, reunidas, num só grupo, diversas faixas etárias e pessoas
com trajetórias escolares que vão desde a formação realizada exclusivamente em
contextos não escolares até os que jamais se afastaram da escola, embora não
tenham nela logrado sucesso, e construíram uma história de entradas e saídas em
várias etapas e por diferentes motivos.
Educadores da EJA na Rede Municipal de Belo Horizonte têm proposto e
desenvolvido alternativas para lidar com essa diversidade que incluem o trabalho
com atividades diferenciadas para grupos de estudantes, a proposição de projetos
temáticos em que os diferentes sujeitos têm a oportunidade de participar, aportando
a seu desenvolvimento contribuições também diferenciadas, como a flexibilização
dos agrupamentos de estudantes, de modo que participem de atividades variadas
com grupos diferentes numa mesma etapa.
A adoção dessas alternativas nem sempre é possível e, em alguns casos, é
questionada pelos próprios educadores ou pelos estudantes, que temem sua
identificação como práticas de segregação ou ressentem-se da falta de constituição
de uma turma que dê ao estudante um maior sentido de pertencimento.
113
Secretaria Municipal de Educação
Não cabe estabelecer a melhor solução, mas reafirmar aqui o critério da relevância
e do incentivo à participação produtiva de todos os estudantes que deve pautar a
adoção dessa ou daquela alternativa para o trabalho escolar.
114
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
115
Secretaria Municipal de Educação
116
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
do texto pode ser escrito e os modos como estudantes as registram ou com elas
operam sem registrar. Essas diferentes formas também constituem especificidades
dos gêneros textuais próprios da Matemática cujo reconhecimento é fundamental
para a atividade de leitura, sob pena de os objetivos definidos para o exercício não
serem alcançados.
Entretanto, na busca de alternativas para atribuir maior significado aos conteúdos
escolares de Matemática, os professores podem lançar mão de textos que não
foram originariamente criados para o ensino de Matemática. Focalizamos aqui
a utilização de anúncios de produtos, mapas, contas de serviços públicos ou
particulares, visores de aparelhos de medida etc. que aparecem nas situações
de ensino-aprendizagem de matemática, em geral inseridos nos enunciados de
problemas.
Tais textos têm sido bastante frequentes nas práticas de ensino de Matemática da
escola básica, especialmente com estudantes jovens e adultos. Essa frequência
parece responder a uma preocupação de “contextualizar” o ensino de Matemática
“na realidade do estudante”, colocando em evidência o papel social da escola e do
conhecimento matemático.
Na intenção de promover uma “contextualização”, educadores e materiais didáticos
propõem atividades de matemática que se utilizam de situações cotidianas que
seriam passíveis de serem vividas pelo próprio estudante e/ou pessoas de sua
convivência. São situações como as de compras em lojas, centros comerciais e
supermercados com seus folhetos de promoção ou notas fiscais, pagamentos com
cheques, vales e carnês, conferências de contracheques e extratos bancários ou
faturas. Envolvem ainda a leitura de mapas, croquis, gráficos diversos, visores
etc. Ao inserir tais textos nos enunciados dos problemas, os professores esperam
envolver contextos significativos para o estudante, tomando tais textos como textos
de matemática, pretendendo que sejam oportunidades de dar acesso, explorar ou
decifrar linguagens e procedimentos matemáticos diversos, utilizados no cotidiano.
A mobilização desses textos de outros contextos nas aulas de Matemática busca,
por certo, estabelecer e revelar uma maior proximidade entre as práticas escolares
e práticas sociais variadas e a explicitação do papel do aprendizado da matemática
escolar na preparação do estudante para um melhor desempenho na multiplicidade
de situações que mobilizam tais práticas.
É preciso cuidar para que esse processo de aproximação não acabe sendo fragilizado
pela dificuldade na transgressão das práticas escolares e pela tendência (quase vício)
de submeter as “práticas sociais” ao ritual escolar, tornando artificiais as situações
forjadas para provocar a oportunidade de ensinar esse ou aquele conteúdo.
Às vezes, a situação que se forja para sua leitura configura-se artificial, em que o
leitor é chamado a ler o texto tão somente para “encontrar as informações mais
importantes”, que, na opinião do professor ou do autor do livro didático, servirão
de respostas para os itens do exercício. Não se estabelece uma situação própria
das leituras sociais em que o leitor procura no texto resposta para suas próprias
indagações ou necessidades.
117
Secretaria Municipal de Educação
118
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
estratégias para uma leitura crítica que os auxiliem a assumir posição diante das
questões que essas matérias propõem. Ao incentivar e orientar os estudantes
na interpretação das informações veiculadas em textos diversos, muitas delas
apresentadas por meio de dados numéricos, não se colocam os textos a serviço do
ensino de Matemática, mas, deliberadamente, recorre-se à Matemática a serviço
da leitura dos textos. E isso poderá ter um efeito muito maior sobre a aprendizagem
matemática do que muitas das atividades em que o destaque é dado à ação
exclusivamente matemática que se quer provocar!
119
Secretaria Municipal de Educação
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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123
12 Ciências da Natureza
12.1 Introdução
125
Secretaria Municipal de Educação
126
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
127
Secretaria Municipal de Educação
Aquilo que o sujeito já sabe influencia na sua aprendizagem. Sabe-se, com base
na vivência cotidiana, que as pessoas aprendem o tempo todo. Aprendem por
necessidade, interesses, vontade, enfrentamento; aprendem habilidades manuais
e intelectuais, valores e informações no relacionamento com outras pessoas ao
longo de toda vida. As concepções ou ideias que os estudantes trazem para os
espaços de aprendizagem (sala de aula, laboratório, extraescola, oficinas) são
em sua maioria diferentes das concepções científicas. Isso pode representar um
obstáculo epistemológico que interfere diretamente na aprendizagem de conceitos
128
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
129
Secretaria Municipal de Educação
130
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
131
Secretaria Municipal de Educação
Quadro 12: Relação de conceitos estruturadores de Ciências da Natureza para cada uma das
dimensões formadoras
TRANSFORMAÇÃO
CICLO
132
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIVERSIDADE
METABOLISMO
133
Secretaria Municipal de Educação
SUSTENTABILIDADE
ENERGIA
IDENTIDADE / CONSERVAÇÃO
134
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
ADAPTAÇÃO
135
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO
CONCEITO ESTRUTURADOR/ VERBETE
FORMADORA
1.1 Transformação
O conhecimento do corpo individual e único é interpretado como um sistema integrado
que interage com o ambiente físico-químico e que reflete a história do indivíduo nas
diferentes etapas de sua vida. Esse corpo apresenta características passíveis de
transformações biocomportamentais, decorrentes de alteração biológica, social,
ambiental, afetiva e cultural.
1.2 Ciclo
1 CORPOREIDADE
A existência contínua dos diferentes ciclos na natureza comprova quanto eles contribuem
para a manutenção dos sistemas orgânicos (biológicos físicos e químicos). Ciclo é visto
como fases da vida ou sucessões de acontecimentos que mantêm a auto-organização
do corpo humano no meio em que se vive. O corpo humano integrado perpetua-se por
meio da reprodução e se modifica no tempo em função do processo evolutivo.
1.3 Diversidade
As alterações ambientais associadas à variabilidade genética e adaptação são
determinantes na singularidade e na história de vida de cada indivíduo e, ao mesmo
tempo, carregam todas as características comuns da espécie humana.
Os corpos diversos refletem a pluralidade cultural, étnica e de gênero numa sociedade
diversificada como a brasileira.
1.4 Metabolismo
Metabolismo tratado sob o olhar ecológico e evolutivo é um conceito de extrema
importância no ensino de Ciências. Conhecer o metabolismo dos organismos, dos
menos complexos aos mais complexos, ajuda a entender como os seres vivos interagem
com o ambiente. Metabolismo é um conjunto de processos sujeitos a interferências
do meio que garante atividade vital do homem como obtenção, transformação e
distribuição de energia; respiração; equilíbrio de água e sais; remoção de produtos
finais do metabolismo; e continuidade da espécie.
2.2 Diversidade
As propriedades físico-químicas interferem e/ou mantêm a diversidade e a distribuição
dos organismos, nos mais diversos ambientes. Os seres humanos modificam o
ambiente ao exercer desde os mais simples hábitos pessoais cotidianos até as
atividades econômicas e industriais. A intensificação dos desequilíbrios ambientais
pela intervenção humana tem reduzido a diversidade dos seres e dos ambientes,
ameaçando a sobrevivência da vida no planeta.
