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UNIDADE II

Metodologia de Ensino das


Ciências Sociais

Profa. Dra. Neusa Meirelles


Unidade II – Aspectos focalizados

 Nesta unidade II, é focalizado o processo de redemocratização que se seguiu aos


vinte anos de regime autoritário, as mudanças que a nova legislação introduziu na
educação, particularmente no ensino de Sociologia.

 Um segundo aspecto consiste de breve discussão sobre a juventude brasileira, a


escola e o atual ensino de Sociologia.
O percurso da redemocratização

 A Emenda Constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira previa eleições


diretas para presidente em 1984.

 Na semana anterior, o Rio de Janeiro havia promovido um dos maiores comícios


em favor da emenda, que seria votada dali a poucos dias.
Democracia, entre promessa e pressão

 O general João Batista de Oliveira Figueiredo (1918-1999), sucessor do general


Ernesto Geisel (1907-1996) na Presidência, havia se comprometido a passar o
poder para um civil, reconduzindo o Brasil à democracia. Figueiredo nada mais
fazia do que aceitar as dificuldades de o regime militar dar conta da imensa crise
econômica na qual o país estava afundado: taxas inflacionárias, dívida externa e
tensões sociais revelavam o quanto o modelo autoritário modernizador, implantado
pelas forças que apoiaram o golpe, estava esgotado.
A ditadura civil-militar: segurança e desenvolvimento econômico

 Segundo Bresser-Pereira (1997, p. 7), a autodenominada “Revolução de 1964”


havia sido resultado da “unificação da burguesia industrial e mercantil, sob o
comando político da tecnoburocracia estatal, e sob a proteção do imperialismo
multinacional”. O modelo tinha como pilares: segurança nacional e
desenvolvimento econômico.
 A segurança nacional incluía repressão contra os trabalhadores e quaisquer
movimentos de esquerda ou de contestação ao regime (já que a burguesia
associava reivindicações dos trabalhadores a movimentos socialistas
e comunistas “espúrios”).
 A estrutura educacional deveria ser condizente com
esses objetivos.
Justificar a educação

 A justificativa do regime imposto era o crescimento econômico, a implantação de


reformas educacionais “capazes de fazer uma sociedade agrária transitar para um
padrão social urbano industrial”: em 1968, a Lei nº 5.540, que reformou a
universidade, a de 1971, a Lei nº 5.692, que estabeleceu o sistema nacional de 1º
e 2º graus, pois “ambas tinham como escopo estabelecer uma ligação orgânica
entre o aumento da eficiência produtiva do trabalho e a modernização autoritária
das relações capitalistas de produção” (FERREIRA JR.; BITTAR, 2008, p. 335).
Universalizar o ensino primário e médio

 Ferreira e Bittar (2008) continuam: “Impunha-se a universalização da escola


primária e média e, particularmente, a ênfase na questão curricular referente ao
ensino de matemática e ciências naturais. Quanto ao ensino superior, previa-se a
ampliação das vagas no âmbito dos cursos de graduação voltados para as
profissões tecnológicas (...) a estruturação dos programas de pós-graduação
[deveria ter] dupla função de produzir conhecimentos, exigidos pela demanda do
crescimento acelerado da produção econômica e, ao mesmo tempo, de formar
novos quadros capacitados para a geração de ciência e tecnologia” (FERREIRA
JR.; BITTAR, 2008, p. 346).
Reforma educacional e ensino privado

 Para que esse projeto se tornasse realidade, as reformas educacionais também


promoveram a priorização do ensino privado, a avaliação para a aptidão
profissional nos primeiros anos de educação, o Ensino Médio como formador de
habilitações técnicas, a introdução de cursos superiores de curta duração, e a
alfabetização maciça da população brasileira por meio do Mobral (SAVIANI, 2008).
Efeitos da “mentalidade privatista”

