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Quinta-feira, 3 de Junho de 2010 I Série

Número 21

BOLETIM OFICIAL
SUPLEMENTO
SUMÁRIO

CONSELHO DE MINISTROS:
Decreto-Legislativo nº 4/2010:

Aprova o Código Aduaneiro.

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CONSELHO DE MINISTROS que praticamente esgota toda a regulamentação da ac-


tividade administrativa aduaneira e dos serviços e do
–––––– pessoal responsável pela sua execução.
Decreto-Legislativo nº 4/2010 Contrariamente ao Contencioso Aduaneiro, o Estatuto
de 3 de Junho Orgânico das Alfândegas sofreu várias alterações ao
longo da sua vigência, sobretudo através de legislação
À data da independência nacional, a legislação adua-
avulsa.
neira de natureza não tributária constava basicamente
de dois diplomas: o Estatuto Orgânico das Alfândegas e Tais alterações incidiram particularmente sobre os
o Contencioso Aduaneiro, aprovados, respectivamente, regimes aduaneiros suspensivos e a armazenagem das
pelo Decreto nº 43.199, de 20 de Dezembro de 1960 e pelo mercadorias a eles sujeitas e consistiram na criação dos
Decreto-Lei nº 33. 531, de 21 de Fevereiro de 1944. entrepostos aduaneiros, industrial e de armazenagem, e os
A legislação aduaneira substantiva de carácter impo- terminais aeroportuários de desalfandegamento de merca-
sitivo constava à época, em especial da Pauta Aduaneira doria entrada no território nacional por via aérea.
e das respectivas instruções preliminares, bem como da Outrossim, anualmente as sucessivas leis do orçamento
legislação avulsa sobre a tributação do comércio inter- têm concedido benefícios fiscais aduaneiros a diversos
nacional de mercadorias, da despesa e dos consumos sectores da actividade económica, que vão somar-se aos
especiais. já constantes de legislação especifica, sem que tenha sido
Hoje, essas matérias vêm basicamente reguladas na regulado um processo próprio para o seu reconhecimento,
nova Pauta Aduaneira e nas instruções preliminares an- o que concorre para dificultar a acção das alfândegas no
tigas, parcialmente revogadas, nas leis sobre a tributação processamento e controlo desses benefícios fiscais.
da despesa e dos consumos especiais, adoptadas entre
2002 e 2006, e em inúmeras disposições legais avulsas Para mais, foram aprovadas importantes leis admi-
que concedem benefícios fiscais aduaneiros pontuais ou nistrativas e tributárias cujos princípios e normas não
regulam zonas e empresas sujeitas a um regime fiscal poderão deixar de se repercutir na legislação que regula
especial, tais como as zonas francas comerciais e as em- a actividade aduaneira.
presas e os entrepostos francos. Em consequência disso, a legislação aduaneira de na-
A par da legislação adoptada internamente, integra tureza processual e procedimental encontra-se dispersa
também a legislação fiscal aduaneira substantiva, uma por legislação avulsa, que não facilita o seu conhecimento
plêiade de acordos e convenções internacionais com in- e dificulta a sua compreensão.
cidência em matéria fiscal e aduaneira, os quais, com a
adesão recente de Cabo Verde à Organização Mundial Remonta, pois, a vários anos, o compromisso assumido
do Comércio, ganharam ultimamente - em especial os de pelo Governo de adoptar um Código Aduaneiro que vies-
âmbito multilateral - uma grande importância em maté- se pôr termo à fragmentação e dispersão da legislação
ria de tributação aduaneira do comércio internacional, e procedesse à harmonização dos vários diplomas sobre
sobretudo em sede de determinação do valor aduaneiro a actividade aduaneira publicados no decorrer das últi-
e das regras de origem que, conjuntamente com as clas- mas quatro décadas, assumindo-se o Código que ora se
sificações pautais, constituem o tripé em que se assenta aprova como uma compilação da legislação actualmente
a liquidação dos direitos de importação e de outras impo- em vigor, em que necessariamente se conferiu a siste-
sições aduaneiras liquidadas na mesma ocasião, como é mática própria de um código, que se pretende moderno,
o caso dos impostos sobre os consumos especiais, do IVA harmonioso e, acima de tudo, garantindo o fácil acesso de
e dos próprios direitos anti-dumping e compensatórios, todos os operadores económicos e profissionais do sector
ambos objecto de acordos internacionais específicos que à legislação aplicável, sem prejuízo da regulamentação
vinculam directamente Cabo Verde. que algumas matérias abordadas irão carecer.

O contencioso aduaneiro está estruturado em três O processo de adesão de Cabo Verde à Organização
áreas: o contencioso técnico- aduaneiro, o contencioso Mundial do Comércio veio, entretanto, conferir maior
administrativo aduaneiro e o contencioso fiscal adua- prioridade à adopção do Código Aduaneiro, que figura
neiro, sendo que, à data da aprovação do Contencioso como um dos compromissos assumidos por Cabo Verde
Aduaneiro, os dois primeiros estavam regulados no Re- perante essa organização internacional.
gulamento Orgânico então vigente e o último disperso
Com a aprovação do Código Aduaneiro cumpre-se,
por vários diplomas avulsos.
assim, não só uma meta importante estabelecida pela
O Contencioso Aduaneiro de 1944 assumiu como tarefa administração aduaneira, mas também esse compromisso
sua a regulação de toda a matéria relativa ao contencioso internacional assumido por Cabo Verde.
aduaneiro fiscal, ou seja, a componente adjectiva e subs-
tantiva, cuidando da definição dos crimes e transgressões Constituem linhas mestras do Código Aduaneiro as
aduaneiras e dos respectivos processos e órgãos respon- seguintes:
sáveis pelo seu julgamento e decisão definitiva.
a) A integração num único diploma de toda a
Já o Estatuto Orgânico das Alfândegas de 1960 com- matéria relativa à aplicação da legislação
porta apenas dois livros, o primeiro, sobre disposições aduaneira e ao contencioso a ela associado,
preliminares e um segundo, bastante denso e exaustivo pondo fim à separação que a partir de 1960

