Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Número 21
BOLETIM OFICIAL
SUPLEMENTO
SUMÁRIO
CONSELHO DE MINISTROS:
Decreto-Legislativo nº 4/2010:
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
2 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
O contencioso aduaneiro está estruturado em três O processo de adesão de Cabo Verde à Organização
áreas: o contencioso técnico- aduaneiro, o contencioso Mundial do Comércio veio, entretanto, conferir maior
administrativo aduaneiro e o contencioso fiscal adua- prioridade à adopção do Código Aduaneiro, que figura
neiro, sendo que, à data da aprovação do Contencioso como um dos compromissos assumidos por Cabo Verde
Aduaneiro, os dois primeiros estavam regulados no Re- perante essa organização internacional.
gulamento Orgânico então vigente e o último disperso
Com a aprovação do Código Aduaneiro cumpre-se,
por vários diplomas avulsos.
assim, não só uma meta importante estabelecida pela
O Contencioso Aduaneiro de 1944 assumiu como tarefa administração aduaneira, mas também esse compromisso
sua a regulação de toda a matéria relativa ao contencioso internacional assumido por Cabo Verde.
aduaneiro fiscal, ou seja, a componente adjectiva e subs-
tantiva, cuidando da definição dos crimes e transgressões Constituem linhas mestras do Código Aduaneiro as
aduaneiras e dos respectivos processos e órgãos respon- seguintes:
sáveis pelo seu julgamento e decisão definitiva.
a) A integração num único diploma de toda a
Já o Estatuto Orgânico das Alfândegas de 1960 com- matéria relativa à aplicação da legislação
porta apenas dois livros, o primeiro, sobre disposições aduaneira e ao contencioso a ela associado,
preliminares e um segundo, bastante denso e exaustivo pondo fim à separação que a partir de 1960
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 3
passara a existir entre, por um lado, um nacionais, por forma a acelerar o processo
Estatuto Orgânico regulando a organização de consecução do objectivo hoje abraçado por
e o funcionamento dos órgãos e serviços quase todas as administrações aduaneiras
aduaneiros, os regimes e os destinos das modernas e pelas organizações internacionais
mercadorias sob acção aduaneira, a liquidação de âmbito universal ou regional de que fazem
e cobrança dos direitos e outras imposições parte, no sentido da construção de um serviço
aduaneiras, os quadros do pessoal técnico – de alfandegas sem papéis, com redução de
aduaneiro e os serviços que com ele cooperam custos quer para as administrações, quer
na prevenção e combate às infracções fiscais para os operadores económicos;
aduaneiras e um Contencioso Aduaneiro
regulando as infracções fiscais aduaneiras g) O reforço da capacidade inspectiva e de fiscalização
e o respectivo processo, bem como os das alfândegas sobre as mercadorias sujeitas
processos do contencioso técnico-aduaneiro e a fiscalização aduaneira e sobre os respectivos
administrativo aduaneiro; detentores, visando aumentar a eficácia da
acção de prevenção e combate da violação da
b) A subordinação na regulação do regime de legislação aduaneira;
cooperação entre as autoridades aduaneiras
e as autoridades policiais à nova filosofia h) A incorporação das disposições dos acordos e
subjacente à organização dessas forças convenções internacionais aos quais Cabo
consubstanciada, em particular, na criação Verde passou a estar vinculado, com a sua
recente da Polícia Nacional, seguida da adesão à Organização Mundial do Comércio,
aprovação do seu diploma orgânico e de em especial os que têm directamente a ver
um novo estatuto para o pessoal policial da com a actividade aduaneira de liquidação dos
Guarda Fiscal; impostos e demais imposições aduaneiras,
designadamente, as convenções sobre o
c) A manutenção dos regimes de entrada e saída de valor aduaneiro, as regras de origem das
mercadorias previstos no Estatuto Orgânico mercadorias e as medidas de defesa comercial,
das Alfândegas e reiterados em diplomas como é o caso das medidas anti-dumping e de
sobre o comércio externo posteriormente salvaguarda e os direitos compensatórios;
publicados;
i) A clarificação das atribuições da alfandegas
d) A manutenção da disciplina substantiva em matéria de protecção da propriedade
dele constante, relativa aos regimes intelectual em consonância não só com os
aduaneiros, respectivos âmbitos, mercadorias compromissos assumidos com a sua adesão à
beneficiárias, duração e consequências do seu Organização Mundial do Comércio, mas com
incumprimento; as responsabilidades que lhes são atribuídas
pela legislação interna sobre a matéria
e) A manutenção da actual estrutura actual recentemente publicada, designadamente, o
tripartida do contencioso aduaneiro e Código da Propriedade Industrial e a Lei sobre
respectivos âmbitos, com a absorção total, os Direitos de Autor e Direitos Conexos.
no concernente ao contencioso criminal
e contra-ordenacional aduaneiros, da Em suma, o Código Aduaneiro ora aprovado é uma
disciplina constante da Lei das Infracções legislação de natureza marcadamente instrumental,
Aduaneiras, adoptada em 1995, sem prejuízo em que a reforma aduaneira a que pretende dar corpo é
dos ajustamentos impostos pela aprovação mais de ordem procedimental, não apresentando muitas
recente do Código Penal e do Código de inovações, excepto na parte exigida pela necessidade de
Processo Penal; compatibilização da legislação especifica à legislação geral
a cujos princípios e regras gerais se deva subordinar,
f) A manutenção, no essencial, do regime de incluindo os acordos e convenções internacionais que
tramitação do processo de desembaraço vinculam Cabo Verde enquanto membro da Organização
aduaneiro de mercadorias, que constitui o Mundial do Comércio.
cerne da actividade aduaneira, ressalvadas
as alterações resultantes do dever de O Código Aduaneiro que ora se aprova assume-se
subordinação aos princípios constitucionais como a âncora de um processo transformador que se
e legais de organização da actividade pretende mais profundo e alargado, nomeadamente no
administrativa em geral, designadamente os que respeita à simplificação dos regimes aduaneiros, não
princípios da racionalização, da simplificação só em termos de redução significativa do número actu-
e da modernização de procedimentos, almente existente, mas também e sobretudo a nível da
já traduzidos em metas e objectivos desmaterialização dos procedimentos a eles associados,
do Governo em matéria de governação com a consequente atribuição de idêntico valor jurídico
electrónica, rentabilizando e potenciando dos actos e informações em suporte aos processados por
as funcionalidades da aplicação informática via electrónica, tendo sempre em mira a convergência e
“Sydonia++”, que tem servido de suporte ao a harmonização normativa com a legislação aduaneira
processo de informatização das alfândegas internacional.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
4 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
A cabal aplicação do Código Aduaneiro exige, entre- c) O vendedor inclui no preço todas as despesas
tanto, outras reformas, merecendo, neste particular, relacionadas com a venda da mercadoria e a
uma referência especial a necessidade de uma maior sua entrega no referido local de entrada;
convergência da disciplina legal dos tributos geridos pela
Direcção-Geral das Contribuições e Impostos e os geridos d) O comprador suporta no país de destino da
pela Direcção-Geral das Alfândegas, bem como a urgên- mercadoria o encargo dos direitos e de
cia da reestruturação do Tribunal Fiscal Aduaneiro, de quaisquer outras imposições exigíveis, bem
forma a assumir em plenitude as suas responsabilidades como as despesas de transporte e outras,
constitucionais. efectuadas com a mercadoria após a sua
introdução no território aduaneiro nacional.
Termos em que,
Artigo 5º
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei
Venda em condições de plena concorrência
nº 46/VII/2009, de 7 de Dezembro,
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do número 2 do Entende-se como efectuada em condições de plena con-
artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: corrência, para efeitos de determinação do preço normal
da mercadoria, a venda na qual:
CAPÍTULO I
a) O pagamento do preço da mercadoria constitui a
Disposições Gerais única prestação efectiva do comprador;
Artigo 1º
b) O preço convencionado não é influenciado pelas
Aprovação do Código relações comerciais, financeiras ou outras,
contratuais ou não, que pudessem existir,
É aprovado o Código Aduaneiro, em anexo ao presente
fora das criadas pela própria venda, entre
Decreto-Legislativo, do qual faz parte integrante, e baixa
o vendedor, de um lado, e o comprador, do
assinado pelo Ministro das Finanças.
outro, ou entre uma pessoa associada em
Artigo 2º negócios ao vendedor e uma pessoa associada
Valor aduaneiro de Bruxelas
em negócios ao comprador;
Até à entrada em vigor do Acordo sobre a aplicação do c) Nenhuma parte do produto proveniente da
artigo VII do GATT, a determinação do valor aduaneiro cessão ou da utilização da mercadoria reverte,
das mercadorias continua a fazer-se nos termos das Ins- directa ou indirectamente, para o vendedor ou
truções Preliminares da Pauta Aduaneira e da Convenção para qualquer outra pessoa a ele associada.
de Bruxelas relativa ao valor aduaneiro e de conformida- Artigo 6º
de com o disposto no presente decreto - legislativo.
Pessoas associadas em negócio
CAPÍTULO II
Para os efeitos de determinação do preço normal da
Apuramento do valor aduaneiro durante
mercadoria importada, duas pessoas são consideradas
o período transitório
associadas em negócios se uma delas possui um interesse
Artigo 3º qualquer no negócio do outro ou se ambas possuem um
interesse comum ou, ainda, se uma terceira pessoa possui
Valor aduaneiro na importação
um interesse no comércio de cada uma delas, quer esses
Durante o período transitório, o valor da mercadoria interesses sejam directos ou indirectos.
importada continua a ser determinada com base no seu
Artigo 7º
preço normal ou estimado, que corresponde ao preço
reputado como susceptível de ser atribuído a essa mer- Mercadorias fabricadas com patente ou outros
cadoria no caso de uma venda efectuada em condições de
plena concorrência entre um comprador e um vendedor Quando as mercadorias a avaliar sejam fabricadas com
independentes entre si. patente, sejam objecto de um design ou de um modelo
registado, sejam portadoras de uma marca de fabrico ou
Artigo 4º
de comércio estrangeira ou são importadas para serem
Pressupostos a considerar na determinação do preço normal vendidas sob uma tal marca, a determinação do preço
normal é feita tomando em consideração que o mesmo
O preço normal da mercadoria importada é determi- compreende o valor do direito de utilização da patente,
nado, levando-se em consideração que: do design ou do modelo registados ou da marca de fabrico
a) O momento a tomar em consideração é o da ou de comércio, relativos às ditas mercadorias.
data de registo da declaração em detalhe na Artigo 8º
estância aduaneira competente;
Apresentação de documentos
b) As mercadorias são entregues ao comprador
no lugar da sua introdução no território 1.Para efeitos de apuramento do valor aduaneiro da
aduaneiro; mercadoria importada, as autoridades aduaneiras podem
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 5
exigir ao declarante a apresentação, para além da fac- res independentes ou quando, da aplicação das demais
tura, dos acordos, contratos, correspondências e demais disposições aplicáveis não se puder chegar ao cálculo do
documentação relacionada com transacção em causa. preço normal, a taxa ou o montante de ajustamento po-
dem ser estabelecidos pesquisando os serviços e despesas
2. As autoridades aduaneiras podem igualmente exigir assumidos pelos compradores e relativos à importação,
do declarante todos os elementos de prova relevantes assim como na revenda das mercadorias, incorporando
para a determinação das despesas de transporte marí- os seus valores no valor a declarar, desde que esses ser-
timo ou aéreo, necessárias para o apuramento do valor viços e essas despesas fossem assumidos pelo vendedor
da mercadoria a despachar. no país de importação se a venda fosse efectuada a um
Artigo 9º comprador independente.
Declaração das relações entre comprador e vendedor Artigo 14º
Especificação de custos e serviços
O declarante da mercadoria deve ainda indicar se a
transacção foi efectuada em condições de plena concor- 1.Os serviços e despesas referidos no artigo anterior
rência entre um comprador e um vendedor independentes incluem, em particular:
e precisar se existe alguma relação ente o comprador e o
a) Estudos e exploração do mercado do país de
vendedor, nos termos previstos no presente diploma e em
importação;
demais legislação aplicável, em especial se algum deles
é distribuidor exclusivo, agente geral, filial ou sucursal b) Publicidade com a marca sob a qual as
do outro. mercadorias estrangeiras são vendidas;
Artigo 10º c) Franquia (franchise);
Valor das facturas d) Manutenção de salas de exposição que excedam
as necessidades normais de revenda da
1. As facturas e a documentação referidas no artigo 8º
organização;
não vinculam as alfândegas quanto à determinação do
valor aduaneiro. e) Participação em feiras e exposições;
2. Pode, entretanto, aceitar-se como valor aduaneiro f) Serviços gratuitos prestados ao abrigo da garantia
o preço indicado na factura, desde que se verifique que do fabricante.
o cálculo feito obedece às condições exigidas para a de- 2. Para efeitos de determinação da taxa do ajustamen-
terminação do preço normal e não se suscitem quaisquer to, as autoridades aduaneiras poderão recorrer a dados
dúvidas quanto à exactidão dos elementos fornecidos. constantes da contabilidade do comprador referente ao
Artigo 11º ano anterior, quando os factores tenham mantido sufi-
ciente estabilidade.
Conversão monetária
3. A taxa ou o montante do ajustamento devem ser
1.Quando os elementos de suporte à determinação do indicados na declaração.
valor aduaneiro de uma mercadoria estiverem expressos
Artigo 15º
em moeda estrangeira, a conversão é fixada segundo o
câmbio do dia do registo da declaração em detalhe. Aplicação da taxa a casos subsequentes
2. Na falta de câmbio do dia, por se tratar de feriado As autoridades aduaneiras devem aplicar a taxa de
ou por outro motivo qualquer, a conversão é feita com ajustamento assim obtida a operações subsequentes
base no câmbio disponível do último dia imediatamente idênticas, enquanto se mantiverem inalterados os fac-
anterior. tores, contratuais e outros, a que se recorreu para se
estabelecer o ajustamento.
Artigo 12°
Artigo 16º
Ajustamento do preço
Valor Mercurial
1.Quando o preço pago ou a pagar for diferente do preço Para as mercadorias sujeitas a um procedimento sim-
normal, o preço pago ou a pagar deve ser ajustado a fim plificado de desembaraço aduaneiro, designadamente,
de se estabelecer o preço normal. separados de bagagens e remessas, em que, pelas regras
2. Para o cálculo da taxa ou montante do ajustamento, da experiência comum, se reconheça ser extremamente
o declarante deve tomar em consideração os descontos ou difícil a comprovação dos respectivos preços por factura
outras reduções de preço concedidos aos representantes ou outra documentação comercial, o valor a declarar
exclusivos ou autorizados, abatimentos e outras reduções pode ser fixado a forfait, sendo considerado como valor
anormais em relação ao preço concorrencial habitual. mercurial.
Artigo 17º
Artigo 13º
Fabrico e comércio sob marca própria
Taxa de ajustamento
As disposições deste capítulo aplicam-se às mercado-
Quando o preço normal não puder ser determinado por rias importadas que se destinem a venda sob marca de
comparação com o preço feito pelo comprador a vendedo- fabrico ou comercial, após complemento de fabrico.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
6 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Secção II Artigo 21º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 7
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
8 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 9
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
10 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
das modalidades tipificadas neste Código, ww) Titular do regime: A pessoa que efectua
designadamente a importação definitiva, uma declaração aduaneira ou por conta de
importação temporária, reimportação, quem é efectuada a declaração aduaneira,
exportação definitiva, exportação temporária, ou a pessoa para quem foram transferidos os
reexportação e trânsito aduaneiro; direitos e obrigações de tal pessoa relativos a
um procedimento aduaneiro;
qq) Regime aduaneiro suspensivo: Qualquer dos
regimes aduaneiros sob o qual as Alfândegas xx) Trânsito aduaneiro: O regime aduaneiro a que
podem autorizar, nos termos do Código e estão sujeitas as mercadorias transportadas,
da legislação complementar, a libertação sob controlo aduaneiro, de uma estância
condicional das mercadorias e/ou dos meios aduaneira para outra, situadas ambas no
de transporte importados ou exportados, com território aduaneiro nacional ou neste e
suspensão de pagamento de direitos e ou num território aduaneiro estrangeiro, com
demais imposições devidos; franquia de direitos e de outras imposições e
sem sujeição a medidas de política comercial;
rr) Regime de aperfeiçoamento activo sob
a forma de Draubaque: O regime de yy) Transbordo : A operação aduaneira, ao abrigo
aperfeiçoamento activo de mercadorias em da qual, sob controlo aduaneiro, mercadorias
livre prática com reembolso ou dispensa de são transferidas do meio de transporte em
pagamento de direitos de importação sobre que foram importadas para outro meio
essas mercadorias se forem exportados do de transporte para exportação, sendo a
território aduaneiro de Cabo Verde sob a transferência efectuada numa zona aduaneira
forma de produtos compensadores; que esteja autorizada para a importação de
ss) Regime de aperfeiçoamento activo mercadorias.
sob sistema suspensivo: O regime de
zz) Verificação: Abrange, quer a verificação das
aperfeiçoamento activo de mercadorias não
mercadorias e ou dos meios de transporte,
originárias de Cabo Verde destinadas à
quer a verificação documental, salvo se do
reexportação do território aduaneiro nacional
contexto resultar sentido diverso.
sob a forma de produtos compensadores, não
estando essas mercadorias sujeitas a direitos aaa) Verificação das mercadorias ou inspecção
de importação nem a medidas de política das mercadorias: As operações pelas quais
comercial; as autoridades aduaneiras procedem ao
tt) Representante aduaneiro: Qualquer pessoa exame físico das mercadorias a fim de se
designada por outrem para executar junto certificarem de que a sua natureza, origem,
das autoridades aduaneiras os actos e estado, quantidade, valor, especificações
as formalidades exigidos pela legislação pautais, incluindo as respectivas taxas e o
aduaneira, no âmbito do procedimento de regime a que possam estar sujeitas, estão
desembaraço de mercadorias e de meios de em conformidade com os dados da declaração
transporte; aduaneira;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 11
Artigo 4º de personalidade jurídica, devem cooperar com as au-
Definição toridades aduaneiras e fornecer-lhes toda a informação
e documentação de que estas careçam para o exercício
1. As alfândegas são serviços desconcentrados do das suas funções.
Estado, integrados hierárquica e funcionalmente na
Artigo 10º
estrutura central do departamento ministerial com
superintendência sobre o sector das finanças públicas, Requisição de serviços a outras entidades
a quem cabe aplicar, na respectiva área de jurisdição, a
legislação aduaneira e fiscalizar o seu cumprimento. Sempre que não possam, devido a insuficiência de
meios logísticos, materiais e humanos, levar a cabo, com
2. As alfândegas exercem também funções de órgãos recursos exclusivamente próprios, missões extraordiná-
de polícia criminal no respeitante às infracções fiscais rias que sejam da sua responsabilidade, as autoridades
aduaneiras e a outras infracções em cuja prevenção e aduaneiras requisitam, pelas vias legais, o apoio necessá-
repressão participam, sendo as respectivas competências rio à realização de tais missões às autoridades marítimas,
nesse âmbito as definidas no presente Código e em demais policiais ou militares.
legislação aplicável.
Artigo 11º
Artigo 5º
Articulação especial
Território aduaneiro nacional
O território aduaneiro cabo-verdiano abrange todo o No exercício das suas funções, as autoridades adua-
território nacional tal como vem definido no artigo 6º neiras articulam-se de modo especial com todas as forças
da Constituição da República, compreendendo as ilhas, policiais e militares que tenham a seu cargo a vigilância
os ilhéus e as ilhotas, as aguas interiores, as águas ar- do território nacional, a prevenção e a repressão de in-
quipelágicas, o mar territorial e o espaço aéreo a eles fracções, em especial as fiscais aduaneiras, as contra a
suprajacente, bem como as zonas marítimas sobre as saúde pública, as relativas ao tráfico internacional ilícito
quais o Estado exerce direitos soberania, nomeadamente, de drogas e de armas, à comercialização de espécies ani-
a zona contígua, a zona económica exclusiva e a plata- mais e vegetais em vias de extinção, à contrafacção de
forma continental. mercadorias e à violação da propriedade intelectual.
Âmbito de jurisdição das autoridades aduaneiras Cooperação aduaneira e assistência mútua administrativa
As autoridades aduaneiras exercem jurisdição sobre 1.Com vista ao seu fortalecimento institucional e à
todo o território aduaneiro nacional. criação de um ambiente favorável a um comércio inter-
Artigo 7º
nacional mais justo e equitativo, os serviços aduaneiros
nacionais participam em instituições internacionais mul-
Divisão do território aduaneiro tilaterais ligadas à problemática aduaneira e ao comércio
A divisão do território aduaneiro obedece a critérios que internacional de mercadorias e estabelecem acordos de
visam a funcionalidade dos serviços aduaneiros e a sua cooperação com administrações aduaneiras estrangeiras
proximidade dos operadores económicos e dos utentes em congéneres, em especial com as do espaço lusófono.
geral, bem como maior eficácia da fiscalização aduaneira
2. No quadro desses acordos de cooperação e na base
na prevenção e repressão da criminalidade associada ao
do princípio da reciprocidade, os serviços aduaneiros
comércio internacional de mercadoria, em especial das
nacionais estão autorizados a fornecer às autoridades
infracções fiscais aduaneiras.
habilitadas de países estrangeiros todas as informações,
Artigo 8º certificados, autos e outros documentos susceptíveis de
Circunscrições aduaneiras provarem a violação de leis e regulamentos aplicáveis à
entrada e saída de mercadorias nos respectivos territórios
1.Para efeitos de distribuição espacial dos serviços da aduaneiros.
administração aduaneira, o território aduaneiro divide-se
em circunscrições aduaneiras. Artigo 13º
Dever de sigilo
2. A área territorial das circunscrições aduaneiras é
variável, podendo coincidir com o concelho, ilha ou grupo 1. Os agentes aduaneiros em geral estão obrigados ao
de ilhas, em função do volume de trabalho e da importân- dever de sigilo profissional relativamente às informações
cia da área abrangida para a consecução dos objectivos e documentos fornecidos às autoridades aduaneiras no
do sistema aduaneiro nacional. âmbito do dever de colaboração previsto neste Código,
Secção II os quais não devem ser divulgados, salvo autorização da
Deveres de colaboração recíproca e articulação especial
pessoa ou da autoridade que os tenha fornecido.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
12 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 14º Artigo 18º
Todos quantos exerçam actividade ligada ao comércio As autoridades aduaneiras devem também cooperar
internacional ou outra actividade sujeita à jurisdição das com as pessoas envolvidas no cumprimento das forma-
autoridades aduaneiras, estão obrigados a conservar, de lidades aduaneiras, prestando-lhes os esclarecimentos
forma organizada em termos de escrituração comercial, que estas lhes solicitarem sobre a aplicação da legislação
todos os documentos e registos relativos às operações aduaneira e mantendo um diálogo regular com os opera-
aduaneiras efectuadas, durante o período de cinco anos dores económicos e com as demais autoridades envolvidas
a contar da data da realização das referidas operações. no comércio internacional de mercadorias.
Artigo 21º
Artigo 16º
Princípios gerais administrativos
Contabilidade de existências
A actividade aduaneira subordina-se aos princípios
Os titulares de regimes aduaneiros suspensivos e eco-
gerais da actividade administrativa, designadamente,
nómicos, as entidades gestoras de armazéns de depósito
aos princípios da legalidade, da transparência, da parti-
temporário, de entrepostos aduaneiros, de empresas e
cipação dos interessados, da simplicidade e da celeridade
entrepostos francos, de zonas francas comerciais, bem
de processos e procedimentos.
como os operadores autorizados a exercer actividade
económica no interior destas estão obrigados a organi- Artigo 22º
zar a sua escrita comercial sob a forma de contabilidade
Princípio da legalidade e da simplificação
de existências, nos termos previstos neste Código e em
demais legislação aplicável. As formalidades, as condições e os requisitos aduaneiros
a serem observados em matéria de procedimentos devem
Artigo 17º
ser os que a legislação estabelece e, sempre que possível,
Contabilidade de existências electrónica os mais simples.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 13
Artigo 24º Secção II
Artigo 27º
Sempre que a informatização dos serviços aduaneiros
envolver o tratamento de dados pessoais, são observadas
Uniformidade da aplicação da legislação aduaneira) as disposições constitucionais e legais aplicáveis.
Artigo 32º
1. A legislação aduaneira é aplicada de modo uniforme
em todo o território aduaneiro cabo-verdiano. Estatuto do utilizador dos serviços aduaneiros
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior as Os direitos e deveres dos utilizadores dos serviços adua-
zonas e os entrepostos francos, que obedecem ao disposto neiros variam em função do estatuto com que se apresentam
em legislação especifica. perante eles, relevando tais direitos da lei geral administra-
tiva e/ou da lei geral tributária, conforme couber.
