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UNIDADE III

Metodologia de Ensino das


Ciências Sociais

Profa. Dra. Neusa Meirelles


O professor de Sociologia, desafios de seu ofício

 Embora ainda persistam discussões a respeito da presença dessa disciplina no


ensino médio, o ensino de Sociologia permanece nas escolas públicas e privadas;
cabe, portanto, discutir como trazer o conhecimento sociológico para a escola, seu
projeto pedagógico, objetivos educacionais e planejamento escolar.
Quais exigências para esse professor?

Segundo Moraes (2003, p.16), ele deve ter conhecimentos:

1. específicos (Sociologia, Antropologia, Ciência Política) e metodologia


de pesquisa;
2. pedagógico, formação em disciplinas como: política educacional, gestão escolar,
entre outras;
3. metodológicos e epistemológicos sobre o ensino, didáticas especiais para
a educação básica.
Principais problemas encontrados

a) Professores sobrecarregados e sem formação em ciências sociais;

b) Práticas pedagógicas fragmentadas, fora do contexto;

c) Utilização de textos da grande imprensa para discussões superficiais;

d) Aulas de Sociologia como discussão superficial de conjuntura nacional e/ou


mundial, sem uma superação das explicações do senso comum.
Um problema grave:

 Apresentar conceitos como recortes desconectados das teorias, dos princípios


explicativos e sem inserção na história;

 Essa prática torna o ensino de Sociologia “monótono e destituído de sentido”,


segundo Jinkings (2007, p. 127).
Outros problemas, não pedagógicos

 Charlot (2008) lembra que o neoliberalismo ampliou as exigências da função


docente, hoje é esperado que a ação educativa seja eficaz e que os alunos que
finalizem o Ensino Médio tenham a formação mínima que o mercado de trabalho
irá exigir. Ainda, no mundo em que imperam as inovações tecnológicas,
o professor já não é o único meio de transmissão do conhecimento.
O professor, as tensões e contradições da sociedade atual

O professor sofre efeitos da contradição da sociedade contemporânea porque:


a) de um lado o capitalismo precisa de trabalhadores cada vez mais reflexivos,
criativos, responsáveis, autônomos – e, também, de consumidores cada vez mais
informados e críticos;

b) de outro lado, o capitalismo promove uma concorrência generalizada, em todas


as áreas da vida;

 São contradições econômicas que promovem tensões


sociais, culturais etc.
O professor, em caricaturas perversas

 Como réu, é do professor a culpa se o aluno não aprendeu ou se o aluno não se


comportou; se o professor tivesse sabido ensinar, ou se tivesse o professor dado
aula de forma atraente e que prendesse a atenção, nenhum problema
teria acontecido.

 Como herói, o professor, mesmo não sendo valorizado como mereceria, deve ser
capaz de dar conta de suas tarefas com abnegação e tolerância infinitas.
Educação e interação professor aluno

 É claro que educação implica responsabilidade interdependente de aluno


e professor.

 O aluno não pode ser substituído na atividade docente de ensinar, sendo


essa uma característica da imaterialidade do papel do professor: facilitar
a aprendizagem do outro.
Professor, rotulação e aparência

 Se o professor que confere grande importância à disciplina, ao respeito, à polidez,


recebe o rótulo (depreciativo) de severo, tradicional, conservador;

 Contudo, a sociedade contemporânea reclama que escola que já não educa


as crianças, não ensina polidez aos alunos, não consegue conter a violência,
impor a sua autoridade etc.

 Todavia, Charlot (2008, p.24) aponta que tais


reclamações são fundamento filosófico da pedagogia
tradicional (CHARLOT, 2008, p. 24).
Construtivismo e tradição

 Imagina-se que o professor construtivista é aquele profissional dinâmico, moderno


e liberal.

 Na verdade, o construtivismo apenas sugere um modelo diferente do tradicional,


preconizando que a atividade deva anteceder à explicação e que, “ao tentar
resolver problemas, a mente do aluno mobiliza-se e constrói respostas, que são
vias de acesso ao saber” (CHARLOT, 2008, p. 25).
Conhecimento científico e conhecimento escolar, o saber docente

 O professor é responsável por transformar o conhecimento científico em


conhecimento escolar, por isso o professor deve ter a posse de um conhecimento
científico que abrange dois diferentes objetos: o específico, de sua área de saber,
e o pedagógico ou epistemológico da prática.

