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CONTABILIDADE APLICADA À

GESTÃO DA EMPRESA

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 1


Contabilidade Aplicada à Gestão da Empresa

1. INTRODUÇÃO

Fornecer informações úteis no processo de tomada de decisões dos indivíduos.


Essas informações podem ser de natureza patrimonial, econômica, financeira e
social sobre uma entidade, tanto para os usuários internos como para os usuários
externos.

Em outras palavras, a Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a


administração a tomar decisões. Na verdade, a Contabilidade coleta todos os dados
econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em
forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a
tomada de decisões.

1.1. Usuários

 Acionistas, investidores: por meio dos relatórios contábeis, identificam a


situação econômico-financeira da empresa.
 Fornecedores: usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento
da empresa compradora.
 Instituições financeiras: utilizam os relatórios para aprovar empréstimos,
limite de crédito etc.
 Governo: usa os relatórios não só com finalidade de arrecadação de
tributos, como também para os dados estatísticos, no sentido de melhor
redimensionar a economia (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE).
 Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor,
fator preponderante para reajuste de salários.

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 Outros interessados: funcionários, órgãos de classe, pessoas e diversos
institutos, tais como: Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho
Regional de Contabilidade (CRC), concorrentes etc.

1.2. Informações a serem divulgadas

 Demonstrações Contábeis

 Balanço Patrimonial (BP): apresenta uma descrição organizada dos


bens e direitos, das obrigações assumidas e do Patrimônio Líquido de
uma entidade em uma data. É uma posição estática;
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): relatório que
mostra o resultado do confronto entre as receitas e as despesas
ocorridas em determinado período;
 Demonstração do Resultado Abrangente (DRA): apresenta todas
as mutações que ocorrem no Patrimônio Líquido durante um período
que resulta de transações e outros eventos que não derivados de
transações com os sócios na sua qualidade de proprietários;
 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL):
mostra a evolução do Patrimônio Líquido da empresa entre dois
momentos, demonstrando a variação em cada uma das contas que o
compõem;
 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC): apresenta as entradas e
saídas de caixa ocorridas durante o período, separando-as por tipo de
atividades;
 Demonstração do Valor Adicionado (DVA): demonstra o valor
adicionado (riqueza) gerado pela empresa e sua distribuição entre
governo, salários, juros e remuneração do capital. (Somente
companhias abertas.)

 Relatório da Administração (Instrução CVM nº 480/2009)

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 Evidenciação dos negócios sociais, dos principais fatos administrativos
do período e dos investimentos em outras empresas;
 Informações sobre a política de dividendos e reinvestimentos;
 Divulgação de riscos.

 Notas Explicativas

 Complemento das Demonstrações Financeiras;


 Critérios de cálculos na obtenção de itens que afetam o lucro;
 Obrigações de longo prazo, destacando os credores, taxa de juros,
garantias à dívida etc.;
 Composição do capital social por tipo de ações;
 Ajustes de exercícios anteriores etc.

 Parecer dos auditores

 As empresas de capital aberto, instituições financeiras e alguns outros


casos específicos estão obrigados a publicar a Demonstrações
Financeiras com o parecer da Auditoria Externa (Independente);
 O auditor emite sua opinião informando se as Demonstrações
Financeiras representam adequadamente a situação patrimonial e a
posição financeira na data do exame. Além disso, informa se as
Demonstrações Financeiras foram levantadas de acordo com os
Princípios Fundamentais de Contabilidade e se há uniformidade em
relação ao exercício anterior.

1.3. Evolução Histórica

1.3.1. Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976)

 Representou uma grande evolução na época em que foi editada.

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 Em princípio houve a desvinculação dos critérios contábeis dos critérios
fiscais (criação do Livro de Apuração do Lucro Real – Lalur – por meio do
Decreto-Lei nº 1,598/1977).
 Ao longo dos anos, a Contabilidade no Brasil foi se distanciando dos critérios
adequados, causando grandes divergências com as normas internacionais.

1.3.2. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

 Início da convergência às Normas Internacionais (padrão International


Financial Reporting Standards – IFRS).
 Criado pela Resolução CFC nº 1.055/2005.
 O CPC não tem poder de impor as normas, mas funciona como um órgão
de estudos e propostas de critérios contábeis para os órgãos reguladores
(CVM, Bacen, Susep, Aneel etc.).

1.3.3. Lei nº 11.638/2007 e Lei nº 11.941/2009

 Desvincularam as normas da Contabilidade das exigências das normas


fiscais e de normas específicas de setores regulamentados.

Artigo 177, §2º:


§ 2º A companhia observará exclusivamente em livros ou
registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração
mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as
disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a
atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam
ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis
diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou
a elaboração de outras demonstrações financeiras. (Redação
dada pela Lei nº 11.941, de 2009.)

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1.4. Características da “nova” Contabilidade

 É baseada em princípios e não em regras


 O julgamento é mais importante que a regra estabelecida.
 Deve prevalecer a essência econômica à forma jurídica
 Requer o conhecimento da operação a ser contabilizada. Não interessa
somente o que está escrito.
 Analisa riscos e benefícios
 É mais importante identificar quem assume os riscos e benefícios na
operação para caracterizar os ativos, passivos, as receitas e despesas.
(Exemplos: leasing financeiro e desconto de duplicatas).
 Abrange toda a empresa
 Envolve todas as áreas na caracterização da operação e na mensuração
dos diversos eventos.

1.5. Princípios

Os Princípios de Contabilidade são as verdadeiras normas gerais delimitadoras da


aplicação da Ciência Contábil. Se não existissem, cada entidade poderia adotar
forma própria de registrar os fatos contábeis, tornando impossível a correta
mensuração da riqueza patrimonial, necessária à defesa dos interesses da
coletividade, dos particulares e dos próprios sócios e acionistas.

A Resolução CFC nº 750/93 (com alterações dadas pela Resolução CFC nº 1.282/10)
dispõe sobre os Princípios de Contabilidade:

Art. 1º - Constituem PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE os


enunciados por esta Resolução.
§ 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória
no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das
Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).

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Já o art. 2º dispõe que os Princípios de Contabilidade representam a essência das
doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento
predominante nos universos científico e profissional de nosso país. Diz respeito,
pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o
patrimônio das entidades.

São seis os Princípios de Contabilidade:

 Princípio da Entidade: reconhece o Patrimônio como objeto da


Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da
diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto
de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o
patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários,
no caso de sociedade ou instituição.

 Princípio da Continuidade: pressupõe que a Entidade continuará em


operação no futuro, e, portanto, a mensuração e a apresentação dos
componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância.

 Princípio da Oportunidade: refere-se ao processo de mensuração e


apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações
íntegras e tempestivas.

 Princípio da Competência: determina que os efeitos das transações e


outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem,
independentemente do recebimento ou pagamento. O Princípio da
Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de
despesas correlatas.

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 Princípio da Prudência: determina a adoção do menor valor para os
componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se
apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido.

 Princípio do Registro pelo Valor Original: determina que os


componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos
valores originais das transações, expressos em moeda nacional. Uma vez
integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos,
podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

 Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou


equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou
ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das
demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores
em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam
necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das
demonstrações contábeis.
 Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou
equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em
forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e
equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos
para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das
operações da Entidade.
 Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente,
descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera
seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os
passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro
de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o
passivo no curso normal das operações da Entidade.

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 Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um
passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, em
uma transação sem favorecimentos.
 Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo
da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis
mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos
componentes patrimoniais.
2. BALANÇO PATRIMONIAL

 Juntamente com a DRE, é o mais importante relatório contábil.


 Identifica a saúde financeira e econômica em determinada data.
 O Balanço Patrimonial representa a composição sintética de todas as contas
de um patrimônio, agrupadas segundo sua natureza.

ATIVO PASSIVO
 Conjunto de bens ou direitos sob controle  Obrigação já existente para a entidade (na
da entidade. data do balanço) proveniente de eventos
 Espera-se que resultem em benefícios passados.
econômicos para a entidade.  A liquidação da obrigação resultará em
 A essência econômica deve prevalecer saída de recursos para a entidade
sobre a forma jurídica para a sua PATRIMÔNIO LÍQUIDO
caracterização.
 São recursos dos proprietários aplicados
na empresa. Os recursos significam o
capital mais o seu rendimento – lucros e
reservas. Se houver prejuízo, o total dos
investimentos proprietários será reduzido.
ATIVO - PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

2.1. Caracterização do Ativo

 Conjunto de bens e direitos da empresa. São itens positivos do patrimônio


(benefício futuro, controle, identificação e mensuráveis)
 Exemplos: Depósitos Bancários, Estoques, Direitos a Receber, Veículos,
Máquinas, Edifícios, Investimentos etc.
 Um item é caracterizado como ativo somente se apresentar alto grau de
probabilidade de geração de benefícios econômicos futuros para a entidade

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 Exemplo: Estoques para os quais não haja compradores potenciais no
mercado não são considerados ativos (não representam benefícios
presentes ou futuros para a empresa).
 Um item que esteja sob domínio da empresa e que transfira a ela todos os
benefícios e riscos decorrentes da sua utilização também é caracterizado
como um ativo (prevalece a essência econômica sobre a forma jurídica)
 Exemplo: Bem utilizado por meio de um contrato de leasing financeiro.

 Pronunciamento Conceitual Básico do CPC:


Definição de Ativo
4.4. .......
a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de
eventos passados e do qual a entidade espera obter futuros
benefícios econômicos.

Exemplos de conteúdo do Ativo no Balanço Patrimonial:

 Caixa e equivalentes de caixa.


 Clientes e outros recebíveis.
 Estoques.
 Ativos financeiros.
 Ativos biológicos.
 Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial.
 Propriedades para investimento.
 Imobilizado.
 Intangível.

Ordem de apresentação no Balanço:

 O Pronunciamento não prescreve ordem ou formato para apresentação das


contas do balanço patrimonial, mas a ordem legalmente instituída no Brasil
deve ser observada.