Artigo 28º
Artigo 33º
Directrizes e notas explicativas
Aspectos prioritários
As autoridades aduaneiras emitirão directrizes e no-
tas explicativas de apoio à aplicação do Código, sempre A informatização dos serviços aduaneiros privilegia a
que, não sendo exigíveis disposições jurídicas, se mostre, desmaterialização dos processos e procedimentos adua-
entretanto, necessária uma harmonização das práticas, neiros, em especial o processo de despacho aduaneiro de
a fim de se assegurar a transparência e a igualdade de mercadorias, a institucionalização da declaração adua-
tratamento dos operadores económicos, em particular no neira electrónica, bem como a implantação, sempre que
concernente às regras de origem, determinação do valor as circunstâncias o aconselharem, de “balcão único”, em
aduaneiro, classificação pautal, aplicação de direitos obediência aos princípios da simplificação e da raciona-
anti-dumping e compensatórios. lização de circuitos e procedimentos.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
14 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 34º c) Os mecanismos de coordenação dos aspectos
Características
jurídicos e operacionais, bem como as acções
de formação dos recursos humanos e o
1. As soluções informáticas aplicadas aos serviços desenvolvimento das soluções informáticas
aduaneiros são acessíveis, integradas e interoperáveis, necessárias;
dispondo de interfaces seguros e fiáveis entre a adminis-
tração aduaneira, os operadores económicos e os demais d) A coordenação das actividades de execução levadas
serviços e entidades nacionais envolvidas no controlo da a cabo por todas as partes interessadas.
importação e exportação de mercadorias. Artigo 37º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 15
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
16 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 17
Artigo 55º f) Superintender e fiscalizar dentro dos portos e dos
Pessoal aduaneiro aeroportos, o movimento de carga, descarga,
transbordo, circulação, trânsito, baldeação e
A administração aduaneira é servida por um corpo es- reexportação de mercadorias;
pecial de funcionários dotado de poderes e prerrogativas
necessárias à prossecução das suas atribuições. g) Superintender em todo o serviço de despacho
de mercadorias, procedendo à liquidação e
Secção II
cobrança dos direitos e mais imposições que
Competência dos serviços de base territorial forem devidos e organizando a respectiva
contabilidade e os elementos estatísticos;
Artigo 56º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
18 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
s) Prestar o auxílio que lhe seja pedido pelas nos portos, enseadas e ancoradouros, na
autoridades marítimas, aeronáuticas ou zona marítima de respeito, nas águas
policiais, para cabal desempenho dos serviços arquipelágicas e na zona contígua;
a seu cargo;
c) Fiscalização aérea, que se traduz na polícia e
t) Prestar, de um modo geral, o auxílio que lhe seja vigilância aéreas exercidas em relação às
solicitado por quaisquer autoridades, para aeronaves.
integral cumprimento das leis, sem prejuízo
Artigo 62º
dos serviços aduaneiros e fiscais;
Zonas fiscais
u) Superintender na vigilância e fiscalização
aduaneira, nos termos da lei, e exercer as 1.Nas zonas fiscais, a fiscalização aduaneira é exercida
demais vigilâncias necessárias para a integral de forma habitual ou permanente.
defesa dos interesses do Estado;
2. As zonas fiscais estão organizadas ao longo das fron-
v) Dar todas as modalidades de despacho prescritas teiras marítimas e terrestres, compreendendo:
na legislação aduaneira; a) Os portos, enseadas e ancoradouros;
w) Prover em todos os outros casos em que, b) A zona marítima de respeito, considerada de 12
por função própria ou não, tenham ou milhas marítimas, a contar a partir da linha
venham a ter de intervir no desempenho de da maré baixa;
quaisquer atribuições especificadas nas leis e
regulamentos vigentes. c) Uma zona terrestre de 10 Km, a contar a partir
da linha do litoral;
Artigo 58º
Delegações aduaneiras
d) Os aeródromos e aeroportos e uma faixa de 2 Km
à sua volta;
As delegações aduaneiras são serviços de base terri-
torial aos quais incumbem, essencialmente, executar e) As estâncias aduaneiras e uma faixa de 2 Km à
os actos e operações de gestão, controle e fiscalização sua volta;
aduaneiros relativos a despacho de mercadorias e meios f) Os entrepostos francos, as zonas francas e numa
de transportes. faixa de 2 km à sua volta.
Artigo 59º
3. As distâncias são calculadas em linha recta, sem
Postos aduaneiros contar com as sinuosidades das estradas.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 19
Artigo 65º 2. No quadro dessa articulação geral com todos os
Fiscalização a bordo dos navios serviços públicos, a administração aduaneira pode soli-
citar-lhes o auxílio necessário à execução de quaisquer
1.Todos os navios ancorados nos portos nacionais em diligências extraordinárias que devam ser levadas a efei-
operação de carga e descarga de mercadorias de origem to dentro da área da sua jurisdição, sempre que não seja
e proveniência estrangeira recebem a bordo agentes de possível realizá-las com os elementos de que disponham
fiscalização aduaneira para a devida vigilância. ou com o auxílio das autoridades aduaneiras ou fiscais
mais próximas.
2. Nos casos em que tais operações se não realizem, a
fiscalização a bordo é estabelecida quando for necessária. Artigo 71º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
20 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 75º Artigo 78º
1. As entidades prestadoras de serviços postais estão Em razão da especial natureza das suas funções, os
obrigadas a submeter à fiscalização aduaneira, nas con- agentes aduaneiros são considerados como estando per-
dições previstas nos regulamentos nacionais de serviços manentemente em serviço.
postais e nos acordos e deliberações da União Postal
Universal, os envios postais passíveis de direitos adu- Artigo 79º
aneiros e demais imposições a cargo da administração Uso e Porte de Arma
aduaneira ou sujeitos a restrições ou a formalidades de
entrada ou de saída. 1. Os agentes aduaneiros têm direito a uso e porte de
arma, independentemente de licença.
2. Os agentes aduaneiros têm direito de acesso, no
âmbito do cumprimento das formalidades aduaneiras a 2. O uso de arma, nomeadamente de arma de fogo,
que se sujeitam as mercadorias que entram e saem do deve ser feito como medida extrema de coacção, desde
território aduaneiro nacional, independentemente do que adequada e proporcional às circunstâncias concretas
meio de transporte utilizado, às estações postais onde de cada caso e não resulte perigo grave para a vida ou
se processem serviços postais internacionais para a ve- a integridade física de terceiros, além da pessoa visada,
rificação e controlo dos envios postais. sem prejuízo do disposto na lei sobre legítima defesa ou
outra causa de exclusão da ilicitude.
3. Entende-se por serviço postal a actividade que in-
tegra as operações de aceitação, tratamento, transporte 3. É permitido o uso de arma pelos agentes aduaneiros,
e distribuição de envios postais e por serviço postal nos limites definidos no número anterior, designadamen-
internacional a que engloba envios postais recebidos de te, quando:
um terceiro Estado ou a ele destinados, com origem em
Cabo Verde. a) Forem exercidas contra eles violências ou vias
de facto ou quando forem ameaçados por
4. Os envios postais compreendem os envios de corres- indivíduos armados;
pondência, os livros, catálogos, jornais e outras publica-
ções periódicas e as encomendas postais. b) Não possam imobilizar, por outro meio, os
veículos, embarcações e outros meios de
5. A verificação e o controlo aduaneiros dos envios
transporte, cujos condutores não acatem a
postais são feitos no estrito cumprimento das disposições
ordem de parar;
constitucionais e legais relativas à inviolabilidade e sigilo
das correspondências. c) Não seja possível, de outro modo, opor-se à passagem
Artigo 76º de um grupo de pessoas que não obedeçam às
intimações que lhes são dirigidas.
Vigilância de Encaminhamento de Estupefacientes
e Substâncias Psicotrópicas Artigo 80º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 21
1.Para evitar que os vestígios da infracção se apaguem 3. As mercadorias declaradas para um regime suspen-
ou alterem antes de serem examinados por entidade sivo permanecem sob fiscalização aduaneira até lhes ser
legalmente competente, os agentes aduaneiros habilita- atribuído um destino final.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
22 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 86º CAPÍTULO II
Mercadorias equiparadas Apresentação de mercadorias entradas
às autoridades aduaneiras
Para efeitos do disposto no presente título, são equipa-
radas a mercadorias introduzidas no território aduaneiro Artigo 92º
nacional as provenientes de zonas francas ou entrepostos Obrigação de apresentação
francos nele implantados.
1.Todas as mercadorias introduzidas no território adu-
Artigo 87º aneiro nacional, qualquer que seja o meio de transporte
Condução a local autorizado utilizado, são apresentadas às autoridades aduaneiras,
para efeitos de cumprimento das formalidades aduanei-
As mercadorias introduzidas no território aduaneiro ras legalmente aplicáveis.
nacional são conduzidas, no mais curto espaço de tem-
2. A apresentação das mercadorias às autoridades
po, pela pessoa responsável pela introdução, à estância
aduaneiras consiste na comunicação às mesmas da che-
aduaneira designada pelas autoridades aduaneiras ou
gada das referidas mercadorias à estância aduaneira
a outro local sujeito a fiscalização aduaneira por estas
ou a qualquer outro local designado ou aprovado pelas
designado ou autorizado.
autoridades aduaneiras, bem como da disponibilidade
Artigo 88º dessas mercadorias para controlo aduaneiro.
Âmbito do dever de condução Artigo 93º
Declaração Sumária
O dever de condução previsto no artigo antecedente
não obsta à aplicação das disposições legais específicas 1. Sem prejuízo das disposições específicas aplicáveis
relativas ao tráfego turístico, postal e outros, previstas a objectos importados por viajantes, a objectos de corres-
em lei ou em convenção internacional em vigor na ordem pondência postal e a remessas e encomendas postais, a
interna, desde que a fiscalização aduaneira e as possibi- apresentação às autoridades aduaneiras das mercadorias
lidades de controlo aduaneiro não resultem prejudicados introduzidas no território aduaneiro nacional faz-se a
em razão dessa aplicação. coberto de uma declaração sumária.
Artigo 89º 2. A declaração sumária consiste no acto pelo qual a
pessoa, na forma e segundo a modalidade prescrita na
Exclusões
lei, relaciona ou descreve, por meio de transporte, todas
Estão excluídas do dever de condução as mercadorias as mercadorias introduzidas no território aduaneiro
que, nos termos da lei, devam ser colocadas, directamente nacional.
por via marítima ou aérea, em zona ou entreposto franco, 3. A declaração sumária obedece a um formulário de
bem como as mercadorias a bordo de navios ou aeronaves modelo regulamentar ou previsto em convenção inter-
que entrem nas águas territoriais ou no espaço aéreo nacional aplicável.
nacionais sem terem como destino porto ou aeroporto
nacional. 4. Nas mercadorias chegadas ao território aduaneiro
nacional por via aérea ou marítima, a declaração suma-
Artigo 90º
ria é constituída pelo manifesto de cargas e respectiva
Situações de força maior ou caso fortuito documentação de suporte prevista neste Código.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 23
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
24 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 102º Artigo 106º
O capitão do navio apresenta às autoridades aduanei- 1. Os manifestos de carga em suporte papel não devem
ras, a título da declaração sumária prevista no artigo do conter rasuras ou emendas não devidamente ressalvadas.
presente Código, a carga carregada a bordo, através dos
seguintes documentos: 2. Os manifestos devem conter, pelo menos, os seguin-
tes elementos:
a) O manifesto da carga destinada ao porto e, se o
serviço aduaneiro o considerar necessário, a a) O número do conhecimento de embarque,
sua tradução autenticada; marcas, sub-marcas, números, quantidade
e natureza dos volumes, qualidade e peso
b) As listas específicas dos abastecimentos e bruto das mercadorias ou, se for caso disso,
sobressalentes e das pertenças da tripulação; o número do contentor que as acondiciona e o
número do selo nele aposto;
c) Os manifestos da carga em trânsito, se
solicitados; b) A referência expressa a granel, tratando-se de
mercadorias nessa situação, bem como a sua
d) Uma declaração adicional de quaisquer qualidade e quantidade em peso ou volume;
mercadorias não incluídas no manifesto,
justificando a sua não inscrição no manifesto c) Nome do capitão, nome, nacionalidade e natureza
principal; da embarcação;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 25
Artigo 109º por agente de navegação devidamente credenciado, pela
Mercadoria em franquia
empresa armadora do navio ou por consignatário cuja
qualidade esteja devidamente comprovada através da
1. Os navios que entrem em porto nacional com carga documentação de bordo.
em trânsito, porque a tal foram forçados ou simplesmente
Subsecção II
porque receberam ordem para o fazer, sem fim comercial,
podem ser dispensados pelas autoridades aduaneiras da Formalidades à saída
apresentação das mercadorias a bordo e do manifesto de
Artigo 112º
cargas.
Condução à estância aduaneira de saída
2. As cargas em trânsito constantes dos respectivos
manifestos são consideradas em franquia. 1. As mercadorias destinadas a exportação ou a reex-
3. Quando o capitão queira desembarcar a totalidade portação são conduzidas e apresentadas a uma estância
ou parte da carga em trânsito, assim o requer, apre- aduaneira que seja competente para aceitar declarações
sentando o competente manifesto, além das cópias dos aduaneiras de exportação ou de reexportação.
conhecimentos emitidos, com indicação dos respectivos 2. A apresentação da mercadoria às autoridades aduaneiras
consignatários. faz-se a coberto de uma declaração sumária de saída.
4. O período de tempo coberto pela dispensa não pode
3. À declaração sumária de saída, aplica-se, com as
ultrapassar 10 dias, salvo se o capitão do navio apresen-
necessárias adaptações, o disposto para as declarações
tar motivos devidamente fundamentados.
sumárias de entrada.
5. Nos casos a que se refere o presente artigo, as auto-
Artigo 113º
ridades aduaneiras podem selar as escotilhas e os corta
- ventos dos porões e dispensar a fiscalização do pessoal Autorização fiscal de saída de navios
a bordo, quando o entenderem conveniente.
1. O navio em serviço de transporte marítimo inter-
Artigo 110º nacional só pode deixar o porto, mediante autorização
Responsabilidades do capitão navio da autoridade aduaneira, requerida, pelo seu capitão
ou agente, com pelo menos duas horas de antecedência
1. O capitão do navio é responsável pela quantidade de relativamente à hora prevista de saída.
volumes declarados no manifesto e pelo perfeito acordo
entre este e os conhecimentos, respondendo perante as 2. O requerimento de autorização de saída deve ser
alfândegas por quaisquer divergências entre a carga instruído com o manifesto de da carga de exportação ou de
manifestada e a carga descarregada. reexportação carregada no porto e as listas de provisões
e sobressalentes carregados no porto.
2. A responsabilidade do capitão fica ilidida se ficar,
entretanto, demonstrado que a divergência resulta: 3. Obtida a autorização de saída, o navio não pode
receber mais carga, salvo autorização das autoridades
a) Do não descarregamento, por motivo justificado,
aduaneiras fundamentada em motivos especiais.
de carga destinada a uma escala anterior;
Secção II
b) Do facto de se tratar de carga destinada a uma
próxima escala, constante de manifesto de Transporte de mercadorias por via aérea
trânsito;
Artigo 114º
c) Do descarregamento, por erro, de parte da carga
Imposição de rotas
num porto anterior;
d) Do consumo, alijamento, por motivo de arribada 1. As aeronaves que entrem, sobrevoem ou saiam do
ou outro motivo de força - maior, de parte da país devem seguir as rotas previamente fixadas para o
carga. efeito pela autoridade aeronáutica.
3. A ocorrência de qualquer das circunstâncias refe- 2. Considera-se em serviço de transporte aéreo inter-
ridas no número anterior é comunicada pelo capitão do nacional a aeronave em viagem cujo itinerário se situa
navio no momento e termos referidos nos artigos 101º e entre o território nacional e o de um Estado estrangeiro
102º sobre a apresentação do navio e da respectiva carga, ou entre dois pontos do país quando tenha sido prevista
devendo a comunicação fazer-se acompanhar de prova uma escala intermédia no território de um Estado es-
bastante, designadamente, de declaração da autoridade trangeiro.
aduaneira do porto ou portos onde as referidas ocorrên- Artigo 115º
cias se tenham verificado.
Condições de aterragem e descolagem
Artigo 111º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
26 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
público internacional ou outro especialmente designado 2. Do manifesto deve constar, com clareza e precisão:
pela autoridade aeronáutica e onde sejam cumpridas as
formalidades de fiscalização. a) A marca, matrícula e nacionalidade da
aeronave;
2. Denomina-se aeródromo público internacional aquele
que estiver destinado a operações de aeronaves vindas de b) O nome do comandante;
ou com destino ao estrangeiro, dotado, designadamente,
de serviços aduaneiros, de sanidade e de imigração. c) A procedência da aeronave;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 27
Artigo 122º 2. O prazo referido no número anterior pode ser redu-
Formalidades à saída
zido pelas autoridades aduaneiras quando o estado de
conservação das mercadorias não permita a sua perma-
1.Antes da saída da aeronave, o respectivo comandante nência em depósito ou quando essa permanência lhes
apresenta às autoridades aduaneiras: possa causar diminuição ou perda de valor.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
28 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
forma de acondicionamento de mercadorias contidas nos comunicação, para o exercício das funções
mesmos volumes só é permitida na presença de agentes aduaneiras e para a execução dos controlos
aduaneiros ou de agentes de fiscalização aduaneira. aduaneiros e dos de outras autoridades;
c) Estarem apetrechadas com água, electricidade e 3. Quando a extensão dos armazéns e das áreas de
instalações sanitárias; desalfandegamento o permita ou quando sejam compos-
tos por mais de um edifício, telheiro ou vedação, devem
d) Disporem de instalações adequadas e devidamente os mesmos ser divididos em secções e subsecções, de
equipadas, nomeadamente com meios de harmonia com as instruções dadas pelas autoridades
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 29
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
30 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 147º Artigo 151º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 31
3. O documento referido na parte final do número an- mesmo provar que a mercadoria foi erradamente decla-
tecedente é junto ao processo de desembaraço aduaneiro rada para o regime aduaneiro correspondente ou quando,
da mercadoria objecto de exame prévio. em razão de circunstâncias especiais, já não se justificar
a sujeição da mercadoria ao regime aduaneiro para o
Artigo 157º
qual foi declarada.
Conteúdo e instrução da declaração
3.Quando as autoridades aduaneiras tiverem já in-
A declaração em detalhe deve conter todas as infor- formado o declarante da intenção de procederem a uma
mações necessárias para a aplicação das disposições que verificação das mercadorias, o pedido de anulação da
regem o regime aduaneiro pretendido, para o controlo do declaração só pode ser admitido após a realização dessa
comércio externo e para a aplicação das medidas sanitá- verificação.
rias, fitossanitárias ou outras exigidas por lei, fazendo-se
4. A declaração não pode ser anulada após a autorização
acompanhar da documentação de suporte das referidas
de saída das mercadorias.
informações.
5. A anulação da declaração não prejudica a aplicação
Artigo 158º
de sanções por infracções eventualmente cometidas.
Rejeição de declaração
Artigo 162º
As declarações que não forem apresentadas nos termos Revisão a posteriori das declarações
previstos neste Código e nos respectivos regulamentos ou
que não se fizerem acompanhar da documentação por eles O disposto nos artigos anteriores, no concernente à
exigida são rejeitadas, para efeitos de aperfeiçoamento rectificação e à anulação das declarações em detalhe,
ou instrução na forma legal. não prejudica a faculdade assegurada ao declarante, no
artigo 235º deste Código, de tomar a iniciativa de solicitar
Artigo 159º a revisão das declarações em detalhe após a autorização
de saída da mercadoria, para verificação da correcta
Aceitação e Registo da Declaração
aplicação do regime aduaneiro declarado.
1. As declarações em detalhe aceites pelos funcionários Artigo 163º
aduaneiros são imediatamente registadas.
Data relevante
2. As declarações aceites e registadas nas alfândegas
1. Salvo disposições específicas em contrário, a data que
constituem um documento autêntico, para todos os efeitos
deve ser tomada em consideração para efeitos de aplica-
legais, só podendo ser objecto de rectificação ou anulação
ção de todas as disposições relativas ao regime aduaneiro
nos termos previstos nos artigos subsequentes.
para o qual as mercadorias são declaradas é a do registo
Artigo 160º da declaração em detalhe nas alfândegas.
Rectificação da declaração 2. O registo obedece ao disposto no artigo 159º deste
Código.
1. O declarante é autorizado, a seu pedido, a proceder
à rectificação de um ou mais elementos da declaração, Secção II
desde que apresente um motivo justificado. Organização da declaração em detalhe escrita
2. A rectificação não pode ter por efeito fazer incidir a Artigo 164º
declaração sobre mercadorias distintas daquelas a que Modo de apresentação da declaração
inicialmente se referia.
1.A declaração em detalhe escrita deve ser apresentada
3. A rectificação não pode ser autorizada se o respectivo em formulário de modelo regulamentar, sem rasuras,
pedido for formulado após as autoridades aduaneiras emendas e entrelinhas não devidamente ressalvadas.
terem:
2. A declaração em detalhe escrita é assinada pelo declarante
a) Informado o declarante da sua intenção de e autenticadas com o carimbo em uso no seu serviço.
proceder a uma verificação das mercadorias; Artigo 165º
b) Verificado a inexactidão dos elementos em causa; Mercadorias não passíveis de integrar uma mesma
declaração
c) Autorizado a saída da mercadoria.
Não podem ser submetidas a despacho, numa mesma
Artigo 161º declaração em detalhe, as seguintes mercadorias:
Anulação da declaração a) Mercadorias sujeitas a regimes aduaneiros
diferentes;
1. 1.A declaração pode ser anulada por imposição legal,
nos termos do nº1 do artigo 300º deste Código, ou a pedido b) Mercadorias provenientes de depósitos ou
do declarante, nos termos do presente artigo. entrepostos aduaneiros diferentes;
2. A pedido do declarante, as autoridades aduaneiras c) Mercadorias pertencentes a consignatários ou
anulam uma declaração já aceite e registada, quando o destinatários diferentes.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
32 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 166º Secção IV
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 33
para o cumprimento das formalidades aduaneiras exi- habilitação, e dela constarão, designadamente, o número
gidas para o desembaraço de mercadorias ou de meios e a data deste último, a fotografia do titular e os actos
de transporte. que está autorizado a praticar, no âmbito do processo de
desembaraço aduaneiro de mercadorias
2. A representação é directa quando o representante
age em nome e por conta do representado e, indirecta Artigo 179º
quando o representante age em nome próprio e por conta
Regime de emissão
do representado.
3. O representante deve declarar se age ou não por conta 1. O alvará e a cédula são passados em nome individual.
da pessoa representada, precisar se a representação é directa
ou indirecta e se possui poderes de representação. 2. No caso de sociedades de despachantes oficiais, o al-
vará e a cédula são emitidos a favor da sociedade e de cada
4. Quem declarar que não age por conta de um repre- uma das pessoas habilitadas a intervir nos processos da
sentado, é considerado como agindo em nome próprio e sua responsabilidade, nos termos do presente Código.
por conta própria.
3. Tratando-se de pessoas colectivas que não sejam so-
5. A quem declarar agir em nome ou por conta de ou- ciedades de despachantes oficiais, o alvará e a cédula são
trem, podem as autoridades aduaneiras exigir que faça atribuídos aos seus caixeiros-despachantes ou às pessoas
prova dos poderes de representação. singulares, sócias ou não, com poderes de administração
Artigo 176º geral sobre elas ou com competência delegada para as
representar perante as autoridades aduaneiras.
Enumeração
Artigo 180º
Só estão habilitados a declarar nas alfândegas e a in-
tervir no desembaraço aduaneiro das mercadorias: Pessoas inibidas de intervir no desembaraço aduaneiro de
mercadorias
a) Os donos ou consignatários das mercadorias
quando para tanto se apresentem 1. Estão inibidas de declarar e de intervir no desemba-
pessoalmente perante a administração raço aduaneiro de mercadorias, independentemente da
aduaneira e comprovem, se lhes for exigida, qualidade em que o façam, as pessoas que não possuam
a respectiva identidade ou quando se façam a necessária idoneidade moral, apurada através de um
representar por procuradores; processo de averiguações próprio, designadamente, por
lhes ter sido aplicada pena acessória de interdição de
b) Os caixeiros dos donos ou consignatários das exercício da profissão ou actividade em razão da conde-
mercadorias, com a faculdade, conferida pelos nação por crime ou contra-ordenação de natureza fiscal
Director-Geral das Alfândegas, de assinarem aduaneira ou outro igualmente grave e desonroso, como
as declarações; furto, roubo, abuso de confiança, burla, receptação ou
c) Os agentes aduaneiros das empresas abuso de confiança.
transportadoras, tratando-se de géneros
2. A inibição é de carácter temporário e está sujeita
consignados às mesmas, ou cuja entrega seja
a avaliação periódica, a pedido do interessado e nos
da sua responsabilidade;
termos da lei, designadamente, em caso de reabilitação
d) Os despachantes oficiais. do condenado pelos crimes ou contra-ordenações supra
referidos.
Artigo 177º
Subsecção II
Comprovação da habilitação
Dos profissionais do despacho aduaneiro
As pessoas habilitadas a declarar e que intervêm com
regularidade em processos de desembaraço de mercado- Artigo 181º
rias recebem alvará e cédula de modelo regulamentar
das autoridades aduaneiras para comprovação dessa Profissionais do despacho aduaneiro
sua qualidade junto das estâncias aduaneiras por onde
correm os processos de desembaraço de mercadorias nos 1. Estão habilitados a apresentar declarações às
quais têm intervenção ou em outras situações de exercício autoridades aduaneiras e a intervir no desembaraço
das suas funções. aduaneiro de mercadorias e de meios de transportes,
em representação dos donos ou consignatários destes,
Artigo 178º as seguintes entidades:
Alvará e cédula
a) Os caixeiros dos donos ou consignatários das
1.O alvará referido no artigo anterior é emitido pelo mercadorias;
Director-Geral das Alfândegas, observados os requisitos
legais exigidos para cada situação em particular. b) Os agentes aduaneiros das empresas
transportadoras;
2. A cédula de modelo regulamentar é emitida pelo di-
rector de circunscrição aduaneira, com base no alvará de c) Os despachantes oficiais.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
34 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
2. Os caixeiros dos donos ou consignatários de merca- b) Que ele abonador assume inteira responsabilidade
dorias e os agentes das empresas designam-se caixeiros- pelos actos que o abonado praticar na
despachantes. estância aduaneira perante quem a abonação
é feita, até revogação da abonação mediante
3. Os ajudantes de despachantes oficiais só estão au- declaração apresentada ao Director-Geral
torizados a apresentar declarações às alfândegas nas das Alfândegas;
situações em que estejam a substituir os despachantes
oficiais, fazendo-o, nesse caso, sob responsabilidade c) Que o abonado só poderá intervir nos despachos
destes últimos. promovidos por ele abonador ou por ele
assinados;
Artigo 182º
d) Que o abonado não está inibido de exercer a
Caixeiros - despachantes
profissão, nos termos deste Código.
