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Contabilidade | Marcelo Adriano

Depreciação, Exaustão e Amortização

1. Introdução
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os
seguintes critérios:

(...)

§ 2o A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e


intangível será registrada periodicamente nas contas de:

a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm


por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação
da natureza ou obsolescência;

b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado


na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer
outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam
bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado;

c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua


exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou
bens aplicados nessa exploração.

2. Depreciação
A depreciação assim está prevista na Lei 6.404/76:

Art. 183. § 2o A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado


e intangível será registrada periodicamente nas contas de: (Redação dada
pela Lei nº 11.941, de 2009)

a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que


têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por
uso, ação da natureza ou obsolescência;

1) Conceito

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Desvalorização de bens tangíveis. É a perda de valor por parte dos bens


corpóreos que sofram ação de fatores como uso, ação da natureza,
obsolescência.
É a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da
sua vida útil. Cada componente de um item do ativo imobilizado com custo
significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciado
separadamente.
Segundo o CPC 27, depreciação é a alocação sistemática do valor
depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil.

2) Elementos patrimoniais depreciáveis


Em regra, estão passíveis de depreciação os bens do ativo imobilizado,
segundo previsão legal. Apesar da previsão legal só contemplar o
imobilizado, é possível a depreciação e bens de renda classificados no
subgrupo de Investimentos do Ativo Não Circulante que estejam sujeitos
aos fatores de desvalorização citados acima, como os imóveis de aluguel.
A Receita Federal do Brasil esclarece que podem ser objeto de
depreciação todos os bens físicos sujeitos a desgaste pelo uso, por causas
naturais, obsolescência normal, inclusive edifícios e construções, bem como
projetos florestais destinados à exploração dos respectivos frutos (para
projetos florestais vide PN CST 18/79). A partir de 01/01/96 somente
passou a ser admitida, para fins de apuração do lucro real, a despesa de
depreciação de bens móveis ou imóveis que estejam intrinsecamente
relacionados com a produção ou comercialização de bens e serviços objeto
da atividade empresarial (RIR/99, art. 305 e 307 e IN SRF nº 11/96, art. 25)1.

3) Período de depreciação
Segundo o CPC 27, a depreciação do ativo se inicia quando este está
disponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição de
funcionamento na forma pretendida pela administração. A depreciação de
um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido
para venda (ou incluído em um grupo de ativos classificado como mantido
para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante Mantido

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para Venda e Operação Descontinuada) ou, ainda, na data em que o ativo


é baixado, o que ocorrer primeiro.
Os seguintes fatores são considerados na determinação da vida útil de
um ativo:
Uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou
produção física esperadas do ativo;
(a) Desgaste físico normal esperado, que depende de fatores
operacionais tais como o número de turnos durante os quais o
ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o
cuidado e a manutenção do ativo enquanto estiver ocioso;
(b) Obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou
melhorias na produção, ou de mudança na demanda do mercado
para o produto ou serviço derivado do ativo;
(c) Limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas
de término dos contratos de arrendamento mercantil relativos ao
ativo.
4) Contabilização
A contabilização da depreciação faz reduzir o Ativo sem o surgimento
de outro ativo ou desaparecimento de um Passivo, ambos proporcionais e
relacionados. Bem, esse registro vai provocar então uma redução na
Situação Líquida. Vimos que todo fato que reduz a situação líquida
podemos chamar de despesa, então no registro de fato contábil teremos:
Despesa com Depreciação
A Depreciação Acumulada
Segundo o CPC 27, a despesa de depreciação de cada período deve ser
reconhecida no resultado a menos que seja incluída no valor contábil de
outro ativo.

5) Valor depreciável (Base De Cálculo)


Segundo o CPC 27, valor depreciável de um ativo é determinado após a
dedução de seu valor residual.

Mas o que vem a ser valor residual?

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Valor residual equivale ao valor que o bem poderá ser alienado após
ser totalmente depreciado, é valor de realização. Se esse valor for
diferente de zero, entrará subtraindo no cômputo da base de cálculo.

Segundo CPC 27, valor residual de um ativo é o valor estimado que a


entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas
de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim
de sua vida útil.
Vida útil é:
(a) O período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo;
ou
(b) O número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que
a entidade espera obter pela utilização do ativo.
É importante ficar atento ao fato de que o valor residual de um ativo
pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor
residual subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil, ou seja, o
valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e
da perda por redução ao valor recuperável acumuladas.