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passara a existir entre, por um lado, um nacionais, por forma a acelerar o processo
Estatuto Orgânico regulando a organização de consecução do objectivo hoje abraçado por
e o funcionamento dos órgãos e serviços quase todas as administrações aduaneiras
aduaneiros, os regimes e os destinos das modernas e pelas organizações internacionais
mercadorias sob acção aduaneira, a liquidação de âmbito universal ou regional de que fazem
e cobrança dos direitos e outras imposições parte, no sentido da construção de um serviço
aduaneiras, os quadros do pessoal técnico – de alfandegas sem papéis, com redução de
aduaneiro e os serviços que com ele cooperam custos quer para as administrações, quer
na prevenção e combate às infracções fiscais para os operadores económicos;
aduaneiras e um Contencioso Aduaneiro
regulando as infracções fiscais aduaneiras g) O reforço da capacidade inspectiva e de fiscalização
e o respectivo processo, bem como os das alfândegas sobre as mercadorias sujeitas
processos do contencioso técnico-aduaneiro e a fiscalização aduaneira e sobre os respectivos
administrativo aduaneiro; detentores, visando aumentar a eficácia da
acção de prevenção e combate da violação da
b) A subordinação na regulação do regime de legislação aduaneira;
cooperação entre as autoridades aduaneiras
e as autoridades policiais à nova filosofia h) A incorporação das disposições dos acordos e
subjacente à organização dessas forças convenções internacionais aos quais Cabo
consubstanciada, em particular, na criação Verde passou a estar vinculado, com a sua
recente da Polícia Nacional, seguida da adesão à Organização Mundial do Comércio,
aprovação do seu diploma orgânico e de em especial os que têm directamente a ver
um novo estatuto para o pessoal policial da com a actividade aduaneira de liquidação dos
Guarda Fiscal; impostos e demais imposições aduaneiras,
designadamente, as convenções sobre o
c) A manutenção dos regimes de entrada e saída de valor aduaneiro, as regras de origem das
mercadorias previstos no Estatuto Orgânico mercadorias e as medidas de defesa comercial,
das Alfândegas e reiterados em diplomas como é o caso das medidas anti-dumping e de
sobre o comércio externo posteriormente salvaguarda e os direitos compensatórios;
publicados;
i) A clarificação das atribuições da alfandegas
d) A manutenção da disciplina substantiva em matéria de protecção da propriedade
dele constante, relativa aos regimes intelectual em consonância não só com os
aduaneiros, respectivos âmbitos, mercadorias compromissos assumidos com a sua adesão à
beneficiárias, duração e consequências do seu Organização Mundial do Comércio, mas com
incumprimento; as responsabilidades que lhes são atribuídas
pela legislação interna sobre a matéria
e) A manutenção da actual estrutura actual recentemente publicada, designadamente, o
tripartida do contencioso aduaneiro e Código da Propriedade Industrial e a Lei sobre
respectivos âmbitos, com a absorção total, os Direitos de Autor e Direitos Conexos.
no concernente ao contencioso criminal
e contra-ordenacional aduaneiros, da Em suma, o Código Aduaneiro ora aprovado é uma
disciplina constante da Lei das Infracções legislação de natureza marcadamente instrumental,
Aduaneiras, adoptada em 1995, sem prejuízo em que a reforma aduaneira a que pretende dar corpo é
dos ajustamentos impostos pela aprovação mais de ordem procedimental, não apresentando muitas
recente do Código Penal e do Código de inovações, excepto na parte exigida pela necessidade de
Processo Penal; compatibilização da legislação especifica à legislação geral
a cujos princípios e regras gerais se deva subordinar,
f) A manutenção, no essencial, do regime de incluindo os acordos e convenções internacionais que
tramitação do processo de desembaraço vinculam Cabo Verde enquanto membro da Organização
aduaneiro de mercadorias, que constitui o Mundial do Comércio.
cerne da actividade aduaneira, ressalvadas
as alterações resultantes do dever de O Código Aduaneiro que ora se aprova assume-se
subordinação aos princípios constitucionais como a âncora de um processo transformador que se
e legais de organização da actividade pretende mais profundo e alargado, nomeadamente no
administrativa em geral, designadamente os que respeita à simplificação dos regimes aduaneiros, não
princípios da racionalização, da simplificação só em termos de redução significativa do número actu-
e da modernização de procedimentos, almente existente, mas também e sobretudo a nível da
já traduzidos em metas e objectivos desmaterialização dos procedimentos a eles associados,
do Governo em matéria de governação com a consequente atribuição de idêntico valor jurídico
electrónica, rentabilizando e potenciando dos actos e informações em suporte aos processados por
as funcionalidades da aplicação informática via electrónica, tendo sempre em mira a convergência e
“Sydonia++”, que tem servido de suporte ao a harmonização normativa com a legislação aduaneira
processo de informatização das alfândegas internacional.

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A cabal aplicação do Código Aduaneiro exige, entre- c) O vendedor inclui no preço todas as despesas
tanto, outras reformas, merecendo, neste particular, relacionadas com a venda da mercadoria e a
uma referência especial a necessidade de uma maior sua entrega no referido local de entrada;
convergência da disciplina legal dos tributos geridos pela
Direcção-Geral das Contribuições e Impostos e os geridos d) O comprador suporta no país de destino da
pela Direcção-Geral das Alfândegas, bem como a urgên- mercadoria o encargo dos direitos e de
cia da reestruturação do Tribunal Fiscal Aduaneiro, de quaisquer outras imposições exigíveis, bem
forma a assumir em plenitude as suas responsabilidades como as despesas de transporte e outras,
constitucionais. efectuadas com a mercadoria após a sua
introdução no território aduaneiro nacional.
Termos em que,
Artigo 5º
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei
Venda em condições de plena concorrência
nº 46/VII/2009, de 7 de Dezembro,
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do número 2 do Entende-se como efectuada em condições de plena con-
artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: corrência, para efeitos de determinação do preço normal
da mercadoria, a venda na qual:
CAPÍTULO I
a) O pagamento do preço da mercadoria constitui a
Disposições Gerais única prestação efectiva do comprador;
Artigo 1º
b) O preço convencionado não é influenciado pelas
Aprovação do Código relações comerciais, financeiras ou outras,
contratuais ou não, que pudessem existir,
É aprovado o Código Aduaneiro, em anexo ao presente
fora das criadas pela própria venda, entre
Decreto-Legislativo, do qual faz parte integrante, e baixa
o vendedor, de um lado, e o comprador, do
assinado pelo Ministro das Finanças.
outro, ou entre uma pessoa associada em
Artigo 2º negócios ao vendedor e uma pessoa associada
Valor aduaneiro de Bruxelas
em negócios ao comprador;

Até à entrada em vigor do Acordo sobre a aplicação do c) Nenhuma parte do produto proveniente da
artigo VII do GATT, a determinação do valor aduaneiro cessão ou da utilização da mercadoria reverte,
das mercadorias continua a fazer-se nos termos das Ins- directa ou indirectamente, para o vendedor ou
truções Preliminares da Pauta Aduaneira e da Convenção para qualquer outra pessoa a ele associada.
de Bruxelas relativa ao valor aduaneiro e de conformida- Artigo 6º
de com o disposto no presente decreto - legislativo.
Pessoas associadas em negócio
CAPÍTULO II
Para os efeitos de determinação do preço normal da
Apuramento do valor aduaneiro durante
mercadoria importada, duas pessoas são consideradas
o período transitório
associadas em negócios se uma delas possui um interesse
Artigo 3º qualquer no negócio do outro ou se ambas possuem um
interesse comum ou, ainda, se uma terceira pessoa possui
Valor aduaneiro na importação
um interesse no comércio de cada uma delas, quer esses
Durante o período transitório, o valor da mercadoria interesses sejam directos ou indirectos.
importada continua a ser determinada com base no seu
Artigo 7º
preço normal ou estimado, que corresponde ao preço
reputado como susceptível de ser atribuído a essa mer- Mercadorias fabricadas com patente ou outros
cadoria no caso de uma venda efectuada em condições de
plena concorrência entre um comprador e um vendedor Quando as mercadorias a avaliar sejam fabricadas com
independentes entre si. patente, sejam objecto de um design ou de um modelo
registado, sejam portadoras de uma marca de fabrico ou
Artigo 4º
de comércio estrangeira ou são importadas para serem
Pressupostos a considerar na determinação do preço normal vendidas sob uma tal marca, a determinação do preço
normal é feita tomando em consideração que o mesmo
O preço normal da mercadoria importada é determi- compreende o valor do direito de utilização da patente,
nado, levando-se em consideração que: do design ou do modelo registados ou da marca de fabrico
a) O momento a tomar em consideração é o da ou de comércio, relativos às ditas mercadorias.
data de registo da declaração em detalhe na Artigo 8º
estância aduaneira competente;
Apresentação de documentos
b) As mercadorias são entregues ao comprador
no lugar da sua introdução no território 1.Para efeitos de apuramento do valor aduaneiro da
aduaneiro; mercadoria importada, as autoridades aduaneiras podem

