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Comércio Exterior
De fato, o direito aduaneiro vai muito além da regulação dos interesses fazendários
ligados às importações e exportações.
André Parmo FOLLONI define direito aduaneiro como “conjunto de normas que
disciplina a atividade de regulamentação e fiscalização da entrada e saída de
produtos do território nacional, e o lançamento e arrecadação dos tributos
eventualmente incidentes nessa atividade”3.
1
Diante da confusão que a própria etimologia da palavra “Aduana” provoca, como derivada do árabe "ad-
diwân", ou “alfândega”, que correspondia à “repartição pública encarregada de vistoriar bagagens e
mercadorias em trânsito e cobrar os correspondentes direitos de entrada e saída” (In: Memória da Receita
Federal. Aduana – Origem da palavra. Disponível em:
http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/aduana/arquivos-e-
imagens/3origem_da_palavra.jpg/view.
2
TREVISAN, R. Temas atuais de Direito aduaneiro. São Paulo: Lex Editora, 2008, p. 39.
3
FOLLONI, A. P. Tributação sobre o comércio exterior. São Paulo: Dialética, 2005, p. 60.
Melhor caminho trilhou a Ministra Regina Helena Costa, definindo direito aduaneiro
como “conjunto de normas jurídicas que disciplinam as relações decorrentes da
atividade estatal destinada ao controle do tráfego de pessoas e bens pelo território
aduaneiro, bem como, à fiscalização do cumprimento das disposições pertinentes ao
comércio exterior”4.
5
Responsável pelo armazém ou recinto alfandegado em que as mercadorias são mantidas sob controle
aduaneiro.
6
Instrução Normativa SRF 680/2006, art. 21.
7
Instrução Normativa SRF 28/1994, art. 15-C, com as alterações da Instrução Normativa RFB 1.407/2013.
8
Neste sentido, SOSA, Roosevelt Baldomir. A aduana e o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1995, p.
43.
9
FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o Comércio Exterior. Dialética. São Paulo, 2005, p. 82.
10
Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias,
celebrada em Bruxelas, em 14 de junho de 1983, aprovada pelo Decreto Legislativo 71/1988 e internalizada
pelo Decreto 97.409/1988.
11
A alíquota, como integrante da regra-matriz de incidência tributária (elemento quantitativo do tributo),
como regra, somente pode ser fixada, reduzida ou aumentada por lei (CTN, art. 97, IV), o que, em relação aos
impostos precipuamente extrafiscais, é relevado (art. 153, § 1º, da CF/1988) para atribuir maior celeridade e
eficácia à atuação estatal, facultando-lhe modificar alíquotas por meio de ato do Poder Executivo (decreto ou
afim).
12
“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação,
para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; (...); IV - produtos industrializados; V - operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; (...). § 1º É facultado ao Poder Executivo,
atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V”.
13
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário, 13ª ed., revista e atualizada. São Paulo: Saraiva,
2000, pp. 239-349.
14
Então constante no art. 93 do DL 37/1966.
Bens importados irregularmente, que adentram ao País sem passar pela alfândega,
deflagram a incidência de norma penal (descaminho – art. 334 do Código Penal, ou
contrabando – art. 334-A), e não de norma tributária, o que reforça a ideia de que a
repartição aduaneira corresponde ao elemento espacial da regra de incidência do
II15.
15
Neste sentido, v. acórdão do Superior Tribunal de Justiça: Recurso Especial 1.467.306/PR, Rel. Min.
Humberto Martins, DJe em 24.03.2015.
Das diversas fases que compõem uma operação de importação (da negociação
internacional ao desembaraço aduaneiro, passando pelo embarque no exterior e
desembarque no Brasil), o momento (ou data) que importa para fixar as balizas do II
é o registro da DI no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).
16
Art. 11. O pagamento dos tributos e contribuições federais devidos na importação de mercadorias, bem assim
dos demais valores exigidos em decorrência da aplicação de direitos antidumping, compensatórios ou de
salvaguarda, será efetuado no ato do registro da respectiva DI ou da sua retificação, se efetuada no curso do
despacho aduaneiro, por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) eletrônico, mediante
débito automático em conta-corrente bancária, em agência habilitada de banco integrante da rede
arrecadadora de receitas federais.