6) Métodos de depreciação
a) Método das Quotas Constantes, Método Linear ou Método da
Linha Reta
A depreciação pelo método linear resulta em despesa constante durante
a vida útil do ativo, caso o seu valor residual não se altere. Nesse método
a depreciação acumulada é diretamente proporcional ao tempo, podendo
ser utilizado de duas formas distintas.
 Taxa constante sobre o valor depreciado; ou
 Divisão do valor a ser depreciado pelo tempo de vida útil.
As taxas utilizadas para aplicação desse método geralmente são as
seguintes:
 Edifícios 25 anos (4%)
 Máquinas e Equipamentos 10 anos (10%)
 Instalações 10 anos (10%)
 Móveis e Utensílios 10 anos (10%)
 Veículos 5 anos (20%)

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 Bens de Informática 5 anos (20%)


As taxas de depreciação apresentadas são taxas máximas, é lógico que,
se a empresa desejar, poderá utilizar taxar menores. Vejamos o seguinte
exemplo:
Depreciação um veículo, cuja base de cálculo para depreciação é 10.000
e quatro anos de vida útil.
Basta dividir o valor da base de cálculo da depreciação e encontrar o
valor que será depreciado a cada ano.
10.000/4=2.500, ou seja, 25% ao ano.

b) Método da Soma dos Dígitos ou Método de Cole


Por esse método as parcelas a serem depreciadas a cada ano são
calculadas conforme se multiplica o valor da base de cálculo pela fração
cujo numerador será o ano de depreciação e o denominador a soma dos
números inteiros de n até 1, onde n é o tempo de vida útil do bem a ser
depreciado. Assim a cada ano o valor a ser depreciado será diferente.
Vejamos o seguinte exemplo.
Depreciação um veículo, cuja base de cálculo para depreciação é 10.000
e quatro anos de vida útil.
Para tanto, basta multiplicar a base de cálculo pelas frações formadas
pelos numeradores 1, 2, 3 e 4, e pelo denominador 10 (1+2+3+4).
A questão é que existem duas variações desse método, crescente e
decrescente. Vejamos cada uma delas:

Crescente Decrescente
1º ano: 10.000*1/10 = 1000 (10%) 1º ano: 10.000*4/10 = 4000
2º ano: 10.000*2/10 = 2000 (20%) (40%)
3º ano: 10.000*3/10 = 3000 (30%) 2º ano: 10.000*3/10 = 3000
(30%)
4º ano: 10.000*4/10 = 4000 (40%)
3º ano: 10.000*2/10 = 2000
(20%)
4º ano: 10.000*1/10 = 1000
(10%)
Total 10.000 Total 10.000
c) Método das unidades produzidas

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Por esse método a taxa de depreciação é estipulada levando-se em


conta o número de unidades produzidas pelo bem que será depreciado
durante seu tempo de vida útil.
Primeiramente deve-se calcular (estimar) a vida útil do bem que será
depreciado tendo como parâmetro a quantidade máxima que esse bem
poderá produzir. Assim o parâmetro agora não é mais o tempo e sim a
produção em quantidade. A medida que o bem depreciável produz,
calcula-se o valor da depreciação de forma proporcional à quantidade que
foi produzida. Vejamos o seguinte exemplo:
Suponhamos que uma determinada máquina com capacidade máxima
estimada para processar 50.000 unidades de um determinado produto.
Considerando que o primeiro mês de operação tenha produzido 200
unidades, veja como calcularemos a taxa de depreciação do respectivo
período:
200 = 0,4% de 50.000

7) Tipos de depreciação
a) Depreciação Normal
Aplicada quando o bem depreciado for empregado um turno de 8 horas
diárias, sendo o cálculo realizado com base na taxa normal de depreciação;
b) Depreciação Acelerada
Aplicada quando o bem for utilizado em mais de turno de 8 horas diárias,
devendo a taxa normal de depreciação do bem ser multiplicada por um
coeficiente, conforme abaixo:
Segundo a Receita Federal, no que concerne aos bens móveis poderão
ser adotados, em função do número de horas diárias de operação, os
seguintes coeficientes de depreciação acelerada sobre as taxas
normalmente utilizáveis (RIR/1999, art. 312):
1,0 – para um turno de 8 horas de operação;
1,5 – para dois turnos de 8 horas de operação;
2,0 – para três turnos de 8 horas de operação;

Contábil mente, pode-se utilizar coeficientes de multiplicação


diretamente proporcional à quantidade de turnos trabalhados, ou seja, 1
para um turno de oito horas, 2 para dois turnos e 3 para três turnos. Porém

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os valores encontrados não serão aceitos pelo Fisco no momento do


cálculo do Imposto de Renda devido. Assim o que exceder aos valores
determinados pelo RIR/99 deverão ser adicionados à base de cálculo do
Imposto de Renda.