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exigir ao declarante a apresentação, para além da fac- res independentes ou quando, da aplicação das demais
tura, dos acordos, contratos, correspondências e demais disposições aplicáveis não se puder chegar ao cálculo do
documentação relacionada com transacção em causa. preço normal, a taxa ou o montante de ajustamento po-
dem ser estabelecidos pesquisando os serviços e despesas
2. As autoridades aduaneiras podem igualmente exigir assumidos pelos compradores e relativos à importação,
do declarante todos os elementos de prova relevantes assim como na revenda das mercadorias, incorporando
para a determinação das despesas de transporte marí- os seus valores no valor a declarar, desde que esses ser-
timo ou aéreo, necessárias para o apuramento do valor viços e essas despesas fossem assumidos pelo vendedor
da mercadoria a despachar. no país de importação se a venda fosse efectuada a um
Artigo 9º comprador independente.
Declaração das relações entre comprador e vendedor Artigo 14º
Especificação de custos e serviços
O declarante da mercadoria deve ainda indicar se a
transacção foi efectuada em condições de plena concor- 1.Os serviços e despesas referidos no artigo anterior
rência entre um comprador e um vendedor independentes incluem, em particular:
e precisar se existe alguma relação ente o comprador e o
a) Estudos e exploração do mercado do país de
vendedor, nos termos previstos no presente diploma e em
importação;
demais legislação aplicável, em especial se algum deles
é distribuidor exclusivo, agente geral, filial ou sucursal b) Publicidade com a marca sob a qual as
do outro. mercadorias estrangeiras são vendidas;
Artigo 10º c) Franquia (franchise);
Valor das facturas d) Manutenção de salas de exposição que excedam
as necessidades normais de revenda da
1. As facturas e a documentação referidas no artigo 8º
organização;
não vinculam as alfândegas quanto à determinação do
valor aduaneiro. e) Participação em feiras e exposições;

2. Pode, entretanto, aceitar-se como valor aduaneiro f) Serviços gratuitos prestados ao abrigo da garantia
o preço indicado na factura, desde que se verifique que do fabricante.
o cálculo feito obedece às condições exigidas para a de- 2. Para efeitos de determinação da taxa do ajustamen-
terminação do preço normal e não se suscitem quaisquer to, as autoridades aduaneiras poderão recorrer a dados
dúvidas quanto à exactidão dos elementos fornecidos. constantes da contabilidade do comprador referente ao
Artigo 11º ano anterior, quando os factores tenham mantido sufi-
ciente estabilidade.
Conversão monetária
3. A taxa ou o montante do ajustamento devem ser
1.Quando os elementos de suporte à determinação do indicados na declaração.
valor aduaneiro de uma mercadoria estiverem expressos
Artigo 15º
em moeda estrangeira, a conversão é fixada segundo o
câmbio do dia do registo da declaração em detalhe. Aplicação da taxa a casos subsequentes

2. Na falta de câmbio do dia, por se tratar de feriado As autoridades aduaneiras devem aplicar a taxa de
ou por outro motivo qualquer, a conversão é feita com ajustamento assim obtida a operações subsequentes
base no câmbio disponível do último dia imediatamente idênticas, enquanto se mantiverem inalterados os fac-
anterior. tores, contratuais e outros, a que se recorreu para se
estabelecer o ajustamento.
Artigo 12°
Artigo 16º
Ajustamento do preço
Valor Mercurial
1.Quando o preço pago ou a pagar for diferente do preço Para as mercadorias sujeitas a um procedimento sim-
normal, o preço pago ou a pagar deve ser ajustado a fim plificado de desembaraço aduaneiro, designadamente,
de se estabelecer o preço normal. separados de bagagens e remessas, em que, pelas regras
2. Para o cálculo da taxa ou montante do ajustamento, da experiência comum, se reconheça ser extremamente
o declarante deve tomar em consideração os descontos ou difícil a comprovação dos respectivos preços por factura
outras reduções de preço concedidos aos representantes ou outra documentação comercial, o valor a declarar
exclusivos ou autorizados, abatimentos e outras reduções pode ser fixado a forfait, sendo considerado como valor
anormais em relação ao preço concorrencial habitual. mercurial.
Artigo 17º
Artigo 13º
Fabrico e comércio sob marca própria
Taxa de ajustamento
As disposições deste capítulo aplicam-se às mercado-
Quando o preço normal não puder ser determinado por rias importadas que se destinem a venda sob marca de
comparação com o preço feito pelo comprador a vendedo- fabrico ou comercial, após complemento de fabrico.

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Secção II Artigo 21º

Valor aduaneiro na exportação Remissões

Artigo 18º As remissões feitas para os diplomas e disposições


legais revogadas consideram-se feitas para o Código
Período transitório
Aduaneiro, para o presente diploma e para as correspon-
O valor da mercadoria na exportação é o declarado na dentes disposições de um e de outro.
estância aduaneira de exportação na data da realização Artigo 22º
desta, incluindo o custo de transporte até ao local de
embarque. Operações em curso

CAPÍTULO III As mercadorias e os meios de transporte que, à data


da entrada em vigor do diploma, já tenham sido apresen-
Disposições finais tadas às autoridades aduaneiras, continuam a reger-se
pela legislação ao abrigo da qual a referida formalidade
Artigo 19º foi cumprida.
Revogação Artigo 23º

1.É revogada, a partir da data da entrada em vigor do Regulamentação


presente diploma e do Código Aduaneiro ora aprovado,
toda a legislação que os contrarie, designadamente: O Governo aprova os regulamentos necessários à execução
do presente diploma e do Código por ele aprovado.
a) O Decreto nº 43.199, de 20 de Dezembro de Artigo 24º
1960, que aprovou o Estatuto Orgânico das
Alfândegas; Manutenção da composição actual do Conselho Técnico -
Aduaneiro
b) O Decreto-Lei nº 33.531, de 21 de Fevereiro de
1944, que aprovou o Contencioso aduaneiro; É mantida a composição do Conselho Técnico-Aduanei-
ro constante do Decreto-Lei nº 30/2003, de 30 de Agosto,
c) O Decreto-Lei nº 48 214, de 22 de Janeiro de entretanto revogado pelo artigo 47º do Decreto-Lei nº
1968, que criou a figura de praticantes 45/2009, de 23 de Novembro, que aprovou a nova estru-
de despachantes oficiais e regulou a tura orgânica do Ministério das Finanças.
suaactividade; Artigo 25º

d) O Decreto nº 27/89, de 27/01/1989, que institui Despachantes oficiais


nas alfândegas o regime de entreposto
aduaneiro; Enquanto não se proceder à revisão e modernização do
estatuto do despachante oficial, o exercício dessa activi-
e) O Decreto nº84/88, de 17/09/1988, que dade profissional passa a reger-se pelo Código Aduaneiro,
cria armazéns especiais nos terminais continuando sujeita à supervisão e fiscalização do Estado,
aeroportuários e aprova o respectivo através da Direcção-Geral das Alfândegas.
regulamento;
Artigo 26º
e) O Decreto-Lei nº 9/94, de 14 de Fevereiro, sobre Descentralização da gestão em associação pública
o Conselho Técnico- Aduaneiro; profissional

f) O Decreto-Legislativo nº 5/95, de 27 de Junho, Serão equacionadas em sede da revisão e modernização


que aprovou o Regime das Infracções Fiscais do estatuto do despachante oficial e em estreita articu-
Aduaneiras; lação com os profissionais do sector a oportunidade e a
conveniência da descentralização, nos termos da lei, da
g) O decreto nº108/92, de 24 de Agosto, que autorizou regulação e fiscalização dessa actividade em associação
a criação das sociedades de despachantes pública profissional.
oficiais e revogou o artigo 389º dos Estatutos
das Alfândegas; Artigo 27º