2.1.4.2. Alíquotas
A TEC tem por base a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) que, por sua vez,
foi estruturada a partir do Sistema Harmonizado (SH).
A classificação fiscal do produto na NCM é composta por oito dígitos, sendo os seis
primeiros “universais”, extraídos do SH e adotados por todos os países signatários ou
aderentes à Convenção de Bruxelas de 1983.
2.2. IPI-Importação
O plexo normativo básico do IPI é o seguinte: CF/1988, art. 153, IV; CTN, arts. 46 a
51; Lei 4.502/1964; Regulamento do IPI (Decreto 7.212/2010); e Tabela de
Incidência do IPI (TIPI) aprovada pelo Decreto 7.660/2011.
A Lei 4.502/1964, em seu art. 2º, § 2º, determina que “o imposto é devido sejam
quais forem as finalidades a que se destine o produto ou o título jurídico a que se
faça a importação”.
17
Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial 516.497/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
publicado no DJe em 01.04.2016
O CTN, art. 47, estabelece como base do IPI-Importação a soma das seguintes
parcelas:
a) Valor aduaneiro (mesma base de cálculo do II);
b) Imposto de Importação;
c) Taxas exigidas para entrada do produto no País;
d) Encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis.
2.2.4.2. Alíquotas
2.3. ICMS-Importação
De acordo com a CF/1988, art. 155, § 2º, inciso IX, com a nova redação dada pela
Emenda Constitucional (EC) 33/2001, o ICMS-Importação tem como hipótese de
incidência possível a importação por qualquer pessoa (comerciante ou não) de bem
ou mercadoria importado do exterior, “qualquer que seja a sua finalidade”.
18
A propósito, a classificação fiscal do produto comporta o seu enquadramento em um mesmo e único código
da NCM que servirá como referência para as alíquotas do II e do IPI constantes nas tabelas próprias desses
impostos (respectivamente, TEC e TIPI).
19
Anteriormente à EC 33/2001, somente as importações por contribuintes do ICMS (comerciantes, industriais
ou prestadores de serviços alcançados pela competência estadual) estavam sujeitas ao imposto por ocasião do
desembaraço aduaneiro.
Convém ressaltar que o ICMS não é um imposto “sobre a circulação”, e sim, sobre
“operações relativas à circulação” de mercadorias, o que significa dizer que, para
sua incidência, é indispensável ocorrer uma “operação” enquanto ato ou negócio
jurídico translativo de propriedade.
Esse critério deve ser observado nas operações entre estabelecimentos de uma
pessoa jurídica (p.ex., matriz importa e determina a entrega em filial de outro
Estado), mas não em negócios mercantis entre pessoas diversas (p.ex., Empresa “A”
importa e, revendendo o produto, determina a sua entrega diretamente da alfândega
para a Empresa “B”, em outro Estado).
Tem-se, aqui, mais uma polêmica em torno do ICMS, controvertendo os Fiscos sobre
quem é competente para exigir o imposto nas importações que envolvem
desembaraço em um Estado com entrega em outro.
a) Valor aduaneiro;
b) Impostos federais aduaneiros (II, IPI e IOC);
c) Quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras;
d) Valor do próprio ICMS (cálculo por dentro).
20
Neste sentido o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 653.654/RS, Segunda Turma, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, sessão de 14.09.2010.
O Rio Grande do Sul, por sua vez, define “despesas aduaneiras” como “aquelas
verificadas até a saída da mercadoria da repartição alfandegária” (RICMS/RS, L.I, art.
16, III, “e”, Nota), o que compreende, por exemplo, os honorários pagos ao
despachante aduaneiro.
2.3.4.2. Alíquotas
O sujeito passivo (contribuinte), por sua vez, será o importador dos bens ou
aquele que os arrematar em licitação decorrente de apreensão ou abandono (LC
87/1996, art. 4º, parágrafo único, inciso III).
3.1. PIS/COFINS-Importação
21
Importação de produto anteriormente exportado.
3.1.4.2. Alíquotas
3.2. AFRMM-Importação
22
As vedações à base de cálculo idêntica à de impostos se limitam ás taxas (CF/1988, art. 145, § 2º) e aos
impostos federais residuais (art. 154, I). O STF ratificou tal entendimento no acórdão proferido nos autos do RE
186.862-7/PR, de 26 de setembro de 1995.