 Além do fortalecimento do setor privado de ensino, o próprio setor público foi


sendo invadido pela mentalidade privatista, “traduzida no esforço de agilizar a
burocracia, aperfeiçoando os mecanismos administrativos das escolas; na
insistência em adotar critérios de mercado na abertura dos cursos e em aproximar
o processo formativo do processo produtivo;
 Por exemplo: adoção dos parâmetros empresariais na gestão do ensino; na
criação de ‘conselhos curadores’, com representantes das empresas, e na inclusão
de empresários bem-sucedidos como membros dos conselhos universitários;
 Empenho em racionalizar a administração do ensino,
enxugando sua operação e reduzindo seus custos, de
acordo com o modelo empresarial” (SAVIANI, 2008,
p. 300-301).
Término do “milagre econômico”, outro pacto

 O esgotamento do “milagre econômico” de 1968 a 1973, das elevadas taxas de


crescimento, sinalizava um novo pacto, com volta à normalidade democrática, ou
seja, “a decisão da classe empresarial de romper a aliança com a burocracia
militar e estabelecer uma nova aliança com os setores democráticos da sociedade
civil brasileira” (BRESSER-PEREIRA, 1997, p. 25).
O novo pacto

 Bresser-Pereira continua sobre o novo pacto “não simplesmente em uma aliança


política entre a burguesia industrial e os trabalhadores (isto constituiria uma
reedição do pacto populista), mas na aceitação de três ideias-chave por ambas as
partes: (1) democracia, que interessa[va] a todos; (2) manutenção do capitalismo,
que [era] fundamental para a burguesia; e (3) distribuição moderada da renda, que
interessa[va] aos trabalhadores” (BRESSER-PEREIRA,1997, p. 26).
A Constituição de 1988

 A nova Constituição, promulgada em 1988, foi chamada de Constituição Cidadã


em função das leis que passaram a proteger minorias e direitos sociais. No seu
artigo 6º, a Constituição Federal de 1988 declarou ser a educação um direito
social. No capítulo III, ela dispôs que:

 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Princípios do ensino

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,
a arte e o saber;
III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; [...]
Educação e princípios constitucionais

 Agora, era necessário que a educação provesse os instrumentos para a


concretização dos fundamentos da Constituição: o exercício da cidadania, o
incentivo ao pluralismo político e a defesa da dignidade da pessoa humana e dos
valores do trabalho e da livre iniciativa.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)

 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi sancionada em contexto


peculiar: com a redemocratização assumiu o poder executivo Fernando Henrique
Cardoso, sociólogo, político de oposição ao regime militar. No plano econômico,
havia o colapso do Estado do Bem-Estar Social, por conta do ambiente da
globalização, o Estado brasileiro reconhecia sua incapacidade de fazer a gestão
de uma estrutura paquidérmica, paternalista, protecionista e onerosa. O Brasil
precisava se inserir na lógica neoliberal, o que significava desmanche de boa parte
do aparelho estatal, produzindo bens e serviços públicos.
Interatividade

O que se pode entender como “colapso” de um modelo de Estado, no caso,


o modelo de Bem-estar Social? Aponte a alternativa correta.
a) Trata-se do desaparecimento daquele modelo.
b) A concepção da ordenação política, de áreas de atuação de governo etc. perde
eficácia, possivelmente porque não corresponde mais às demandas
da economia.
c) Colapso do modelo acontece quando há movimentos de reivindicação popular
muito fortes.
d) No caso, colapso do modelo de Bem-estar Social
significa a introdução ou o retorno à ditadura.
e) Colapso é uma expressão que designa supressão de
funções estruturais, portanto, designa o momento em
que um Estado capitalista deixa de ser capitalista.
Resposta

O que se pode entender como “colapso” de um modelo de Estado, no caso,


o modelo de Bem-estar Social? Aponte a alternativa correta.
a) Trata-se do desaparecimento daquele modelo.
b) A concepção da ordenação política, de áreas de atuação de governo etc. perde
eficácia, possivelmente porque não corresponde mais às demandas
da economia.
c) Colapso do modelo acontece quando há movimentos de reivindicação popular
muito fortes.
d) No caso, colapso do modelo de Bem-estar Social
significa a introdução ou o retorno à ditadura.
e) Colapso é uma expressão que designa supressão de
funções estruturais, portanto, designa o momento em
que um Estado capitalista deixa de ser capitalista.
FHC e o neoliberalismo

