Você está na página 1de 38

Unidade Curricular

Histórias em Quadrinhos e
Cientirinhas

Material de apoio à ação


docente
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Secretário de Educação e Esportes


Marcelo Andrade Bezerra Barros

Secretário Executivo Planejamento e Coordenação


Leonardo Ângelo de Souza Santos

Secretária Executiva do Desenvolvimento da Educação


Ana Coelho Vieira Selva

Secretária Executiva de Educação Profissional e Integral


Maria de Araújo Medeiros

Secretário Executivo de Administração e Finanças


Alamartine Ferreira de Carvalho

Secretário Executivo de Gestão da Rede


João Carlos Cintra Charamba

Secretário Executivo de Esportes


Diego Porto Perez
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Equipe de elaboração
Cleber Gonçalves da Silva
Ana Lídia Paixão e Silva
Cristiane Gonçalves de Oliveira Andrade

Equipe de coordenação
Alison Fagner de Souza e Silva
Chefe da Unidade do Ensino Médio (GEPEM/SEDE)

Ana Carolina Ferreira de Araújo


Gerente de Políticas Educacionais do Ensino Médio (GEPEM/SEDE)

Durval Paulo Gomes Júnior


Assessor Pedagógico (SEDE/SEE-PE)

Janine Furtunato Queiroga Maciel


Chefe da Unidade de Formação e Currículo (GEPEM/SEDE)

Revisão
Andreza Shirlene Figueiredo de Souza
Chrystiane Carla S. N. Dias de Araújo
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Sumário

1. Apresentação 6
2. O fascínio das histórias em quadrinhos (HQs) 10
Orientações para realização de atividades 12
Orientações para a Avaliação 12
3. Estrutura composicional das HQs 13
Orientações para realização de atividades 19
Orientações para a Avaliação 20
4. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula 21
Orientações para realização de atividades 35
Orientações para a Avaliação 36
5. Referencial Bibliográfico 37
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

1. Apresentação
Prezado/a professor/a.

A interação entre diferentes linguagens e recursos é uma das marcas presentes no


processo de comunicação humana, sobretudo, atualmente. Neste contexto, a história em
quadrinhos (HQ) tem se mostrado como importante veículo de integração de múltiplos
recursos comunicativos, revelando assim, grande potencial expressivo e possibilitando a
construção de diversas narrativas dentro e fora do ambiente escolar.

Antes da expansão dos quadrinhos pelo mundo, a utilização da imagem acompanhada ou


não de texto já era praticada na sala de aula, porém com pouco foco na interlocução e no
dialogismo. Aliás, a linguagem pictórica era utilizada para ilustrar e divertir o leitor e tentar
atraí-lo para leitura. Hoje, a relação imagem e texto traz para o leitor a união de informações
para o processo de compreensão do texto, a fim de articular as múltiplas linguagens e promover
os multiletramentos, associando discussões relacionadas a demandas sociais e ambientais.

Diante desse cenário, a Unidade Curricular História em Quadrinhos e Cientirinhas, propõe


ao docente, trabalhar com os estudantes as múltiplas linguagens e os multiletramentos
defendidos pelos documentos oficiais - Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Currículo
de Pernambuco-, presentes na linguagem dos quadrinhos, com o intuito de ampliar a
capacidade dos estudantes de investigar a realidade, compreender, valorizar e aplicar o
conhecimento sistematizado, mas também “utilizar esses conhecimentos e habilidades em
processos de criação e produção voltados à expressão criativa e/ou à construção de soluções
inovadoras para problemas identificados na sociedade” (DCEIF, 2018), a partir de três
objetivos:
1. Reconhecer o gênero HQ enquanto processo criativo de fruição e reflexão
crítica;

6
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

2. Investigar os efeitos de sentido representados por imagens estáticas e em


movimento;

3. Produzir HQs em formatos diversos (Mangá, tira, Fanzine, revista em


quadrinhos, novelas gráficas, Webcomics, entre outros), por meio de recursos
multissemióticos.

Para atender a esses objetivos, a unidade curricular Histórias em quadrinhos e Cientirinhas, está
balizada em focos pedagógicos que orientam a vivência de um percurso formativo que tem em vista
a realização de uma pesquisa científica em quaisquer áreas do conhecimento e/ou componente
curricular para além dos multiletramentos. São eles:

[...] a identificação de uma dúvida, questão ou problema; o levantamento, a


formulação e o teste de hipóteses; a seleção de informações e de fontes
confiáveis; a interpretação, elaboração e uso ético das informações coletadas; a
identificação de como utilizar os conhecimentos gerados para solucionar
problemas diversos; e a comunicação de conclusões com a utilização de
diferentes linguagens (BRASIL, 2018, p.3).

Enquanto estratégia para materialização desses objetivos, estabeleceram-se duas


habilidades específicas:

Investigação Científica (EMIFLGG01) Investigar e analisar a organização, o funcionamento e/ou


os efeitos de sentido de enunciados e discursos, materializados nas línguas e linguagens,
situando-os no contexto sócio-histórico-cultural de um ou mais campos de atuação social,
considerando o gênero textual em evidência.

Processos Criativos (EMIFLGG04PE) Reconhecer e elaborar produtos e/ou processos criativos


por meio de fruição, vivências e reflexão crítica, representados nas histórias em quadrinhos,
ampliando o repertório/domínio pessoal sobre o funcionamento e os recursos das línguas.

7
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

A ementa da unidade propõe:

Análise da estrutura composicional do gênero Histórias em Quadrinhos (planos da imagem,


relação entre cinema e quadrinhos, tipografias, tipos de reprodução de imagens, produção de
layout em versões digitais ou não, construção de personagens, espaço e montagem).
Investigação dos efeitos de sentido representados por imagens estáticas e em movimento,
legendas, tipos de balões e de letras, onomatopeias, metáforas visuais etc. Reconhecimento do
gênero HQ enquanto processo criativo de fruição e reflexão crítica. Ampliação do repertório
linguístico e lexical considerando o gênero em evidência. Produção de HQs em formatos
diversos (mangá, tira, fanzine, revista em quadrinhos, novela gráfica, webcomics, entre outros),
por meio de recursos multissemióticos.

