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DIÁLOGOS URBANOS E
PAISAGÍSTICOS (FUNDAMENTOS
DE URBANISMO)
AULA 1

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Prof.ª Daniela Tahira Munhoz da Rocha

CONVERSA INICIAL

Teremos aqui uma ideia geral sobre o tema “Diálogos urbanos e paisagísticos”. Iniciaremos com a

apresentação de alguns conceitos e nomenclaturas que serão utilizados durante nossos estudos, e que

estão presentes na nossa profissão, de modo a possibilitar a melhor compreensão de aspectos do


planejamento urbano de suma importância para arquitetos, urbanistas e gestores imobiliários.

Serão abordados a definição de cidade e as diferentes escalas do espaço geográfico, bem como de

conceitos de organização e vida urbana, sempre tentando referenciar exemplos práticos.

O último tópico abordado refere-se ao cenário da urbanização no Brasil, trazendo um breve


histórico e alguns desafios e diretrizes para as cidades do século XXI.

CONTEXTUALIZANDO

Antes de iniciarmos o estudo dos diálogos urbanos e paisagísticos, os fundamentos de urbanismo,


sua evolução ao longo do tempo, suas aplicações práticas e tendências para o futuro, é de fundamental
importância nos atermos à análise de conceitos e elementos indispensáveis para que se estabeleçam os
alicerces sob os quais será construído nosso conhecimento[1].

Conceituar o urbanismo não é tarefa fácil, sendo necessário primeiro estabelecer alguns termos
que fazem parte da linguagem e do dia a dia do arquiteto, do urbanista, de gestores públicos e

imobiliários.

TEMA 1 – CONCEITOS

De acordo com Turbay e Cassilha(2022), os elementos que ajudam a definir e compreender o


planejamento urbano são:

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a. cidade – Lewis Mumford conceitua a cidade dentro da ótica do planejamento urbano como um
espaço capaz de armazenar e transmitir bens produzidos pela população, concentrada de forma a
possibilitar grande quantidade de facilidades em um espaço físico reduzido, capaz de se adaptar às
necessidades da sociedade continuamente em mudança, sem abandonar, entretanto, a herança
social já acumulada durante o tempo, que ajuda a contar a história das cidades por meio de

intervenções relevantes como as bibliotecas, as universidades, as igrejas, os parques, entre tantos


[2];

b. espaço – o espaço é produzido e organizado de acordo com os interesses das diferentes classes
sociais, que adquire uma expressão espacial por meio da estruturação do espaço urbano de forma
a segregar diferentes grupos sociais;
c. lugar – combinando a visão estruturalista de que o espaço é socialmente produzido e não

fornecido, e a visão humanista de que as pessoas não vivem em uma estrutura de relações
geométricas, mas em um mundo de significado, fica claro que os espaços geralmente funcionam
de maneiras específicas, com características e significados distintos, em contextos particulares.
Então, “o espaço se torna lugar” (Koops; Galic, 2017);

d. território – área da superfície de terra que contém uma nação, dentro de cujas fronteiras o Estado
exerce a sua soberania, e que compreende todo o solo, inclusive rios, lagos, mares interiores,
águas adjacentes, golfos, baías e portos;
e. região – as regiões, que podem assumir diversas escalas, desde a região de uma cidade até uma

região do país, passando pelas regiões metropolitanas;


f. município – são as unidades com menor autonomia na organização político-administrativa
brasileira;

g. capital regional – cuja denominação é determinada para municípios que exercem grande
influência em outros municípios de uma determinada região metropolitana;
h. metrópole – uma definição clara para o fenômeno metrópole é a que a determina como uma
forma de organização urbana, de território contínuo, com grande quantidade de população
envolvida, em torno de um núcleo de alta densidade e bastante desenvolvido em termos de
equipamentos urbanos.