Assim, voltando aos exemplos anteriores, para calcular as depreciações


aceleradas em todos os casos basta calcular os valores pelos índices acima,
conforme o número de turnos de oito horas que o bem está sendo
utilizado.
c) Depreciação Acelerada incentivada
Com o fim de incentivar a renovação e modernização de instalações e
equipamentos, é autorizada a depreciação acelerada incentivada
considerada como benefício fiscal e reconhecida, apenas, pela legislação
tributária para fins da apuração do lucro real, sendo registrada no LALUR,
sem qualquer lançamento contábil (RIR/1999, art. 313).
Nesse tipo de depreciação o bem não depreciado em função de um
desgaste físico, mas em função do benefício fiscal para implantação,
renovação ou modernização. Para tanto determinadas empresas poderão
adotar coeficientes de depreciação acelerada por um determinado período
na forma de incentivo fiscal.
Os valores registrados deverão, a qualquer tempo, ser comprovados por
documentação idônea, que deverá estar à disposição da fiscalização da
Secretaria da Receita Federal (Lei nº 10.637, de 2002, art. 40, § 2º).
O benefício será utilizado da seguinte forma, de acordo com o RIR/1999,
art. 313:
(a) Na escrituração comercial será registrado o encargo de
depreciação normal, calculado pela aplicação da taxa usualmente
admitida;
(b) A quota de depreciação acelerada incentivada, correspondente ao
benefício fiscal, constituirá exclusão do lucro líquido na apuração
do lucro real, devendo ser escriturada diretamente, como exclusão
na parte a, e controle na parte b no LALUR;
(c) O total da depreciação acumulada, incluindo a normal e a
acelerada, não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem
registrado contabilmente;
(d) A partir do período de apuração em que a soma da depreciação
contábil mais a depreciação acelerada incentivada atingir a

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importância total do bem registrado contabilmente, item "c"


anterior, o valor da depreciação normal, registrado na escrituração
comercial que continuar a ser reconhecido contabilmente, deverá
ser adicionado ao lucro líquido para efeito de determinação do
lucro real, com a concomitante baixa desse valor na conta de
controle da parte b do LALUR.

8) Depreciação de bens adquiridos usados


Em relação a bens adquiridos usados, o prazo para depreciação terá por
base um dos dois parâmetros abaixo, sendo escolhido o maior:
1. Metade da vida útil do bem adquirido novo; e
2. Restante da vida útil, considerada em relação à primeira instalação
para utilização do bem.

9) Depreciação de bens aplicados na exploração mineral ou


florestal
A lei estabelece que os bens aplicados na exploração mineral ou florestal
estarão sujeitos à exaustão. Porém, é possível a depreciação destes bens,
e, novamente segundo a Receita Federal do Brasil, a quota de depreciação
registrável em cada período-base, de bens aplicados exclusivamente na
exploração de minas, jazidas e florestas, cujo período de exploração total
seja inferior ao tempo de vida útil desses bens, poderá ser determinada,
opcionalmente, em função do prazo da concessão ou do contrato de
exploração ou, ainda, do volume da produção de cada período de apuração
e sua relação com a possança conhecida da mina ou a dimensão da floresta
explorada, RIR/99, art. 309, § 3º.

10) Depreciação em caso de conjunto de instalação ou


equipamentos
Quando o registro do imobilizado for feito por conjunto de instalação
ou equipamentos, sem especificação suficiente para permitir aplicar as
diferentes taxas de depreciação de acordo com a natureza do bem, e o
contribuinte não tiver elementos para justificar as taxas médias adotadas
para o conjunto, será obrigado a utilizar as taxas aplicáveis aos bens de
maior vida útil que integrem o conjunto, RIR/99, art. 310, § 3º.

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11) Depreciação de edificações


Somente os edifícios e construções alugados, quando este for o objeto
social, ou utilizados pela pessoa jurídica na produção dos seus rendimentos
podem ser objeto de depreciação. Quando o valor do terreno não estiver
separado do valor da edificação que sobre ele existir deve ser
providenciado o respectivo destaque para que seja admitida dedução da
depreciação do valor da construção ou edifício. Para isso, o contribuinte
poderá servir-se de laudo pericial para determinar que parcela do valor
contabilizado que corresponde ao valor do edifício ou construção,
aplicando, sobre esta, o coeficiente de depreciação efetivamente
suportado, limitado, para efeito tributário, ao admitido para essa espécie
de bem (PN CST nº 14, de 1972).