23
FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o Comércio Exterior. São Paulo: Dialética, 2005, p. 156.
De acordo com a Lei 10.893/2004, art. 5º, § 1º, a base de cálculo do AFRMM
corresponderá à “remuneração para o transporte da carga porto a porto, incluídas
todas as despesas portuárias com a manipulação de carga, constantes do
conhecimento de embarque, anteriores e posteriores a esse transporte, e outras
despesas de qualquer natureza a ele pertinentes”.
3.2.4.2. Alíquotas
24
CTN: “Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo
Ato Complementar nº 31, de 1966). Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal
e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.
3.3.4.2. Alíquotas
25
“Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários
nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda”.
26
Na hipótese de se utilizar uma “trading” de fachada, inexistente de fato.
27
De acordo com as regras do Banco Central (“BACEN”), a contratação do câmbio deve ser realizada pelo
importador que consta na DI (no caso, a “trading”). As importações por conta e ordem são exceção à regra,
permitindo o BACEN que o câmbio seja contratado pelo adquirente.
Instituída e colocada em prática a disciplina das importações por conta e ordem, cujo
cerne consistia na utilização de recursos do real adquirente pela “trading”
intermediária, a interposição (fraudulenta) foi sofisticada para descaracterizar a
conta e ordem e, com isso, propiciar a continuidade das práticas irregulares e mesmo
delituosas que a MP 2.158-35/2001 pretendeu extirpar.
As principais questões que gravitam em torno das importações por conta e ordem e
das importações por encomenda realizadas irregularmente, sem o atendimento às
disciplinas específicas que abordamos tópicos acima, são o “dano ao Erário” e a
“interposição fraudulenta de pessoas”.
Com efeito, o Decreto-lei 1.455/1976, art. 23, inciso V, incluído pela Lei
10.637/2002, dispõe que se considera dano ao Erário “a ocultação do sujeito
passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante
fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros”, punindo tal
conduta com a pena de perdimento das mercadorias conversível em multa
equivalente ao valor aduaneiro quando a mercadoria não for localizada.
Por outro lado, o art. 33 da Lei 11.488/2007 prescreve que a “pessoa jurídica que
ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros
Não havendo, no caso concreto, o dito prejuízo e o agir doloso (fraudulento), revela-
se questionável a imposição da severa pena de perdimento ou da substitutiva multa
equivalente ao valor comercial das mercadorias, porquanto simulação e fraude
devem ser cabalmente demonstradas na acusação fiscal.
Sobre a multa por “cessão de nome” fixada no art. 33 da Lei 11.488/2007 (10%
sobre o valor da operação), entende-se que sua instituição teve em mira substituir a
pesada sanção de inaptidão do CNPJ (art. 81 da Lei 9.430/1996), que na prática
implicava em óbice intransponível à própria atividade da empresa infratora.
28
No mesmo sentido o Acórdão CARF 3302-003.061, Processo 12466.003407/2010-81, de 23 de fevereiro de
2016.
Com apoio na CF/1988, art. 146, III, “d” e art. 170, IX, a LC 123/2006 instituiu o
SIMPLES NACIONAL, estabelecendo “normas gerais relativas ao tratamento
diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de
pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios”.
O RTU implica na unificação dos tributos aduaneiros federais, à razão de 25%, assim
decompostos:
II: 7,88%;
IPI-Importação: 7,87%;
PIS/COFINS-Importação: 9,25%
29
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno
porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o
empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde
que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$
3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
30
Última prorrogação pelo Convênio ICMS 107/2015, até 30 de abril de 2017.
31
Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
As RPI são aquelas transportadas pelo sistema postal (Correios oficiais), observados
os limites e condições da legislação postal internacional.
O RTS nas RPI não se aplica a bebidas alcoólicas e a bens do capítulo 24 da NCM
(fumo e produtos de tabacaria).
