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UNIDADE I

Didática Fundamental

Profa. Dra. Talita Silva


O que vamos estudar na disciplina?

Esta disciplina tem como objetivo trazer a você a possibilidade de:


 Dominar princípios teórico-metodológicos das áreas de conhecimento que se constituam
objeto da prática didática do professor.
 Compreender o processo de construção do conhecimento no indivíduo inserido no seu
contexto social e cultural da escola para a infância.
 Compreender a construção da didática numa perspectiva histórico-crítica da educação
da infância, situando a prática pedagógica no contexto das relações entre educação
e sociedade.
 Identificar a contribuição da Didática na organização e
sistematização do trabalho docente para crianças, situando-a
na construção da prática pedagógica.
 Analisar alternativas para o trabalho dentro da escola numa
proposta de pedagogia diferenciada.
O que vamos estudar na disciplina?

 Administrar seu processo de formação contínua como pressuposto necessário para o


trabalho na sociedade contemporânea das classes de crianças entre 0 e 10 anos.
 Analisar os desafios da atuação do professor, frente às novas tecnologias de comunicação
e informação.

A disciplina está organizada em três UNIDADES, sendo:


Unidade I
1. O Objeto de Estudo da Didática: O Processo Ensino-Aprendizagem
2. Os Professores e a Concepção Construtivista
3. Competências Profissionais do Professor
4. A Administração e a Progressão das Aprendizagens
O que vamos estudar na disciplina?

Unidade II
5. Aprendizagem: Ciclos, Planejamento, Objetivos, Conteúdos e Avaliação
6. A Pedagogia dos Projetos

Unidade III
7. História da EAD
8. Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Uma Nova Didática?
Para começar a conversa...

 A palavra didática (didáctica) vem da expressão grega Τεχνη´ διδακτικη´ (techné didaktiké),
que pode ser traduzida como arte ou técnica de ensinar.

O OBJETO DE ESTUDO DA DIDÁTICA:

O PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
Para começar a conversa...

 O filósofo tcheco combateu o sistema medieval, defendeu o


ensino de “tudo para todos” e foi o primeiro teórico a
respeitar a inteligência e os sentimentos da criança.

Fonte:
https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai
-didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio

Fonte: https://www.traca.com.br/livro/1347947
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

Mas... como entender essa ideia de Didática como reflexão sistemática? Vamos pensar nos
elementos da ação didática:

DISCIPLINA
PROFESSOR [MATÉRIA OU AS ESTRATÉGIAS
CONTEÚDO] METODOLÓGICAS

ALUNO O CONTEXTO DE
APRENDIZAGEM
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

TEORIAS DA
FILOSOFIA SOCIOLOGIA
COMUNICAÇÃO

HISTÓRIA ANTROPOLOGIA PSICOLOGIA

....

DIDÁTICA
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

“A Didática escolar cumpre funções de caráter político, educativo e científico a um só tempo. A


integralização dessas funções pela Didática escolar torna essa disciplina acadêmica algo mais
complexo que a simples procura e implementação de procedimentos de ensino. Por meio
desse processo, a unidade dialética da teoria e prática assume as características de uma
verdadeira investigação científica da realidade cotidiana da prática pedagógica”
(Veiga, 2003).

O professor aprende no processo de


ensinar, mas é um aprendizado diferente
daquele realizado pelo aluno porque há
uma especificidade no seu trabalho. E é
para este trabalho que a Didática surge
como elemento para subsidiar e contribuir
com a prática pedagógica do professor
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

Os conhecimentos das diversas áreas nos ajudam a pensar e refletir sobre questões
relacionadas à escola e à sala de aula:

Como a criança constrói o seu conhecimento?


Qual o papel do professor no processo de construção do conhecimento da criança?
Como as interações professor-aluno, aluno-aluno interferem no processo de ensino
e aprendizagem?
A escola como organização social tem um papel significativo nas ações educativas em sala
de aula?
Como deverá ser organizado o currículo de uma escola?
Como construir um processo de avaliação formativa?
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

Como podemos entender a aprendizagem como o desenvolvimento da pessoa como


um todo?