Tabela 1 – Metrópoles brasileiras e suas redes de influência

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Fonte: IBGE, 2020.

a. Região Metropolitana – pode ser conceituada como um agrupamento de municípios com


territórios limítrofes, tendo como finalidade a cooperação na elaboração de legislação, assim como
a gestão do território, a fim de tratar questões em comum entre os entes envolvidos. O território é
instituído por meio de legislação estadual específica, respeitando a totalidade do limite político

administrativo dos municípios;


b. densidade – existem dois tipos de densidade urbana, densidade populacional e densidade
construída. A construída diz respeito à área das edificações em certo espaço, por exemplo, a
metragem quadrada construída por hectare. Já a densidade populacional está ligada ao já citado
fator de demanda por serviços públicos, com valor determinado, por exemplo, pela quantidade de
habitantes por hectare;
c. uso e ocupação do solo – o uso do solo traz parâmetros que fundamentam o que se pode
construir em um determinado lote, ou outra delimitação territorial;

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d. conurbação – crescimento com continuidade espacial em que o espaço urbano absorve outros
núcleos urbanos, extrapolando seus limites político-administrativos e tornando-se, por diversas
vezes, dependente desse novo território, tanto em questões comerciais quanto populacionais;
e. rede de cidades – conexão entre municípios por meio de fluxos econômicos, de pessoas ou
informações, dependendo da especialidade de cada unidade;

f. megalópole – caracterizado fisicamente pelo espraiamento em escala regional ou sub-regional, é


composta por duas ou mais metrópoles dependentes entre si. Geralmente essas metrópoles se
encontram conectadas por eixos viários e de transporte em massa, o que possibilita que as longas
distâncias sejam percorridas em espaço curto de tempo[3];

g. cidade global – conforme observado por Hoyler (2018), “o conceito de cidade global consiste em
quatro conceituações inter-relacionadas: i) agrupamentos de avançados serviços de produção
(advanced producer services); (ii) operam em uma rede mundial constituída de estruturas
organizacionais transfronteiriças de empresas; iii) centros para gestão da economia mundial; iv)
centros de governança da economia mundial. As relações entre empresas são, portanto, pontos
fundamentais nessa conceituação”[4].

TEMA 2 – CONCEITO DE ESPAÇO

Em primeiro lugar, deve-se atentar ao fato de que o termo “espaço” pode ser utilizado de inúmeras
formas diferentes, podendo variar de conceitos mais genéricos até conceitos mais técnicos e

especializados. Nas palavras de Scopel et al. (2020):

Entre a multiplicidade de espaços existentes, há o “espaço da produção”, que envolve fábricas,


campos de cultivo e oficinas, entre outros; o “espaço da circulação”, correspondente a ruas,

praças e rodovias, por exemplo; o “espaço das ideias”, representado por escolas, quartéis,

igrejas e mídia. Além disso, em tempos de globalização, há um espaço carregado por uma
densidade muito específica, caso do “espaço virtual”.

É importante entender que o espaço é produzido e organizado de acordo com os interesses das
diferentes classes sociais em determinado período, que adquire uma expressão espacial por meio da

estruturação do espaço urbano de forma a segregar ou congregar diferentes grupos sociais.

Scopel et al. (2020), em Estudo da cidade, citam o geógrafo Manuel Correia de Andrade, que ensina
que a “geografia é a ciência que estuda o espaço geográfico, espaço produzido pelo homem ao intervir

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no meio natural, adaptando-o à sua exploração, à utilização dos seus recursos, segundo as formas
institucionais e as disponibilidades culturais, técnicas e econômicas de que dispõe”.

Nas palavras de Scopel et al. (2020), “[…] ao se apropriar do espaço natural, homens e mulheres
elaboram o espaço geográfico e constroem paisagens que expressam (e são expressão) a cultura da
sociedade que o desenvolveu ao longo de sua história.”

Trata-se, portanto, de porção espacial que foi alterada pelas ações humanas, e que pode ser tratado
em diferentes escalas, como se verá mais adiante.

2.1 ESPAÇO E SUAS DIFERENTES ESCALAS

Scopel et al. (2020) ensinam que o espaço geográfico compreende outras categorias espaciais,
como lugar e território, que apresentam uma dimensão visual relacionada à paisagem, que, por seu
turno, pode ser natural, constituída por fenômenos como clima, vegetação, relevo, solo, hidrografia etc.;
e cultural (ou geográfica), quando reflete o espaço constituído pela produção de bens materiais e de
infraestruturas, como habitação, estradas, pontes, cidades etc.

