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ARQUITETURA E URBANISMO

Profa. Maria Cristina Romaro


URBANISMO

Definição

Segundo o Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Urbanismo):

“Urbanismo é uma disciplina e atividade técnica relacionada com o estudo, regulação, controle e
planejamento da cidade. Sua definição, porém, varia de acordo com a época e lugar. No entanto,
costuma-se diferenciá-lo da simples ação urbanizadora por parte do homem, de forma a que o
urbanismo esteja associado à idéia de que as cidades são objetos a serem estudados, mais do que
simplesmente trabalhados. Também, entretanto, não é uma disciplina que se confunde com ramos
de outras ciências mais amplas, como a geografia urbana ou a sociologia urbana e o planejamento
urbano.”
E ainda: “Mostra-se, portanto, como uma ciência humana, de caráter multidisciplinar, inserida no
contexto de uma sociedade, em processo de constante crescimento demográfico, e respondendo a
uma forte pressão de civilização e urbanidade, enfrentando suas demandas e problemas. Numa
perspectiva simplista, o urbanismo é a ação de projetar e ordenar espaços construídos. No entanto,
sob um ponto de vista amplo, o urbanismo pode ser entendido também como um conjunto de
práticas e idéias. Portanto, apesar da matéria prima do urbanismo ser a arquitetura, o estudo do
urbanismo dialoga com outras disciplinas, tais como, a ecologia, geologia, geografia e outras
ciências.”

Segundo alguns dicionários, como o http://queconceito.com.br/urbanismo:

“A palavra Urbanismo tem sua origem na palavra latina urbs-urbis, que significa exatamente cidade”
e por isto, pode-se dizer que é uma ciência que “se encarrega da urbanização de uma cidade”.

O termo Urbanismo e o termo Urbanização são conceitos bastante parecidos e se diferenciam


porque:

• o urbanismo está mais associado a idéia de urbanizar


• a definição de urbanização está más ligada a ação.

“O termo urbanismo está definido como o conjunto das questões relativas à arte de edificar uma
cidade”. Ou seja, “é a forma que os profissionais implicados na ação utilizam para expressar sua
maneira de ver a cidade”.

Esse conceito surgiu mais ou menos depois da revolução industrial porque existia a necessidade
de encontrar soluções para arrumar o estado de caos em que se encontravam as cidades na época.
Hoje em dia o planejamento urbano está cada vez mais crescente, devido ao crescimento massivo
das grandes cidades e à necessidade de espaços alternativos que este crescimento demanda. Isto
tem como resultado fatores importantes para resolver, como:

• facilitar o movimento de pessoas nas cidades com o aumento de vias públicas,


• conseguir melhor comunicação entre bairros e espaços adequados, tanto para os tipos
diferentes de transportes como para sua quantidade.

Em geral o urbanismo é a ciência que se ocupa da organização de um espaço urbano,


acompanhando seu desenvolvimento, com o objetivo de buscar a melhor localização para as ruas,
para os edifícios, as instalações públicas de maneira que a população que viva nestes espaços
encontre um lugar agradável e também cômodo e com adequadas condições sanitárias para viver.
Em resumo, o urbanismo estuda as formas de apresentação do espaço urbano e procura caminhos
para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos através das diversas transformações que pode
oferecer a determinado espaço. O urbanismo se refere em realidade a uma linha de construção
urbana, mesmo que esta não esteja planificada.
Por outro lado, outro fator que move a questão urbanística é a especulação dos terrenos na relação
de máximo aproveitamento para obter com isso melhores valores de compra e venda.

O URBANISMO NO BRASIL

No Brasil, o urbanismo só começou a ser efetivamente utilizado a partir do fim do século XIX, quando
foi fundada a cidade de Belo Horizonte, cujo plano começou a ser elaborado em 1894, pelo
engenheiro Aarão Reis, substituído depois por Francisco Bicalho.

Tem estudos também sobre Goiânia, que foi construída para substituir a capital do Estado a antiga e
colonial Vila Boa de Goiás, fundada em 1933, e obedecendo ao plano do arquiteto Attilio Corrêa
Lima, primeiro urbanista formado do Brasil.

Mas o caso mais famoso de urbanismo no Brasil se deu em Brasília, que é o terceiro grande exemplo
brasileiro de cidade projetada. O projeto da atual capital brasileira, escolhido por concurso nacional, é
de autoria do arquiteto Lúcio Costa, cuja obra urbanística foi profundamente influenciada pelas idéias
de Le Corbusier.