“[...] as intenções educativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas pelos
alunos ao longo da escolaridade: capacidades de ordem cognitiva, afetiva, de relação
interpessoal e inserção social, ética e estética”
(Brasil, 1997)

 Considerar também que o processo de ensino e aprendizagem


se desenvolva em três dimensões: humana, político-social
e técnica.
Interatividade

A respeito do conceito de didática, analise as afirmativas a seguir:

I. Consiste no campo que discute nos âmbitos teórico, técnico e metodológico os processos
de ensinar.
II. Trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais
eficiente.
III. Reflete sobre o papel sociopolítico da educação, da escola e do ensino.

É correto o que se afirma em:


a) I.
b) II.
c) I e II.
d) I e III.
e) I, II e III.
Resposta

A respeito do conceito de didática, analise as afirmativas a seguir:

I. Consiste no campo que discute nos âmbitos teórico, técnico e metodológico os processos
de ensinar.
II. Trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais
eficiente.
III. Reflete sobre o papel sociopolítico da educação, da escola e do ensino.

É correto o que se afirma em:


a) I.
b) II.
c) I e II.
d) I e III.
e) I, II e III.
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

 A escola é um espaço de convivência e troca.


 A escola deve pensar em seu aluno.
 É importante a vinculação da escola com as questões
sociais e os valores éticos.
 A escola tem um papel significativo no sucesso ou
insucesso do aluno em seu processo de ensino e
aprendizagem.
 Sua comunidade escolar deverá ligar-se à sua
Fonte: https://prefeitura.pbh.gov.br/educacao/convivencia- comunidade social na elaboração de uma proposta de
e-seguranca-no-ambiente-escolar
trabalho definida como projeto educativo ou projeto
político-pedagógico.

É necessário que cada escola discuta e construa seu


projeto educativo, segundo sua particularidade.
1. O objeto de estudo da didática: o processo ensino-aprendizagem

Masetto (1994) menciona acerca de quatro tipos de desenvolvimento:

 Por desenvolvimento cognitivo entende-se adquirir novos conhecimentos e rever os


que já se possui; relacionar e organizar informações; desenvolver a imaginação, a
capacidade de pensar e de criar soluções; desenvolver habilidades artísticas.
 O desenvolvimento afetivo-emocional compreende, entre outros aspectos, o crescente
conhecimento de si mesmo (diferentes recursos que se possui, limites existentes e
potencialidades a serem desenvolvidas). Isso significa abrir espaço para que se trabalhem
diferentes emoções: alegria, sofrimento, raiva, ódio, amor, autodefesa, atenção, respeito etc.
 No desenvolvimento motor, as atividades físicas são
fundamentais. Ajudam o desenvolvimento dos órgãos dos
sentidos e da coordenação motora etc.
 Na área social, é importante que o aluno desenvolva sua
sociabilidade e comunicabilidade com os colegas de turma,
da escola, com os professores e comunidade em geral.
1.1 A interação professor-aluno

 Haydt (2001) expõe que “é no contexto da sala de aula, no convívio diário com o professor e
com os colegas que o aluno vai exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes, assimilando
valores” (p. 33).
 Na sala de aula, professor e aluno constroem novos conhecimentos.
 O professor, por sua vez, vai exercer uma função incentivadora, despertando e
estimulando o interesse do aluno, bem como orientando-o na construção de seu
conhecimento e autonomia.
 O professor, por outro lado, precisa conhecer o aluno que está em sua sala de aula e os
conhecimentos prévios que ele possui.

Para o professor, esse ato de conhecer e compreender o


aluno mediará não somente seu trabalho com os conteúdos a
serem apresentados, mas também seu próprio envolvimento
na busca de atitudes mais positivas na relação com esse
aluno e suas dificuldades no processo de ensino e
aprendizagem (Machado; Nagy, 2011).
1.1 A interação professor-aluno

 É importante pensar na importância de um


autoconceito positivo dos alunos na construção de
seus conhecimentos e autonomia.
 O autoconceito refere-se ao conhecimento e
conceito que alguém tem de si mesmo, uma
autoimagem que influi na autoestima.