2.3 Adaptação
A ocupação dos organismos nos mais diversos ambientes não ocorre ao acaso. Essa
ocupação deve-se à capacidade dos organismos sobreviverem e se reproduzirem em
determinado ambiente, submetidos à seleção natural.
136
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITO ESTRUTURADOR/ VERBETE
FORMADORA
3.1 Transformação / tecnologia
A incorporação das novas tecnologias ao cotidiano do trabalho extingue ou modifica
atividades, afetando diretamente as profissões, que, por sua vez, sofrem transformações
nos procedimentos e métodos praticados ou nas ferramentas e equipamentos utilizados.
A compreensão dos fundamentos científicos de produção, funcionamento e aplicação
das novas tecnologias permite prever melhorias e riscos para a vida e diferenciar usos
corretos e úteis daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza.
3.2 Sustentabilidade
A noção de sustentabilidade implica uma inter-relação necessária entre justiça social,
qualidade de vida, equilíbrio ambiental e necessidade de desenvolvimento.
A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de
garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos
e sociais que sustentam as comunidades. Isso implica a necessidade de multiplicar
as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso à informação e à
educação ambiental em uma perspectiva integradora.
3 TRABALHO
3.3 Diversidade
Ao exercer atividades que culminem em ganhos econômicos, o homem altera o
ambiente, reduzindo a disponibilidade de materiais e produzindo intensamente resíduos
sem a sua gestão. É necessário repensar mudanças de atitudes e fazer uma gestão
sustentável dos recursos, para garantir harmonia com o meio ambiente, preservando
sua diversidade de materiais e biomas.
3.4 Energia
As diversas formas de energia - eólica, hidráulica, térmica, solar e nuclear - e suas
disponibilidades para a população implicam a melhoria da qualidade de vida, a
sua utilização no setor industrial e na movimentação da economia de um país. A
compreensão das leis de transformação de energia em diferentes sistemas favorece
a mudança de hábitos de consumo em espaços urbanos e rurais, a procura por
fontes limpas de energia e o desenvolvimento do consumo consciente nas atividades
domésticas e ambientes de trabalho.
Quadro 13: Relação de verbetes para cada conceito estruturador de Ciências da Natureza
137
Secretaria Municipal de Educação
138
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTURA- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA DORES
Quadro 14: Matriz curricular de Ciências da Natureza para a Dimensão Formadora Corporeidade
139
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
• Sexualidade, afetividade, reprodução humana e
saúde reprodutiva: os métodos anticoncepcionais,
a gravidez na adolescência e em idade avançada
(riscos).
• Reposição hormonal.
• Doenças relacionadas à reprodução:
infertilidade/tratamentos.
• Orientação sexual. Autoestima, afetividade. O
problema do preconceito.
• Vida sexual saudável nas diferentes etapas da
vida.
• Estratégias reprodutivas dos seres vivos: corte
e acasalamento.
1.2.1 Compreender a reprodução
• Reprodução sexuada e assexuada.
como função orgânica e sexualidade
• Fertilização externa e interna.
e afetividade como características
• Desenvolvimento de ovíparos e vivíparos.
humanas.
• Anatomia interna e externa dos sistemas
1.2.2 Compreender os mecanismos
reprodutor masculino e feminino.
1.2 Ciclo
Quadro 14: Matriz curricular de Ciências da Natureza para a Dimensão Formadora Corporeidade
(Cont.)
140
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
141
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
• Impacto físico-químico em uma região com
a presença de diferentes populações de
seres vivos (tipos de poluição e sua influência
no ambiente, acidez, formação de filmes
sobre a água, impacto sobre os seres vivos).
• Interações intra e interespecífica e sua
2.3 Diversidade
importância no ambiente.
2.3.1 Reconhecer a importância
•Habitat e nicho ecológico.
da diversidade dos seres vivos
• Evolução da espécie humana e sua migração.
para a dinâmica do território.
2 TERRITORIALIDADE
142
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA RADORES
• Produtos obtidos pelo ser humano a partir de
outros seres vivos (na produção de alimentos,
bebidas e medicamentos).
• Recomposição da fertilidade do solo (uso de
adubos, fertilizantes naturais e industrializados).
• Recuperação de ambientes (aquáticos, aéreos
e terrestres degradados, visando ao retorno da
diversidade da vida).
3.1.1 Avaliar a importância da • Uso de aquecimento solar (economia de
produção de tecnologias e de energia); uso de próteses (na estética e saúde),
3.1 Tecnologia
do ar (bronquite e asma).
3.2.3 Relacionar a ocorrência
• Outras doenças contagiosas veiculadas também
de determinadas doenças com a
pelo ar (gripe, tuberculose, meningite bacteriana).
ocupação desordenada dos espaços
• Outras doenças veiculadas pela água e solo
urbanos e degradação ambiental.
(tifo, disenteria leptospirose, verminose, entre
3.2.4 Identificar o papel do Estado
outras).
e da sociedade na efetivação dos
• Programas de saúde, de moradia, de saneamento
direitos dos cidadãos. (organização
básico e de educação: caracterização qualitativa
do Estado e as políticas públicas).
dos principais poluentes químicos do ar, da água
3.2.5 Distinguir a medicina científica
e do solo e seus efeitos sobre a saúde.
da medicina popular, tendo noções
• Caracterização, prevenção e tratamento de
da prática médica e do atendimento
doenças transmitidas pela água, ar e solo.
das camadas populares com
• A importância do saneamento básico: tratamento
práticas alternativas da saúde.
da água e do esgoto, entre outros.
3.2.6 Valorizar atitudes individuais
• Doença e sua cura, os modelos terapêuticos
e coletivas que contribuam para a
(alopáticos homeopáticos).
preservação do meio ambiente e
• Saúde individual e coletiva: a responsabilidade
bem-estar das pessoas.
de cada um (higiene pessoal, descanso, lazer,
segurança doméstica e no trabalho, primeiros
socorros, entre outros).
Quadro 16: Matriz curricular de Ciências da Natureza para a Dimensão Formadora Trabalho
143
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMA- ESTRUTURA- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
DORA DORES
semelhanças e as diferenças
nos materiais que compõem os • Leitura e interpretação de informações contidas
produtos naturais e industrializados, em rótulos e embalagens.
de origem vegetal ou animal. • Fontes diversas de energia associando-as ao seu
3.3.3 Reconhecer a importância da uso (eletricidade nas casas, nas indústrias, nas
energia e de suas transformações usinas, nos hospitais, nos meios de transporte,
para a manutenção da vida no planeta. como forma de energia nuclear, combustíveis,
3.3.4 Reconhecer a importância entre outras).
dos seres fotossintetizantes na •Características dos seres fotossintetizantes.
transformação da energia solar e • Captação e transformação da energia solar no
manutenção da vida no planeta. planeta.
•Fotossíntese.
• Níveis tróficos na pirâmide de energia.
Quadro 16: Matriz curricular de Ciências da Natureza para a Dimensão Formadora Trabalho (Cont.)
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURA- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA DORES
Quadro 17: Matriz curricular de Ciências da Natureza para a Dimensão Formadora Memória
144
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Referências
ARROYO, Miguel Gonzalez. Educação de Jovens - Adultos; um campo de direitos e de
responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio; GIOVANETTI, Maria Amélia; GOMES,
Nela Lino (Orgs.). Diálogos na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica,
2005, p. 19-50.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 148p.
145
Secretaria Municipal de Educação
______. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo:
Associados: Cortez, 1986. 168p.
______. Pedagogia do oprimido. 47. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 5. ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo. Ed. Cortez, Brasília,
DF: UNESCO, 2004.
146
13 Linguagens
Cabe perguntar: o que faz com que uma área composta de disciplinas
consideradas historicamente separadas se constitua, hoje, uma área
de conhecimento, em especial para orientar a Educação de Jovens,
Adultos e Idosos?A resposta está na linha comum que reúne as
áreas de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Arte e Educação
Física: todas são linguagens, são meios pelos quais o ser humano
se expressa, marca seu lugar no tempo e no espaço, faz contato,
deixa registros, existe! Todas envolvem a linguagem como interação
humana.
A complexidade do pensamento humano pode ser vislumbrada e
compreendida na linguagem. Assim, entender e fazer-se entender
com eficiência, seja por meio da fala, da escrita, da leitura, em língua
materna ou estrangeira, seja por meio da arte ou do corpo, esse é
o requisito básico para que o sujeito da EJA alcance sua autonomia
como indivíduo de saberes e como cidadão consciente de seu tempo
e de seu espaço.