Legislação subsidiária do Código Aduaneiro


h) O Decreto-Legislativo nº 12/97, de 9 de Junho, que
introduziu alterações ao Decreto-Legislativo Aplicam-se subsidiariamente ao Código Aduaneiro e
nº 5/95, de 27 de Junho; com as devidas adaptações, designadamente, os seguintes
diplomas:
2. Mantêm-se, entretanto, transitoriamente em vigor
as disposições do Estatuto Orgânico das Alfândegas não a) Em matéria de liquidação e cobrança de
directamente reguladas pelo presente diploma e pelo Có- impostos, as leis de criação desses impostos, o
digo, as quais só se consideram revogadas após a entrada Código Geral Tributário, o Código de Processo
em vigor dos regulamentos para os quais a disciplina das Tributário e a Lei Orgânica do Tribunal Fiscal
matérias que delas constituem objecto for remetida. Aduaneiro;

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b) Em matéria de infracções fiscais aduaneiras, o Artigo 2º


Código Penal, o Código de Processo Penal, o Definições
regime jurídico das Contra-Ordenações e a
Lei de Investigação Criminal; Para efeitos do presente Código, entende-se por:
c) Em matéria de responsabilidade civil, o Código a) Agentes aduaneiros: os funcionários dos
Civil; quadros privativos da Direcção-Geral das
Alfândegas;
d) Em matéria de venda de mercadorias apreendidas,
retidas, abandonadas e achadas, o Código de b) Agentes de fiscalização aduaneira: os
Processo Civil. elementos da Guarda Fiscal ou de outras
corporações com competência legal para
Artigo 28º exercer a fiscalização aduaneira;
Entrada em vigor
c) Alfândegas: As estâncias aduaneiras, os
postos fiscais, os caminhos que directamente
O presente diploma e o Código por ele aprovado
conduzem àqueles e a estes, os depósitos sob
entram em vigor no prazo de 90 dias a contar da sua
regime aduaneiro, e, em geral, os locais sujeitos
publicação.
a fiscalização onde se efectuem o embarque e o
Visto e aprovado em Conselho de Ministros em desembarque de passageiros ou as operações
de carga e descarga de mercadorias cativas de
José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Monteiro direitos aduaneiros ou outros impostos cuja
Duarte - Lívio Fernandes Lopes cobrança esteja cometida às alfândegas, nos
termos do artigo deste Código;
Promulgado em 3 de Junho de 2010
d) Apresentação das mercadorias às
Publique-se. alfândegas: A comunicação às autoridades
aduaneiras da chegada de mercadorias à
O Presidente da República, PEDRO VERONA RO- estância aduaneira ou a qualquer outro local
DRIGUES PIRES designado ou aprovado pelas autoridades
aduaneiras, bem como da disponibilidade
Referendado em 3 de Junho de 2010 dessas mercadorias para controlo aduaneiro;
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves e) Autoridade aduaneira: A administração
aduaneira nacional responsável pela
CÓDIGO ADUANEIRO aplicação da legislação aduaneira e qualquer
outra autoridade que, por força da legislação
TÍTULO I nacional, tenha competência para aplicar
determinada legislação aduaneira;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
f) Autorização de saída de mercadorias:
CAPÍTULO I
A colocação à disposição de determinada
Princípios Gerais pessoa, pelas autoridades aduaneiras, das
mercadorias para os fins previstos no regime
Artigo 1º aduaneiro ao qual estão sujeitas;

Objecto do Código g) Comissão de compra: A remuneração paga por


um importador ao seu agente pelos serviços
1. O presente código regula o sistema aduaneiro cabo- prestados em sua representação na aquisição
verdiano, constituído pelo conjunto de órgãos e serviços das mercadorias sujeitas ao apuramento do
responsáveis pela aplicação da legislação aduaneira e respectivo valor aduaneiro;
pela fiscalização do seu cumprimento, em estreita arti-
culação com outras entidades públicas que nesse âmbito h) Controlos aduaneiros: Os actos específicos
lhes prestam o seu necessário concurso, bem como pela executados pelas autoridades aduaneiras
promoção das medidas necessárias à efectivação da res- a fim de garantirem a correcta aplicação da
ponsabilidade civil e criminal, ou outra resultante do legislação aduaneira e de outra legislação
seu incumprimento, junto às instâncias jurisdicionais que regule a entrada, a saída, o trânsito, a
competentes. transferência, a armazenagem e a utilização
para fins especiais de mercadorias que
2. O presente código regula igualmente o procedimento circulem entre o território aduaneiro de Cabo
de desembaraço aduaneiro de mercadorias, incluindo Verde e quaisquer outros territórios;
a liquidação e cobrança das taxas e impostos devidos,
tipifica as infracções fiscais aduaneiras e estabelece os i) Crédito para levantamento: Facilidade
princípios e regras substantivas e processuais a elas instituída pelo Decreto nº146/91, de
aplicáveis. 5/10/91, a favor dos despachantes oficiais

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e caixeiros despachantes, e extensiva, exportar, cuja liquidação e cobrança cabem às


em casos devidamente fundamentados a autoridades aduaneiras, bem como a dívida
outras entidades, que permite, observados referente à coima aplicada em processo de
os pressupostos legalmente exigidos, contra-ordenação fiscal aduaneira;
designadamente, o oferecimento de
garantia bancária idónea, a autorização de t) Estância aduaneira: O local designado pelas
levantamento de mercadorias em processo autoridades aduaneiras para o controlo,
de desalfandegamento, após a sua verificação fiscalização e apresentação de mercadorias
e ainda antes do apuramento da dívida importadas ou exportadas e para o pagamento
aduaneira; de direitos que sobre as mesmas sejam
devidos;
j) Crédito de direitos: Facilidade instituída pelo
u) Fiscalização pelas autoridades aduaneiras:
DL nº 146/91, de 5/10/91, a favor de qualquer
A acção empreendida a nível geral pelas
interessado num processo de desembaraço de
autoridades aduaneiras destinada a assegurar
mercadorias importadas para consumo, que
o cumprimento da legislação aduaneira e,
permite, observados os pressupostos legais
se for caso disso, das restantes disposições
exigidos, designadamente, o oferecimento de
aplicáveis às mercadorias sujeitas a controlo
garantia idónea e a sujeição ao pagamento
aduaneiro;
dos juros vencidos e vincendos sobre a dívida,
a prorrogação do prazo normal de pagamento v) Formalidades aduaneiras: O conjunto das
de direitos e de outras imposições devidas em operações que devem ser executadas pelas
relação às referidas mercadorias. pessoas interessadas e pelas autoridades
aduaneiras em cumprimento da legislação
k) Declarante: Uma pessoa que efectua uma aduaneira;
declaração em nome próprio ou a pessoa em
cujo nome essa declaração é efectuada; w) Gestão de risco: A identificação sistemática
do risco e a aplicação de todas as medidas
l) Demais imposições aduaneiras”, “demais necessárias para limitar a exposição ao risco.
imposições” ou “demais imposições e Tal inclui a recolha de dados e de informações,
encargos”: Impostos, taxas, emolumentos, a análise e avaliação do risco, a realização
com exclusão dos direitos aduaneiros de de acções e o controlo regular e a revisão do
importação, que recaem sobre o valor das processo de avaliação e dos seus resultados;
mercadorias a importar ou a exportar e cuja
arrecadação esteja legalmente cometida às x) Importação: O acto de introduzir mercadorias
autoridades aduaneiras; no território aduaneiro nacional;

m) Detentor das mercadorias: A pessoa que é y) Importação para consumo: A introdução


