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UNIDADE I

Metodologia de Ensino das


Ciências Sociais

Profa. Dra. Neusa Meirelles Costa


Unidade I Objetivos

 A disciplina Metodologia de Ensino das Ciências Sociais tem como objetivo


habilitar profissionais com sólida formação teórica e metodológica, portanto
competentes para exercício da docência, para análise e compreensão da realidade
social, em seus múltiplos aspectos.

 Nessa Unidade I, a Sociologia é discutida como ciência, cujo ensino tem suas
especificidades, enquanto sua presença nos currículos escolares dependeu do
contexto de estabilidade política democrática do país.
A sociologia e a compreensão do mundo

 A Sociologia aparece no século XIX, no ambiente das profundas mudanças sociais


da revolução industrial: concentração da população no meio urbano.

 Crescimento sem precedentes das riquezas nas mãos da burguesia e exploração


dos trabalhadores. Tais condições provocaram processo de mobilização política
que se refletiu no campo da nascente ciência, a sociologia.
Condições econômicas e sociais

 Marx, no século XIX, analisou as condições sociais de sobrevivência na passagem


do capitalismo mercantil para o manufatureiro e industrial, este último já no século
XVIII; esse processo teve efeitos profundos no cotidiano vivido, na medida em que
se forma um segmento social significativo: o trabalhador urbano, o operário das
indústrias em expansão, com trabalho remunerado (salário) e relações de
produção diferenciadas. (Marx. A Burguesia e a Contrarrevolução, 1956, p.48-51).
Ambiente social e a Sociologia

 Foi naquele ambiente, de mudanças sociais intensas, que surgiu a sociologia.


Nele, o trabalhador não era um burguês, não detinha capital, mas apenas sua
força de trabalho vendida em horas trabalhadas: ele era cidadão, mas não tinha
seus direitos reconhecidos. Essa situação explica o aparecimento da Sociologia
como tentativa de entender as revoltas que se sucediam e a pobreza generalizada.
Principalmente como um campo de conhecimento destinado a cientificamente
explicar as transformações e exercer controle sobre elas.
O Positivismo

 As relações entre a burguesia industrial, os operários, a monarquia e as


instituições religiosas também foram objeto de estudo de Comte (1798-1857),
fundador da Sociologia, responsável pela elaboração teórica explicativa do
funcionamento desse novo padrão de sociedade. Comte propõe o Positivismo,
como expressão de uma “política científica” que seria o único movimento (e
partido) capaz de enfrentar a “anarquia social” instalada, e de preservar o Ocidente
de qualquer tentativa comunista. Seria um partido construtor de “uma política
moderna, capaz de satisfazer aos pobres, tranquilizando os ricos”.
Durkheim e Weber

 Ainda no século XIX, Max Weber (1864-1920) desenvolveu estudo clássico, Ética
Protestante e Espírito do Capitalismo, obra em que seu autor explora a
convergência racional e pragmática entre práticas religiosas e práticas necessárias
ao capitalismo, sobretudo a lógica do trabalho, poupança e investimento.

 Emile Durkheim (1858-1917), outro sociólogo, ainda hoje uma grande influência
nos meios acadêmicos, caracterizou o sentido de “fato social”, e desenvolveu
estudos em várias áreas: educação, religião, suicídio.
Acontecimentos históricos: desafios à compreensão

 O século XX forneceu outros desafios aos pensadores que buscavam


compreender a sociedade. Como entender os efeitos de duas guerras mundiais, e
entre elas uma crise econômica que afetou países de todos os continentes? Como
compreender um mundo em que os antagonismos entre o capitalismo e o
comunismo criavam conflitos que dividiram o mundo em dois blocos antagonistas?
Reivindicações sociais

 Ao longo do século XX, grupos excluídos dos círculos do poder passaram a


reivindicar espaço: negros, mulheres, homossexuais saíram na defesa dos seus
direitos. Os povos colonizados e explorados pelo imperialismo retomaram a luta
por autonomia e liberdade. Em todo o mundo, jovens se organizaram para
derrubar estruturas que consideravam velhas e antiquadas; alguns grupos por
meio das armas. Outras manifestações de oposição à ordem tiveram como alvo as
ditaduras latino-americanas.
Capitalismo financeiro, novas condições sociais