Dessa forma, este material de apoio à ação docente está estruturado nos princípios
apresentados pelo eixo estruturante, habilidades, ementas e focos pedagógicos ora descritos,
explorando, inicialmente, a curiosidade científica enquanto elemento fundamental para despertar o
interesse e mobilizar os/as estudantes para o desenvolvimento dessas habilidades. Orienta-se,
aqui, que a motivação, a pergunta propulsora da pesquisa parta prioritariamente de inquietações
e desafios enfrentados pelos estudantes em seu cotidiano, nos seus contextos, identificando
problemáticas de seu interesse.

Entendemos que, para promover um trabalho que contemple elementos constitutivos


das imagens na linguagem verbo-visual, através da multimodalidade na educação básica, é
necessário ter em mente, além da formação leitora, a preocupação com a leveza própria do
trabalho com adolescentes e jovens, a fim de que se atinja a proficiência almejada nesta etapa de
ensino. Atentar para as necessidades locais, para os interesses da comunidade e para a
curiosidade dos estudantes, pode ser um caminho promissor para motivar leituras e, assim,
formar novos leitores, oportunizando ao jovem perceber a natureza das linguagens que se
reinventam e, sempre, mostram diferentes arranjos. Para além disso, é preciso ter em mente
estratégias a fim de desenvolver um trabalho que vise apresentar ao estudante as linguagens que

8
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

se somam no campo multissemiótico e, assim, despertar o sujeito para uma leitura mais
apurada.

A identificação dos elementos constitutivos do texto traz a perspectiva composicional do gênero


que se pretende estudar. A próxima etapa refere-se à investigação dos efeitos de sentido representados
pela imagem que pode está estática ou em movimento, leva-se em consideração nesse processo as
inferências e a leitura de mundo do estudante, a partir da análise das várias linguagens
apresentadas pelo texto, podemos compreendê-lo e relacioná-lo a uma leitura de mundo. No
entanto, importa saber que para formar o leitor na educação básica, é preciso levar em
consideração os letramentos sociais envolvidos no dia a dia do estudante. Daí, segue-se a relação
entre os letramentos(escolar e social) presentes no cotidiano do estudante, na qual instituem-se critérios para
estabelecer ligação entre a realidade do discente e conhecimento adquirido na escola.

Nesse contexto, ainda é interessante observar como os quadrinhos, um suporte de


comunicação de massa visual, no qual o imagético surge estático no papel, consegue efeitos tão
próximos aos do cinema, uma arte que trabalha com imagens e sons em movimento. Fazendo
uso de recursos próprios como o desenho, as linhas, as cores, o texto etc. O gênero História
em Quadrinhos, as famosas HQs, possibilita também a realização de um trabalho mais lúdico e
ao mesmo tempo, mais direcionado ao objetivo docente – formar leitores na educação básica,
especificamente, no ensino médio.

Este material de apoio não pretende esgotar as possibilidades teórico-metodológicas para o


desenvolvimento desta unidade curricular, porém apresenta-se enquanto seleção de conceitos-
elementos fundamentais- conteúdos e orientações/ sugestões no intuito de subsidiar uma
prática docente que permita aos estudantes aprofundar e construir conhecimentos sob a égide
da temática em pauta. O(a) professor(a) deve tecer seus planejamentos de forma autônoma e
crítica, fundamentado nos documentos orientadores, nas suas experiências enquanto
professor(a) e em outras fontes de estudos que acharem pertinentes.

9
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

2. O fascínio das histórias em quadrinhos (HQs)

Observa-se, nos estudantes da educação básica, grandes dificuldades na compreensão


textual, seja na língua materna ou estrangeira, especialmente em atividades de leitura com
textos que apresentam múltiplas linguagens. As diversas práticas de leitura que contribuem com
a formação leitora desses estudantes em sua formação escolar, objetiva ampliar sua capacidade
de leitura, promovendo, assim, reflexões mais profundas. Diante desse contexto, o trabalho
com Histórias em Quadrinhos (HQ) é importante para a formação de leitores no ensino médio.

O gênero História em Quadrinhos, as famosas HQs, possibilita a realização de um


trabalho mais lúdico e ao mesmo tempo mais direcionado ao objetivo docente – formar leitores
mais críticos na educação básica, especificamente, no ensino médio. Nas práticas em sala de
aula, as HQs, possibilitam um trabalho com associação de linguagens que faz o estudante
analisar todos os elementos composicionais dos quadrinhos, assim facilitando a ação docente
para o trabalho com a leitura que vai desde a fruição até uma leitura mais analítica.

A visão que grande parte dos jovens têm das HQs é de leitura extraescolar. As várias
atividades de leituras feitas com HQs em sala de aula, na maioria das vezes, restringem-se a
leitura de fruição. O currículo de Pernambuco propõe relacionar essa leitura às mais diversas
áreas de conhecimento para leituras mais analíticas. Assim, começa a jornada rumo à formação
de leitores que observem mais atentamente os diversos elementos composicionais
(multimodais/multissemióticos) nos textos em geral. Então, um dos caminhos para essa leitura
mais apurada seria as HQs, conhecidas no popular como Gibis. Até porque elas já fazem parte
do universo de muitos estudantes.

Para trabalhar as HQs em sala de aula, faz-se necessário nortear os estudos pelo conceito
de leitura como atividade reflexiva, consciente e intencional, como apresenta Kleiman, (2008).
A configuração da semiose das palavras no texto possibilita a compreensão do contexto

10
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

gerando conhecimento linguístico para o entendimento textual. É diante dessa premissa que há
a percepção das palavras,

A nossa mente está ativa, ocupada em construir significados, e um dos primeiros


passos nessa atividade é o agrupamento de frases [...] identificação esta que
permitirá que esse processamento continue, até se chegar, eventualmente, à
compreensão. (KLEIMAN, 2008, p.15).

A construção dos significados mencionados por Kleiman (2008), potencializa-se e


alcança maior êxito nas HQs devido a vários elementos multimodais que são próprios da
linguagem dos quadrinhos. Esses elementos requerem uma habilidade maior na leitura de uma
linguagem própria que é a dos Quadrinhos. “Quadrinhos são quadrinhos. E como tais, gozam
de uma linguagem autônoma” (RAMOS, 2009, p.).