LE CORBUSIER

Famoso arquiteto e urbanista, Le Corbusier era Suíço-Francês, já que nasceu na Suíça e se tornou
um cidadão francês em 1930. Além de arquiteto e especialista em planejamento urbano, era também
designer, pintor, escritor e um dos pioneiros do que é chamado hoje de Arquitetura Moderna.

Sua carreira se expandiu por cinco décadas, com seus edifícios construídos ao longo da Europa,
Índia, e América.
Dedicado a fornecer melhores condições de morar para os residentes de cidades lotadas, Le
Corbusier influenciou o planejamento urbano e foi membro fundador do Congrès International
d’architecture moderne (CIAM). Corbusier elaborou o “Master Plan” para a cidade planejada de
Chandigarh, na India, e contribuiu com projetos específicos de vários edifícios no local.

Por muito tempo os oficiais franceses fracassaram em lidar com o crescimento da miséria dos
subúrbios e favelas parisienses, e Le Corbusier buscou maneiras eficientes de abrigar um grande
número de pessoas, em resposta à crise habitacional urbana. Ele acreditou que sua arquitetura, nova
e moderna, proporcionaria uma solução organizacional que aumentaria a qualidade de vida das
classes mais baixas.

A pedido do governo francês, ele desenvolveu uma de suas obras mais famosas, a Unité
D’Habitation, um projeto de habitação em massa, afim de resolver a questão da moradia e da cidade,
tudo num mesmo edifício.

UNITÉ D’HABITATION

O Unité é um bloco maciço situado num ponto elevado em Marselha, França, e foi construído a custo
baixo para o Governo, e barato também para repasse aos moradores.

O mesmo “proporcionaria silêncio, tranquilidade, luz solar, espaço e área verde: um lugar perfeito
para acolher a família”, segundo suas próprias palavras.

Trata-se de um edifício de apartamentos, em concreto aparente, com várias propostas e usos num
mesmo local. Ou seja, por todo o bloco distribuem-se vários espaços de lazer e de convivência,
onde, a meia altura do edifício encontram-se lojas e hotéis. Há também clubes e salas de reuniões, e
no teto-terraço do edifício, localizam-se espaços de recreação.
O edifício foi um grande sucesso e logo incendiou a imaginação de jovens arquitetos em toda a
Europa, já que era a representação mais pura da integração, já que o conceito de juntar tudo num
mesmo edifício, transformaria o mesmo numa comunidade viva. Em outras palavras, o Unité era
mais que um mero lugar pra morar.

Em outras palavras, é a versão mais antiga do conjunto habitacional.


PLANO DIRETOR

O Plano Diretor está definido no Estatuto da Cidade como instrumento básico para orientar a política
de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município.

Não é tarefa fácil construir uma definição do que seja um plano diretor, uma vez que estes têm sido
alvo de diversas definições e conceituações, e suas características têm variado de município para
município.

Percebendo isso, Villaça (1999) enfatiza a falta de uma conceituação amplamente aceita para o que
seja plano diretor, argumentando que não existe um consenso entre os atores envolvidos na sua
elaboração e utilização – engenheiros, urbanistas, empreendedores imobiliários, proprietários
fundiários, etc. – quanto ao que seja exatamente esse instrumento.

Algumas tentativas de definição:

Plano diretor é o Instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a implantação


da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados. (ABNT,
1991)

Seria um plano que, a partir de um diagnóstico científico da realidade física, social, econômica,
política e administrativa da cidade, do município e de sua região, apresentaria um conjunto de
propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e futura organização espacial dos usos do
solo urbano, das redes de infra-estrutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, para a
cidade e para o município, propostas estas definidas para curto, médio e longo prazos, e aprovadas
por lei municipal. (VILLAÇA, 1999, p. 238)

É plano, porque estabelece os objetivos a serem atingidos, o prazo em que estes devem ser
alcançados […], as atividades a serem executadas e quem deve executá-las. É diretor, porque fixa
as diretrizes do desenvolvimento urbano do Município. (SILVA, 1995, p. 124 – grifos no original)

O Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos
agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. (BRASIL, 2002, p. 40).

Pessoalmente, me agrada mais esta última definição, introduzida após a aprovação do Estatuto da
Cidade e obedecendo aos seus princípios. Segundo a definição adotada, o plano diretor deve ser um
instrumento que orienta todas as ações concretas de intervenção sobre o território,
independentemente do fato dessas ações serem levadas a cabo pelos indivíduos, pelas empresas,
pelo setor público ou por qualquer outro tipo de agente.