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Definições da Lei Societária:

 As contas do ativo devem ser apresentadas na ordem decrescente em


função do grau de liquidez.
 As contas do passivo devem ser apresentadas na ordem decrescente em
função do grau de exigibilidade.

2.1.1. Classificação do Ativo

As contas do Ativo estão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez:

Ativo Circulante

Bens e direitos que serão realizados ou utilizados no decorrer do período de até 12


meses após a data do balanço, ou dentro do ciclo operacional da empresa (o que
for maior).

 Disponível (Caixa e Bancos).


 Contas a receber: os valores ainda não recebidos decorrentes de vendas de
mercadorias ou prestação de serviços a prazo.
 Estoques: as mercadorias a serem vendidas. No caso de indústria, são os
produtos acabados, bem como a matéria-prima e outros materiais
secundários que compõem o produto de fabricação.
 Investimento temporário: as aplicações realizadas normalmente no
mercado financeiro com excedente de caixa.
 Deduções do circulante: a parcela estimada pela empresa que não será
recebida em decorrência de maus pagadores (PDD).

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Ativo Não Circulante

 Realizável em Longo Prazo


Bens e direitos que serão realizados ou utilizados após o período de 12
meses seguintes à data do balanço, ou após o ciclo operacional da empresa
(o prazo que for maior).

Aplicações em bens e direitos que, em princípio, a empresa não tem intenção de


vender (a intenção é permanecer com eles).

 Investimentos
Grupo formado por contas representativas de bens e direitos de qualquer
natureza, não classificáveis no Ativo Circulante e no Realizável no Longo
Prazo, não destinados à manutenção da atividade da empresa.
Exemplo: Participações societárias, bens e direitos que não estão em uso,
propriedades para investimento etc.

 Imobilizado
Grupo composto por bens corpóreos de caráter permanente destinados à
manutenção da atividade da Entidade.
Exemplo: Máquinas, veículos, edifícios etc.

 Intangível
Grupo composto por bens incorpóreos de caráter permanente destinados
à manutenção da atividade da Entidade.
Exemplo: Marcas, patentes, ágio na aquisição de investimentos etc.

2.2. Passivo

 Representa o conjunto de obrigações existentes em determinada data, que


já tenham sido assumidas pela entidade em função de eventos já ocorridos,

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e que apresentem um alto de grau de probabilidade de que deverão ser
cumpridas no futuro.
 Exemplo: o pagamento futuro de um empréstimo obtido no passado.

 Uma provável obrigação que ainda dependa de um evento futuro não é


caracterizada como um passivo no momento atual.
 Exemplo: os salários de dezembro para o balanço do mês de junho.

 Pronunciamento Conceitual Básico do CPC


Definição de Passivo
4.4. .......
a) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de
eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte em saída
de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.

2.2.1. Classificação do Passivo

As contas do Passivo estão dispostas em ordem decrescente de grau de


exigibilidade:

Passivo circulante

Constituído pelas obrigações da entidade, existentes na data do balanço, com


vencimento previsto dentro do período de até 12 meses após a data do balanço, ou
dentro do ciclo operacional da empresa (o que for maior).

Passivo não circulante

 Exigível em longo prazo.

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Constituído pelas obrigações da entidade, existentes na data do balanço, com
vencimento previsto para após o período de 12 meses seguintes à data do balanço,
ou após o ciclo operacional da empresa (o prazo que for maior).

Patrimônio Líquido

Total de recursos investido pelos proprietários. Normalmente composto de capital e


lucros retidos (parte do lucro não distribuído aos donos, mas reinvestido na
empresa).

2.3. Visão Sintética do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO
Circulante
Compreende contas que estão constantemente Circulante
em giro – em movimento, sua conversão em Compreende obrigações exigíveis que serão
dinheiro ocorrerá, no máximo, até o próximo liquidadas no próximo exercício social: nos 365
exercício social. dias após o levantamento do balanço.

Não Circulante Não Circulante


Incluem-se nessa conta bens e direitos que se Relacionam-se nessa conta obrigações exigíveis
transformarão em dinheiro após o exercício que serão liquidadas com prazo superior a um
seguinte e os bens e direitos que não se ano – dívidas em longo prazo.
destinam à venda e têm vida útil longa, no caso
de bens.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
 Investimentos: as aplicações de caráter
permanente que geram rendimentos não
necessários à manutenção da atividade
principal da empresa.
São recursos dos proprietários aplicados na
 Imobilizado: Abarca itens de natureza
empresa. Os recursos significam o capital mais
permanente que serão utilizados para a
o seu rendimento - lucros e reservas. Se houver
manutenção da atividade básica da
prejuízo, o total dos investimentos proprietários
empresa.
será reduzido.
 Intangível: Envolve operações
relacionadas a itens não corpóreos
relacionados com a atividade da empresa.

2.4. Exemplo de Elaboração de Balanço Patrimonial

1. A Cia. Guadalajara S.A. foi constituída em 15.01.X6 com um capital inicial


de $4.000,00, que foi depositado em conta corrente da empresa. A
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entidade atuará no ramo de prestação de serviços de reparos (consertos)
de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. Os demais eventos que
ocorreram até o final do mês de fevereiro de X6 foram os seguintes:
2. A Cia. Guadalajara S.A. adquiriu em 10.02.X6 um edifício no valor de
$1.200,00 que foi pago à vista. O edifício será utilizado em sua atividade.
3. A empresa adquiriu em 13.02.X6 materiais no valor de $2.000,00, que
serão pagos a prazo. Os materiais serão utilizados na prestação de
serviços.
4. A empresa adquiriu em 20.02.X6 um veículo pelo valor de $200, que foi
pago à vista. O veículo será utilizado na prestação de serviços.
5.
Elabore, após cada um dos eventos citados, um Balanço Patrimonial para a
empresa.

CIA. GUADALAJARA S.A


Balanço Patrimonial em 15.01.X6
ATIVO PASSIVO
Depósitos Bancários 4.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 4.000
Total do Ativo 4.000 Total do Passivo + PL 4.000

CIA. GUADALAJARA S.A


Balanço Patrimonial em 10.02.X6
ATIVO PASSIVO
Depósitos Bancários 2.800
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imóveis 1.200 Capital 4.000
Total do Ativo 4.000 Total do Passivo + PL 4.000

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CIA. GUADALAJARA S.A
Balanço Patrimonial em 13.02.X6
ATIVO PASSIVO
Depósitos Bancários 2.800 Fornecedores 2.000
Materiais 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imóveis 1.200 Capital 4.000
Total do Ativo 6.000 Total do Passivo + PL 6.000

CIA. GUADALAJARA S.A


Balanço Patrimonial em 20.02.X6
ATIVO PASSIVO
Depósitos Bancários 2.600 Fornecedores 2.000
Materiais 2.000
Veículos 200 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imóveis 1.200 Capital 4.000
Total do Ativo 6.000 Total do Passivo + PL 6.000

3. RAZONETES

As informações contábeis, para que sejam inteligíveis, precisam ser claras, objetivas
e, principalmente, sistematizadas. Se cada empresa fizer registros segundo critérios
próprios, não há como se fazer a comparação dos resultados nem tampouco analisar
com eficiência os dados apurados.

Os registros contábeis obedecem a certas técnicas universais. A maneira como se


faz o controle das contas baseia-se em regras e critérios advindos de um método
único.

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Compreender a dinâmica de funcionamento desse método, bem como as técnicas
utilizadas para a sua consecução, é fundamental para o bom desempenho
empresarial.

As decisões gerenciais são pautadas em relatórios, os quais são provenientes da


Contabilidade, que, para elaborá-los, segue regras comuns a todas as empresas.
Sendo assim, para qualquer empreendedor, gerente ou administrador, é essencial
conhecer as formas de registro contábil, compreender suas regras universais e
entender os critérios de escrituração, inclusive para que se faça uma adequada
análise dos resultados apresentados.

3.1. Mecanismo de Débito e Crédito

Já estudamos que a Contabilidade controla e registra todas as operações que a


empresa realiza.

Estudamos, ainda, que ela faz esses registros por meio de contas e que estas são
classificadas em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.
O que estudaremos neste capítulo é como o registro contábil é realizado. Vamos
discorrer sobre as técnicas de registro, os mecanismos de controle contábil e a
movimentação das contas.

Primeiramente, o que precisamos saber é que os registros contábeis seguem um


método próprio.

Esse método é conhecido como Partidas Dobradas e apresenta dois enunciados que
são a base de todos os registros. Os enunciados são os seguintes:

1. Não existe débito sem crédito.


2. Para todo débito existe um crédito de igual valor.

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Os conceitos de débito e crédito estão presentes nos dois enunciados e retratam a
razão de o método se chamar Partida Dobrada. Há sempre uma contrapartida, pois
não há a menor possibilidade de existir débito sem crédito, e vice-versa.

Um evento sempre gera um ou mais lançamentos de débitos e de créditos em


diversas contas.

O valor total dos débitos em uma ou mais contas sempre deve ser igual ao valor
total dos créditos em uma ou mais contas.

Σ Débitos = Σ Créditos

Razonete, por sua vez, é a representação gráfica de uma conta em que são
anotados apenas os valores de acréscimo e decréscimo na conta em função dos
eventos que vão ocorrendo.

Essa representação gráfica é bastante simples e normalmente conhecida como


conta T, Razonete em T ou, simplesmente, Razonete.

Nome da Conta

Nome da Conta

Débitos Créditos
(lado esquerdo) (lado esquerdo)

Saldo da Conta = Total de Débitos - Total de Créditos

Se Total de Débitos > Total de Créditos  Conta com Saldo Devedor


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Se Total de Créditos > Total de Débitos  Conta com Saldo Credor

Contas de Ativo

Débitos Créditos
(Aumento) (Diminuição)

Contas de Passivo

Débitos Créditos
(Diminuição) (Aumento)

Contas de Patrimônio Líquido

Débitos Créditos
(Diminuição) (Aumento)

Como se nota, o débito é o oposto do crédito. Observe que o débito registra


entradas, e o crédito registra saídas. Da mesma forma, os valores a receber
(direitos) ficam no débito, enquanto os valores a pagar (obrigações) ficam no
crédito.