A linguagem induz o ser humano ao autoconhecimento, levando-o a
situar-se, relacionar-se, interpretar e a manifestar seus sentimentos
em palavras, imagens, sons, gestos e movimentos. Além disso, o
aprendizado, em todas as suas formas, se dá por meio da linguagem,
pois é ela que formaliza o conhecimento produzido nas diferentes
áreas.
Nesse sentido, a Proposição Curricular para a Educação de Jovens e
Adultos (2002) salienta que os cursos destinados a essa modalidade
devem não só desenvolver nos estudantes as competências
necessárias para o aprendizado dos conteúdos escolares, mas
também ampliar a consciência crítica desses estudantes em relação
ao seu estar no mundo. Consequentemente, estes ampliarão também
suas possibilidades de participação nas várias práticas sociais e no
exercício da cidadania.
Para atender a esse propósito, este documento apresenta proposição
de ensino para a EJA baseada na concepção de linguagem como
Secretaria Municipal de Educação
148
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
149
Secretaria Municipal de Educação
4 Ver Kato (1986, 1992); Kleiman (1989, 1992, 2001); Geraldi, (1984); Rojo (1989a, 1989b, 1990 a,
1990b, 1992, 1994; 2000, 2009).
150
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
que seus alunos possam participar de várias práticas sociais que se utilizam da
leitura e da escrita (letramentos) na vida da cidade, de forma plena”. Para que isso
ocorra, segundo ela, é necessário que a educação linguística leve em conta os
multiletramentos (locais, letramentos valorizados, universais e institucionais), os
letramentos multissemióticos, exigidos pelos textos atuais (as imagens, música, as
cores, os sons etc.) e os letramentos críticos e protagonistas (requeridos para o trato
ético dos discursos), uma vez que os sentidos para os textos orais e escritos são
produzidos por leitores sócio e historicamente situados, com seus valores, projetos
políticos e histórias.
Por sua vez, ganha a mesma compreensão a Língua Estrangeira (LE). Tem-se, por
exemplo, a língua inglesa, que, em termos culturais, no mundo do trabalho, nos
ambientes virtuais e na mídia, é uma língua muito utilizada na contemporaneidade.
O conhecimento dos diferentes gêneros e registros dessa língua facilita a interação
com o mundo globalizado, o acesso à informação, a compreensão da linguagem
da tecnologia e também de inúmeras produções culturais e artísticas, além de
proporcionar a abertura de portas em termos profissionais.
O conhecimento da Língua Estrangeira possibilita a compreensão das diferenças
entre culturas ao estudante da EJA, que tem, assim, maior consciência de sua própria
posição em termos culturais e sociais. A Língua Estrangeira pode também ser vista
como um elemento essencial para aumentar a motivação desse sujeito, que poderá
começar a vislumbrar sua inclusão social nos desdobramentos consequentes de
seu letramento crítico. A simples capacidade de navegar na internet, fazer buscas
on-line e de compreender textos curtos - escritos ou orais - em outra língua amplia
o horizonte. É importante ressaltar que cada passo na trilha da aquisição da LE é
uma pequena conquista que pode levar o sujeito a buscar novos caminhos em suas
relações sociais e profissionais.
É necessário que tanto o estudante quanto o docente da EJA compreendam
a importância da LE na atualidade, com o objetivo de despertar o interesse e a
motivação para seu aprendizado. Levando em consideração que o estudante da EJA
é um sujeito de culturas, pode-se dizer que o aprendizado de uma língua estrangeira
lhe oferece não só a possibilidade de ampliar a abrangência cultural, mas também
a oportunidade de tornar-se cidadão do mundo globalizado.
E o que dizer da linguagem enquanto expressão artística? É interessante destacar
que o ensino de arte no Brasil tem uma longa trajetória. Começa com a educação
jesuíta, passa pela implantação do ensino de arte nas escolas primária e secundária,
o Movimento Escola Nova (1927-35), as Escolinhas de Arte (final dos anos 1940),
o ensino polivalente (década de 1970), até chegar à Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN - Lei 9.394/1996), quando a Educação Artística foi
extinta e passou a existir a disciplina Arte, reconhecida oficialmente como área de
conhecimento5.
A arte mostra sua importância em todos os níveis de escolarização: dos anos iniciais,
passando pelo ensino fundamental, até o ensino médio, incluindo aí a Educação de
5 PIMENTEL, Lucia Gouvêa (Org.). Curso de especialização em ensino de artes visuais. 2. ed. Belo
Horizonte: Escola de Belas Artes da UFMG, 2008.
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
“deve-se mudar o pensamento para mudar o ensino”, segundo nos ensina Morin
(2001, p. 20). Considerando a importância desse processo de alfabetização na vida
do cidadão jovem, adulto e idoso, será necessário o exercício efetivo e competente
da tecnologia da escrita e o desenvolvimento de algumas habilidades. Vivenciar,
por exemplo, a habilidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos e de
interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros textuais, ter interesse e prazer em
ler e escrever, saber utilizar-se da escrita para encontrar ou fornecer informações e
conhecimentos, escrever ou ler, de forma diferenciada, segundo as circunstâncias,
objetivos e interlocutores deverão fazer parte da Educação de Jovens, Adultos e
Idosos, numa perspectiva de alfabetização e letramento.
A proposição para a EJA/PBH prevê uma didática que alfabetiza, letrando. Para
isso é necessário que se garantam dois aspectos: o domínio do Sistema de Escrita
Alfabética (SEA) pelos estudantes, em um ensino que promova uma imersão com
qualidade no mundo das práticas letradas. Isso se dará, por exemplo, com o domínio
das propriedades dos gêneros textuais tanto para a leitura quanto para a produção
oral e escrita desses gêneros. Embora a proposição preveja que o material a ser
utilizado na EJA sejam os gêneros textuais que circulam na sociedade, é importante
destacar que apenas a interação com esses textos não garante que os sujeitos da
EJA se apropriem da escrita alfabética, uma vez que, no geral, essa aprendizagem
não acontece de forma espontânea, mas exige um trabalho de reflexão sobre as
características do nosso Sistema de Escrita Alfabética.
Muitos estudantes continuam (ou saem) da escola sem saber ler e escrever. Isso
se deve, provavelmente, ao equívoco de se privilegiar a faceta psicológica da
alfabetização, em detrimento da faceta linguístico-fonética e fonológica. Deve-se
também ao fato de se acreditar que basta o convívio intenso do alfabetizando com o
material escrito que circula nas práticas sociais para se alfabetizar (SOARES, 2004).
A aprendizagem do sistema de escrita alfabética exige que os estudantes se
apropriem de uma série de conhecimentos, tais como:
I. escrever com letras, que são diferentes de números e outros símbolos e que
se organizam em uma determinada ordem (ordem alfabética);
II. as letras têm formato fixo e pequenas variações podem modificar sua
identidade (p, q, b, d);
III. a mesma letra pode assumir formatos variados (P, p, a, à, ã);
IV. a ordem das letras é que define a palavra (ROMA, AMOR);
V. uma letra pode repetir-se no interior da palavra e em diferentes palavras;
VI. nem todas as letras podem vir juntas de outras e nem todas podem ocupar
certas posições no interior das palavras;
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
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a ser abordada e os gêneros textuais que serão produzidos. Devem saber, ainda,
estruturar os parágrafos, organizar o texto no papel, adequar o nível de linguagem,
levando em conta quem serão seus leitores e os objetivos pretendidos.
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Secretaria Municipal de Educação
de texto por via do telefone celular) ou blogs 7. O trabalho com esses gêneros,
muitas vezes desconhecidos para o estudante, é uma oportunidade de ampliar
o seu conhecimento, despertando a consciência para a multiplicidade de
linguagens utilizadas hoje em dia, além de ampliar seu conhecimento de mundo
por meio do saber acadêmico.
O estudo da Língua Portuguesa e de Língua Estrangeira, tomando-se o gênero
do discurso - oral e escrito - como eixo articulador, permite o exercício efetivo
do aspecto interacional da linguagem. O sujeito não é um ser passivo diante do
texto a ser lido; ele constrói o sentido do texto num exercício dialógico com ele,
preenchendo lacunas, criando hipóteses, comparando o seu conhecimento de
mundo com a proposta do autor (KOCH; ELIAS, 2007, p. 11).