 Essas duas áreas compõem o saber docente.


Por que o domínio do saber científico e por que o pedagógico?

 Porque o saber científico sustenta a ação educativa; sem ele a dimensão cognitiva
da educação se esvazia, sobrando apenas o senso comum.

 Sem o saber pedagógico, os alunos não seriam capazes de, por si mesmos,
alcançar o conhecimento sistematizado e institucionalizado que caracteriza
o conhecimento científico.
Conhecimento escolar

 O conhecimento escolar será “aquele conhecimento com configuração cognitiva


própria, relacionado, mas diferente do saber científico de referência, e que é criado
a partir das necessidades e injunções do processo educativo” (MONTEIRO;
COSTA, 2001, p. 123).
Ainda o conhecimento escolar

 Ele não é mera simplificação, mas um conhecimento com lógica própria, que faz
parte de um sistema – o sistema didático – que tem relação com o saber de
referência que lhe dá origem e cuja constituição – processo e resultado da
transposição didática – pode ser objeto de estudo científico através de uma
epistemologia própria (CHEVALLARD, 1991 apud MONTEIRO;
COSTA, 2001, p. 126).
Interatividade

O professor de sociologia deve passar por um processo de formação com


determinado perfil, mas qual dos perfis abaixo listados é verdadeiro?
a) Formação composta por três modalidades de conhecimento científico: práticas
pedagógicas, técnicas psicológicas, história da educação.
b) Formação composta por três modalidades de conhecimento escolar: sociológico,
pedagógico e psicológico.
c) Formação composta por conhecimentos necessários à função docente como:
metodologia de pesquisa, estudos culturais, técnicas de avaliação.
d) Formação composta por três modalidades de
conhecimento: científico, pedagógico e metodológico,
destinado à pesquisa.
e) Formação composta por três modalidades de
conhecimento escolar: científico, pedagógico
e de metodologia de pesquisa.
Resposta

O professor de sociologia deve passar por um processo de formação com


determinado perfil, mas qual dos perfis abaixo listados é verdadeiro?
a) Formação composta por três modalidades de conhecimento científico: práticas
pedagógicas, técnicas psicológicas, história da educação.
b) Formação composta por três modalidades de conhecimento escolar: sociológico,
pedagógico e psicológico.
c) Formação composta por conhecimentos necessários à função docente como:
metodologia de pesquisa, estudos culturais, técnicas de avaliação;
d) Formação composta por três modalidades de
conhecimento: científico, pedagógico e metodológico,
destinado à pesquisa.
e) Formação composta por três modalidades de
conhecimento escolar: científico, pedagógico
e de metodologia de pesquisa.
O Projeto Pedagógico

 É também um projeto político porque deve ser elaborado de forma democrática, de


maneira a cotejar os interesses e as opiniões de todos que participam do processo
educativo. Se a ação educativa depende da ação, da receptividade e do
compromisso dos professores, dos funcionários, da direção, dos alunos e dos pais,
não faz sentido que ele seja elaborado de forma autoritária ou burocrática.

 Contudo, “na esteira da inovação regulatória ou técnica,


está voltado para a burocratização da instituição
educativa, transformando-a em mera cumpridora de
normas técnicas e de mecanismos de regulação
convergentes e dominadores” (VEIGA, 2003, p. 272).
Ainda o Projeto Pedagógico

 Abrange a organização da escola, da sala de aula; deve ser permeável às


inovações trazidas pelos processos de interação social.

 Autonomia e liberdade são requisitos para elaboração, porque são básicos para
pensar organização escolar, currículos, sistematização de procedimentos, recursos
e metodologia a serem utilizados para o ensino e a avaliação.
Etapas na elaboração do Projeto Pedagógico

a) Diagnóstico da situação presente para assegurar a participação de todos


e permitir comparação entre a situação presente e a prevista.

b) Considerar normas presentes nos documentos oficiais, como: PCN,


PCN+ e BNCC.

c) Selecionar as disciplinas, estabelecer sequências e interdisciplinaridades,


e definir ementas.