O exercício da actividade de caixeiro-despachante só Artigo 186º
é permitida a pessoas que tenham como habilitação mí-
Número de ajudantes
nima o 12º ano de escolaridade ou formação legalmente
equivalente e possuam os necessários conhecimentos Os despachantes oficiais ou as sociedades de despa-
para o desempenho das correspondentes funções, aferidos chantes oficiais podem ter ao seu serviço o número de
através de exame de habilitação prestado perante um júri ajudantes exigido pelas necessidades do seu escritório.
nomeado pela Direcção-Geral das Alfândegas e do qual
Artigo 187º
faz parte sempre um despachante oficial.
Cessação de funções
Artigo 183º
O ajudante de despachante cessa imediatamente fun-
Âmbito de intervenção
ções após a apresentação da revogação da abonação pelo
1. Os caixeiros-despachantes só estão habilitados a despachante oficial sob cuja responsabilidade trabalha,
intervir em procedimentos de desembaraço aduaneiro de ficando obrigado a devolver às autoridades aduaneiras os
mercadorias pertencentes ou consignadas às empresas ou documentos de identificação profissional que o habilita-
às organizações a que prestam serviço, podendo os seus vam a intervir no processo de desembaraço aduaneiro.
poderes incluir, no caso do caixeiro do dono ou consigna- Artigo 188º
tário da mercadoria, a faculdade de assinar declarações
Praticantes de despachantes oficiais
autorizada pelo Director-Geral das Alfândegas.
Os despachantes oficiais podem também ter ao seu
2. Os agentes aduaneiros das empresas transportado- serviço praticantes que, sob sua responsabilidade, os
ras podem ainda intervir em procedimentos de desemba- auxiliem nas funções de que estão incumbidos.
raço aduaneiro relativo a mercadorias cuja entrega seja
da responsabilidade da empresa transportadora para a Artigo 189º
qual trabalham. Autorização para o exercício de actividade
a) Que o abonado reúne as adequadas condições de O praticante de despachante oficial cessa funções nos
probidade e aptidão; mesmos termos que o ajudante de despachante oficial.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 35
Artigo 192º Artigo 198º
São emitidas cédulas a favor dos praticantes de despa- Nas estâncias aduaneiras onde não existam pessoas
chantes, para efeitos de comprovação da sua qualidade, habilitadas a exercer a função de despachante oficial, a
no exercício das suas funções e perante as autoridades Direcção-Geral das Alfândegas poderá autorizar a prática
aduaneiras. de actos próprios da profissão a pessoas habilitadas com
Artigo 193º
o 9º ano de escolaridade, após aprovação em prova espe-
cífica destinada a comprovar os conhecimentos mínimos
Modos de exercício da profissão para o exercício da profissão.
Os despachantes oficiais podem exercer a sua activida- Artigo 199°
de em nome individual ou em sociedade de despachantes
Deveres do despachante oficial
oficiais de que sejam sócios
Artigo 194º No exercício da sua actividade profissional, o despa-
chante oficial está adstrito, designadamente, aos seguin-
Requisitos de acesso à profissão tes deveres deontológicos:
O exercício da profissão de despachante oficial está a) Usar da máxima lealdade nas relações com os
condicionado à aprovação em concurso documental, pre- demais despachantes;
cedido de exame de habilitação de prova pratica e oral,
prestado perante um júri nomeado pela Direcção-Geral b) Ser assíduo ao serviço e mantê-lo em adequadas
das Alfândegas e de que obrigatoriamente faz parte um condições de funcionamento;
despachante oficial.
c) Usar do necessário empenho e zelo nos despachos
Artigo 195º
que forem da sua responsabilidade, não
Profissionais admitidos ao exame de habilitação promovendo diligências que se reconheça
serem inúteis;
Só são admitidos a participar no exame de habilitação
para o exercício da profissão de despachante oficial os d) Prestar contas aos donos e consignatários das
ajudantes de despachante ou os caixeiros despachantes mercadorias de todas importâncias recebidas
que possuam como habilitação mínima o 12.º ano de esco- e despendidas por conta dos serviços que lhe
laridade ou formação legalmente equivalente e tenham, tenham contratado;
respectivamente, dois ou cinco anos de serviço efectivo
nas correspondentes funções. e) Fixar os respectivos honorários de acordo com a
com a tabela oficial;
Artigo 196º
f) Manter um registo diário e ordenado, nas
Numerus clausus
condições fixadas pelo Director-Geral das
1. O número de despachantes oficiais em cada estân- Alfândegas, de todos os despachos processados
cia aduaneira é limitado, sendo fixado por portaria do na sua agência e uma contabilidade sempre
membro do Governo responsável pela área das Finanças, actualizada das contas que tiver com os seus
mediante proposta do Director-Geral das Alfândegas. clientes;
2. Não é permitido o exercício da actividade de despa- g) Emitir recibo das quantias que lhe forem
chante oficial em mais de uma estância aduaneira, nem entregues pelos seus clientes para pagamento
a título individual, nem sob a forma de sociedade. das despesas a efectuar com as declarações
aduaneiras de que tiver sido incumbido;
3. A título excepcional, designadamente, por falta
de despachantes oficiais próprios numa determinada h) Utilizar no seu relacionamento com as
estância aduaneira, os despachantes oficiais das estân- autoridades aduaneiras no âmbito do
cias aduaneiras mais próximas podem ser autorizados a desembaraço aduaneiro, incluindo para
exercer temporariamente a sua actividade na estância efeitos de pagamento de despachos, apenas
aduaneira em causa. auxiliares da sua agência habilitados a
intervir nesse procedimento.
Artigo 197º
Artigo 200º
Abertura do concurso
Conservação de documentos
Havendo vaga para despachantes oficiais numa de-
terminada estância aduaneira e desde que não existam O despachante oficial é obrigado a conservar o registo a
seleccionados em concurso anterior ainda válido, o con- que se refere a alínea f) do artigo antecedente, bem como
curso documental para o seu preenchimento pode ser a correspondência e os documentos relativos às operações
aberto oficiosamente pela Direcção-Geral das Alfândegas aduaneiras em que tenha intervindo, durante cinco anos
ou a pedido dos profissionais legalmente habilitados a a contar da data da declaração, com os pormenores cor-
nele participar. respondentes.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
36 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 201º crime ou contra-ordenacional de medida de coacção de
Exibição
suspensão da profissão e a aplicação da medida cautelar
de suspensão preventiva em procedimento disciplinar
O despachante oficial está ainda obrigado, nos termos instaurado ao despachante oficial por violação dos seus
dos artigos 14º e 15º deste Código, a exibir, sempre que deveres deontológicos.
solicitado pelas autoridades aduaneiras, toda a documen-
tação relacionada com a sua actividade, designadamente, 2. A medida de suspensão é averbada no alvará e na
o registo dos despachos processados por intermédio da cédula profissional do despachante oficial a quem tenha
sua agência. sido aplicada.
A tabela de honorários dos despachantes oficiais é apro- Idêntica medida preventiva é adoptada em relação aos
vada por Portaria do membro do Governo responsável demais profissionais do despacho aduaneiro incursos nas
pela área das Finanças. mesmas situações, após prévia audiência dos mesmos.
Artigo 203º Artigo 207º
1. A violação dos deveres deontológicos referidos nos 1. A competência para a aplicação das penas discipli-
artigos antecedentes configura infracção disciplinar, nares referidas nos artigos antecedentes reparte-se do
respondendo o despachante oficial por ela perante as seguinte modo:
autoridades aduaneiras.
a) Chefes de estâncias aduaneiras – advertência;
2. Salvos os casos em que a pena aplicável é a adver-
tência, as infracções disciplinares cometidas pelos des- b) Director de alfândega – advertência averbada;
pachantes oficiais são apuradas em processo disciplinar
instaurados, instruídos e decididos mediante aplicação c) Director de circunscrição aduaneira – multa;
subsidiária e com as necessárias adaptações, do Estatuto
d) Director-Geral das Alfândegas – Suspensão e
Disciplinar dos Agentes da Administração Pública.
demissão.
Artigo 204º
2. A pena de advertência pode ser aplicada pelos di-
Infracções e Penas Disciplinares rectores ou pelos chefes das delegações aduaneiras na
própria declaração aduaneira do despachante ou noutros
1. As infracções disciplinares cometidas pelos despa-
documentos apresentados pelo despachante oficial e in-
chantes oficiais são punidas, consoante a gravidade do
dependentemente de instauração do devido processo.
facto, a intensidade da culpa e demais circunstâncias do
caso, com as seguintes penas: Artigo 208º
a) Advertência; Recurso
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 37
Artigo 210º Artigo 217º
Em tudo o que não estiver especificamente regulado, 2. Quando a verificação de mercadorias declaradas
aplicam-se às sociedades de despachantes oficiais o tenha ocorrido sem dar lugar à contestação dos elementos
disposto na legislação aduaneira relativamente ao des- apresentados pelo declarante, prevalecem no apuramento
pachante oficial em nome individual. do imposto a pagar os elementos constantes da declaração
em detalhe.
CAPÍTULO III
3. Na ausência de declaração em detalhe, designada-
Liquidação dos direitos aduaneiros
mente, porque se trata de mercadoria abandonada, arro-
e demais imposições
jada ou achada, os elementos de tributação são apurados
Secção I oficiosamente pela administração aduaneira.
Disposições gerais
Artigo 221º
Subsecção I
Liquidação adicional
Mercadorias em geral
Artigo 216º A liquidação adicional ocorre quando, depois de liquidados
os direitos aduaneiros e demais impostos incidentes sobre
Direitos aduaneiros
a mercadoria declarada, se verificar que o montante da
As mercadorias estão sujeitas, à entrada do território dívida aduaneira ou outra com ela correlacionada é superior
aduaneiro nacional, aos direitos aduaneiros e demais ao inicialmente apurado, através, designadamente, de
imposições previstos na Pauta Aduaneira ou em legis- acção de revisão e controlo da declaração em detalhe
lação avulsa. efectuada depois da saída da mercadoria.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
38 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Subsecção II de acompanhamento para certificação se
Especificidades em caso de mercadorias avariadas a declaração está feita correctamente e se
os documentos justificativos necessários
Artigo 222º
satisfazem as condições exigidas;
Destino de mercadorias avariadas
b) À verificação física, total ou parcial, das
As mercadorias avariadas são destruídas imediata- mercadorias declaradas, acompanhada de
mente, sob fiscalização aduaneira, reexportadas ou tri- eventual extracção de amostras, com vista
butadas segundo o estado em que se encontrarem. a confirmar se a natureza, origem, estado,
Artigo 223º quantidade, valor, especificações pautais,
incluindo as respectivas taxas e o regime a que
Avaria parcial de carregamento
possam estar sujeitas, estão em conformidade
Caso a avaria tenha ocorrido entre o período de início da com os dados da declaração aduaneira.
viajem de transporte da mercadoria para Cabo Verde Artigo 228º
e o momento da apresentação da declaração em deta-
lhe e o valor da parte avariada for superior ao valor Rejeição resultados verificação parcial
total do carregamento em estado bom, só é tomada em
Caso a verificação física seja parcial e o declarante não
consideração para efeitos de tributação a parte boa do
se conforme com os respectivos resultados, o mesmo tem
carregamento.
o direito de rejeitá-los e de requerer a verificação inte-
Artigo 224º gral dos elementos da declaração sobre os quais incide
Separação da parte avariada a discordância.
Presença do Declarante
Quando a mercadoria objecto de avaria for medica-
mento ou outro produto de manuseamento reservado em 1. A verificação é realizada na presença do declarante
razão das suas implicações para a saúde das pessoas ou ou de pessoa habilitada a substituí-lo, que são notificados
para o meio ambiente, a respectiva destruição obedece previamente do local, dia e hora da sua realização.
às prescrições técnicas legais exigidas para a execução
da medida, lavrando-se termo da ocorrência. 2. O declarante ou o seu substituto prestam aos agentes
Secção II aduaneiros encarregados da verificação toda a assistência
necessária para facilitar a operação.
Verificação e controlo das declarações
Subsecção I
3. Os agentes aduaneiros encarregados da verificação,
sempre que considerem insatisfatória a assistência forne-
Disposições gerais cida nos termos do número precedente, podem exigir ao
Artigo 227º declarante a indicação de uma pessoa apta a prestar-lhes
Controlo da declaração
a necessária assistência.
Artigo 231º
Após a aceitação e o registo das declarações, os agentes
aduaneiros intervenientes podem proceder: Não comparência do declarante
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 39
Disposições específicas aplicáveis aos viajantes e às bagagens 4. Quando resultar da revisão da declaração ou dos
controlos a posteriori que as disposições que regem o
Artigo 233º regime aduaneiro em causa foram aplicadas com base
Verificação de Bagagens
em elementos inexactos ou incompletos, as autoridades
aduaneiras tomam as medidas necessárias para regula-
1.A verificação das bagagens dos viajantes só pode ser rizar a situação, tendo em conta os novos elementos de
efectuada nos lugares designados, para este efeito, pelos que dispõem.
serviços aduaneiros. Secção II
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
40 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
4. A pauta máxima aplica-se às mercadorias origi- Impugnação das decisões em matéria de origem
nárias ou nacionalizadas em países estrangeiros que
aplicam tratamento idêntico às mercadorias de origem As decisões proferidas em matéria de determinação
cabo-verdiana. da origem de uma mercadoria são impugnadas adminis-
trativa e contenciosamente nos termos previstos neste
Artigo 238º
Código e na lei geral.
Impostos Aplicáveis
Artigo 244º
Para além dos direitos aduaneiros de importação, as
Informação confidencial
mercadorias podem ser sujeitas, nos termos da Consti-
tuição e da lei, a outras imposições que tenham por facto 1.A informação de natureza confidencial ou fornecida a
gerador a sua importação. título confidencial para a aplicação das regras de origem
Artigo 239º deve ser tratada pelas autoridades aduaneiras a que se
destina de forma estritamente confidencial.
Nomenclatura Aduaneira
2.As autoridades destinatárias da informação referida
1. As mercadorias classificam-se de acordo com a Pauta
no número anterior deste artigo não a divulgam sem a
Aduaneira nacional ou com a Pauta Comum da CEDEAO,
autorização expressa das pessoas ou dos Estados que as
quando existir, e respectivas Nomenclaturas e regras
forneceram, excepto na medida em que essa informação
gerais para a sua interpretação.
seja necessária no âmbito de processos judiciais.
2. A Nomenclatura da Pauta Aduaneira de Cabo Verde Artigo 245º
é baseada na Nomenclatura do Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias e nas Regras Prova de origem
Gerais para a sua interpretação, constantes da Con-
venção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de 1. Sempre que tal se mostre necessário, a origem
Designação e de Codificação de Mercadorias, adoptada das mercadorias deverá ser comprovada através de um
em Bruxelas em 14 de Junho de 1983, aprovada por Cabo certificado de origem ou documento equivalente, emi-
Verde, para adesão, através do Decreto nº10/2007, de 24 tido por entidade competente, nos termos dos tratados
de Outubro. e acordos internacionais que vinculem a República de
Cabo Verde.
Secção III
Regras de Origem
2. Em caso de fundadas dúvidas sobre a origem de uma
mercadoria, as autoridades aduaneiras podem exigir,
Subsecção I para além da apresentação do certificado de origem ou
Disposições gerais documento equivalente, elementos complementares des-
tinados a esclarecer se a origem indicada da mercadoria
Artigo 240º é conforme ao direito cabo-verdiano.
Âmbito da secção
Artigo 246º
A presente secção define mercadorias de origem pre- Notas interpretativas
ferencial e não preferencial, para efeitos da aplicação
de medidas pautais e não pautais relativas ao comércio Sempre que se revelar necessário, as condições de apli-
internacional de mercadorias e à preparação e emissão cação das regras de origem são detalhadas nos diplomas
de certificados de origem. de regulamentação do Código, através de notas interpre-
Artigo 241º
tativas de facilitação e uniformização da sua aplicação.
1.A origem das mercadorias destinadas a importação Origem de mercadorias em direito comum
ou a exportação poderá ser determinada previamente Artigo 247º
pelas autoridades aduaneiras, a pedido das pessoas in-
teressadas na operação. Regras de origem em direito comum
2. A consulta prévia é apresentada e decidida nos ter- 1. Denominam-se regras de origem as disposições legis-
mos previstos neste Código. lativas e regulamentares e as decisões administrativas de
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 41
carácter geral aplicadas para determinar o país de origem desde que esse país exerça, para efeitos de
das mercadorias, contanto que as mesmas não digam exploração, direitos exclusivos sobre esse solo
respeito a regimes comerciais contratuais ou autónomos ou subsolo;
que concedam preferências pautais que excedam o âmbito
de aplicação do n.º 1 do artigo I do GATT de 1994. i) Os desperdícios resultantes de operações fabris
e artigos usados, se nele foram recolhidos
2. Incluem-se no âmbito das regras de origem referidas e apenas sirvam para a recuperação de
no número anterior todas as regras de origem utilizadas matérias-primas;
no âmbito de instrumentos não preferenciais de política
comercial para a aplicação, nomeadamente: j) As mercadorias aí fabricadas exclusivamente a
partir das mercadorias referidas nas alíneas
a) Do tratamento da nação mais favorecida, ao a) a i) antecedentes ou dos seus derivados, em
abrigo dos artigos I, II, III, XI e XIII do GATT qualquer fase de produção.
de 1994;
3. Para efeitos do número anterior, “país” compreende
b) De direitos anti-dumping e de compensação, as águas territoriais do país em causa.
ao abrigo do artigo VI, e dos direitos de
Artigo 249°
salvaguarda, ao abrigo do artigo XIX do
GATT de 1994; Produção em mais do que um país
c) Das disposições de origem ao abrigo do artigo IX As mercadorias em cuja produção intervierem dois ou
do GATT de 1994, assim como de restrições mais países são consideradas originárias do país onde se
quantitativas ou de contingentes pautais realizou a última operação de complemento de fabrico ou
discriminatórios. de transformação, desde que sejam preenchidas cumula-
tivamente as seguintes condições:
3. Incluem-se ainda no âmbito das regras de origem
referidas no n.º 1 deste artigo as utilizadas para os con- a) Ser substancial a transformação ou complemento
tratos públicos e as estatísticas do comércio. de fabrico, entendendo-se que assim acontece
quando a mercadoria deles resultantes
Artigo 248° apresenta propriedades e uma composição
específica próprias, que não possuía antes
Mercadorias originárias de um país
da transformação, consubstanciando, pois,
um produto novo ou quando a transformação
1. As mercadorias originárias de um país são as que
ou complemento de fabrico representa um
nele tenham sido inteiramente obtidas ou produzidas.
grau importante de fabrico, conducente a
2. Consideram-se mercadorias inteiramente obtidas uma modificação qualitativa importante das
ou produzidas num país: características da mercadoria;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
42 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 252º nacional e de medidas não pautais estabelecidas por
Operações irrelevantes
legislação nacional específica no âmbito do comércio de
mercadorias.
As seguintes operações não influem na determinação
da origem da mercadoria: 2. O valor aduaneiro é determinado em estrita confor-
midade com o artigo VII do GATT e com os Acordos sobre
a) As manipulações destinadas a assegurarem a a interpretação desse artigo.
conservação do produto;
3. O Acordo do GATT sobre o Valor Aduaneiro aplica-se
b) A extracção do pó, escolha, classificação, lavagem apenas à determinação do valor aduaneiro de mercado-
e operações semelhantes; rias importadas, para efeitos da cobrança de direitos “ad
valorem” sobre essas mercadorias.
c) A mudança de embalagem, o simples
acondicionamento em sacos, estojos, caixas, 4. O Acordo não inclui disposições sobre determinação
grades e operações semelhantes; do valor aduaneiro relativas a direitos de exportação,
gestão de contingentes, imposições internas ou controlos
d) A aposição nos produtos, ou nas respectivas cambiais.
embalagens, de marcas, etiquetas ou outros
sinais distintivos similares; Artigo 256º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 43
Artigo 259º 2. O pagamento a que se refere o número anterior pode
Notas interpretativas
ser efectuado directa ou indirectamente, em numerário ou
através de crédito documentário ou títulos negociáveis.
Sempre que se mostrar necessário, as disposições re-
lativas à determinação do valor constantes deste Código 3. As actividades, incluindo as relacionadas com a
e de acordos internacionais relacionados com a matéria, comercialização, exercidas pelo comprador por conta
vinculativos de Cabo Verde, serão complementadas através própria, que não sejam aquelas para as quais se prevê no
de notas interpretativas de uniformização e facilitação artigo 262º deste Código a possibilidade de ajustamento,
da sua aplicação, adoptadas por regulamento. não são consideradas pagamento indirecto ao vendedor,
ainda que possam ser consideradas um benefício para o
Subsecção II vendedor, tenham sido exercidas com o acordo deste e o
Método 1 seu custo não é acrescido ao preço efectivamente pago
ou a pagar para a determinação do valor aduaneiro das
Do valor transaccional em geral mercadorias importadas.
Artigo 260º Artigo 262º
Regra geral Ajustamento do Preço
1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas é o 1. Para a determinação do valor aduaneiro por apli-
seu valor transaccional. cação dos artigos 260º e 264º, adicionam-se ao preço
2.Entende-se por valor transaccional o preço efectiva- efectivamente pago ou a pagar pelas mercadorias im-
mente pago ou a pagar pelas mercadorias quando vendi- portadas:
das para exportação com destino a Cabo Verde, ajustado, a) As comissões e despesas de corretagem, com
se necessário, de acordo com as disposições do artigo 262º excepção das comissões de compra, o custo
deste Código, deste Código, desde que: dos recipientes que, para fins aduaneiros, se
a) Não existam restrições relativas à cedência ou considera fazerem um todo com a mercadoria,
utilização das mercadorias pelo comprador e o custo da embalagem, compreendendo a
para além das restrições que sejam impostas mão-de-obra e os materiais, na medida em que
ou exigidas pela lei ou pelas autoridades forem suportados pelo comprador, mas não
competentes em Cabo Verde, limitem a zona tenham sido incluídos no preço efectivamente
geográfica na qual as mercadorias podem ser pago ou a pagar pelas mercadorias:
revendidas; ou não afectem substancialmente b) O valor imputado, de maneira adequada, dos
o valor das mercadorias; produtos e serviços a seguir indicados, quando
são fornecidos, directa ou indirectamente,
b) A venda ou o preço não estejam sujeitos a
pelo comprador, sem despesas ou a custos
condições ou a prestações cujo valor não
reduzidos, e utilizados no decurso da produção
se possa determinar relativamente às
e da venda para exportação das mercadorias
mercadorias a avaliar;
importadas, na medida em que este valor não
c) Não reverta, directa ou indirectamente, para o tenha sido incluído no preço pago ou a pagar:
vendedor alguma parte do produto de qualquer
i. Matérias, componentes, partes e elementos
revenda, cedência ou utilização posterior das
similares incorporados nas mercadorias
mercadorias pelo comprador, salvo se puder
importadas;
ser efectuado um ajustamento apropriado em
conformidade com as disposições do artigo ii. Ferramentas, matrizes, moldes e objectos
262º deste Código. similares utilizados no decurso da produção
das mercadorias importadas;
d) O comprador e o vendedor não estejam coligados
ou, se estiverem, que o valor transaccional iii. Matérias consumidas na produção das
seja aceitável para fins aduaneiros, nos mercadorias importadas;
termos do disposto no número 2 do artigo 264º
deste Código. iv. Trabalhos de engenharia, de estudo, de arte
e de design, planos, esboços, executados fora
Artigo 261º
de Cabo Verde e necessários para a produção
Preço efectivamente pago ou a pagar das mercadorias importadas;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
44 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 45
Artigo 265º 265º compraram e venderam um ao outro como se não
Pessoas coligadas
estivessem coligados, fica demonstrado que a coligação
não influenciou o preço.
1. Para efeitos do disposto no Código e no Regulamento,
3. Ao importador incumbe a responsabilidade de de-
só se consideram coligadas as pessoas quando:
monstrar que a relação não influenciou o preço.
a) Uma faça parte do conselho de administração Subsecção III
ou da gerência da sociedade da outra e vice-
Do valor transaccional em outros casos
versa;
Artigo 267º
b) Tenham juridicamente a qualidade de sócios da
Métodos de Substituição
mesma ou das mesmas sociedades;
1.Quando o valor aduaneiro não puder ser fixado por
c) Uma seja empregadora da outra; aplicação do artigo 260º deste Código, há que passar su-
d) Uma possua, controle ou detenha, directa ou cessivamente às alíneas a), b), c) e d) do artigo seguinte
indirectamente, 5% ou mais das acções, até à primeira destas alíneas que o permita determinar,
quotas ou participações societárias emitidas salvo se a ordem das alíneas c) e d) forem alteradas a
com direito a voto em ambas; pedido do declarante.