proprietária das mercadorias ou que é titular de mercadorias no território aduaneiro
de um direito de disposição equivalente sobre cabo-verdiano, provenientes de territórios
as mesmas ou que sobre elas exerce um aduaneiros terceiros e a introdução em livre
controlo físico; prática, mediante o pagamento de direitos de
importação e de outras imposições devidas.
n) Devedor: Qualquer pessoa responsável por uma
dívida aduaneira ou dívida correlacionada. z) Legislação aduaneira: O conjunto da legislação
constituído, designadamente. por:
o) Direitos de exportação: Os direitos
i. Leis que criem impostos e taxas cuja
aduaneiros devidos aquando da exportação
liquidação e cobrança caibam às autoridades
de mercadorias
aduaneiras;
p) Direitos de importação: Os direitos ii. Código Aduaneiro e as respectivas disposições
aduaneiros devidos aquando da importação de execução;
de mercadorias;
iii. Pauta Aduaneira, suas instruções
q) Dispensa de pagamento: A dispensa, nos preliminares e a Nomenclatura em que se
termos da lei, da obrigação de pagamento de baseia, no caso, a Nomenclatura do Sistema
direitos de importação e de outras imposições Harmonizado de Designação e Codificação de
devidas que não tenham sido pagos; Mercadorias e as Regras Gerais para a sua
interpretação;
r) Dívida aduaneira: A obrigação de uma pessoa
pagar o montante dos direitos de importação iv. Legislação relativa ao regime de franquias
que se aplicam a determinadas mercadorias aduaneiras;
ao abrigo da legislação em vigor;
v. Quaisquer acordos internacionais que
s) Dívida correlacionada: A dívida gerada contenham disposições em matéria aduaneira
pelas demais imposições que recaem sobre e sejam aplicáveis na ordem interna
o valor das mercadorias a importar ou a caboverdiana.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 9

aa) Mercadorias de exportação temporária: sistematicamente e codificadas por posições,


As mercadorias sujeitas a regime de subposições e artigos pautais, e em que estão
aperfeiçoamento passivo; consignadas as taxas dos impostos que estão
sujeitas as mercadorias à entrada no território
bb) Mercadorias de importação: As mercadorias aduaneiro caboverdiano;
sujeitas a um regime suspensivo e as
mercadorias que, sujeitas especificamente jj) Período de transição: O período em que, nos
aos regimes de aperfeiçoamento activo termos do Protocolo de Adesão de Cabo Verde
sob a forma de sistema de draubaque e de à OMC, a que se referem as Resoluções nºs 73/
transformação sob controlo aduaneiro, forem VII/2008 e 99/VII/2009, respectivamente, de
objecto de formalidades para a introdução em 19/06/08 e 11/05/09, o Acordo relativo ao artigo
livre prática; VII do GATT não se aplica integralmente
ao país, ficando, entretanto, este adstrito
cc) Mercadorias em estado inalterado: As às seguintes obrigações: de aplicação da
mercadorias de importação que, sujeitas a legislação actual e futura relativa à matéria a
um regime de aperfeiçoamento activo ou a todas as importações, segundo o princípio não
um regime de transformação sob controlo discriminatório de “nação mais favorecida”;
aduaneiro, não forem objecto de qualquer de não introdução na legislação ora vigente
forma de transformação; de alterações que redundem num grau de
cumprimento do Acordo inferior ao existente
dd) Mercadorias equivalentes: As mercadorias
à data da adesão do país à OMC; de criar as
produzidas em Cabo Verde que sejam
condições, com recurso a assistência técnica,
utilizadas, em vez de mercadorias de
para garantir completa aplicação do Acordo
importação, para a manufactura de produtos
após o período transitório;
compensadores;
kk) Período pós transição: o período a partir
ee) Mercadorias em livre prática: As mercadorias
do qual o Acordo sobre o artigo VII do GATT
importadas relativamente às quais todas as
(Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio)
formalidades de importação foram cumpridas
passa aplicar-se integralmente em Cabo
e todos os direitos ou encargos com efeito
Verde, substituindo-se o regime actual de
equivalente devidos foram cobrados, desde
cálculo pelo denominado Valor de Bruxelas,
que não tenham beneficiado do reembolso
de acordo com o Decreto nº45.790, de 08 de
total ou parcial desses direitos ou encargos;
Julho de 1960, na base do “preço normal”,
ff) Mercadorias proibidas: Mercadorias cujo pelo regime de cálculo do referido valor com
trânsito, importação ou exportação seja base no “preço transaccional” da mercadoria;
proibida, nos termos da legislação aplicável;
ll) Pessoa: As pessoas singulares, colectivas ou
gg) Mercadorias sujeitas a restrições ou qualquer associação de pessoas a que seja
mercadorias de importação ou de reconhecida, ao abrigo da legislação nacional,
exportação restrita: Mercadorias cuja capacidade para praticar actos jurídicos,
importação ou exportação esteja sujeita, nos ainda que sem ter o estatuto jurídico de
termos da legislação aplicável, a condições ou pessoa colectiva;
restrições especiais;
mm) Procedimentos aduaneiros especiais:
hh) Operações de aperfeiçoamento: O meios para identificar, dentro de um mesmo
complemento de fabrico de mercadorias, regime, os diferentes tratamentos aduaneiros
incluindo a sua montagem ou acoplamento que podem ser aplicados às mercadorias;
e adaptação a outras mercadorias, podendo
nn) Produtos compensadores: Todos os produtos
consistir, nomeadamente, na:
resultantes de operações de aperfeiçoamento;
i. transformação de mercadorias;
oo) Regime aduaneiro: Os tratamentos que,
ii. reparação de mercadorias, incluindo a sua dentro do destino aduaneiro aplicável, podem
recuperação e afinação; ser dispensados pelas autoridades aduaneiras
às mercadorias que lhes sejam apresentadas
iii. utilização de certas mercadorias, definidas para importação ou exportação;
pelas autoridades nacionais, que não se
encontram nos produtos compensadores, mas pp) Regime aduaneiro declarado: Modalidade
que permitem ou facilitam a obtenção destes de tratamento que o declarante atribui às
produtos, mesmo que desapareçam total ou mercadorias e ou aos meios de transporte
parcialmente no decurso da sua utilização. no momento da apresentação da declaração
aduaneira às alfândegas, de acordo com o uso ou
ii) Pauta Aduaneira: O diploma legal constituído destino que lhes pretenda dar no cumprimento
por quadros ou tabelas em que estão designadas das normas e procedimentos prescritos na lei
as diversas mercadorias, distribuídas aduaneira, devendo esse regime assumir uma

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10 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

das modalidades tipificadas neste Código, ww) Titular do regime: A pessoa que efectua
designadamente a importação definitiva, uma declaração aduaneira ou por conta de
importação temporária, reimportação, quem é efectuada a declaração aduaneira,
exportação definitiva, exportação temporária, ou a pessoa para quem foram transferidos os
reexportação e trânsito aduaneiro; direitos e obrigações de tal pessoa relativos a
um procedimento aduaneiro;
qq) Regime aduaneiro suspensivo: Qualquer dos
regimes aduaneiros sob o qual as Alfândegas xx) Trânsito aduaneiro: O regime aduaneiro a que
podem autorizar, nos termos do Código e estão sujeitas as mercadorias transportadas,
da legislação complementar, a libertação sob controlo aduaneiro, de uma estância
condicional das mercadorias e/ou dos meios aduaneira para outra, situadas ambas no
de transporte importados ou exportados, com território aduaneiro nacional ou neste e
suspensão de pagamento de direitos e ou num território aduaneiro estrangeiro, com
demais imposições devidos; franquia de direitos e de outras imposições e
sem sujeição a medidas de política comercial;
rr) Regime de aperfeiçoamento activo sob
a forma de Draubaque: O regime de yy) Transbordo : A operação aduaneira, ao abrigo
aperfeiçoamento activo de mercadorias em da qual, sob controlo aduaneiro, mercadorias
livre prática com reembolso ou dispensa de são transferidas do meio de transporte em
pagamento de direitos de importação sobre que foram importadas para outro meio
essas mercadorias se forem exportados do de transporte para exportação, sendo a
território aduaneiro de Cabo Verde sob a transferência efectuada numa zona aduaneira
forma de produtos compensadores; que esteja autorizada para a importação de
ss) Regime de aperfeiçoamento activo mercadorias.
sob sistema suspensivo: O regime de
zz) Verificação: Abrange, quer a verificação das
aperfeiçoamento activo de mercadorias não
mercadorias e ou dos meios de transporte,
originárias de Cabo Verde destinadas à
quer a verificação documental, salvo se do
reexportação do território aduaneiro nacional
contexto resultar sentido diverso.
sob a forma de produtos compensadores, não
estando essas mercadorias sujeitas a direitos aaa) Verificação das mercadorias ou inspecção
de importação nem a medidas de política das mercadorias: As operações pelas quais
comercial; as autoridades aduaneiras procedem ao
tt) Representante aduaneiro: Qualquer pessoa exame físico das mercadorias a fim de se
designada por outrem para executar junto certificarem de que a sua natureza, origem,
das autoridades aduaneiras os actos e estado, quantidade, valor, especificações
as formalidades exigidos pela legislação pautais, incluindo as respectivas taxas e o
aduaneira, no âmbito do procedimento de regime a que possam estar sujeitas, estão
desembaraço de mercadorias e de meios de em conformidade com os dados da declaração
transporte; aduaneira;