Na prática de produção de textos orais e escritos nessa perspectiva, o foco são
os usos e práticas de linguagens; o sujeito, como autor, constrói hipóteses sobre
o funcionamento dos gêneros orais e escritos, em função de suas experiências
de letramentos e considerando a situação discursiva proposta da qual o texto
emerge.
No caso da Educação Física, mediante a análise das manifestações culturais
e vivências das práticas corporais, o trabalho com corporeidade deve buscar
a ruptura com valores hegemônicos, possibilitando a valorização da própria
identidade corporal, a construção de conceitos e autonomia, destacando
atividades sociais carregadas de ludicidade que despertem o interesse para
que os estudantes usufruam dessas possibilidades fora da escola, em sua vida
cotidiana.
Essas vivências, seus conceitos, sentidos e significados são conteúdos legítimos
a serem problematizados em práticas corporais construídas ao longo dos
tempos. Todavia, não se trata de qualquer prática ou movimento, e sim daqueles
que se apresentam na forma de esporte, ginástica, jogos, brincadeiras, dança,
movimentos expressivos, lutas, capoeira, dentre outros.
Com relação ao ensino de arte, é importante que o trabalho do professor na sala
de aula da EJA tenha como um de seus referenciais a abordagem triangular,
desenvolvida pela educadora e pesquisadora brasileira Ana Mae Barbosa8 em
1987, que “sintetiza os componentes do ensino/aprendizagem da arte no fazer
artístico, na leitura da obra de arte e na história da arte” (GOUTHIER, p. 20)9.
A História da Arte é apresentada na ‘contextualização’, importante por situar a
7 Blog é uma página da web que contém artigos de opinião e que permite interação com qualquer
visitante, que responde ao artigo postado.
8 Ana Mae Barbosa é a principal referência no campo da arte-educação no Brasil. Foi a primeira
brasileira com doutorado em arte-educação, concluído em 1979, na Universidade de Boston (EUA).
Foi diretora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP e professora visitante da Universidade
de Ohio e Texas (EUA), e também da University of Central England, UCE (Inglaterra). Atualmente é
professora titular aposentada da Universidade de São Paulo e professora da Universidade Anhembi
Morumbi. Já escreveu dezenas de livros sobre arte-educação.
9 GOUTHIER, Juliana. História do ensino da arte no Brasil. In: PIMENTEL, Lucia Gouvêa
(Org.). Curso de especialização em ensino de artes visuais. 2. ed. Belo Horizonte: Escola de Belas
Artes da UFMG, 2008. v. 1.
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
obra de arte no tempo e no espaço, mostrando o âmbito em que ela foi constituída
e como seu(s) realizador(es), ao produzi-la, dialogou(aram) com o contexto no
qual estavam inseridos. É importante que o estudante da EJA se familiarize com
momentos relevantes da História da Arte, conhecendo artistas que marcaram
tempo com suas obras e expressaram artisticamente seu estar no mundo, sua
visão e inserção na sociedade à qual pertenceram. Compreender esse contexto
amplia o repertório e o leque de possibilidades para o estudante realizar seus
próprios trabalhos artísticos.
A leitura da obra de arte promove a sensibilização do olhar do aluno, que altera,
assim, não só a forma como aprecia obras realizadas, com linguagens diversas,
mas também aguça sua visão crítica quanto ao mundo ao seu redor. Por isso
mesmo, é essencial que o estudante da EJA esteja sempre envolvido em espaços
de exposições e apresentações de obras artísticas, tais como galerias, museus,
teatros, cinemas, além de espaços não convencionais de disseminação do
universo artístico tão comuns no mundo contemporâneo. A televisão e a internet
também são fontes relevantes de acesso às produções artísticas. Mas, como as
informações nesses universos são numerosas e estão muito dispersas, é muito
válido que o professor apresente ao estudante canais e sítios que se mostrem
mais interessantes na perspectiva da apresentação de obras artísticas diversas.
É fundamental também que o fazer artístico seja motivado e trabalhado pelo
professor da EJA, pois é no fazer que muitos alunos se expressam e estabelecem
com o mundo suas próprias conexões. Assim, a prática artística se mostra
fundamental na sala de aula da EJA, para onde deverão ser levados elementos
diversos da constituição de obras em artes visuais, teatro, dança, música e
artes audiovisuais. Nesse leque de possibilidades, o estudante irá familiarizar-se
naturalmente com uma linguagem, podendo continuar sua prática mesmo fora da
sala de aula e desenvolvendo para si mais uma forma de expressão, percepção
e interação com o mundo. Ao realizar seus próprios trabalhos artísticos, o
estudante tem mais uma evidência de sua capacidade, sente-se estimulado a
praticar ainda mais e disponibiliza suas obras para apreciação dos colegas e do
público.
Pautando-se pela abordagem triangular, o professor deve criar suas próprias
metodologias e perceber os melhores caminhos para o trabalho em sala de aula,
instigando sempre a sensibilidade, interesse e envolvimento do aluno com os
diversos tipos de manifestações artísticas.
Ampliar as práticas de uso da língua na escola, criar condições para o estudante
compreender o que ouve, vê, sente e lê, promover a apreciação e o fazer artístico,
orientar a prática corporal e estimular a expressão em variados registros de
linguagens adequados a diferentes situações comunicativas é possibilitar o
desenvolvimento de capacidades necessárias à produção e compreensão de
textos orais, visuais, corporais e escritos, em diferentes situações de uso da língua.
Ademais, é oportunizar, cada vez mais, a participação efetiva dos estudantes
nos diferentes contextos sociais, exercendo sua cidadania plenamente.
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Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÕES
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORAS
1 CORPOREIDADE Linguagem, interação, ludicidade.
Quadro 18: Relação de conceitos estruturadores de Linguagens para cada uma das dimensões
formadoras
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Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
1.1 Linguagem
A linguagem é compreendida a partir da visão sociointeracionista, ou seja, como atividade
social e interativa (MARCHUSCHI, 2008). Nos parâmetros curriculares do MEC, a linguagem
é vista de forma dialógica, pois “ocorre entre participantes do discurso situados histórica,
social e culturalmente”. É importante apontar que a linguagem se dá sempre em um contexto
social na forma de ação e discurso, sendo historicamente construída de forma dinâmica e se
atualizando constantemente na prática. É ação interindividual orientada por uma finalidade
específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos
diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da sua história. Portanto, a
linguagem é espaço de interação e é nesse espaço e através dele que nos situamos no
mundo, procuramos entendê-lo e nos constituímos como sujeitos.
1.2 Interação
A concepção de Interação é um dos principais fundamentos da linguagem, porque destaca
o caráter dinâmico da linguagem. Nesse sentido reconhece-se que, quando o sujeito usa a
palavra, algo acontece. A interação é o processo de influência mútua que os participantes
exercem uns sobre os outros, nas trocas comunicativas e é também o lugar em que se
exerce esse jogo de ações e reações. É pela interação que os sentidos são negociados
1 CORPOREIDADE
1.3 Ludicidade
A ludicidade está presente em diversas esferas da vida social do ser humano e transcende
suas necessidades sociais imediatas, possuindo um valor em si mesmo, constituindo-se de
autonomia e rompendo com valores materiais. Centrada no caráter desinteressado das ações,
possibilita o distanciamento da realidade. O lúdico está vinculado diretamente à satisfação e
ao prazer pessoal dos sujeitos, podendo manifestar-se nas relações sociais da vida humana
de forma espontânea, organizada, alegre, sendo também sério sem ser sisudo. A ludicidade é
um componente intrínseco da vida humana que possibilita a vivência da mais pura liberdade.
A ludicidade permite aos sujeitos a vivência de sentimentos e a comunicação com a realidade
de forma intensa, imaginativa, criativa e prazerosa, possibilitando a construção de novos
códigos, símbolos e representações culturais.
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Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
2.1 Linguagem
A linguagem é compreendida a partir da visão sociointeracionista, ou seja, como atividade
social e interativa (MARCHUSCHI, 2008). A linguagem é vista de forma dialógica, nos
Parâmetros Curriculares para EJA, pois, “ocorre entre participantes do discurso situados
histórica, social e culturalmente”. É importante apontar que a linguagem se dá sempre em
um contexto social na forma de ação e discurso, sendo historicamente construída de forma
dinâmica e se atualizando constantemente na prática. É ação interindividual orientada por
uma finalidade específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais
existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da sua história.