O imposto devido nas RPI sujeitas ao RTS será lançado no seguinte documento
inerente ao despacho aduaneiro:
O valor das importações não poderá exceder US$ 3,000.00, exceção feita aos
medicamentos importados por pessoa física para uso próprio ou individual, cujo
limite será US$10,000.00 (dez mil dólares americanos);
São permitidas apenas importações:
o Para uso próprio (em se tratando de pessoa jurídica importadora, os bens
devem ter finalidade a demonstração de suas qualidades essenciais), vedada
a destinação comercial ou industrial;
o Realizadas por missões diplomáticas, repartições consulares e
representações de organismos internacionais, de caráter permanente, de que
o Brasil seja membro, e pelos seus respectivos integrantes, observando-se as
demais formalidades previstas em legislação específica;
o De órgãos e tecidos humanos para transplante e outros materiais de
natureza biológica humana, inclusive os vinculados ao acompanhamento e
avaliação do desenvolvimento de pesquisa clínica, destinada ao diagnóstico
laboratorial clínico, bem como o material de referência originário de material
biológico humano destinado à implantação de metodologia analítica em
32
Na conformidade dos arts. 5º e seguintes da IN RFB 1.073/2010.
33
http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/acoes-e-programas/grandes-eventos/arquivos-e-imagens/relacao-
de-empresas-de-courier-internacional.pdf.
Documentos37;
Cheques e travellers check’s importados na forma da legislação das RE;
Bens a serem devolvidos ou redestinados ao exterior, na forma do art. 37 da
IN RFB 1.073/201038; e
Bens retornados ao País em razão de anterior exportação temporária,
podendo a fiscalização aduaneira exigir prova dessa condição.
34
Salvo se a importação decorrer de anterior exportação temporária – p.ex., para fins de conserto.
35
Observados os conceitos e definições da legislação específica de bagagem.
36
Hipótese em que a base de cálculo do RTS será o preço de aquisição e não o valor de face dessas moedas.
37
“Qualquer mensagem, texto, informação ou dado, impresso e sem valor comercial, exceto prospectos,
catálogos comerciais, anuários publicados por associações comerciais, propaganda turística e materiais
semelhantes” (IN RFB 1.073/2010, art. 1º, III).
38
Por exemplo, quando presumida a finalidade comercial das mercadorias, hipótese vedada pela legislação das
RE.
39
Em sendo bens de viajantes não residentes no Brasil, será aplicável, observada a legislação pertinente, o
regime de admissão temporária ou de trânsito aduaneiro.
40
Regras estabelecidas pelos órgãos intervenientes-anuentes.
41
A falta de declaração e registro desses valores, se constatada pela fiscalização aduaneira, implicará no
confisco, em favor do Tesouro Nacional, após o devido processo legal, do montante excedente ao limite de R$
10.000,00, na forma do art. 65 da Lei 9.069/1995.
42
Artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter manifestamente pessoal, em natureza e quantidade
compatíveis com as circunstâncias da viagem (art. 1º, VI, da IN RFB 1.059/2010).
43
Viagens ocasionais ao Brasil não desqualificam a residência fora do País desde que somem no máximo 45
dias dentro dos 12 meses prévios ao regresso.
44
Caso a estadia seja permanente, pela obtenção de visto desta natureza, o imigrante deverá regularizar a
permanência definitiva dos bens trazidos sob o regime de admissão temporária.
45
A suspensão se converte em não incidência quando da saída regular do País dos bens admitidos nos referidos
regimes aduaneiros especiais.
46
Isentos o IPI-Importação e as contribuições sociais aduaneiras.
47
Caso o viajante obtenha visto de permanência definitiva no País, o prazo de 6 meses contar-se-á a partir da
data de concessão do visto.
48
DL 1.455/1976: “Art. 23. Consideram-se dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) III - trazidas
do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada e que permanecerem nos recintos
alfandegados por prazo superior a 45 (quarenta e cinco) dias, sem que o passageiro inicie a promoção, do seu
desembaraço; § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a
pena de perdimento das mercadorias”. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002).
IV - produtos industrializados;
(...)
X - não incidirá:
49
“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) II - exportação, para o exterior, de produtos
nacionais ou nacionalizados; (...). § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V”.
50
“Art. 593. A averbação do embarque consiste na confirmação da saída da mercadoria do País”.
51
Por exemplo, na LC 87/1996, art. 3º, parágrafo único, inciso I.