3.2. Registro utilizando razonetes

1. A Cia. Guadalajara S.A. foi constituída em 15.01.X6 com um capital inicial


de $4.000,00, que foi depositado em conta corrente da empresa. A
entidade atuará no ramo de prestação de serviços de reparos (consertos)
de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. Os demais eventos que
ocorreram até o final do mês de fevereiro de X6 foram os seguintes:
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Depósitos Bancários Capital

(1) 4.000 4.000 (1)

2. A Cia. Guadalajara S.A adquiriu em 10.02.X6 um edifício no valor de


$1.200,00 que foi pago à vista. O edifício será utilizado em sua atividade.
Depósitos Bancários Capital

(1) 4.000 1.200 (2) 4.000 (1)

Imóveis

(2) 1.200

3. A empresa adquiriu em 13.02.X6 materiais no valor de $2.000,00, que


serão pagos a prazo. Os materiais serão utilizados na prestação de
serviços.

Depósitos Bancários Fornecedores

(1) 4.000 1.200 (2) 2.000 (3)

Materiais Capital

(3) 2.000 4.000 (1)

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 20


Imóveis

(2) 1.200

4. A empresa adquiriu em 20.02.X6 um veículo pelo valor de $200, que foi


pago à vista. O veículo será utilizado na prestação de serviços.

Depósitos Bancários Fornecedores

(1) 4.000 1.200 (2) 2.000 (3)


200 (4)

Materiais Capital

(3) 2.000 4.000 (1)

Imóveis Veículos

(2) 1.200 (4) 200

5. Obtenção do saldo de contas.

Depósitos Bancários Fornecedores


(1) 4.000 1.200 (2) 2.000 (3)
200 (4)
4.000 1.400 2.000
2.600

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 21


Materiais Capital
(3) 2.000 4.000 (1)

2.000 4.000

Imóveis Veículos
(2) 1.200 (4) 200
1.200 200

6. Balancete ou Balancete de verificação

O Balancete de Verificação é um relatório que tem por objetivo analisar se todos os


registros (débitos e créditos) foram efetuados de forma completa. As contas são
listadas separando-se as que apresentam saldos devedores das que apresentam
saldos credores. O valor total dos débitos deve ser igual ao valor total dos créditos.
Caso isso não ocorra, significa que algum lançamento foi efetuado de maneira
incorreta.

Dependendo da complexidade da empresa, sua periodicidade pode ser diária,


semanal, mensal, semestral ou anual.

Cia. Guadalajara – Balancete em 20.02.X6


Saldos
Contas
Devedores Credores
Depósitos Bancários 2.600
Materiais 2.000
Imóveis 1.200
Veículos 200
Fornecedores - 2.000
Capital - 4.000
Totais 6.000 6.000

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CIA GUADALAJARA S.A
Balanço Patrimonial em 20.02.X6

ATIVO PASSIVO
Depósitos Bancários 2.600 Fornecedores 2.000
Materiais 2.000
Veículos 200 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imóveis 1.200 Capital 4.000
Total do Ativo 6.000 Total do Passivo + PL 6.000
4. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍDCIO (DRE)

Indica as variações no Patrimônio Líquido:

 Investimentos (inicial e posteriores).


 Resultados obtidos (Lucros ou Prejuízos).
 Distribuição de dividendos.

Resultado = Receitas - Despesas

4.1. Receita

 É caracterizada pela geração de ativos ou redução de passivos que propicie


um aumento nos benefícios econômicos futuros.
 Resulta em aumento no Patrimônio Líquido da empresa.
 Não é proveniente dos proprietários da empresa.
 O seu valor pode ser determinado em bases confiáveis.
 Em geral, está relacionada com as principais atividades desenvolvidas pela
empresa.
 Exemplos:
 Venda de mercadorias ou prestação de serviços ou venda esporádica
de um bem: gera um aumento de ativo (Caixa ou Valores a Receber)
de valor definido que propicia aumento no Patrimônio Líquido.
CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 23
 Redução de uma dívida: gera uma redução de passivo (Contas a Pagar)
de valor definido que propicia aumento no Patrimônio Líquido.

Importante: nem todo aumento de ativo ou redução de passivo caracteriza uma


receita. Por exemplo, a compra de um Estoque a prazo gera um aumento de ativo
que não aumenta o Patrimônio Líquido, mas aumenta o Passivo.

Pronunciamento Conceitual Básico do CPC


Definição de Receita
70. Receitas e despesas são definidas como segue:
a) Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o
período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de
ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do
Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de aporte dos
proprietários da entidade; e
Reconhecimento de Receitas (itens 92 e 93)
92. A receita é reconhecida na demonstração do resultado quando
resulta em um aumento que possa ser determinado em bases
confiáveis, nos benefícios econômicos futuros provenientes do
aumento de um ativo ou da diminuição de um passivo. Isso significa,
de fato, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente
com o reconhecimento de aumento de ativo ou de diminuição de
passivo. Mas isso não significa que todo aumento de ativo ou
redução de passivo corresponda a uma receita.
93. Os procedimentos normalmente adotados na prática para
reconhecimento da receita, como, por exemplo, o requisito de que
a receita deve ter sido ganha, são aplicações dos critérios de
reconhecimento definidos nesta Estrutura Conceitual. Tais
procedimentos são geralmente orientados para restringir o
reconhecimento como receita àqueles itens que possam ser
determinados em bases confiáveis e tenham um grau suficiente de
certeza.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 24


4.2. Despesa

 É caracterizada por decréscimos de ativos ou acréscimos de passivos que


acarretam uma diminuição nos benefícios econômicos futuros.
 Resulta em diminuição no Patrimônio Líquido da empresa.
 Não é decorrente de distribuição aos proprietários da Empresa.
 O seu valor pode ser determinado em bases confiáveis.
 Pode ser entendida, em uma visão mais simplificada, como o custo do uso
ou do consumo de bens ou serviços com o objetivo de geração de receitas.
 Exemplos:
 Despesa com pessoal: corresponde ao custo do uso dos serviços
prestados pelos funcionários;
 Despesa de aluguel: corresponde ao custo do uso de imóveis
necessários ao desempenho da atividade da empresa;
 Despesa de juros: corresponde ao custo do uso de recursos financeiros
de terceiros, necessários ao desempenho da atividade da empresa;
 Despesa de depreciação: corresponde ao custo do uso de ativos de
longa duração para utilização na atividade da empresa.

Pronunciamento Conceitual Básico do CPC


Definição de Despesa
70. Receitas e despesas são definidas como segue:
a) ......
b) Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o
período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de
ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do
Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos
proprietários da entidade.
Reconhecimento de Despesas (itens 94 a 98)
94. As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado
quando surge um decréscimo, que possa ser determinado em bases
confiáveis, nos futuros benefícios econômicos provenientes da
diminuição de um ativo ou do aumento de um passivo. Isso significa,
de fato, que o reconhecimento de despesa ocorre simultaneamente

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 25


com o reconhecimento do aumento do passivo ou da diminuição do
ativo (por exemplo, a provisão para obrigações trabalhistas ou a
depreciação de um equipamento).
95. As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado
com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens
de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação
entre despesas e receitas (Regime de Competência), envolve o
reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas
que resultem diretamente das mesmas transações ou outros
eventos; por exemplo, os vários componentes de despesas que
integram o custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos
na mesma data em que a receita derivada da venda das mercadorias
é reconhecida. Entretanto, a aplicação do conceito de confrontação
da receita e despesa de acordo com esta Estrutura Conceitual não
autoriza o reconhecimento de itens no balanço patrimonial que não
satisfaçam à definição de ativos ou passivos.

4.3. Mecanismo de débito e crédito

As contas de receitas representam acréscimos de Patrimônio Líquido e, portanto,


são registradas e acumuladas por lançamentos de crédito.

Receitas

Créditos
(Aumento de PL)

As contas de despesas representam diminuições de Patrimônio Líquido e, portanto,


são registradas e acumuladas por lançamentos de débito.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 26


Despesas

Débitos
(Redução de PL)

4.4. Apuração do Resultado

As contas de receitas e despesas devem ser “encerradas” ao final de cada período


contábil. Isso significa transferir os saldos de todas as contas de receitas e despesas
para uma conta única denominada Apuração do Resultado ou simplesmente
Resultado. O objetivo desse procedimento é apurar o resultado obtido no período
analisado.

Receitas Despesas

Débitos Créditos Débitos Créditos


Encerramento Aumento de PL Redução de PL Encerramento

Apuração do Resultado

Débitos Créditos
(Transferência (Transferência
das receitas) das despesas)

A conta Apuração do Resultado (ou Resultado) também é encerrada no final do


período, e o seu saldo é transferido para uma conta de Patrimônio Líquido
denominada Lucros (ou Prejuízos) Acumulados.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 27


Apuração do Resultado Lucros (Prejuízos) Acumulados

Débitos Créditos Débitos Créditos


(Transferência (Transferência (Transferência do (Transferência
das receitas) das despesas) prejuízo do do lucro do
período) período)

Débitos Créditos
(Transferência (Transferência
do lucro do do prejuízo do
período) período)

O saldo final da conta Apuração do Resultado pode ser credor (caso em que ocorreu
lucro no período) ou devedor (caso em que houve prejuízo no período). Trata-se de
uma conta transitória somente utilizada para a apuração do resultado.

4.5. Regime de Competência

Receitas e Despesas devem ser consideradas em função do fato gerador,


independentemente dos recebimentos ou pagamentos.

 Fato gerador das receitas: transferência de produtos, prestação de serviço,


acréscimo de juros em função do tempo decorrido etc.
 Fato gerador de despesas: uso ou consumo de bens ou serviços.
 Exceções – Casos em que as receitas podem ser consideradas antes da
transferência dos produtos:
 Ativos biológicos;
 Envelhecimento de bebidas (vinho, uísque etc.);
 Projetos em longo prazo (imobiliário).