Isso é para se compreender o espaço geográfico e não apenas seu aspecto “visível”, ou seja, tanto
os aspectos concretos que podem ser sentidos e tocados, sejam ele naturais ou fruto de modificações
introduzidas pelo ser humano, como os aspectos “não visíveis”, buscando se debruçar e compreender as
características culturais, econômicas e políticas da sociedade inseridas em um espaço em determinado
período.

Para Santos (1992, p. 23), “[…] os lugares mudam de significação, graças ao movimento social: a
cada instante as frações da sociedade que lhe cabem não são as mesmas.”

Em suma, a real compreensão do espaço exige que se perceba a existência da grande variedade de
escalas, que vão desde a mais ampla (global), passando pela nacional, regional, local, e que todas estas

influenciam e são influenciadas pelos aspectos culturais, políticos e de costumes de uma sociedade que,
da mesma forma que o espaço, evoluem, são modificados e sofrem adaptações ao longo do tempo.

A conceituação aqui utilizada diz respeito ao termo “escala” aplicado ao planejamento urbano.

Para Turbay e Cassilha (2022), a “escala é um conceito que tem variação conforme o objeto em
estudo. Se considerarmos a escala na arquitetura, ela define a dimensão de uma edificação ou espaço. Já

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no urbanismo podemos considerar alguns tipos de escala definidas pelo foco da atuação ou problema
em questão.”

É importante considerar que o conceito de escala assume diferentes leituras, sendo uma primeira
respectiva a essa distinção entre macro e micro, como já observado. A segunda aplicação do termo é
quanto à escala gráfica que define as medidas que serão apresentadas em mapas e demais
representações gráficas, que possibilitarão reconhecer elementos físico-territoriais em leituras
diagnósticas e a leitura de consequentes propostas. A terceira conceituação diz respeito às diferentes
percepções da escala de uma cidade, que variam de acordo com as diversas maneiras com que os
habitantes interagem com o espaço urbano, se a pé, de bicicleta ou dentro de algum veículo, a passeio
ou a trabalho.

Nesse sentido, é importante ter em mente que o gestor público deve ter em vista várias escalas de

análise, de modo a melhor compreender, planejar e atender as necessidades dos diferentes níveis de
atuação dos agentes produtores do espaço e as relações que desenvolvem.

Por fim, a escala extrapola os limites de um único município ou região, fato este destacado por
Duarte (2012), para quem “pensar em diferentes escalas também é essencial para fazer um bom
planejamento urbano. Essa realidade de escalas fica ainda mais forte quando lidamos com municípios
de regiões metropolitanas.”

2.2 ESCALAS

A conceituação aqui utilizada diz respeito ao termo “escala” aplicado ao planejamento urbano.

Para Turbay e Cassilha (2022), a “escala é um conceito que tem variação conforme o objeto em
estudo. Se considerarmos a escala na arquitetura, ela define a dimensão de uma edificação ou espaço. Já
no urbanismo podemos considerar alguns tipos de escala definidas pelo foco da atuação ou problema
em questão.”

Como já destacado anteriormente, o conceito de escala possibilita diferentes visões e


interpretações. Nesse sentido, não se pode perder de vista que esse conceito pode assumir diferentes
formas, por exemplo, essa distinção entre macro e micro, como já destacado em outros trechos de
nossos estudos. Outra forma diz respeito à escala gráfica, ou seja, à definição das medidas que serão
apresentadas em mapas e que oportunizarão o reconhecimento de aspectos físicos do território,

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possibilitando assim que se façam análises mais precisas e, consequentemente, propostas mais
adequadas para a área em questão. Por fim, uma terceira forma aborda diferentes percepções da escala
de uma cidade, em que os cidadãos interagem com o espaço urbanos das mais variadas formas, seja
utilizando automóveis, bicicletas ou mesmo caminhando.

2.2.1 Macroescala

A macroescala se divide em Escala Regional (aquela que extrapola os limites de um único


município) e Escala Municipal, sendo que, nesta última, diferentemente do que ocorre com a
microescala, o planejamento se dá considerando o município como um todo.