 Por volta da década de 1980, e a partir dos Estados Unidos e da Inglaterra, a


lógica do capitalismo financeiro gerou a onda privatizante sustentada pelo
discurso neoliberal da globalização, trazendo modificações radicais nos processos
de trabalho e emprego, sob o regime de acumulação flexível, com substituição do
trabalho humano pela tecnologia.
Sociedade sob a Acumulação Flexível

 Harvey (1992) aponta que as principais características da sociedade pós-industrial


são a ênfase na efemeridade e a preferência pela estética em detrimento da ética.
É uma sociedade que valoriza o fragmento, o transitório, a imagem; o valor está no
simbólico, não no concreto, mudaram-se os hábitos de consumo, os desejos são
transformados em necessidades.

 Esse modelo de sociedade emerge de uma nova configuração do capitalismo


financeiro, à qual Harvey denominou acumulação flexível.
Sociologia e a compreensão da sociedade atual

 Assim, Ianni (1988) afirma que a Sociologia deve ser utilizada para que se possa
compreender o mundo moderno. A Sociologia, como ciência, busca a
compreensão dos problemas sociais a partir da investigação e da elaboração
teórica, possibilitando a análise crítica, racional da realidade.
Sociologia, a “autoconsciência” da sociedade

 Wright Mills (1975) vê a sociologia como um conhecimento capaz de conduzir o


homem comum a compreender os nexos que ligam sua vida individual aos
processos sociais mais gerais. Como o homem comum não tem consciência da
complexidade da realidade social, o autor afirma que a superação desta condição
de alienação se dá com o desenvolvimento do que ele chama de imaginação
sociológica, como “autoconsciência” da sociedade.
Saber mercadoria

 Como afirma Harvey (1992, p. 151), o conhecimento tem papel crucial: num mundo
de rápidas mudanças de gostos e de necessidades. No sistema de acumulação
flexível, o conhecimento da última técnica, do mais novo produto, da mais recente
descoberta científica, implica a possibilidade de alcançar uma importante
vantagem competitiva. O próprio saber se torna mercadoria-chave, a ser produzida
e vendida a quem pagar mais.
Giddens e Bauman

 Outro autor que se volta para refletir sobre o sentido da Sociologia é Giddens
(2001), que atribui a esta ciência papel central na compreensão das forças sociais
que vêm transformando a vida em sociedade. Para ele, a vida social tornou-se
episódica, fragmentária e marcada por incertezas, para cujo entendimento deve
contribuir o pensamento sociológico.

 Zygmunt Bauman (1925-2017), também sociólogo, criou


uma denominação particular para o modelo de sociedade
contemporânea: modernidade líquida, porque aqui,
agora, nada é estável, permanente ou tradicional: tudo
parece sólido, mas está em mudança, em movimento.
Interatividade

Das proposições abaixo, qual atribui um papel inaceitável para a sociologia à luz do
pensamento dos sociólogos antes citados?

a) A sociologia permite ao homem comum compreender os nexos que ligam sua


vida individual aos processos sociais mais gerais.
b) A sociologia deve reforçar os valores sociais tradicionais,
presentes no mundo contemporâneo.
c) Cabe à sociologia permitir a compreensão crítica do contexto social.
d) A Sociologia, como ciência, busca a compreensão dos
problemas sociais.
e) A Sociologia, pela investigação e análise, contribui para
desmascarar preconceitos vigentes na sociedade.
Resposta

Das proposições abaixo, qual atribui um papel inaceitável para a sociologia à luz do
pensamento dos sociólogos antes citados?

a) A sociologia permite ao homem comum compreender os nexos que ligam sua


vida individual aos processos sociais mais gerais.
b) A sociologia deve reforçar os valores sociais tradicionais,
presentes no mundo contemporâneo.
c) Cabe à sociologia permitir a compreensão crítica do contexto social.
d) A Sociologia, como ciência, busca a compreensão dos
problemas sociais.
e) A Sociologia, pela investigação e análise, contribui para
desmascarar preconceitos vigentes na sociedade.
A Sociologia e o Senso Comum

 A ideia da distinção entre senso comum e espírito científico se reporta às


possibilidades de certeza e de verificação: nesse sentido, o senso comum não se
guiaria pela necessidade de prova, enquanto o espírito científico estaria
relacionado à busca de aproximação com a verdade por meio de rigorosos
métodos de pesquisa e investigação.
Senso comum e espírito científico

 A relação entre senso comum e espírito científico pressupõe entender o modelo de


racionalidade preconizado pela ciência moderna do século XVIII, em face da ideia
do senso comum, tido como irracional e vulgar. Contudo esse paradigma de
ciência é fruto da certeza de que: a natureza teórica do conhecimento científico
decorre de pressupostos epistemológicos e regras metodológicas de um
conhecimento causal que aspira à formulação de leis, à luz de regularidades
observadas, com vista a prever o comportamento futuro dos fenômenos.
Ciência moderna...