12) Apropriação da depreciação


A apropriação da depreciação deve ser feita mês a mês dividindo-se a
taxa anual por 12.

13) Vedações
De acordo com o RIR/99, art. 307, parágrafo único e seus incisos, não
será admitida quota de depreciação relativamente a:
a) terrenos, salvo em relação aos melhoramentos ou construções;
b) prédios ou construções não alugadas nem utilizados pelo proprietário
na produção dos seus rendimentos, bem como destinados à revenda;
c) bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras
de arte e antiguidade;
d) bens para os quais seja registrada quota de exaustão.

14) Valor contábil


Segundo CPC 27, valor contábil é o valor pelo qual um ativo é
reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por redução ao
valor recuperável acumuladas.

15) Valor depreciável

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Segundo CPC 27, valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor


que substitua o custo, menos o seu valor residual.

3. Exaustão
1) Conceito
Em termos contábeis, a exaustão se relaciona com a perda de valor dos
bens ou direitos do ativo, ao longo do tempo, decorrentes de sua
exploração (extração ou aproveitamento).

A exaustão também é uma conta representativa de perda de valor por um


bem. Porém, diferente da depreciação, a exaustão se refere a perda de valor
aplicado na aquisição de direitos de exploração de recursos naturais, em
virtude de exploração.

2) Base de cálculo
A base de cálculo para a exaustão poderá ser determinada por dois
critérios:
1) A quantidade de recursos extraídos em relação à possança
conhecida;
2) Prazo de concessão
Quando o prazo de exploração for menos que o tempo requerido para
o esgotamento dos recursos.

3) Contabilização
A contabilização da exaustão ocorre de forma parecida com a
depreciação:
Despesa com Exaustão
A Exaustão Acumulada

4) Exaustão de Recursos Minerais


Vejamos a contabilização da exaustão de recursos minerais segundo as
segundo os dois critérios.
1. A quantidade de recursos extraídos em relação à poupança
conhecida

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Para se chegar ao valor que será registrado como exaustão basta calcular
o valor do que foi extraído com base na quantidade adquirida pelo valor
de aquisição.
Por exemplo

Custo da Concessão = R$ 100.000

Possança Conhecida = 50.000 m3

Produção do Ano = 1.000 m3

Taxa de Exaustão Anual = 1.000/50.000 ou 1/50 anos = 2% ao ano

Despesa de Exaustão Anual = 2% x 100.000 = R$ 2.000.

Se por algum motivo a produção aumentar ou diminuir, a despesa com


exaustão aumentará ou diminuirá proporcionalmente.

2. Prazo de concessão
O parâmetro agora muda, sendo o tempo o fator determinante e não
mais a quantidade extraída.
Voltemos ao mesmo exemplo:
Custo da Concessão = R$ 100.000

Prazo para concessão= 20 anos

Produção do Ano = 1.000 m3

Taxa de Exaustão Anual = 1/20 = 5% ao ano

Despesa de Exaustão Anual = 5% x 100.000 = R$ 5.000.


Percebam que agora o parâmetro para se determinar a exaustão é o
tempo e não mais a quantidade extraída.

Quando houver a conjugação dos dois fatores, tempo e possança, leva-


se em consideração aquele que terminar primeiro.

5) Exaustão de Recursos florestais


De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda, só haverá
exaustão de recursos florestais quando o esgotamento dos recursos estiver

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previsto para terminar antes do término do prazo contratual ou quando o


prazo de exploração de recursos for indeterminado.
No caso de recursos florestais, podem ocorrer três hipóteses:
1) Se o esgotamento dos recursos florestais ocorrerem antes do prazo
de concessão ou ainda se esse prazo for indeterminado para
exploração.
Nessa situação contabiliza-se a exaustão em função do exaurimento
dos recursos florestais
2) Prazo contratual inferior ao período previsto para o esgotamento dos
recursos florestais.
Nessa situação contabiliza-se a amortização e não a exaustão, já que
a perda de valor será em função do tempo e não propriamente dos
recursos naturais.
3) Quando o que for explorado forem os frutos.
Será contabilizada a depreciação, levando-se em conta o prazo de
produção das plantas (vida útil), desde que não haja prazo para
exploração inferior.

4) Amortização
1) Conceito
Segundo o CPC 042, amortização é a alocação sistemática do valor
amortizável de ativo intangível ao longo da sua vida útil.
Segundo a alínea “b” do § 2º do art. 183, diminuição do valor dos
elementos do ativo intangível será registrada periodicamente nas contas
de amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado
na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer
outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto
sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.