2. Quando o valor aduaneiro não puder ser determina-
e) Uma delas, directa ou indirectamente, controle
do por aplicação duma dada alínea, é permitido, então,
a outra;
aplicar o disposto na alínea que vem imediatamente a
f) Ambas sejam, directa ou indirectamente, seguir, na ordem acima estabelecida.
controladas por uma terceira pessoa; Artigo 268º
Inquérito complementar
d) Valor calculado igual à soma:
i. Do custo ou do valor das matérias e das
1. Nos termos dos números 1, 2 e 3 do artigo 264º, se as
operações de fabrico ou outras, utilizadas
autoridades aduaneiras alfândegas não puderem aceitar
ou efectuadas para produzir as mercadorias
o valor transaccional sem um inquérito complementar,
importadas;
devem dar ao importador a possibilidade de fornecer
todas as informações pormenorizadas que possam ser ii. De um montante representativo dos lucros e
necessárias para lhe permitir examinar as circunstân- das despesas gerais igual ao que é geralmente
cias próprias da venda, devendo as alfândegas, a fim de contabilizado nas vendas de mercadorias
determinar se a coligação influenciou o preço, examinar da mesma natureza ou da mesma espécie
os aspectos pertinentes da transacção, incluindo o modo que as mercadorias a avaliar, efectuadas
como o comprador e o vendedor organizaram as respec- por produtores do país de exportação para a
tivas relações comerciais e a forma pela qual o preço em exportação com destino a Cabo Verde;
questão foi calculado.
iii. Do custo ou do valor dos elementos
2. Se puder ser provado que o comprador e o vendedor, especificados na alínea e) do n.º 1 do artigo
apesar de estarem coligados na acepção do nº1 do artigo 262º deste Código.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
46 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Subsecção IV 5. Se, no momento da aplicação do disposto no presente
Método 2
artigo, for apurado mais de um valor transaccional de
mercadorias idênticas, deve recorrer-se, para a determi-
Artigo 269º nação do valor aduaneiro das mercadorias importadas,
Mercadorias idênticas
ao valor transaccional mais baixo.
Artigo 271º
1. São consideradas idênticas as mercadorias que
possuem as mesmas características físicas, a mesma Ajustamentos
qualidade e o mesmo prestígio comercial.
1. O valor transaccional de mercadorias idênticas
2. As pequenas diferenças de aspecto que as mercado- importadas significa um valor aduaneiro ajustado em
rias eventualmente apresentem não obstam a que sejam conformidade com o disposto nos números 1, 2, 3 e 4
qualificadas como idênticas. do artigo anterior, e já aceite nos termos do artigo 260º
deste Código.
3. Não estão abrangidas no conceito de mercadorias
idênticas as mercadorias que incorporem ou comportem, 2. É condição para que possam ser feitos ajustamentos
consoante os casos, trabalhos de engenharia, de estudo, devidos às diferenças de nível comercial ou de quantida-
de arte ou de design, ou planos e esboços, relativamente de, que esses ajustamentos, independentemente do facto
aos quais não tenha sido feito qualquer ajustamento por de conduzirem a um aumento ou a uma diminuição do
aplicação da subalínea iv da alínea b), do nº 1 do artigo valor, apenas sejam efectuados com base em elementos
262º pelo facto de esses trabalhos terem sido executados comprovados que estabeleçam claramente que são razo-
em Cabo Verde. áveis e exactos, tais como listas de preços em vigor em
que figurem preços referentes a níveis diferentes ou a
4. Só são consideradas idênticas as mercadorias que quantidades diferentes.
tenham sido produzidas no mesmo país em que hajam
sido produzidas as mercadorias a avaliar. Subsecção V
Método 3
5. Só são comparadas mercadorias produzidas por
pessoas diferentes quando não existam mercadorias Artigo 272º
idênticas produzidas pela pessoa que produziu as mer-
Mercadorias similares
cadorias a avaliar.
Artigo 270º 1. São consideradas similares as mercadorias que,
apesar de apresentarem algumas diferenças entre si,
Valor transaccional de mercadorias idênticas têm características semelhantes, e são compostas por
matérias semelhantes o que lhes permite preencher as
1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas,
mesmas funções e ser comercialmente permutáveis.
que não possa ser determinado com base no disposto nos
artigos 260º e 264º deste Código é o valor transaccional 2. A qualidade das mercadorias, o prestígio comercial
de mercadorias idênticas vendidas para exportação com e a existência de uma marca são elementos a tomar em
destino ao País e exportadas no mesmo momento, ou em consideração para determinar se as mercadorias são ou
momento muito próximo, em que foram exportadas as não similares.
mercadorias a avaliar.
3. Não estão abrangidas no conceito de mercadorias
2. No momento da aplicação do disposto no presente similares as mercadorias que incorporem ou comportem,
artigo, o valor aduaneiro é determinado com recurso ao consoante os casos, trabalhos de engenharia, de estudo,
valor transaccional de mercadorias idênticas vendidas de arte ou de design, ou planos e esboços, relativamente
ao mesmo nível comercial e sensivelmente na mesma aos quais não tenha sido feito qualquer ajustamento por
quantidade que as mercadorias a avaliar. aplicação da subalínea iv da alínea b) do número 1 do
artigo 262º deste Código, pelo facto de esses trabalhos
3. Na falta de tais vendas, deve recorrer-se ao valor
terem sido executados em Cabo Verde.
transaccional de mercadorias idênticas, vendidas a um
nível comercial diferente e ou em quantidades diferentes, 4. Só são consideradas similares as mercadorias que
ajustado em função das diferenças correspondentes ao tenham sido produzidas no mesmo país em que hajam
nível comercial e ou às quantidades, contanto que tais sido produzidas as mercadorias a avaliar.
ajustamentos, independentemente de implicarem um
aumento ou uma diminuição do valor, sejam efectuados 5. Só são comparadas mercadorias produzidas por
com base em elementos de prova razoáveis e exactos. pessoas diferentes quando não existam mercadorias
similares produzidas pela pessoa que produziu as mer-
4. Quando os custos e as despesas referidos no núme- cadorias a avaliar.
ro 1 do artigo 262º deste Código estiverem incluídos no
valor transaccional, este valor é ajustado em função de Artigo 273º
eventuais diferenças consideráveis dos custos e despe- Valor transaccional de mercadorias similares
sas entre as mercadorias importadas e as mercadorias
idênticas consideradas, em consequência de diferenças 1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas,
nas distâncias e nos modos de transporte. que não possa ser determinado com base no disposto
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 47
nos artigos 260º e 264º ou 270º é o valor transaccional no preço unitário de venda das mercadorias importadas,
de mercadorias similares, vendidas para exportação com ou de mercadorias idênticas ou similares importadas,
destino ao País e no mesmo momento, ou em momento totalizando a quantidade mais elevada, desde que feitas
muito próximo, em que foram exportadas as mercadorias a pessoas não coligadas com os vendedores, no mesmo mo-
a avaliar. mento ou em momento muito próximo da importação das
mercadorias a avaliar, sujeitas às seguintes deduções:
2. No momento da aplicação do disposto no presente
artigo, o valor aduaneiro será determinado com recurso a) De comissões geralmente pagas ou acordadas, ou
ao valor transaccional de mercadorias similares, vendidas margens geralmente praticadas para lucros e
ao mesmo nível comercial e sensivelmente na mesma despesas gerais relativos às vendas, em Cabo
quantidade que as mercadorias a avaliar. Verde de mercadorias importadas da mesma
natureza ou da mesma espécie, incluindo os
3. Na falta de tais vendas, deve recorrer-se ao valor custos directos e indirectos de comercialização
transaccional de mercadorias similares, vendidas a um das mercadorias no País;
nível comercial diferente e ou em quantidade diferente,
ajustado em função das diferenças correspondentes ao b) De despesas habituais de transporte e de seguro,
nível comercial e ou à quantidade, contanto que tais bem como de despesas conexas pagas em
ajustamentos, independentemente de implicarem um Cabo Verde;
aumento ou uma diminuição do valor, sejam efectuados
com base em elementos de prova razoáveis e exactos. c) De direitos e demais imposições a pagar em
Cabo Verde em resultado da importação ou
4. Quando os custos e as despesas referidos na alínea e) do da venda das mercadorias.
número 1 do artigo 262º deste Código estiverem incluídos
no valor transaccional, este valor é ajustado em função de 2. Se as mercadorias importadas, ou as mercadorias
eventuais diferenças consideráveis desses custos e des- idênticas ou similares importadas, não forem vendidas
pesas entre as mercadorias importadas e as mercadorias no mesmo momento ou em momento muito próximo do
similares consideradas, em consequência de diferenças momento da importação das mercadorias a avaliar, o
nas distâncias e nos modos de transporte. valor aduaneiro deve basear-se, sob reserva do dispos-
to no número anterior, no preço unitário pelo qual as
5. Se, no momento da aplicação do disposto no presente mercadorias importadas, ou mercadorias idênticas ou
artigo, for apurado mais de um valor transaccional de similares importadas, forem vendidas em Cabo Verde
mercadorias similares, deve recorrer-se, para a determi- no mesmo estado em que foram importadas e na data
nação do valor aduaneiro das mercadorias importadas, mais próxima depois da importação das mercadorias a
ao valor transaccional mais baixo. avaliar, mas antes de decorridos noventa dias a contar
do momento dessa importação.
Artigo 274º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
48 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
que forneça, directa ou indirectamente, sem despesas ou c) No preço de mercadorias em vigor no mercado
a custo reduzido, qualquer dos elementos especificados interno do país de exportação;
na alínea b) do número 1 do artigo 262º deste Código
para serem utilizados na produção ou na venda para d) No custo de produção distinto dos valores
exportação das mercadorias importadas. calculados que tiverem sido determinados
para mercadorias idênticas ou similares em
3. Sempre que se recorra ao método previsto no n.º 3 do conformidade com as disposições dos artigos
artigo anterior, as deduções efectuadas para ter em conta 270º e 273º deste Código;
o valor acrescentado pelo complemento de fabrico ou pela
transformação ulterior devem basear-se em dados objec- e) No preço de mercadorias vendidas para
tivos e quantificáveis relativos ao custo desses trabalhos, exportação com destino a um país distinto de
devendo os cálculos basear-se nas fórmulas, processos e Cabo Verde;
métodos de cálculo admitidos no ramo de produção em f) Em valores aduaneiros mínimos;
causa e noutras práticas desse ramo de produção.
g) Em valores arbitrários ou fictícios.
Subsecção VII
a) No preço de venda em Cabo Verde de mercadorias A determinação do valor das mercadorias exportadas
aqui produzidas; por comparação baseia-se no valor transaccional das mer-
cadorias de espécie e qualidade similares exportadas no
b) Num sistema que preveja a aceitação, para fins mesmo momento, ou em momento próximo, para outros
aduaneiros, do mais elevado de dois valores compradores no mesmo país de destino da importação
possíveis; ou, caso não exista uma comparação directa, outro país
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 49
de destino da importação, sendo efectuados pelo próprio 2. À pedido do exportador, o funcionário aduaneiro com-
funcionário da autoridade aduaneira ajustamentos de petente informa, por escrito, o exportador das razões para
preço fundamentados, tendo em consideração factores pôr em dúvida a veracidade ou a exactidão da declaração,
relevantes, designadamente: e fixa ao exportador um período razoável para que seja
ouvido antes de ser tomada a decisão definitiva.
a) As diferenças nas datas de exportação;
Secção V
b) As diferenças nos níveis comerciais e nos níveis
Outros elementos de tributação
de qualidade;
Subsecção I
c) As diferenças na composição, na qualidade e
na concepção entre as mercadorias a avaliar Peso das mercadorias
e as mercadorias com as quais aquelas são
Artigo 287º
comparadas;
Tipos de peso
d) As diferenças nos encargos internos com o
transporte e seguro em função do lugar de 1. Os direitos específicos que incidam sobre o peso das
exportação. mercadorias são calculados com base no peso bruto, no
peso líquido ou no peso real.
Artigo 283º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
50 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
mercadoria, antes da conclusão do respectivo processo 2. O prazo referido no número anterior, inicial ou
de desembaraço aduaneiro, situação em que vigoram prorrogado, conta-se a partir da data do levantamento
outros prazos. da mercadoria autorizada a sair sob caução.
Artigo 292º Artigo 297º
A saída sob caução engloba o crédito de direito e o cré- No caso de levantamento da mercadoria mediante
dito de levantamento, nos termos previstos nos artigos termo de responsabilidade, o pagamento deve fazer-se na
seguintes e em demais legislação aplicável, aplicando-se data fixada pelo Director – Geral das Alfândegas, dentro
também, a mercadorias cujo processo de desalfandega- do respectivo prazo de validade máxima.
mento se encontre a aguardar a sujeição a um regime
Artigo 298º
aduaneiro, a concessão de um benefício fiscal ou a apre-
sentação de algum documento relevante. Meios de pagamento
Artigo 293º
Os direitos e demais imposições liquidados pelos ser-
Crédito de Direitos viços aduaneiros são pagos em moeda corrente, por meio
de cheque visado ou cruzado à ordem do tesoureiro ou do
1.O crédito de direitos consiste na autorização de sa- chefe da estância aduaneira credora e por transferência
ída de mercadoria declarada para o consumo antes do interbancária, entendendo-se como tal o pagamento
pagamento da dívida aduaneira e correlacionada e na efectuado através de terminais de pagamento automático
prorrogação do prazo de pagamento destas, por motivos (TPA).
justificados, mediante oferecimento de caução idónea
e sujeição a pagamento de juros sobre as importâncias Artigo 299º
em dívida. Meios de pagamento sujeitos a boa cobrança
2.O crédito de direitos é autorizado, a pedido do interes- Em caso de utilização de meio de pagamento que exija
sado, pelo chefe da estância aduaneira onde se processa boa cobrança, a extinção da dívida aduaneira e corre-
o despacho da mercadoria declarada para consumo. lacionada só se verifica com o recebimento efectivo da
Artigo 294º respectiva importância, não sendo porém devidos juros
de mora pelo tempo que mediar entre a entrega do meio
Crédito de levantamento de pagamento e aquele recebimento, salvo se não for
possível fazer-se a cobrança integral da dívida por falta
1.O crédito de levantamento consiste na autorização de
de provisão.
saída de mercadorias, à medida que vão sendo verificadas,
mediante a apresentação de garantia bancária idónea. Artigo 300º
1.O prazo máximo para o pagamento da dívida adu- Ninguém pode dispor das mercadorias conduzidas
aneira e demais encargos exigíveis, relativos a merca- às estâncias aduaneiras ou aos locais designados pelos
dorias autorizadas a sair sob caução, não deve exceder serviços aduaneiros, sem autorização destes e sem que
15 dias, prorrogáveis por dois períodos adicionais de os direitos e demais imposições exigíveis tenham sido
igual duração, mediante decisão do Director - Geral das previamente pagos, consignados ou garantidos, nos ter-
Alfândegas. mos deste Código.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 51
Artigo 302º Artigo 307º
No caso de mercadorias de importação não proibida 1. As extracções de amostras são efectuadas pelos
em processo de contestação, a autorização de saída sob agentes aduaneiros, que podem, entretanto, exigir que
caução só é concedida ao contestante desde que se dis- as mesmas sejam efectuadas, sob o seu controlo, pelo
ponha de todos os elementos necessários à apreciação da declarante ou por uma pessoa por este designada.
contestação e seja prestada caução idónea, pelos maiores
direitos e imposições que seriam devidos no caso e res- 2. O declarante ou a pessoa por ele designada para
pectivos juros, observados as demais exigências previstas assistir à extracção de amostras deve prestar às auto-
neste Código. ridades aduaneiras toda a assistência necessária para
Artigo 303º
facilitar a operação.
Remissão para o contencioso administrativo aduaneiro 1. Salvo se forem inutilizadas pela análise ou controlo
aprofundados, as amostras extraídas são restituídas ao
Nas situações previstas no número anterior, organi- declarante, a seu pedido e a expensas suas, desde que a
za-se um processo administrativo próprio, regido pelas sua conservação pelas autoridades aduaneiras se torne
disposições do contencioso administrativo regulado no desnecessária, nomeadamente, quando tenham sido
título VII deste Código, fazendo-se o pagamento nos esgotadas todas as possibilidades de recurso por parte
termos aí previstos, quando assim couber. do declarante contra a decisão tomada pelas autoridades
aduaneiras com fundamento nos resultados desta análise
Secção VII
ou deste controlo.
Extracção de amostras
2. As amostras cuja restituição não tenha sido solicitada
Artigo 306º
pelo declarante podem ser inutilizadas ou conservadas
Comunicação pelas autoridades aduaneiras.
A extracção de amostras da iniciativa das autoridades 3. Contudo, em casos especiais, as autoridades adua-
aduaneiras é sempre comunicada ao declarante ou ao neiras podem exigir ao interessado que retire as amostras
seu representante. remanescentes.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
52 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 310º Direcção-Geral das Alfândegas, acompanhado de duas
Aplicação aos exames realizados antes da declaração
amostras, desenhos ou fotografias das mercadorias, a
expensas do interessado.
As disposições desta secção aplicam-se, com as ne-
cessárias adaptações, à extracção de amostras antes da 4. O Director-Geral pronuncia-se sobre o objecto da
apresentação da declaração em detalhe requeridas pelo consulta, no prazo de trinta dias a partir da data da
declarante ou seu representante. entrada na Direcção-Geral das Alfândegas do processo
e amostras que o acompanhem, sem prejuízo do disposto
Secção VI no número seguinte.
Informações e decisões sobre a legislação aduaneira 5. Tratando-se de consulta para determinação prévia
Artigo 311º de origem, o prazo para o pronunciamento sobre ela pelo
Director-Geral das Alfândegas é de 150 dias, a contar
Informações e decisões relativas à aplicação da entrada do processo respectivo na Direcção-Geral,
da legislação aduaneira
devidamente instruído, nos termos deste artigo.
1. Qualquer interessado pode solicitar às autoridades Artigo 313º
aduaneiras informações e decisões relativas à aplicação
da legislação aduaneira, devendo fornecer todos os ele- Consultas prévias não admitidas
mentos e documentos exigidos para o efeito.
Não são admitidas consultas prévias quando incidirem
2. As informações e decisões devem ser prestadas ou sobre:
tomadas e comunicadas ao requerente no prazo mais
a) Mercadorias de composição indefinida ou que
curto possível, nunca superior a quinze dias, devendo ser
não possam ser facilmente identificadas;
fundamentadas nos termos gerais de direito.
b) Mercadorias claramente especificadas na
3. O prazo estabelecido no número anterior pode ser
Pauta Aduaneira e nas respectivas Notas
prorrogado sempre que não seja possível o seu cumpri-
Explicativas ou cuja classificação já tenha
mento por parte das autoridades aduaneiras. Nesse caso,
sido objecto de deliberação do Conselho
as autoridades aduaneiras dão conhecimento do facto ao
Técnico Aduaneiro, de despacho proferido nos
requerente, antes da expiração do prazo, indicando os
termos dos n.º 4 e 5 do artigo anterior ou de
motivos que justificam a prorrogação, bem como o novo
decisão em recurso contencioso.
prazo que consideram necessário para deliberarem sobre
o pedido. Artigo 314º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 53
Garantia de Pagamento
2. Sendo concedida autorização para a mudança de uso
ou para a alienação por qualquer forma das referidas Artigo 321º
mercadorias, são devidos os direitos e demais imposições Garantias
aduaneiras nos termos previstos na lei.
1. O património do devedor dos direitos e demais im-
3. A depreciação do valor das mercadorias sujeitas à posições incidentes sobre as mercadorias sujeitas à acção
mudança de uso é corrigida segundo um sistema sim- aduaneira constitui a garantia geral da dívida aduaneira
ples de cálculo para cada ano ou parte do ano a partir e correlacionada, com excepção dos bens não penhoráveis
da data do registo do respectivo despacho ou mediante nos termos da lei.
exame pericial.
2. Para garantia da dívida aduaneira, a administração
Artigo 318º aduaneira dispõe ainda:
Providências cautelares
a) Os pedidos de reconhecimento dos benefícios
fiscais processados autonomamente são 1. A Administração aduaneira pode, nos termos da lei,
apresentados nos serviços competentes para tomar providências cautelares para garantia da dívida
a liquidação do imposto a que se refere o aduaneira e correlacionada, em caso de fundado receio
benefício e devem ser instruídos nos termos de frustração da sua cobrança ou de destruição ou ex-
da lei que os concede; travio de documentos ou outros elementos necessários
ao apuramento da situação tributária das mercadorias
b) Sempre que o reconhecimento do benefício fiscal sob acção aduaneira.
seja da competência do membro do governo
2. As providências cautelares podem consistir na apre-
responsável pela área das finanças, os serviços
ensão de bens ou documentos até à satisfação da dívida
referidos na alínea anterior submetem-lhe o
aduaneira e correlacionada.
processo, devidamente instruído;
Artigo 323º
c) O despacho de deferimento fixa as datas do início Privilégio Mobiliário Especial
e do termo do benefício fiscal;
As mercadorias, bagagens ou quaisquer outros bens e
d) O despacho de deferimento ou de indeferimento valores existentes nas alfândegas, nos armazéns de depó-
são sempre notificados ao requerente. sito temporário, entrepostos aduaneiros ou em quaisquer
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
54 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
outros locais sob a acção fiscal aduaneira, respondem pelo Artigo 328º
pagamento dos direitos, demais imposições, multas e coi-
Recusa da caução
mas em dívida, ainda que a eles não digam directamente
respeito, gozando estes créditos de privilégio mobiliário As autoridades aduaneiras recusam a caução proposta,
especial sobre as mercadorias, bagagens, bens e outros quando considerarem que a mesma não acautela o
valores de que trata este artigo, com preferência sobre pagamento das obrigações em dívida que se pretende
quaisquer outros. assegurar.
Artigo 324º
Artigo 329º
Apreensão de Mercadorias
Reforço da caução
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as
mercadorias, bagagens, bens e valores depositados nas Sempre que as autoridades aduaneiras verificarem que
alfândegas, armazéns de depósito temporário, entrepos- a caução prestada não acautela ou deixou de acautelar
tos aduaneiros ou em quaisquer locais sob a acção fiscal de forma integral o pagamento das obrigações em dívida,
aduaneira, não podem ali ser apreendidos ou retidos exigem a prestação de uma garantia complementar ou a
senão pela própria administração aduaneira ou com a substituição da caução inicial por uma nova caução.
sua colaboração e para garantia de direitos e demais
Artigo 330º
imposições, multas coimas ou outras dívidas à Fazenda
Nacional, nos termos da lei. Substituição excepcional
2. As autoridades judiciais ou quaisquer outras, quando A caução pode, uma vez prestada, ser excepcionalmen-
tenham de impor o arresto dos bens referidos no número te substituída, a pedido do declarante, caso este prove
anterior, solicitam às alfândegas, sob cuja acção fiscal os interesse legítimo na substituição e desde que não haja
mesmos se encontram a efectivação da medida. prejuízo para a Fazenda Pública.
3. A venda pela administração aduaneira de merca- Artigo 331º
dorias sob a acção fiscal que se encontrem arrestadas a
pedido das autoridades judiciais só pode ser efectuada Redução excepcional
depois da anuência dessas entidades.
A caução só pode ser reduzida após a sua prestação,
4. A aplicação do preceituado neste artigo é extensiva nos casos de anulação parcial da dívida aduaneira e
a quaisquer mercadorias ou bens que, por estarem pro- correlacionada, pagamento parcial da dívida no âmbito
postas a despacho ou por qualquer outra razão, estejam de regime de crédito de levantamento ou outra situação
sob a acção directa das estâncias aduaneiras, embora igualmente relevante, avaliada e ponderada pelas auto-
fora destas. ridades aduaneiras.
Artigo 325º
Artigo 332º
Momento de exigência da caução
Modo de cálculo
A caução pode ser exigida no momento em que é apli-
cada a regulamentação que prevê a possibilidade de a 1. As cauções são calculadas tomando como referência
exigir ou em qualquer momento posterior, quando as os maiores direitos e encargos abstractamente exigíveis,
autoridades aduaneiras verifiquem que o pagamento, nos em caso de não pagamento da dívida aduaneira e corre-
prazos fixados, não está suficientemente acautelado. lacionada, incluindo os juros de mora.
Artigo 326º 2. Na hipótese de se presumir a ocorrência de respon-
Tipos de Caução sabilidade por infracção fiscal aduaneira, a caução deve
ainda abranger a importância julgada suficiente para
A caução pode ser constituída por depósito em numerá- garantir essa responsabilidade.
rio ou mediante garantia bancária ou seguro-caução.
3. No caso de garantias prestadas com vista à boa co-
Artigo 327º
brança da dívida no âmbito do crédito de levantamento,
Termo de responsabilidade as mesmas devem cobrir todo o período de tempo que foi
concedido para efectuar o pagamento e os respectivos
1.A caução pode ser substituída por um termo de res-
juros, mais acréscimos legais exigíveis.
ponsabilidade, nas seguintes situações:
Artigo 333º
a) Quando o consignatário ou destinatário da
mercadoria for um serviço público; Aplicação a outras situações
b) Nos casos de cortesia internacional; As disposições previstas nesta secção aplicam-se, com
c) Noutros casos expressamente previstos na lei. as devidas adaptações, a todas as outras situações em que
se exija aos particulares a constituição perante a admi-
2. O prazo máximo de validade do termo de responsa- nistração aduaneira de garantias para o acautelamento
bilidade é de um ano. do pagamento da dívida aduaneira ou correlacionada.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 55
Secção IX Artigo 339º
1.Quando os resultados da operação de conferência de 2. Caso não exista tal produto, pode ser usado, em al-
documentos ou de verificação de mercadorias não estive- ternativa, um outro produto que apresente características
rem de acordo com os elementos da declaração aduaneira muito semelhantes às do produto considerado.
relativos à classificação pautal, à origem ou ao valor da Artigo 340º
mercadoria e, de um modo geral, aos elementos que dela
devam constar, e o declarante apresentar contestação re- Valor normal
lativamente a esses resultados, instaura-se um processo
O valor normal baseia-se habitualmente nos preços pagos
de contestação decidido nos termos do artigo seguinte.
ou a pagar, no decurso de operações comerciais normais,
2. Sempre que a lei preveja um procedimento espe- por clientes independentes no país de exportação.
cial para determinar a espécie, o valor ou a origem da Artigo 341º
mercadoria, a contestação resolve-se de acordo com esse
procedimento. Preço de exportação
Considera-se que é objecto de dumping uma mercadoria A determinação dos direitos anti-dumping e dos
cujo preço de exportação para Cabo Verde seja inferior ao direitos de compensação a aplicar em concreto é feita
preço comparável de um produto similar, no decurso de por um comité especial criado para o efeito, em estrita
operações comerciais normais, no país de exportação. obediência não só aos Acordos específicos da OMC sobre
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
56 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Direitos Anti - Dumping, Subvenções e Medidas de Com- mos, sem prejuízo da aplicação do que a respeito estiver
pensação, mas também aos Acordos que os aplicam e às regulado no Código de Propriedade industrial e na Lei
disposições do Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e dos Direitos do Autor e Direitos Conexos, para efeitos dos
Comércio (GATT). processos judiciais que vierem a ser instaurados.