 A ciência moderna está preocupada em descobrir o “como”, independentemente


do “porquê”. “É este tipo de causa formal que permite prever e, portanto, intervir no
real e que, em última instância, permite à ciência moderna responder à pergunta
sobre os fundamentos do seu rigor e da sua verdade com o elenco dos seus êxitos
na manipulação e na transformação do real” (SANTOS, 1996, p. 5).
Senso Comum...

 O senso comum, na maior parte das vezes, alimenta o espírito científico na


formulação dos problemas de pesquisa e nos questionamentos em relação à
realidade. Vista dessa forma, a situação que se coloca é outra: a ciência reflete
sobre o senso comum. A reflexão crítica resulta em modificações na verdade tida
como hegemônica, e isso se incorpora ao senso comum mais adiante por meio de
um processo de inovação.
Senso comum e senso comum

 Nem sempre o senso comum, resultado da crítica e da reflexão, consegue se


coadunar ao senso comum que o aluno é possuidor. Nessas condições,
especialmente em situação de ensino, só com uma sólida formação científica o
professor consegue apontar aspectos equivocados do senso comum, e, em se
tratando da qualificação comparativa entre culturas, mostrar o princípio da
alteridade, central à Antropologia.
Ciência hoje

 É verdade que a suposta objetividade e neutralidade do sujeito do conhecimento


há muito foi reconhecida impossibilidade. As ideias da autonomia da ciência e do
desinteresse do conhecimento científico, que durante muito tempo foi uma
ideologia espontânea dos cientistas, colapsaram perante o fenômeno global da
industrialização da ciência sobretudo a partir das décadas de trinta e quarenta. Em
toda parte verificou-se o compromisso da ciência com os centros de poder
econômico, social e político, os quais passaram a ter um papel decisivo na
definição das prioridades científicas (SANTOS, 1996, p. 12).
Cientificidades...

 O paradigma de ciência pode ser responsável pela concepção errônea


disseminada na comunidade científica sobre diferentes graus de cientificidade,
distinguindo as ciências sociais das ciências naturais. Aliás, Comte tinha em mente
dar conta dessa tarefa: assegurando às ciências sociais os mesmos atributos de
cientificidade, prerrogativa das ciências naturais, bastando adotar naquele campo,
os mesmos métodos, procedimentos e conceitos das ciências naturais.
Ciências naturais e sociais, diferenças...

 O argumento fundamental da diferença é que a ação humana é radicalmente


subjetiva. O comportamento humano, ao contrário dos fenômenos naturais, não
pode ser descrito, nem explicado com base em suas características exteriores e
objetiváveis, uma vez que o mesmo ato externo pode corresponder a sentidos de
ação muito distintos.
Ciências Sociais e Subjetividade

 A ciência social será sempre subjetiva, não objetiva como as ciências naturais; é
preciso compreender os fenômenos sociais a partir das atitudes mentais e do
sentido que os agentes conferem às suas ações. Por isso é necessário utilizar
métodos de investigação e critérios epistemológicos distintos dos empregados nas
ciências naturais “métodos qualitativos em vez de quantitativos, com vista à
obtenção de um conhecimento intersubjetivo, descritivo e compreensivo, em vez
de um conhecimento objetivo e explicativo” (SANTOS, 1996, p. 7).
Matemática e objetividade...