d) Considerar os objetivos educacionais, o perfil do


alunado, do corpo docente, as características e
exigências de cada área do conhecimento.
Inovação Regulatória e Projeto Pedagógico
(Fonte: VEIGA, 2003, p. 272, apud JUDENSNAIDER et lii, p. 105)
Inovação regulatória ou técnica: Projeto Político- Pedagógico:
O quadro a seguir
– caráter regulador e normativo da ciência – conjunto de atividades que gera um
distingue inovação conservadora; documento programático;
regulatória do projeto – observação descomprometida; – visa a eficácia;
– certeza ordenada; – pode servir para a perpetuação do instituído;
pedagógico, embora – processo não coletivo;
– processo de fora para dentro;
não comprometido – descontextualizada; – descontextualizada;
– padronização, uniformidade; – racionalização do processo de trabalho;
com inclusão: – preocupado com a dimensão técnica;
– normativa e controle burocrático;
– nega a diversidade de interesses;
– mudança temporária e parcial;
– um instrumento de controle.
– instituída.
Fonte: Adaptado do livro-texto.
Instituição educativa regida por Instituição educativa é mera cumpridora
indicadores de desempenho e avaliação de de normas técnicas burocráticas.
resultados.

Instituição educativa regida por Projeto político-pedagógico construído


indicadores de desempenho e avaliação de solitariamente e regido pelo isolamento e
resultados. saudosismo.
Projeto Pedagógico, destinado a...

 “desenvolver o educando, prepará-lo para o exercício da cidadania e do trabalho


[e construir] [...] um sujeito que domine conhecimentos, dotado de atitudes
necessárias para fazer parte de um sistema político” (VEIGA, 2003, p. 268), deve
ser preparado e conduzido de forma a ser capaz de absorver as inovações que
tenham como objetivo a ação educativa voltada ao diálogo com os saberes locais
e com a inclusão de todos os agentes envolvidos no processo educativo.
Projeto Pedagógico (síntese)

Ele deve estar inserido no contexto histórico e cultural, visto que “ao mesmo tempo
em que exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição clara do tipo
de escola que intentam, requer a definição de fins. Assim, todos deverão definir o
tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar” (VEIGA, 1995, p. 17),
conforme demonstra o quadro a seguir:
Projeto Pedagógico – inovação, emancipação e inclusão

Inovação regulatória ou técnica: Projeto Político- Pedagógico:


– não é reforma, invenção ou mudança; pressupõe ruptura; – é um movimento de luta em prol da democratização;
– é produção humana; – está voltado para a inclusão;
– alicerçada no caráter emancipador e argumentativo da ciência emergente; – favorece o diálogo, a cooperação;
– busca superar a fragmentação das ciências; – há vínculo entre autonomia e projeto político-
– não há separação de fins e meios; pedagógico;
– deslegitima as formas instituídas. – legitimidade ligada ao grau de participação dos
envolvidos;
Instituição educativa repensa a estrutura de poder, suas relações sociais e seus – configura unicidade e coerência ao processo
valores. educativo.
Professores, servidores técnico-administrativos e alunos unem-se e separam-se
de acordo com a necessidade do processo; há protagonismos.
Instituição educativa é uma instituição de
confronto, de resistência e de proposição de inovações.

Professores, servidores técnico-administrativos e


alunos unem-se e separam-se de acordo com a
necessidade do processo; há protagonismos.
Fonte: Adaptado do livro-texto.
Projeto Pedagógico...

 como resultado de inovações emancipatórias e da inclusão de todos os agentes


envolvidos passa a “representar a efetivação formal da decisão intencional e
conjunta da instituição de tomar em suas mãos o processo de decisão, de
execução e de avaliação da ação educativa a ser empreendida, com base em
posições teórico-práticas, metodológicas, didáticas, técnicas, político-sociais,
éticas, definidas e assumidas livre e intencionalmente” (GUIMARAES; MARIN,
1998, p. 36).
O planejamento pedagógico

 Segundo Fusari (1990, p. 45), o planejamento pedagógico “deve ser concebido,


assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente como um processo
de reflexão”. Assim, é esperado um resultado bem diferente do preenchimento de
formulários em atendimento à burocracia, mesmo porque a obediência pode ser
apenas formal, não corresponder à efetiva prática.
O planejamento do ensino é...

