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DIÁLOGOS URBANOS E
PAISAGÍSTICOS (FUNDAMENTOS
DE URBANISMO)
AULA 1
CONVERSA INICIAL
Teremos aqui uma ideia geral sobre o tema “Diálogos urbanos e paisagísticos”. Iniciaremos com a
apresentação de alguns conceitos e nomenclaturas que serão utilizados durante nossos estudos, e que
Serão abordados a definição de cidade e as diferentes escalas do espaço geográfico, bem como de
CONTEXTUALIZANDO
Conceituar o urbanismo não é tarefa fácil, sendo necessário primeiro estabelecer alguns termos
que fazem parte da linguagem e do dia a dia do arquiteto, do urbanista, de gestores públicos e
imobiliários.
TEMA 1 – CONCEITOS
a. cidade – Lewis Mumford conceitua a cidade dentro da ótica do planejamento urbano como um
espaço capaz de armazenar e transmitir bens produzidos pela população, concentrada de forma a
possibilitar grande quantidade de facilidades em um espaço físico reduzido, capaz de se adaptar às
necessidades da sociedade continuamente em mudança, sem abandonar, entretanto, a herança
social já acumulada durante o tempo, que ajuda a contar a história das cidades por meio de
b. espaço – o espaço é produzido e organizado de acordo com os interesses das diferentes classes
sociais, que adquire uma expressão espacial por meio da estruturação do espaço urbano de forma
a segregar diferentes grupos sociais;
c. lugar – combinando a visão estruturalista de que o espaço é socialmente produzido e não
fornecido, e a visão humanista de que as pessoas não vivem em uma estrutura de relações
geométricas, mas em um mundo de significado, fica claro que os espaços geralmente funcionam
de maneiras específicas, com características e significados distintos, em contextos particulares.
Então, “o espaço se torna lugar” (Koops; Galic, 2017);
d. território – área da superfície de terra que contém uma nação, dentro de cujas fronteiras o Estado
exerce a sua soberania, e que compreende todo o solo, inclusive rios, lagos, mares interiores,
águas adjacentes, golfos, baías e portos;
e. região – as regiões, que podem assumir diversas escalas, desde a região de uma cidade até uma
g. capital regional – cuja denominação é determinada para municípios que exercem grande
influência em outros municípios de uma determinada região metropolitana;
h. metrópole – uma definição clara para o fenômeno metrópole é a que a determina como uma
forma de organização urbana, de território contínuo, com grande quantidade de população
envolvida, em torno de um núcleo de alta densidade e bastante desenvolvido em termos de
equipamentos urbanos.
d. conurbação – crescimento com continuidade espacial em que o espaço urbano absorve outros
núcleos urbanos, extrapolando seus limites político-administrativos e tornando-se, por diversas
vezes, dependente desse novo território, tanto em questões comerciais quanto populacionais;
e. rede de cidades – conexão entre municípios por meio de fluxos econômicos, de pessoas ou
informações, dependendo da especialidade de cada unidade;
g. cidade global – conforme observado por Hoyler (2018), “o conceito de cidade global consiste em
quatro conceituações inter-relacionadas: i) agrupamentos de avançados serviços de produção
(advanced producer services); (ii) operam em uma rede mundial constituída de estruturas
organizacionais transfronteiriças de empresas; iii) centros para gestão da economia mundial; iv)
centros de governança da economia mundial. As relações entre empresas são, portanto, pontos
fundamentais nessa conceituação”[4].
Em primeiro lugar, deve-se atentar ao fato de que o termo “espaço” pode ser utilizado de inúmeras
formas diferentes, podendo variar de conceitos mais genéricos até conceitos mais técnicos e
praças e rodovias, por exemplo; o “espaço das ideias”, representado por escolas, quartéis,
igrejas e mídia. Além disso, em tempos de globalização, há um espaço carregado por uma
densidade muito específica, caso do “espaço virtual”.
É importante entender que o espaço é produzido e organizado de acordo com os interesses das
diferentes classes sociais em determinado período, que adquire uma expressão espacial por meio da
Scopel et al. (2020), em Estudo da cidade, citam o geógrafo Manuel Correia de Andrade, que ensina
que a “geografia é a ciência que estuda o espaço geográfico, espaço produzido pelo homem ao intervir
no meio natural, adaptando-o à sua exploração, à utilização dos seus recursos, segundo as formas
institucionais e as disponibilidades culturais, técnicas e econômicas de que dispõe”.
Nas palavras de Scopel et al. (2020), “[…] ao se apropriar do espaço natural, homens e mulheres
elaboram o espaço geográfico e constroem paisagens que expressam (e são expressão) a cultura da
sociedade que o desenvolveu ao longo de sua história.”