Fonte:
https://cienciahoje.org.br/artigo/peque
nas-perguntas-grandes-questoes-369/
1.2 As tendências pedagógicas no Brasil

 Pedagogia Tradicional – os professores são considerados figuras centrais e únicos


detentores do conhecimento, a didática é uma disciplina normativa, um conjunto de princípios
e regras que regulam o ensino.
“[...] o meio principal utilizado é a exposição oral. É importante que o aluno preste atenção,
porque ouvindo facilita-se o registro do que se transmite, na memória. O aluno é, assim, um
recebedor da matéria e sua tarefa é decorá-la. A matéria de ensino é tratada isoladamente,
desvinculada dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida”
(Libâneo,1994).

 Pedagogia renovada – inclui várias correntes que de certa


forma estão ligadas ao movimento da Escola Nova ou Escola
Ativa. Nesse contexto, a didática é entendida como direção de
aprendizagem, considerando o aluno como sujeito da
aprendizagem, ser ativo e curioso.
 O professor é visto como um facilitador no processo de busca
que deve partir do aluno.
1.2 As tendências pedagógicas no Brasil

 O tecnicismo educacional – entre 1960, é uma estrutura pedagógica de visão capitalista


(inspirações na teoria behaviorista da aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensino) dentro
das tendências liberais, que despreza as relações afetivas professor-aluno e valoriza a técnica e a
reprodução sistematizada atrelada às capacidades e habilidades dos indivíduos.
“[...] uma prática pedagógica controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas
inseridas em uma proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em
detalhes. [...] O que é valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia; o
professor é um mero especialista na aplicação de manuais e sua criatividade não
é considerada”
(Menezes; Santos, 2002).

 No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, com a abertura
política decorrente do final do regime militar e a grande
mobilização em busca de uma educação crítica que trouxesse
transformações sociais, econômicas e políticas para
superação de desigualdades existentes na sociedade,
destacam-se a pedagogia libertadora e a pedagogia
crítico-social dos conteúdos.
1.2 As tendências pedagógicas no Brasil

 Pedagogia libertadora – tem suas origens nos movimentos de educação popular que
ocorreram no final dos anos 1950 e início dos anos 1960 e não tem uma proposta
didática explícita.
 Exige do professor a criticidade, o diálogo, que são meios de ensinar uma pedagogia
progressista, para que possa levar o educando a refletir sobre sua realidade.
 A pedagogia crítico-social dos conteúdos – surge no final dos anos 1970 e início dos
anos 1980. Defende a prática de uma educação escolar por meio da qual professores e
alunos construam, mediante os conteúdos de ensino, uma consciência crítica para
transformação da sociedade, valorizando os processos mentais e as habilidades cognitivas
do educando.
Interatividade

Associe as tendências pedagógicas da coluna A de acordo com as características definidas na


coluna B:
Coluna A Coluna B
1. Pedagogia Tradicional ( ) Entende que não basta ter como conteúdo as
2. Pedagogia Renovada questões sociais, mas o domínio de
3. Tecnicismo Educacional conhecimentos e habilidades amplas.
4. Pedagogia Libertadora ( ) Centrada no professor e na exposição oral.
5. Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos ( ) A atividade escolar é centrada nos temas
sociais políticos e realidade social.
( ) Uma prática pedagógica controlada e dirigida
pelo professor e de forma mecânica.
( ) O professor como facilitador dos processos de
aprendizagens.
Interatividade

A sequência correta é:

a) 5, 4, 3, 2, 1.
b) 5, 1, 4, 3, 2.
c) 5, 2, 3, 4, 1.
d) 4, 1, 2, 3, 5.
e) 2, 1, 3, 4, 5.
Resposta

Associe as tendências pedagógicas da coluna A de acordo com as características definidas na


coluna B:
Coluna A Coluna B
1. Pedagogia Tradicional (5) Entende que não basta ter como conteúdo
2. Pedagogia Renovada as questões sociais, mas o domínio de
3. Tecnicismo Educacional conhecimentos e habilidades amplas.
4. Pedagogia Libertadora (1) Centrada no professor e na exposição oral.
5. Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos (4) A atividade escolar é centrada nos temas
sociais políticos e realidade social.
(3) Uma prática pedagógica controlada e dirigida
pelo professor e de forma mecânica.
(2) O professor como facilitador dos processos
de aprendizagens.
Resposta