2.2.1.1 Escala Regional: inserção regional

Ao se falar em planejamento regional, por óbvio, a escala deverá extrapolar a área urbana de um
único município, sem, entretanto, ignorá-lo. Pode-se dizer que as regiões ao mesmo tempo que
determinam, são também determinadas pelos municípios ou espaços urbanos que as compõem.

Aqui é muito importante figuras como a da região metropolitana e microrregião, criadas para
facilitar e tornar mais eficaz o planejamento urbano de municípios com algum grau de dependência e
proximidade.

Duarte (2012) destaca que

a consciência da interdependência entre municípios, que escapa à capacidade de legislação de


cada município em particular, fez com que a Constituição da República Federativa do Brasil, de

1988, reconhecesse as regiões metropolitanas como uma realidade da dinâmica territorial de

modo inequívoco quando, em seu art. 25, parágrafo 3.º, diz ser atribuição dos estados instituir
regiões metropolitanas.

Para que esse modelo funcione, é fundamental a atuação coordenada dos diversos municípios de
uma mesma região metropolitana com a fixação de planos regionais desenvolvidos em conjunto e de
forma coordenada, sob pena de tornar ineficaz o planejamento urbano dessas áreas.

Esse risco é destacado por Duarte (2012), para quem

o desafio é que não há uma figura jurídica que seja responsável pela administração de cada
região metropolitana, sendo que a autonomia continua a ser de cada município. Isso cria

entraves quando há interesses distintos, por vezes opostos, entre municípios pertencentes a
uma mesma região metropolitana.

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Para evitar esses riscos, é importante que os municípios de uma mesma região metropolitana se
organizem e criem regras claras para o planejamento urbano conjunto e fixação de planos regionais.

2.2.1.2 Escala Municipal

Na escala municipal, o gestor público deve levar em consideração o município como um todo,
buscando integrar e potencializar todas as áreas de seu território, sejam elas rurais ou urbanas.

De acordo com Turbay e Cassilha (2022),

a centralização da população nas cidades ao longo do desenvolvimento da sociedade global,


ao mesmo tempo em que foi responsável por esvaziar demograficamente as áreas rurais,

estabelece uma intrínseca relação socioeconômica entre o urbano e rural, a ponto de


enfraquecer a dicotomia campo-cidade.

O planejamento urbano municipal, sobretudo quando efetivado por intermédio de Plano Diretor,
deve incorporar as áreas rurais e entender o território municipal como um todo para estabelecer
diretrizes que favoreçam a sinergia entre as dinâmicas de todos os setores da sociedade.

2.2.2 Microescala

A microescala se divide em Escala Urbana, Escala Regional Urbana, Escala Setorial, Escala de Bairro
e Escala de Vizinhança.

2.2.2.1 Escala Urbana

O município pode e deve ser analisado e planejado, sobretudo em razão das necessidades
presentes e futuras de seus cidadãos, sendo a visão de longo prazo uma das mais importantes
habilidades que devem ser desenvolvidas pelo gestor público.

Essa capacidade de antever as necessidades da cidade para as próximas décadas é o que diferencia
o grande planejador urbano, e o que possibilita disponibilizar ao cidadão as melhores condições de vida
e trabalho.

2.2.2.2 Escala Regional Urbana

Um instrumento importante para a melhoria do planejamento, público e privado, sobretudo nos


municípios de médio e grande porte, é a criação de regionais dentro do território municipal, o que

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possibilita uma maior proximidade para identificação de problemas e necessidades e contato com o
cidadão, bem como uma maior eficiência na fiscalização e implantação das intervenções urbanísticas.

Nesse sentido, Turbay e Cassilha (2022) defendem que a

[…] divisão de um município em regionais se configura como importante escala de distribuição

administrativa, com representações de órgãos e funções da Administração Direta Municipal.


Esta compartimentação do território é comumente chamada de Regional, Prefeitura regional ou

Subprefeitura, e busca descentralizar a administração e representar a presença do governo


municipal em todo o território […].

Exemplos de cidades que adotam essa escala podem ser facilmente encontrados por todo o Brasil,
podendo-se citar, a título meramente exemplificativo, os municípios de São Paulo, com suas
subprefeituras, e Curitiba, com suas regionais.