Logo, a concepção de leitura levantada por Kleiman (2008) é a de linguagem autônoma


dos quadrinhos defendida por Ramos (2009), gerando um leitor com mais artifícios para
compreensão dos textos. Por esse motivo, as estruturas das atividades propostas em sala de
aula, partem do lúdico com reflexões metacognitivas, passando por elementos linguísticos até
chegar à subjetividade apoiada em uma criticidade que foi desenvolvida nesse percurso.

Divulgar a ciência como arte é bem instigante, e a linguagem dos quadrinhos


proporciona isso muito bem através das famosas Cientirinhas. Então, promover o
conhecimento científico através de quadrinhos contribui com o processo de ensino e de
aprendizagem, tornando mais acessível a informação.

Sobre outra ótica, diante da pesquisa científica, pretende-se compreender as relações


textuais associadas às relações visuais e a interdependência entre ambas. Essa escolha se deve à
dificuldade de entendimento dessas linguagens associadas para gerar sentido, já que,
inicialmente, há fragilidade dos discentes em executar atividades com gêneros que se utilizam da
linguagem dos quadrinhos. Três pilares, então, foram construídos para dar norte ao estudo, são
eles: a relação do conhecimento científico com o estudo das HQs e sua relação com a ciência
(cientirinhas); seleção de informações e de fontes confiáveis (curadoria) a fim de subsidiar a

11
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

produção de HQs e cientirinhas; comunicação de conclusões com a utilização da linguagem


multissemiótica presente nas HQs e tirinhas.

Orientações para realização de atividades


As rodas de leitura são uma interessante estratégia para trabalhar com as HQs. O
objetivo é enfatizar atividades que elucidem a função social dos quadrinhos (circulação do texto
na vida social), principalmente por meio de rodas de leitura e conversa que façam antecipações
de informações com o auxílio de recursos gráficos do gênero. A identificação e a comparação
de informações são priorizadas. O professor é o principal mediador de leitura.

Orientações para a Avaliação


Observar se o estudante apresenta-se motivado para realizar as discussões coletivas. Se
há concentração, participação e contribuição com as impressões da leitura realizada. Rodas de
leitura podem ampliar o repertório leitor e o aprofundamento da leitura autônoma. Por meio da
mediação do professor, buscam-se novas interações com os quadrinhos de maneira prazerosa,
entendendo as histórias como fonte de várias informações e também de fruição. Por isso,
tende-se a compartilhar as experiências pelo prazer da leitura e também pela criticidade, pelo
escutar o outro, pela oralidade, principalmente com a leitura coletiva e compartilhada.

12
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

3. Estrutura composicional das HQs

Para a humanidade, a linguagem é o ar que respira e a extensão de si projetada: de um


lado, comunicando, gesticulando, desenhando etc.; por outro lado, observando, lendo e vendo
esses fenômenos acontecer. A necessidade da vida pessoal e social é compreendê-la e utilizá-la.
Nessa perspectiva, os quadrinistas têm procurado relacionar os eventos sociais de forma
ficcional nas famosas Histórias em Quadrinhos e, para isso, relacionam elementos sociais às
histórias, gerando narrativas que têm representatividade entre jovens de todo o mundo.

A linguagem dos quadrinhos tem como foco, segundo Ramos (2009), uma óptica
particular e expressiva que se distingue da estrutura narrativa tradicional. Enquanto a estrutura
da narrativa segue elementos bem sólidos em sua linearidade, os quadrinhos se utilizam de
elementos bem mais particulares que vão além da linguagem verbal e da imagem. Por exemplo,
a disposição das formas geométricas que ajuda a contar as histórias, tipografia, texturas e cores.
Isso particulariza, ainda mais, a linguagem dos quadrinhos.

A narrativa, que envolve elementos visuais além do verbal, possibilita ao leitor uma
leitura mais dinâmica e centrada na função de correlacionar elementos da linguagem que geram
efeitos mais lúdicos para a contação da história. Essa estrutura das HQs, tem uma visão mais
clara quando entendida pela perspectiva de Bakhtin (2000, p.12) de que “os gêneros são tipos
relativamente estáveis de enunciados usados numa situação comunicativa para intermediar o
processo de interação”. Esse conceito ajuda a elucidar a influência na diversificação das formas
de produção e leitura do gênero Quadrinhos. Assim, facilitando a interação do texto pelas
diversas possibilidades de leitura geradas pela relatividade estável do gênero.

A análise teórica é relevante para entender o gênero com uma perspectiva da Linguística
Textual que se propõe a trabalhar elementos verbais e visuais nos quadrinhos. Traz, ainda, um
processo de interação cognitiva social que contribui para a relação entre as histórias contadas

13
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

nas HQs e a sociedade. Então, ler quadrinhos é ler sua linguagem, em todos seus aspectos
textuais. O esperado é que a leitura – da obra e dos quadrinhos – ajude a observar essa rica
linguagem de outro ponto de vista, mais crítico e fundamentado.

Devido aos vários elementos linguísticos que compõem a linguagem dos quadrinhos,
eles gozam de uma linguagem autônoma, em que se utiliza de estruturas particulares para
representar os elementos narrativos. Há ainda, nos Quadrinhos, muitos pontos comuns com o
cinema, teatro entre outras linguagens. Esses elementos fazem com que o conteúdo das
Histórias em Quadrinhos seja assimilado com maior facilidade pelos estudantes.

Há, nos quadrinhos, ainda a ampliação de recursos que contribuem para os efeitos de
sentido diante dos elementos constitutivos desse gênero. Segundo Rojo (2012), tornam-se
necessárias nas atividades de ensino e aprendizagem, nesse contexto, “novas ferramentas – além
das da escrita manual (papel, pena, lápis, caneta, giz e lousa) e impressa (tipografia, imprensa) –
de áudio, vídeo, tratamento da imagem, edição e diagramação” (2012, p. 21).

Essa ampliação foi alterada pela implicação da multimodalidade e multissemiose para a


Linguística Textual. Outras linguagens passam, então, a serem aglutinadas pela lógica
interacionista. O novo conceito de texto, a partir da agregação desses elementos, é válido e
premia as HQs como recursos importantíssimos para despertar no aluno uma leitura mais
apurada. Vale pontuar o conceito de multimodalidade segundo Cavalcante, Custódio Filho e
Brito (2014, p. 152): “Característica dos textos cujos significados são realizados por meio de
mais de um código semiótico. O texto é multimodal sempre que, para a configuração dos
sentidos, houver o entrecruzamento de linguagens – verbal (oral e/ou escrita), visual, sonora”.