Portanto, a linguagem é espaço de interação e é nesse espaço e por meio dele que o homem
se situa no mundo, procurando entendê-lo e se constituindo como sujeito.
2.2 Subjetividde
A subjetividade é a capacidade de o locutor posicionar-se como sujeito, o que se realiza
quando este se apropria de certas formas que a língua disponibiliza. É um termo que não pode
ser identificado a não ser dentro do discurso, isto é, de uma instância discursiva, na qual um
“eu” designa o locutor, ou seja, um sujeito de enunciação. O fundamento da subjetividade está
no exercício da língua. Essa subjetividade, no entanto, faz com que, no ato de enunciação, o
sujeito revele suas crenças e valores do indivíduo, com suas experiências e histórias de vida. É
pela própria subjetividade que os sujeitos constroem um espaço relacional, ou seja, interagem
uns com os outros. Esse relacionamento os insere dentro de esferas de representação social
em que cada sujeito ocupa seu papel de agente dentro da sociedade. Somente a subjetividade
contempla, coordena e conhece essas diversas facetas que compõem o indivíduo. No
entanto, a subjetividade em si não é singular; pelo contrário, é plural, polifônica, uma vez que
a subjetividade é portadora de várias vozes enunciativas, carrega vários tipos de saberes,
conscientes ou inconscientes. Portanto, está presente no sujeito como indivíduo, mas também
2 MEMÓRIA
2.3 Memória
Não existem histórias sem sentido (Umberto Eco).
A memória tem sido concebida como um processo que possibilita ao sujeito reproduzir
imagens das experiências e impressões do inconsciente. No entanto, a área de Linguagem
assume, nesse documento, a concepção de Benjamin (1994): a memória não se refere à
capacidade de reter conhecimentos e fatos vividos no passado, mas a capacidade de
reconhecer as impressões deixadas por eles e (re)significá-las no presente, produzindo sobre
eles novas relações e novos sentidos. A memória é, assim, constitutiva, pois, efetivando a
compreensão do passado pelo presente, em processo constante de reinterpretação dos
acontecimentos, permite compreender o momento presente. É na e pela linguagem que
nos construímos como sujeitos, construímos representações diversas sobre a realidade,
expressamos sentimentos e agimos sobre o mundo. Desse modo é que a linguagem se define
como a condição de possibilidade de memória. Assim, ações de linguagem praticadas pelos
sujeitos podem constituir tanto uma memória individual, quanto coletiva. É que, além das
práticas individuais em que a memória ganha sentido, o conceito de natureza e de sociedade,
de realidade e de verdade, as teorias científicas e os valores são carregados de Memória
Coletiva da humanidade, depositada nos discursos que circulam na sociedade, nos textos
que os materializam. Textos feitos de gestos, de imagens, de formas, de cores, de sons e de
palavras. Benjamin, na obra citada, retoma Proust, que aponta a existência de dois tipos de
memória: a voluntária, que é ligada ao campo do intelecto, da consciência, e a involuntária,
que é espontânea, não depende da vontade, surge de improviso. Desenvolver e provocar
essas duas estratégias (voluntária e involuntária) constitui um rico campo de práticas na
formação de jovens e adultos.
168
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
2.4 Diversidade
Em relação às linguagens, por um lado diversidade pode referir-se ao contexto plural e diverso
em que as interações acontecem. Com isso emerge a oportunidade de discutir aspectos
fundamentais para o exercício da cidadania, como o de diversidade cultural, multiculturalismo,
etnocentrismo, discriminação, segregação e preconceito. Por outro, refere-se à própria
constitutividade das linguagens que se manifestam por meio de gêneros discursivos diversos.
A riqueza e a diversidade dos gêneros discursivos são ilimitadas, porque as possibilidades
2 MEMÓRIA
de atividade humana são também inesgotáveis e porque cada esfera de atividade contém um
repertório inteiro de linguagens que se diferenciam e se ampliam.
Ao incorporar o conceito de diversidade, é possível verificar o modo como se articulam e
funcionam socialmente as linguagens, permitindo um panorama das possibilidades de usos
das diferentes manifestações de interação, sejam elas verbais ou não verbais, orais ou escritas.
Abre-se a possibilidade de formar o estudante para respeitar e valorizar as manifestações
das línguas, das artes e das práticas corporais sistematizadas e utilizadas por diferentes
grupos sociais como forma de reconhecer e fortalecer a diversidade sociocultural, bem
como desenvolver a capacidade de avaliar e compreender múltiplas fontes de manifestações
literárias e culturais, a diversidade dessas manifestações, apresentadas em mídia e em outros
formatos diversos.
169
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DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
3.1 Variação linguística
É um fenômeno que ocorre em todas as línguas. A língua é uma atividade social, é um fenômeno
funcionalmente heterogêneo, representável por meio de regras variáveis socialmente motivadas,
como postula Castilho (2000, p. 12). Apresenta múltiplas formas de manifestações, é susceptível
a mudanças, pois é fruto de práticas sociais e históricas. Na interação verbal, os falantes agem
sobre a língua, em duas direções: por um lado, mantêm o sistema e o transmitem às gerações
vindouras, porque isso é necessário à comunicação; por outro lado, modificam-no e o reconstroem,
por exemplo, mudando a pronúncia de algumas palavras, criando novas palavras e novos modos
de combinar as palavras (COSTA VAL e MARINHO, 2006).
São dois os tipos de variação: dialetal e de registro. A variação dialetal ocorre em função de seus
usuários e do grupo social a que pertencem: da região em que os usuários vivem, dos grupos e
da classe social a que pertencem, de sua geração, de seu sexo, seu grau de escolaridade e ainda
da função que exercem na sociedade. As variedades de registro ocorrem em função do uso que
um mesmo falante faz da língua nas diversas situações em que produz uma atividade verbal.
3.2 Identidade
Pode ser entendida como a posição assumida pelos participantes de uma interação, que inclui
diversos elementos resultantes de certa projeção do eu e do tu. Os sentimentos de pertencimento
produzidos pelas relações familiares, escolares, étnicas, culturais, religiosas, regionais, nacionais
ou sociais criam valores compartilhados pelos indivíduos e pelos grupos, que os aproximam.
Essa proximidade, por outro lado, é construída e medida a partir de critérios de diferenciação
em relação ao diverso, ao diferente, ao “outro”. Assim, pode-se falar em identidades, uma vez
que as posições que os sujeitos assumem nas práticas sociais não são estabelecidas a priori,
mas negociadas a cada momento na interação e decorrem de um trabalho conjunto de todos
os participantes relevantes na interação. Intimamente relacionadas ao conceito de identidade
3 TERRITORIALIDADE
3.4 Pluralidade
As sociedades e, portanto, as linguagens caracterizam-se pela diversidade, heterogeneidade e
variabilidade. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, “[...] a temática da Pluralidade
Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos
diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas
e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira”
(1998). Assim como a sociedade brasileira é marcadamente plural, nas diferentes manifestações
de grupos culturais, etnias, regiões com características próprias, a língua igualmente se pluraliza,
bem como a linguagem - manifestação verbal ou não verbal - nos diferentes contextos interacionais.
Também as linguagens são compostas por formas emergentes e híbridas, como a videoarte,
a publicidade, o fanzine1. Nesse sentido, a escola deve assegurar o espaço para a pluralidade
constitutiva das culturas e das linguagens, respeitando-as como expressão da diversidade. As
regras do espaço público democrático devem garantir a igualdade do ponto de vista da cidadania
e, ao mesmo tempo, a diversidade como direito.
170
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTURADORES
FORMADORA
4.1 Língua
É uma sistematização constituída na/para a interação e integrada pelos subsistemas
gramatical, semântico e discursivo. É, portanto, uma atividade interativa, social e cognitiva,
ou seja, “um fenômeno cognitivo sócio comunicativamente motivado no processo interativo”
(cf. MARCUSCHI, 2002, p. 30). Desse modo, a língua apresenta múltiplas formas de
manifestações, é susceptível a mudanças, pois é fruto de práticas sociais e históricas,
“indeterminada” sob o ponto de vista semântico (submetida às condições de produção) e
se manifesta em situações de uso concretas como textos e discursos. Ensinar e aprender
linguagem, nesse sentido, significa defrontar-se com as marcas discursivas das diferentes
identidades presentes nas variedades linguísticas. Significa tornar essas variedades objeto de
compreensão e apreciação, numa visão despida de preconceitos e atenta ao jogo de poder
que se manifesta na linguagem e pela linguagem.