52
“Art. 8º A inscrição no Registro de Exportadores e Importadores (REI) da Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX) é automática, sendo realizada no ato da primeira operação de exportação ou importação em qualquer
ponto conectado ao SISCOMEX”.
O dispositivo legal prevê condição sutil para gozo dos benefícios voltados às
exportações indiretas (vendas com fim específico): que a entrega dos produtos a
exportar ocorra diretamente no ponto de embarque ou em recintos alfandegados,
ficando descaracterizado o fim específico se as mercadorias foram entregues em
local diverso (p.ex., no próprio estabelecimento da ECE).
É crucial, portanto, que seja observado esse requisito do local de entrega, evitando-
se, deste modo, questionamentos do Fisco federal.
53
A exemplo do Acórdão CARF 3302-001.835, Processo 11444.000044/2007-11, sessão de 27 de setembro de
2012.
54
Neste sentido decidiram o Superior Tribunal de Justiça (“STJ”), nos autos do Recurso Especial 1.290.896/RS,
Relator Min. Mauro Campbell Marques, publicado no DJe em 10 de junho de 2013, e o Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (“TRF4”), na Apelação Cível 2008.71.04.005582-9/RS, Relator Juiz Federal Jorge Antonio
Maurique, em acórdão publicado no DE em 18 de novembro de 2009.
Trata-se de modalidade criada pela Lei 12.995/2014, que enxertou o art. 81-A na
eternizada Medida Provisória 2.158-35/2001, dispondo que “no caso de exportação
por conta e ordem, considera-se, para efeitos fiscais, que a mercadoria foi exportada
pelo produtor ou revendedor contratante da exportação por conta e ordem”.
55
Art. 9º da Lei 10.833/2003.
56
A ECE arcará, ainda, com o valor do benefício denominado REINTEGRA atribuído ao produtor-vendedor, caso
não efetive a exportação que lhe cabe dentro do prazo de 180 dias (Leis 12.546/2011, art. 2º, § 7º e
13.043/2014, art. 25).
Por não ocorrer a saída física dos produtos rumo ao exterior, haverá incidência
normal do ICMS nas operações em apreço, porquanto a legislação estadual não
incorporou a ficção criada pela legislação federal para desonerar tais operações
equiparadas.
57
“Art. 84. A remessa dos produtos para a Zona Franca de Manaus far-se-á com suspensão do imposto até a
sua entrada naquela área, quando então se efetivará a isenção de que trata o inciso III do art. 81.
Art. 81. São isentos do imposto (Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, art. 9º, e Lei nº 8.387, de 1991,
art. 1º): (...) III - os produtos nacionais entrados na Zona Franca de Manaus, para seu consumo interno,
utilização ou industrialização, ou ainda, para serem remetidos, por intermédio de seus entrepostos, à Amazônia
Ocidental, excluídos as armas e munições, perfumes, fumo, automóveis de passageiros e bebidas alcoólicas,
classificados, respectivamente, nos Capítulos 93, 33 e 24, nas Posições 87.03 e 22.03 a 22.06 e nos Códigos
2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI (Decreto-Lei nº 288, de 1967, art. 4º, Decreto-Lei
nº 340, de 22 de dezembro de 1967, art. 1º, e Decreto-Lei nº 355, de 6 de agosto de 1968, art. 1º)”.
Com relação ao ICMS, a desoneração foi determinada pelo Convênio ICMS 65/1988,
que prevê isenção do imposto para as “saídas de produtos industrializados de origem
nacional para comercialização ou industrialização na Zona Franca de Manaus, desde
que o estabelecimento destinatário tenha domicílio no Município de Manaus”,
excetuados alguns produtos como armas, perfumes etc.
De acordo com o Banco Central, “as operações back to back são aquelas em que a
compra e a venda dos produtos ocorrem sem que esses produtos efetivamente
ingressem ou saiam do Brasil. O produto é comprado de um país no exterior e
vendido a terceiro país, sem o trânsito da mercadoria em território brasileiro” 65. Sem
que mercadorias adentrem ou saiam do território nacional, incogitável se falar em
tributos sobre o comércio exterior, como o II, IPI-Importação e o ICMS-Importação.