 Fernando Henrique Cardoso seguiu à risca a cartilha neoliberal preconizada pelo


Consenso de Washington, abrangendo um conjunto de medidas de orientação das
economias dos países em desenvolvimento no sentido de, supostamente,
alcançarem elevado desempenho. Daí o programa de privatizações, eliminação de
subsídios, flexibilização total das relações de trabalho.
Educação e mão de obra

 Assim, era necessário que a educação, além de formar cidadãos para uma livre
democracia, orientada pelo mercado, também fosse capaz de gerar a mão de obra
necessária para uma economia. Esse contexto pode explicar, em parte, uma das
características mais marcantes da LDB: a busca da união entre trabalho
e prática social.
Educação e reestruturação produtiva

 Segundo Mello (1999), não se trata aqui de educação profissional, mas de um


processo educacional que, da pré-escola à pós-graduação, tem como objetivo a
preparação básica para o trabalho, trabalho esse configurado como prática social
que deve estar presente no processo educativo, independentemente do ciclo
escolar ou ano letivo. “Trata-se de ajustar a educação escolar que serve à
reestruturação produtiva, às mudanças organizacionais, e à base técnico-científica
da nova divisão internacional do trabalho” (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, p. 107).
Aprender a aprender

 A educação deveria ser capaz de prover ao aluno os instrumentos por meio dos
quais ele possa exercer a autonomia intelectual: a pessoa precisa aprender “como
aprender”. Mais do que acessar informações ou conhecimentos, é importante que
a pessoa saiba como aprender novos processos ou acessar novas informações.
Educação nacional e orientação internacional

 Apenas para exemplificar: a LDB não sugere que o aluno saiba Língua
Portuguesa, mas indica que ele deva dominá-la como instrumento de comunicação
para fins do exercício da cidadania e da busca do conhecimento (MELLO, 1999). É
importante salientar que essa concepção de educação e do papel que a escola
desempenha não é exclusiva daqueles que, no Brasil, estão refletindo sobre o
tema; de fato, essa visão está de acordo com o que as instituições internacionais –
e que têm como objetivo o financiamento de projetos sociais – também pensam
sobre a educação.
 São esses organismos que se fazem presentes por
meio de eventos, assessorias técnicas e documentos
norteadores das ações sociais (FRIGOTTO;
CIAVATTA, 2003).
Educação e BIRD

 Assim, o BIRD (Banco Mundial), ao se manifestar a respeito do significado da


educação, o fará da seguinte forma: “a educação é essencial para o aumento da
produtividade individual. A educação geral dota a criança de habilidades que
podem ser mais tarde transferidas de um trabalho para outro, e dos instrumentos
intelectuais básicos, necessários para a continuação do aprendizado.
 A educação aumenta a capacidade de desempenhar tarefas normais, de processar
e utilizar informações e de adaptar-se a novas tecnologias e práticas de produção”
(BIRD, 1995 apud MARTINS, 2000, p. 66).
UNESCO

 UNESCO: particularmente em relação ao Ensino Médio, o aluno formado deverá


estar apto para exercer as funções do futuro, que são: capacidade de abstração;
desenvolvimento de pensamento sistêmico complexo; habilidade de
experimentação e capacidade de colaboração; trabalho em equipe; interação com
os pares (UNESCO, 1994 apud MARTINS, 2000, p. 67).
UNESCO e Ensino Médio

 Ambos os organismos estão considerando educação um instrumento para a


formação de um dos recursos de produção, o do fator humano.
LDB e o livre mercado

 A LDB, assim, será fruto de uma política “associada e subordinada aos organismos
internacionais, gestores da mundialização do capital, e dentro da ortodoxia da
cartilha do credo neoliberal, cujo núcleo central é a ideia do livre mercado e da
irreversibilidade de suas leis” (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, p. 103).
Educação e tensões da modernidade

 Mesmo assim, deveriam ser consideradas recomendações para enfrentar as


tensões da mundialização, a perda das referências e de raízes, as demandas de
conhecimento científico-tecnológico, principalmente das tecnologias de
informação. A educação seria o instrumento fundamental para desenvolver nos
indivíduos a capacidade de responder tais desafios, particularmente na educação
média (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, p. 99).
LDB e mercado de trabalho

