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POLÍTICA SOCIAL:

Tendo início na Inglaterra, e depois pelo resto da Europa e do mundo, constatou-se a necessidade da
existência de uma assistência social como condição para a reprodução da mão-de-obra, necessária
para que o processo industrial perdurasse no tempo enquanto sistema. Tal constatação é o conceito
básico da política do Estado de Bem-estar Social, de forma que este se caracteriza como garantidor
de tipos mínimos de renda, alimentação, saúde, habitação, educação, assegurados a todo cid adão,
não como caridade, mas como direito político. (Regonini, apud Bobbio et al., 1997).

O PL 678/2021 regulamenta o parágrafo único do artigo 193 da Constituição, que diz que o Estado
exercerá a função de planejamento das políticas sociais, assegurada, na forma da lei, a participação
da sociedade nos processos de formulação, de monitoramento, de controle e de avaliação dessas
políticas.

Já estamos na quarta Emenda Constitucional para que a população brasileira possa desfrutar de seus
direitos básicos. Em sua última instancia, tivemos a Emenda Constitucional nº 90, de 2015.

No Cap II, artigo 6° da Constituição Federal de 1988, sobre os direitos sociais, fala que:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à inf ância, a assistência aos
desamparados, na f orma desta Constituição.

FUNÇÕES:

a) função social de minimizar a desigualdade social;

b) função política de amortecer os conflitos de classe e;

c) função econômica de participar da socialização dos custos de manutenção e reprodução da força


de trabalho;

O problema é que não há garantias confiáveis suficientes para integração de um sistema social
baseado estritamente nestes moldes, no qual os mecanismos de regulação e controle social são
gerados apenas pelo mercado. Este apresenta uma crescente tendência de concentração de capital,
expropriando aqueles indivíduos que não são capazes de integrar o mercado de trabalho. Além
disto, o trabalho assalariado impõe sistemas de remuneração baseados no desempenho, colocando,
muitas vezes, os trabalhadores sob pressão de situações de emprego que podem ser prejudiciais a
sua saúde: manejo de instalações perigosas, não observância de regras de segurança, ritmo de
trabalho prejudicial, jornadas de trabalho excessivamente longas.

Não é difícil compreender que a resposta dada à questão social no final do século XIX sobretudo
repressiva, apenas incorporou algumas demandas da classe trabalhadora, transformando as
reivindicações em leis que estabeleciam melhorias tímidas e parciais nas condições de vida dos
trabalhadores, sem atingir, portanto, o cerne da questão social.

Não podemos estabelecer uma linha evolutiva linear entre o Estado liberal e o Estado social, mas sim
chamar a atenção para o fato de que ambos têm um ponto em comum: o reconhecimento de
direitos sem colocar em xeque os fundamentos do capitalismo. (visa ao lucro e à acumulação das
riquezas e está baseado na propriedade privada dos meios de produção).

Assim, a tarefa da Política Social é garantir a reprodução material e controlar o assalariado, com o
Estado definindo quem é trabalhador, e preservando a existência do sistema baseado no trabalho
assalariado. Com isso permite-se obter uma correspondência quantitativa aproximada entre o
número de indivíduos proletarizados (de forma passiva) e aqueles que podem encontrar ocupação
como trabalhador assalariado, em vista da demanda do mercado de trabalho (ou seja, fornece
condições para a busca keynesiana do pleno emprego) que busca defender uma maior intervenção
do Estado para a manutenção da economia, incluindo no emprego.

LUTA DE CLASSES NO CONTEXTO SOCIAL POLÍTICO:

Marx e Engels iniciam o Manifesto do Partido Comunista com a seguinte afirmativa: “A história de
todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classe”.

Levando em consideração os estudos marxistas, os interesses de cada classe são antagônicos entre
si. Ou seja, os interesses da burguesia e do proletariado são diferentes e irreconciliáveis.

Na crítica feita a perspectiva da economia clássica presente em David Ricardo e Adam Smith, Marx
desmistifica o significado de “natural” do trabalho e mostra que o trabalho é atividade humana,
resultante do dispêndio (gasto, despesa, se consome) de energia física e mental, direta ou
indiretamente voltada a produção de bens e serviços, contribuindo para a reprodução da vida
humana, individual e social.
A generalização dos direitos políticos é resultado da luta da classe trabalhadora e, se não conseguiu
instituir uma nova ordem social contribuiu significativamente para ampliar os direitos sociais, para
tencionar, questionar e mudar o papel do Estado no âmbito do Estado.

O surgimento das políticas sociais foi gradual e diferenciado entre os países, dependendo dos
movimentos de organização e pressão da classe trabalhadora, do grau de desenvolvimento das
forças produtivas, e das correlações e composições de força no âmbito do Estado. As políticas sociais
passam ampliar a ideia de cidadania e deslocalizar suas ações, antes direcionadas apenas para a
pobreza externa.

O importante capítulo de O capital acerca da jornada de trabalho é uma referência decisiva para
interpretar a relação entre questão social e política social. (Marx, ao afirmar que a jornada de
trabalho era dividida em duas partes, o tempo de trabalho socialmente necessário e a mais-valia
(que se dão em dois contextos: mais-valia absoluta, que é onde o operário realiza o trabalho em
determinado tempo que, se fosse calculado em valor monetário, resultaria na desigualdade entre o
trabalho e o salário e a mais-valia relativa, que remete para o aumento da produtividade através de
processos tecnológicos avançados, aumentando o serviço e mantendo o salário) deixa clara sua
posição de que o trabalhador produz mercadorias em um tempo além do que deveria para
corresponder à sua remuneração.)

Desta forma, a luta em torno da jornada de trabalho e as respostas das classes e do Estado são,
portanto, as primeiras expressões contundentes da questão social, que naquele momento já era
repleto de ricas e múltiplas determinações.

E expondo essa questão social, o salário, que deveria garantir “os meios de subsistência necessários
à manutenção do seu possuidor”, leva as necessidades básicas, com se u componente histórico e
moral. Onde Marx fala que “a classe trabalhadora, atordoada pelo barulho da produção, recobrou
de algum modo seus sentidos, começou sua resistência, primeiro na terra natal da grande indústria,
na Inglaterra.”
Nesse contexto começa a ocorrer o deslocamento do problema da desigualdade e da exploração
como questão social, a ser tratada no âmbito estatal pelo direito formal, que discute a igualdade de
oportunidades, em detrimento da igualdade de condições.

Robert Castel, em A Metamorfose da Questão Social, faz uma análise das transformações históricas
da sociedade capitalista, confirmando que a questão social, assim nomeada pela primeira vez em
1830, foi suscitada quando da constatação do distanciamento existente entre o crescimento
econômico e o aumento da pobreza por um lado e uma ordem jurídico-política que reconhecia o
direito dos cidadãos e uma ordem econômica que os negava, por outro lado. A questão foi levantada
após a Revolução Industrial que provocou grandes transformações econômicas, políticas e sociais na
Europa do Século XVIII, afetando seriamente a vida das populações.

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