 Até o rigor matemático não tem a objetividade anteriormente suposta, desde a


concepção de matéria/energia, incompatível com as concepções herdadas da
física newtoniana. Hoje admite-se “em vez da eternidade, a história; em vez do
determinismo, a imprevisibilidade; em vez do mecanicismo, a interpenetração, a
espontaneidade e a auto-organização; em vez da reversibilidade, a
irreversibilidade e a evolução; em vez da ordem, a desordem, em vez da
necessidade, a criatividade e o acidente” (SANTOS, 1996, p. 10).
Paradigma emergente, crítica das dicotomias

 O conhecimento elaborado sob o paradigma emergente tende a ser um


conhecimento não dualista, fundado na superação das distinções familiares e
óbvias, até há pouco consideradas insubstituíveis, tais como natureza/cultura,
natural/artificial, vivo/inanimado, mente/matéria, observador/observado,
subjetivo/objetivo, coletivo/individual, animal/pessoa. Este relativo colapso das
distinções dicotômicas se repercute nas disciplinas científicas que nelas
se fundamentaram.
Paradigmas...

 No paradigma dominante, os desenvolvimentos científicos têm ocorrido no sentido


da especialização e da compartimentação rigorosa do saber em disciplinas. No
entanto, as dificuldades decorrentes dessa obsessiva fragmentação do saber são
inúmeras, já que as fronteiras acabam por se traduzir em obstáculos
intransponíveis. Ainda, há que se considerar que, determinados problemas só
podem ser resolvidos no campo da colaboração entre vários saberes e diversos
especialistas: como ter a visão do todo se os especialistas não dialogam e não são
capazes de estabelecer comunicação profícua a partir de diferentes linguagens?
Paradigmas...

 O paradigma emergente, portanto, deve levar em conta que o conhecimento é total


e, por isso mesmo, local, constituindo-se “em redor de temas que em dado
momento são adotados por grupos sociais concretos como projetos de vida locais”
(SANTOS, 1996, p. 17).
Paradigma emergente

 O conhecimento deixa de ser disciplinar para se tornar temático, chamando


especialistas de todas as disciplinas à discussão para a pesquisa de temas
colocados pela sociedade como relevantes, e isso ocorre no caso da investigação
sobre as causas de uma doença, sobre as melhores formas de construir uma
ponte, sobre os modos de produção agrícola, sobre estratégias para lidar com o
desemprego, sobre os processos sociais que se observa no dia a dia.
Interatividade

Qual das proposições sobre as ciências sociais abaixo apontadas não é correta?

a) É errado supor que todo conhecimento verdadeiro é objetivo.


b) Embora haja tendência à especialização, essa tendência não dá conta de todos
os problemas passíveis de investigação.
c) As oposições dualistas já não constituem categorias válidas para pesquisa.
d) A matemática e a física são as duas ciências para as quais a oposição matéria/
energia permanece válida.
e) Comte fez uma tentativa de aplicar à sociologia
conceitos das ciências naturais.
Resposta

Qual das proposições sobre as ciências sociais abaixo apontadas não é correta?

a) É errado supor que todo conhecimento verdadeiro é objetivo.


b) Embora haja tendência à especialização, essa tendência não dá conta de todos
os problemas passíveis de investigação.
c) As oposições dualistas já não constituem categorias válidas para pesquisa.
d) A matemática e a física são as duas ciências para as quais a oposição matéria/
energia permanece válida.
e) Comte fez uma tentativa de aplicar à sociologia
conceitos das ciências naturais.
Paradigmas, distinção

 Enquanto o paradigma dominante na ciência era marcado pela distinção rigorosa


entre o sujeito do conhecimento e objeto de pesquisa, o paradigma emergente,
(decorrente do desenvolvimento da física quântica), essa distinção deixou de ter
sentido, portanto admite-se que todo o conhecimento é autoconhecimento.
Ciências sociais, corte epistemológico

 Para as Ciências Sociais essa situação já era admitida na Antropologia, a crítica ao


distanciamento etnocêntrico entre cientistas (europeus) e o objeto de estudo, (os
nativos atrasados); na Sociologia o distanciamento diminuiu, pois se tratava de
cientistas europeus estudando europeus. Na verdade, a crítica das ciências
sociais ao corte epistemológico entre sujeito e objeto se propagou para as
ciências naturais.
Sociologia e paradigma emergente

 Como a Sociologia lida com o novo paradigma? O conhecimento sociológico é


organizado buscando construir sistemas que integrem conjuntos nos quais os
elementos estejam relacionados de maneira ordenada. Por isso, busca-se a
investigação do conjunto de fatos e situações, buscando a compreensão para além
de fatos e situações isolados.
 O conhecimento sociológico, ao explicar relações entre acontecimentos complexos
e diferenciados, permite ao sujeito transpor os limites de sua condição particular e
se perceber como parte de uma totalidade.
 Isto faz da Sociologia um conhecimento indispensável
num mundo que diferencia e isola as pessoas e grupos
entre si.
A imaginação sociológica
e os grandes temas da sociologia nos dias de hoje