 O processo que define todas as ações e situações dos professores, pressupondo


relacionamento com alunos. Por isso a exigência de um plano de ensino,
elaborado pelo professor, “contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa
área e/ou disciplina específica” (FUSARI op. cit.).
Plano de ensino, estabelecimento de definições

Para Fusari (1990, p. 46) algumas definições devem ser estabelecidas ao longo do
processo de elaboração dos planos de ensino, por exemplo:

 definição dos objetivos da educação escolar (para que ensinar e aprender?);


 definição dos conteúdos (o que ensinar e aprender?);
 definição dos métodos (como e com o que ensinar e aprender?);
 definição do tempo e espaço da educação escolar (quando e onde ensinar
e aprender?);
 definição da avaliação (como e o que foi efetivamente
ensinado e aprendido?).
Planos de ensino, cotidiano em sala de aula

 Assim, os planos de ensino dizem respeito aos acontecimentos específicos da


disciplina em sala de aula, ou seja, aqueles momentos em que os conteúdos
estabelecidos no currículo escolar para aquela faixa etária e para aquela série
serão trabalhados cotidianamente.
A aula, um momento especial

 Para Fusari (op. cit.) é na aula que o professor estabelece a mediação entre os
conteúdos a serem ministrados, conforme exigência curricular, e os alunos. Essa
mediação implica competência docente, visto que é o aluno o sujeito do seu
processo de conhecimento, assim, é preciso estimular a percepção crítica,
sociológica, da realidade, e direcionar a ação docente, estimulando os alunos
via trabalho curricular, no desenvolvimento da percepção crítica da realidade social
brasileira, com todos os seus problemas e encaminhamentos de superação.
Interatividade

Um processo de inovação regulatória ou técnica pode ser articulado a um projeto


pedagógico democrático? Aponte a alternativa correta.
a) Não é possível: toda inovação regulatória remete ao poder da burocracia.
b) Na verdade não pode ser articulado, porque planejamento ou é democrático
ou é regulatório.
c) Pode ser articulado, desde que a inovação tenha caráter emancipador
e o projeto tenha dimensão democrática, fundamentado em ampla discussão.
d) É possível articular democracia com regulamentação
técnica, mas há perda de eficiência, tanto da
regulamentação quanto na democracia.
e) Não tem sentido algum articular democracia com
regulamentação, aliás, todo projeto pedagógico é
autoritário em sua base.
Resposta

Um processo de inovação regulatória ou técnica pode ser articulado a um projeto


pedagógico democrático? Aponte a alternativa correta.
a) Não é possível: toda inovação regulatória remete ao poder da burocracia.
b) Na verdade não pode ser articulado, porque planejamento ou é democrático
ou é regulatório.
c) Pode ser articulado, desde que a inovação tenha caráter emancipador
e o projeto tenha dimensão democrática, fundamentado em ampla discussão.
d) É possível articular democracia com regulamentação
técnica, mas há perda de eficiência, tanto da
regulamentação quanto na democracia.
e) Não tem sentido algum articular democracia com
regulamentação, aliás, todo projeto pedagógico é
autoritário em sua base.
O livro didático e o ensino

 Os leitores dos livros didáticos utilizados em sala de aula são dois: o aluno e o
professor. O professor é um leitor privilegiado porque tem em mãos um exemplar
completo, com as respostas dos exercícios, dicas e recomendações para aula.

 O professor e seu livro devem ser aliados, parceiros na construção de um objetivo


comum, um processo de ensino muito especial cujo beneficiário final é o aluno.
Formação permanente dos professores

 Outro aspecto que deve ser investigado em relação à atuação do professor diz
respeito à necessidade de permanentemente estar em processo de formação.

 A formação docente, aquela que habilita os profissionais ao ensino e à educação,


ocorre, do ponto de vista formal, nas Universidades e nos cursos de licenciatura.
E, da mesma forma como acontece em outras profissões, essa formação nunca
“acaba”.
Mudança social e formação docente

 Segundo Perrenoud (1999) as sociedades se transformam, as tecnologias


mudam o trabalho, a comunicação, a vida cotidiana e mesmo o pensamento.
As desigualdades sociais se agravam e os atores sociais circulam em outros,
múltiplos espaços.

 Mas nessa modernidade, como se situa a formação docente?


E a formação docente?

 Hoje ela se dá em três níveis diferentes: na vida do docente, na atuação


profissional e no seu relacionamento com a escola. Assim, o trabalho do professor
de Sociologia precisa atentar para que o conhecimento trabalhado em sala de aula
permita ao outro a elaboração de uma postura diferenciada diante do mundo.