Esse modelo, além de possibilitar uma maior eficiência para o gestor público com relação ao
planejamento, também é de grande utilidade para o cidadão, pois, em geral, facilitam a interação do
indivíduo com serviços públicos, evitando grandes deslocamentos ao oferecer um conjunto de serviços
em local dentro daquela regional.

2.2.2.3 Escala de Bairro

Aqui são analisadas e propostas soluções que levam em consideração características e


necessidades específicas de um bairro.

Segundo Turbay e Cassilha (2022),

a escala territorial de bairro permite identificar características comuns dentro daquele espaço.
Fisicamente delimitado por alguma via ou outro limite natural, o bairro possui divisão tanto para

fins administrativos como para provimento de serviços, sendo caracterizado nos Planos
Diretores geralmente pelo uso e ocupação do solo urbano.

Os autores prosseguem dizendo que alguns bairros apresentam características distintas do restante
do município, sendo facilmente identificáveis pela sua tipologia de ocupação ou atividades. No entanto,
outros podem acontecer de forma próxima aos seus bairros limítrofes, o que dificulta a legibilidade e,
por muitas vezes, acaba por confundir a delimitação de seu início e fim, característica própria de uma
escala setorial.

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Por fim, Turbay e Cassilha (2022) destacaram ainda que, por pertencerem a distintos zoneamentos,
os bairros estão diretamente relacionados ao valor da terra. Existem bairros de ocupação
exclusivamente residencial, com menor densidade, outros de maior densidade e com ocupações
majoritariamente por edifícios altos, outros de uso exclusivo por indústrias ou comércios.

2.2.2.4 Escala da Vizinhança

Essa escala é definida por Turbay e Cassilha (2022) como

forma territorial que mais se aproxima do espaço de convívio rotineiro de um habitante inserido
na cidade. Ela pode variar entre o espaço físico de trabalho ou de moradia por exemplo, mas

sua dimensão continua a mesma independente do contexto. Esta escala não possui delimitação
territorial legal pois depende das necessidades de cada habitante, mas se aproxima do

primeiro nível de necessidades, descrito na escala urbana como apoio a necessidades

imediatas.

A vizinhança, no sentido utilizado pelos autores, vai além da unidade habitacional do indivíduo, pois
abarca também o espaço público (ruas, praças, parques) em seu entorno.

Jaime Lerner defende a acupuntura urbana, ou seja, um conjunto de ações pontuais que atuam
principalmente na escala urbana com o objetivo de, assim como a técnica milenar chinesa, movimentar
e estimular um local doente e transformá-lo em um local sadio. Os projetos são como as agulhas da
acupuntura e cumprem o papel de transformação do espaço urbano degradado.

TEMA 3 – DEFINIÇÃO DE CIDADE

Existem diversas formas de conceituar a cidade, de acordo com o enfoque e objetivo que se
pretenda estudar.

Para os fins de nossos estudos, analisaremos a cidade do ponto de vista do planejamento. Pode-se
conceituar a cidade como:

um espaço capaz de armazenar e transmitir bens produzidos pela população, concentrada de

forma a permitir grande quantidade de facilidades em um espaço físico reduzido, capaz de se

adaptar às necessidades da sociedade continuamente em mudança, sem abandonar, entretanto,


a herança social já acumulada durante o tempo, que ajuda a contar a história das cidades por

meio de intervenções relevantes como as bibliotecas, as universidades, as igrejas, os parques,


entre tantos.” (Scopel et al., 2020)

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Em suma, a cidade não pode ser entendida meramente como um local em que as pessoas
produzem e comercializam bens, mas sim como o local em que, além de produzir e comercializar,
vivem, interagem das mais variadas formas, como lazer, cultura etc.

3.1 CIDADE QUANTO À ORIGEM

Importante ainda é classificar as cidades com relação à sua origem e função. No tocante à origem,
as cidades podem ser classificadas como espontâneas ou planejadas.