4.2 Subjetividade
A subjetividade é a capacidade de o locutor posicionar-se como sujeito o que se realiza
quando este se apropria de certas formas que a língua disponibiliza. É um termo que não pode
ser identificado a não ser dentro do discurso, isto é, de uma instância discursiva na qual um
“eu” designa o locutor, ou seja, um sujeito de enunciação. O fundamento da subjetividade está
no exercício da língua. Essa subjetividade, no entanto, faz com que, no ato de enunciação, o
sujeito revele suas crenças e valores de indivíduo, com suas experiências e histórias de vida.
É pela subjetividade que os sujeitos constroem um espaço relacional, ou seja, interagem uns
com os outros. Esse relacionamento os insere dentro de esferas de representação social em
4 TRABALHO
que cada sujeito ocupa seu papel de agente dentro da sociedade. Somente a subjetividade
contempla, coordena e conhece essas diversas facetas que compõem o indivíduo. No
entanto, a subjetividade em si não é singular; pelo contrário, é plural, polifônica, uma vez que
a subjetividade é portadora de várias vozes enunciativas, carrega vários tipos de saberes,
conscientes ou inconscientes. Portanto, está presente no sujeito como indivíduo, mas também
na coletividade. Entende-se como subjetividade coletiva não a de um conjunto de pessoas, mas
a construção compartilhada, em rede, de modos de ser, sentir e expressar-se. A subjetividade
não é inata, mas construída ao longo da vida, nas relações sociais. Nesse sentido, dado o
contexto social, a subjetividade é regulada pelas formações discursivas que regulam o que
pode e o que deve ser dito pelo sujeito. Compreender como a subjetividade é constituída
empodera o próprio sujeito na regulação de sua constitutividade humana.
4.3 Discurso
Compreende-se por discurso o efeito produzido por um determinado locutor sobre
seu interlocutor, em situações comunicativas. Em toda ação de linguagem existem as
intencionalidades, explícitas ou implícitas, ou seja, ocorre o esforço de produzir efeito sobre o
outro. Pelo discurso, o sujeito não somente relata o que já está presente, mas também pode
fazer com que certas coisas aconteçam. Trata-se de compreender que a linguagem tem um
poder particular de transformação que gera realidades distintas das que estão, até então,
estabelecidas. Pelo discurso ocorre a compreensão de como um objeto simbólico produz
sentido e de que significância ele se encontra revestido. São os gestos de interpretação que
desvelarão as verdades presentes no discurso. O discurso é entendido como uma forma de
ação no mundo. É mediante o discurso que os indivíduos constroem sua realidade social,
agem no mundo em condições histórico-sociais e nas relações de poder nas quais operam
(FAIRCLOUGH, 1989). Para esse autor, o discurso não é apenas uma prática de representação
do mundo, mas, essencialmente, prática de significação do mundo. Todo discurso é constituído
ou permeado pelo discurso do outro, que não necessariamente é igual ao anterior, pois podem
ser discursos contrários, conflituosos, portanto polifônicos, múltiplos.
Quadro 19: Relação de verbetes para cada conceito estruturador de Linguagens e Alfabetização
171
Secretaria Municipal de Educação
e valorizar
• Desenvolver capacidades necessárias para o uso da
práticas
escrita no contexto escolar:
sociais letra-
o saber usar os objetos de escrita presentes na cultura
das.
escolar;
• o desenvolver capacidades específicas para es-
crever.
Variação linguística, Identidade, Contextualização
gêneros
• antecipar conteúdos de textos a serem lidos em fun-
textuais e
ção de seu suporte, seu gênero e sua contextualização;
posicionar-se
• levantar e confirmar hipóteses relativas ao conteú-
criticamente
do que está sendo lido;
diante de
• buscar pistas textuais, intertextuais e contextuais
textos lidos.
para ler nas entrelinhas (fazer inferências) amplian-
do a compreensão;
• construir compreensão global do texto lido, unifi -
cando e inter-relacionando informações explícitas e
implícitas.
172
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Compreender
professor;
e produzir
• Expondo opiniões nos debates com os colegas e
textos orais
com o professor;
de diferentes
• Respeitar a diversidade de formas de expressão
gêneros, em
oral manifestadas por colegas, professores e
diferentes
funcionários da escola, bem como por pessoas da
situações
comunidade extraescolar.
discursivas,
• Usar a língua em diferentes situações escolares,
com fluência
buscando empregar a variedade linguística
e adequação
adequada.
à situação
• Planejar a fala em situações formais.
comunicativa.
• Realizar com pertinência tarefas cujo
desenvolvimento dependa da escuta atenta e
compreensão.
173
Secretaria Municipal de Educação
174
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
CONCEITOS ESTRUTU-
FORMADO- RADORES
CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA
1.1.16Identificar as características gramaticais
e estruturais da língua estrangeira usadas
nesses gêneros.
1.1.17Reconhecer o vocabulário típico em
língua estrangeira usado nos textos.
1.1.18Relacionar termos, expressões e
ideias que tenham o mesmo referente de • Ginástica.
modo a construir os elos coesivos (lexicais e • Jogos.
gramaticais) em língua estrangeira. • Legislação especifica so-
1.1.19Inferir informações nos gêneros bre práticas corporais.
discursivos impressos e digitais em língua • Lutas.
estrangeira usados no ambiente de trabalho. • Cor, forma e composição
1.1.20Compreender os diferentes gêneros das imagens estáticas e em
orais em língua estrangeira usados no movimento.
1 TRABALHO
Quadro 21: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Trabalho (Cont.)
175
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
Quadro 21: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Trabalho (Cont.)
176
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO
FORMADO- CONCEITOS ES-
TRUTURADORES
CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA
1.3.1 Planejar a fala em situações formais.
1.3.2 Identificar posições divergentes em relação
a um mesmo fato.
1.3.3 Reconhecer, em um texto escrito, o que é
informação e o que é opinião do autor.
1.3.4 Identificar os elementos que permitem
reconhecer as imagens de locutor, interlocutor • Temas do cotidiano escolar
(enunciadores). e familiar (em diálogos,
1.3.5 Ler obras literárias com gosto e teatro, jogos de mímica,
compreensão. imitações da vida real etc.).
1.3.6 Inferir informações a partir do público alvo e Gêneros argumentativos:
suporte do texto. tese/argumentos.
1.3.7 Identificar palavras que indicam a opinião do • Gêneros argumentativos
autor (modais, advérbios, adjetivosetc.). orais e escritos (fato/opinião)
1.3.8 Reconhecer a subjetividade em charges e posicionamento enunciativo.
em gêneros literários em língua estrangeira. • Aspectos discursivos:
1.3.9 Distinguir objetividade e subjetividade em enunciador e enunciatário
gêneros como relatórios ou cartas comerciais (papeis sociais).
e relatos pessoais ou textos literários em língua • Textos do discurso literário.
estrangeira. • As singularidades do texto
1.3.10 Analisar as marcas linguísticas que literário; o pacto ficcional;
identificam um grupo, uma etnia e/ou uma cultura. apreciações estéticas,
1.3.11 Usar a língua para defender pontos de éticas, políticas, ideológicas.
vista, expressar sentimentos e emoções em • Construção de sentido a
1.3 Subjetividade
1 TRABALHO
Quadro 21: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Trabalho (Cont.)
177
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO
CONCEITOS ES-
FORMADO- TRUTURADORES
CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA
• O processo de interlocu-
ção; papéis sociais; enun-
2.1.1 Compreender os processos de construção ciador/autor/enunciatário/
da interlocução no texto (autor/leitor), o que contexto de produção e
implica identificar quem escreve, para quem circulação do texto.
escreve, que imagem quer que o leitor faça dele. • Gêneros diversos em lín-
2.1.12 Ler e compreender textos orais e escritos gua estrangeira como bio-
sobre eventos passados. grafias, entradas de enciclo-
2.1.3 Reconhecer suportes textuais que circulam pédia, artigos sobre eventos
em esferas sociais diversas (jornais, revistas, históricos e relatos orais de
blogs, portais). histórias.
2.1.4 Inferir informação implícita em textos não • Gêneros textuais diversos;
verbais, verbais e/ou que conjuguem ambas as suportes textuais; a função
linguagens. social dos textos.