Portanto:

Plano diretor é um documento que sintetiza e torna explícitos os objetivos consensuados para o
Município e estabelece princípios, diretrizes e normas a serem utilizadas como base para que as
decisões dos atores envolvidos no processo de desenvolvimento urbano convirjam, tanto quanto
possível, na direção desses objetivos. (SABOYA, 2007, p. 39)

Dizer que o plano é um documento significa que ele deve ser explicitado, ou seja, não pode ficar
implícito. Ele precisa ser formalizado e, no caso do Brasil, essa formalização inclui a aprovação de
uma lei do plano diretor na Câmara.

Em segundo lugar, o plano deve explicitar os objetivos para o desenvolvimento urbano do Município.
Quando se deseja planejar algo, um elemento fundamental é poder responder à pergunta: “O que eu
quero?” ou: “O que nós queremos?”. Esses objetivos não são “dados”, ou seja, não estão definidos a
priori. Eles precisam ser discutidos democraticamente e consensuados de alguma maneira. A
diversidade das cidades faz com que seja normal a existência de objetivos conflitantes e, por isso,
discutir sobre os objetivos pode ajudar a encontrar soluções que contemplem mais de um ponto de
vista.
Para poder planejar é preciso saber aonde se quer ir. O plano diretor deverá definir o caminho a ser
seguido.

Através do estabelecimento de princípios, diretrizes e normas, o plano deve fornecer orientações


para as ações que, de alguma maneira, influenciam no desenvolvimento urbano. Essas ações podem
ser desde a abertura de uma nova avenida, até a construção de uma nova residência, ou a
implantação de uma estação de tratamento de esgoto, ou a reurbanização de uma favela. Essas
ações, no seu conjunto, definem o desenvolvimento da cidade, portanto é necessário que elas sejam
orientadas segundo uma estratégia mais ampla, para que todas possam trabalhar (na medida do
possível) em conjunto na direção dos objetivos consensuados.

ZONEAMENTO

Zoneamento é um conceito da área do urbanismo, que significa zonear, ou seja, separar uma
cidade por zonas específicas, de acordo com as atividades existentes em cada uma delas.
O zoneamento começou a ficar mais popular como ferramenta de planejamento urbano durante o
século XX, onde começaram a ser aplicadas leis que regulavam a utilização dos espaços urbanos.

Uma zona designada como residencial tem por objetivo a construção de edifícios que sejam casas
de pessoas. Uma zona comercial é um local onde é possível encontrar lojas e uma zona industrial é
caracterizada por possuir instalações que funcionam como fábricas, etc. Uma zona classificada
como mista é aquela que pode ser usada para mais de um fim.

Existem vários tipos de zoneamento, como o zoneamento ambiental, zoneamento agrícola, ou


etnozoneamento, instrumento da PNGATI (Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de
Terras Indígenas) instituído em 2012, entre outros.

O zoneamento é um instrumento importante, já que impões limites às iniciativas privadas ou


individuais, mas não deve ser o único. É importante também que estratégias de atuação sejam
definidas para as ações do Poder Público, já que essas ações são fundamentais para qualquer
cidade. A escolha do local de abertura de uma via, por exemplo, pode modificar toda a acessibilidade
de uma área e, por conseqüência, seu valor imobiliário.

Outros exemplos de diretrizes podem ser vistos no artigo Planos Diretores como instrumento de
orientação das ações de desenvolvimento urbano. O importante é que o plano defina o caminho, que
seja capaz de direcionar as iniciativas isoladas para que, no conjunto, o todo seja maior que a soma
das partes.

ESTATUTO DA CIDADE, Lei 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001

“...Na execução da política urbana, de que tratam os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, será
aplicado o previsto nesta Lei.”

“...Para todos os efeitos, esta Lei estabelece normas de ordem pública e interesse social que
regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.”

“...A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e da propriedade urbana, mediante algumas diretrizes gerais...”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NB 1350 - Normas para elaboração de plano


diretor. Rio de Janeiro, 1991.

BRASIL. Estatuto da Cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos. 2 ed. Brasília:
Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002.
SABOYA, Renato. Concepção de um sistema de suporte à elaboração de planos diretores
participativos. 2007. Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia
Civil – Universidade Federal de Santa Catarina.

SILVA, José Afonso. Direito urbanístico brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1995.

VILLAÇA, Flávio. Dilemas do Plano Diretor. In: CEPAM. O município no século XXI: cenários e
perspectivas. São Paulo: Fundação Prefeito Faria Lima – Cepam, 1999. p. 237 – 247.

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