Os quadrinhos e sua linguagem autônoma

É bastante comum as pessoas se admirarem com as histórias em quadrinhos, os


famosos gibis. E a partir dessa admiração, conhecer e consumir essa literatura. Até porque, por
anos, chamar os quadrinhos de literatura era desqualificar os cânones que hoje também são

14
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

vendidos em formato de quadrinhos como uma linguagem toda própria. Essas obras não foram
as mesmas depois que foram recontadas pela linguagem dos quadrinhos. Mesmo sendo a
história original, a visão trazida por esse universo, tão particular e inovador, contribui para
aquisição de novos olhares para o clássico.

Isso mostra claramente a particularidade da linguagem dos quadrinhos que é


autônoma. Nessa linguagem, podemos perceber o encontro de vários olhares artísticos como
cinema, teatro, e tantas outras linguagens. Por mais que seja a comunhão de linguagens (Verbal
e visual), os quadrinhos apresentam um fator impressionante, a associação dessas linguagens,
possibilitando ao leitor perceber nuances que tornam sua leitura mais reveladora. Há uma
interconexão entre esses elementos, como defende Barbieri (1998).

Essa interconexão está disposta entre os quadros que, podemos aqui, chamá-los de
células fazendo uma ligeira metáfora catalisadora da história. Essas células apresentam múltiplas
linguagens com pontas soltas que se encaixam na célula subsequente. É tão dinâmico que, em
alguns quadros, há a necessidade de trazer uma informação inteira de histórias anteriores para
esclarecer o diálogo do quadro atual e explicações esclarecedoras sobre ele. Veja na imagem
abaixo:

Figura 1 - apresentação de recursos nos quadrinhos

Disponível em: https://hqdragon.com/leitor/Fabulosos_X-Men_(1963)/09.

15
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Nota-se, no rodapé dos quadrinhos acima, que há uma informação que explica o termo
(Demônio de areia) usado pelo personagem. Esse recurso, em texto expositivo, facilita o
entendimento do quadro e se liga ao outro, gerando informação e entendimento da composição
dos elementos apresentados. Essas estratégias compõem algumas das diversas formas que a
linguagem dos quadrinhos se apresenta nas histórias contadas pelos gibis.

Para Barbieri (1998), os recursos encontrados pelos quadrinhos trabalham de forma


integrada para gerar sentido e atratividade aos leitores. A conversa com as mais diversas artes,
extrai os melhores efeitos artísticos de cada uma delas para compor uma linguagem que é
utilizada por vários gêneros textuais. A emancipação dos quadrinhos já ocorreu há mais de um
século, trazendo essa forma de apresentar uma linguagem toda própria, como defende Cirne
(1973).

Essa relação que a linguagem dos quadrinhos tem com a narrativa, possibilita-nos
analisar como, então, processa-se essa dimensão no ato de contar a história. Primeiro, é bom
entender que o espaço de ação está contido no interior do quadrinho. O tempo da narração está
relacionado entre os quadros que avançam por meio de comparação com quadrinhos (anterior e
posterior) ou é condensado em uma única cena. Por isso, é normal ficarmos voltando aos
quadrinhos anteriores para entender a dinâmica da história.

Outro aspecto importante para compreender essa linguagem, é a representação da


oralidade que reúne os principais elementos da narrativa apresentados com o auxílio de
convenções da história. O uso de recursos multimodais contribui para a expressividade dessa
linguagem e proporciona ao leitor sentidos diversos que deixam a leitura envolvente e
particular. Ao entrar em uma leitura dessa, o estudante perceberá que a magia das imagens o
transportará para história de forma diferente de textos em prosa. Ambas as sensações são
variadas e empolgam o leitor de formas diversas.

Assim, o uso de uma linguagem autônoma, que é a dos quadrinhos, para compor um
texto narrativo com um propósito sociolinguístico interacional gera um grande rótulo como

16
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

defende Maingueneau (2006), a saber, um hipergênero que agrega particularidades,


possibilitando a construção de outros gêneros. Nesse caso, a construção de vários gêneros a
partir de uma linguagem, é elemento diferenciador no processo de formação de gêneros. Então,
trabalhar com quadrinhos é desenvolver uma capacidade de leitura que vai além de apenas
identificar gêneros; é antes de tudo conhecer uma linguagem que possibilita aprimorar nossas
estratégias leitoras.

A multimodalidade nas HQs

“Evento construído numa orientação multissistema, ou seja, envolve tanto aspectos


linguísticos como não linguísticos no seu processamento” (MARCUSCHI, 2008, p.80). Pela
definição de Marcuschi, é possível perceber a dimensão do texto diante dos diversos contextos
sociais configurados em nossas ações sociais. Os quadrinhos combinam recursos semióticos
que possibilitam ao aprendiz desenvolver habilidades de leitura que vão para além da linguagem
verbal. Estamos diante do processo de multiletramentos.

Pela atualização das linguagens, é preciso definir multiletramentos. Seria o


desenvolvimento de capacidades sociocognitivas de leitura e escrita (ROJO, 2012). A
compreensão de fatos através do fenômeno é imprescindível para o ambiente escolar. Nossas
possibilidades de leitura se ampliaram, assim como os gêneros não são mais formas rígidas, são
modos de recontextualizar a vida, como afirma Bazerman (2006). As nossas formas de
interação com a linguagem mostram nossa vivência com o social. Uma sociedade multiletrada
apresenta diversos mecanismos facilitadores das leituras que constroem formas de ler e escrever
que perpassam elementos basilares de leituras.

A perspectiva de que a multimodalidade é um elemento constitutivo dos gêneros,


fortalece a ideia que as HQs, por possuírem uma linguagem própria, dispõem de recursos
expressivos para apoiar outros gêneros gerados pela forma particular de produzir sua

17
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

linguagem. Assim os modos (imagem, escrita, som, música, linhas, cores, tamanho, ângulos,
entonação, ritmos, efeitos visuais, melodia etc.) são realizados, produzindo efeitos de sentido
que seduzem o leitor. As combinações entre os modos é que a deixam multimodal. As
possibilidades de arranjos relacionados com outros elementos linguísticos que criam sentidos.