Assim, o Art. 35 considera o Ensino Médio etapa final da educação básica, com
duração mínima de três anos, tendo como finalidades:

I. Consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino


fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II. Preparação básica para o trabalho e cidadania do educando, para continuar


aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas
condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores (BRASIL, 1996).
Interatividade

É adequado admitir que o modelo de educação de um país democrático seja


construído para dar suporte às injunções de gestores da economia internacional,
sem consultar a população? Escolha a alternativa correta.
a) Não é adequado, mas é possível. Consulta nesse campo seria complexa
e inacessível para o conjunto da população.
b) É adequado sim, dado que as economias nacionais não têm controle,
nem decisão sobre elas próprias, estão sempre na dependência das
economias centrais.
c) É possível, mas depende das forças políticas
hegemônicas, em associação a interesses externos.
d) Não é possível, exceto nas ditaduras, como foi
no nazismo.
e) É possível e desejável para ampliar o mercado
de trabalho.
Resposta

É adequado admitir que o modelo de educação de um país democrático seja


construído para dar suporte às injunções de gestores da economia internacional,
sem consultar a população? Escolha a alternativa correta.
a) Não é adequado, mas é possível. Consulta nesse campo seria complexa
e inacessível para o conjunto da população.
b) É adequado sim, dado que as economias nacionais não têm controle,
nem decisão sobre elas próprias, estão sempre na dependência das
economias centrais.
c) É possível, mas depende das forças políticas
hegemônicas, em associação a interesses externos.
d) Não é possível, exceto nas ditaduras, como foi
no nazismo.
e) É possível e desejável para ampliar o mercado
de trabalho.
Base Nacional Comum na Educação

 No Art. 26, a LDB determina que currículos do Ensino Fundamental e Médio


devam ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
clientela. Os currículos devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua
portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural, e da
realidade social e política, especialmente do Brasil (BRASIL, 1996).
LDB, as Competências e Habilidades

 Em vez de sugerir (ou exigir) determinadas disciplinas, a LDB enfatiza as


competências cognitivas e o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem de
diferentes conteúdos durante o Ensino Fundamental e o Médio. Outra
característica importante da LDB é com relação às disciplinas mencionadas: “Só
são citadas disciplinas em casos muito específicos e, assim mesmo, com o nome
de componentes curriculares ou de ‘conhecimentos sobre’ e não necessariamente
de uma disciplina escolar tal como a conhecemos” (MELLO, 1999, p. 1).
Competências...

 Mais especificamente no que se refere ao Ensino Médio, [...] a lei explicitamente


abre portas para um currículo voltado para competências e não para conteúdos.
Este currículo, ou doutrina curricular, tem como referência não mais a disciplina
escolar clássica, mas sim as capacidades que cada uma das disciplinas pode criar
nos alunos. Os conteúdos disciplinares se concebem assim como meios e não
como fins em si mesmos (MELLO, 1999, p. 2).
LDB, currículos, competências...

 A LDB sugere a organização dos currículos e das atividades escolares em função


de três grandes áreas do conhecimento: a área das linguagens e suas tecnologias,
a área das ciências da natureza e suas tecnologias e a área das ciências humanas
e sociais e suas tecnologias. Não são descritos conteúdos, tampouco a proporção
em que as áreas deverão estar presentes nos currículos, mas é sugerida a relação
entre a teoria e a prática em cada disciplina do currículo. A escola tem autonomia
para elaborar sua proposta pedagógica, armando seu currículo de acordo com o
que considerar adequado para a formação das competências propostas.
Interdisciplinaridade e contexto

 Segundo Mello (1999), a LDB sugere dois princípios norteadores da conduta das
escolas e dos educadores: o princípio da interdisciplinaridade, partindo da noção de
que as disciplinas escolares são recortes arbitrários do conhecimento, e o princípio
de contextualização do conteúdo. A contextualização tem a ver com a motivação,
conceito fartamente explorado em pedagogia. “Motivar o aluno depende de fazê-lo
entender, dar sentido àquilo que aprende” (MELLO, 1999, p. 6).
LDB, globalização e mudanças sociais