“Despesas” antecipadas: valores pagos ou, em alguns casos, obrigações assumidas


de pagar por conta de produtos ou serviços que serão recebidos no futuro.
Exemplos:

 Seguros pagos ou contratados.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 28


 Aluguel pago antecipadamente.
 Adiantamentos de salários.
 Adiantamentos a fornecedores.

“Receitas” antecipadas: valores recebidos ou direitos adquiridos de receber por


conta de produtos ou serviços que serão entregues no futuro.
Exemplo:
 Adiantamentos de clientes.

4.6. Pronunciamento técnico CPC 26 -– Conteúdo da Demonstração do


Resultado do Período

(a) Receitas;
(b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;
(c) Lucro bruto;
(d) Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e
receitas operacionais;
(e) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do
método de equivalência patrimonial;
(f) Resultado antes das receitas e despesas financeiras;
(g) Despesas e receitas financeiras;
(h) Resultado antes dos tributos sobre o lucro;
(i) Despesa com tributos sobre o lucro;
(j) Resultado líquido das operações continuadas;
(k) Valor líquido dos seguintes itens:
 Resultado líquido após tributos das operações descontinuadas;
 Resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo
menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de
ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional
descontinuada;
(l) Resultado líquido do período.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 29


Ordem de apresentação na DRE

O Pronunciamento não prescreve ordem ou formato para apresentação das contas


de receitas e despesas, mas a ordem legalmente instituída no Brasil deve ser
observada.

Definições da Lei Societária

A Lei estabelece os principais itens de receitas e despesas a serem apresentados,


bem como a identificação de alguns resultados intermediários:

 Resultado Bruto.
 Resultado Operacional.
 Resultado antes dos impostos e participações.
 Resultado Líquido.

Demonstração do Resultado do Exercício


Receita Líquida de Vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(=) Resultado Bruto com Vendas
Receita de Prestação de Serviços
(-) Custo dos Serviços Prestados
(=) Resultado Bruto com Serviços
(=) Resultado Bruto com Vendas e Serviços
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com Vendas
Despesas Administrativas
(+) Outras Receitas
(-) Outras Despesas
(=) Resultado “Operacional” antes dos Efeitos Financeiros
(+) Receitas Financeiras
(-) Despesas Financeiras

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 30


(=) Resultado “Operacional” após os Efeitos Financeiros
(+) Outras Receitas e Despesas não recorrentes
(=) Resultado antes dos Impostos e Participações
(-) Despesa com Imposto de Renda
(-) Despesa com Contribuição Social sobre o Lucro
(-) Despesas com Participações e Contribuições
Participação da Diretoria
Participação dos Funcionários
Contribuições a Fundos de Pensão
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO

4.7. Exemplo prático sobre Receitas e Despesas


A empresa Brazil Ltda. apresentava em 31.03.X6 a seguinte situação patrimonial:

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 31.03.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 8.000 Contas a pagar 18.000
Estoque 60.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Total do Ativo 68.000 Total do Passivo + PL 68.000

Os eventos que ocorreram durante o mês de abril/X6 foram os seguintes:

1. Em 01.04.X6 a empresa obteve um empréstimo no valor de $40.000 para


ser pago ao final de 2 meses. A taxa de juros contratada foi de 3% a.m.
2. Em 02.04.X6 foram adquiridas peças para reposição no valor de $48.000
para serem utilizadas na prestação de serviços. Para essa aquisição, a
empresa obteve um empréstimo bancário que será pago daqui 5 meses,
incidindo juros de $500 por mês.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 31


3. Em 05.04.X6 foi efetuado o pagamento de $5.000 do total de contas a
pagar.
4. Em 08.04.X6 a empresa efetuou serviços no valor total de $25.000 para
diversos clientes, tendo faturado os valores para recebimento em 15 dias.
Para a execução desses serviços, a empresa se utilizou de peças que
haviam custado $15.000 na data em que foram compradas.
5. Em 10.04.X6 foi efetuada nova compra de materiais para pagamento a
prazo, no valor de $4.000.
6. Em 14.04.X6 a empresa efetuou serviços no valor total de $18.000 para
diversos clientes, tendo recebido 50% à vista, e o restante foi faturado
para recebimento em 30 dias. Para a execução desse serviço, a empresa
se utilizou de materiais que haviam custado $7.000.
7. Em 23.04.X6 a empresa recebeu o valor correspondente aos serviços que
havia prestado em 08.04.X3.
8. Em 28.04.X6 a empresa efetuou o pagamento das contas de água e
energia elétrica correspondentes ao mês de abril/X3, no valor de $6.000.
9. Em 30.04.X6 a empresa pagou $9.000 de aluguel do prédio onde está
instalada.

Com base nessas informações, elabore:


a) Um Balanço após cada evento ocorrido durante o mês de abril/X6.
b) A Demonstração de Resultados para o mês de abril/X6.
c) O Balanço Patrimonial da empresa em 30.04.X6.

Solução:

Evento 1: Em 01.04.X6 a empresa obteve um empréstimo no valor de $40.000


para ser pago ao final de 2 meses. A taxa de juros contratada foi de 3% a.m.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 32


Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 01.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 48.000 Contas a pagar 18.000
Estoque 60.000 Empréstimos 40.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Total do Ativo 108.000 Total do Passivo + PL 108.000

Disponível Estoque
8.000 60.000
(1) 40.000

Contas a pagar Empréstimos Capital


18.000 40.000 (1) 50.000

Evento 2: Em 02.04.X6 foram adquiridas peças para reposição no valor de $48.000


para serem utilizadas na prestação de serviços. Para essa aquisição, a empresa
obteve um empréstimo bancário que será pago daqui 5 meses, incidindo juros de
$500 por mês.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 02.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 48.000 Contas a pagar 18.000
Estoque 180.000 Empréstimos 88.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Total do Ativo 156.000 Total do Passivo + PL 156.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 33


Disponível Estoque
8.000 48.000 (2a) 60.000
(1) 40.000 (2a) 48.000
(2) 48.000

Contas a pagar Empréstimos Capital


18.000 40.000 (1) 50.000
48.000 (2)

Evento 3: Em 05.04.X6 foi efetuado o pagamento de $5.000 do total de contas a


pagar.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 05.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 43.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 108.000 Empréstimos 88.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Total do Ativo 151.000 Total do Passivo + PL 151.000

Disponível Estoque
8.000 48.000 (2a) 60.000
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000
(2) 48.000

Contas a pagar Empréstimos Capital


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 50.000
48.000 (2)

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 34


Evento 4: Em 08.04.X6 a empresa efetuou serviços no valor total de $25.000 para
diversos clientes, tendo faturado os valores para recebimento em 15 dias. Para a
execução desses serviços, a empresa se utilizou de peças que haviam custado
$15.000 na data em que foram compradas.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 08.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 43.000 Contas a pagar 13.000
Duplicatas a receber 25.000 Empréstimos 88.000
Estoque 93.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Receita de serviços 25.000
(-) Despesas com peças (15.000)
Total do Ativo 161.000 Total do Passivo + PL 161.000

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000
(2) 48.000

Contas a pagar Empréstimos Capital


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 50.000
48.000 (2)

Receitas de serviços Despesas com peças


25.000 (4) (4a) 15.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 35


Evento 5: Em 10.04.X6 foi efetuada nova compra de materiais para pagamento a
prazo, no valor de $4.000.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 10.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 43.000 Fornecedores 4.000
Duplicatas a receber 25.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 97.000 Empréstimos 88.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Receita de serviços 25.000
(-) Despesas com peças (15.000)
Total do Ativo 165.000 Total do Passivo + PL 165.000

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000
(2) 48.000 (5) 5.000

Contas a pagar Empréstimos Fornecedores


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 4.000 (5)
48.000 (2)

Receitas de serviços Despesas com peças Capital


25.000 (4) (4a) 15.000 50.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 36


Evento 6: Em 14.04.X6 a empresa efetuou serviços no valor total de $18.000 para
diversos clientes, tendo recebido 50% à vista, e o restante foi faturado para
recebimento em 30 dias. Para a execução desse serviço, a empresa se utilizou de
materiais que haviam custado $7.000.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 14.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 52.000 Fornecedores 4.000
Duplicatas a receber 34.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 90.000 Empréstimos 88.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Receita de serviços 43.000
(-) Despesas com peças (22.000)
Total do Ativo 176.000 Total do Passivo + PL 176.000

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000 7.000 (6a) (6) 9.000
(2) 48.000 (5) 5.000
(6) 9.000

Contas a pagar Empréstimos Fornecedores


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 4.000 (5)
48.000 (2)

Receitas de serviços Despesas com peças Capital


25.000 (4) (4a) 15.000 50.000
18.000 (6) (6a) 7.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 37


Evento 7: Em 23.04.X6 a empresa recebeu o valor correspondente aos serviços
que havia prestado em 08.04.X3.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 23.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 77.000 Fornecedores 4.000
Duplicatas a receber 9.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 90.000 Empréstimos 88.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Receita de serviços 43.000
(-) Despesas com peças (22.000)
Total do Ativo 176.000 Total do Passivo + PL 176.000

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000 25.000 (7)
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000 7.000 (6a) (6) 9.000
(2) 48.000 (5) 5.000
(6) 9.000
(7) 25.000

Contas a pagar Empréstimos Fornecedores


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 4.000 (5)
48.000 (2)

Receitas de serviços Despesas com peças Capital


25.000 (4) (4a) 15.000 50.000
18.000 (6) (6a) 7.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 38


Evento 8: Em 28.04.X6 a empresa efetuou o pagamento das contas de água e
energia elétrica correspondentes ao mês de abril/X3, no valor de $6.000.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 28.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 71.000 Fornecedores 4.000
Duplicatas a receber 9.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 90.000 Empréstimos 88.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Receita de serviços 43.000
(-) Despesas com peças (22.000)
(-) Despesas gerais (6.000)
Total do Ativo 170.000 Total do Passivo + PL 170.000

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000 25.000 (7)
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000 7.000 (6a) (6) 9.000
(2) 48.000 6.000 (8) (5) 5.000
(6) 9.000
(7) 25.000

Contas a pagar Empréstimos Fornecedores


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 4.000 (5)
48.000 (2)

Receitas de serviços Despesas com peças Capital


25.000 (4) (4a) 15.000 50.000
18.000 (6) (6a) 7.000

Despesas gerais
(8) 6.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 39


Evento 9: Em 30.04.X6 a empresa pagou $9.000 de aluguel do prédio onde está
instalada – apropriação da parcela de juros, sendo $1,200 relativo ao Evento #1, e
$500 relativo ao Evento #2.