A questão que se levanta quanto ao back to back diz respeito à tributação das
receitas dele provenientes, especificamente no que tange às contribuições sociais
(PIS e COFINS).
O art. 149, § 2º, I, da CF/1988, alterado pela EC 33/2001, dispõe que as
contribuições sociais “não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação”.
Seria a receita obtida com as operações back to back uma “receita decorrente de
exportação”, imune ao PIS e à COFINS por força do art. 149, § 2º, I?
65
Informação disponível em http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/expImp.asp#15, acesso em
abril/2016.
A lei deixa claro que os ajustes inerentes ao transfer pricing se aplicam às “receitas
auferidas” com as “exportações efetuadas”, e esse é o fundamento do Fisco federal
para impor ao back to back as ditas regras de cálculo do Imposto de Renda.
Semelhante prescrição consta nas Leis 10.637/2002 (art. 5º) e 10.833/2003 (art.
6º), que tratam, respectivamente, do PIS e da COFINS submetidos ao regime não
cumulativo e que, em homenagem à imunidade constitucional, estabelecem a “não
incidência” das contribuições sobre as “receitas decorrentes de operações de
prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no
exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas”.
66
“Art. 19. As receitas auferidas nas operações efetuadas com pessoa vinculada ficam sujeitas a arbitramento
quando o preço médio de venda dos bens, serviços ou direitos, nas exportações efetuadas durante o respectivo
período de apuração da base de cálculo do imposto de renda, for inferior a noventa por cento do preço médio
praticado na venda dos mesmos bens, serviços ou direitos, no mercado brasileiro, durante o mesmo período,
em condições de pagamento semelhantes”.
67
Aprovado pelo Decreto Legislativo 197/1991 e promulgado pelo Decreto federal 350/1991.
68
Considerar significativa antecedência, dado o significativo tempo de tramitação do pedido nos órgãos
competentes e o fato de os ex-tarifários aprovados serem publicados por Resolução CAMEX trimestralmente.
69
A concessão de ex-tarifário para “sistemas integrados” estava prevista na Resolução CAMEX 35/2006. Desde
05 de abril de 2012, com a publicação da Resolução CAMEX 17, os “sistemas integrados” foram excluídos do
âmbito de solicitação e deferimento de ex-tarifários do II.
70
DALSTON, César Olivier. Exceções Tarifárias: Ex-tarifário do Imposto de Importação. São Paulo: Aduaneiras,
2005, p. 296.
71
Exemplo de ex-tarifário aprovado pela Resolução CAMEX 22/2016 (DOU de 28 de março de 2016), que
resolve “alterar para 2% (dois por cento), até 31 de dezembro de 2017, as alíquotas ad valorem do Imposto de
Importação incidentes sobre os seguintes Bens de Capital, na condição de Ex-tarifários”: (...) NCM 8413.50.10 -
Ex 020 - Bombas volumétricas alternativas de pistões axiais, de deslocamento variável, para aplicações óleo-
hidráulicas em circuito aberto, com pressão máxima igual ou superior a 350bar, deslocamento volumétrico
compreendido entre 25 a 2.500cm3/revolução”. Todas as especificações constantes no texto do referido Ex 020
(características, aplicações, pressão máxima e intervalo de deslocamento volumétrico) deverão estar presentes
no bem importado para o qual o importador declarar o enquadramento nesta exceção, conforme será atestado
em laudo de perito designado pela Aduana.
7.2.1. ICMS-Importação
O ICMS pago no desembaraço poderá ser recuperado como crédito fiscal por
importadores que sejam contribuintes habituais do imposto, a saber, comerciantes,
industriais e prestadores de serviços de transporte transmunicipal e de comunicação.
Para outros importadores (não contribuintes habituais do imposto73), o ICMS-
Importação integrará o custo de aquisição.
72
Isto é, aqueles cuja apuração doméstica implica confronto de débitos e créditos para a determinação de um
saldo, que pode ser devedor (a pagar) ou credor (a compensar em períodos futuros).
73
Por exemplo, um hospital que importa um equipamento de raio X.
74
Por ser o ICMS um imposto estadual, recomenda-se a pesquisa da legislação do Estado em que situado o
contribuinte-importador com o intuito de ratificar as informações ora apresentadas, bem como, verificar a
eventual existência de disciplina diferenciada.