 Como as pessoas podem se municiar para serem capazes de compreender o


mundo em que vivem, o papel que representam, o sentido de sua época e de sua
história? Segundo Wright Mills (1975, p. 11), a resposta a essa pergunta é simples:

 O que precisam, e o que sentem precisar, é uma qualidade de espírito que lhes
ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber, com lucidez,
o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar ocorrendo dentro
deles mesmos.
“É essa qualidade [...] que jornalistas e professores,
artistas e públicos, cientistas e editores estão começando
a esperar daquilo que poderemos chamar de
imaginação sociológica”.
Sociologia, o olhar para além do individual

A Sociologia se compromete com o desenvolvimento e a construção de um novo


olhar, para além do que é individual. Para atingir esse objetivo, os sociólogos e
cientistas que se dispuseram a analisar a estrutura social buscaram compreender
algumas questões:

 como cada sociedade está organizada?


 qual a posição que cada sociedade específica ocupa na história da humanidade?
 o que é possível esperar em termos das variedades de
comportamentos dos homens e dos grupos humanos em
cada sociedade e em cada momento histórico?
Wright Mills

 “Ter consciência da ideia da estrutura social e a utilizar com sensibilidade é ser


capaz de identificar as ligações entre uma grande variedade de ambientes de
pequena escala. Ser capaz de usar isso é possuir a imaginação sociológica.”
(MILLS, 1975, p. 17).
Sete Grupos dos Principais Temas da Sociologia Contemporânea
(Arruda, 1994)

Grupo 1: Teoria sociológica, metodologia e epistemologia, compreende:

a) Estudos sobre as principais teorias sociológicas e demarcadores do objeto da


Sociologia em relação a outras ciências;
b) Pressupostos do conhecimento sociológico, métodos da pesquisa sociológica;
c) Diferenciação entre a busca pelo saber sociológico, metodologia e a busca pelo
saber em outros campos das ciências, inclusive na História;

 Finalmente, uma indagação: Será apenas a razão a fonte


principal do conhecimento sociológico?
Grupo 2 – Sociologia da Cultura e da Educação

Abrange:

a) pesquisas sobre as instituições culturais, e sobre processos históricos que


envolvem questões culturais;

b) estudos sociológicos sobre processos sociais de consumo, de comunicação,


e do imaginário social;
Grupo 3 –
Sociologia dos Processos Políticos e das Instituições Públicas

Abrange pesquisas sobre os processos políticos, e comportamentos sociais a eles


relacionados, a saber:

a) pesquisas eleitorais, investigações sobre formas de representação política;


b) pesquisas sobre cidadania, violência social;
c) pesquisas sobre políticas públicas e sobre relações internacionais.
Grupo 4 – Sociedade Capitalista e Classes Sociais no Brasil

Abrange:

a) estudos sobre a formação social do Brasil, os agentes sociais e os processos


de interação;
b) estudos sobre a dinâmica rural, a urbana, campesinato
e movimentos migratórios;
c) estudos sobre a história do capitalismo brasileiro;
d) estudos sobre organizações patronais, sobre sindicatos
de trabalhadores;
e) estudos sobre processos de relacionamento entre
trabalho e capital.
Grupo 5 – Relações Sociais e de Gênero

Abrange:

a) pesquisas sobre a história da participação da mulher, sobre as instituições


femininas e sobre as questões que envolvem os direitos da mulher;
b) pesquisas sobre gênero e cidadania;
c) pesquisas sobre movimentos gays, participação política e direitos;
d) estudos sobre a relação entre sexo biológico e gênero.
Grupo 6 – Sociologia da Religião

Abrange:

a) estudos sobre instituições e práticas religiosas,

b) estudos sobre religiosidade popular,

c) estudos sobre o campo religioso brasileiro, inclusive as religiões de


matriz africana.
Grupo 7 – Estudos sobre a América Latina e África Negra

Abrange:

a) estudos e pesquisas sobre realidade africana e latino-americana sob o ponto de


vista social, político e cultural, considerando a relação entre essas sociedades e
a brasileira.
Interatividade