Secção XI 2. Incluem-se entre a documentação a entregar, a
tradução dos documentos apresentados, ao abrigo do
Intervenção aduaneira em caso de suspeita de violação
de propriedade intelectual número anterior, bem como os pedidos de intervenção
aduaneira e respectiva documentação apresentados a
Artigo 346º administrações aduaneiras terceiras cuja intervenção
tenha sido também requerida.
Definição
Artigo 351º
A intervenção aduaneira em relação a mercadorias
Declaração do titular do direito
suspeitas de violar a propriedade intelectual consiste
na respectiva apreensão e na consequente suspensão do 1. Entre a documentação que deve acompanhar o
seu processo de desalfandegamento até à regularização pedido de intervenção aduaneira se inclui também uma
da situação. declaração do titular do direito pela qual o mesmo aceita
a sua eventual responsabilidade relativamente às pes-
Artigo 347º
soas envolvidas na operação, se o procedimento iniciado
Mercadorias objecto de apreensão por força da lei não for prosseguido devido a um acto ou
a uma omissão dele declarante ou se se vier a verificar
A medida de apreensão incide, designadamente, sobre que as mercadorias em causa não violam um direito de
produtos ou mercadorias que manifestem indícios de con- propriedade intelectual.
ter, de qualquer forma, directa ou indirectamente, falsas
2. Na mesma declaração, o titular do direito ou o seu
indicações de proveniência ou denominações de origem,
representante acordam em custear todas as despesas
marcas ou nomes ilicitamente usados ou aplicados.
ocasionadas com a manutenção das mercadorias sob
Artigo 348º controlo aduaneiro.
Iniciativa 3. O pedido e respectiva documentação de suporte
são apresentados em tantas cópias quantas forem as
1. O procedimento de intervenção aduaneira desen- estâncias aduaneiras susceptíveis de terem intervenção
cadeia-se a pedido de quem nele tenha interesse ou por no processo de desembaraço aduaneiro da mercadoria
iniciativa das próprias autoridades aduaneiras, neste suspeita de violação de propriedade intelectual.
último caso, quando, no decurso de uma operação de
Artigo 352º
controlo aduaneiro, tiverem motivos suficientes para
suspeitar de que se trata de mercadoria que viola a pro- Prestação de garantia
priedade intelectual. O deferimento do pedido de intervenção aduaneira
está também sujeita a prestação de garantia idónea em
2. A intervenção decretada por iniciativa das autori-
valor acordado pelas partes interessadas ou, na falta de
dades aduaneiras é de carácter preventivo e está sujeita
acordo entre elas, de valor equivalente ao valor de venda
a confirmação por parte do titular do direito suspeito de
dos produtos originais correspondentes à mercadoria
violação.
apreendida ou, subsidiariamente, ao valor de venda
Artigo 349º desta última.
Modo de apresentação do pedido Artigo 353º
Responsabilidades do requerente
Os pedidos de intervenção aduaneira visando merca-
dorias suspeitas de violação de direitos de propriedade É da inteira responsabilidade do requerente a verifi-
intelectual são apresentados mediante requerimento do cação da veracidade e actualidade dos dados constantes
interessado em suporte de papel devidamente assinado, nos elementos de prova dos direitos de propriedade inte-
ou mediante transmissão electrónica, com assinatura lectual juntos aos pedidos de intervenção aduaneira nos
digital devidamente autenticada. termos do disposto nos artigos anteriores, sem prejuízo
de a Direcção-Geral das Alfândegas poder solicitar aos
Artigo 350º requerentes, ou aos serviços administrativos compe-
Instrução do pedido
tentes, as informações complementares que considere
necessárias.
1. O pedido deve ser instruído com toda a documentação Artigo 354º
necessária à análise da sua procedência e consequente
Competência
legalidade designadamente, os comprovativos de que o
requerente é titular do direito pretensamente violado, Compete ao Director-Geral das Alfândegas receber
originais ou cópias autenticadas de registos ou patentes e decidir os pedidos de intervenção aduaneira visando
emitidas pelas entidades nacionais ou internacionais mercadorias suspeitas de violação de direitos de proprie-
competentes ou publicações oficiais relativas aos mes- dade intelectual.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 57
Artigo 355º intervenção aduaneira são suportados, a final, pela parte
Apoio técnico
vencida no processo judicial ou, no caso de se tratar de um
procedimento simplificado previsto no artigo seguinte,
Para efeitos da prossecução das suas atribuições em pelo declarante, pelo possuidor ou pelo proprietário das
matéria intervenção aduaneira relativa a mercadoria mercadorias.
suspeita de violação de propriedade intelectual, a Direc-
ção -Geral das Alfândegas pode solicitar o apoio técnico 2. Até à concretização do pagamento dos custos de
que necessitar ao ministério que superintende o sector armazenagem das mercadorias retidas, nos termos
da propriedade intelectual e a qualquer outra entidade definidos no número anterior, o titular do direito deve
pública ou privada habilitada a fornecer esse apoio técni- suportar provisoriamente essas despesas.
co, designadamente, associações de profissionais ligadas 3. No processo judicial em referência, o titular do
à defesa da propriedade intelectual. direito deve pedir a condenação do demandado cível
Artigo 356º ou réu no pagamento dos custos de armazenagem das
mercadorias retidas.
Notificação da apreensão aos interessados
Artigo 361º
1. A concretização da intervenção aduaneira é no-
tificada imediatamente ao dono ou consignatário das Destruição antecipada de mercadorias
mercadorias apreendidas suspeitas de violação de direito
1. No caso de apreensão de mercadorias suspeitas de
intelectual e ao titular do direito intelectual pretensa-
violar direito de propriedade intelectual e de suspensão
mente objecto de violação.
do seu processo de desalfandegamento, a autoridade
2. Na notificação ao titular do direito suspeito de vio- aduaneira responsável pela aplicação da medida pode
lação, as autoridades aduaneiras convidam-no a forma- considerá-las abandonadas, para destruição ou para
lizar o pedido de intervenção aduaneira, fixando-lhe um qualquer outra finalidade admitida por lei, sem que seja
prazo de dez dias a contar da realização da notificação necessário determinar se houve efectivamente violação
para fazer a prova da instauração do processo judicial do direito, desde que seja obtido o acordo, por escrito,
destinado a confirmar a apreensão ordenada. entre o titular do direito e o dono ou consignatário dessas
mercadorias.
3. O prazo previsto no número anterior pode ser
prorrogado, por igual período, em casos devidamente 2. Para os efeitos previstos no número anterior, o ti-
justificados. tular do direito deve informar a referida autoridade, por
escrito, se as mercadorias infringem os seus direitos de
Artigo 357º
propriedade intelectual e apresentar-lhe consentimento
Recurso escrito do dono ou consignatário das referidas mercado-
rias quanto ao abandono das mesmas, no prazo de dez
Os actos de deferimento ou de indeferimento dos pedi- dias úteis, ou de três dias úteis, no caso de se tratar de
dos de intervenção aduaneira são passíveis de impugna- mercadorias perecíveis.
ção graciosa e contenciosa nos termos da lei.
3. O consentimento a que se refere o número anterior
Artigo 358º
pode ser comunicado directamente pelo dono ou consig-
Caducidade da apreensão natário das mercadorias.
A não apresentação, no prazo devido, da prova da 4. Na falta de oposição expressa por parte do dono ou
instauração do processo judicial de confirmação da consignatário dentro do prazo estabelecido no n.º 2, pre-
apreensão ordenada pelo Director-Geral das Alfânde- sume-se o seu acordo para os efeitos previstos no n.º 1.
gas, determina a caducidade da intervenção aduaneira
decretada, sendo autorizada a saída da mercadoria ou 5. Por motivos atendíveis, o prazo referido no n.º 2 pode
ordenado o prosseguimento do desalfandegamento da ser prorrogado por mais dez dias úteis, excepto no caso
mercadoria, após o cumprimento das formalidades adu- de mercadorias perecíveis.
aneiras exigíveis. Artigo 362º
Artigo 359º Recolha de amostras
Guarda das mercadorias
1. São recolhidas as amostras das mercadorias que
As mercadorias objecto de intervenção aduaneira por sejam necessárias para instruir um eventual processo
suspeita de violação de direito de propriedade intelectual judicial, as quais devem ser conservadas por um período
ficam à guarda das alfândegas, salvo se, de outro modo de seis meses, excepto se o titular do direito tiver ex-
for decidido, nos termos da lei. pressamente renunciado à apresentação desse processo
judicial e comunicar esse facto, no prazo referido no artigo
Artigo 360º antecedente à autoridade aduaneira que tenha procedido
Custos de armazenagem e destruição das mercadorias à intervenção aduaneira.
1. Salvo acordo entre os interessados, os custos de 2.A destruição das mercadorias ou a sua afectação
armazenagem e destruição das mercadorias objecto de a qualquer outro fim admitido por lei é efectuada sob
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
58 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Levantamento sob caução de mercadoria suspeita de violar São os seguintes os destinos passíveis de aplicação às
direito intelectual mercadorias:
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 59
siva competência das autoridades aduaneiras, a quem 3. Quando determinada oficiosamente, o detentor, dono
cabe também fiscalizar e controlar a sua aplicação e ou consignatário da mercadoria é informado da medida
funcionamento, segundo os procedimentos que lhes são pelas autoridades aduaneiras.
próprios.
4. A inutilização por iniciativa do detentor, dono ou
2. Os regimes aduaneiros especiais caracterizam-se consignatário da mercadoria é previamente notificada
pela sua duração limitada, pelos incentivos fiscais a às autoridades aduaneiras e faz-se sob sua fiscalização
eles associados, bem como pela reforçada fiscalização e controlo destas.
aduaneira a que as mercadorias a eles sujeitas ficam
submetidas. 5. A inutilização faz-se sem custos para o erário pú-
blico, sendo os mesmos suportados exclusivamente pelo
Artigo 374º detentor, dono ou consignatário da mercadoria, indepen-
Regimes equiparados dentemente de quem tenha partido a iniciativa para a
sua realização.
Para efeitos de aplicação da legislação aduaneira na
Artigo 378º
parte em que a ela se sujeitam são equiparadas, em tudo o
que não estiver especificamente, aos regimes aduaneiros Abandono
especiais as empresas francas e os entrepostos fiscais.
1. O abandono é o destino aduaneiro atribuído a mer-
Artigo 375º cadorias em situação de incumprimento das disposições
Reexportação legais relativas ao desembaraço aduaneiro, podendo ser
voluntário ou presumido.
A reexportação é o destino aduaneiro que permite a
saída do território aduaneiro de mercadorias não nacio- 2. As mercadorias abandonadas são consideradas em
nais que nele permaneceram em depósito temporário, em regime de entreposto aduaneiro, não estando, entretanto,
regime de trânsito internacional ou sujeito a um regime obrigadas a permanecer em entreposto aduaneiro.
aduaneiro económico, abrangendo, quando exigida, a
CAPÍTULO II
aplicação das formalidades previstas para a saída de
mercadorias, incluindo medidas de política comercial. Regimes aduaneiros especiais
Artigo 376º Artigo 379º
Zonas francas e entrepostos francos
Tipos
As zonas francas e os entrepostos francos são espaços Os regimes aduaneiros especiais classificam-se em
ou instalações delimitadas do território nacional onde: económicos e suspensivos.
a) As mercadorias estrangeiras são consideradas, Artigo 380º
para efeitos de direitos de importação e de
medidas de política comercial de importação, Regimes económicos e suspensivos
como não integrando o território aduaneiro
1. São considerados regimes aduaneiros económicos:
nacional, desde que não sejam introduzidas
em livre prática ou sujeitas a outro destino a) O entreposto aduaneiro;
ou regime aduaneiro, usadas ou consumidas
em condições diferentes das previstas na b) O aperfeiçoamento activo;
regulamentação aduaneira;
c) A transformação sob controlo aduaneiro;
b) E as mercadorias nacionais sujeitas a medidas
específicas previstas em lei podem beneficiar, d) A importação temporária;
pelo facto de aí se encontrarem, de medidas e) O aperfeiçoamento passivo;
habitualmente associadas à exportação de
mercadorias. f) A exportação temporária.
Artigo 377º
2. São considerados regimes aduaneiros suspensivos,
Inutilização tratando-se de mercadorias estrangeiras:
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
60 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 389º
2. Consideram-se estabelecidas em Cabo Verde as
pessoas singulares que aqui tenham a sua residência Autorização integrada
habitual e, tratando-se de pessoas colectivas ou de as-
sociações referidas neste Código, as que aqui tenham a A autorização concedida pelas autoridades aduaneiras
sua sede estatutária, a sua administração central ou um pode abarcar vários regimes aduaneiros especiais em
estabelecimento permanente. simultâneo, designando-se, em tais casos, autorização
integrada.
Artigo 384º
Artigo 390º
Garantia do titular do regime
Modalidades de garantia
1. A concessão de autorização para o uso de um regi-
me aduaneiro especial está também sujeita à prestação 1. A garantia destinada a acautelar o pagamento de
de uma garantia pelo titular do regime, destinada a direitos e outras imposições passíveis de se constituir
acautelar o pagamento de qualquer dívida aduaneira já relativamente a mercadorias sujeitas a um regime
constituída ou que possa vir a constituir-se em relação aduaneiro especial assume, nos termos do regime geral
às mercadorias objecto do regime em causa, cuja sufi- de garantias destinas a acautelar o cumprimento de
ciência e idoneidade são avaliadas pelas autoridades obrigações perante as autoridades aduaneiras, forma de
aduaneiras. depósito em numerário, de seguro - caução ou de garantia
bancária.
2. Tratando-se de regimes aduaneiros suspensivos, as
autoridades aduaneiras podem condicionar a prestação 2. Nos casos expressamente previstos na lei, a garan-
da garantia a exigências especiais, adequadas às circuns- tia em referência pode ser substituída por um termo de
tâncias concretas do caso. responsabilidade, de modelo regulamentar.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 61
Artigo 391º mercadorias a ele sujeitas aplicam-se, com as necessárias
adaptações, aos entrepostos não aduaneiros destinados
Garantia da responsabilidade do depositário
à transformação, detenção, expedição de mercadorias
Sem prejuízo das excepções previstas na lei aduaneira, sujeitas ao imposto especial do consumo em regime
a exploração de entreposto aduaneiro está também sujei- suspensivo, também designadas pela legislação especí-
ta à prestação por parte do depositário de uma garantia fica como fábricas ou entrepostos fiscais, bem como às
nos termos previstos neste Código, para acautelar a sua empresas francas.
responsabilidade de garante e responsável principal pelo
pagamento dos direitos e demais imposições incidentes so- CAPÍTULO III
bre as mercadorias em depósito e das multas e coimas com
Regime de entreposto aduaneiro
elas relacionadas, ainda que não seja proprietário delas.
Secção I
Artigo 392º
Disposições gerais
Transferência de direitos e obrigações
Artigo 395º
Os direitos e obrigações do titular de um regime adua-
neiro especial podem ser transferidos para terceiros que Características
reúnam as condições estabelecidas na lei para beneficiar
do regime em causa. O regime de entreposto aduaneiro permite o depósito
de mercadorias num local designado, sob fiscalização adu-
Artigo 393º aneira, com suspensão de direitos e de outras imposições
Apuramento do regime económico e suspensivo
aduaneiras e sem qualquer aplicação de medidas de polí-
tica comercial, para efeitos de posterior atribuição de um
1. Os regimes aduaneiros económicos e suspensivos novo regime ou destino aduaneiros, em estado inalterado
estão sujeitos a apuramento dentro do prazo fixado na ou após transformação sob controlo aduaneiro.
autorização de acesso ao regime.
Artigo 396º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
62 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Secção II pode ser proibida por portaria do membro do governo
Entrepostos aduaneiros
responsável pela área das finanças a armazenagem em
entrepostos aduaneiros de mercadorias nela elencadas.
Subsecção I
Artigo 404º
Disposições gerais
Tipos
Artigo 400º
Característica
1. Em função da sua natureza, os entrepostos adua-
neiros classificam-se em:
O entreposto aduaneiro é o local aprovado pelas auto-
ridades aduaneiras e sujeito a fiscalização delas, no qual a) Entrepostos para armazenagem de mercadorias;
são armazenadas mercadorias em regime de entreposto
b) Entrepostos para fins industriais.
aduaneiro, nos termos e para os fins previstos neste
Código e demais legislação aplicável.
2. Os entrepostos aduaneiros de armazenagem clas-
Artigo 401º sificam-se em:
Excepções a) Entrepostos públicos;
1. Sempre que se verifique uma necessidade económica b) Entrepostos privados.
e a fiscalização aduaneira não seja posta em causa por
esse facto, as autoridades aduaneiras podem, entretanto, 3. O entreposto público de armazenagem pode ser
autorizar que: utilizado por qualquer pessoa para o depósito de mer-
cadorias.
a) Mercadorias nacionais diferentes das previstas
no artigo antecedente sejam armazenadas em 4. O entreposto privado de armazenagem destina-se ao
armazéns de entrepostos aduaneiros; uso exclusivo de um depositante para as necessidades da
b) Mercadorias estrangeiras sejam submetidas sua indústria ou do seu comércio e, em casos especiais
nas instalações de um entreposto aduaneiro e com autorização do membro do Governo responsável
a operações de aperfeiçoamento activo, nas pela área das finanças, sob proposta da Direcção-Geral
condições previstas para este regime; das Alfândegas, pode ser utilizado para mercadorias
pertencentes a outros importadores.
c) Mercadorias estrangeiras sejam submetidas, nas
instalações de um entreposto aduaneiro, a 5. Os proprietários de entrepostos privados de armaze-
transformações efectuadas ao abrigo do regime nagem que recebem e armazenam mercadorias perten-
de transformação sob controlo aduaneiro, nas centes a outros importadores respondem integralmente
condições previstas para este regime. pelas obrigações destes junto das alfândegas até ao valor
dos direitos de importação e mais imposições de que este-
2. As mercadorias abrangidas pela medida de excepção jam cativas as mercadorias depositadas nos seus entre-
prevista no número antecedente devem estar física e postos, além das coimas ou multas que forem aplicadas
contabilisticamente separadas das restantes. por quaisquer infracções, nos termos deste Código.
Artigo 402º Artigo 405º
Por razões relacionadas com as características das b) Cumprir as obrigações resultantes da armazenagem
instalações, a natureza ou o estatuto das mercadorias, das mercadorias sujeitas ao regime de entreposto
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 63
4. O depositário deve entregar à estância aduaneira de c) Tambores de ferro e aço, como os tributados
controlo, nos prazos fixados por esta, um relatório sobre pelo respectivo artigo pautal, que podem ser
a exactidão das suas existências. inutilizados de forma a servirem apenas de
ferro velho. No caso de tambores importados
5. A contabilidade de existências processada por via temporariamente, estes devem ser tornados
electrónica obedece ao disposto nos artigos 16º e 17º inutilizáveis durante o período da respectiva
deste Código. importação temporária.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
64 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Subsecção III Artigo 416°
Artigo 412º
As mercadorias podem permanecer em entrepostos
Objectivo aduaneiros públicos durante um período máximo de um
ano, que pode ser prorrogado, em casos devidamente
Os entrepostos aduaneiros públicos destinam-se a fundamentados, por dois períodos adicionais sucessivos
satisfazer as necessidades gerais de armazenagem de de seis meses cada um, mediante despacho da autoridade
mercadorias provenientes do estrangeiro, destinadas a aduaneira competente.
importação.
Subsecção IV
Artigo 413°
Entrepostos aduaneiros privados
Beneficiários
Artigo 417°
A autorização para a constituição de entrepostos públi-
cos é da competência do Director-Geral das Alfândegas Característica
e é concedida, por ordem de prioridade, às seguintes
entidades: O entreposto aduaneiro privado de armazenagem des-
tina-se ao uso exclusivo de um depositário tendo em vista
a) Administrações portuárias e aeroportuárias; as necessidades da sua actividade, salvo as excepções
previstas neste código.
b) Companhias de transporte aéreo e marítimo;
Artigo 418°
c) Câmaras de comércio e indústria;
Competência para autorização e garantia
d) Associações empresariais;
A concessão de autorização para a criação de um
e) Outras entidades públicas ou privadas com entreposto aduaneiro privado incumbe ao Director da
objecto social semelhante. alfândega com jurisdição sobre a área de sua localização
e está sujeita à constituição de uma garantia destinada
Artigo 414°
a acautelar o cumprimento das obrigações do depositário
Dispensa de garantia previstas neste Código.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 65
Artigo 422º e acondicionamento do produto, em conformidade com a
Autorização
declaração apresentada aquando da chegada das merca-
dorias ao entreposto aduaneiro industrial.
A concessão de autorização para a criação de um entre-
posto aduaneiro industrial é da competência do Director- 2. Quando os produtos acabados, transformados ou
Geral das Alfândegas, que ouve previamente os serviços acondicionados no entreposto aduaneiro industrial forem
aduaneiros competentes e está sujeita ao preenchimento transferidos para um entreposto aduaneiro de armazena-
cumulativo dos requisitos estabelecidos na lei, bem como gem, devem ser depositados em compartimentos separa-
à vistoria prévia das instalações a ele destinadas. dos e devem ser objecto de contabilidade separada.
Artigo 428º
Artigo 423º
Desperdícios e resíduos do processo de fabrico
Instalações
As instalações dos entrepostos industriais obedecem 1. Nos entrepostos aduaneiros industriais, os resíduos
a requisitos especiais fixados em portaria do titular da do processo de fabrico que não têm utilidade económica
pasta das finanças, mediante proposta da Direcção Geral são inutilizados sob fiscalização aduaneira, a expensas
das Alfândegas. do operador do entreposto.
Os produtos acabados, acondicionados ou transfor- 1.O regime de aperfeiçoamento activo permite que
mados num entreposto aduaneiro industrial, podem ser mercadorias de origem não cabo-verdiana entradas no
exportados, introduzidos no consumo interno, deposi- território aduaneiro cabo-verdiano sejam, após uma ou
tados num entreposto aduaneiro de armazenagem ou mais operações de aperfeiçoamento, reexportadas sob a
abandonados a favor da Fazenda Nacional. forma de produtos compensadores, sem que sejam sujei-
tas a direitos e a outras imposições sobre elas incidentes
Artigo 427º
ou a medidas de política comercial.
Procedimentos em função do destino
2. O regime de aperfeiçoamento activo permite ainda,
1. No caso de introdução do produto acabado no con- nas mesmas circunstâncias, que mercadorias introduzi-
sumo interno, procede-se ao apuramento do regime, das em livre prática no território aduaneiro cabo-verdia-
mediante a liquidação dos direitos e demais imposições no, com reembolso ou dispensa de pagamento de direitos
e encargos aduaneiros devidos relativos às mercadorias e de outras imposições devidas, sejam exportadas sob a
importadas utilizadas na incorporação, transformação forma de produtos compensadores.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
66 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
3. Nas circunstâncias previstas no nº 1, o regime desig- 2. O pedido em referência deve ser instruído com todos
na-se por aperfeiçoamento activo sob sistema suspensivo os dados e elementos necessários à comprovação da ve-
e, nas circunstâncias previstas no nº 2, de aperfeiçoamen- rificação dos pressupostos de que depende a autorização
to activo sob sistema de draubaque. de uso do regime, podendo as autoridades aduaneiras,
Artigo 431º
sempre que os considerarem insuficientes, solicitar dados
e elementos adicionais.
Conteúdo
Artigo 435º
As operações de aperfeiçoamento referidas no artigo
anterior podem traduzir-se em: Apuramento
Designa-se por taxa de rendimento a quantidade ou 1. O titular da autorização de draubaque pode pedir
a percentagem de produtos compensadores obtidos no o reembolso dos direitos e outros encargos pagos na
aperfeiçoamento de uma quantidade determinada de importação mediante produção de prova suficiente às
mercadorias importadas. autoridades aduaneiras de que:
Artigo 433º
a) Os produtos importados, relativamente aos quais
Autorização do regime o draubaque foi pedido, foram incorporados
no produto exportado;
1. Sem prejuízo das demais condições gerais estabe-
lecidas na legislação aduaneira, a autorização para o b) Os produtos compensadores foram exportados
uso do regime de aperfeiçoamento activo só é concedida, ou introduzidos numa zona franca.
observados os seguintes pressupostos:
2. O prazo para requerer o draubaque é de um ano após
a) Quando as mercadorias de importação possam a importação dos produtos que foram incorporados no
ser identificadas nos produtos compensadores produto compensador, susceptível de prorrogação por dois
ou quando possa ser verificado o cumprimento períodos idênticos de noventa dias cada, por despacho do
das condições estabelecidas em relação a Director da Circunscrição Aduaneira.
mercadorias equivalentes;
Artigo 437º
b) Quando o regime de aperfeiçoamento activo
possa contribuir para criar condições mais Pedido de reembolso ou dispensa
favoráveis à exportação ou à reexportação
de produtos compensadores, desde que os O pedido de reembolso ou de dispensa de pagamento
interesses essenciais de produtores de Cabo dos direitos de importação é efectuado dentro do prazo do
Verde não sejam afectados negativamente. apuramento do regime e deve conter as seguintes indi-
cações, sem prejuízo de outros elementos que a estância
2. A verificação do pressuposto previsto na alínea b) aduaneira de apuramento, em face das circunstâncias
do número anterior é avaliada, com base em parâmetros do caso, julgar necessárias:
definidos pelo Governo.
a) As referências da autorização de uso do regime;
Artigo 434º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 67
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
68 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
3. Os produtos compensadores objecto de autorização importadas e dos produtos compensadores deve constar
para comercialização no mercado interno, nos termos e da própria autorização de uso do regime, nos termos
limites referidos neste artigo, ficam sujeitos ao direitos previstos neste Código.
de importação e outras imposições exigíveis, bem como às
medidas de política comercial, nos termos da legislação 2. As mercadorias sujeitas a aperfeiçoamento activo
em vigor. só podem ser transferidas do local aprovado pelas auto-
ridades aduaneiras para:
Artigo 442º
a) Exportação ou reexportação;
Constituição de dívida aduaneira
b) Venda no mercado interno;
1. Quando se constitua uma dívida aduaneira no âmbi-
to de uma operação de aperfeiçoamento activo sob sistema c) Complemento de fabrico;
suspensivo, a mesma é liquidada com base nos elementos
de tributação próprios das mercadorias de importação no d) Inutilização sob controlo aduaneiro.
momento de aceitação da declaração de sujeição dessas Artigo 445º
mercadorias ao regime de aperfeiçoamento activo.