 É preciso reconhecer que a LDB não considerou apenas as exigências do mundo


globalizado no tocante à formação da mão de obra; as mudanças sociais que
ocorreram a partir dos anos 1980 não foram ignoradas. Segundo Martins (2000,
p. 65), os movimentos étnicos, de gênero, os problemas dos povos colonizados,
das minorias reprimidas e as questões ecológicas e estéticas que conquistaram o
cenário internacional, dentre outros temas, não foram desprezados.
Ensino de Sociologia

 A obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio em todas


as escolas ocorre com a homologação do Parecer 38/2006, do Conselho Nacional
de Educação (CNE), e com o Decreto Lei 11.684, de 2 de junho de 2008. Afinal,
que outra disciplina será capaz de captar a realidade social em movimento e de
oferecer novas possibilidades para a compreensão da vida em sociedade?
Ainda Sociologia

 Frigotto e Ciavatta (2003) lembram que a LDB, “embora contaminada pela


afirmação patológica da competição e do individualismo, também irá buscar abrir
espaço para a crítica contra o próprio contexto que a gerou”. Ocorre que a
Sociologia pode tanto decantar a tessitura e a dinâmica da realidade social como
participar da constituição dessa tessitura e dinâmica.

 “Na medida em que o conhecimento sociológico se


produz, logo entra na trama das relações sociais, no
jogo das forças que organizam e movem, tensionam e
rompem a tessitura e a dinâmica da realidade social”
(IANNI, 1997 apud JINKINGS, 2007, p. 115).
Parâmetros Curriculares

 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino de Sociologia foram


fixados pela Secretaria de Educação Média e Tecnológica, com o objetivo de
municiar instituições de ensino, governos estaduais e municipais com as
informações necessárias para montar seus currículos e seus planos pedagógicos,
visto que a LDB não tratou de disciplinas específicas: orienta-se, portanto, em
relação ao que é visto como uma base comum desejável, embora os PCN não se
apresentem como modelos curriculares impositivos.
Parâmetros Curriculares (continuação)

 Os PCN contemplam as três grandes áreas: Linguagens, Códigos e suas


Tecnologias, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, e Ciências
Humanas e suas Tecnologias. Ao longo dos quatro volumes que compõem os
PCN, fica claro que a formação que se espera do aluno deve contemplar a
preparação científica e a capacidade de utilizar o arsenal tecnológico que o mundo
globalizado desenvolveu.

 Portanto, educação não é acúmulo de conhecimento, dado que ele se transforma


no dia a dia.
 A prioridade cabe à formação geral, ao desenvolvimento
das capacidades relativas à pesquisa, à busca, à seleção
e à análise de informações, às capacidades de aprender,
criar e formular.
Quais competências?

 Capacidade de abstração, o desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao


contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade,
da curiosidade, da capacidade de pensar múltiplas alternativas para a solução de
um problema, do desenvolvimento do pensamento divergente, da capacidade de
trabalhar em equipe, disposição para procurar e aceitar críticas, da disposição para
o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da
capacidade de buscar conhecimento.
MEC e Competências

 Tais competências, segundo o MEC (2000, p. 12), devem estar presentes na


esfera social, cultural e política, dado que são condições para o exercício da
cidadania. A educação deve cumprir um triplo papel (econômico, científico e
cultural) e estar estruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a viver e aprender a ser (BRASIL, 2000, p. 14). Em resumo: a
educação deve formar sujeitos competitivos, capazes de enfrentar obstáculos e
dificuldades instalados pela globalização neoliberal, mas eles devem ser sujeitos
solidários.
PCN, resgate do sentido humanista

 Os PCN, no volume IV, sobre Ciências Humanas e suas tecnologias, reconhecem


o esforço de resgatar o sentido humanista de disciplinas como Geografia, História,
Filosofia, Sociologia, Antropologia, Artes, Economia, corroído durante os anos do
regime militar, que acabou por induzir uma ideia de “inutilidade” dessas disciplinas.
Segundo os PCN, as competências a serem desenvolvidas por meio desses
conteúdos dizem respeito à compreensão de elementos cognitivos, afetivos,
sociais e culturais que constituem a identidade própria e a dos outros.
Interatividade