A sequência correta é:

a) 5, 4, 3, 2, 1.
b) 5, 1, 4, 3, 2.
c) 5, 2, 3, 4, 1.
d) 4, 1, 2, 3, 5.
e) 2, 1, 3, 4, 5.
1.3 A teoria na didática

Atualmente a Didática manifesta-se como quase sinônimo de


“novas mediações”. O que isso quer dizer?
 Houve um tempo em que ensinar era possuir o conhecimento
dos conteúdos (assuntos) a serem transmitidos aos alunos,
planejar as estratégias e organizar os recursos a serem
utilizados nesse processo.
 Pensemos num “receituário”, no qual havia objetivos,
conteúdos, estratégias, recursos e avaliações determinados
para cada série escolar.
 Era um tempo favorável às
reproduções de “diários” de
professor para professor e de
ano para ano. Fonte: https://www.graficasbr.com.br/diario-
escolar-de-professor
1.3 A teoria na didática

“Atualmente isso já não é mais possível. Mesmo que tentemos uma prática com esses moldes,
a velocidade com que caminham fatos e produções no mundo atual e, quem mais nos
interessa, nossos alunos, nos cobrarão uma posição mais dinâmica nesse processo. Portanto,
estamos sim mediados por vários fatores e diversas aplicações na nossa prática educativa,
mas sempre como possibilidades de reflexões muito mais do que como conclusões que
possam transformar-se em um rol de atitudes e/ou sugestões a serem absorvidas na mesma
prática educativa”
(Nagy; Machado, 2011).
Bem, o que está entre o ensino e a
aprendizagem? O que possibilita ou não ao
professor ensinar e ao
aluno aprender?

MEDIAÇÃO
PEDAGÓGICA
2. Os professores e a concepção construtivista

É necessário e imprescindível que nós professores possamos refletir sobre a importância da


teoria para a nossa prática. Mas para que servem as teorias? Esta é uma questão polêmica e,
às vezes, redundante, mas podemos pensá-la tal como Solé e Coll (1996):

“Para que teorias? Para interpretar, analisar e intervir na realidade que, por meio dessas
teorias, tenta-se explicar. Acentuando desse modo o caráter instrumental das explicações
teóricas, evidenciamos a necessidade de que elas se mostrem potentes para dar conta de
sua função” (p. 87).

 Um professor, ou qualquer outro profissional, necessita


de um respaldo teórico para suas ações.
2. Os professores e a concepção construtivista

 Segundo Solé e Coll (1996), nas situações de ensino-aprendizagem encontramos múltiplas


variáveis e inúmeras causas para os seus fenômenos, exatamente por essas situações,
como já dissemos, serem dinâmicas e entre seres humanos. Nessas há diversos elementos
presentes e incidências previstas diante das quais o professor precisa tomar decisões.

Assim, “necessitamos de teorias que nos sirvam


de referencial para contextualizar e priorizar metas
e finalidades; para planejar a atuação; para
analisar seu desenvolvimento e modificá-lo
paulatinamente, em função daquilo que ocorre e
para tomar decisões sobre a adequação de tudo
isso” (Solé; Coll, 1996, p. 87).
2. Os professores e a concepção construtivista

 Um dos princípios mais relevantes da concepção construtivista está não apenas na ênfase
de que o conhecimento aprendido (aquele que fica e do qual nunca mais nos esquecemos)
só é aprendido realmente se for construído pelo indivíduo, mas sim na crença de que a
educação se dá numa dimensão social.
 A escola é um elemento importante do processo ensino-aprendizagem na concepção
construtivista, por oferecer aos alunos aspectos da cultura fundamentais para o seu
desenvolvimento pessoal (cognitivo, afetivo e social) de forma ativa e contextualizada
culturalmente. O aluno constrói seu conhecimento na interação com ambiente escolar e
seus elementos.
 Construir conhecimento é aprender realmente
ou significativamente.
 É esse confronto que garante a construção do
conhecimento e é sobre o mesmo que o professor deve
atuar como mediador entre o aluno e a cultura.
2. Os professores e a concepção construtivista