Trata-se, portanto, de porção espacial que foi alterada pelas ações humanas, e que pode ser tratado
em diferentes escalas, como se verá mais adiante.
Scopel et al. (2020) ensinam que o espaço geográfico compreende outras categorias espaciais,
como lugar e território, que apresentam uma dimensão visual relacionada à paisagem, que, por seu
turno, pode ser natural, constituída por fenômenos como clima, vegetação, relevo, solo, hidrografia etc.;
e cultural (ou geográfica), quando reflete o espaço constituído pela produção de bens materiais e de
infraestruturas, como habitação, estradas, pontes, cidades etc.
Isso é para se compreender o espaço geográfico e não apenas seu aspecto “visível”, ou seja, tanto
os aspectos concretos que podem ser sentidos e tocados, sejam ele naturais ou fruto de modificações
introduzidas pelo ser humano, como os aspectos “não visíveis”, buscando se debruçar e compreender as
características culturais, econômicas e políticas da sociedade inseridas em um espaço em determinado
período.
Para Santos (1992, p. 23), “[…] os lugares mudam de significação, graças ao movimento social: a
cada instante as frações da sociedade que lhe cabem não são as mesmas.”
Em suma, a real compreensão do espaço exige que se perceba a existência da grande variedade de
escalas, que vão desde a mais ampla (global), passando pela nacional, regional, local, e que todas estas
influenciam e são influenciadas pelos aspectos culturais, políticos e de costumes de uma sociedade que,
da mesma forma que o espaço, evoluem, são modificados e sofrem adaptações ao longo do tempo.
A conceituação aqui utilizada diz respeito ao termo “escala” aplicado ao planejamento urbano.
Para Turbay e Cassilha (2022), a “escala é um conceito que tem variação conforme o objeto em
estudo. Se considerarmos a escala na arquitetura, ela define a dimensão de uma edificação ou espaço. Já
no urbanismo podemos considerar alguns tipos de escala definidas pelo foco da atuação ou problema
em questão.”
É importante considerar que o conceito de escala assume diferentes leituras, sendo uma primeira
respectiva a essa distinção entre macro e micro, como já observado. A segunda aplicação do termo é
quanto à escala gráfica que define as medidas que serão apresentadas em mapas e demais
representações gráficas, que possibilitarão reconhecer elementos físico-territoriais em leituras
diagnósticas e a leitura de consequentes propostas. A terceira conceituação diz respeito às diferentes
percepções da escala de uma cidade, que variam de acordo com as diversas maneiras com que os
habitantes interagem com o espaço urbano, se a pé, de bicicleta ou dentro de algum veículo, a passeio
ou a trabalho.
Nesse sentido, é importante ter em mente que o gestor público deve ter em vista várias escalas de
análise, de modo a melhor compreender, planejar e atender as necessidades dos diferentes níveis de
atuação dos agentes produtores do espaço e as relações que desenvolvem.
Por fim, a escala extrapola os limites de um único município ou região, fato este destacado por
Duarte (2012), para quem “pensar em diferentes escalas também é essencial para fazer um bom
planejamento urbano. Essa realidade de escalas fica ainda mais forte quando lidamos com municípios
de regiões metropolitanas.”
2.2 ESCALAS
A conceituação aqui utilizada diz respeito ao termo “escala” aplicado ao planejamento urbano.
Para Turbay e Cassilha (2022), a “escala é um conceito que tem variação conforme o objeto em
estudo. Se considerarmos a escala na arquitetura, ela define a dimensão de uma edificação ou espaço. Já
no urbanismo podemos considerar alguns tipos de escala definidas pelo foco da atuação ou problema
em questão.”
possibilitando assim que se façam análises mais precisas e, consequentemente, propostas mais
adequadas para a área em questão. Por fim, uma terceira forma aborda diferentes percepções da escala
de uma cidade, em que os cidadãos interagem com o espaço urbanos das mais variadas formas, seja
utilizando automóveis, bicicletas ou mesmo caminhando.
2.2.1 Macroescala
Ao se falar em planejamento regional, por óbvio, a escala deverá extrapolar a área urbana de um
único município, sem, entretanto, ignorá-lo. Pode-se dizer que as regiões ao mesmo tempo que
determinam, são também determinadas pelos municípios ou espaços urbanos que as compõem.
Aqui é muito importante figuras como a da região metropolitana e microrregião, criadas para
facilitar e tornar mais eficaz o planejamento urbano de municípios com algum grau de dependência e
proximidade.
modo inequívoco quando, em seu art. 25, parágrafo 3.º, diz ser atribuição dos estados instituir
regiões metropolitanas.