Há proposições sobre a Sociologia que não são verdadeiras, embora continuem


sendo mencionadas, mas dentre as abaixo citadas, qual é verdadeira?

a) A Sociologia é a ciência do socialismo.


b) A Sociologia não deveria ter status de ciência, porque não é objetiva.
c) A Sociologia não observa o princípio básico da ciência, que é o corte entre sujeito
e objeto de pesquisa.
d) A Sociologia não usa quantificação, comprometendo a
veracidade e validade dos resultados.
e) A Sociologia estimula a crítica à sociedade, a Deus,
família e à democracia.
Resposta

Há proposições sobre a Sociologia que não são verdadeiras, embora continuem


sendo mencionadas, mas dentre as abaixo citadas, qual é verdadeira?

a) A Sociologia é a ciência do socialismo.


b) A Sociologia não deveria ter status de ciência, porque não é objetiva.
c) A Sociologia não observa o princípio básico da ciência, que é o corte entre sujeito
e objeto de pesquisa.
d) A Sociologia não usa quantificação, comprometendo a
veracidade e validade dos resultados.
e) A Sociologia estimula a crítica à sociedade, a Deus,
família e à democracia.
O ensino das Ciências Sociais no Brasil

 O principal papel da Sociologia na escola é levar o aluno a compreender a


complexidade do processo de inserção social, tanto no nível das relações
individuais quanto no âmbito das relações intergrupais, a formação de
contradições, e as condições especiais abertas para a constituição do sujeito ético.
Enfim, “Seu principal mérito, resumindo, é nos conduzir a pensar sobre as relações
sociais (desiguais), as diferentes culturas, as políticas existentes no meio social”
(LOURENCO, 2008, p. 70).
Dificuldades no ensino de Sociologia

Segundo Lourenço (2008, p. 68) elas ocorrem nas esferas:

 Administrativas: número excessivo de turmas, em geral, 16 turmas por 40h de


jornada, o que por um lado dificulta a realização de atividades criativas, o
acompanhamento dos alunos e uma avaliação diagnóstica, e por outro lado gera
desgaste físico e mental.

 Políticas: a resistência de professores e estudantes em função da diminuição da


carga horária de outras disciplinas.

 Pedagógicas: domínio precário dos conceitos básicos das


ciências sociais, aliado a isto, falta objetividade e clareza
dos temas a serem trabalhados.
Sociologia no Brasil

 Ao contrário do que aconteceu em outros países da América Latina (que incluíram


a disciplina nos cursos superiores), a Sociologia, no Brasil, foi introduzida
inicialmente nas séries finais da Educação Básica. Talvez seja reflexo do
Positivismo, tendência de grande influência nas elites brasileiras, visto que Comte
assim o recomendava, além disso, a sociologia adquiriu caráter elitista, por sua
suposta complexidade. (OLIVEIRA, 2013, p. 180).
Sociologia no Brasil, anos 1950

 Nos anos 1950, a consolidação da reflexão sociológica no Brasil levou a


intelectualidade a defender a expansão da sociologia para os estudantes
secundários. O principal expoente desta luta foi Florestan Fernandes (1920-1995),
que defendia a necessidade de o homem comum ter acesso ao conhecimento
sociológico, pois ele seria o principal ingrediente que permitiria ao povo tornar-se
agente ativo dos acontecimentos e dos rumos da nação.
Plano de Metas de JK e a Educação

 No Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1955-1960), a educação não teve


destaque, mas data dessa época a criação da Universidade de Brasília e a
formação de cursos superiores voltados para negócios e administração. Afinal,
tratava-se de preparar a elite para governar, devendo essa elite ser capaz de
colocar em prática o projeto de racionalização e modernização pretendido.
Data Ocorrência Resultado
“Pareceres” de Rui Barbosa sobre
1882 a inclusão da disciplina nos cursos Os pareceres sequer foram discutidos.
preparatórios e superiores.
A Reforma Benjamim Constant
torna obrigatória a inclusão da A Reforma Benjamim Constant não chegou a
1890-1897
disciplina nos cursos preparatórios ser colocada em prática.
(6º e 7º anos do secundário).
Os conteúdos de Sociologia passam a ser
A Reforma Rocha Vaz torna a
1925-1942 exigidos nas provas de acesso ao
disciplina obrigatória.
Ensino Superior.
A Reforma Capanema exclui a A Sociologia deixa de ser obrigatória em
Fonte: Adaptado do livro-texto. 1942-1961 Sociologia do currículo escolar, qualquer nível escolar. De fato, a não
não aparecendo como obrigatória. obrigatoriedade leva à sua exclusão.
A primeira LDB sugere a disciplina
1961-1971 como componente optativo do
curso colegial (Ensino Médio).
Por conta do conservadorismo do Regime
A Sociologia permanece Militar, a disciplina é confundida com o
1971-1982
como optativa. socialismo e os temas “sociais” são tratados
em disciplinas ufanistas, como OSPB.
Intermitências no ensino de Sociologia