Enfim, a concepção construtivista oferece:

 ao professor um referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões que toma no
planejamento e no processo do ensino para proporcionar-lhe critérios que o façam
compreender o que acontece com seus alunos durante as aulas;
 à escola um referencial para um trabalho de equipe articulado com outras escolas (em
projetos curriculares propostos, por exemplo, por políticas educacionais) e com
outras disciplinas;
 à escola o desenvolvimento de um trabalho de formação de
seus professores pela construção de suas práticas
profissionais. Construir conhecimento é aprender realmente ou
significativamente.
2.1 A mediação social da prática educativa sustentada pelos conhecimentos

Os conhecimentos prévios dos alunos como ponto de partida para a aprendizagem

Chamamos esse momento de estado inicial do aluno, determinado por três elementos básicos:
1. A apresentação por parte do aluno de uma determinada disposição para realizar a
aprendizagem; não é inexplicável ou imprevisível, mas advém de inúmeros fatores
pessoais e interpessoais.
2. Em qualquer situação de aprendizagem, os alunos dispõem de capacidades, instrumentos,
estratégias e habilidades gerais para completar o processo.
Possuem capacidades cognitivas (com mais ou menos níveis de inteligência, raciocínio e
memória), motoras, de equilíbrio pessoal e de relação interpessoal.
2.1 A mediação social da prática educativa sustentada pelos conhecimentos

3. Podemos pensar que nessa “radiografia” do estado inicial do aluno, é possível “ver”
conhecimentos que estes já possuem quando diante da aprendizagem de um novo
conteúdo. São os conhecimentos que chamamos de prévios, ou seja, há sempre uma
maior ou menor aproximação com o conteúdo a ser aprendido presente na “bagagem” –
escolar ou não – do aluno.
“Os conhecimentos prévios dos alunos cumprem um papel fundamental nos processos de
aprendizagem. O primeiro passo do processo de aprendizagem é a busca de compreensão
daqueles novos elementos aos quais estamos tendo acesso e essa compreensão é construída
pelo relacionamento de nossos conhecimentos anteriores com os novos saberes.”
“Os conhecimentos prévios são as estruturas de acolhimento
dos novos conceitos e por isso devem ser cuidadosamente
investigados pelo professor e levados em conta no momento de
se construir propostas de atividades de aprendizagem”
(Burnier, 2001).
2.1 A mediação social da prática educativa sustentada pelos conhecimentos

A exploração dos conhecimentos prévios no desenvolvimento do processo


ensino-aprendizagem

 É importante que o professor dedique-se a detectar os conhecimentos prévios de


seus alunos.
1. O primeiro critério nessa “busca” realizada pelo professor dos conhecimentos prévios
dos alunos.
2. Um segundo critério a ser considerado são os objetivos concretos do professor em relação
aos conteúdos e ao tipo de aprendizagem pretendida.
2.1 A mediação social da prática educativa sustentada pelos conhecimentos

A ação do professor depende de constantes atualizações reflexivas sobre o processo


educativo. O que isso quer dizer? É fundamental que constantemente analisemos:

 a disponibilidade dos nossos alunos para a aprendizagem;


 a possibilidade da falta de sentido que atribuem à atividade;
 a escassa motivação deles;
 a forma como organizamos nosso ensino na relação direta com os alunos ou no contexto (de
currículo, da falta de relação entre as áreas etc.).
3. Competências profissionais do professor

Isso significa dizer que é de fundamental importância o desenvolvimento de competências


específicas para o professor.
“Há a necessidade de forjarmos uma acepção especializada de ‘competência’ em educação e
em formação de professores, em torno da qual os investigadores possam convergir e que
contribua para intervenções mais consistentes dos profissionais”
(Esteves, 2009, p. 37).