uu) Risco: A probabilidade de ocorrência, em relação bbb) Verificação documental, verificação


à entrada, saída, trânsito, transferência ou dos documentos ou conferência da
utilização para fins especiais de mercadorias declaração de mercadorias: As operações
que circulem entre o território aduaneiro de pelas quais as alfândegas procedem ao exame
Cabo Verde e países ou territórios que não da documentação apresentada, incluindo
façam parte desse território, de um incidente as operações pelas quais as autoridades
que: aduaneiras se certificam de que a declaração
de mercadorias está feita correctamente
i. Impeça a correcta aplicação de medidas e os documentos justificativos necessários
nacionais relacionadas com a circulação de satisfazem as condições exigidas;
mercadorias de e para Cabo Verde;
ccc) Viajante: Qualquer pessoa singular que entra
ii. Comprometa os interesses financeiros de
ou sai do território aduaneiro, para efeitos
Cabo Verde;
de aplicação da legislação aduaneira, no que
iii. Constitua uma ameaça para a protecção toca ao conceito de bagagem.
e segurança de Cabo Verde e dos seus
Artigo 3º
residentes, para a saúde humana, dos animais
ou das plantas, para o ambiente ou para os Serviço nuclear do sistema aduaneiro
consumidores.
As alfândegas constituem a estrutura nuclear do siste-
vv) Taxa de rendimento: A quantidade ou a ma aduaneiro cabo-verdiano, enquanto principal serviço
percentagem de produtos compensadores operacional responsável pela protecção e supervisão das
obtidos no aperfeiçoamento de uma quantidade fronteiras nacionais no âmbito do comércio internacional
determinada de mercadorias importadas; de mercadorias.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 11
Artigo 4º de personalidade jurídica, devem cooperar com as au-
Definição toridades aduaneiras e fornecer-lhes toda a informação
e documentação de que estas careçam para o exercício
1. As alfândegas são serviços desconcentrados do das suas funções.
Estado, integrados hierárquica e funcionalmente na
Artigo 10º
estrutura central do departamento ministerial com
superintendência sobre o sector das finanças públicas, Requisição de serviços a outras entidades
a quem cabe aplicar, na respectiva área de jurisdição, a
legislação aduaneira e fiscalizar o seu cumprimento. Sempre que não possam, devido a insuficiência de
meios logísticos, materiais e humanos, levar a cabo, com
2. As alfândegas exercem também funções de órgãos recursos exclusivamente próprios, missões extraordiná-
de polícia criminal no respeitante às infracções fiscais rias que sejam da sua responsabilidade, as autoridades
aduaneiras e a outras infracções em cuja prevenção e aduaneiras requisitam, pelas vias legais, o apoio necessá-
repressão participam, sendo as respectivas competências rio à realização de tais missões às autoridades marítimas,
nesse âmbito as definidas no presente Código e em demais policiais ou militares.
legislação aplicável.
Artigo 11º
Artigo 5º
Articulação especial
Território aduaneiro nacional

O território aduaneiro cabo-verdiano abrange todo o No exercício das suas funções, as autoridades adua-
território nacional tal como vem definido no artigo 6º neiras articulam-se de modo especial com todas as forças
da Constituição da República, compreendendo as ilhas, policiais e militares que tenham a seu cargo a vigilância
os ilhéus e as ilhotas, as aguas interiores, as águas ar- do território nacional, a prevenção e a repressão de in-
quipelágicas, o mar territorial e o espaço aéreo a eles fracções, em especial as fiscais aduaneiras, as contra a
suprajacente, bem como as zonas marítimas sobre as saúde pública, as relativas ao tráfico internacional ilícito
quais o Estado exerce direitos soberania, nomeadamente, de drogas e de armas, à comercialização de espécies ani-
a zona contígua, a zona económica exclusiva e a plata- mais e vegetais em vias de extinção, à contrafacção de
forma continental. mercadorias e à violação da propriedade intelectual.

Artigo 6º Artigo 12º

Âmbito de jurisdição das autoridades aduaneiras Cooperação aduaneira e assistência mútua administrativa

As autoridades aduaneiras exercem jurisdição sobre 1.Com vista ao seu fortalecimento institucional e à
todo o território aduaneiro nacional. criação de um ambiente favorável a um comércio inter-
Artigo 7º
nacional mais justo e equitativo, os serviços aduaneiros
nacionais participam em instituições internacionais mul-
Divisão do território aduaneiro tilaterais ligadas à problemática aduaneira e ao comércio
A divisão do território aduaneiro obedece a critérios que internacional de mercadorias e estabelecem acordos de
visam a funcionalidade dos serviços aduaneiros e a sua cooperação com administrações aduaneiras estrangeiras
proximidade dos operadores económicos e dos utentes em congéneres, em especial com as do espaço lusófono.
geral, bem como maior eficácia da fiscalização aduaneira
2. No quadro desses acordos de cooperação e na base
na prevenção e repressão da criminalidade associada ao
do princípio da reciprocidade, os serviços aduaneiros
comércio internacional de mercadoria, em especial das
nacionais estão autorizados a fornecer às autoridades
infracções fiscais aduaneiras.
habilitadas de países estrangeiros todas as informações,
Artigo 8º certificados, autos e outros documentos susceptíveis de
Circunscrições aduaneiras provarem a violação de leis e regulamentos aplicáveis à
entrada e saída de mercadorias nos respectivos territórios
1.Para efeitos de distribuição espacial dos serviços da aduaneiros.
administração aduaneira, o território aduaneiro divide-se
em circunscrições aduaneiras. Artigo 13º

Dever de sigilo
2. A área territorial das circunscrições aduaneiras é
variável, podendo coincidir com o concelho, ilha ou grupo 1. Os agentes aduaneiros em geral estão obrigados ao
de ilhas, em função do volume de trabalho e da importân- dever de sigilo profissional relativamente às informações
cia da área abrangida para a consecução dos objectivos e documentos fornecidos às autoridades aduaneiras no
do sistema aduaneiro nacional. âmbito do dever de colaboração previsto neste Código,
Secção II os quais não devem ser divulgados, salvo autorização da
Deveres de colaboração recíproca e articulação especial
pessoa ou da autoridade que os tenha fornecido.