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 30.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 62.000 Fornecedores 4.000
Duplicatas a receber 9.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 90.000 Empréstimos 88.000
Juros a pagar 1.700
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Receita de serviços 43.000
(-) Despesas com peças (22.000)
(-) Despesas gerais (6.000)
(-) Despesas com aluguel (9.000)
(-) Despesas com juros (1.700)
Total do Ativo 161.000 Total do Passivo + PL 161.000

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000 25.000 (7)
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000 7.000 (6a) (6) 9.000
(2) 48.000 6.000 (8) (5) 5.000
(6) 9.000 9.000 (9)
(7) 25.000

Contas a pagar Empréstimos Fornecedores


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 4.000 (5)
48.000 (2)
1.700 (9a)

Receitas de serviços Despesas com peças Capital


25.000 (4) (4a) 15.000 50.000
18.000 (6) (6a) 7.000

Despesas gerais Despesas com aluguel Despesas com juros


(8) 6.000 (9) 9.000 (9a) 1.700

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 40


Evento 10: Apuração do Resultado.

Disponível Estoque Clientes


8.000 48.000 (2a) 60.000 15.000 (4a) (4) 25.000 25.000 (7)
(1) 40.000 5.000 (3) (2a) 48.000 7.000 (6a) (6) 9.000
(2) 48.000 6.000 (8) (5) 5.000
(6) 9.000 9.000 (9)
(7) 25.000

Contas a pagar Empréstimos Fornecedores


(3) 5.000 18.000 40.000 (1) 4.000 (5)
48.000 (2)
1.700 (9a)

Receitas de serviços Despesas com peças Capital


25.000 (4) (4a) 15.000 50.000
18.000 (6) (6a) 7.000
(a) 43.000 43.000 22.000 22.000 (b)

Despesas gerais Despesas com aluguel Despesas com juros


(8) 6.000 (9) 9.000 (9a) 1.700
6.000 6.000 (c) 9.000 9.000 (d) 1.700 1.700 (e)

Apuração do resultado Lucros acumulados


(b) 22.000 43.000 (a) 4.300 (f)
(c) 6.000
(d) 9.000
(e) 1.700

38.700 43.000
(f) 4.300 4.300

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 41


Evento 11: Preparação da Demonstração do Resultado do Exercício

Demonstração do Resultado do
Exercício
(+) Receita de serviços 43.000
(-) Despesas com peças (22.000)
(-) Despesas gerais (6.000)
(-) Despesas com aluguel (9.000)
(-) Despesas com juros (1.700)
(=) Resultado do período 4.300

Evento 12: Preparação do Balanço Patrimonial em 30.04.X6

Brasil Ltda.
Balanço Patrimonial em 30.04.X6
ATIVO PASSIVO
Disponível 62.000 Fornecedores 4.000
Duplicatas a receber 9.000 Contas a pagar 13.000
Estoque 90.000 Empréstimos 88.000
Juros a pagar 1.700
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 50.000
Lucros acumulados 4.300
Total do Ativo 161.000 Total do Passivo + PL 161.000

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 42


5. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL)

 Constituída somente pelas contas que fazem parte do Patrimônio Líquido.


 Evidencia toda a movimentação ocorrida no período nas contas do
Patrimônio Líquido, a partir do saldo final do exercício anterior até o saldo
final do exercício atual.
 Evidencia o “destino” do lucro, a canalização, a distribuição do lucro do
exercício.
 Havendo sobras (saldos) de lucros de exercícios anteriores não
distribuídos, elas são adicionadas ao lucro do exercício atual.
 Desse modo, o roteiro contábil é: em primeiro lugar apurar o lucro (ou
prejuízo); em segundo lugar transferi-lo para Lucros Acumulados; e em
terceiro lugar, após a distribuição do lucro aos proprietários (dividendos),
canalizar o lucro retido (não distribuído) para o Patrimônio Líquido (conta
dos proprietários).

5.1. COMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

5.1.1. Capital Social

Recursos integralizados pelos sócios / acionistas.

5.1.2. Ajustes de Avaliação Patrimonial

Correspondem às contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores do Ativo e


do Passivo em decorrência de suas avaliações a preços de mercado.

5.1.3. Reservas

 De capital: são constituídas com valores recebidos pela empresa e não


originados de sua atividade nem dos acionistas.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 43


 De Lucros: são constituídas a partir dos resultados obtidos pelo
desempenho da atividade da empresa com a própria distribuição do
resultado.

5.1.4. Lucros (ou Prejuizos) Acumulados


.
Essa conta apresenta o valor do resultado líquido do período e os diversos valores
que foram destinados à formação de reservas e à distribuição de dividendos (se
houver lucro). Para as Sociedades por Ações (S.A.), o saldo final dessa conta deve
ser zero (0), ou seja, não pode restar lucro acumulado que não tenha sido destinado
a reservas ou a acionistas (dividendos). Para os demais tipos de sociedade, contudo,
pode haver saldo remanescente nessa conta para distribuição futura.

5.2. DIVIDENDOS

Representam a destinação dos lucros da companhia para os acionistas sob o ponto


de vista contábil. Os dividendos diminuem a conta Lucros Acumulados no Patrimônio
Líquido e são transferidos para as seguintes contas:

 Dividendos a Pagar (Passivo Circulante): somente o valor


correspondente aos dividendos mínimos obrigatórios previstos no estatuto
da empresa ou de acordo com a Lei das Sociedades por Ações (se não for
previsto no estatuto).

 Dividendos adicionais propostos (conta específica do Patrimônio


Líquido): o valor proposto que exceder aos dividendos mínimos
obrigatórios deve ser mantido no Patrimônio Líquido até que ocorra a
aprovação pelos acionistas. Após a aprovação, o valor deve ser transferido
dessa conta do Patrimônio Líquido para a conta Dividendos a Pagar
(Passivo Circulante).

Poderão ser utilizados para a distribuição dos dividendos:


CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 44
 Lucro do exercício.
 Reservas de lucros.
 Reservas de capital (somente para ações preferenciais, em casos
específicos).

5.3. Ilustração da DMPL

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 45


6. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

 A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) relaciona entradas e saídas de


dinheiro em determinado intervalo de tempo.
 Seu objetivo primordial é preservar a liquidez imediata, essencial à
manutenção das atividades da empresa.
 O planejamento do fluxo de caixa (cash-flow) é um fator crítico. Sem caixa
adequado, independentemente do nível de lucros, a empresa poderá
tornar-se inadimplente e até falir.
 O fluxo de caixa (diferentemente do “lucro”) é a preocupação principal do
administrador financeiro e, pela Lei nº 11.638/07, substitui a
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (Doar).
 Um fator importante na determinação do fluxo de caixa é a segregação das
contas que não representam entrada nem saída de caixa.
 Do ponto de vista contábil, o fluxo de caixa é resumido na Demonstração
de Fluxos de Caixa de uma empresa.

Elaboração da demonstração do fluxo de caixa

 A Demonstração de Fluxos de Caixa resume o fluxo de caixa da empresa


em certo período.
 Essa demonstração é classificada em três partes:

1. Fluxos Operacionais: reúnem a movimentação dos recursos


gerados pelas operações normais da empresa, como por exemplo:
recebimento das vendas, pagamento das compras, pagamentos das
despesas operacionais (salários, aluguel, telefone, publicidade e
propaganda etc.) e pagamento de tributos (impostos, taxas,
contribuições e recebimento de clientes).

2. Fluxos de Investimento: agregam os recursos gerados pelo Ativo


Não Circulante, como por exemplo: aquisição ou venda de bens do
CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 46
ativo imobilizado, compra e venda de ações de outras empresas e
aplicações financeiras de longo prazo.

3. Fluxos de Financiamento: reúnem os recursos provenientes do


capital próprio e do capital de terceiros da empresa, como por
exemplo: alterações de capital social e aquisição e pagamento de
empréstimos e financiamentos.

Importante salientar que algumas operações, embora possam aumentar o valor do


patrimônio da empresa, não devem ser consideradas na elaboração da DFC. Alguns
exemplos de operações com essa característica são:

 Aumento de capital social com integralização feita em bens do ativo


imobilizado ou com o aproveitamento de reservas.
 Recebimento de doações, a não ser que ela ocorra em dinheiro.
 Distribuição de dividendos enquanto não forem pagos.
 Registros de depreciação e amortização.

Como se pode observar, não deve figurar na DFC transações que não apresentem
alteração real no caixa. Em um aumento de capital cujos recursos são provenientes
de reservas de lucro, não há alteração no caixa, pois ambas as contas já estão no
Patrimônio Líquido da empresa e são fruto do confronto das despesas e receitas do
período.

Em resumo, a DFC resume as fontes e aplicações de caixa em certo período. É


importante estar atento ao fato de que, apesar de o nome do demonstrativo ser
fluxo de caixa, não é somente o dinheiro da conta caixa que é acompanhado por
esse relatório contábil. Na DFC, caixa compreende o numerário em espécie
guardado na empresa e os depósitos bancários disponíveis, além dos equivalentes
de caixa que acabamos de citar.

De forma ilustrativa e resumida, a DFC pode ser assim demonstrada:


CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 47
Entradas (Fontes) Saídas (Aplicações)
Redução de qualquer Ativo Aumento de qualquer Ativo
Aumento de qualquer Passivo Redução de qualquer Passivo
Lucro Líquido Exercício Prejuízo Líquido Exercício
Pagamento de Dividendos

Uma análise conjunta do Balanço Patrimonial, da Demonstração do Resultado do


Exercício e da Demonstração dos Fluxos de Caixa representa um importante
instrumento de avaliação das condições econômicas e financeiras da empresa,
facilitando inclusive análises e projeções para períodos futuros.

7. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Embora a geração de lucro continue sendo uma característica fundamental à


continuidade das empresas, as relações intersociais existentes com a globalização
de mercados exigem conhecimento adicional de como determinada entidade agrega
valor à economia do país ou da região onde está inserida, tornando o acesso à
informação um diferencial competitivo.

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) tem a função de divulgar e identificar


o valor da riqueza gerada pela entidade e como essa riqueza foi distribuída entre os
diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração.

O Valor Adicionado constitui-se da receita de venda deduzida dos custos dos


recursos adquiridos de terceiros. É, portanto, o quanto a entidade contribuiu para a
formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Algumas empresas espontaneamente têm demonstrado interesse ou desenvolvido


trabalhos no sentido de levar aos usuários uma informação de melhor qualidade,
com o aperfeiçoamento dos seus relatórios ou de informações mais completas, tais
como, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Entretanto, por não haver
anteriormente uma padronização definida da estrutura da DVA, o resultado gerava
distorções em relação à classificação de algumas contas nas suas estruturas.
CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 48
A CVM vem incentivando e apoiando a divulgação voluntária de informações de
natureza social, tendo emitido o Parecer de Orientação CVM nº 24/92 sobre a
divulgação da Demonstração do Valor Adicionado. Além disso, fez incluir no
anteprojeto de reformulação da Lei nº 6.404/76 a obrigatoriedade da divulgação da
DVA e de informações de natureza social e de produtividade.

A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social,


constitui, desse modo, uma importante fonte de informações à medida que
apresenta esse conjunto de elementos que possibilitam a análise do desempenho
econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos
sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

Demonstração do Valor Adicionado


1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Provisão p/ devedores duvidosos – Reversão / (Constituição)
1.3) Outras Receitas operacionais
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)
2.1) Matérias primas consumidas
2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos
2.3) Materiais, energia, serviço de terceiros e outros
2.4) Perda / Recuperação de valores ativos
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – RETENÇÕES
4.1) Depreciação, amortização e exaustão
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO*
8.1) Pessoal e encargos
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.3) Juros e aluguéis
8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício
O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 49


8. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

8.1. Regimes de tributação

8.2. LUCRO REAL

8.2.1. Pessoas Jurídicas obrigadas à tributação com base no Lucro


Real:

 Receita bruta superior a R$78 milhões no ano-calendário anterior.


 Instituições financeiras e equiparadas, em geral.
 Pessoas jurídicas que gozem de benefícios fiscais relativos à isenção ou
redução do imposto de renda.
 Pessoas jurídicas que aufiram lucros, rendimentos ou ganhos de capital
oriundos do exterior.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 50


8.2.2. Escrituração contábil

A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter
escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. A escrituração deverá
abranger todas as operações da Pessoa Jurídica, os resultados apurados em suas
atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de
capital auferidos no exterior.

8.2.3. Lucro Real trimestral ou anual:

A Pessoa Jurídica tributada pelo lucro real pode determinar o lucro com base em
balanço anual levantado em 31 de dezembro (lucro real anual), ou mediante
levantamento de balancetes trimestrais (lucro real trimestral).

 O recolhimento, por sua vez, pode ser efetuado em:

 Quota única, com vencimento no último dia útil do mês seguinte ao


do encerramento do período de apuração, ou
 Em até três quotas acrescidas de juros Selic, acumulados
mensalmente até o mês anterior, e 1% no mês do pagamento.

Importante: opção irretratável pelo regime de apuração, manifestada pelo primeiro


pagamento (IN 672 art. 11, V.)

8.2.3.1. Lucro real trimestral:

Tributação definitiva (o lucro do trimestre anterior não pode ser compensado com
o prejuízo fiscal de trimestres seguintes, ainda que dentro do mesmo ano-
calendário).

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 51


8.2.3.2. Lucro Real Anual

A pessoa jurídica pode compensar integralmente os prejuízos com lucros apurados


dentro do mesmo ano-calendário. A pessoa jurídica que optar por essa sistemática
deve efetuar antecipações mensais de IRPJ e CSLL, calculadas por uma das
seguintes formas:

 Receita bruta e acréscimos (conhecida também como estimativa): forma


de cálculo semelhante à apuração do lucro presumido (mais detalhes no
próximo capítulo), porém com periodicidade dos pagamentos mensal.

 Balancete de suspensão ou redução: a pessoa jurídica pode suspender ou


reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que
demonstre, com balancetes mensais, que o valor acumulado já pago
excede o valor devido, calculado com base no lucro real do período em
curso. O balanço de suspensão ou redução deve abranger sempre o
período entre 1º de janeiro e a data da apuração do imposto.

Conceito: Lucro real é o lucro líquido apurado na escrituração contábil, com


observância da legislação comercial, ajustado no Lalur por adições, exclusões e
compensações previstas ou autorizadas pela legislação tributária:

Adições:
 Custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer
outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido e que sejam
indedutíveis no lucro real.
 Resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos
na apuração do lucro líquido e que devam ser incluídos na determinação
do lucro real.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 52


Exclusões:
 Resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na
apuração do lucro líquido e que, de acordo com a legislação do IR não
sejam computados no lucro real.
 Valores cuja dedução seja autorizada pela legislação do IR e que, pela sua
natureza exclusivamente fiscal, não tenham sido computados na apuração
do lucro real.
 Compensação de prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores,
respeitados os limites e as demais normas pertinentes.

Apuração do Lucro Líquido


Receita Líquida de Vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(=) Lucro Bruto com Vendas
Receita de Prestação de Serviços
(-) Custo dos Serviços Prestados
(=) Lucro Bruto com Serviços
(=) Lucro Bruto com Vendas e Serviços
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com Vendas
Despesas Administrativas
(+) Outras Receitas
(-) Outras Despesas
(=) Lucro “operacional” antes dos efeitos financeiros
(+) Receitas Financeiras
(-) Despesas Financeiras
(=) Lucro “operacional” após os efeitos financeiros
(+) Outras Receitas e Despesas não recorrentes
(=) Lucro antes dos Impostos
(-) Despesa com Imposto de Renda
(-) Despesa com Contribuição Social sobre o Lucro
(=) LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 53


8.2.3.3. Apuração do Lucro Real – Ponto de partida

Ao definir as adições e exclusões ao lucro líquido, o legislador pretende:

(a) Relativamente a custos, despesas e encargos indedutíveis: como tais


valores reduzem o lucro líquido, sua adição elimina o efeito da redução
do lucro.
(b) Valores não incluídos na apuração do lucro líquido que devem ser
adicionados ao lucro real: trata-se de valores excluídos em períodos
anteriores e que, depois de alcançada determinada condição, devem ser
oferecidos à tributação (ex.: depreciação acelerada, variação cambial
tributada com base no regime de caixa).
(c) Resultados e receitas não tributáveis: como tais valores aumentam o
lucro líquido, sua exclusão reduz o lucro tributável.
(d) Valores cuja exclusão seja autorizada pela legislação e que, por sua
natureza exclusivamente fiscal, não tenham sido computados na
apuração do lucro líquido (ex.: depreciação acelerada).

8.2.3.4. Despesas dedutíveis / operacionais

O artigo 299 do Regulamento do imposto de Renda dispõe:

Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos


custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da
respectiva fonte produtora.
§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a
realização das transações ou operações exigidas pela atividade da
empresa.
§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais
no tipo de transações, operações ou atividades da empresa.
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às gratificações
pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.

Conceito: as despesas operacionais dedutíveis na determinação do lucro real são


as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte
produtora de receitas.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 54


As despesas necessárias são as despesas incorridas e que sejam usuais e normais
no tipo de transações, operações ou atividades das empresas.

O gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida


pela exploração das atividades, principais ou acessórias, que estejam vinculadas
com as fontes produtoras de rendimentos.

Despesa normal é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou


transação efetuada e que, na realização do negócio, apresenta-se de forma usual,
costumeira e ordinária.

8.2.3.5. Adições e Exclusões

Descrição IR CS
Adições
Multas punitivas X
Despesas com brindes X X
Despesas não necessárias às atividades X
Despesas sem suporte documental (comprovadas por documentos que
X X
não identificam o beneficiário do pagamento)
Despesa com doações, exceto:
 Doações e patrocínios de caráter cultural e artístico;
 Doações efetuadas às instituições de ensino e pesquisa criadas
com autorização de lei federal, até o limite de 1,5% do lucro
operacional. X X
 Doações efetuadas a entidades civis, sem fins lucrativos, que
prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da PJ
doadora ou da comunidade em que atuem, até o limite de 2%
do lucro operacional da PJ
Provisões ainda não perfeitamente quantificadas e dependentes de
X X
evento futuro
Contribuições não compulsórias X X
Tributos com a exigibilidade suspensa X
Participações atribuídas a dirigentes e administradores X
Gratificações concedidas a administradores X
Despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores X X
Gastos de dirigentes ou empregados com cartão de crédito pago pela
X X
empresa
Pagamentos a beneficiários não identificados X

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 55


Obs.: sobre tais pagamentos incide IRRF à alíquota de 35% sobre a
base ajustada, o qual também é não dedutível
Resultado negativo de equivalência patrimonial X X
Despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo,
conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com
X X
bens móveis ou imóveis, não relacionados intrinsecamente com a
produção ou a comercialização dos bens e serviços
Exclusões
Lucros e dividendos derivados de investimento avaliados pelo custo de
X X
aquisição
Resultado positivo de equivalência patrimonial X X
Tributos:
 Pagos, os quais não foram deduzidos no ano-calendário da sua
competência; X
 Exigíveis, os quais se apresentavam com a exigibilidade
suspensa no ano-calendário da sua competência;
Reversão ou realização de provisões adicionadas anteriormente X X

Importante: Essa lista dos itens de adições e exclusões não é exaustiva e pode
mudar de um ano-calendário para outro.