Nesse sentido, Scopel et al. (2020) ensinam que

as cidades naturais correspondem “às cidades que surgem e se expandem sem um plano

previamente elaborado de urbanização. Desse modo, é comum que suas ruas sigam trajetos
tortuosos ou estreitos, e eventualmente os dois ao mesmo tempo. Por outro lado, é comum que

seus bairros mais novos sejam elaborados dentro de critérios e padrões organizativos,

mostrando diferenças flagrantes. Essa condição urbana abrange a esmagadora maioria das
cidades do mundo, de São Paulo a Nova York, passando por Pequim, Cidade do México etc.

Para os mesmos autores, no livro Estudo da cidade, a cidade planejada

é precedida por um plano prévio, que lhe garante racionalidade organizativa quanto ao uso dos
espaços, com setores bem definidos. Brasília, capital brasileira, e Palmas, no Tocantins, são dois

exemplos dessa modalidade urbana. Quanto ao sítio urbano, há uma diversidade de

condicionamentos da cidade. (Scopel et al., 2020)

3.2 CIDADE QUANTO À FUNÇÃO

Com relação à função, classifica-se a cidade em relação aos possíveis papéis econômicos que elas
possam desempenhar, ou seja, sua função urbana. Assim, há espaços preponderantemente dedicados a
uma determinada atividade, como a industrial (cidades ou parque industrial), outros dedicados ao
turismo, negócios, residencial, e assim por diante.

Nesse sentido, Scopel et al. (2022) apontam que

toda e qualquer cidade apresenta os mais variados tipos de espaços, de acordo com a

atividade predominante. Em áreas residenciais, não se encontra muito mais do que um comércio

de bairro; já em espaços com comércio e serviços se observam verdadeiras localidades centrais


intraurbanas.

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Ou seja, os espaços em que as atividades comerciais, ou mesmo de serviço, se concentram são de


vários tipos.

TEMA 4 – CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E VIDA URBANA

Como visto na seção sobre cidades, via de regra, estas apresentam diversos tipos de espaço, que
variam de acordo com a atividade que seja preponderante em determinado local. Assim, existem áreas

residenciais, áreas voltadas ao comércio, indústria, ou ainda, o que Scopel et al. denominam Central
Business District (CBD), que constitui uma área central de negócios[5].

Entretanto, esse modelo estanque não basta para atender às sociedades modernas que, ao longo do
século XX, viram de modo geral, em um primeiro momento, um crescente êxodo da zona rural para as
cidades, aumentando de forma exponencial o tamanho e número de habitantes dos centros urbanos e,
mais recentemente, o deslocamento de pessoas de grandes centros para cidades menores, o que levou à
necessidade do planejamento urbano buscar acompanhar essas mudanças, planejando e encontrando
soluções para adequar às cidades a essas novas realidades.

Nesse sentido, Scopel et al. (2020) ensinam que “devido à grande complexidade que o fenômeno
urbano atingiu no mundo contemporâneo, houve uma multiplicação de conceitos relativos à
organização e à vida urbana.”

4.1 CONURBAÇÃO

Um dos fenômenos que mais cresceu ao longo desse período de urbanização acelerada foi o da
conurbação, que, nas palavras de Scopel et al. (2020), “é a denominação dada à junção territorial de
duas ou mais cidades limítrofes até formarem um único núcleo – é comum às pessoas se deslocar de
um município para outro, dentro de uma área conurbada, e sequer notar seus limites.”

Essa situação, bastante comum em grandes centros urbanos como São Paulo e Curitiba, entre
outros, gera problemas de transporte público, coleta e tratamento de lixo etc., o que leva à necessidade
da criação de regiões metropolitanas, que são constituídas por diferentes municípios que buscam se
coordenar e integrar suas políticas públicas de planejamento urbano.

Para Turbay e Cassilha (2020),

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O planejamento urbano assume o trabalho de orientar o desenvolvimento territorial para além

da escala essencialmente urbana, em escalas que extrapolam limites municipais ou de cidades, e


avança sobre planejamentos regionais que integram dinâmicas de diferentes unidades

federativas, sejam municípios ou até estados. A esta escala de planejamento urbano se nomeia
de planejamento regional.

Aqui é muito importante o papel da região metropolitana e microrregião, criadas para facilitar e
tornar mais eficaz o planejamento urbano de municípios com algum grau de dependência e
proximidade.