Muitas ferramentas usadas na escola para desenvolver a compreensão de textos,


ao invés de atrair os estudantes para a leitura, acabam os afastando. O gênero quadrinhos
possibilita aos professores a superação dessa árdua tarefa de trabalhar o texto e suas diversas
linguagens, ROJO (2003, p. 13) conceitua levando em consideração as multiplicidades de
linguagens e multiplicidade de culturas:

No que se refere à multiplicidade de culturas, é preciso notar: como


assinala Gracia Canclini (2008[1989]308-309), o que hoje vemos à nossa
volta são produções culturais letradas em efetiva circulação social, como
um conjunto de textos híbridos de diferentes letramentos (vernaculares e
dominantes), de diferentes campos (ditos “populares/de
massa/erudito”), desde sempre híbridos, caracterizados por um processo
de escolha pessoal e política e de hibridização de produções de diferentes
“coleções”.

Os modos (desenhos, tipografia, balões) ou semioses nas produções dos textos


apresentados nos quadrinhos são relacionados pela “multimodalidade ou multissemiose dos
textos contemporâneos, que exigem multiletramentos” (ROJO, 2012, p.19). Isso torna esse
gênero um material rico tanto em leitura como em produção, possibilitando ao professor o
desenvolvimento de um trabalho que apresente diversas alternativas para promover e
desenvolver a competência leitora dos alunos em diversas áreas do conhecimento.

Mas, então, para relacionar a multimodalidade às tão famosas histórias em


quadrinhos, precisamos de um conceito das HQs. De acordo com Iannone e Iannone (1995, p.
21),

[...] a melhor definição para as histórias em quadrinhos está em sua própria


denominação: é uma história contada em quadros (vinhetas), ou seja, por meio
de imagens, com ou sem texto, embora na concepção geral o texto seja parte

18
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

integrante do conjunto. Em outras palavras, é um sistema narrativo composto


de dois meios de expressão distintos, o desenho e o texto (IAN NONE e
IANNONE, 1995, p. 21).

É interessante notar que a definição aqui citada, não despreza em seu conteúdo a relação
entre imagem (desenho) e texto. Essa relação já vem sendo discutida há anos pelos
quadrinhistas que procuram mais e mais aprimorarem os efeitos gerados pela multimodalidade.
A HQ com aroma é um exemplo disso. A relação multissêmica entre os quadrinhos e os
recursos utilizados por sua linguagem, requer uma capacidade de leitura que passa pelas
multiplicidades de linguagens e multiplicidade de culturas.

Orientações para realização de atividades

A partir de debates quanto a temas relacionados a problemas sociais e/ou ambientais,


criar narrativas ficcionais ou realistas por meio dos recursos oferecidos pelas histórias em
quadrinhos, dentre outras variações da linguagem dos quadrinhos como: tiras, cartuns, charges,
é um exercício interessante para que o estudante se aproprie dos aspectos multimodais contidos
na linguagem dos quadrinhos, servindo-se da aprendizagem mão na massa. Para essa construção,
podem ser utilizados materiais como: papelão, plástico, tampinhas, garrafas pet, potes, palitos
de sorvete, hidrocor etc. e/ou ferramentas digitais.

Importante utilizar cenários e personagens realistas ou de fantasia, observar os


elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais como: enredo,
personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais adequados à narração de
fatos passados, e empregar conhecimentos sobre diferentes modos de se iniciar uma história e
de inserir os recursos próprios dessa linguagem autônoma apresentada pelos quadrinhos.

19
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

As produções podem ser divulgadas em meio físico ou digital, fazendo jus ao papel da
ciência, cuja comunicação se configura em uma importante etapa da pesquisa.

Orientações para a Avaliação

Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/ edição e


reescrita, tendo em vista às restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos
pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o
contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a
relação dos elementos composicionais da linguagem dos quadrinhos.

20
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

4. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula

Eu, que fui criança na década de 1980, não me lembro de ter lido (com permissão do
professor) nenhuma revista em quadrinhos em sala de aula. Infelizmente, não tive nenhum
professor pioneiro que percebesse as infinitas possibilidades desse material para o trabalho com
qualquer disciplina. Ao contrário, se qualquer aluno fosse visto com uma revistinha, ela era
“sequestrada” e se exigia a presença dos pais na escola para a devolução. Todos os dias, depois
de ir à escola e fazer as lições da cartilha Casinha Feliz, era ao chegar a casa que eu realmente
aprendi a ler com os gibis da Turma da Mônica, comprados aos montes por meu pai. Os gibis
não foram apenas coadjuvantes na minha formação leitora; foram fundamentais no processo de
aquisição da língua e de capital cultural.Se na década de 80 tive o incentivo dos meus pais para
ler as revistinhas.

Nas décadas anteriores isso não ocorria. As histórias em quadrinhos eram culpadas pelo
desestímulo à leitura e à criatividade, já que mostravam os cenários desenhados e deixavam
pouco para a imaginação do leitor, o que tornaria as crianças preguiçosas. Além disso, foi
publicado nos EUA, no início dos anos cinquenta, o livro Sedução dos Inocentes, de Fredrick
Werthan, que apontava os gibis como responsáveis pela delinquência juvenil.

Juliana Carvalho Professora e redatora Adaptado


Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/9/17/trabalhando-com-quadrinhos-em-sala-de-aula

Hoje, os tempos são outros. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação do


Ensino Médio (RCNEM), e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) já os contemplam e
destacam sua importância ao sugerir o trabalho com diversas mídias em sala de aula.

21
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Entre os motivos para utilizar os quadrinhos na escola, estão a atração dos estudantes
por esse tipo de leitura, a conjunção de palavras e imagens, que representa uma forma mais
eficiente de ensino, o alto nível de informação deles, o enriquecimento da comunicação pelas
histórias em quadrinhos, o auxílio no desenvolvimento do hábito de leitura e a ampliação do
vocabulário. O que se vê cada vez mais é a formalização desse gênero textual na sala de aula,
mas muitos professores ainda têm dúvidas sobre como utilizá-lo. Que aspectos devem ser
explorados? Os quadrinhos podem ser utilizados em qualquer disciplina? HQs, tirinhas, charges
e cartuns devem ser trabalhados da mesma forma?