 O quadro anterior permite visualizar momentos de inclusão e de exclusão da


disciplina nos currículos escolares brasileiros. Dois momentos foram significativos,
ambos durante períodos autoritários: a Reforma Capanema (durante o período
Vargas), em alguns aspectos modernizante; a exclusão da sociologia e
substituição por disciplinas ufanistas (OSP, EPB) durante a ditadura civil militar,
pós-golpe de 1964.
Militares e a Sociologia...

 Com o golpe de 1964, os militares atribuíram à sociologia o papel de servir de


base subversiva e baniram definitivamente o seu ensino da escola secundária. Na
Universidade, a postura policialesca “condenou” autores teóricos, outros que
discutiram movimentos revolucionários, outros ainda que analisaram economia e
sociedade brasileira. A ânsia de “eliminar a subversão” incorreu em situações
anedóticas, como “caçar” obras de Freud (Psicopatologia da Vida Cotidiana) e a
Encíclica de Paulo VI Populorum Progressio, publicada a 26 de março de 1967,
dizem que o “motivo” foi a capa vermelha do documento!
Censura, ignorância e violência

 A censura na arte (música, cinema, literatura, teatro) provocou situações absurdas


de violência ao lado de demonstração de constrangedora ignorância, por parte dos
censores. Em paralelo, houve aqueles que, embora intelectuais, passaram a
ocupar lugar, às vezes de destaque, na galeria de defensores do golpe, e depois,
da “revolução”. Dentre os mais célebres, o General Golbery do Couto e Silva, o
ideólogo da “revolução democrática” fundamentada em Hobbes, e autor da Lei de
Segurança Nacional.
Sobre reações ao golpe...

 Há vasta bibliografia sobre esse período lamentável da história brasileira, mas é


preciso deixar bem claro que não foram apenas os militares (exército, marinha,
aeronáutica) os envolvidos no golpe em todas as suas etapas: inúmeros civis,
empresários, juristas, advogados, religiosos etc. tiveram papéis de destaque, além
de empresários estrangeiros, atores e atrizes, e até donas de casa (sem panelas,
com terços).
Redemocratização...

 No processo de redemocratização do país, depois de vários percalços, a


Sociologia voltou às escolas, aos currículos escolares, isso depois da Constituição
de 88, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Mesmo assim, a presença da Sociologia e da Filosofia no
ensino médio nacional continua sob suspeita. Afinal, para quê servem disciplinas
tão estranhas? Em qual medida tais disciplinas desenvolvem competências úteis
para o mercado de trabalho?
Interatividade

Em relação ao ensino de Sociologia no ensino médio, qual das alternativas abaixo


não é correta, mas já foi utilizada como argumento para exclusão?

a) Jovens não gostam da escola, portanto as disciplinas devem ser atrativas,


e sociologia não é.
b) Jovens preferem matemática e física, verdadeiras ciências.
c) Jovens não precisam de sociologia, basta história e geografia.
d) Jovens precisam de Organização Moral e Cívica, não de Sociologia.
e) Não há professores competentes disponíveis para o
ensino da disciplina.
Resposta

Em relação ao ensino de Sociologia no ensino médio, qual das alternativas abaixo


não é correta, mas já foi utilizada como argumento para exclusão?

a) Jovens não gostam da escola, portanto as disciplinas devem ser atrativas,


e sociologia não é.
b) Jovens preferem matemática e física, verdadeiras ciências.
c) Jovens não precisam de sociologia, basta história e geografia.
d) Jovens precisam de Organização Moral e Cívica, não de Sociologia.
e) Não há professores competentes disponíveis para o
ensino da disciplina.
ATÉ A PRÓXIMA!

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