Para que esse modelo funcione, é fundamental a atuação coordenada dos diversos municípios de
uma mesma região metropolitana com a fixação de planos regionais desenvolvidos em conjunto e de
forma coordenada, sob pena de tornar ineficaz o planejamento urbano dessas áreas.
o desafio é que não há uma figura jurídica que seja responsável pela administração de cada
região metropolitana, sendo que a autonomia continua a ser de cada município. Isso cria
entraves quando há interesses distintos, por vezes opostos, entre municípios pertencentes a
uma mesma região metropolitana.
Para evitar esses riscos, é importante que os municípios de uma mesma região metropolitana se
organizem e criem regras claras para o planejamento urbano conjunto e fixação de planos regionais.
Na escala municipal, o gestor público deve levar em consideração o município como um todo,
buscando integrar e potencializar todas as áreas de seu território, sejam elas rurais ou urbanas.
O planejamento urbano municipal, sobretudo quando efetivado por intermédio de Plano Diretor,
deve incorporar as áreas rurais e entender o território municipal como um todo para estabelecer
diretrizes que favoreçam a sinergia entre as dinâmicas de todos os setores da sociedade.
2.2.2 Microescala
A microescala se divide em Escala Urbana, Escala Regional Urbana, Escala Setorial, Escala de Bairro
e Escala de Vizinhança.
O município pode e deve ser analisado e planejado, sobretudo em razão das necessidades
presentes e futuras de seus cidadãos, sendo a visão de longo prazo uma das mais importantes
habilidades que devem ser desenvolvidas pelo gestor público.
Essa capacidade de antever as necessidades da cidade para as próximas décadas é o que diferencia
o grande planejador urbano, e o que possibilita disponibilizar ao cidadão as melhores condições de vida
e trabalho.
possibilita uma maior proximidade para identificação de problemas e necessidades e contato com o
cidadão, bem como uma maior eficiência na fiscalização e implantação das intervenções urbanísticas.
Exemplos de cidades que adotam essa escala podem ser facilmente encontrados por todo o Brasil,
podendo-se citar, a título meramente exemplificativo, os municípios de São Paulo, com suas
subprefeituras, e Curitiba, com suas regionais.
Esse modelo, além de possibilitar uma maior eficiência para o gestor público com relação ao
planejamento, também é de grande utilidade para o cidadão, pois, em geral, facilitam a interação do
indivíduo com serviços públicos, evitando grandes deslocamentos ao oferecer um conjunto de serviços
em local dentro daquela regional.
a escala territorial de bairro permite identificar características comuns dentro daquele espaço.
Fisicamente delimitado por alguma via ou outro limite natural, o bairro possui divisão tanto para
fins administrativos como para provimento de serviços, sendo caracterizado nos Planos
Diretores geralmente pelo uso e ocupação do solo urbano.
Os autores prosseguem dizendo que alguns bairros apresentam características distintas do restante
do município, sendo facilmente identificáveis pela sua tipologia de ocupação ou atividades. No entanto,
outros podem acontecer de forma próxima aos seus bairros limítrofes, o que dificulta a legibilidade e,
por muitas vezes, acaba por confundir a delimitação de seu início e fim, característica própria de uma
escala setorial.
Por fim, Turbay e Cassilha (2022) destacaram ainda que, por pertencerem a distintos zoneamentos,
os bairros estão diretamente relacionados ao valor da terra. Existem bairros de ocupação
exclusivamente residencial, com menor densidade, outros de maior densidade e com ocupações
majoritariamente por edifícios altos, outros de uso exclusivo por indústrias ou comércios.
forma territorial que mais se aproxima do espaço de convívio rotineiro de um habitante inserido
na cidade. Ela pode variar entre o espaço físico de trabalho ou de moradia por exemplo, mas
sua dimensão continua a mesma independente do contexto. Esta escala não possui delimitação
territorial legal pois depende das necessidades de cada habitante, mas se aproxima do
imediatas.
A vizinhança, no sentido utilizado pelos autores, vai além da unidade habitacional do indivíduo, pois
abarca também o espaço público (ruas, praças, parques) em seu entorno.
Jaime Lerner defende a acupuntura urbana, ou seja, um conjunto de ações pontuais que atuam
principalmente na escala urbana com o objetivo de, assim como a técnica milenar chinesa, movimentar
e estimular um local doente e transformá-lo em um local sadio. Os projetos são como as agulhas da
acupuntura e cumprem o papel de transformação do espaço urbano degradado.