Ao tentar responder a algumas dessas dúvidas, apresentam-se a seguir sugestões para atividades
relacionadas com quaisquer disciplinas. Para facilitar o entendimento destas proposições,
utiliza-se tirinhas do artista Marcelo Vital, disponíveis no site www.fulaninho.com.br.

Os quadrinhos
As histórias em quadrinhos, charges, cartuns e tirinhas são textos multimodais,
ou seja, trazem, além da linguagem alfabética, imagens, disposição gráfica na página,
cores, figuras geométricas e outros elementos que se integram na aprendizagem. Antes
de desenvolver atividades de qualquer disciplina – um trabalho com operações
matemáticas, por exemplo –, é preciso explorar todas essas formas de representação
para ampliar a capacidade leitora e garantir que a criança ou jovem entenda ao máximo
os recursos oferecidos, gerando sentido. Observe a imagem:

22
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Neste quadrinho, a imagem tem um peso grande, pois, se retirássemos as falas, grande
parte dele seria compreendida. A situação está visível no contraste entre a expressão facial dos
pais (surpresa e tristeza) e a do filho (feliz). É preciso explorar todos os elementos presentes no
cenário, como cores e disposição dos móveis. A sala em tons pastéis e a presença de poucos
móveis passam uma ideia de organização, e isso reforça a sujeira feita pela criança com tinta
cor-de-rosa. Está a cargo do texto escrito mostrar o equívoco do filho, ao pensar que a mãe
estava chorando de alegria.

Outro fator importante é o contexto, principalmente, nas histórias produzidas para


adolescentes, como as de super-heróis, já que estão presentes inúmeras referências atuais e
históricas à cultura pop, guerras, personagens políticos e sociais. É fundamental mostrar o
contexto em que a HQ foi produzida, no caso de quadrinhos antigos, ou acrescentar mais
informações caso haja referência a algum fato histórico.

Charges, tirinhas, cartuns e histórias em quadrinhos


O que são e como se caracteriza cada um deles? As definições a seguir foram retiradas
da Wikipédia:

● Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma
caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A
palavra é de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de
alguém ou de algo para torná-lo burlesco.
● Um cartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico acompanhado ou não de
legenda, de caráter extremamente crítico, retratando de forma bastante sintetizada algo
que envolve o dia a dia de uma sociedade.
● A tirinha, também conhecida como tira diária, é uma sequência de imagens. O termo é
atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais, mas
historicamente o termo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não havendo
limite máximo de quadros – tendo, claro, o mínimo de dois.

23
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

● A revista em quadrinhos, como é chamada no Brasil, ou comic book como é


predominantemente conhecida nos Estados Unidos, é o formato comumente usado
para a publicação de histórias do gênero, desde séries românticas aos populares
super-heróis.

Cores
As cores são elementos importantes na comunicação visual e, portanto, nas HQs. Nos
quadrinhos, grande parte das informações é transmitida pelo uso de cores. A cor é um
elemento que compõe a linguagem dos quadrinhos; mesmo nas histórias em preto-e-branco,
não se trata apenas de um recurso estilístico. Os desenhistas americanos perceberam isso e
passaram a não restringir o uso de cores apenas ao cenário. Elas assumiram a capacidade de
simbolizar determinados elementos, principalmente nos quadrinhos norte-americanos de
massa, passando a simbolizar personagens na mente do leitor. O Incrível Hulk é verde. O
Lanterna Verde também. O Capitão América tem o uniforme com as cores da bandeira
norte-americana. Os Smurfs são conhecidos por serem todos azuis. Maurício de Souza também
utilizou as cores para criar as identidades de seus personagens. Uma menina forte como a
Mônica só poderia usar um vestido vermelho; que menino travesso não desejaria dar um nó nas
orelhas de um objeto tão particular quanto um coelho de pelúcia azul?

O conhecimento das sensações e reações provocadas pelas cores é um importante


instrumento de comunicação que tem sido usado nas HQs. Sabemos que o rosa, por exemplo, é
uma cor feminina e juvenil, assim como o violeta. O vermelho evoca força, energia e está
associado à vida, por ser a cor do sangue. Também se usa o vermelho para caracterizar
situações de perigo, assim como nos sinais de trânsito. Quadrinhos com cores frias seguidos de
quadrinhos com cores quentes podem significar a passagem da tristeza para a alegria ou da
doença para a saúde, por exemplo. As estações do ano e os fenômenos climáticos também são

24
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

representados por cores. O fundo preto é muito usado para representar a imaginação das
crianças, um espaço onde tudo pode acontecer:

Balões
Os balões são recursos gráficos utilizados para tornar sons e falas visíveis na literatura. O
balão seria o recurso gráfico representativo da fala ou do pensamento, que procura indicar um
pensamento, um monólogo ou um diálogo. O quadrinho necessita do balão para a visualização
das palavras ditas pelas personagens. Diferentemente da literatura, mesmo a ilustrada, os
quadrinhos não precisam indicar ao leitor a qual personagem corresponde aquela fala ou
pensamento, pois os balões indicam por meio do apêndice.

O formato dos balões pode variar de acordo com as intenções do autor. O balão de fala
tem um contorno forte, nítido; o balão de pensamento tem outra forma. Ele é irregular,
ondulado ou quebrado e o apêndice tem o formato de pequenos círculos. Pensar é algo bem
diferente de falar em voz alta, ainda que seja um monólogo, por isso existe essa distinção entre
os balões. O contorno do balão pode ser tremido, indicando medo ou emoção forte, pode ser
recortado, o que indica explosão verbal ou raiva, ou mesmo pontiagudo, fazendo o leitor
perceber que o som está sendo emitido por uma máquina. Também podem ser usados alguns
contornos metafóricos, como estalactites (que indicam frieza na resposta) ou pequenas flores
(que indicam o oposto). Outra característica dos balões é ajudar a mostrar ao leitor a ordem de
leitura e a passagem do tempo. Uma exigência fundamental é que sejam lidos numa sequência

25
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

determinada, para que se saiba quem fala primeiro. Uma boa atitude é incentivar seus alunos a
descobrir vários tipos de balões e a criar os seus próprios.