O que significam os PCN e para quê servem? Escolha a alternativa errada.

a) Parâmetros são padrões, ou critérios, que permitem a comparação e a adoção de


um dado modelo.
b) São Parâmetros Curriculares Nacionais e traçam perfil de exigências para a
elaboração de currículos da educação nacional.
c) PCN são padrões exigidos para formação educacional básica e de nível médio,
não obrigatórios, mas devem ser observados.
d) São diretivas elaboradas pelo MEC com informações
necessárias para as escolas montarem seus currículos
e planos pedagógicos.
e) PCN são as normas e os critérios obrigatórios para
a educação nacional.
Resposta

O que significam os PCN e para quê servem? Escolha a alternativa errada.

a) Parâmetros são padrões, ou critérios, que permitem a comparação e a adoção de


um dado modelo.
b) São Parâmetros Curriculares Nacionais e traçam perfil de exigências para a
elaboração de currículos da educação nacional.
c) PCN são padrões exigidos para formação educacional básica e de nível médio,
não obrigatórios, mas devem ser observados.
d) São diretivas elaboradas pelo MEC com informações
necessárias para as escolas montarem seus currículos
e planos pedagógicos.
e) PCN são as normas e os critérios obrigatórios para
a educação nacional.
Orientações a partir dos PCN+

 Compreensão da sociedade, sua gênese e transformação, dos múltiplos fatores


que nela intervêm, como produtos da ação humana, do próprio sujeito, e dos
processos sociais que orientam a dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos.
Compreensão do processo de ocupação de espaços e seus desdobramentos,
políticos, culturais, sociais e econômicos.
Eixos temáticos, temas e subtemas de Sociologia nos PCN+

 No eixo temático Indivíduo e Sociedade


Temas Subtemas
As relações indivíduo-sociedade.
As Ciências Sociais e o cotidiano.
Sociedades, comunidades e grupos.
Sociologia como ciência da sociedade. Conhecimento científico versus senso comum, ciência
As instituições sociais e o processo de e educação. Família, escola, igreja, justiça. Socialização
socialização. e outros processos sociais.
Mudança social e cidadania. As estruturas políticas. Democracia participativa.

Fonte: Adaptado: Livro-texto.


No eixo temático Cultura e Sociedade

Temas Subtemas
Cultura e ideologia.
Culturas e sociedade.
Valores culturais brasileiros.

As relações entre cultura erudita e


Culturas erudita e
cultura popular. A indústria cultural
popular e indústria
no Brasil.
cultural.
Relações entre educação e cultura.
Cultura e contracultura.
Os movimentos de contracultura.
Consumo, alienação
Relações entre consumo e alienação.
e cidadania.
Conscientização e cidadania.

Fonte: Adaptado: Livro-texto.


No eixo temático Trabalho e Sociedade

Temas Subtemas
A organização do trabalho. Os modos de produção ao longo da história.
O trabalho no Brasil.
O trabalho e as desigualdades sociais. As formas de desigualdades.
As desigualdades sociais no Brasil.
O trabalho nas sociedades utópicas. Trabalho, ócio e
O trabalho e o lazer. lazer na sociedade pós-industrial. Mercado de
trabalho, emprego e desemprego.
Trabalho e mobilidade social. Profissionalização e ascensão social.
Fonte: Adaptado: Livro-texto.
No eixo temático Política e Sociedade

Temas Subtemas
As relações de poder no cotidiano. A importância das
Política e relações de poder.
ações políticas.
As diferentes formas do Estado.
Política e Estado.
O Estado brasileiro e os regimes políticos.
Mudanças sociais, reforma e revolução.
Política e movimentos sociais.
Movimentos sociais no Brasil.
Legitimidade do poder e democracia.
Política e cidadania.
Formas de participação e direitos do cidadão.

Fonte: Adaptado: Livro-texto.