Existem diversas formas de conceituar a cidade, de acordo com o enfoque e objetivo que se
pretenda estudar.
Para os fins de nossos estudos, analisaremos a cidade do ponto de vista do planejamento. Pode-se
conceituar a cidade como:
Em suma, a cidade não pode ser entendida meramente como um local em que as pessoas
produzem e comercializam bens, mas sim como o local em que, além de produzir e comercializar,
vivem, interagem das mais variadas formas, como lazer, cultura etc.
Importante ainda é classificar as cidades com relação à sua origem e função. No tocante à origem,
as cidades podem ser classificadas como espontâneas ou planejadas.
as cidades naturais correspondem “às cidades que surgem e se expandem sem um plano
previamente elaborado de urbanização. Desse modo, é comum que suas ruas sigam trajetos
tortuosos ou estreitos, e eventualmente os dois ao mesmo tempo. Por outro lado, é comum que
seus bairros mais novos sejam elaborados dentro de critérios e padrões organizativos,
mostrando diferenças flagrantes. Essa condição urbana abrange a esmagadora maioria das
cidades do mundo, de São Paulo a Nova York, passando por Pequim, Cidade do México etc.
é precedida por um plano prévio, que lhe garante racionalidade organizativa quanto ao uso dos
espaços, com setores bem definidos. Brasília, capital brasileira, e Palmas, no Tocantins, são dois
Com relação à função, classifica-se a cidade em relação aos possíveis papéis econômicos que elas
possam desempenhar, ou seja, sua função urbana. Assim, há espaços preponderantemente dedicados a
uma determinada atividade, como a industrial (cidades ou parque industrial), outros dedicados ao
turismo, negócios, residencial, e assim por diante.
toda e qualquer cidade apresenta os mais variados tipos de espaços, de acordo com a
atividade predominante. Em áreas residenciais, não se encontra muito mais do que um comércio
Como visto na seção sobre cidades, via de regra, estas apresentam diversos tipos de espaço, que
variam de acordo com a atividade que seja preponderante em determinado local. Assim, existem áreas
residenciais, áreas voltadas ao comércio, indústria, ou ainda, o que Scopel et al. denominam Central
Business District (CBD), que constitui uma área central de negócios[5].
Entretanto, esse modelo estanque não basta para atender às sociedades modernas que, ao longo do
século XX, viram de modo geral, em um primeiro momento, um crescente êxodo da zona rural para as
cidades, aumentando de forma exponencial o tamanho e número de habitantes dos centros urbanos e,
mais recentemente, o deslocamento de pessoas de grandes centros para cidades menores, o que levou à
necessidade do planejamento urbano buscar acompanhar essas mudanças, planejando e encontrando
soluções para adequar às cidades a essas novas realidades.
Nesse sentido, Scopel et al. (2020) ensinam que “devido à grande complexidade que o fenômeno
urbano atingiu no mundo contemporâneo, houve uma multiplicação de conceitos relativos à
organização e à vida urbana.”
4.1 CONURBAÇÃO
Um dos fenômenos que mais cresceu ao longo desse período de urbanização acelerada foi o da
conurbação, que, nas palavras de Scopel et al. (2020), “é a denominação dada à junção territorial de
duas ou mais cidades limítrofes até formarem um único núcleo – é comum às pessoas se deslocar de
um município para outro, dentro de uma área conurbada, e sequer notar seus limites.”
Essa situação, bastante comum em grandes centros urbanos como São Paulo e Curitiba, entre
outros, gera problemas de transporte público, coleta e tratamento de lixo etc., o que leva à necessidade
da criação de regiões metropolitanas, que são constituídas por diferentes municípios que buscam se
coordenar e integrar suas políticas públicas de planejamento urbano.
federativas, sejam municípios ou até estados. A esta escala de planejamento urbano se nomeia
de planejamento regional.
Aqui é muito importante o papel da região metropolitana e microrregião, criadas para facilitar e
tornar mais eficaz o planejamento urbano de municípios com algum grau de dependência e
proximidade.
Por fim, existe ainda o fenômeno da junção de várias regiões metropolitanas, que originam as
megalópoles, como a Chipitts (de Chicago a Pittsburgh) ou, no Brasil, a megalópole que vem se
formando entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
No Brasil, como em geral no resto do mundo, assistimos a uma grande alteração no perfil
demográfico com a grande migração de população das zonas rurais para os centros urbanos. Esse
movimento se inicia ainda no século XIX, mas ganhou muita força na segunda metade do século XX,
após a Segunda Guerra Mundial, que ocorreu de 1939 a 1945.