Lapso de tempo
O lapso de tempo é o espaço que liga o quadro anterior ao posterior. Deve ser
completado pela imaginação do leitor, fazendo com que a história tenha sequência. Para
entender o quadrinho, é preciso entender o que aconteceu antes e o que acontecerá depois.
Isoladamente, um quadrinho que faz parte de uma história é difícil de entender, mas duas
imagens constituem uma narrativa, desde que sejam colocadas em sucessão ou que o leitor as
entenda assim. Nas histórias em quadrinhos, o leitor constrói e confirma a narrativa que faz
sentido na história. O lapso de tempo aceitável está no meio de duas imagens que representam
continuidade. As transições são possíveis porque o leitor está acostumado a ler o corpo do
texto como narrativa. O leitor procura, então, juntar os quadros para formar linearidade. Esta
busca para “fechar” a narrativa, ou para completá-la, estimula a criatividade e faz das HQs
importantes instrumentos para a formação de leitores.

Metáforas Visuais
As metáforas visuais são usadas pelos autores para transmitir situações da história por
meio de imagens, sem utilização do texto verbal. Quando o personagem está nervoso, sai
fumaça da cabeça dele. Quando alguém está correndo muito rápido, aparecem vários traços
paralelos e uma nuvenzinha para demonstrar seu deslocamento. Cédulas e moedas indicam que
a pessoa está pensando em dinheiro, assim como corações indicam amor. Incentive seus alunos
a criar metáforas visuais. Por exemplo, como seria a metáfora visual para alguém triste?

Sugestão de atividades

Observe a sequência de quadrinhos.

26
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Uma atividade muito comum, mas nem por isso menos valiosa, é apagar os textos dos
balões e pedir que os estudantes escrevam seus próprios diálogos, fazendo a interpretação das
imagens. Tendo como base esse quadrinho, também podem ser trabalhados temas como
linguagem informal, compreensão do cenário, coerência das falas com as imagens, convívio
entre crianças ou adolescentes.
Um fator importante nesse quadrinho é o contexto. Quem conhece a praia de
Copacabana imediatamente vai associá-la à tirinha, pelo desenho do calçadão. Quem costuma
frequentar essa praia compreenderá mais facilmente os apuros vividos pelo garoto que vai
embora enfaixado, pois sabe que essa praia costuma estar cheia nos fins de semana e feriados.
Crianças que moram em ambientes onde não haja praia precisam receber essas informações.
Essa é uma tirinha que apresenta muitos lapsos de tempo. Que situação deve ter ocorrido entre
o quarto e o quinto quadrinhos?
Os alunos podem analisar a linguagem dos quadrinhos e criar seus próprios
personagens, balões, quadros e onomatopeias.

27
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Os quadrinhos de super-heróis trazem muitas referências a fatos históricos,


principalmente guerras. Ligas de super-heróis são geralmente compostas por heróis de várias
nacionalidades. Algumas histórias da Turma da Mônica fazem referência a fatos históricos do
Brasil. Cabe ao professor pesquisar e guardar este material para utilizar quando estiver
lecionando sobre o assunto abordado.
Os gibis dos X-Men, por exemplo, tornaram popular o conceito de mutação e podem
ser usados para iniciar uma aula sobre Darwin. Por outro lado, muitas histórias em quadrinhos
falam sobre descobertas científicas. Pesquise os quadrinhos do Quarteto Fantástico, Watchman,
Homem-aranha, por exemplo.

Juliana Carvalho Professora e redatora Adaptado


Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/9/17/trabalhando-com-quadrinhos-em-sala-de-aula

Principais formatos de HQs

Também chamados de gibis (Brasil), comics (EUA e Canadá), comic book, arte sequencial,
historietas (Argentina), Tebeos (Espanha), banda desenhada/ bande dessinée (Portugal/França
e Bélgica), mangá (Japão), manhwa (Coreia), fumetti (Itália), histórias aos quadradinhos
(Angola), entre outros, os quadrinhos têm muitas caras e formatos. Os mais conhecidos são:

● Mangá: termo que designa as histórias em quadrinhos japonesas. Essas HQs são muito
populares em todo o mundo. No ocidente, o uso desse termo foi ampliado para além
dos quadrinhos em si, sendo aplicado para definir o estilo de traço baseado nos mangás,
devido às características estéticas marcantes, como olhos grandes e expressivos,
estrutura anatômica cartunizada, cabelos espetados com cores vibrantes etc.;

28
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

● Tira: popularizou-se nos jornais. Geralmente em formato horizontal, com uma divisão
entre dois a cinco quadros, o autor apresenta uma pequena história fechada (muitas
vezes humorada) ou um capítulo de história seriada;

● Página dominical: espaço maior do que a tira diária. “Dominical” devido à tradição de
ser publicada aos domingos em suplementos de jornais;

● Fanzine: publicação artesanal e independente. Junção das palavras fanatic (fan) e


magazine. Surgiu como publicações de fã-clubes de ficção científica. Reproduzidos em
fotocópias, muitas vezes sem fins lucrativos e com total liberdade editorial, abrange
qualquer tema, inclusive HQs;

● Revista em Quadrinhos: os tamanhos conhecidos como formatinho (13x21cm), comic


book (17x26cm) e magazine (20x26,- 5cm) são os mais comuns. As revistas em
quadrinhos, os gibis, de super-heróis, humor e infantil são facilmente encontradas em
bancas e revistarias e dominam este mercado;

● Novela Gráfica (Graphic Novel): termo popularizado pelo quadrinista Will Eisner em
sua obra Um Contrato com Deus (1978). Assemelha-se muito editorialmente (formato)
a de um livro (inclusive, com lombada quadrada). Com maior número de páginas do que
uma revista em quadrinhos comum, comporta uma história mais densa e sofisticada,
exigindo um público leitor mais eficiente ( jovens e adultos, por exemplo).

● Fotonovela: perceba que, até agora, não usamos em nenhum momento a palavra
desenho na definição de quadrinhos, mas, sim, imagem. Isto porque nem todas as HQs
são produzidas com desenhos (embora a maioria seja), mas com fotografias, pinturas,
recortes e colagens, entre outros recursos. Por isso, se seus alunos não souberem

29
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

desenhar, não tem problema, podem utilizar esse artifício para criar as suas HQs em sala
de aula, ampliando as possibilidades pedagógicas, desde que mantenham os recursos
particulares da linguagem, como o requadro, balão, onomatopeia etc. Quando utilizamos
fotografias para construir uma HQ, a denominamos de fotonovela.