7.2.2. IPI-Importação
No campo do IPI, o direito aos créditos conta, em regra, com as seguintes diretrizes,
extraídas da Lei 4.502/1964, art. 25, e do Regulamento do IPI (RIPI), aprovado pelo
Decreto 7.212/2010, art. 226:
7.2.3. PIS/COFINS-Importação
No plano das contribuições sociais aduaneiras, o direito a crédito pode ser sintetizado
da seguinte forma, com apoio na Lei 10.865/2004, art. 15:
75
Assim entendidos os bens empregados na manutenção da Empresa que não guardem vinculação direta com
as atividades industriais e comerciais desenvolvidas, sujeitas ao imposto. Por exemplo, as mercadorias
destinadas ao consumo interno do setor administrativo de uma empresa contribuinte do ICMS (bens que não
serão objeto de uma subsequente operação de circulação – venda).
7.3.1. ICMS
A CF/1988 prevê que o ICMS (art. 155, § 2º, inciso X, alínea “a”) não incidirá sobre
as exportações, sendo assegurada a “manutenção e o aproveitamento” dos créditos
inerentes a essas operações.
A Lei 8.402/1992, art. 1º, inciso III, prevê, como incentivo fiscal, o crédito do IPI
sobre bens de fabricação nacional, adquiridos no mercado interno e exportados com
pagamento em moeda estrangeira conversível.
7.3.3. PIS/COFINS
76
Para os quais essas contribuições sociais aduaneiras representam custos, dado que não poderão recuperá-las
como créditos fiscais.
77
Neste sentido decidiu o STJ (Recurso Especial 1.255.823/PB, Rel. Min. Herman Benjamin, acórdão publicado
no DJe em 27 de abril de 2012).
78
Com a contratação de um terceiro, seja para produzir a mercadoria (industrialização por encomenda), seja
para exportá-la (ECE que receberá os produtos com fim específico de exportação).
79
Recurso Especial 1.041.237/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado sob o rito dos recursos repetitivos em 28 de
outubro de 2009 (DJe em 19 de novembro de 2009).
80
“Na importação, é indevida a exigência de nova certidão negativa de débito no desembaraço aduaneiro, se já
apresentada a comprovação da quitação de tributos federais quando da concessão do benefício relativo ao
regime de drawback”.
81
Anterior ao vencimento do AC.
82
“Vendas com fim específico de exportação” realizadas pelo contribuinte habilitado ao drawback suspensão.
83
Com a nacionalização dos insumos importados, p.ex., através do registro de DI para recolhimento dos
tributos devidos.
Bibliografia básica:
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 13. ed., revista e
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2000.
DALSTON, César Olivier. Exceções tarifárias: Ex-tarifário do Imposto de
Importação. São Paulo: Aduaneiras, 2005.
FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior. São Paulo:
Dialética, 2005.
FREITAS, Vladimir passos de. Importação e exportação no direito brasileiro.
São Paulo. Revista dos Tribunais, 2004.
MEIRA, Liziane Angelotti. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: IOB, 2002.
MELO, Jose Eduardo Soares de. Importação e exportação no direito tributário.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
PEIXOTO, Marcelo Magalhães; et al (Coord.). Tributação aduaneira à luz da
jurisprudência do CARF. São Paulo: MP, 2013.
SOSA, Roosevelt Baldomir. A aduana e o comércio exterior. São Paulo:
Aduaneiras, 1995.
TREVISAN, Rosaldo (Org.). Temas atuais de direito aduaneiro. São Paulo: Lex,
2008.
Bibliografia complementar:
ANAN JR., Pedro (Coord.). Planejamento fiscal – Análise de Casos, Volume III.
São Paulo: Quartier Latin, 2013.
BARBOSA, Jairo José. Direito aduaneiro: origens da navegação, da aduana e da
alfândega: suas respectivas evoluções intertemporais no curso da história mundial e
do Brasil. Curitiba: JM livraria Jurídica, 2009.
BIZELLI, João dos Santos; ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. PIS-Pasep e Cofins
na Importação – Análise Prática. São Paulo: Aduaneiras, 2005.
CARLUCCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. 2. ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2004.