2.1.5 Relacionar recursos verbais e extraverbais • O processamento de infe-
(figuras, mapas, gráficos, tabelas etc.) na rências - compreensão de
produção de sentido do texto. textos de gêneros diversos;
2.1.6 Compreender textos orais e escritos em linguagem verbal e não
língua estrangeira sobre eventos passados como verbal; ativação de conheci-
biografias, artigos sobre eventos históricos, mentos prévios, formulação
resenhas de livros, textos literários e relatos orais e verificação de hipóteses.
de histórias. • Gêneros de textos mul-
2.1.7Evocar fatos significativos do passado, timodais; as relações que
2.1 LINGUAGEM
178
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
Quadro 22: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Memória (Cont.)
179
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
• Interpretação crítica de
movimentos da dança.
• Interação entre a lingua-
2.3.1 Relatar, em textos escritos ou falados, fatos
gem verbal e as linguagens
sobre eventos passados de sua existência.
visuais utilizadas nos
2.3.2 Identificar nos relatos próprios e dos outros
diversos textos de livros
as marcas de identidade de grupos, de etnias, de
didáticos, livros de histórias,
sujeitos históricos.
cartazes, na variedade de
2.3.3 Produzir textos escritos de gêneros diversos,
textos que circulam na es-
adequados aos objetivos, ao destinatário e ao
cola.
contexto de circulação.
• Diversos gêneros (em
2.3.4 Dispor, ordenar e organizar o próprio texto de
produções coletivas).
acordo com as convenções gráficas apropriadas.
• Diversos gêneros textuais.
2.3.5 Reconhecer no relato de suas memórias a
Versos rimados, aliterações
relevância dos fatos passados para sua vida futura.
etc.
2.3.6 Selecionar procedimentos de leitura
• Temas vivenciados em
adequados a diferentes objetivos e interesses e às
diálogos em sala, interpreta-
características do gênero e dos objetivos.
ções, respostas às pergun-
2.3.7 Produzir gêneros como biografias, artigos
tas do professor.
sobre eventos históricos e relatos orais de histórias.
Identificação e reconheci-
2.3.8 Apropriar-se da consciência histórica e
mento da diversidade cul-
linguística relacionada à língua estrangeira na
tural e linguística da língua
interação com o mundo globalizado por meio
estrangeira.
2 MEMÓRIA
Quadro 22: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Memória (Cont.)
180
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
• Interpretação crítica de
movimentos da dança.
• Interação entre a lingua-
gem verbal e as linguagens
visuais utilizadas nos
diversos textos de livros
didáticos, livros de histórias,
cartazes, na variedade de
2.4.1 Conhecer usos da escrita na cultura escolar
textos que circulam na es-
e fora dela.
cola.
2.4.2 Planejar a escrita do texto, considerando o
• Diversos gêneros (em
tema central e seus desdobramentos.
produções coletivas).
2.4.3 Organizar os próprios textos segundo os
Diversos gêneros textuais.
padrões de composição usuais na sociedade.
Versos rimados, aliterações
2.4.4 Usar recursos expressivos, estilísticos e
etc.
literários, adequados ao gênero e aos objetivos do
• Temas vivenciados em
texto.
diálogos em sala, interpreta-
2.4.5 Participar das interações cotidianas em sala
ções, respostas às pergun-
de aula.
tas do professor.
2.4.6 Identificar e reconhecer a diversidade cultural
• Identificação e reconheci-
e linguística da língua portuguesa.
mento da diversidade cul-
2.4.7 Reconhecer os países onde a língua
tural e linguística da língua
estrangeira é falada como língua materna.
estrangeira.
2.4 Diversidade
Quadro 22: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Memória (Cont.)
181
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
3.1.1 Revisar e elaborar a própria escrita, segundo
critérios adequados aos objetivos, ao destinatário e
ao contexto de circulação previsto.
3.1.2 Identificar gêneros orais e escritos do • Os temas do cotidiano usa-
cotidiano social. dos em sala de aula para
3.1.3 Identificar e delimitar partes integrantes de elaboração dos próprios
um texto, apontando o tema ou a ideia central de textos.
cada parte. • Gêneros do cotidiano:
3.1.4 Compreender a função de elementos Conversas informais, chats,
estruturais em textos que circulam em diferentes mensagens (celulares ou
suportes, como escolha lexical, estrutura em outro suporte textual),
morfossintática e variedade linguística. instruções, diálogos do dia
3.1.5 Identificar sinônimos, antônimos, relações de a dia.
hiperonímia ou outras relações semânticas. • Coerência temática, coe-
3.1.6 Identificar gêneros orais e escritos do são, organizadores textuais.
cotidiano social em língua estrangeira como • Conhecimento linguístico:
conversas informais, chats, mensagens, instruções escolhas lexicais, a estru-
e diálogos do dia a dia. turação sintática em função
3.1.7 Interagir, em língua estrangeira, por meio dos
3 CORPOREIDADE
182
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTU- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RADORES
3.2.1 Respeitar a diversidade das formas de expressão
oral manifestadas por colegas, professores e
funcionários da escola, bem como por pessoas da
comunidade extraescolar. • Variedades da língua.
3.2.2 Realizar com pertinência tarefas cujo • Temas do cotidiano de
desenvolvimento dependa de escuta atenta e acordo com o uso em diálo-
compreensão. gos, ordens, pedidos etc.
3.2.3 Produzir textos de gêneros orais e escritos, • Aspectos condicionantes
considerando a situação de interação social. da interação. O contexto de
3.2.4 Reconhecer as funções sociocomunicativas da produção e circulação dos
linguagem. textos. Exemplos de gêne-
3.2.5 Interagir em língua estrangeira de acordo com a ros: conversas informais,
situação sociocomunicativa. debates, seminários, men-
3.2.6 Analisar as possibilidades de inclusão dos sujeitos sagens, instruções, diálogos
pelas práticas e manifestações corporais. do dia a dia.
3.2.7 Identificar estereótipos nas práticas e • Diálogos baseados em
3.1 Interação
Quadro 23: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Corporeidade (Cont.)
183
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
• Língua: variação; tipos de
variação linguística: regio-
nal, social, de gênero, de
profissão.
• Variedades dialetais do
português. Fala e escrita.
Correção gramatical. Tipos
de variedades linguísticas.
Leitura de gêneros de textos
orais e escritos. Variedade e
registro.
4.1.1 Compreender que a variação linguística é um • Contexto de produção e
fenômeno que ocorre em todas as línguas. recepção de texto; escolhas
4.1.2 Valorizar sua própria linguagem e a dos linguísticas em função dos
outros. aspectos discursivos do
4.1.3 Reconhecer que todas as linguagens são texto.
válidas. • Fatores ou contextos que
4.1.4 Reconhecer o papel da língua formal nas podem influenciar a escolha
instâncias que o requerem. das variedades linguísticas
4.1.5 Reconhecer na norma culta possibilidades de (As variedades de registro
maior participação social na vida cidadã. ocorrem em função do uso
4 TERRITORIALIDADE
184
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
• Temas do cotidiano dos
alunos, apresentados em
rotinas particulares e coleti-
vas, noticias, avisos, partici-
4.2.1 Compreender e valorizar o uso da escrita,
pações, convites.
com diferentes funções, em diferentes gêneros.
• Práticas sociais que uti-
4.2.2 Compreender a importância da escrita como
lizam a leitura e a escrita
instrumento de participação social;
na vida social; os novos
4.2.3 Produzir textos orais e escritos como direito
letramentos; meios de co-
de dizer a sua palavra e nela ser reconhecido.
municação e circulação da
4.2.4 Reconhecer nas variedades linguísticas
informação; letramentos
marca de identidade que concorrem para a
valorizados universais e
construção do sentido do texto, compreendendo
institucionais etc.
sua função discursiva.
• A variação da língua (geo-
4.2.5 Reconhecer a língua portuguesa como marca
gráfica, social, idade, sexo
de identidade cultural de um povo.
e grau de escolaridade),
4.2.6 Reconhecer as marcas pessoais e nacionais
define grupos de falantes
(falantes brasileiros) na própria produção linguística
4 TERRITORIALIDADE
sujeito da EJA.
pessoas de diferentes nações interagem entre si,
• Análise de textos orais
de forma a disponibilizar uma grande diversidade
e escritos produzidos por
de informação de fácil acesso.
diversos falantes da língua
4.2.9 Reconhecer a diversidade das práticas e
estrangeira.
manifestações corporais de cada região.
• Navegação pela web.