Responsabilidades do titular da autorização
2. Se, no momento referido no número anterior as
mercadorias de importação preenchiam as condições 1. Os titulares de autorizações no regime de aperfeiço-
necessárias para beneficiar de um tratamento pautal amento activo têm as seguintes responsabilidades:
preferencial no âmbito de contingentes ou tectos pautais,
a) Sujeitar-se à fiscalização aduaneira;
tais mercadorias podem beneficiar do tratamento pautal
preferencial eventualmente previsto para mercadorias b) Submeter à aprovação autoridades aduaneiras
idênticas no momento da aceitação da declaração de o local em que a actividade é exercida e os
introdução em livre prática. espaços de armazenagem das mercadorias de
Artigo 443º importação e dos produtos compensadores;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 69
Artigo 446° Artigo 450º
1.A falta de mercadorias constatada no local de arma- 1. As autoridades aduaneiras fixam o prazo em que os
zenagem ou de aperfeiçoamento de mercadorias sujeitas produtos transformados devem ser introduzidos em livre
a regime de aperfeiçoamento activo constitui infracção prática, tendo em conta o tempo necessário previsível
fiscal aduaneira nos termos do presente Código. para a realização das operações de transformação.
2. O titular da autorização é responsável pelos direitos 2. Os prazos contam-se a partir da data em que as
e outros encargos decorrentes do furto de mercadorias. mercadorias estrangeiras são sujeitas ao regime de
transformação sob controlo aduaneiro, podendo ser pror-
CAPÍTULO IV
rogados a pedido, devidamente justificado, do titular da
Transformação sob controlo aduaneiro autorização.
Artigo 447º 3.Para determinadas operações de transformação ou
Caracterização para determinadas mercadorias de importação, podem
ser estabelecidos prazos específicos.
1. O regime de transformação sob controlo aduaneiro
Artigo 451º
permite utilizar no território aduaneiro cabo-verdiano
mercadorias não cabo-verdiana para aí serem submetidas Taxa de rendimentos
a operações que lhes modifiquem a natureza ou o estado,
sem que tais mercadorias sejam sujeitas a direitos de 1. As autoridades aduaneiras fixam a taxa de rendi-
importação nem a medidas de política comercial, e in- mento da operação ou, se for caso disso, o modo de de-
troduzir em livre prática os produtos resultantes destas terminação dessa taxa, fixada em função das condições
operações com a aplicação dos direitos de importação que reais em que se efectua ou se deva efectuar a operação
lhes são próprios. de transformação.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
70 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
ficar igualmente sujeita à condição de o referido trata- 4. As pessoas e os veículos que entram ou saem das
mento pautal preferencial ser aplicável às mercadorias zonas francas ou entrepostos francos podem ser sujeitos
de importação no momento da aceitação da declaração a controlos aduaneiros.
da introdução em livre prática.
5. Pode ser proibido o acesso a zonas francas ou a
4. Na hipótese referida no número anterior, a quantidade entrepostos francos às pessoas que não ofereçam as ga-
de mercadorias de importação que entrou efectivamente rantias de respeitar as disposições deste Código a eles
no fabrico dos produtos transformados introduzidos em respeitantes.
livre prática é imputada aos contingentes ou tectos pau-
6. As autoridades aduaneiras podem controlar as mer-
tais em vigor no momento da aceitação da declaração de
cadorias que entram ou saem das zonas francas. Para
introdução em livre prática e não se procede à sua impu-
facilitar esse controlo, as pessoas que as autoridades
tação aos contingentes ou tectos pautais abertos para os
aduaneiras indicarem para o efeito devem entregar ou
produtos idênticos aos produtos transformados.
manter à disposição dessas autoridades uma cópia do
CAPÍTULO V documento de transporte que acompanha as mercadorias
que entram ou saem das zonas francas ou dos entrepostos
Zonas francas e entrepostos francos francos. Caso sejam aplicados os referidos controlos, as
Secção I
mercadorias devem ser colocadas à disposição das auto-
ridades aduaneiras.
Disposições gerais
Artigo 456º
Artigo 453º
Colocação de mercadorias
Caracterização
1. Nas zonas francas, podem ser colocadas tanto merca-
As zonas francas e os entrepostos francos são parcelas dorias cabo-verdianas quanto mercadorias estrangeiras.
do território aduaneiro nacional ou instalações nele situ-
2. As mercadorias colocadas em zona franca não estão
adas, separados da parte restante dele, onde:
sujeitas à apresentação às autoridades, nem à declaração
a) As mercadorias não cabo-verdianas são aduaneira.
consideradas, para efeitos de direitos de Artigo 457º
importação e de medidas de política comercial
Excepções
de importação, como não integrando o
território aduaneiro nacional, desde que não 1. Estão, entretanto, sujeitas à apresentação às au-
sejam sido introduzidas em livre prática ou toridades aduaneiras e ao cumprimento das demais
sujeitas a outro regime ou destino aduaneiro, formalidades necessárias as mercadorias que:
usadas ou consumidas em condições diferentes
das previstas na regulamentação aduaneira; a) Tenham sido sujeitas a um procedimento
aduaneiro que foi apurado no momento da
b) E as mercadorias cabo-verdianas previstas na lei sua colocação em zona franca;
podem beneficiar, pelo facto de se encontrarem
numa zona franca ou num entreposto franco, b) Tenham sido colocadas em zona franca nos
de medidas habitualmente associadas à termos de uma decisão de concessão de
exportação de mercadorias. reembolso ou dispensa de pagamento dos
direitos de importação;
Artigo 454º
c) Beneficiem do disposto na alínea b) do número 1
Criação do artigo 436º deste Código;
1. A criação de zonas francas e o estabelecimento de d) Sejam introduzidas numa zona franca directa-
entrepostos francos são autorizadas pelo Governo, me- mente do exterior do território aduaneiro
diante proposta das autoridades aduaneiras devidamente caboverdiano.
fundamentada e instruída.
2. As autoridades aduaneiras podem também exigir que
2. A proposta de criação de zona franca define a sua na- as mercadorias sujeitas a disposições especiais em matéria
tureza, bem como a área territorial por ela abrangida. de exportação lhes sejam também apresentadas.
Artigo 455º 3. A pedido do interessado, as autoridades aduaneiras
Controlo certificam o estatuto aduaneiro cabo-verdiano ou não
cabo-verdiano das mercadorias introduzidas numa zona
1. As zonas francas devem ser vedadas. franca ou num entreposto franco.
3. O perímetro e os pontos de entrada e de saída das 1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o prazo
zonas francas estão sujeitos a fiscalização pelas autori- de permanência de mercadorias em zona franca ou em
dades aduaneiras. entreposto franco é ilimitado.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 71
c) Ser sujeitas ao regime de aperfeiçoamento activo, 3.Caso as mercadorias na zona franca sejam sujeitas
nas condições previstas para esse regime. a manipulações usuais, a natureza das mercadorias, o
valor aduaneiro e a quantidade a ter em conta para a
Artigo 461º determinação do montante de direitos de importação deve
ser, a pedido do declarante e desde que as manipulações
Contabilidade de existências
tenham sido devidamente autorizadas, os que seriam ti-
1. As pessoas que exerçam numa empresa franca ou dos em conta em relação a mercadorias que não tivessem
num entreposto franco actividade de armazenagem, sido sujeitas a essas manipulações.
transformação, aperfeiçoamento, venda ou compra de
mercadorias estão obrigadas a manter uma contabilidade 4. Caso as mercadorias sejam introduzidas ou rein-
de existências, organizada em moldes aceites pelas au- troduzidas noutra parte de Cabo Verde ou sujeitas a um
toridades aduaneiras e suficientemente pormenorizada regime aduaneiro, podem ser utilizadas como prova do
por forma a permitir-lhes identificar as mercadorias estatuto das mercadorias o certificado referido no número
abrangidas pelas referidas actividades. 3 do artigo 457º deste Código.
2. As mercadorias abrangidas devem ser registadas na 5. Caso o estatuto não possa ser provado, as mercado-
contabilidade de existências logo que cheguem às insta- rias devem ser consideradas mercadorias cabo-verdia-
lações da pessoa em questão, devendo aquela reflectir nas para efeitos da aplicação de quaisquer licenças ou
todos os movimentos de que as mesmas sejam objecto a medidas adequadas no âmbito da política comercial e
partir de então. mercadorias não cabo-verdianas, para todas as demais
situações.
3. Tratando-se de mercadorias objecto de transbordo
dentro de uma zona franca, os registos contabilísticos 6. As autoridades aduaneiras asseguram o cumpri-
relativos a essa operação devem ser colocados à disposição mento das disposições relativas à exportação, aperfeiço-
das autoridades aduaneiras. amento passivo, reexportação, regimes suspensivo ou de
trânsito interno, quando as mercadorias tenham de sair
4. À contabilidade de existências referida neste artigo do território aduaneiro cabo-verdiano, a partir de uma
aplica-se o disposto nos artigos 16º e 17º deste Código. zona franca ou de um entreposto franco.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
72 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Secção II Artigo 469º
Sem prejuízo do documento relativo ao transporte, Os limites e os pontos de acesso e de saída da zona
sempre que as mercadorias destinadas ou procedentes franca comercial estão sujeitos à fiscalização aduaneira,
da zona franca comercial tenham de atravessar o terri- ficando as pessoas e os meios de transporte que entrem
tório aduaneiro, devem circular a coberto de uma guia ou saíam da zona franca comercial sujeitos a controlo
de trânsito nacional registada na respectiva estância aduaneiro.
aduaneira. Artigo 474º
Artigo 468º Contabilidade de existências
Gestão
1. A entidade gestora das zonas francas comerciais e
A gestão e a administração de zonas francas comerciais, os operadores nelas instalados estão obrigados a possuir,
bem como a instalação para o exercício de actividade antes do início das suas actividades, um sistema de con-
económica nelas permitida obedecem ao disposto em tabilidade de existências aprovado pelas autoridades
legislação específica. aduaneiras.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 73
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
74 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 75
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
76 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 77
que não possam ser justificadas, bem como a entregar Artigo 509º
as mercadorias na estância aduaneira de destino nas
Lugar da prática do facto
mesmas condições em que foram sujeitas ao regime de
trânsito, no prazo previsto e no devido respeito pelas O facto considera-se praticado no lugar em que, total
medidas adoptadas pelas autoridades aduaneiras para ou parcialmente, e sob qualquer forma de comparticipa-
assegurar a sua identificação. ção, o agente actuou, ou, no caso de omissão, deveria ter
actuado, bem como naquele em que se tenha produzido
2. Caso ocorra alguma interrupção imprevista durante
o resultado típico.
a viagem, o transportador deve tomar todas as precauções
para proteger as mercadorias pelas quais é responsável Artigo 510º
e tomar nota do tempo de atraso.
Momento da prática do facto
3. Em caso de acidente ou avaria do meio de transporte,
que dê origem à necessidade de transferir as mercadorias O facto considera-se praticado no momento em que
para outro meio de transporte, o transportador deve infor- o agente actuou, ou, no caso de omissão, deveria ter
mar imediatamente a estância aduaneira mais próxima, actuado, independentemente daquele em que se tenha
a qual deve tomar as medidas necessárias. verificado o resultado típico.
Artigo 511º
4. Na estância de destino o transportador deve justifi-
car quaisquer atrasos ou ocorrências durante a viagem, Condenação e responsabilidade por direitos
incluindo paragens forçadas ou não intencionais, produ-
zindo prova que sustente as circunstâncias de qualquer 1. A condenação ou o cumprimento das sanções por
desvio às práticas aceites. infracção fiscal aduaneira não dispensam o agente do
pagamento dos direitos e demais imposições que forem
5. A responsabilidade do transportador perante as legalmente devidos pelas mercadorias objecto da infrac-
alfândegas cessa com a entrega bem sucedida das mer- ção, salvo se, pertencendo-lhe aquelas, as abandonarem
cadorias ao depositário. ou forem declaradas perdidas a favor da Fazenda Na-
cional.
TÍTULO VI
2. O mesmo regime previsto no número anterior é
CONTENCIOSO FISCAL ADUANEIRO
aplicado, com as necessárias adaptações, em caso de
CAPÍTULO I absolvição ou de arquivamento dos autos.
Princípios gerais e disposições gerais 3. Não sendo declaradas perdidas a favor da Fazen-
da Nacional, as mercadorias são colocadas à ordem da
Secção I Alfândega, para que se proceda à regularização da sua
Princípios gerais situação aduaneira.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
78 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 514º Artigo 518º
Em tudo quanto não se achar especialmente regulado 1. As pessoas, singulares, colectivas ou equiparadas,
neste Código, no respeitante às infracções fiscais adu- a quem se achem subordinados os que, no desempenho
aneiras, aplicar-se-ão as disposições do direito penal das funções que lhes estejam confiadas, praticaram facto
comum, tratando-se de crimes, do regime jurídico geral punível segundo o disposto no presente Código, relativa-
das contra-ordenações, tratando-se de infracções desta mente às infracções por estes cometidas, são subsidia-
natureza, e as do direito civil, tratando-se de responsa- riamente responsáveis pelo pagamento da importância
bilidade fiscal aduaneira de natureza civil. correspondente à sanção pecuniária que couber pela
prática da infracção.
Secção II
1.Quando um tipo legal de infracção fiscal aduaneira 3. Não se aplica o disposto nos números anteriores caso
compreenda um certo resultado, o facto abrange não fique provado que o responsável tomou as providências e
só a acção adequada a produzi-lo, como a omissão da cautelas necessárias para fazer observar as prescrições
acção adequada a evitá-lo, salvo se outra for a intenção legais ou regulamentares.
da lei. Artigo 519º
2. Só é punível a prática de um facto por omissão Responsabilidade dos pais ou representantes legais
quando sobre o omitente recaia um dever jurídico que dos menores ou incapazes
pessoalmente o obrigue a evitar o resultado típico.
Se a infracção for cometida por menores ou incapazes,
Artigo 516º os pais ou seus representantes legais são responsáveis
pelo pagamento dos direitos e demais imposições devi-
Responsabilidade das pessoas colectivas e equiparadas
dos e pela sanção pecuniária que couber pela prática da
1. Sem prejuízo da responsabilidade individual, as pes- infracção.
soas colectivas e entidades equiparadas são responsáveis Artigo 520º
pelas infracções fiscais aduaneiras cometidas pelos seus
órgãos ou representantes, em seu nome e no interesse da Actuação em nome de outrem
respectiva colectividade, salvo se o agente tiver actuado
É punível quem actua enquanto titular de órgão de uma
contra as ordens ou instruções do representado.
pessoa colectiva ou mera associação de facto, ou como
2. Tratando-se de entidades sem personalidade jurídi- representante de outrem, ainda que não concorram nele,
ca, respondem pelo cumprimento da sanção pecuniária mas sim, na pessoa em nome da qual actua, as condições,
o património comum, e, na sua falta ou insuficiência, o as qualidades ou as relações requeridas pelo tipo para se
património de cada um dos associados. afirmar a autoria da infracção.
1. Se a infracção for cometida por diversas pessoas, Nas infracções cometidas por despachantes oficiais ou
singulares ou colectivas, todas respondem solidaria- seus ajudantes, no despacho de mercadorias, são sempre
mente pelo pagamento dos direitos e demais imposições solidariamente responsáveis os donos ou consignatários
devidos. das mercadorias que tiverem sido objecto da infracção
fiscal.
2. É aplicado o mesmo regime de responsabilidade
Artigo 522º
solidária no casos de relações de trabalho subordinado,
quer o facto tenha sido praticado por agente subordinado Imputação subjectiva
de pessoa singular ou de pessoa colectiva ou entidade
equiparada, e no caso de a infracção ter sido cometida Só é punível o facto praticado com dolo, ou, nos casos
por representante de pessoa colectiva ou entidade equi- expressamente previstos na lei, com negligência.
parada, desde que tenha actuado no exercício daquela
Artigo 523º
representação.
Erro sobre as circunstâncias de facto
3. Se a pessoa colectiva ou entidade equiparada já não
tiver existência jurídica no momento de instauração do O erro sobre elementos descritivos ou normativos do
respectivo processo, respondem solidariamente os indi- tipo, ou sobre os pressupostos de facto de uma causa de
víduos que dela faziam parte. justificação do facto, exclui o dolo.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 79
Artigo 524º Artigo 530º
1. Age sem culpa quem actua sem consciência da ilici- 1. Se a ilicitude ou o grau de ilicitude do facto depende-
tude do facto, se o erro lhe não for censurável. rem de certas qualidades ou relações especiais do agente,
2. Se o erro lhe for censurável, a sanção pode ser li- basta, para tornar aplicável a todos os comparticipantes
vremente atenuada, nos termos previstos na legislação a pena respectiva, que elas se verifiquem em qualquer
penal comum. deles, salvo se outra for a intenção da lei.
Artigo 525º 2. Sempre que, por aplicação do disposto no número
Actos preparatórios anterior, resulte para um dos comparticipantes a apli-
cação de sanção mais grave, pode esta ser livremente
Os actos preparatórios não são puníveis, salvo dispo- atenuada ou substituída por aquela cuja aplicação teria
sição da lei em contrário. lugar se não interviesse a regra estabelecida no número
Artigo 526º anterior.
Tentativa 3. A regra do número um não se aplica se a lei deter-
minar que um facto, em princípio qualificado como con-
1. Há tentativa quando o agente pratica, com dolo,
tra-ordenação, deva ser considerado crime em virtude de
actos de execução de uma infracção sem que esta se
certas qualidades ou relações especiais do agente.
consuma.
Artigo 531º
2. São actos de execução:
Culpa na comparticipação
a) Os que correspondem, num ou nalguns
elementos, à descrição do tipo de crime ou Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa,
contra-ordenação; independentemente da punição ou do grau de culpa dos
b) Os que são idóneos à produção do resultado outros comparticipantes.
típico; e Artigo 532º
2. Sendo punível a tentativa, a sanção é livremente 1. Quando o mesmo facto constituir, a um tempo, in-
atenuada, não podendo, porém, ser inferior ao limite fracção fiscal aduaneira e de outra natureza, são cumu-
mínimo legalmente previsto, salvo se outra for a deter- láveis as sanções previstas para cada uma delas, sempre
minação da lei. que bens jurídicos distintos tenham sido violados.
Artigo 528º 2. O facto que for qualificado, no todo ou em parte,
Inidoneidade do meio e carência de objecto como infracção fiscal aduaneira por mais de uma dispo-
sição legal é punido por aquela que estabeleça sanção
Não é punível a tentativa quando for manifesta a inido- mais grave.
neidade do meio empregado pelo agente ou a inexistência
do objecto essencial à consumação da infracção. Secção III
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
80 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
2. Para o efeito de determinação do máximo legal da c) Quatro anos, tratando-se de crimes não
sanção, a que se refere o número anterior, não contam abrangidos pelas alíneas anteriores e de
as agravantes ou as atenuantes que, dentro do mesmo contra-ordenações a que corresponda coima
tipo, modifiquem os seus limites. superior a cem mil escudos (100.000$00);e
3. Quando a lei estabelecer para qualquer crime adu- d) Três anos, nos restantes casos.
aneiro, em alternativa, pena de prisão ou de multa, só a
2. A prescrição das sanções interrompe-se com a res-
primeira é considerada para efeitos deste artigo.
pectiva execução.
Artigo 535º
3. A prescrição da sanção principal envolve a das sanções
Interrupção da prescrição acessórias que ainda não tiverem sido executadas.
Artigo 537º
1. Interrompe-se a prescrição do procedimento, come-
çando a correr novo prazo prescricional, nos casos de Prescrição de direitos e demais imposições
crime fiscal aduaneiro:
A obrigação de pagar os direitos e demais imposições
a) Com a notificação para as primeiras declarações, prescreve decorridos vinte anos, contados da data do
para comparência ou interrogatório do agente trânsito em julgado da decisão condenatória.
como arguido, na instrução; CAPÍTULO II
b) Com a notificação do despacho de pronúncia ou Das infracções fiscais aduaneiras
materialmente equivalente; e
Secção I
c) Com a marcação do dia para julgamento em Crimes Fiscais Aduaneiros
processo de ausentes.
Subsecção I
2. A prescrição do procedimento criminal tem sempre Tipos de Crime Fiscal Aduaneiro
lugar quando, desde o seu início e ressalvado o tempo de
Artigo 538º
suspensão, nos termos da lei penal geral, tiver decorrido
o prazo normal acrescido de metade. Contrabando
3. A prescrição do procedimento por contra-ordenação Quem, por qualquer meio, fizer entrar no país ou fizer
interrompe-se: dele sair quaisquer mercadorias sem passarem pelas
alfândegas é punido com prisão de 3 (três) meses a 2
a) Com a comunicação ao arguido dos despachos, (dois) anos ou multa de 100.000$00 (cem mil escudos) a
decisões ou medidas contra ele tomadas ou 20.000.000$00 (vinte milhões de escudos).
com qualquer notificação;
Artigo 539º
b) Com a realização de quaisquer diligências de Contrabando de ocultação
prova, designadamente exames e buscas,
ou com o pedido de auxílio às autoridades É punido nos termos do artigo precedente quem, em
policiais ou administrativas; e qualquer meio de transporte, tiver mercadorias escondidas
e não declaradas ou manifestadas, ou mercadorias não
c) Com quaisquer declarações que o arguido declaradas ou manifestadas que consubstanciem toda a
tenha proferido no exercício do direito de ser carga ou a parte de maior valor da carga, ou, ainda, não
ouvido. o constituindo, tenham valor superior a 1.500.000$00
(um milhão e quinhentos mil escudos).
4. Em caso de concurso de infracções, a interrupção
Artigo 540º
da prescrição do procedimento criminal determina a da
prescrição do procedimento contra-ordenacional. Contrabando qualificado
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 81
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
82 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
A tentativa é punível nos casos de contrabando, contra- 1. Quem, com o fim de evitar, no todo ou em parte,
bando de ocultação, contrabando qualificado e associação o pagamento da prestação tributária aduaneira, fizer
criminosa. passar através das alfândegas ou delas retirar quaisquer
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 83
b) Tenha havido desvio do fim pressuposto no Quando ao facto não for aplicável sanção mais grave, é
regime aduaneiro aplicado à mercadoria; aplicável coima de 25.000$00 (vinte e cinco mil escudos)
c) Através de diversos formulários de despacho, a 1.000.000$00 (um milhão de escudos) a quem, sem pre-
se proceder à importação de componentes viamente se ter assegurado da sua legítima proveniência,
separados de um artefacto que, após adquirir ou receber, a qualquer título, coisa que, pela sua
montagem no país, formem um produto qualidade ou pela condição de quem lhe oferece ou pelo
novo, desde que efectuado com a finalidade preço proposto, faça razoavelmente suspeitar de que se
de iludir a percepção da prestação tributária trata de mercadoria objecto de crime fiscal aduaneiro ou
devida pela importação do artefacto acabado de descaminho.
ou se destine a subtrair o importador à Artigo 560º
aplicação de normas sobre contingentação de
mercadorias; Outras Contra-Ordenações
d) Forem violadas disposições especiais que 1. São considerados contra-ordenações, para todos os
expressamente qualifiquem o facto como efeitos de aplicação do regime jurídico instituído pelo
descaminho. presente diploma, os factos considerados por lei ou outro
acto normativo como transgressões fiscais aduaneiras e
Artigo 556º
que não são enquadráveis nas disposições definidoras
Circulação Irregular de Mercadorias de crimes ou contra-ordenações fiscais aduaneiras, nos
termos do presente título.
1. É punido nos termos do artigo precedente, como
descaminho, quem, por qualquer meio, puser ou detiver 2. É aplicável coima de (mil escudos) a 250.000$00 (du-
mercadorias estrangeiras em circulação sem processa- zentos e cinquenta mil escudos) a quem praticar os factos
mento ou acompanhamento das competentes guias ou referidos no número anterior salvo se aquelas infracções
outros documentos requeridos, ou sem aplicação de selos, forem punidas com penas de multa de montante superior,
marcas ou outros sinais legalmente prescritos. caso em que as coimas são de montantes correspondente
àquelas multas.
2. Não sendo estrangeiras as mercadorias, às infrac-
ções previstas no número anterior é aplicável a coima 3. Constituem contra-ordenação, punível com coima de
de 25.000$00 (vinte e cinco mil escudos) a 1.000.000$00 50.000$00 (cinquenta mil escudos) a 10.000.000$00 (dez
(um milhão de escudos). milhões escudos), as condutas que infrinjam o disposto
nos artigos 87º, 96º, 97º, 100º, 101º, 102º, 103º, 113º, 115º
3. Se o valor da mercadoria for inferior a 5.000$00
e 117º deste Código.
(cinco mil escudos), a entidade competente pode atenuar
livremente o agente da coima. 4. A negligência é punível.