Por fim, existe ainda o fenômeno da junção de várias regiões metropolitanas, que originam as
megalópoles, como a Chipitts (de Chicago a Pittsburgh) ou, no Brasil, a megalópole que vem se
formando entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

TEMA 5 – URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

No Brasil, como em geral no resto do mundo, assistimos a uma grande alteração no perfil
demográfico com a grande migração de população das zonas rurais para os centros urbanos. Esse
movimento se inicia ainda no século XIX, mas ganhou muita força na segunda metade do século XX,
após a Segunda Guerra Mundial, que ocorreu de 1939 a 1945.

Para Turbay e Cassilha (2020), “a história do urbanismo no século XX foi baseada no crescimento
global da industrialização, especialmente na segunda metade do século.” De fato, no último século, o
mundo assistiu, ainda que em diferentes escalas e em diferente espaço de tempo, a uma alteração

radical do modelo econômico e social, com a transição das sociedades predominantemente agrícolas
para sociedades industriais. Essa alteração do paradigma econômico ocasionou um grande êxodo das
populações que antes viviam a zorna rural e que migraram em grande escala para zona urbana.

É evidente que essa mudança de perfil influenciou diretamente o urbanismo, trazendo novos e
diferentes desafios ao planejador urbano. Para Reinert (2008), em uma sociedade que se “urbaniza”
rapidamente, o planejamento tem sido usado muito mais como ferramenta com a qual se estabelece um
“diagnóstico” e um “tratamento” do que como instrumento do pensamento. Essa metáfora implica que
os planejadores, quase que naturalmente, olhem para o local a ser planejado como um organismo
“doente”, carente de “alopatias” cada vez mais poderosas e eficazes, capazes de possibilitar uma

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sobrevida a esse ser “agonizante” a que chamamos cidade. Ou a tratem com medidas preventivas,
supondo que, em algum momento ela estará “doente”.

Segundo Le Corbusier, “fazer um plano é fixar ideias. Para isto é preciso ter tido ideias e a partir daí,
ordenar estas ideias para que se tornem compreensíveis, possíveis e transmissíveis”. Para Reinert
(2008), o urbanismo inovação, inventividade, livre pensar é posto de lado. No entanto, quase tudo que
se pratica atualmente e que é confundido com planejamento urbano, nada mais é do que um conjunto
de estudos com visão setorial e perspectiva específica, dissociado do que acreditamos seja o
planejamento urbano e, mais ainda, do que seja urbanismo.

Cada vez mais os planos do transporte, da infraestrutura, da habitação, da mobilidade e do meio


ambiente se tornam o próprio planejamento, de modo que estudos e planos não “se falam”. Assim, há
estudos e planos que se justificam por sua própria existência, em que o componente humano, a razão
desse planejar, é colocado à margem, dando lugar novamente à visão parcial: no transporte, o debate é
o modal; na habitação, a área disponível para assentamentos; no meio ambiente, a proibição de uso em
prol de uma preservação quantitativa e não qualitativa.

Essa crítica é especialmente válida no caso do processo de urbanização brasileira, que, de forma
geral, não se deu de forma ordenada, não conseguindo oferecer soluções e planejamento para atender
às necessidades do novo e crescente contingente populacional, o que causa consequências sentidas até
os dias de hoje.

TROCANDO IDEIAS

Para exemplificarmos as diferentes escalas no planejamento urbano, tomamos dois exemplos


práticos desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba: Plano Diretor
Multimodal e os Planos Setoriais. O primeiro exemplifica a macroescala, por tratar de um planejamento
envolvendo a região metropolitana de Curitiba, com suas cidades conurbadas, ou como já foi dito
anteriormente, trabalha com uma área que extrapola os limites do município. Já os planos setoriais e
regionais da cidade de Curitiba são desenvolvidos dentro dos limites do município.

Figura 1 – Ilustração do Plano Diretor Multimodal: RMC Curitiba

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Fonte: IPPUC, 2010.

Figura 2 – Planos Setoriais e Regionais: esquema

Fonte: IPPUC, Planos Regionais de Curitiba, 2018.

