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CONTABILIDADE BRASILEIRA
AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
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TEMA 1 – REQUISITOS BÁSICOS PARA RECONHECIMENTO CONTÁBIL
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Quadro 1 – Exemplo de relações contratuais
Eventos Formalização/Contratos
Uma ou mais pessoas decidem
abrir um negócio ou entidade. Um contrato Social ou um formulário de empresário
Para isso, é necessário individual ou Estatuto Social ou outros documentos.
formalizar:
Legalizar a empresa juntos aos órgãos competentes,
Formalizando o contrato, como: junta comercial da região, sistema da Receita
expressando os direitos e Federal para obter o CNPJ (Cadastro Nacional de
obrigações do sócio ou das Pessoa Jurídica, na Receita Estadual para obter a
partes, precisa: Inscrição Estadual, na prefeitura para obter licença de
funcionamento (Alvará) e demais órgãos pertinentes.
Observe quanta formalização é necessária, e a empresa ainda não entrou em operação.
Ao entrar em operação:
são formalizados muitos outros contratos, por exemplo, se for uma empresa do
comércio:
ao adquirir mercadorias para revenda o faz mediante negociação com fornecedores,
mediante nota fiscal de compra,
ao vender essas mercadorias, emite nota fiscal de venda para seus clientes,
ao contratar funcionários deve registrar na carteira de trabalho. Ao pagar os
funcionários, fornece o recibo de pagamento (holerite).
ao abrir conta no banco, o faz mediante contrato de prestação de serviços.
ao pagar seus impostos, o faz mediante emissão de guias de pagamentos de
impostos e formaliza os valores devidos nos respectivos órgãos governamentais.
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Porque somente os eventos econômicos e financeiros da entidade
podem ser atribuídos a ela. Observa-se aqui o princípio da entidade; o patrimônio
e despesas do sócio não devem se misturar com a da entidade e características
como a representação fidedigna do patrimônio da entidade, a capacidade de
verificação. Lembrando que as demonstrações contábeis devem ser elaboradas
de acordo com as normas e bases de reconhecimento confiáveis.
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Figura 1 – Escrituração contábil
f) A estruturação de cada relatório contábil para atender aos principais objetivos dos
usuários da informação contábil.
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Por exemplo, quando uma empresa realiza uma transação de venda a
prazo. Essa transação é o fato gerador da receita de vendas da empresa e o
reconhecimento do direito de receber do cliente por ter sido realizada a prazo.
O fato gerador pode ser registrado contabilmente, levando em
consideração dois momentos:
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atividades no dia 1 de dezembro de X1. Nesse período, foram identificadas as
seguintes transações:
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BALANÇO PATRIMONIAL X1
EMPRESA EXEMPLO LTDA
ATIVO R$ PASSIVO R$
Estoques
Fornecedores a pagar 1.600,00
Mercadorias para revenda 1.600
TOTAL DO ATIVO 1.600 TOTAL DO PASSIVO + PL 1.600
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO X1
EMPRESA EXEMPLO LTDA
Receita de Venda R$ 3.000,00
(-) custo das mercadorias vendidas R$ 1.600,00
(=) Lucro do período R$ 1.400,00
Custos e
Resultado Receitas
despesas
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Veja agora os efeitos dessa venda registrada pelo regime de
competência no patrimônio da empresa.
BALANÇO PATRIMONIAL X1
EMPRESA EXEMPLO LTDA
ATIVO R$ PASSIVO R$
Duplicatas a receber de clientes 3.000,00 Fornecedores a pagar 1.600,00
Mercadorias para revenda
0,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL)
(estoques)
Lucro do período 1400,00
No passivo:
No Patrimônio Líquido
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Como o fato gerador das despesas, ou seja, os dias trabalhados
ocorreram em dezembro X1, pelo regime de competência, as despesas de
Salários e encargos trabalhistas devem ser contabilizadas no período a que
pertencem, ou seja, em dezembro de X1.
Assim, a demonstração do resultado contemplaria também essa despesa:
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO X1
EMPRESA EXEMPLO LTDA
RECEITA DE VENDA R$ 3.000,00
(-) custo das mercadorias vendida R$ 1.600,00
(=) LUCRO BRUTO R$ 1.400,00
(-) Despesas de Salários e encargos trabalhistas R$ 1.045,00
(=) LUCRO DO PERÍODO R$ 355,00
BALANÇO PATRIMONIAL X1
EMPRESA EXEMPLO LTDA
ATIVO R$ PASSIVO R$
Duplicatas a receber de clientes 3.000,00 Fornecedores a pagar 1.600,00
Salários e ordenados a pagar 1.045,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL)
Lucro do período 355,00
TOTAL DO ATIVO 3.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 3.000,00
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fins lucrativos, tais como igrejas, clubes, sociedades filantrópicas etc. e apuração
fiscal de microempresas.
Assim, entende-se que o regime de caixa privilegia o momento financeiro,
como as entradas e saídas de dinheiro do caixa como parâmetro de apuração
de resultados, reconhecendo:
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exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista (regime de caixa)
durante esse período.
Em suma, o regime de caixa não é recomendado pelas normas, pois sua
adoção dificulta os controles, como de contas a pagar ou a receber, e não
representa, de forma fidedigna, a situação patrimonial da empresa.
O Quadro 2 apresenta alguns exemplos de eventos e momentos
contábeis comuns na operacionalização dos negócios das entidades de acordo
com os referidos regimes de escrituração contábil.