2) Base de cálculo
Segundo o CPC 04, a contabilização de ativo intangível baseia-se na sua
vida útil. Um ativo intangível com vida útil definida deve ser amortizado,

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enquanto a de um ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser
amortizado.
O termo “indefinida” não significa “infinita”. A vida útil de ativo intangível
deve levar em consideração apenas a manutenção futura exigida para
mantê-lo no nível de desempenho avaliado no momento da estimativa da
sua vida útil e capacidade e intenção da entidade para atingir tal nível. A
conclusão de que a vida útil de ativo intangível é indefinida não deve estar
fundamentada em uma previsão de gastos futuros superiores ao necessário
para mantê-lo nesse nível de desempenho.
Assim, O valor dos bens intangíveis, em alguns casos, pode decorrer,
entre outros fatores, do prazo para exploração. Tais prazos decorrerão de:

3) Lei que regule o direito sobre os bens incorpóreos


Reza a constituição: “a lei assegurará aos autores de inventos industriais
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País”;
As patentes sobre inventos, tem o tempo de sua exploração definidas
em lei e o direito de exploração pode ser alienada pelo inventor.

4) Fixado em contrato
Os contratos de concessão de serviços públicos estipulam prazos para
que se exerça o direito de exploração de tais serviços. Se o contrato permitir
a transferência desse direito de exploração a outra pessoa, ele poderá ser
alienado e seguirá a regra anterior.
A amortização pode ser determinada pelas características do bem, quando,
por sua própria natureza, a ação do tempo provoca a perda de valor pela
limitação da duração ou a pela sua obsolescência.
Exemplo desse tipo de bem são os programas de computador que tem
duração limitada pela obsolescência.

5) Contabilização
O tratamento dado a esse tipo de bem é parecido com os bens do
subgrupo imobilizado, só que ao invés de se utilizar como o desgaste ou a

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extração, como ocorre com a depreciação e a exaustão, a base será o


tempo de utilização do bem, e essa redução sistemática de valor será
denominada amortização.

A taxa de amortização é função do número de exercícios sociais em


que deverão ser usufruídos os benefícios das despesas diferidas.

Imaginemos que uma empresa que adquire uma marca com o fim de
explorá-la por 10 anos, pagando 10.000 por esse ativo intangível.
Passado o primeiro ano a empresa deverá registrar a perda de valor
proporcional ao tempo transcorrido dessa forma:
Despesa com amortização
A Amortização acumulada...........................................1.000.

6) Período e método de amortização


Segundo o CPC 04, o valor amortizável de ativo intangível com vida útil
definida deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil
estimada. A amortização deve ser iniciada a partir do momento em que o
ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando se encontrar no local e
nas condições necessários para que possa funcionar da maneira pretendida
pela administração.

Existem outros métodos de amortização de ativos, por exemplo:


Uma das formas de cálculo da amortização de ativos especiais é o
método da efetiva utilização. Para a apuração da quota de amortização,
utiliza-se, no numerador, a receita efetivamente auferida no período em
questão e, no denominador, a receita total estimada a ser auferida ao
longo da vida útil do referido ativo.

 Valor residual
Deve-se presumir que o valor residual de ativo intangível com vida útil
definida é zero, a não ser que:
1) Haja compromisso de terceiros para comprar o ativo ao final da
sua vida útil; ou
2) Exista mercado ativo para ele e:
I. O valor residual possa ser determinado em relação a esse
mercado; e

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II. Seja provável que esse mercado continuará a existir ao final


da vida útil do ativo.
O valor residual de ativo intangível pode ser aumentado. A despesa de
amortização de ativo intangível será zero enquanto o valor residual
subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil.

7) Revisão do período e do método de amortização


O período e o método de amortização de ativo intangível com vida útil
definida devem ser revisados pelo menos ao final de cada exercício. Caso
a vida útil prevista do ativo seja diferente de estimativas anteriores, o prazo
de amortização deve ser devidamente alterado. Se houver alteração no
padrão de consumo previsto, o método de amortização deve ser alterado
para refletir essa mudança. Tais mudanças devem ser registradas como
mudanças nas estimativas contábeis, de acordo com a NBC TG 23 –
Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.
Ao longo da vida de ativo intangível, pode ficar evidente que a estimativa
de sua vida útil é inadequada. Por exemplo, o reconhecimento de prejuízo
por perda de valor pode indicar que o prazo de amortização deve ser
alterado.

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