● Webcomics: quadrinhos publicados na internet. Um meio muito eficiente e democrático


de novos autores mostrarem seu trabalho e formarem público.

Não é incomum uma tira de jornal, por exemplo, ser composta por uma só imagem. Esta
interpretação de histórias em quadrinhos com um só quadro amplia as possibilidades de uso
desta linguagem para cartuns e charges, especialmente por muitas vezes eles se utilizarem de
recursos como balões e metáforas visuais comuns das HQs. Assim, vejamos:

● Cartum: desenho humorístico, anedota gráfica. Em geral, uma única imagem tem o
objetivo de fazer rir, pensar ou até incomodar. Tem uma forte similaridade estética com
a charge, mas possui um caráter mais universal e atemporal. Pode ou não ter palavras.

● Charge: pode ser considerada uma categoria jornalística e tem por finalidade satirizar,
por meio de uma imagem, algum acontecimento atual. A palavra é de origem francesa e
significa “carga”. A charge, geralmente, tem um efeito regional e é atrelada a algum fato
relevante do momento. Muitas vezes o chargista faz uso da caricatura e pode ou não usar
palavras, assim como no cartum.

Hugo Oliveira Ilustrador/arte-educador Adaptado


Disponível em: http://hugocriativo.com/2018/04/principais-formatos-de-hqs.html#.YhPXgzhKjIU

30
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Aspectos relevantes para ler Histórias em quadrinhos

Para leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos/Tirinhas, usa-se o conhecimento da


realidade e de processos linguísticos para produzir sentidos e criar significações às ilustrações e
falas.

31
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Veja as tirinhas mais conhecidas:

32
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

33
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Ayeda Sanches - Adaptado


Disponível em: https://blog.maxieduca.com.br/interpretar-historia-em-quadrinhos/

34
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Orientações para realização de atividades

Pesquisas a respeito de um tema de interesse dos estudantes devem fundamentar as


produções nesta Unidade Curricular. Quadrinhos sobre o assunto escolhido (exemplo: religião,
saúde pública, racismo, sustentabilidade, ou outros temas) em língua materna ou estrangeira,
podem ser lidos e analisados, individualmente ou em equipes. Ao visar a formação do leitor
crítico, o professor pode elaborar quadros cujos itens orientem a análise, elegendo aspectos
distintos das HQs selecionadas a serem observados. Tudo o que for produzido pode e deve ser
socializado, conferindo maior dinamicidade ao processo. Segue um quadro de aspectos que
podem ser abordados no exercício da leitura e análise:

Elementos composicionais e constitutivos


presentes nas HQs.
Efeitos de sentido gerados pelas relações
multimodais e multissemióticas nas HQs.
Análise da representação social dos
personagens nas HQs.
Análise da representação de valores sociais e
culturais presentes nas HQs.
Análise do enredo diante da relação entre
imagético e linguagem verbal.

35
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Orientações para a Avaliação

Analisar textos com multimodalidade é o principal foco da ação docente. É importante


ressaltar o compromisso do professor em formar o leitor na educação básica. Todo esse
exercício promove o desenvolvimento da leitura, de postura responsável e ética na busca e
comunicação de informações/conhecimentos construídos em quaisquer áreas/situações,
contribuindo, efetivamente, para o fortalecimento da cultura da curiosidade, da criticidade e da
proatividade o que ratifica o caráter educativo na formação leitora. Diante disso, o processo
avaliativo dessa atividade deve considerar se os estudantes sentem-se motivados a participar das
leituras, demonstrando interesse e curiosidade com as temáticas e análises; realizam
procedimentos e registros de todo processo investigativo leitor; assim sendo, é possível
estabelecer critérios para avaliar se o estudante conseguiu aprender esta etapa.

36
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

5. Referencial Bibliográfico

BAKHTIN, M. (2000). Estética da criação verbal (P. Bezerra, Trad.). (3ª ed.). São Paulo: Martins
Fontes. (Trabalho original publicado em 1979).

BARBIERI, Daniele. Los Lenguajes del Cómic. Barcelona / Buenos Aires / México: Ediciones
Paidós Ibérica, S.A., 1998

BAZERMAN, Charles. Gêneros, agência e escrita. Tradução Judith Hoffnagel. São Paulo:
Cortez, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 1.432, de 28 de dezembro de 2018.

CARVALHO, Juliana. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula. Site: Educação pública
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/9/17/trabalhando-com-quadrinhos-em-sala-de-
aula Acesso em 21 de fev. 2022.

CARVALHO , Hugo. Estúdio de


criação.http://hugocriativo.com/2018/04/principais-formatos-de-hqs.html#.YhPXgzhKjIU
Acesso em 21 de Fev. 2022

CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Petrópolis: vozes, 2001.

________, Moacy. A explosão criativa dos quadrinhos. Petrópolis: vozes, 1977.

________, Moacy. A linguagem dos quadrinhos. Petrópolis: vozes, 1973.

CUSTÓDIO FILHO, V. Múltiplos fatores, distintas interações: esmiuçando o caráter


heterogêneo da referenciação. 2011. Tese (Doutorado em Linguística). Centro de

37
SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
GERÊNCIA GERAL DE ENSINO MÉDIO E ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO

Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011. Disponível em:


http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/8896

IANNONE, Leila Rentroia; IANNONE, Roberto Antonio. O mundo das histórias em


quadrinhos. São Paulo: Moderna, 1994.

KLEIMAN, Ângela. Oficina da leitura: teoria e prática. Campinas, SP: Pontes, 1993. ________,
Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 11. ed. Campinas: Pontes, 2008.

MAINGUENEAU, D. Discurso literário. São Paulo: Contexto, 2006.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção de texto, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.

RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos – coleção Linguagem & Ensino. São Paulo: Ed.
Contexto, 2009.

RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos – coleção Linguagem & Ensino. São Paulo: Ed.
Contexto, 2009.

ROJO, Roxane; MOURA, Eduarda (orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: parábola
editorial, 2012.

38

Você também pode gostar