3.1 A organização e a direção de situações de aprendizagem


 Trata-se sim de um professor com vontade de conceber
situações didáticas ótimas. Situações amplas, abertas,
carregadas de sentido e de regulação com pesquisas,
identificação e resolução de problemas.
3. Competências profissionais do professor

Para a concepção, organização e animação de situações de aprendizagem, o professor


competente precisa:
 conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em
objetivos de aprendizagem;
 trabalhar a partir das representações dos alunos;
 trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos a aprendizagem;
 construir e planejar dispositivos e sequências didáticas;
 envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.
Interatividade

A mediação como prática pedagógica pode ser entendida como:

a) A função do professor mediador se define como a de vigiar e aconselhar, corrigir e ensinar a


matéria, estabelecendo uma relação de poder entre professor e aluno.
b) Centralizar a prática pedagógica na figura do professor, afinal ele é a pessoa responsável
pelo ensino.
c) Centralizar a prática pedagógica apenas no aluno, afinal ele é o principal objetivo de ensino.
d) O professor mediador desafia os alunos, mostrando-lhes, entre as várias possibilidades de
aprendizagem, caminhos que poderão ser percorridos.
e) A mediação é seguir de forma rígida o projeto pedagógico
escolar.
Resposta

A mediação como prática pedagógica pode ser entendida como:

a) A função do professor mediador se define como a de vigiar e aconselhar, corrigir e ensinar a


matéria, estabelecendo uma relação de poder entre professor e aluno.
b) Centralizar a prática pedagógica na figura do professor, afinal ele é a pessoa responsável
pelo ensino.
c) Centralizar a prática pedagógica apenas no aluno, afinal ele é o principal objetivo de ensino.
d) O professor mediador desafia os alunos, mostrando-lhes, entre as várias possibilidades de
aprendizagem, caminhos que poderão ser percorridos.
e) A mediação é seguir de forma rígida o projeto pedagógico
escolar.
3. Competências profissionais do professor

Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução


em objetivos de aprendizagem
 As ações educativas são dinâmicas e envolvem mais de um objetivo e mais de uma
disciplina pela multiplicidade e complexidade das situações. A competência do professor está
em organizar e dirigir estas situações. É necessário, então, que ele conheça os conteúdos
que a envolvam, mas não apenas para torná-los inteligíveis aos seus alunos.

Objetivos

Ações

Conteúdos Situações

Fonte: adaptado de: Nagy; Machado (2011, p. 31).


3. Competências profissionais do professor

 Trabalhar a partir das representações dos alunos.


 Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
 Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas.
 Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.
 O professor tem que tornar acessível e desejável sua própria relação com o saber e
a pesquisa.
 A dinâmica de uma pesquisa é simultaneamente intelectual, emocional e relacional.
 O papel do professor é relacionar os momentos fortes, assegurar a memória coletiva ou
confiá-la a certos alunos.
 O professor precisa ser capaz de estabelecer uma
cumplicidade e uma solidariedade verossímeis na busca
do conhecimento.
3. Competências profissionais do professor

Dez novas competências para ensinar

1. Organizar e estimular situações de aprendizagem.

2. Gerar a progressão das aprendizagens.

3. Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação


evoluam.

4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho.

Fonte: 5. Trabalhar em equipe.


https://www.unige.ch/fapse/SSE/te
achers/perrenoud/php_main/OUVR 6. Participar da gestão da escola.
AGES/Perrenoud_2000_A.html
7. Informar e envolver os pais.

8. Utilizar as novas tecnologias.

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.

10. Gerar sua própria formação contínua.


Fonte: adaptado de:
https://www.tecconcursos.com.br/concur
sos/pedagogo-pref-valinhos-sas-2019
4. A administração e a progressão das aprendizagens

4.1 Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades


dos alunos
Primeiramente, vamos pensar numa situação-problema e nas suas características:
 girar em torno da resolução de um obstáculo;
 permitir formulações por parte dos alunos;
 ser um enigma a ser resolvido;
 possibilitar aos alunos apropriarem-se de instrumentos intelectuais;
 oportunizar questionamentos e elaboração de novas ideias pelos alunos;
 operar em uma zona próxima, propícia ao desafio intelectual
(nem muito fácil e nem impossível de ser resolvida);
 oportunizar que alunos assumam riscos quando antecipam os
resultados (suas hipóteses);
 funcionar como um debate científico dentro da classe (conflitos
sociocognitivos potenciais);
4. A administração e a progressão das aprendizagens

 possibilitar a sua validação por meio do próprio modo como se estrutura;


 auxiliar os alunos nos retornos reflexivos durante todo o processo.

4.2 Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino


 A visão longitudinal dos educadores procura se alinhar com a perspectiva construtivista da
educação, a qual fundamenta-se na capacidade do educador de enxergar o aprendiz à
frente, no sentido de reconhecer os conhecimentos prévios e potencialidades.