8.2.3.6. Imposto devido

 Considera-se imposto devido o resultado da aplicação da alíquota do


imposto sobre o lucro real, acrescido do adicional, e deduzido, quando for
o caso, dos incentivos fiscais de dedução e de isenção ou redução.
 Alíquota do IRPJ: 15%.
 Adicional do IRPJ: 10% – no balanço ou balancete de suspensão ou
redução de pagamento, corresponderá ao resultado da multiplicação do
limite mensal de R$20.000 pelo número de meses que compõem o período
desde janeiro até o mês do balanço ou balancete.
 Considera-se imposto de renda pago a soma dos valores correspondentes
ao imposto de renda:
 pago mensalmente;
 retido na fonte sobre receitas ou rendimentos computados na
determinação do lucro real do período;
 pago sobre os ganhos líquidos de renda variável; e
CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 56
 pago a maior ou indevidamente em anos-calendário anteriores.

Exemplo 1 – Receita Bruta e acréscimos

Exemplo 2: Balanço de suspensão / redução

Pessoa jurídica levantou balanço para suspender o pagamento do IRPJ em março,


tendo efetuado apuração de IR com base na receita bruta e acréscimos em janeiro
e fevereiro.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 57


Exemplo 3: Comparativo Receita Bruta e Acréscimos e Balanço Suspensão
Redução. Pessoa jurídica efetuou apuração de IR com base na receita bruta e
acréscimos em janeiro e fevereiro. No mês de marco, demonstramos a diferença de
recolhimento nos dois regimes.

8.3. Lucro Presumido

 Lei nº 9.718/98.
 Decreto nº 3.000/99
 Regulamentado pelos arts. 516 a 528.

 Abrange os tributos: IRPJ e CSLL


 Com a publicação da Lei nº 12.814/2013, subiu para R$78 milhões o teto
para as empresas optarem pela tributação pelo Lucro Presumido.
 Opção pelo lucro presumido: deve ser formalizada e manifestada com
o recolhimento no mês de abril da primeira ou única cota correspondente
ao 1º trimestre.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 58


8.3.1. Empresas impedidas de optar pelo Lucro Presumido:

 Aquelas cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite


de R$78 milhões ou proporcional ao número de meses do período, quando
inferior a 12 meses.
 Instituições financeiras.
 Pessoas Jurídicas que aufiram lucros, rendimentos ou ganhos de capital
oriundos do exterior.
 Pessoas Jurídicas que usufruam de benefícios fiscais de isenção ou
redução do IR, calculados com base no lucro da exploração (empresas
sediadas nas áreas da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste – Sudene – e Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia – Sudam).
 Pessoas Jurídicas que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado
pagamento mensal pelo regime de estimativa (lucro real).
 Pessoas Jurídicas que explorem as atividades de prestação de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber e factoring.

8.3.2. Base de cálculo do lucro presumido

Apurada a partir da receita bruta decorrente da atividade da pessoa jurídica e do


resultado das demais receitas e dos ganhos de capital.

8.3.2.1. Valores que compõem a receita bruta:

 Receitas da prestação de serviços, da venda de produtos de fabricação


própria, da revenda de mercadorias, do transporte de cargas, da
industrialização de produtos em que a MP, o PI e o ME tenham sido
fornecidos por quem encomendou a industrialização, da atividade rural e
das outras atividades compreendidas nos objetivos sociais da pessoa
jurídica.
CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 59
 Receitas de fontes não relacionadas diretamente com os objetivos da
empresa, como os ganhos de capital.
 Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa.
 Ganhos líquidos obtidos em operações realizadas nos mercados de renda
variável.
 Parcela das receitas de exportações realizadas a pessoas vinculadas ou
domiciliadas em país com tributação favorecida, determinada segundo as
normas sobre preços de transferência, que excedeu o valor registrado na
escrituração da empresa no Brasil.

8.3.2.2. Valores que não compõem a receita bruta:

 Vendas canceladas, devoluções de vendas, descontos incondicionais e o


IPI cobrado destacadamente do comprador ou contratante, do qual o
vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário.
 Saídas que não decorram de vendas, a exemplo das transferências de
mercadorias para outros estabelecimentos da mesma empresa.

8.3.2.3. Regime de reconhecimento das receitas:

Regra geral, as receitas, demais resultados e ganhos de capital são reconhecidos


pelo regime de competência. Significa que as receitas das vendas devem ser
reconhecidas na apuração do resultado do período-base em que as vendas forem
efetivadas, independentemente do recebimento em dinheiro.

No entanto, a empresa optante pelo lucro presumido pode adotar o regime de


caixa (critério de reconhecimento das receitas da atividade, nas vendas a prazo ou
em parcelas, na medida dos recebimentos em cada trimestre).

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 60


8.3.2.4. Obrigações acessórias

A manutenção de escrituração contábil nos termos da legislação comercial não é


obrigatória para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido, desde que
sejam escriturados:

 Livro-Caixa.
 Livro Registro de Inventário, ao término de cada ano-calendário.
 Livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica.

8.3.2.5. Alíquotas:

 IRPJ: 15%.
 Adicional de IR: 10% calculado sobre a parcela da base tributável que
exceder o valor resultante da multiplicação de R$20 mil pelo número de
meses do respectivo período de apuração. (Considerando que o período
de apuração do lucro presumido é trimestral, o adicional será calculado
sobre a parcela que exceder R$60 mil).
 CSLL: 9%
 Incentivos Fiscais: É proibida a dedução de quaisquer incentivos fiscais
no imposto devido com base no lucro presumido.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 61


8.3.2.6. IRPJ e CSLL – Demonstração da base de cálculo

8.3.2.7. Percentuais de presunção aplicáveis

Atividades Percentuais sobre receita

Revenda a varejo de combustíveis e gás natural 1,6%

Venda de mercadorias ou produtos


Transporte de cargas
Atividades imobiliárias
8%
Serviços hospitalares
Atividade Rural
Industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante
Outras atividades não especificadas (exceto prestação de serviços)
Serviços de transporte (exceto o de cargas) 16%
Serviços gerais com receita bruta até R$120.000/ano
Serviços profissionais (médicos, dentistas, advogados, contadores,
auditores, engenheiros, consultores, economistas etc.)
Intermediação de negócios
Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou direitos
32%
Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar
materiais de sua propriedade nem se responsabilizar pela execução da
obra (ADN Cosit 6/97).
Serviços em geral, para os quais não haja previsão de percentual
específico
No caso de exploração de atividades diversificadas, será aplicado sobre De 1,6% a 32%
a receita bruta de cada atividade o respectivo percentual.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 62


Exercício – A empresa XYZ, optante pela tributação com base no lucro presumido,
auferiu as seguintes receitas no 1º trimestre de X6.
a. Receita de vendas de mercadorias – R$900.000,00;
b. Receita de prestação de serviços – R$60.000,00;
c. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa - R$7.000,00. Sobre tais
rendimentos foram retidos R$1.400,00 a título de IRRF;
d. Ganho de capital apurado na venda de bens do ativo permanente -
R$18.000,00;
 Não existem outras receitas, resultados ou acréscimos obrigatórios a
serem considerados na base de cálculo do imposto.
 Considerando que os percentuais de presunção são os seguintes:
 Receitas de vendas – IRPJ: 8% CSLL: 12%
 Receita de prestação de serviços – IRPJ: 32% CSLL: 32%
Demonstre as apurações do IRPJ e CSLL da XYZ referentes ao 1º trimestre
de X6.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 63


8.4. IRPJ e CSLL – Lucro Arbitrado

Conceito: prerrogativa do Fisco em arbitrar o resultado para o calculo do IRPJ e


da CSLL, nos casos em que o contribuinte pessoa jurídica tenha sua documentação
/ escrituração contábil e fiscal desclassificada por parte das autoridades fiscais.

Base de cálculo: o lucro arbitrado é calculado a partir da mesma base de cálculo


considerada para o lucro presumido (receita bruta decorrente da atividade da
pessoa jurídica e do resultado das demais receitas e dos ganhos de capital). No
entanto, os percentuais de presunção aplicáveis ao IRPJ são majorados em 20%.

OBS.: os percentuais de presunção aplicáveis à CSLL são os mesmos adotados no


lucro presumido (i.e., o arbitramento do lucro não alcança a apuração da CSLL).

8.4.1. Hipóteses de arbitramento:

 Pessoa jurídica obrigada à tributação pelo lucro real que não mantiver
escrituração nas formas da legislação comercial e fiscal.
 Escrituração imprestável (indícios de fraude ou existência de vícios, erros
ou deficiências).
 Não apresentação dos livros comercias e fiscais.
 Opção indevida pela tributação com base no lucro presumido.
 Pessoa jurídica que não mantiver, em boa guarda, Livro Razão ou fichas
utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos
efetuados no Diário.

Autoarbitramento: é possível ao contribuinte autoarbitrar a base de cálculo do


IRPJ e da CSLL, apenas nos casos em que for possível apurar a sua receita bruta.

Exercício – Durante fiscalização efetuada pelas autoridades fiscais, verificou-se que


a empresa XYZ detém investimentos no exterior, de modo que sua opção pelo lucro

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 64


presumido é indevida. Demonstre a apuração do lucro arbitrado, considerando que
a empresa auferiu as seguintes receitas no 1º trimestre de X6.

a. Receita de vendas de mercadorias – R$900.000,00;


b. Receita de prestação de serviços – R$60.000,00;
c. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa – R$7.000,00. Sobre
tais rendimentos foram retidos R$1.400,00 a título de IRRF;
d. Ganho de capital apurado na venda de bens do ativo permanente –
R$18.000,00;

Não existem outras receitas, resultados ou acréscimos obrigatórios a serem


considerados na base de cálculo do imposto.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 65


9. TOPICOS CONTEMPORÂNEOS

9.1. CPC Overview

No Brasil, desde 2005 existe o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),


entidade formada por um conjunto de instituições e que tem como objetivo com
que a Contabilidade brasileira adote as melhores práticas internacionais.