Artigo 557º
Subsecção II
Qualificação e Privilegiamento
Disposições Aplicáveis às Contra-Ordenações Fiscais
1. Se a mercadoria objecto de descaminho for de impor- Aduaneiras
tação ou exportação proibidas ou condicionadas, a coima é Artigo 561º
de 100.000$00 (cem mil escudos) a 15.000.000$00 (quinze
milhões de escudos). Punibilidade da tentativa
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
84 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 562º contrabando, contrabando por ocultação, contrabando
Medida da Coima
qualificado e demais crimes desta natureza previstos
em disposições especiais, salvo se pertencerem a pessoa,
1. A determinação da medida da coima far-se-á em devidamente identificada, a quem não possa ser atribuída
função, entre outras, das seguintes circunstâncias: responsabilidade pela prática do crime.
e) A prática da infracção por pessoa singular ou 3. Nas contra-ordenações as mercadorias não são
colectiva. perdidas a favor da Fazenda Nacional, mas só podem
ser restituídas depois de pagas as prestações que forem
2. Salvo se outra coima estiver especialmente prevista, devidas, e, se pertencerem ao infractor, depois de pagas
o montante da coima a aplicar pela prática de contra-or- as quantias em dívida no processo.
denação fiscal aduaneira nunca é inferior a vez e meia o
valor da mercadoria no mercado interno, no momento da 4. A perda nunca é decidida sem audiência dos inte-
realização da infracção, sem prejuízo do que resultar da ressados.
aplicação das regras sobre atenuação livre a que houver
Artigo 566º
lugar no caso concreto.
Reversão
3. Considera-se como valor da mercadoria o seu preço
de venda ao público à data da infracção. Fora dos casos em que, por força da lei, seja vedada,
podem os interessados requerer a reversão das mercado-
Artigo 563º
rias sujeitas a perda a favor da Fazenda Nacional, desde
Sanções Acessórias que, satisfeitas a multa e demais quantias em dívida no
processo, paguem uma quantia igual ao seu valor.
A par da coima, pode ser aplicada àquele que praticar
contra-ordenação prevista no presente diploma uma ou Artigo 567º
mais das sanções acessórias previstas na lei – quadro das
Apreensão e perda de meios de transporte
contra-ordenações, entre elas, a apreensão de objectos, a
privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por 1. São apreendidos os meios de transportes utilizados
entidades ou serviços públicos, do direito de participar na prática das infracções fiscais aduaneiras.
em feiras, mercados, competições desportivas, da entrada
em recintos ou áreas de acesso reservados, do direito de 2. Tratando-se dos crimes de contrabando, contraban-
participação em arrematações e concursos promovidos do por ocultação e contrabando qualificado, os meios de
por entidades ou serviços públicos, de obras públicas, de transporte são considerados perdidos a favor da Fazenda
fornecimento de bens e serviços, ou concessão de serviços, Nacional, quando a mercadoria que for objecto das infrac-
licenças ou alvarás, o encerramento do estabelecimento ções tenha valor superior a 1.500.000$00 (um milhão e
ou cancelamento de licenças e alvarás, bem como a pu- quinhentos mil escudos) e consistir na parte de maior
blicidade da decisão condenatória. valor da respectiva carga, salvo se tais meios tiverem
sido utilizados sem o conhecimento ou sem negligência
CAPÍTULO III de seus proprietários.
Da apreensão, da perda e das garantias
3.Aplica-se o disposto no número anterior quando se
Artigo 564º trate de crimes fiscais aduaneiros, desde que o limite
máximo da pena aplicável seja igual ou superior ao da
Apreensão de mercadorias
pena prevista para as infracções constantes dos crimes
1. São apreendidas as mercadorias objecto de crime referidos no número anterior, e no caso de descaminho.
fiscal aduaneiro e de descaminho.
4.Verificando-se a circunstância referida na parte
2. Nas restantes contra-ordenações a apreensão tem final do n.º 2, aplica-se o disposto no n.º 2 do artigo 565º
lugar nos termos e condições previstos no regime jurídico deste Código.
geral das contra ordenações. Artigo 568º
Artigo 565º
Apreensão e perda de armas e outros instrumentos
Perda de mercadorias
1. As armas e outros instrumentos utilizados na prá-
1. As mercadorias apreendidas são declaradas perdidas tica de infracções fiscais aduaneiras são apreendidos e
a favor da Fazenda Nacional, tratando-se dos crimes de declarados perdidos a favor da Fazenda Nacional, salvo
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 85
2. O disposto no número anterior não se aplica a armas 5. Não são igualmente entregues sem a caução referida
utilizadas na prática da infracção. no número anterior as mercadorias cujos conhecimentos,
cartas de porte ou quaisquer título de propriedade te-
Artigo 570º nham sido endossados pelo arguido ou outro responsável
Depósito e venda imediata das mercadorias pela infracção, posteriormente à notificação do despacho
de pronúncia, no caso de crime, ou do despacho equiva-
1. As mercadorias, os meios de transporte, as armas lente, no caso de contra-ordenação, ou sobre que haja sido
e outros instrumentos da infracção são depositados nas realizada qualquer operação comercial por eles ou pelas
estâncias aduaneiras, a não ser que estas não possam sociedades ou empresas de que façam parte.
recebê-los por falta de condições materiais ou não se possa
fazer de imediato o transporte para aquelas estâncias. CAPÍTULO IV
Do processo
2. Verificando-se as circunstâncias referidas na parte
final do número anterior, os bens apreendidos são rela- Secção I
cionados e descritos e confiados a depositário idóneo, com Disposições Gerais
excepção das armas e outros instrumentos da infracção,
que ficam sob guarda de agentes da autoridade, lavran- Artigo 572º
do-se do depósito o respectivo termo, assinado pelos Acção penal
apreensores, testemunhas, havendo-as, e depositário,
ficando este com duplicado. A acção penal relativa a infracções fiscais aduaneiras
é exercida nos termos da legislação processual penal em
3. Não havendo no local da apreensão, depositário vigor, com as especialidades constantes das disposições
idóneo as mercadorias ficam sob a guarda de agentes da do presente Código.
autoridade.
Artigo 573º
4. Quando os bens referidos neste artigo forem de- Acção contra-ordenacional
terioráveis, perecíveis ou quando o interesse público o
justifique, podem as autoridades aduaneiras competen- O processo relativo às contra-ordenações fiscais adua-
tes mandar proceder à sua venda imediata, devendo a neiras é regulado pelas normas contidas no regime jurí-
decisão ser proferida no prazo de 2 (dois) dias. dico geral das contra-ordenações, com as especialidades
constantes das disposições do presente Código.
5. As operações de venda são efectuadas pelas estâncias
Artigo 574º
aduaneiras, nos termos das leis aplicáveis, sendo o produto
da venda depositado à ordem do respectivo processo. Notícia da Infracção
6. Se a decisão final não decretar a perda, é entregue 1. Os funcionários e agentes da Direcção-Geral das
ao lesado o produto da venda. Alfândegas, da Polícia Nacional, da Guarda Fiscal, da
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
86 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 87
Subsecção II 4. O disposto no número anterior não exclui, quando
Processo de Transacção
disso for caso, a indicação, nos termos do presente diplo-
ma, de outros requisitos exigidos para a sentença.
Artigo 581º
5. O despacho referido no número 3 (três) do presente
Pressupostos
artigo vale como sentença condenatória e transita ime-
1. Em caso de crime fiscal aduaneiro punível com pena diatamente em julgado.
prisão cujo limite máximo não seja superior a um ano, ou Artigo 585º
só com pena de multa, e se o procedimento não depender
de acusação particular, o Ministério Público, ouvidas as Assistente e partes civis
autoridades aduaneiras, quando entender que ao caso
1. Em processo de transacção não são permitidas in-
deve ser concretamente aplicada pena de multa, requer
tervenções de assistente e de partes civis.
ao tribunal que a aplicação tenha lugar em processo de
transacção. 2. O Ministério Público, porém, tem o dever de ouvir,
antes de formular o requerimento, a Direcção-Geral das
2. Não há lugar a processo de transacção em caso de
Alfândegas e as pessoas que se pudessem constituir como
reincidência.
assistentes ou que como tal se achem já constituídas.
Artigo 582º
Secção III
Requerimento do Ministério Público
Dos actos no processo das contra-ordenações
1. O requerimento do Ministério Público é escrito e con- Artigo 586º
tém as indicações tendentes à identificação do arguido, a
descrição dos factos que lhe são imputados e a menção das Meios de coacção e proibições de prova
disposições legais violadas, a prova existente e a exposição
sumária das razões pelas quais entende que ao caso não 1. No processo por contra-ordenações não são permiti-
deve concretamente ser aplicada pena de prisão. das a prisão preventiva, a intromissão na correspondên-
cia ou nos meios de telecomunicações, nem a utilização de
2. O requerimento termina com a indicação precisa da provas que impliquem violação do segredo profissional.
sanção cuja aplicação se propõe, e, se disso for caso, do
pedido de indemnização civil. 2. As provas que colidam com a reserva da vida privada,
bem como a prova de sangue, só são admissíveis com o
Artigo 583º consentimento de entidade legalmente competente.
Despacho de Rejeição Artigo 587º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
88 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
1. Se, durante as investigações para apuramento da 1. A importância da multa será dividida e distribuída
infracção e seus responsáveis, a autoridade competente da forma seguinte:
chegar à conclusão de que ela tem natureza criminal,
remete o processo ao Ministério Público. a) 25% (vinte e cinco por cento) para a Fazenda
Nacional;
2. Considerando o Ministério Público que não há lugar
para a responsabilidade criminal, devolve os autos à b) 25%(vinte e cinco por cento) para o Cofre da
mesma entidade que para ele os remetera. Justiça;
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 89
c) 25% (vinte e cinco por cento) para os autuantes; seguida a forma de processo de transacção, pode o respon-
sável ser admitido a pagar uma quantia correspondente
d) 25% (vinte e cinco por cento) para o Cofre da a um quinto do máximo da pena cominada ao tipo legal,
Direcção-Geral das Alfândegas. além das custas devidas pelo processo.
2. A importância da coima será dividida e distribuída 2. O requerimento para o pagamento voluntário deve
da forma seguinte: ser apresentado até ao início da audiência de julgamento,
a) 25% (vinte e cinco por cento) para a Fazenda e com ele deve o interessado depositar a quantia corres-
Nacional; pondente, bem como a importância dos direitos e demais
imposições que forem devidos.
b) 50 % (cinquenta por cento) para os autuantes ou
participantes; 3. Excepcionalmente, pode ser reduzido o montante de
pagamento voluntário, por despacho fundamentado do
c) 25 % (vinte e cinco por cento) para o Cofre da
juiz, não podendo, porém, ser aquele montante inferior
Direcção-Geral das Alfândegas.
a um oitavo do máximo da pena aplicável.
3. Os agentes aduaneiros e os agentes de fiscalização
4. É da exclusiva competência do juiz a decisão do
aduaneira que, no desempenho de quaisquer inquéritos,
pedido de pagamento voluntário, com prévia audição do
inspecções, sindicâncias ou outras comissões análogas não
Ministério Público.
compreendidas nas suas atribuições próprias, participem
alguma infracção, têm direito a metade da percentagem 5. Se o juiz, atendendo à gravidade do facto, ao grau de
referida na alínea b) do número antecedente. culpa do agente, à situação económica e à personalidade
do agente, entender não admitir o pagamento voluntário,
4. Havendo denúncia pertence ao denunciante 50%
assim o declara em despacho fundamentado, insusceptí-
(cinquenta por cento) da parte atribuída aos autuantes
vel de recurso, e ordena o seguimento do processo.
ou participantes.
Artigo 599º 6. A decisão que aceitar o pagamento voluntário ex-
tingue a responsabilidade dos arguidos e é insusceptível
Distribuição do produto da venda
de recurso.
1. As importâncias que resultarem da venda mercado- Artigo 603º
rias, meios de transporte e quaisquer outros instrumen-
Pluralidade de arguidos
tos da infracção reverte para a Fazenda Nacional.
2. Quando a multa ou a coima não tenham sido pagas, Se forem vários os arguidos e só algum ou alguns fi-
o produto da venda é distribuído nos termos do artigo zerem o pagamento voluntário, proceder-se-á quanto a
anterior, até ao limite da sanção aplicada, depois de eles nos termos indicados no artigo precedente, seguindo
satisfeitos os encargos com o transporte, a guarda e a o processo contra os restantes, sem prejuízo da respon-
conservação de mercadorias, meios de transporte, armas sabilidade solidária a que haja lugar.
ou outros instrumentos apreendidos. Artigo 604º
Limite da participação nas coimas 1. É admitido o pagamento voluntário das coimas cor-
1. Sendo funcionários as pessoas que, nos termos dos respondentes às contra-ordenações previstas no presente
artigos anteriores, têm direito a uma percentagem do diploma.
montante da coima aplicada, não podem receber por cada 2. O requerimento é dirigido à autoridade competente
processo importância superior ao seu vencimento anual, para a aplicação da coima, até 10 (dez) dias após a no-
retirada a parte emolumentar. tificação para prestar declarações ou para contestar, ou
2. A parte excedente reverte para a Fazenda Nacional. ao juiz, no caso de impugnação judicial da decisão que
a tiver aplicado, neste caso antes de decidido definitiva-
Artigo 601º
mente o recurso.
Decisão de distribuição
3. Com o requerimento deve o interessado depositar
1. Nos processos por contra-ordenação a autoridade que uma quantia correspondente a um décimo do limite
houver instruído o processo é competente para, depois de máximo da coima prevista no tipo legal respectivo, acres-
transitada em julgado a decisão condenatória, determinar cida das importâncias dos direitos e demais imposições
a distribuição de que tratam os artigos antecedentes. devidos pela prática da contra-ordenação.
2. Nos processos por crime fiscal aduaneiro obedece-se 4. O montante do pagamento pode excepcionalmente
ao disposto no número 2 do artigo 580º deste Código. ser reduzido por despacho fundamentado da entidade
Secção V competente, não podendo, no entanto, ser inferior a um
vigésimo do limite máximo da coima aplicável.
Do Pagamento voluntário, da execução e custas
Artigo 602º 5. Efectuado pagamento voluntário nas condições
previstas neste artigo, só há lugar a sanções acessórias
Pagamento voluntário da multa
no caso de descaminho, cabendo à entidade competen-
1. Nas infracções previstas no presente diploma a que te aplicá-las, decidindo ou não da perda dos meios de
corresponda unicamente a pena de multa, e não sendo transporte.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
90 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
1. Nas contra-ordenações, pode o arguido requerer, 2.Extrai-se certidão de onde constem a decisão ou
em qualquer estado do processo, a liquidação da sua sentença, a conta, a data das respectivas notificações
responsabilidade, devendo a entidade competente, após e a indicação das importâncias obtidas nas vendas re-
audição do arguido, proferir logo decisão, condenando alizadas, e remetida ao juízo das execuções fiscais da
ou absolvendo. localidade em cuja área for domiciliado o arguido, e nele
é instaurada a competente execução de harmonia com os
2. Cabe recurso, nos termos deste Código, da decisão preceitos legais aplicáveis.
referida no número anterior.
Artigo 606º 2. Havendo pluralidade de arguidos, instaurar-se-á
a execução no juízo área onde for domiciliado o maior
Custas
número.
1. Transitada em julgada a decisão condenatória, o
processo é contado no prazo de 10 (dez) dias e logo noti- 3. Não sendo conhecido o domicílio do arguido, ou, em
ficados os arguidos para, no prazo de 15 (quinze) dias, caso de vários arguidos, havendo igual número domici-
pagarem a importância devida. liado em diferentes áreas, ou não tendo nenhum deles
domicílio em Cabo Verde, instaurar-se-á a execução
2. Se o pagamento não for efectuado no prazo referido no juízo da área em que tiver corrido o processo fiscal
no número anterior, é notificado o civilmente responsável aduaneiro.
para, dentro de 15 (quinze) dias, depositar a importância
em que tiver sido fixada a sua responsabilidade. 4. As quantias realizadas por virtude da execução
fiscal são depositadas à ordem do director da alfândega,
3. Nos processos por crime fiscal aduaneiro a custas devendo o juízo das execuções fiscais participar a este o
tem o destino e o regime fixados na lei geral, em tudo resultado da execução.
quanto não contrarie o presente diploma.
5. Se da cobrança coerciva inicial ou em sede da exe-
4. Nos processos por contra-ordenações as custas rever-
cução fiscal posterior, realizadas nos termos previstos
tem para os cofres da Direcção-Geral das Alfândegas.
neste diploma, tiver sido obtida importância superior à
5. Da decisão das entidades administrativas compe- que foi considerada em dívida à Fazenda Nacional, será
tentes proferidas sobre reclamação em matéria de custas o excedente restituído aos responsáveis que tiverem sido
devidas em processo por contra-ordenação, cabe recurso executados pelo pagamento daquela dívida.
para o tribunal fiscal e aduaneiro. Artigo 609º
6. Em tudo o mais, o regime das custas relativas a pro- Insuficiência do produto da venda e dos bens em depósito
cesso por contra-ordenação obedece, em tudo quanto não
contrarie o presente diploma, ao disposto na lei-quadro Proceder-se-á da forma prescrita no artigo anterior,
das contra-ordenações. sempre que for evidente que o produto da venda e das
Artigo 607º
quantias ou valores depositados é inferior às importâncias
devidas, sendo a indicação dos montantes obtidos nas
Execução
vendas substituída pela do provável produto da venda e
1. Findos os prazos mencionados no artigo anterior das quantias e valores depositados.
procede-se à execução patrimonial. Artigo 610º
2. Se nem o arguido nem o responsável civil liquidarem Depósito do Produto da Execução
a sua responsabilidade em processo de contra-ordenação
nos prazos previstos proceder-se-á à competente liquidação As quantias realizadas em resultado da execução são
pela forma e ordem seguintes: depositadas à ordem da autoridade instrutora, devendo
o tribunal participar a esta o resultado da execução.
a) Pelas quantias e valores depositados no
processo; Artigo 611º
b) Pelo produto da venda das mercadorias e dos Execução contra o responsável civil
meios de transporte e outros instrumentos da Se o civilmente responsável não fizer o depósito a que
infracção, quando não devam ser declarados alude o número 2 do artigo 606º deste Código, a decisão
perdidos a favor da Fazenda Nacional; torna-se logo executória, procedendo-se contra ele con-
c) Pelo produto da venda das mercadorias, bagagens forme o disposto nos artigos anteriores, na parte apli-
e outros bens que tiverem nas alfândegas ou cável, ficando o mesmo, relativamente à quantia paga,
em qualquer local sujeito à acção fiscal, ou de sub-rogado nos direitos da Fazenda Nacional quanto ao
que sejam recebedores ou consignatários. direito do regresso.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 91
Artigo 612º Artigo 618º
Aplicação subsidiária da lei geral Regimento do Conselho Técnico Aduaneiro
Em tudo o que não estiver especialmente regulado no O Conselho Técnico Aduaneiro aprova o seu próprio
presente Código obedecer-se-á, em matéria de execução, Regimento Interno, que dispõe sobre os demais aspectos
o disposto no Código de Processo Penal, tratando-se de de sua organização e funcionamento.
crimes, e na lei-quadro das contra-ordenações, tratando- Artigo 619º
se de contra-ordenações, se de outro não estiver estabele-
Homologação
cido na legislação tributária, designadamente, no Código
Geral Tributário, no Código de Processo Tributário e na As deliberações do Conselho Técnico Aduaneiro são
lei orgânica do Tribunal Fiscal e Aduaneiro. homologadas por despacho do membro do Governo res-
Artigo 613º ponsável pela área das Finanças, podendo ser publicadas
no Boletim Oficial.
Encargos com os instrumentos da infracção
Artigo 620º
As despesas com o transporte, a guarda e a conservação
Momento da Contestação
das mercadorias, meios de transporte, armas ou outros ins-
trumentos apreendidos serão pagas a quem as tiver feito. 1. Quando, no momento da verificação ou reverificação
das mercadorias, os serviços aduaneiros discordem dos
TÍTULO VII
elementos da declaração relativos à classificação pautal,
CONTENCIOSO TÉCNICO ADUANEIRO origem, valor e, de uma forma geral, sobre quaisquer
Artigo 614º quaisquer taxas ou impostos cuja cobrança esteja a cargo
Conselho Técnico Aduaneiro
das autoridades aduaneiras, e o declarante com tal atitu-
de se não conforme, é organizado, por despacho do chefe
As contestações de carácter técnico, suscitadas no acto da estância aduaneira, processo técnico de contestação.
da verificação ou reverificação das mercadorias ou poste-
riormente ao seu desalfandegamento, relacionadas com a 2. A contestação pode também suscitar-se após o desal-
classificação pautal, origem e valor das mercadorias, são re- fandegamento das mercadorias, na sequência da fiscali-
solvidas por deliberação do Conselho Técnico Aduaneiro. zação realizada nos termos da legislação aplicável.
Artigo 615º Artigo 621º
Composição Comunicação
O Conselho Técnico-Aduaneiro tem a composição esta- Instaurado o processo técnico de contestação, o chefe
belecida na lei e os respectivos membros, à excepção do da estância aduaneira que tiver ordenado essa instau-
presidente, designam-se vogais aduaneiros. ração, nos termos do artigo antecedente, comunicará
de imediato o facto às demais estâncias aduaneiras e à
Artigo 616º
Direcção-Geral das Alfândegas para efeitos de suspensão
Dever de Colaboração de todos os processos de desembaraço aduaneiro penden-
Os vogais aduaneiros, para além das incumbências que tes ou a iniciar relativos a mercadorias idênticas às do
lhes são próprias como relatores de processos técnicos, objecto da contestação.
devem colaborar com o Director-Geral das Alfândegas Artigo 622º
nas questões que este entender submeter-lhes. Auto inicial
Artigo 617º
1. O funcionário interveniente deve, no prazo de 24
Deliberações (vinte e quatro) horas a contar da data do despacho re-
1. O Conselho Técnico Aduaneiro tem as sessões que ferido no artigo anterior, lavrar auto inicial do processo
forem convocadas pelo seu Presidente. técnico de contestação e promover a recolha das amostras
necessárias.
2. O Conselho Técnico Aduaneiro pode funcionar e
deliberar, desde que esteja presente a maioria absoluta 2. O auto inicial, redigido em duplicado, é assinado
dos seus membros. pelo funcionário interveniente e pelo declarante, e deve
conter os seguintes elementos:
3. As deliberações do Conselho são tomadas com o voto
favorável da maioria dos presentes, cabendo ao Presiden- a) A identificação do documento de despacho,
te voto de qualidade. nomeadamente natureza, estância aduaneira,
números e datas de registo;
4. A redacção da deliberação do Conselho é feita, em
harmonia com a discussão e votação que tiver prevalecido, b) Os nomes e endereços dos donos ou consignatários
por um relator, designado pelo seu Presidente, de entre das mercadorias e do seu representante;
os vogais do dito Conselho. c) O nome e categoria do funcionário interveniente;
5. A deliberação do Conselho começa por um relatório, d) A descrição da mercadoria em litígio;
seguido da exposição dos fundamentos e termina pela
decisão, devendo ser assinada pelo Presidente e por e) A classificação pautal, taxas, origem e valor
todos os vogais que intervieram na discussão e votação, atribuídos pelo declarante e pelos serviços;
incluindo os que discordaram da deliberação tomada f) A enumeração das amostras extraídas, com a indicação
por maioria. de ser ou não pretendida a sua devolução.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
92 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 623º Artigo 630º
Nota justificativa Decisão do Director-Geral e seus efeitos
No prazo de 8 (oito) dias úteis, a contar da data da 1. Se ordenado o prosseguimento do processo, é este
elaboração do auto inicial, o funcionário aduaneiro in- remetido ao Conselho Técnico-Aduaneiro.
terveniente deve apresentar nota justificativa da sua
discordância quanto aos elementos da declaração. 2. A decisão do Director-Geral das Alfândegas, prevista
Artigo 624º
na parte final do artigo anterior, deve ser fundamentada
e notificada ao declarante, sendo o processo devolvido à
Resposta do declarante
estância aduaneira de procedência, para ultimação do
Nos 8 (oito) dias úteis seguintes ao termo do prazo esta- despacho.
belecido no artigo anterior, deve o declarante apresentar Artigo 631º
ou declaração de concordância com a posição assumida
pela administração aduaneira ou documento fundamen- Tramitação do processo
tado de contestação àquela posição. 1. Recebidos no Conselho, os processos são registados
Artigo 625º e distribuídos sequencialmente pelos vogais aduaneiros
Elementos Complementares para efeitos de elaboração dos relatórios preliminares.
Tanto a nota justificativa como a contestação podem 2. O vogal relator e o Conselho podem solicitar ele-
fazer-se acompanhar de cópia de facturas, de certificados mentos adicionais, incluindo análises, que se mostrarem
de origem, de relatório de análises ou quaisquer outros necessárias a uma completa instrução do processo.
elementos relativos às mercadorias.
3. O relatório é, no prazo máximo de 20 (vinte) dias
Artigo 626º a contar da data da recepção dos elementos adicionais
Efeitos da Declaração ou da Falta de Contestação referidos no número anterior, apresentado ao Director-
O processo é considerado findo, ultimando-se o despacho, Geral das Alfândegas que ordena a sua junção ao processo
quando o declarante venha a juntar aos autos a declaração e vista aos outros vogais.
de concordância ou quando não apresente contestação, nos 4. Os vogais devem devolver o processo à Secretaria do
termos previstos no artigo 620º deste Código. Conselho no prazo de 3 (três) dias a contar da data em
Artigo 627º que o tiverem recebido.