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Figura 3 – Definição de ativos
ATIVO
• é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado
de eventos passados.
•RECURSO ECONÔMICO: é um direito que tem o potencial de produzir
benefícios econômicos.
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Via de regra, todo elemento, para ser classificado como ativo, deve
carregar consigo o potencial de produzir benefícios econômicos para a entidade.
Por exemplo:
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Para responder a essa pergunta, deve-se primeiramente verificar como a
norma trata o ativo em questão. As perdas estimadas de clientes são tratadas
pelo pronunciamento técnico, CPC 48 (item 5.5.15):
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demonstrações contábeis, mais especificamente em notas explicativas, em
quadros complementares.
Veja o exemplo de nota explicativa da empresa natura, na qual é
informado o não reconhecimento de ativos nas Demonstrações Contábeis e de
processos que tramitam na justiça, pois não se identificou a probabilidade de
benefícios para a entidade.
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deve ser, entretanto, divulgada nas notas explicativas ou nos quadros
suplementares (Adriano, 2013, p. 57).
Em termos gerais, a confiabilidade pode ser definida como o resultado da
aplicação da base de mensuração de ativo ou passivo e as correspondentes
receitas e despesas (CPC 00, R2 2019). Um dos principais objetivos da
contabilidade é gerar informações que sejam confiáveis, relevantes e úteis para
a tomada de decisão. Para isso, o reconhecimento de um item, para ser
mensurado com confiabilidade, deve possuir custo ou valor (Gelbcke et al.,
2018).
O custo ou valor de um elemento, em alguns casos, precisa ser estimado,
e nesse caso, é necessário analisar o tipo de item para verificar quais bases de
mensuração de valor podem ser aplicáveis. Os estoques, por exemplo, podem
ser mensurados pelos seus custos de transformação (no caso de uma indústria),
ou pelo valor de custo de aquisição e valor de mercado (custo de reposição).
Vamos estudar esse assunto em outras aulas. O uso de estimativas pode ser
aplicado, desde que não comprometa a relevância e a confiabilidade da
informação.
No entanto, quando não for possível fazer uma estimativa razoável de
custo ou valor, ou seja, não é possível analisar a probabilidade de entrada ou
saída de recursos econômicos do caixa da empresa, o item não deve ser
reconhecido no balanço ou demonstração do resultado, deve ser informado
somente em notas explicativas.
Por exemplo: o valor que se espera receber de uma ação judicial pode se
enquadrar nas definições tanto de ativo quanto de receita, assim como nos
critérios probabilísticos exigidos para reconhecimento.
Todavia, se não é possível mensurar com confiabilidade o montante
(valor) que será recebido, este não deve ser reconhecido como ativo ou receita.
A existência da reclamação deve ser, entretanto, divulgada nas notas
explicativas ou nos quadros suplementares (Gelbcke et al., 2018, p. 37).
Os requisitos básicos para a escrituração contábil consistem na
identificação de dois critérios, a probabilidade de benefícios econômicos futuros
e confiabilidade na mensuração. Caso não atenda, somente deve ser informado
em notas explicativas.
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Figura 4 – Síntese
Saiba mais
A característica qualitativa confiabilidade foi redenominada na estrutura
conceitual (CPC 00, R2, 2019) como representação fidedigna e é amplamente
explorada nas bases de mensuração, que serão estudadas em outras aulas.
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Figura 5 – Capital financeiro e físico
CAPITAL FÍSICO
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Quadro 3 – Conceitos de manutenção de capital
Figura 6 – Equação 1
Patrimônio Patrimônio
Líquido Líquido Resultado
Final Inicial
Figura 7 – Equação 2
Produção Produção
Resultado
Final Inicial
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Esse conceito é consistente com o princípio da continuidade e reconhece
a necessidade de a empresa efetuar a reposição de seus ativos em valores
correntes (Santos, 1994), sem a necessidade de buscar capital financeiro
externo para se manter. Parte do pressuposto que uma entidade deve ser
autossuficiente para se manter em continuidade.
Para o CPC 00 (R2, 2019), a diferença principal entre os dois conceitos
de manutenção de capital é o tratamento dos efeitos das mudanças nos preços
dos ativos e passivos da entidade. A entidade terá mantido o seu capital se
tiver tanto capital no fim do período quanto tinha no início do período.
Qualquer valor acima daquele necessário para manter o capital no início do
período representa lucro.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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Sobre os regimes de escrituração contábil, analise os elementos a seguir
e classifique-os em momento financeiro ou momento econômico 1.
FINALIZANDO
Para finalizar nossa aula, vamos fazer um resumo geral do que estudamos
e observar que os questionamentos iniciais foram respondidos na medida em
que os tópicos foram apresentados.
Observamos que esta aula teve como ponto central os requisitos
necessários para o reconhecimento contábil, com destaque para a confiabilidade
da mensuração. Abordamos ainda o ambiente de atuação dos negócios que
caracterizam uma “entidade contábil”, o regime de competência, probabilidade
de futuros benefícios econômicos e finalizamos com os conceitos de capital e
manutenção do capital de uma entidade.
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O gabarito para essa questão pode ser encontrado ao final deste material, após a seção Referências.
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REFERÊNCIAS
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GABARITO
A resposta correta é D - 1, 2, 1, 1, 2
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