 O estágio, portanto, deveria ser um ensaio para docência competente.


Práticas pedagógicas e mudança social

 As práticas pedagógicas se modificam em ritmo mais lento que o das inovações


tecnológicas. Afinal, salas de aula em universidades contemporâneas preservam
características assemelhadas às da Idade Média. Enquanto os problemas sociais
contemporâneos são, em boa parte, distintos dos problemas sociais do passado,
as práticas pedagógicas permanecem assemelhadas.
O descompasso e as competências

No entanto, esse descompasso entre mudança tecnológica e prática pedagógica não


justifica a ausência de estratégias mais adequadas, tendo em vista que o exercício
de competências implica em atividade reflexiva. Segundo Perrenoud (1999, p. 6),
são dez as competências ligadas ao ofício docente:

1. organizar e animar as situações de aprendizagem;


2. gerir o progresso das aprendizagens;
3. conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
Competências (continuação)

4. envolver os alunos nas suas aprendizagens e no seu trabalho;


5. trabalhar em equipe;
6. participar da gestão da escola;
7. informar e envolver os pais;
8. servir-se de novas tecnologias;
9. enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão;
10. gerir sua própria formação contínua.
Desenvolvimento de competências

 A questão de base é: como estimular o desenvolvimento de competências e quais


as mais importantes para o professor? Sem dúvida, a prática da reflexão crítica,
mesmo porque ela é necessária ao exercício do trabalho docente, como rotina
metódica, mas exigindo disciplina, observação, memorização, capacidade de
redação, compreensão e escolha entre opções.
Universidade e qualificação para docência

 Será a Universidade o espaço de qualificação para profissão docente? Está ela


preparada para lidar com os desafios de uma formação que leve o professor a
atuar em rede, a conviver com a comunidade, a se sentir como um profissional
(responsável pela sua própria carreira) e a dialogar com a sociedade?
De acordo com Perrenoud (1999, p. 15)

 “A formação para a pesquisa, própria das carreiras universitárias [...], não prepara
por si mesma, para a prática reflexiva”. Ele lembra que, “quando ensinam, os
pesquisadores podem, durante anos, entediar seus alunos, perder-se em
monólogos obscuros, ir muito rapidamente, mostrar transparências ilegíveis,
organizar avaliações arcaicas e assustar os alunos pelo seu nível de abstração”.
Licenciaturas e objetivos dos cursos de bacharelado

 As licenciaturas devem ter objetivos bem diversos daqueles dos cursos que têm a
titulação de bacharelado como meta final. Afinal, na licenciatura será discutida a
prática docente, organizados os estágios, serão feitas as parcerias com os
professores, alternada a atividade em campo e a formação teórica
(PERRENOUD, 1999).
Licenciatura e Bacharelado

 Para Moraes (2003, p. 16), uma proposta que diminua as defasagens da


formação docente do professor de Sociologia deve considerar as três áreas de
conhecimentos teóricos e práticos necessários para docência, conforme antes
apontado, a saber: os conhecimentos específicos da área de ciências sociais,
conhecimentos pedagógicos ou de educação e conhecimentos de metodologia
de pesquisa.
Contradições para serem resolvidas

No âmbito da formação dos professores, segundo Perrenoud et al. (2002, p. 14)


há que se fazer a escolha entre:

 cidadania planetária e identidade local; • globalização econômica e fechamento


político; • liberdades e desigualdades; • tecnologia e humanismo; • racionalidade
e fanatismo; • individualismo e cultura de massa e • democracia e totalitarismo.
Perfil desejado para o docente

 Ele deve atuar basicamente como mediador, fazendo as pontes entre diferentes
culturas e os diversos agentes envolvidos no processo educativo.

 Deve ser capaz de transmitir cultura.