Para Turbay e Cassilha (2020), “a história do urbanismo no século XX foi baseada no crescimento
global da industrialização, especialmente na segunda metade do século.” De fato, no último século, o
mundo assistiu, ainda que em diferentes escalas e em diferente espaço de tempo, a uma alteração
radical do modelo econômico e social, com a transição das sociedades predominantemente agrícolas
para sociedades industriais. Essa alteração do paradigma econômico ocasionou um grande êxodo das
populações que antes viviam a zorna rural e que migraram em grande escala para zona urbana.
É evidente que essa mudança de perfil influenciou diretamente o urbanismo, trazendo novos e
diferentes desafios ao planejador urbano. Para Reinert (2008), em uma sociedade que se “urbaniza”
rapidamente, o planejamento tem sido usado muito mais como ferramenta com a qual se estabelece um
“diagnóstico” e um “tratamento” do que como instrumento do pensamento. Essa metáfora implica que
os planejadores, quase que naturalmente, olhem para o local a ser planejado como um organismo
“doente”, carente de “alopatias” cada vez mais poderosas e eficazes, capazes de possibilitar uma
sobrevida a esse ser “agonizante” a que chamamos cidade. Ou a tratem com medidas preventivas,
supondo que, em algum momento ela estará “doente”.
Segundo Le Corbusier, “fazer um plano é fixar ideias. Para isto é preciso ter tido ideias e a partir daí,
ordenar estas ideias para que se tornem compreensíveis, possíveis e transmissíveis”. Para Reinert
(2008), o urbanismo inovação, inventividade, livre pensar é posto de lado. No entanto, quase tudo que
se pratica atualmente e que é confundido com planejamento urbano, nada mais é do que um conjunto
de estudos com visão setorial e perspectiva específica, dissociado do que acreditamos seja o
planejamento urbano e, mais ainda, do que seja urbanismo.
Essa crítica é especialmente válida no caso do processo de urbanização brasileira, que, de forma
geral, não se deu de forma ordenada, não conseguindo oferecer soluções e planejamento para atender
às necessidades do novo e crescente contingente populacional, o que causa consequências sentidas até
os dias de hoje.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
Vimos a complexidade em definir a cidade. Propomos, então, acessar os links a seguir para, então,
discutir e propor uma definição de cidade e seus limites.
Saiba mais
Vídeos
Saiba mais
Para termos uma ideia na questão da escala no planejamento urbano, recomendamos acessar
o site do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC em dois links que
seguem:
Os dois links exemplificam duas formas de atuar na microescala, ou dentro dos limites do
município.
FINALIZANDO
A expansão urbana coloca as cidades, de maneira geral, em dois grandes grupos de características
distintas: o modelo da cidade contínua de crescimento ilimitado, estruturada segundo a lógica do
transporte e dos corredores de infraestrutura, e o modelo policêntrico, que propõem as cidades-jardim,
com sua forte determinação de limitar o tamanho do urbano.
As cidades, sejam elas contínuas ou policêntricas, entretanto, não conseguem impedir o surgimento
do subúrbio, da “franja marginal” que não se quer, mas que aparentemente não se consegue evitar. A
explicação para esse fenômeno pode estar no fato de que, historicamente, qualquer que seja a corrente
de pensamento, o aglomerado urbano é sempre dividido entre “a cidade” e “seus bairros”. Mas o que é a
cidade? Qual o limite perceptível dessa transição? O que caracteriza a cidade? Quais as diferenças entre
a cidade e o bairro? Essa mesma dúvida persiste na escala regional. Qual a cidade de fato em
contraponto à cidade de direito?
Atualmente, com a globalização, não competem somente países, competem e cooperam muito
mais as cidades. O planejamento e os mecanismos de gestão precisam evoluir a fim de superar a rigidez
derivada da complexidade burocrática que frequentemente limita a capacidade de resposta da
sociedade. Além disso, a transformação econômico-social permanente e cada vez mais acelerada que
atinge a sociedade põe à mostra a grande fragilidade dos planos diretores, normalmente muito ligados
REFERÊNCIAS
[1] FUTURE cities: Urban planners get creative. DW Documentary, 13 nov. 2022. Disponível em:
[2] GONGADZE, S.; MAASSEN, A. Cidade de 15 minutos: a visão de Paris que tem inspirado um
[4] GLOBAL Cities: Introduction. Systems Innovation, 8 out. 2019. Disponível em: <https://www.
[5] WHAT is City | CITIES INSIDE. Urban Observer, 15 jul. 2020. Disponível em: <https://www.