Artigo 9º 2. O disposto no número anterior não se aplica aos casos


Dever geral de cooperação com as autoridades aduaneiras
em que os agentes aduaneiros estejam dispensados por lei
do dever de sigilo profissional, bem como àqueles em que
Todas as entidades públicas e privadas, sejam pes- o levantamento do dever de sigilo tenha sido autorizado,
soas singulares ou colectivas ou entidades destituídas nos termos da lei.

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12 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 14º Artigo 18º

Conservação de documentação de interesse aduaneiro Dever de cooperação da administração aduaneira

Todos quantos exerçam actividade ligada ao comércio As autoridades aduaneiras devem também cooperar
internacional ou outra actividade sujeita à jurisdição das com as pessoas envolvidas no cumprimento das forma-
autoridades aduaneiras, estão obrigados a conservar, de lidades aduaneiras, prestando-lhes os esclarecimentos
forma organizada em termos de escrituração comercial, que estas lhes solicitarem sobre a aplicação da legislação
todos os documentos e registos relativos às operações aduaneira e mantendo um diálogo regular com os opera-
aduaneiras efectuadas, durante o período de cinco anos dores económicos e com as demais autoridades envolvidas
a contar da data da realização das referidas operações. no comércio internacional de mercadorias.

Artigo 15º Artigo 19º

Colocação de documentos à disposição Formas privilegiadas de cooperação


das autoridades aduaneiras
Constituem formas privilegiadas de cooperação entre
1.Mediante solicitação das autoridades aduaneiras, as as autoridades aduaneiras e os interessados em processos
pessoas obrigadas a conservar documentação de interesse de desembaraço aduaneiro as consultas prévias sobre a
aduaneiro, devem: origem e a classificação pautal e as informações relativas
à aplicação legislativa.
a) Pôr à disposição das autoridades aduaneiras
Artigo 20º
todos os documentos e registos relativos às
operações aduaneiras efectuadas; Entidades dos sectores marítimo e aéreo

b) Fornecer às autoridades aduaneiras, de acordo As autoridades aduaneiras cooperam também com


com os termos por estas fixados, cópias todas as entidades públicas e privadas que prestam
daqueles documentos e registos; serviços na área dos transportes marítimos e aéreos,
em especial, com as autoridades ligadas à segurança
c) Responder a qualquer questão relativa às marítima, aeroportuária e da aviação civil, as entidades
inspecções aduaneiras e aos respectivos gestoras das infra-estruturas portuárias e aeroportuá-
documentos e registos. rias, as operadoras de transporte aéreo e marítimo, as
empresas prestadoras de serviços de agenciamento de
2. Sempre que a informação relativa às operações mercadorias e meios de transporte.
aduaneiras efectuadas conste de registo electrónico ou
de qualquer outro suporte, as pessoas sujeitas ao dever CAPÍTULO II
de apresentação devem, a pedido das autoridades adu-
aneiras, pôr em funcionamento o respectivo mecanismo Actividade Aduaneira
electrónico ou suporte, ou permitir que os mesmos sejam Secção I
postos em funcionamento, de modo a que seja facultada às
autoridades aduaneiras toda a informação necessária. Princípios gerais a que se subordina

Artigo 21º
Artigo 16º
Princípios gerais administrativos
Contabilidade de existências
A actividade aduaneira subordina-se aos princípios
Os titulares de regimes aduaneiros suspensivos e eco-
gerais da actividade administrativa, designadamente,
nómicos, as entidades gestoras de armazéns de depósito
aos princípios da legalidade, da transparência, da parti-
temporário, de entrepostos aduaneiros, de empresas e
cipação dos interessados, da simplicidade e da celeridade
entrepostos francos, de zonas francas comerciais, bem
de processos e procedimentos.
como os operadores autorizados a exercer actividade
económica no interior destas estão obrigados a organi- Artigo 22º
zar a sua escrita comercial sob a forma de contabilidade
Princípio da legalidade e da simplificação
de existências, nos termos previstos neste Código e em
demais legislação aplicável. As formalidades, as condições e os requisitos aduaneiros
a serem observados em matéria de procedimentos devem
Artigo 17º
ser os que a legislação estabelece e, sempre que possível,
Contabilidade de existências electrónica os mais simples.

Com vista à simplificação do regime actual de apre- Artigo 23º


sentação da contabilidade de existências, os diplomas Princípio da discricionariedade técnica
que regulamentem o presente Código regulam o seu
processamento com o recurso a sistemas informáticos A actuação aduaneira pode ter por objecto a recolha
dotados de funcionalidades de exportação de ficheiros, de amostras, devendo a respectiva selecção, sempre que
controláveis por meios electrónicos, eliminando-se a possível, ser efectuada com base na análise de risco de
obrigação actual de sua apresentação periódica às auto- perda de receitas para o Estado ou com base em outras
ridades aduaneiras. atribuições estatutárias.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 13
Artigo 24º Secção II

Princípio da proporcionalidade Simplificação de procedimentos e informatização


da administração aduaneira
O controlo aduaneiro limita-se ao estritamente ne-
Artigo 29º
cessário para garantir o cumprimento da legislação
aduaneira em vigor. Informatização dos serviços aduaneiros

Artigo 25º 1. Os serviços que integram o sistema aduaneiro são


objecto de um processo contínuo de informatização, vi-
Princípio do controlo aduaneiro baseado em auditorias
sando a instituição de procedimentos aduaneiros mais
eficientes, menos onerosos, facilitadores de toda a logís-
O controlo aduaneiro deve incluir auditorias a todas
tica da cadeia do comércio internacional de mercadorias,
as entidades que, directa ou indirectamente, estão ou
em especial da colocação em livre prática das mercadorias
estiveram envolvidas em operações aduaneiras e ou em
entradas no território nacional, e que concorram para o
operações de comércio internacional, podendo as referidas
reforço da segurança do comércio internacional, bem como
auditorias ser realizadas antes e ou depois do desalfande-
da protecção do ambiente e da defesa do consumidor.
gamento das mercadorias e ou dos meios de transporte.

Artigo 26º 2. A informatização dos serviços aduaneiros objectiva


também a criação de mecanismos de controlo e gestão
Princípio da onerosidade de riscos mais especializados, eficientes e eficazes, bem
como a criação de um ambiente aduaneiro electrónico
1. Os serviços prestados pelos serviços aduaneiros são compatível com o avanço das tecnologias de informação
remunerados, ressalvados os casos especiais previstos e comunicação e com os projectos nacionais a nível da
neste Código ou em lei avulsa. tributação indirecta.

2. A remuneração dos serviços prestados pelos serviços Artigo 30º


aduaneiros faz-se essencialmente mediante o pagamento Princípios orientadores
de taxas.
A informatização dos serviços aduaneiros obedece às
3. As taxas cobradas pelos serviços aduaneiros obe- orientações da Organização Mundial das Alfândegas,
decem ao disposto na lei sobre o regime geral das taxas da Organização Mundial do Comércio e da política na-
do Estado. cional de governação electrónica, visando a criação de
um quadro simples e sem papéis para as alfândegas e
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, os operadores económicos.
os donos e consignatários de mercadorias respondem,
nos termos dispostos neste código pelos encargos provo- Artigo 31º
cados com a deslocação de mercadorias, para efeitos de
sua verificação, no âmbito da fiscalização a que estejam Regras a observar em caso de tratamento informatizado de
dados pessoais
sujeitas.