 Deve ser um intelectual e compreender as circunstâncias envolvidas


na convivência democrática.
Interatividade

As principais competências para o ofício docente citadas por Perrenoud foram


tomadas em grupos de três, listadas e apresentadas nas alternativas abaixo, todavia,
uma dessas alternativas está errada. Qual delas?
a) Organizar e animar as situações de aprendizagem, envolver os alunos nas suas
aprendizagens e no seu trabalho.
b) Organizar e animar festas, distinguir limites entre assuntos administrativos
e educacionais, esperar progresso em sua função.
c) Servir-se de novas tecnologias, gerir o progresso das aprendizagens, participar
da gestão da escola.
d) Trabalhar em equipe, gerir sua própria formação
contínua, informar e envolver os pais.
e) Desenvolver espírito crítico, dilemas éticos da profissão,
lidar com os dispositivos de diferenciação.
Resposta

As principais competências para o ofício docente citadas por Perrenoud foram


tomadas em grupos de três, listadas e apresentadas nas alternativas abaixo, todavia,
uma dessas alternativas está errada. Qual delas?
a) Organizar e animar as situações de aprendizagem, envolver os alunos nas suas
aprendizagens e no seu trabalho.
b) Organizar e animar festas, distinguir limites entre assuntos administrativos
e educacionais, esperar progresso em sua função.
c) Servir-se de novas tecnologias, gerir o progresso das aprendizagens, participar
da gestão da escola.
d) Trabalhar em equipe, gerir sua própria formação
contínua, informar e envolver os pais.
e) Desenvolver espírito crítico, dilemas éticos da profissão,
lidar com os dispositivos de diferenciação.
Em relação ao desenvolvimento de competências

O professor deve:

a) ser capaz de organizar uma prática pedagógica construtivista por meio


da criação de situações de aprendizagem que privilegiem o convívio com
a heterogeneidade;
b) ser capaz de regular os processos e percursos do processo
de formação educativa;
c) ser capaz de praticar reflexão crítica, de se envolver no
debate público sobre o papel da educação na construção
de cidadãos capazes, habilitados para um
ambiente democrático.
O prescrito e o viável em educação

 “As reformas escolares fracassam, os novos programas não são aplicados, belas
ideias como os métodos ativos, o construtivismo, a avaliação formativa ou a
pedagogia diferenciada são pregadas, porém nunca praticadas. Por quê?
Precisamente porque, na área da educação, não se mede o suficiente o desvio
astronômico entre o que é prescrito e o que é viável nas condições efetivas do
trabalho docente”. (PERRENOUD et al., 2002, p. 17).
Formação continuada, Universidade e correção de erros

 A licenciatura é o passo inicial do processo de desenvolvimento e capacitação


profissional, mas não cabe à formação contínua a responsabilidade de
eventualmente corrigir os erros da formação inicial ou “adaptar” conhecimentos
teóricos da licenciatura à realidade encontrada em sala de aula.
As interações entre os diferentes conhecimentos e espaços na formação
dos docentes (JUDENSNAIDER, I. op. cit. p.119)

1
Universidade
Licenciatura

Conhecimentos Conhecimentos
4 2
pedagógicos específicos

Escola
Docência
3 Fonte: Adaptado do livro-texto.
Desenvolvimento profissional permanente

As propostas devem considerar que:

 os cursos de formação inicial não conseguem transmitir todos os saberes


necessários à atuação profissional, parte desses saberes é desenvolvida
no ambiente escolar;

 os cursos de formação devem criar mais parcerias com os estabelecimentos


escolares para que os estágios sejam articuladores entre teoria e prática;

 a formação para a atividade profissional é contínua,


constante, com discussão, reflexão e crítica sobre as
práticas educativas junto aos pares e Universidades.
A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias

 Desde os anos 80 é imprescindível reconhecer que novas tecnologias criam


novos desafios para professores, portanto, é preciso incorporar novas tecnologias
às práticas pedagógicas e criar novos mecanismos para o desenvolvimento
permanente de docentes.
Incorporar nova tecnologia à prática pedagógica do professor

Segundo Mercado (1998, p.3), implica:


 o conhecimento de novas tecnologias e de sua aplicação;
 ampliação da capacidade de criar hipóteses e deduções para construção
e compreensão de conceitos;
 ampliação da habilidade de levar o aluno a justificar e discutir hipóteses
construídas;
 treinar a capacidade de condução da análise grupal de um problema,
atingindo nível satisfatório de conclusão, mas partindo distintos posições e
encaminhamentos;
 treinar a capacidade de divulgar os resultados da análise
individual e grupal de tal forma que cada situação suscite
novos e interessantes problemas de pesquisa.
O processo de formação continuada permite ao professor

 Segundo Mercado (op. cit.), construir conhecimento sobre as novas tecnologias


e as integrar na sua prática pedagógica;