4.3 Estabelecer laços com as teorias subjacentes às


atividades de aprendizagem
 Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem,
de acordo com uma abordagem formativa; fazer balanços de
competências e tomar decisões de progressão.
4. A administração e a progressão das aprendizagens

4.4 Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma


abordagem formativa
A observação contínua tem uma intenção formativa e, em uma perspectiva pragmática,
considera-se tudo o que o aluno tem de melhor:
 suas aquisições;
 sua maneira de aprender e de raciocinar;
 sua relação com o saber;
 suas angústias;
 seus eventuais bloqueios diante de certo tipo de tarefa;
 o que faz sentido para ele e o mobiliza;
 seus interesses;
 seus projetos;
 sua autoimagem como sujeito mais ou menos capaz
de aprender;
 seu ambiente escolar e familiar.
4. A administração e a progressão das aprendizagens

4.5 Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão


 Uma série de decisões ou orientações são tomadas no final de cada ano letivo ou de cada
ciclo em qualquer formação escolar.
 Essas decisões são tomadas a partir de um balanço das aquisições e, ao mesmo tempo, de
um prognóstico e de uma estratégia de formação que considere recursos e dispositivos
disponíveis. Nesse caso, nos encontramos no coração do ofício do professor.
Interatividade

Avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.


I. A prática escolar está vinculada a condicionamentos de natureza social e política, que
obrigam a uma constante reflexão sobre a diferente natureza do papel da escola e da
aprendizagem, com reflexos explícitos e implícitos na forma como os professores realizam
o seu trabalho na escola.
II. A partir da Didática, o docente terá a oportunidade de avaliar os fundamentos teóricos
utilizados em suas práticas na sala de aula.

Com base nas duas afirmativas:


a) As duas afirmativas são falsas.
b) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa.
c) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
d) As duas afirmativas são verdadeiras e estão relacionadas
com a Didática e prática pedagógica.
e) As duas afirmativas são verdadeiras, mas não se articulam.
Resposta

Avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.


I. A prática escolar está vinculada a condicionamentos de natureza social e política, que
obrigam a uma constante reflexão sobre a diferente natureza do papel da escola e da
aprendizagem, com reflexos explícitos e implícitos na forma como os professores realizam
o seu trabalho na escola.
II. A partir da Didática, o docente terá a oportunidade de avaliar os fundamentos teóricos
utilizados em suas práticas na sala de aula.

Com base nas duas afirmativas:


a) As duas afirmativas são falsas.
b) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa.
c) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
d) As duas afirmativas são verdadeiras e estão relacionadas
com a Didática e prática pedagógica.
e) As duas afirmativas são verdadeiras, mas não se articulam.
Referências

 BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos


parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
 BLIKSTEIN, P.; ZUFFO, M. K. As sereias do ensino eletrônico. In: SILVA, M. (org.) Educação
online: teorias, práticas, legislação e formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003, p. 23-38.
 BURNIER, S. Pedagogia das competências: conteúdos e métodos. Boletim Técnico do Senac, n.
27, v. 3, set./dez. 2001. Disponível em: https://www.bts.senac.br/bts/article/view/575. Acesso em: 01
nov. 2023.
 COLL, C. (org.). O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.
 ESTEVES, M. Construção e desenvolvimento das competências profissionais dos professores.
Revista de Ciências da educação/Sísifo, nº 08, jan/abr/2009.
 HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2001.
 LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia
crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
 LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
 MACHADO, S. M.; NAGY, A. C. B. Didática fundamental. São
Paulo: Editora Sol, 2011.
Referências

 MASETTO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1994.


 MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. Tecnicismo educacional (verbete). Dicionário
Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002.
Disponível em: http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=444. Acesso em: 23
jul. 2011.
 PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
 SOLÉ. I., & COLL, C. (1996). Os professores e a concepção construtivista. In: C. Coll
(org.). O construtivismo na sala de aula (p. 9-28). São Paulo: Ática.
 VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de didática. Campinas: Papirus, 2006.
 VEIGA, I. P. A. (org.). Repensando a didática. Campinas: Papirus, 2003.
ATÉ A PRÓXIMA!

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