Disciplina: Estado de direito e Políticas Públicas
Professor: Alexandre Almeida Rocha
Aluno(a): Janaina Aparecida Pires do Nascimento
RESENHA
Gilberto. Constituição Econômica e Desenvolvimento: uma leitura a partir
da Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 2005.
As constituições elaboradas após o final da Primeira Guerra Mundial têm
algumas características comuns – particularmente, a declaração, ao lado dos tradicionais direitos individuais, dos chamados direitos sociais ou direitos de prestação, ligados ao principio da igualdade material que dependem de prestações diretas ou indiretas do Estado para serem usufruídos pelos cidadãos. (p. 12)
O Autor esclarece que não adotara a perspectiva de Lasser, que
entende que as questões constitucionais também são questões políticas e questões de poder. Também, o autor esclarece que não pretende adotar o entendimento teórico da escola ordo-liberal e Freiburg, que se baseia na autonomia da Constituição Econômica e Constituição política.
Para entender a Constituição Econômica o Autor propor se baseia nas
premissas expostas por Natalino Irti e Washington Peluso Albino de Souza, que filiam-se a corrente que entende que não devemos romper a unidade da Constituição.
Na visão de Souza: “as Constituições Econômicas caracterizar-se-iam
pela presença econômica no texto constitucional, integrado na ideologia constitucional.” (p. 13) Na seqüência, o Autor passa a analisar os modelos de Constituição Economica existentes no século XX e identifica: a Constituição Mexicana (1917) e a Constituição de Weimar (1919).
A constituição Mexicana assegurou direitos aos trabalhadores.
A constituição de Weimar, era dividida em duas partes, uma sobre a
organização do Estado e outra sobre os direitos e deveres dos Alemães. Entre os direitos e deveres previstos estavam elencados direitos individuais e direitos sociais.
De acordo com Miguel Herrera a Constituição de Weimar possui três
níveis: a) direitos fundamentais sociais e econômicos; b) controle da ordem econômica e c) socialização.
Como destacado pelo autor: “[...] a ordem econômica de Weimar tinha o
claro propósito de buscar a transformação social, dando um papel central aos sindicatos para a execução desta tarefa.” (p. 14)
A constituição de 1934 tomando como exemplo a constituição de
Weimar, introduziu em seu bojo um capítulo referente à Ordem Econômica e Social. Tal capitulo abordava a organização, estrutura e finalidade da instituição da nova ordem econômica e social brasileira.
Na referida constituição surgiu o cooperativismo no federalismo
brasileiro.
As constituições posteriores passaram a incluir o capítulo da ordem
econômica social para tratar da intervenção do Estado na economia e dos direitos dos trabalhadores.
A partir da constituição de 1988 houve a cisão do referido capitulo para
incluir os direitos dos trabalhadores em capítulo próprio dos Direitos Sociais.
Sobre a legislação trabalhista o autor destaca o seguinte:
“O ponto-chave a ser entendido sobre a legislação
trabalhista é a sua vinculação com a cidadania no Brasil. Os direitos trabalhistas, pela intervenção do Estado, deram acesso à cidadania aos trabalhadores, que foram incorporados à política a partir da década de 1930.” (p. 22)
O Autor também destaca a importância da legislação trabalhista para
criar uma cultura jurídica dos trabalhadores.
Voltando a discorrer sobre a ordem econômica, o autor destaca que o
direito concorrencial é conseqüência da repressão ao abuso do poder econômica, o que ocasiona a proteção da população em geral e do consumidor de modo individual.
A normatização do direito concorrencial ocorreu no Estado novo com a
promulgação do Decreto-Lei n. 7.666, de 22 de junho de 1945, Lei Malaia.
Quanto à constituição de 1988 o autor ressalta que esta é voltada para
as transformações sociais.
O autor é categórico ao afirmar que A Constituição Econômica não é
uma inovação do Constitucionalismo social do século XX.
Na visão liberalista há uma ordem econômica natural, portanto, as
constituições liberais possuem capítulos específicos sobre a ordem econômica.
O constitucionalismo social pretende alterar a estrutura econômica
existente, para atingir certos objetivos.
De acordo com o autor: “ A ordem econômica destas constituições é
programática”. (p. 33)
Uma característica das Constituições Econômicas do século XX é sua
configuração político-econômica do Estado, por meio de normas programáticas.
Para Peter Lerche todas as constituições dirigentes apresentam quatro
partes: as linhas de direção constitucional, os dispositivos determinadores de fins, os direitos, garantias e repartição de competências estatais e as normas de princípio. (p. 34) Já Canotilho apresenta uma proposta mais ampla de rescontrução da Teoria da Constituição por meio de uma teoria material da Constituição, concebida como teoria social. (p. 35)
“ A Constituição Dirigente é um programa de ação para a alteração da
sociedade.” (p. 35)
A Constituição de 1988 é uma Constituição Dirigente. “uma das teorias
que mais influenciou a elaboração de politicas de desenvolvimento no Brasil foi a teoria dos pólos de crescimento (ou de desenvolvimento), do francês François Perroux.” (p. 46)
“ Além de Perroux, influenciaram, decisivamente, as políticas brasileiras
de desenvolvimento o sueco Gunnar Myrdal e o norte-americano Albert Hisrchman. Para Myrdal a ideia de equilíbrio não se funda na observação social.” (p. 46)
“Albert Hirschman propôs a teoria do crescimento desequilibrado: a meta
do desenvolvimento não seria eliminar os desequilíbrios, mas, mantê-los, pois seriam as tensões e desequilíbrios que induziriam o próprio desenvolvimento, por meio de sua continua e incessante superação.” (p. 47)
“Apesar das influencias de Perroux, Myrdal e Hirschman, a teoria que
fundamentou, efetivamente, a política brasileira de desenvolvimento foi à teoria do subdesenvolvimento da CEPAL.” (p. 47)
A economia subdesenvolvida deve ser analisada conjuntamente com o
sistema de divisão internacional do trabalho.
Para o Autor a passagem do subdesenvolvimento para o
desenvolvimento somente é possível por meio da ruptura com o sistema. A libertação desse sistema de dominação cultural e política, poderá fomentar o desenvolvimento social e econômico, modificando as estruturas sociais.
Também devemos dissociar a modernização com o desenvolvimento, na
maioria dos casos a modernização fomenta o subdesenvolvimento através da precarização das relações de trabalho e aumento dos padrões de consumo, aumentando ainda mais o contraste entre as classes sociais. É necessário crescimento com desenvolvimento econômico e social continuo. O desenvolvimento econômico depende da análise das condições políticas, institucionais, sociais e culturais.
Portanto, é importante o desenvolvimento de políticas publicas em
educação, saúde, bem-estar, pois afetam diretamente o desenvolvimento ou subdesenvolvimento social.