 Superar entraves administrativos e possibilitar a transição de um sistema


fragmentado de ensino para abordagem de resolução de problemas específicos
do interesse de cada aluno;

 Criar condições para trazer o aprendizado e experiências


de sua formação para a sua realidade de sala de aula.
Inovações tecnológicas e prática docente (síntese)

 Elas introduzem mudanças nas práticas pedagógicas do professor e na forma


como ele pode (e deve) dar continuidade à sua formação permanente;

 “Não há como, nesse contexto em que vivemos, enganar-se a respeito da


necessidade de se estar continuamente aprendendo e se desenvolvendo.
Educação permanente é um componente essencial da formação de professores”
(MERCADO, 1998, p. 6).
As TIC e novos problemas na educação

 Para Ponte (2000, p. 65), as TIC são softwares que prometem muito e dão pouco.
São as soluções caras para logo se perceber que o produto não serve aos
objetivos pretendidos. São as expectativas e mitos criados, sem qualquer hipótese
de sustentação. São dependências e estratégias facilitadoras que põem em causa
valores fundamentais (como a compra e venda de ‘trabalhos’ escolares).

 Cysneiros (1999, p. 16) lembra que o emprego do Power


Point torna a aula um espetáculo visual (e auditivo) para
divagação, enquanto o professor recita sua lição...
A inatividade (física e mental) do aluno é reforçada pelo
ambiente da sala, à meia luz e com ar-condicionado.
Questões: as TIC e alteração de objetivos educacionais

Ponte (2000, p. 71) aponta as seguintes questões:

 (a) de que modo as TIC alteram (ou podem alterar) a natureza dos objetivos
educacionais visados pela escola?
 (b) de que modo alteram as relações entre os alunos e o saber, entre alunos
e professores?
 (c) de que modo alteram o modo como os professores vivem a sua profissão?
 (d) a emergência da sociedade de informação requer ou não uma nova pedagogia?
Ciberespaço e educação: cursos presenciais e a distância

 O ciberespaço, que não está em lugar algum, está em todos os lugares, rompeu
com a lógica do tempo e espaço da educação. Todavia, os recursos de ensino a
distância não representam ameaça à escola ou aos saberes já constituídos, da
mesma forma que o advento da televisão não tornou obsoleto o cinema [...]. A
questão não diz respeito, portanto, a processos de substituição, mas a estratégias
de complementação e transformação. Por isso, lembra Gadotti (2000, p.8), “o
educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua
própria formação”.
Conclusões finais

 A Sociologia, como ciência, tem tido dificuldade com o alcance social de sua
reflexão, e o próprio sociólogo, como intelectual, nem sempre consegue atuar
como consciência crítica da realidade. Contudo, é esperado que o docente atue
de forma responsável, comprometido com aquisição contínua de conhecimentos,
com desenvolvimento de competências e capacidades. Além disso, que ele possa
atuar, de forma decisiva, na formação de cidadãos aptos a viver em comunidade,
uma convivência baseada na ética e no respeito à diversidade.
Interatividade

Qual das assertivas abaixo está em desacordo com o que foi visto nessa unidade?

a) O sociólogo nem sempre consegue atuar como consciência crítica da realidade.


b) Os cursos de formação em ciências sociais deveriam criar mais parcerias para
que os estágios sejam articuladores entre teoria e prática.
c) As contradições da vida contemporânea devem ser discutidas com os alunos, por
exemplo, liberdades e desigualdades, racionalidade e fanatismo.
d) O professor de sociologia deve compreender as
questões da convivência democrática.
e) É sabido que os recursos de ensino a distância
representam ameaça à escola e aos saberes
já constituídos.
Resposta

Qual das assertivas abaixo está em desacordo com o que foi visto nessa unidade?

a) O sociólogo nem sempre consegue atuar como consciência crítica da realidade.


b) Os cursos de formação em ciências sociais deveriam criar mais parcerias para
que os estágios sejam articuladores entre teoria e prática.
c) As contradições da vida contemporânea devem ser discutidas com os alunos, por
exemplo, liberdades e desigualdades, racionalidade e fanatismo.
d) O professor de sociologia deve compreender as
questões da convivência democrática.
e) É sabido que os recursos de ensino a distância
representam ameaça à escola e aos saberes
já constituídos.
ATÉ A PRÓXIMA!

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