4.2.9 Reconhecer as possibilidades corporais de
• Atividades rítmicas e ex-
pessoas portadoras de necessidades especiais
pressivas.
nas práticas e manifestações corporais.
• Capoeira.
4.2.10 Aplicar os elementos básicos de cada
• Conhecimento sobre o
prática corporal em situações de vivência corporal
corpo.
cotidiana.
• Dança.
4.2.11 Relacionar as práticas corporais com
• Esportes coletivos.
consumo e mídia; saúde e qualidade de vida; lazer,
• Esportes individuais.
cultura e sociedade.
• Ginástica.
4.2.12 Analisar as implicações dos avanços
• Jogos.
tecnológicos para as atividades corporais.
• Legislação especifica
4.2.13 Compreender a inter-relação entre as
sobre práticas corporais.
diferentes formas de práticas corporais.
• Lutas.
4.2.14 Compreender a indicação, adequação
• Identidade pessoal e cole-
e escolha dos exercícios e atividades físicas
tiva na realização de obras
apropriadas para cada grupo ou indivíduo.
visuais, audiovisuais, musi-
4.2.15 Valorizar as diversas formas de
cais, teatro e dança.
manifestações artístico-visuais como meio para
• Paisagens sonoras.
se conhecer a vivência e experiência de outras
• Construção de instrumen-
culturas.
tos musicais convencionais
e não convencionais a partir
das possibilidades que o
meio lhe oferece.
Quadro 24: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Territorialidade (Cont.)
185
Secretaria Municipal de Educação
DIMENSÃO CONCEITOS
FORMADO- ESTRUTURADO- CAPACIDADES CONTEÚDOS SUGERIDOS
RA RES
• Gêneros do cotidiano dos
alunos: dinheiro, cheque, va-
le-transporte e alimentação,
documentos, divulgação de
informações (letreiros, rótu-
los, embalagens, manuais,
agendas, listas etc.).
4.3.1 Conhecer usos e funções sociais da escrita.
• Análise do contexto de
4.3.2 Identificar diferentes gêneros textuais,
produção e circulação dos
considerando sua função social, seu suporte, sua
textos. A forma composicio-
esfera de circulação, sua estrutura composicional e
nal do gênero (estrutura/for-
suas características linguístico-discursivas.
ma) e análise características
4.3.3 Produzir gêneros discursivos em consonância
linguístico-discursivas dos
com contexto social de uso da língua.
gêneros envolvidos.
4.3.4 Reconhecer e produzir diferentes gêneros
• Conversa formal e con-
discursivos, em consonância com determinada
versa informal, chat e
4 TERRITORIALIDADE
prática social.
mensagem de e-mail para
4.3.5 Adaptar o material e o espaço para práticas
fins profissionais, diário e
corporais de acordo com o interesse do grupo.
4.3 Contextualização
biografia etc.
4.3.6 Modificar as regras das práticas corporais de
• Atividades rítmicas e ex-
acordo com as necessidades do grupo.
pressivas.
4.3.7 Compreender os padrões éticos e questões
• Capoeira.
de segurança para prática das atividades corporais
• Conhecimento sobre o
4.3.8 Identificar o potencial de mobilização da
corpo.
sociedade em práticas e manifestações corporais.
• Dança.
4.3.9 Analisar a influência dos grandes espetáculos
• Esportes coletivos.
esportivos e dos megaeventos a população de uma
• Esportes individuais.
localidade.
• Ginástica.
4.3.10 Analisar as implicações da urbanização para
• Jogos.
as práticas e manifestações corporais.
• Legislação especifica
4.3.11 Compreender as características e
sobre práticas corporais.
especificidades das práticas e manifestações
• Lutas.
corporais.
• A produção de obras de
4.3.12 Analisar as construções das regras das
artes visuais, audiovisuais,
práticas corporais e suas relações com condutas
teatrais, música e dança e
sociais.
o contexto em que estão
4.3.13 Contextualizar as produções artísticas,
inseridas.
audiovisuais, musicais, teatro e dança da região,
• Composições sonoras a
estado e país.
partir dos sons do próprio
4.3.14 Inferir significados a partir das
ambiente.
especificidades estilísticas e movimentos artísticos
• As variações musicais e
de cada momento.
as influências do contexto
sociocultural nessa diversi-
dade.
• Os usos da música no
cotidiano.
• A visão do corpo e a dança
na história.
Quadro 24: Matriz curricular de Linguagens para a Dimensão Formadora Territorialidade (Cont.)
Observação:
186
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
187
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SOARES, Magda Becker. A escola: espaço de domínio da escrita e da leitura? In: Simpósio
Internacional: A leitura e escrita na sociedade e na escola, 1994, Belo Horizonte, MG;
CHARTIER, Anne Marie. Anais ... Belo Horizonte: Fundação Amae de Educação e Cultura,
1994, p. 31-45.
193
Secretaria Municipal de Educação
SOLÉ, Isabel.; SCHILLING, Cláudia. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed,
1998. 194p.
SOUZA, Marcelo Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento.
In: CASTRO, Ina Elias de.; GOMES, Paulo Cesar da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato.
Geografia: conceitos e temas. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001, p. 77-117.
STRECK, Danilo (Coord.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
TORO, Bernardo José; DUARTE, Wernek Nizia Maria. Mobilização social: um modo de
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______. (Org.). Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. 2. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1999.
(Footnotes)
1 A palavra fanzine surgiu da contração das palavras inglesas fanatic (fã) e magazine (revista).
No início da década de 1940, a expressão começou a ser utilizada nos Estados Unidos para
designar publicações alternativas com textos de ficção científica e curiosidades. No Brasil, o
termo é comumente utilizado em referência a produções impressas - e agora também virtuais
independentes, tais como jornais e revistas.
194
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
Adriano Campos
Bianca da Silva Chagas
Chrisley Luiza de Castro Yasuda
Edmary Aparecida Vireira e S. Tavares
Elair Sanches Dias
Felipe Estabile
Gabriela M. Barros
Geraldo José da Silva
Geraldo de Souza Fernandes
Glausiree Dettman de Araújo
Jhonatan Kristian Carvalho Braga
Kátia Aparecida de Souza e Silva
Luciana Maria Souza
Maria de Fátima Bessa Soares
Mônica Lenira Chaves de Almeida
Rejaine Soares de Moura
Sara Couto Vieira
Solange Mara do Nascimento Pena
BARREIRO
Gerentes: Maristela Bruno da Costa
Teresinha Dias
Equipe/EJA da GERED-B
Ana Luísa Viana Pacheco
Maria Helena Alves
Maria Venida Gontijo
Vilma Lúcia de Oliveira Carvalho
CENTRO-SUL
Gerentes
José Wilson
Maria Eugênia A.S. Maia
Equipe/EJA da GERED-CS
Cláudia Elizabete dos Santos
Rubiane Soares de Moura
LESTE
Gerentes
José Wilson Ricardo
Nídia Cristina Sabino
Equipe/EJA da GERED-L
Adriana Jabbur
Cacilda Lages Oliveira
Emanuel Vítor Júnior
195
Secretaria Municipal de Educação
NORDESTE
Gerentes
Gilka Maria de Morais Oliveira
Wânia Alves Santos
Equipe/EJA da GERED-NE
Érica Geralda dos Santos
Marly Aparecida Alves Rezende
Odayr Antônio Coelho
NOROESTE
Gerentes
Maria da Conceição
Cristine Madeira Dantas
Equipe/EJA da GERED-NO
Cibele Soares
Kátia Gonçalves Zerlottini
Rodrigo Rafael Gurgel Martins
NORTE
Gerentes
Shirley de Cássia P. M. de
Miranda
Sandra Colares
Equipe/EJA da GERED-N
Helane Aparecida da R. C. Araújo
Nilma Coelho
Ronan Silva Rodrigues
OESTE
Gerentes
Luciana Maria Oliveira
Adriana da Silva A. Pereira
Equipe/EJA da GERED-O
Patricia Macedo Mostafá de Moraes
PAMPULHA
Gerentes
Roménia Ayla Morais
Suzana A. Amorim
Equipe/EJA da GERED-P
Mary S.T. Terra
Rogério Duarte Cândido
VENDA NOVA
Gerentes
Glaucia da Silva Nascimento Saraiva
Valéria Inácio Chagas
EJA da GERED-VN
Alexandra de S. Ferreira
Giovanna Antônia Vichiato Lima
196
Proposições Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos
197
Secretaria Municipal de Educação
Em 2012/2013
198