Amostras 5. Obtidos os vistos, é o processo apresentado ao Presi-
1. Por cada processo técnico de contestação são, sempre dente que convoca o Conselho com a antecedência mínima
que possível, retirados 3 (três) amostras das mercadorias de 5 (cinco) dias da data fixada para a reunião.
em litígio, as quais são seladas e rubricadas pelo decla- 6. Aos donos ou consignatários das mercadorias, por
rante e pelo funcionário interveniente. si ou através de seus representantes, mediante pedido
2. A estância aduaneira onde se suscitou a contestação dirigido ao Presidente do Conselho, e formulado com a
conserva uma amostra e envia as restantes à Direcção-Geral necessária antecedência, é facultado comparecer no início
das Alfândegas, acompanhadas do respectivo processo. das sessões do Conselho para exporem verbalmente as
razões que julgam assistir-lhes, devendo retirar-se antes
3. As amostras excessivamente pesadas ou incómodas
de iniciados os debates.
ficam na estância aduaneira onde se originou o litígio, à
ordem do Director-Geral das Alfândegas. 7. As deliberações do Conselho, homologadas nos
4. Quando não for possível retirar amostras, os serviços termos previstos no artigo 619º deste Código, são trans-
aduaneiros podem aceitar planos, desenhos, modelos, mitidas às Alfândegas para notificação aos interessados
fotografias, memórias descritivas ou quaisquer outros e ultimação dos despachos.
documentos que permitam identificar as mercadorias Artigo 632º
em litígio, os quais devem ser selados e rubricados por Revisão das deliberações do Conselho
ambas as partes.
Artigo 628º
Por razões devidamente fundamentadas, pode Direc-
tor-Geral das Alfândegas, ouvido o Conselho Técnico
Remessa do processo
Aduaneiro, propor ao membro do Governo responsável
Logo que a contestação seja recebida, o processo é re- pela área das Finanças a revisão de qualquer deliberação
gistado e remetido à Direcção-Geral das Alfândegas. do Conselho, anteriormente homologada.
Artigo 629º Artigo 633º
Exame sumário do processo Aplicabilidade das deliberações do Conselho
Depois de um exame sumário dos autos, o Director- As deliberações do Conselho, depois de homologadas,
Geral das Alfândegas pode ordenar o prosseguimento nos termos do artigo 619º deste Código, são obrigatoria-
do processo ou o seu arquivamento por, neste caso, con- mente aplicáveis pelos serviços aduaneiros, não somente
siderar o Conselho incompetente em razão da matéria aos casos a eles submetidos, mas também a todos os casos
ou manifestamente infundadas as razões aduzidas na idênticos destes contemporâneos e aos casos que vierem
nota justificativa. a ocorrer a partir da data da homologação.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 93
Artigo 634º Artigo 640º
Validade das deliberações do Conselho Divergência
As deliberações do Conselho, homologadas nos termos 1. As divergências que se suscitarem entre funcioná-
previstos neste diploma, são válidas até que sejam: rios aduaneiros em hipóteses idênticas às referidas no
a) Modificadas por outras deliberações proferidas artigo 614º deste Código são resolvidas administrativa-
pelo Conselho Técnico-Aduaneiro, homologadas mente pelo Director-Geral das Alfândegas, em processos
ou revistas, nos termos dos artigos 619º e 632º instruídos, com as necessárias adaptações, nos moldes
deste Código, ou, ainda em virtude de ulterior previstos neste diploma.
disposição. 2. Uma vez fixada a matéria de facto, não são admitidas
b) Anuladas por decisão proferida em recurso divergências.
contencioso, com trânsito em julgado. Artigo 641º
Artigo 635º
Regime subsidiário
Publicação das deliberações do Conselho
Em tudo quanto não estiver previsto neste Título,
As deliberações do Conselho, após homologação, são observar-se-ão, na parte aplicável e com as devidas
publicadas em circular da Direcção-Geral das Alfândegas, adaptações, os preceitos constantes do Contencioso Fiscal
mantendo-se confidenciais os nomes dos intervenientes Aduaneiro e da legislação subsidiária respectiva.
nos processos e a marca comercial da mercadoria.
Artigo 636º
TÍTULO VIII
Recurso do acto de homologação das deliberações CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
Cabe recurso contencioso, nos termos da lei geral, do ADUANEIRO
acto do membro do governo responsável pela área das CAPÍTULO I
finanças que homologue as deliberações do Conselho
Técnico Aduaneiro Princípios gerais
Artigo 637º Artigo 642º
1. Desde que se disponha de todos os elementos neces- Determinam a instauração de processos administra-
sários à apreciação do litígio, pode o contestante retirar tivos aduaneiros:
das estâncias aduaneiras as mercadorias em contestação
a) As mercadorias, sujeitas à acção fiscal, demoradas
que não sejam de importação proibida, mediante garantia
além dos prazos legais;
dos maiores direitos e outras imposições. Na hipótese de
se presumir responsabilidade fiscal, a caução deve ainda b) As mercadorias sujeitas à acção fiscal, quando
abranger a importância julgada suficiente para garantir tenham sido objecto de abandono a favor da
essa responsabilidade. Fazenda Nacional;
2. As mercadorias idênticas que estejam ou venham c) As mercadorias achadas no mar e as que tenham
a estar submetidas a despacho, ficam sujeitas, na parte sido arrojadas do ar ou pelo mar;
aplicável, ao disposto no número que antecede, se os in-
d) As mercadorias salvadas de naufrágio, se o navio
teressados não preferirem aguardar a decisão final das
tiver sido abandonado, ou quando o capitão tiver
instâncias competentes.
requerido a sua venda, observando-se, porém,
3. Para efeitos prescritos no n.º 2 deste artigo, a es- o disposto nas convenções internacionais que
tância aduaneira onde se tenha suscitado a contestação, vinculem o Estado de Cabo Verde e demais
faz, de imediato, às demais casas fiscais a competente legislação aplicável;
comunicação.
e) Os espólios;
Artigo 638º
f) A cobrança coerciva de quaisquer importâncias
Senha de Presença
que devam ser arrecadadas pelas alfândegas;
Os membros do Conselho têm direito a senhas de pre-
sença por cada reunião em que participem, de montante g) Quaisquer outros casos indicados na lei.
a fixar por despacho do membro do governo responsável Artigo 643º
pela área das finanças. Instauração
Artigo 639º
A instauração de processos administrativos aduaneiros
Despesas é feita com base em participação apresentada por funcio-
As despesas com o transporte de amostras ou modelos, nário aduaneiro competente.
qualquer que seja o meio de transporte utilizado, assim Artigo 644º
como as relativas a análises que houverem de efectuar-se
Venda das mercadorias
para julgamento dos processos de contestação, somente
são pagas pelas partes quando estas tiverem decaído, no As disposições relativas à venda de mercadorias de-
todo ou em parte, no respectivo processo. moradas e abandonadas aplicam-se, com as necessárias
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
94 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
adaptações, à venda das mercadorias objecto dos res- 2. Quando o dono ou consignatário das mercadorias
tantes processos administrativos aduaneiros previstos tiver feito apenas declaração verbal de abandono, ou não
neste título. souber escrever, lavra-se termo em livro especialmente
Artigo 645º
destinado a esse fim, o qual é assinado por aquelas
autoridades, pelo escrivão do cartório aduaneiro e pelo
Objectos não sujeitos a venda interessado, quando souber escrever, e por duas teste-
1.Não são, porém, vendidos os valores em espécie, munhas idóneas.
pedras preciosas, jóias e papéis de crédito encontrados 3. As declarações referidas neste artigo são registadas
em espólios, os quais são transferidos para as agências, por ordem cronológica, em livro específico.
filiais ou delegações do banco emissor dos papéis de cré-
4. O abandono expresso pode ser realizado a favor de
dito, onde ficam depositados à ordem do Director Geral
terceiros ou da Fazenda Nacional.
das Alfândegas, até resolução do respectivo processo de
habilitação. Artigo 649º
Mercadorias demoradas
2. Os objectos referidos no número antecedente só são
entregues a quem forem devidos, depois de pagas as des- São consideradas mercadorias demoradas as armaze-
pesas de que estejam cativos, sendo livres de direitos. nadas em quaisquer depósitos temporários ou em entre-
postos aduaneiros, quando neles excedam os respectivos
3. Podem, entretanto, ser vendidos, independentemen- prazos de armazenagem, designadamente, porque:
te de precatório, mediante autorização do membro do
Governo responsável pela área das Finanças, passados a) Não foram apresentados os documentos
dez anos sobre a data da constituição do depósito, se não indispensáveis à sua sujeição ao regime
tiver havido reclamação dos interessados, venda essa que aduaneiro declarado;
é precedida de éditos de 90 dias. b) A sua verificação não pôde ser iniciada ou prosseguida
Artigo 646º nos prazos fixados pela administração aduaneira,
por motivos imputáveis aos declarantes;
Base de dados centralizada
c) Os direitos e outras imposições devidos não foram
1. É criada a nível da Direcção-Geral das Alfândegas pagos ou garantidos nos prazos fixados;
uma base de dados informatizada para a qual são cana-
lizadas todas as informações relevantes relativas às mer- d) Estão sujeitas a medidas de restrição ou de
cadorias objecto de processos aduaneiros administrativos, contingentação.
em particular as mercadorias demoradas e abandonadas, Artigo 650º
como instrumento de apoio das autoridades aduaneiras Presunção de abandono
na gestão desse sector da actividade aduaneira.
1. As mercadorias demoradas presumem-se sempre
2. A criação e o regime de funcionamento da base abandonadas a favor da Fazenda Nacional.
de dados referida no número antecedente constam de
regulamento. 2. A presunção de abandono é ilidível nos termos do
artigo seguinte.
CAPÍTULO II
Artigo 651º
Mercadorias demoradas e abandonadas Momento da ilisão
Artigo 647º A presunção de abandono pode ser ilidida até:
Mercadorias abandonadas a) À entrega da mercadoria a serviços do Estado,
1. Entende-se por abandono a renúncia da propriedade municipais, de assistência e beneficência
de quaisquer mercadorias sob acção fiscal por parte do públicas, ou da sua utilização no abastecimento
seu legítimo dono ou consignatário. público;
b) À realização da sua venda.
2. O abandono é expresso quando a renúncia é feita
Artigo 652º
por escrito, e tácito quando conste ou se deduza de actos
que não dêem lugar a dúvidas. Formalidades
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 95
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
96 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 660º 2. São inutilizados os impressos avulsos, gravuras,
Venda de refugos postais
estampas, litografias e cartonagens e ainda quaisquer
reclamos e taras com dizeres indicativos de marcas de
1. A venda de refugos postais cativos de direitos adu- produtos ou outros semelhantes.
aneiros e de outros impostos cobrados pelas alfândegas,
Artigo 667º
que tiverem de ser vendidos nos termos de convenções
internacionais aplicáveis, é realizada por intermédio dos Local de entrega das propostas e de realização da venda
serviços postais.
A entrega de propostas faz-se na sede da estância
2. Consideram-se refugos os objectos postais que não pos- aduaneira onde vai ser efectuada a venda.
sam ser expedidos, entregues aos destinatários ou restituí-
dos aos remetentes, nos termos do Regulamento do Serviço Artigo 668º
Público de Correios e demais legislação complementar. Abertura de propostas
Artigo 661º 1.A abertura das propostas faz-se no dia e hora de-
Local de venda de arrojos, achados e salvados signados, na presença do chefe da estância aduaneira
competente, podendo assistir a ela os proponentes.
As mercadorias achadas no mar, ou por ele arrojadas,
as que constituem arrojos aéreos e as salvadas de nau- 2. O direito reconhecido aos proponentes de assistirem
frágio podem ser vendidas nos próprios locais em que à sessão de abertura das propostas em carta fechada
estiverem quando, por motivo de dificuldades ou excessi- deve constar obrigatoriamente dos anúncios e editais de
vo custo de transporte, o Director-Geral das Alfândegas publicitação da venda.
assim determinar. Artigo 669º
Artigo 662º Presidência da sessão de abertura
Valor base dos bens para a venda 1. São presididas pelos directores das alfândegas ou por
O valor base a anunciar para a venda é igual a 70% do agentes aduaneiros, por delegação, as sessões de abertura
determinado nos termos do artigo 655º deste Código. das propostas em carta fechada que se realizarem na sede
das alfândegas, incluindo as suas estâncias urbanas,
Artigo 663º podendo também os mesmos directores, quando assim
o julguem conveniente, ir presidir às que se realizarem
Modalidade da venda
fora das aludidas sedes.
1. A venda é feita por meio de propostas em carta
2. As sessões de abertura realizadas nas estâncias
fechada, salvo quando diversamente se disponha na lei, aduaneiras dependentes, quando não forem presididas
pelo valor base que for mencionado nos editais e anúncios pelos directores das sedes das alfândegas, são-no pelo
de sua publicitação. chefe da respectiva estância aduaneira ou por agente
2. No caso de frustração da venda mediante proposta aduaneiro por eles designado.
em carta fechada, pode ser ordenada a venda por nego- 3. Podem, no entanto, as autoridades judiciais presidir à
ciação particular ou então a entrega da mercadoria às en- venda das mercadorias arrestadas, a seu pedido, nos locais
tidades públicas ou de utilidade pública referidas na lei. em que se encontrem sob a acção aduaneira, observadas as
3. No despacho que ordenar a venda por negociação disposições previstas no presente diploma respeitantes a
particular, é indicado o preço mínimo pela qual deve ser venda de mercadorias mediante proposta em carta fechada,
realizada. assim como a legislação vigente sobre o desalfandegamento
de mercadorias sujeitas à acção fiscal.
4. O preço é depositado directamente pelo comprador,
à ordem da estância aduaneira competente. 4. As vendas, presididas nos termos deste artigo, são
secretariadas pelo escrivão, ou funcionário que suas
Artigo 664º vezes fizer.
Frustração da venda mediante proposta Artigo 670º
Considera-se frustrada a venda mediante proposta em Identificação dos proponentes
carta fechada, em caso de inexistência de proponentes
ou de existência apenas de propostas de valor inferior ao Salvo o caso de serem conhecidos pelo presidente, os
valor base anunciado ou quando haja urgência, devida- proponentes serão identificados por documento legalmen-
mente fundamentada, na realização da venda. te exigido para a identificação pessoal.
Artigo 665º Artigo 671º
Dispensa da venda particular
Auto de realização ou não da venda
A venda particular é, entretanto, dispensada se se
reconhecer haver conveniência no aproveitamento da Os resultados da abertura das propostas são sempre redu-
mercadoria para serviços do Estado ou municipais ou zidas a auto, seja ou não seleccionada alguma proposta.
para organizações não governamentais, legalmente reco- Artigo 672º
nhecidas, que tenham fins exclusivamente humanitários,
religiosos, culturais, educativos, desportivos, de saúde Guia de pagamento
pública ou outros fins sociais.
1.Quando haja uma proposta vencedora, o escrivão,
Artigo 666º a seguir à lavratura do respectivo auto, passa as com-
Inutilização de mercadorias petentes guias de pagamento, sem prejuízo de poder
ser exigida imediatamente quantia até 25% do valor da
1. As mercadorias às quais não for possível atribuir referida proposta vencedora.
nenhum dos destinos referidos nos artigos antecedentes,
são mandadas inutilizar por despacho do membro do 2. Ao preço da venda acresce sempre a percentagem de
Governo responsável pela área das finanças. 10% sobre a qual não recai adicional algum.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 97
3. Do produto da percentagem referida no número an- 4. Qualquer das autoridades aludidas neste artigo entrega
terior são distribuídos 30% ao director da alfândega ou ao os salvados e respectivo inventário ao funcionário que for
chefe da estância aduaneira, conforme couber, 25% ao perito presidir ao salvamento, nos termos do artigo seguinte.
aduaneiro, 20% ao escrivão, 20% ao participante, constituin- 5. O disposto nos números antecedentes é extensivo
do os restantes 10% receita da Fazenda Nacional. aos sinistros de aeronaves.
4. As guias de pagamento devem conter, entre outras, 6. O disposto neste capítulo, no respeitante a sinistros
a indicação das designações comerciais ou correntes das marítimos e aéreos, aplica-se sem prejuízo das disposições
mercadorias a vender, quantidades de cada espécie, mar- específicas em matéria de segurança marítima e de se-
ca, número, cores ou outros sinais que possam servir de gurança da aviação civil.
diferenciação entre as referidas mercadorias e quaisquer
Artigo 676º
outras, número do respectivo processo administrativo e
correspondente lote. Registo e autuação da participação e comparência
no local do sinistro
5. Na hipótese de o proponente seleccionado não efec-
tuar o pagamento no prazo de cinco dias, é o processo O director da alfândega ou o chefe da estância aduaneira
concluso ao director, ou chefe da estância aduaneira, que, devem mandar logo registar e autuar a participação e, se
no prazo de cindo dias, ordena a venda em negociação não puderem comparecer no local do sinistro, por este se
particular ou propõe que seja dado outro destino legal ter dado em local distante ou por qualquer outra circuns-
às mercadorias. tância, devem nomear funcionário que faça as suas vezes
e que estabeleça a devida fiscalização para salvaguarda
6. Considera-se perdida a favor da Fazenda Nacional dos interesses do Estado e dos particulares.
a percentagem referida no n.º 1 deste artigo, quando o
Artigo 677º
proponente não efectuar o pagamento total do valor da
venda no prazo referido no número antecedente, com a Medidas requeridas pela fiscalização, assistência e salvação
eventual prorrogação que, a pedido, lhe for concedida
1. Os directores das alfândegas ou os chefes das estâncias
pelo director ou chefe da casa fiscal. aduaneiras ou os funcionários que presidirem ao sal-
Artigo 673º vamento, conforme os casos, requisitam os agentes da
Guarda Fiscal que forem julgados necessários, tomam
Entrega das mercadorias as medidas requeridas para salvação e assistência, in-
Efectuada a entrega da totalidade do preço da venda e ventariarão os salvados e organizarão lista diária dos
salários devidos.
da percentagem legal, o encarregado do armazém promo-
verá a entrega das mercadorias, juntando-se ao processo 2. Do inventário consta a quantidade e qualidade, mar-
a guia de pagamento e outros documentos exigíveis. cas, números ou quaisquer outros sinais dos salvados e
a designação da sua natureza, se for visível.
Artigo 674º
Artigo 678º
Registo do destino dado às mercadorias
Salvação a cargo do capitão
1.O encarregado do armazém regista e apura no documento
competente qual o destino dado às mercadorias, devendo, Se o capitão, por si ou por outrem, tomar a seu cargo
quando tiverem sido vendidas, indicar também o valor do proceder à salvação, as autoridades aduaneiras referidas
montante da venda e o número de receita ou de depósito. no artigo anterior limitam-se a presidir à fiscalização e
ao inventário dos salvados, mencionando-se no processo
2.Feitos os averbamentos prescritos no número ante- esta circunstância.
rior, é o processo devolvido ao escrivão, ou quem suas
Artigo 679º
vezes fizer, e imediatamente concluso ao director da
alfândega, que ordena a sua liquidação. Remoção de salvados
3. Feita a liquidação, o processo é de novo concluso ao 1. Quando, para se evitarem danos aos salvados ou por
director da alfândega que ordena o seu arquivamento. qualquer outro motivo justificado, for julgado convenien-
te remover os salvados para armazém próximo ou para
CAPÍTULO IV a própria estância aduaneira, o funcionário assistente
Sinistros marítimos e aéreos, achados e arrojos deve propô-lo.
Artigo 675º 2. O disposto no número anterior é extensivo a todos os
casos em que os interessados solicitem a referida remoção,
Ocorrência de sinistros
desde que o valor presumível garanta a despesa.
1. Quando ocorram quaisquer sinistros marítimos na Artigo 680º
costa, nos portos ou enseadas, cumpre à autoridade adu-
aneira ou da Guarda Fiscal mais próxima providenciar Anúncio do sinistro
imediatamente, no que estiver ao seu alcance, para efec- 1. Junto o inventário ao processo, o director da alfândega
tuar a salvação de pessoas, embarcações e outros bens, ou o chefe da estância aduaneira fazem anunciar, nos
devendo estes ser cuidadosamente inventariados. termos legais, todas as circunstâncias do sinistro, com a
2. A autoridade da Guarda Fiscal a que se refere o indicação das características dos salvados constantes do
número anterior deve dar imediato conhecimento da inventário, convidando quem de direito a fazer as suas
reclamações dentro de um prazo que não inferior a trinta
ocorrência à competente estância aduaneira, utilizando dias, e declarando que, findo este prazo, é ordenada a
para isso a via mais rápida. venda mediante proposta em carta fechada.
3. Todas as estâncias aduaneiras que tenham conhe- 2. Se a natureza ou o estado da mercadoria tornarem
cimento de qualquer sinistro, nos termos dos números indispensável a sua venda imediata, assim se deve pro-
anteriores, devem comunicá-los superiormente, utilizan- ceder, seguindo-se-lhe, para reclamação do produto da
do também para isso a via mais rápida. venda, o edital aludido no número que antecede.
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
98 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 681º Artigo 685º
1.Apresentando-se o dono ou seu legítimo representan- Com referência aos naufrágios e arrojos observam-se
te a reclamar, são-lhe entregues, provado o seu direito, os os preceitos consignados nas convenções internacionais
salvados ou o produto da sua venda, depois de pagos os que obrigam o Estado de Cabo Verde ou o disposto na
direitos e mais imposições legais, bem como os salários legislação comercial comum em vigor.
e outros encargos devidos. CAPÍTULO V
2. Não havendo reclamação, são os salvados subme- Cobrança coerciva de importâncias que devam
tidos a venda mediante proposta em carta fechada, de ser arrecadadas pelas alfândegas
harmonia com as formalidades prescritas nos capítulos
antecedentes. Artigo 686º
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 99
Artigo 688º Artigo 691º
Se o resultado obtido pela aplicação do preceituado no 1.Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 672º e
artigo antecedente não atingir as importâncias devidas número 2 do artigo anterior deste Código, do produto da
pelos responsáveis, remeter-se o processo ao juízo das venda das mercadorias achadas no mar ou por ele arro-
execuções, para prosseguimento da cobrança coerciva, jadas ou caídas de aeronaves ou salvadas de naufrágios,
acompanhado de certidão extraída nos termos do artigo devem deduzir-se, por esta ordem:
608º deste Código. a) As despesas de transporte, guarda, beneficiação
e anúncios;
Artigo 689º
b) A parte para o achador, que será um terço do
Comunicação para efeito de arquivamento do processo valor da mercadoria, quando se tratar de
de execução fiscal mercadorias achadas ou arrojadas ou caídas,
salvo quando outra percentagem tenha sido
Quando, posteriormente, tenham sido retidas e
fixada nos termos do n.º 3 do artigo 672º
vendidas novas mercadorias, o director da alfândega,
deste Código, ou as despesas dos salários de
por intermédio do cartório aduaneiro, faz a necessária
assistência e salvação, quando se tratar de
comunicação à competente repartição de finanças por
mercadorias salvas de naufrágios;
onde esteja a correr o processo de execução fiscal a fim
de ser arquivado o mesmo processo logo que o produto c) Os direitos e demais imposições devidas.
da venda tenha atingido a importância necessária para
2. A importância líquida entra em depósito, à ordem
o pagamento total da importância devida.
do Estado, para ser entregue ao dono das referidas mer-
CAPÍTULO VI cadorias, devendo entrar como receita quando não seja
reclamada no prazo de seis meses.
Distribuição do produto da venda
3. Quando as mercadorias forem distribuídas a serviços
Artigo 690º do Estado ou instituições de utilidade pública, compete
a estes entregar na estância aduaneira a importância
Mercadorias demoradas, abandonadas e retidas necessária para o pagamento dos encargos mencionados
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 672º deste na alíneas a) e b) do n.º 1 deste artigo.
Código e e do previsto no n.º 2 do presente artigo, do pro- CAPÍTULO VII
duto da venda das mercadorias demoradas, abandonadas
Diversos
e retidas devem deduzir-se, por esta ordem:
Artigo 692º
a) Os encargos de transportes ordenados pelo Estado;
Inutilização ou distribuição de mercadorias a serviços
b) Os direitos e mais imposições devidas; do estado e outras instituições
V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
100 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
B O L E T I M OFICIAL
Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001 Av. Amílcar Cabral/Calçada Diogo Gomes,cidade da Praia, República Cabo Verde.
C.P. 113 • Tel. (238) 612145, 4150 • Fax 61 42 09
Email: incv@gov1.gov.cv
Site: www.incv.gov.cv
AVISO ASSINATURAS
Para o país: Para países estrangeiros:
Por ordem superior e para constar, comunica-se que não serão aceites
quaisquer originais destinados ao Boletim Oficial desde que não tragam Ano Semestre Ano Semestre
aposta a competente ordem de publicação, assinada e autenticada com
selo branco. I Série ...................... 8.386$00 6.205$00 I Série ...................... 11.237$00 8.721$00
Sendo possível, a Administração da Imprensa Nacional agradece o II Série...................... 5.770$00 3.627$00 II Série...................... 7.913$00 6.265$00
envio dos originais sob a forma de suporte electrónico (Disquete, CD,
III Série ................... 4.731$00 3.154$00 III Série .................... 6.309$00 4.731$00
Zip, ou email).
Os prazos de reclamação de faltas do Boletim Oficial para o Concelho Os períodos de assinaturas contam-se por anos civis e seus semestres. Os números publicados antes
da Praia, demais concelhos e estrangeiro são, respectivamente, 10, 30 e de ser tomada a assinatura, são considerados venda avulsa.
60 dias contados da sua publicação.
AVULSO por cada página ............................................................................................. 15$00
Toda a correspondência quer oficial, quer relativa a anúncios e à
assinatura do Boletim Oficial deve ser enviada à Administração da PREÇO DOS AVISOS E ANÚNCIOS
Imprensa Nacional. 1 Página .......................................................................................................................... 8.386$00
A inserção nos Boletins Oficiais depende da ordem de publicação neles
1/2 Página ....................................................................................................................... 4.193$00
aposta, competentemente assinada e autenticada com o selo branco, ou,
na falta deste, com o carimbo a óleo dos serviços donde provenham. 1/4 Página ....................................................................................................................... 1.677$00
Não serão publicados anúncios que não venham acompanhados da Quando o anúncio for exclusivamente de tabelas intercaladas no texto, será o respectivo espaço
importância precisa para garantir o seu custo. acrescentado de 50%.