NA PRÁTICA

Vimos a complexidade em definir a cidade. Propomos, então, acessar os links a seguir para, então,
discutir e propor uma definição de cidade e seus limites.

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Saiba mais

Vídeos

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Uvn5-ruUkpQ>. Acesso em: 24 jun. 2023.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8X9OcbSiO0Y>. Acesso em: 24 jun. 2023.

Saiba mais

Para termos uma ideia na questão da escala no planejamento urbano, recomendamos acessar
o site do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC em dois links que
seguem:

Disponível em: <http://ippuc.org.br/planos-regionais>. Acesso em: 24 jun. 2023.

Disponível em: <http://ippuc.org.br/planos-setoriais>. Acesso em: 24 jun. 2023.

Os dois links exemplificam duas formas de atuar na microescala, ou dentro dos limites do
município.

FINALIZANDO

A expansão urbana coloca as cidades, de maneira geral, em dois grandes grupos de características
distintas: o modelo da cidade contínua de crescimento ilimitado, estruturada segundo a lógica do
transporte e dos corredores de infraestrutura, e o modelo policêntrico, que propõem as cidades-jardim,
com sua forte determinação de limitar o tamanho do urbano.

As cidades, sejam elas contínuas ou policêntricas, entretanto, não conseguem impedir o surgimento
do subúrbio, da “franja marginal” que não se quer, mas que aparentemente não se consegue evitar. A
explicação para esse fenômeno pode estar no fato de que, historicamente, qualquer que seja a corrente
de pensamento, o aglomerado urbano é sempre dividido entre “a cidade” e “seus bairros”. Mas o que é a
cidade? Qual o limite perceptível dessa transição? O que caracteriza a cidade? Quais as diferenças entre
a cidade e o bairro? Essa mesma dúvida persiste na escala regional. Qual a cidade de fato em
contraponto à cidade de direito?

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Atualmente, com a globalização, não competem somente países, competem e cooperam muito
mais as cidades. O planejamento e os mecanismos de gestão precisam evoluir a fim de superar a rigidez
derivada da complexidade burocrática que frequentemente limita a capacidade de resposta da
sociedade. Além disso, a transformação econômico-social permanente e cada vez mais acelerada que
atinge a sociedade põe à mostra a grande fragilidade dos planos diretores, normalmente muito ligados

a fatores locais e demasiadamente rígidos para se adaptarem a essas mudanças.

REFERÊNCIAS

DUARTE, F. Planejamento urbano. Curitiba: InterSaberes, 2012.

REINERT, R. Urbanismo e planejamento urbano. Ciclo de Capacitação em Planejamento Urbano.


Curitiba, 22 ago. 2008.

SCOPEL, V. G. et al. Estudo da Cidade. Porto Alegre: SAGAH, 2020.

TURBAY; A. L. B.; CASSILHA, S. do A. Cidades contemporâneas e mobilidade conceitos e


ferramentas para o planejamento. Curitiba: InterSaberes, 2022.

[1] FUTURE cities: Urban planners get creative. DW Documentary, 13 nov. 2022. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=HBMlQZeXMiA>. Acesso em: 24 jun. 2023.

[2] GONGADZE, S.; MAASSEN, A. Cidade de 15 minutos: a visão de Paris que tem inspirado um

movimento global. Arch Daily, 12 mar. 2023. Disponível em: <https://www.archdaily.com.


br/br/996966/cidade-de-15-minutos-a-visao-de-paris-que-tem-inspirado-um-movimento-global>.
Acesso em: 28 jun. 2023.

[3] CONURBAÇÃO, MEGALÓPOLE, MEGACIDADE e METRÓPOLE. Terra à Vista, 20 jun. 2019.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=C-76TBFije0>. Acesso em: 27 jun. 2023.

[4] GLOBAL Cities: Introduction. Systems Innovation, 8 out. 2019. Disponível em: <https://www.

youtube.com/watch?v=bfUH2DKUoeI>. Acesso em: 27 jun. 2023.

[5] WHAT is City | CITIES INSIDE. Urban Observer, 15 jul. 2020. Disponível em: <https://www.

youtube.com/watch?v=8X9OcbSiO0Y>. Acesso em: 27 jun. 2023.

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