BNCC

 Em 14 de dezembro de 2018, o MEC publicou um outro documento, a Base


Nacional Comum Curricular (BNCC) de caráter normativo, que define o conjunto
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais, e que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e das modalidades da educação básica.
O documento está disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.
Diretrizes curriculares, parâmetros

 A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se esperam


que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada
pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a
educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
Ensino de Ciências Humanas no nível médio

 A LDB e os PCN buscaram esclarecer quanto aos conteúdos e às formas de


trabalho nas escolas. No tocante ao Ensino Médio, as Ciências Humanas (e,
dentre elas, a Sociologia) têm a função de facilitar o desenvolvimento de
habilidades e competências por parte de seus alunos. Contudo, para que esse
discurso se transforme em práxis, é necessário que os docentes e as escolas
saibam quem são os sujeitos alvos da ação educadora.
A escola como espaço da cultura juvenil

 Embora a escola seja um espaço de socialização dos jovens, há dúvidas quando


se trata de entender como se dão as relações entre alunos, escola e ambiente
externo: de um lado, os alunos levam para a escola aquilo que apreendem do
ambiente em que vivem, e no qual se desenvolveram até aquele instante; por
outro, a escola possui sua própria cultura, “que se cria e preserva através da
comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade (...) um conjunto de
aspectos, transversais, que caracterizam a escola como instituição” (CARVALHO,
2006, p. 1).
Estudo sobre jovens (OIJ)

 Segundo um estudo realizado pela Organização Ibero-Americana para a


Juventude – OIJ, em 2013, os jovens brasileiros e mexicanos partilham da mesma
opinião sobre seus professores: era possível e desejável que o desempenho deles
fosse melhor. Quando questionados sobre os motivos pelos quais consideraram
ter tido uma boa educação secundária, os jovens brasileiros afirmaram que o
ambiente escolar e o tratamento dado pelos professores foram os fatores que mais
pesaram na avaliação positiva (OIJ, 2013).
Jovens brasileiros

 Os jovens brasileiros são também controversos: apoiam o matrimônio homoafetivo,


a legalização da maconha, a recepção de imigrantes e a legalização do aborto. Em
relação à pena de morte, apresentam também a maior taxa de concordância:
quase 27% dos jovens brasileiros concordam com a pena de morte. São também
os jovens que mais concordam com o suborno com vistas a escapar de alguma
punição: quase 32% dos brasileiros pensam ser essa uma boa maneira de fugir da
pena por infringir alguma lei.
Redemocratização...

 No processo de redemocratização do país, depois de vários percalços, a


Sociologia voltou às escolas, aos currículos escolares, isso depois da Constituição
de 88, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Mesmo assim, a presença da Sociologia e da Filosofia no
Ensino Médio nacional continua sob suspeita. Afinal, para quê servem disciplinas
tão estranhas? Em qual medida tais disciplinas desenvolvem competências úteis
para o mercado de trabalho?
Interatividade

O ensino de Sociologia contribui para a formação de uma cidadania democrática?


Escolha a alternativa correta.
a) Não, cidadania democrática não é conhecimento teórico, portanto, estudar
Sociologia não vai tornar ninguém democrata.
b) Sim, somente a Sociologia pode levar as pessoas a adotarem a democracia
como forma de vida.
c) Não, se Sociologia contribuísse para democracia não seria uma versão teórico-
científica do Socialismo.
d) Contribui para a formação cidadã, mas não apenas o
estudo da Sociologia: o convívio em uma sociedade
plural exige a prática da alteridade.
e) Não, a Sociologia leva à formação do pensamento crítico,
e não à simples aceitação da ordem social, atitude
necessária para a democracia.
Resposta

O ensino de Sociologia contribui para a formação de uma cidadania democrática?


Escolha a alternativa correta.
a) Não, cidadania democrática não é conhecimento teórico, portanto, estudar
Sociologia não vai tornar ninguém democrata.
b) Sim, somente a Sociologia pode levar as pessoas a adotarem a democracia
como forma de vida.
c) Não, se Sociologia contribuísse para democracia não seria uma versão teórico-
científica do Socialismo.
d) Contribui para a formação cidadã, mas não apenas o
estudo da Sociologia: o convívio em uma sociedade
plural exige a prática da alteridade.
e) Não, a Sociologia leva à formação do pensamento crítico,
e não à simples aceitação da ordem social, atitude
necessária para a democracia.
ATÉ A PRÓXIMA!

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