O regimento interno do CPC dispõe:

Art. 1º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, idealizado a


partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes
entidades:
ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas;
APIMEC NACIONAL – Associação dos Analistas e Profissionais de
Investimento do Mercado de Capitais;
BM&FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros;
CFC – Conselho Federal de Contabilidade;
IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil; e
FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras, foi, por expressa solicitação desses seus membros
componentes iniciais, formalmente criado pela Resolução nº. 1.055,
de 07 de outubro de 2.005 do Conselho Federal de Contabilidade –
CFC, para que este, além de dele participar, lhe desse a
infraestrutura de apoio que viabilizasse o atingimento de sua
missão.

Art. 13 De acordo com a Resolução CFC nº. 1.055/05, é atribuição


do CPC estudar, pesquisar, discutir, elaborar e deliberar sobre o
conteúdo e a redação de Pronunciamentos Técnicos, podendo,
inclusive, emitir Interpretações, Orientações, Comunicados e
Boletins

A convergência dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (Gaap; do inglês,


Generally Accepted Accounting Principles) com as normas internacionais tornou-se

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 66


prioridade na pauta de diversos países, e o termo convergência sugere a
eliminação de diferenças.

Com base nesse ponto de vista, a maioria dos países adota atualmente as normas
expedidas pelo International Accounting Standard Board (Iasb), as denominadas
IFRS (International Financial Reporting Standard), que orientam as empresas
privadas sobre procedimentos a serem observados em vários temas e peculiaridades
advindas das novas formas de comercialização originadas nesse mundo globalizado.

Com a publicação da Lei nº 11.638/07, passou a vigorar em 2008 uma nova


legislação societária, tornando obrigatória para todas as companhias nacionais a
elaboração de suas demonstrações financeiras segundo o novo conjunto de normas
locais, que está sendo emitido com base no IFRS.

Em outras palavras, tornou-se requerida para todas as companhias brasileiras,


sejam elas abertas ou fechadas, a adoção de normas locais idênticas ao IFRS.

IFRS não é apenas uma série de novas regras; a norma internacional traz mudanças
importantes em vários conceitos, tais como (i) mensuração a valor justo; (ii)
essência sobre a forma; (iii) requisitos para divulgação mais extensos e detalhados.

É importante salientar que os EUA utilizam regras emitidas pelo Financial Accounting
Standard Board (Fasb), o órgão que emite pronunciamentos denominados Financial
Accounting Standard (FAS). No entanto, há negociações para que as práticas
adotadas pelo Fasb se aproximem o máximo possível das regras do Iasb a fim de
que, em um futuro próximo, possa haver apenas uma norma contábil internacional.

9.2. Teste de Recuperabilidade de Custo (Impairment)

 Norma Internacional: IAS 36 (Impairment of Assets).


 Norma Brasileira: CPC 01 (Redução ao Valor Recuperável de Ativos).

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 67


Objetivo: limitar o custo dos ativos ao seu valor econômico (valor que, pelo uso,
possa ser obtido em termos de fluxos de caixa futuros).

 A entidade deve aplicar o teste de impairment para determinar se um item


do ativo deve ser reduzido pelo valor recuperável.
 O impairment se aplica sempre que o valor contábil do ativo for maior que
o seu valor recuperável.
 O valor recuperável é o maior entre o valor líquido de venda (valor justo
menos custo de venda) e o valor em uso (valor presente líquido de fluxos
futuros de caixa associados ao ativo).
 As taxas de desconto para cálculo do valor em uso devem refletir as
avaliações atuais de mercado para a moeda ao longo do tempo e os riscos
específicos do ativo.
 A revisão deve ser feita a cada balanço.

Antes do CPC 01, a CVM exigia que as companhias abertas reduzissem o ativo
imobilizado ao seu valor recuperável diante de eventos ou circunstâncias que
indicassem a existência de uma desvalorização permanente. Entretanto, havia
pouca orientação sobre a forma de cálculo dessas reduções, não sendo comum o
registro de perdas ao valor recuperável.

Tratamento tributário

 O contribuinte poderá reconhecer na apuração do lucro real somente os


valores contabilizados como redução ao valor recuperável de ativos que
não tenham sido objeto de reversão, quando ocorrer a alienação ou baixa
do bem correspondente.

 No caso de alienação ou baixa de um ativo que compõe uma unidade


geradora de caixa, o valor a ser reconhecido na apuração do lucro real
deve ser proporcional à relação entre o valor contábil desse ativo e o total

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 68


da unidade geradora de caixa à data em que foi realizado o teste de
recuperabilidade.

9.3. Ajustes a Valor Presente – CPC 12

Antes do CPC 12, o BR Gaap não dispunha de norma específica sobre ajuste a
valor presente. De modo geral, as contas a receber e a pagar eram registradas a
valor futuro.

Atualmente, ativos e passivos monetários com juros implícitos ou explícitos


embutidos devem ser mensurados pelo seu valor presente quando do seu
reconhecimento inicial, por ser esse o valor de custo original dentro da filosofia de
valor justo (fair value).

Uma vez que não há mercado consolidado de dívidas de longo prazo no Brasil,
ficando a oferta de crédito ao mercado em geral com essa característica de longo
prazo normalmente limitada a um único ente governamental, empréstimos e
financiamentos subsidiados não estão, ainda, contemplados pelo CPC 12.

Elementos fundamentais no conceito de AVP:

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 69


Exemplo:

 Venda a prazo: 30 dias.


 Contas a receber: $100.
 Valor do ajuste a valor presente: $10.

Caixa Contas a Receber AVP


(4) 100 100 (1) 100 (4) (3) 10 10 (2)

Receitas de Vendas Receita Financeira


(2) 10 100 (1) 10 (3)

Tratamento tributário – Lei nº 12.973/14, art. 4

Os valores decorrentes do ajuste a valor presente de elementos do ativo, relativos


a cada operação, somente serão considerados na determinação do lucro real no
mesmo período de apuração em que a receita ou o resultado da operação deva ser
oferecido à tributação.

Os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso III do caput
do art. 184 da Lei nº 6.404/76 (sobre as obrigações, os encargos e os riscos
classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo
os demais ajustados quando houver efeito relevante), relativos a cada operação,
somente serão considerados na determinação do lucro real no período de apuração
em que (...):

 Bem para revenda: quando o bem for revendido.


 Bem a ser utilizado como insumo na produção de bens ou serviços: quando
o bem for utilizado como insumo na produção de bens ou serviços.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 70


 Outros ativos: quando forem realizados, inclusive mediante depreciação,
amortização, exaustão, alienação ou baixa, desde que a despesa com o
ativo correspondente seja dedutível.
 Bem ou serviço contabilizado diretamente como despesa: quando a
despesa for incorrida (e desde que a despesa seja dedutível).
 Bem ou serviço contabilizado diretamente como custo de produção de bens
ou serviços: quando o custo for incorrido.

Os valores decorrentes do AVP deverão ser evidenciados contabilmente em


subconta vinculada ao ativo, sob pena de não poderem ser deduzidos na apuração
do Lucro Real.

9.4. Ajustes a Valor Justo – CPC 46

O Pronunciamento CPC 46 define valor justo como o preço que seria recebido pela
venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma
transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.

O valor justo é uma mensuração baseada em mercado e não uma mensuração


específica da entidade. Para alguns ativos e passivos, pode haver informações de
mercado ou transações de mercado observáveis disponíveis e para outros pode não
haver. Contudo, o objetivo da mensuração do valor justo em ambos os casos é o
mesmo: estimar o preço pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo
ou para transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de
mensuração sob condições correntes de mercado (ou seja, preço de saída na data
de mensuração do ponto de vista de participante do mercado que detenha o ativo
ou o passivo).

Tratamento tributário - Art. 13 da Lei nº 12.973/14 e Art. 7° IN 1515/14

Ganhos por avaliação a valor justo

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 71


 O ganho decorrente de avaliação de ativo ou passivo com base no valor
justo não será computado na determinação do lucro real desde que o
respectivo aumento no valor do ativo ou a redução no valor do passivo seja
evidenciado contabilmente em subconta vinculada ao ativo ou passivo.
 O ganho evidenciado por meio da subconta será computado na
determinação do lucro real à medida que o ativo for realizado, inclusive
mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, ou
quando o passivo for liquidado ou baixado.
 O ganho não será computado na determinação do lucro real caso o valor
realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão,
alienação ou baixa, seja indedutível.
 Na hipótese de não ser evidenciado por meio de subconta, o ganho será
tributado (e não poderá acarretar redução de prejuízo fiscal do período,
devendo, nesse caso, ser considerado em período de apuração seguinte
em que exista lucro real antes do cômputo do referido ganho).

Perdas por avaliação a valor justo

 A perda decorrente de avaliação de Ativo ou Passivo com base no valor


justo somente poderá ser computada na determinação do lucro real à
medida que o ativo for realizado, inclusive mediante depreciação,
amortização, exaustão, alienação ou baixa, ou quando o passivo for
liquidado ou baixado, e desde que a respectiva redução no valor do ativo
ou aumento no valor do passivo seja evidenciada contabilmente em
subconta vinculada ao ativo ou passivo.
 A perda não será computada na determinação do lucro real caso o valor
realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão,
alienação ou baixa, seja indedutível.
 Na hipótese de não ser evidenciada por meio de subconta, a perda será
considerada indedutível na apuração do lucro real.

CONTABILIDADE APLICADA À GESTÃO DA EMPRESA 72


BIBLIOGRAFIA

Bibliografia Básica

ARAÚJO. I. P. S. Introdução à Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.


DE IUDÍCIBUS, S. (Coord.) Contabilidade Introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
FIPECAFI/USP. Contabilidade Introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
______. ______. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade Básica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SILVA, C. A. T. Contabilidade Básica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Bibliografia Complementar

FABRETTI. L. C. Contabilidade Tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.


GOUVEIA, N. Contabilidade Básica. 2. ed. São Paulo: Harbra, 2001.
MÜLLER, A. N. Contabilidade Básica – fundamentos essenciais. São Paulo:
Pearson Education, 2007.
NEVES, S.; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade Básica. 13. ed. São Paulo: Frase,
2006.
PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
TELES, E. L.; NAGATSUKA, D. A. S. Manual de Contabilidade Introdutória. São
Paulo: Thomson, 2002.

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