Artigo 27º
Sempre que a informatização dos serviços aduaneiros
envolver o tratamento de dados pessoais, são observadas
Uniformidade da aplicação da legislação aduaneira) as disposições constitucionais e legais aplicáveis.
Artigo 32º
1. A legislação aduaneira é aplicada de modo uniforme
em todo o território aduaneiro cabo-verdiano. Estatuto do utilizador dos serviços aduaneiros

2. Exceptuam-se do disposto no número anterior as Os direitos e deveres dos utilizadores dos serviços adua-
zonas e os entrepostos francos, que obedecem ao disposto neiros variam em função do estatuto com que se apresentam
em legislação especifica. perante eles, relevando tais direitos da lei geral administra-
tiva e/ou da lei geral tributária, conforme couber.
Artigo 28º
Artigo 33º
Directrizes e notas explicativas
Aspectos prioritários
As autoridades aduaneiras emitirão directrizes e no-
tas explicativas de apoio à aplicação do Código, sempre A informatização dos serviços aduaneiros privilegia a
que, não sendo exigíveis disposições jurídicas, se mostre, desmaterialização dos processos e procedimentos adua-
entretanto, necessária uma harmonização das práticas, neiros, em especial o processo de despacho aduaneiro de
a fim de se assegurar a transparência e a igualdade de mercadorias, a institucionalização da declaração adua-
tratamento dos operadores económicos, em particular no neira electrónica, bem como a implantação, sempre que
concernente às regras de origem, determinação do valor as circunstâncias o aconselharem, de “balcão único”, em
aduaneiro, classificação pautal, aplicação de direitos obediência aos princípios da simplificação e da raciona-
anti-dumping e compensatórios. lização de circuitos e procedimentos.

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14 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 34º c) Os mecanismos de coordenação dos aspectos
Características
jurídicos e operacionais, bem como as acções
de formação dos recursos humanos e o
1. As soluções informáticas aplicadas aos serviços desenvolvimento das soluções informáticas
aduaneiros são acessíveis, integradas e interoperáveis, necessárias;
dispondo de interfaces seguros e fiáveis entre a adminis-
tração aduaneira, os operadores económicos e os demais d) A coordenação das actividades de execução levadas
serviços e entidades nacionais envolvidas no controlo da a cabo por todas as partes interessadas.
importação e exportação de mercadorias. Artigo 37º

2. As soluções informáticas aplicadas aos serviços Audição das instituições parceiras


aduaneiros dispõem também de interfaces seguros e
fiáveis entre a administração aduaneira nacional e as Os serviços aduaneiros ouvem, durante a elaboração e
administrações aduaneiras estrangeiras parceiras e ins- a execução do plano estratégico, todos os intervenientes
tituições internacionais multilaterais ligadas às questões no processo de controlo da importação e exportação de
aduaneiras e ao comercio internacional de mercadorias, mercadorias, em especial os despachantes oficiais e as
por forma a permitir o intercâmbio electrónico entre eles organizações representativas dos operadores económicos,
de dados e informações relevantes para o exercício das instaurando, se necessário, um mecanismo de consulta
respectivas missões. regular dessas entidades parceiras.
Secção III
Artigo 35º
Impugnação dos actos das autoridades aduaneiras
Sistema informático Sidonya ++
Artigo 38º
1. A desmaterialização de processos e procedimentos
aduaneiros e a transmissão electrónica de peças pro- Direito de recorrer dos actos das autoridades aduaneiras
cessuais, documentos e informações a eles relativos, é
efectuada através do sistema informático Sydonia ++ ou 1.Os actos de aplicação da legislação aduaneira lesi-
de sistema mais avançado que o vier a substituir. vos dos direitos e interesses legalmente protegidos dos
particulares, são impugnáveis por estes nos termos da
2. O sistema informático Sydonia ++ é uma aplicação lei geral, com as especificidades previstas neste Código.
informática multifuncional e interoperável que permite a
ligação em rede de serviços e operadores nacionais entre 2. São, designadamente, passíveis de impugnação:
si e da administração aduaneira nacional com institui- a) Os actos de fixação do valor aduaneiro, da origem
ções estrangeiras congéneres e internacionais com as e da classificação pautal das mercadorias
quais coopera, para o intercâmbio electrónico de dados sujeitas a desembaraço aduaneiro;
de interesse para o exercício das suas funções.
b) A recusa de intervenção aduaneira relativamente
3. O regime de acesso e as regras de gestão e de fun- a mercadoria suspeita de violar direito de
cionamento do sistema Sydonia + +, designadamente, propriedade intelectual;
os formulários que servirão de suporte à apresentação
electrónica dos documentos serão objecto de regulamen- c) O indeferimento de pedido de reconhecimento de
tação pelo Governo. benefício fiscal;
Artigo 36º d) A não autorização para o levantamento, mediante
Obediência a um plano estratégico caução, de mercadorias declaradas objecto
de contestação no respeitante ao seu valor
1. A informatização dos serviços aduaneiros obedece a aduaneiro, classificação pautal ou origem.
um plano estratégico plurianual, aprovado pelo membro
Artigo 39º
do Governo responsável pela área das finanças, mediante
proposta da Direcção-Geral das Alfândegas, a quem cabe Estrutura do contencioso aduaneiro
também propor as actualizações de que careça.
O contencioso aduaneiro abarca o contencioso técnico-
2. O plano estratégico de informatização dos serviços aduaneiro, o contencioso fiscal aduaneiro e o contencioso
aduaneiros inclui, designadamente: administrativo aduaneiro.
a) A definição de estratégias, dos recursos Artigo 40º
necessários e das fases de desenvolvimento Âmbito
do processo de informatização dos serviços
aduaneiros; 1. O contencioso técnico aduaneiro incide sobre as recla-
mações respeitantes à classificação pautal, à origem e ao va-
b) Os mecanismos de coordenação de todas as lor das mercadorias sujeitas ao desembaraço aduaneiro.
actividades relativas à informatização dos
serviços aduaneiros, a fim de utilizar os 2. O contencioso fiscal aduaneiro respeita à investigação
recursos disponíveis do modo mais eficaz e e julgamento dos crimes e contra-ordenações fiscais
mais racional possível; aduaneiras.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 15

3. O contencioso técnico-aduaneiro respeita aos proce- Artigo 46º


dimentos administrativos de regularização da situação Direitos de propriedade intelectual
das mercadorias abandonadas, arrojadas, achadas, nos
termos definidos neste Código, bem como aos procedimentos Não é permitida a importação, a exportação ou o
de execução de garantias destinadas a acautelar os di- trânsito de mercadorias que infrinjam os direitos de pro-
reitos devidos e outros encargos previstos na lei. priedade intelectual regulados em legislação específica e
em tratados e convenções internacionais vinculativos do
Artigo 41º
Estado de Cabo Verde.
Julgamento de crimes fiscais
Artigo 47º

A competência para julgar as infracções fiscais adua- Consequências do reconhecimento da violação


neiras de natureza criminal é definida na Constituição
e na lei. A decisão judicial definitiva que reconhecer a violação
de um direito de propriedade intelectual por parte de
Artigo 42º uma mercadoria tem, no âmbito aduaneiro, as seguintes
consequências:
Recurso dos actos em matéria tributária
a) Proibição de introdução ou saída da mercadoria
O Tribunal Fiscal e Aduaneiro é o órgão judicial com- em causa do território aduaneiro nacional,
petente para conhecer da impugnação dos actos das au- a qualquer título, designadamente, em
toridades aduaneiras em matéria tributária, com recurso regime de livre prática, para colocação sob
para o Supremo Tribunal. um regime suspensivo ou económico, em
CAPÍTULO III zona ou entreposto franco, para exportação
ou reexportação, sem prejuízo para o caso
Proibições e controlo na importação de inutilização parcial previsto na alínea
e exportação de mercadorias seguinte;

Artigo 43º b) Admissão do abandono e da inutilização,


total ou parcial, consoante seja ou não
Mercadorias Proibidas
possível reaproveitar alguma parte do lote
a que pertença a mercadoria em causa, sem
1. Consideram-se mercadorias proibidas, para efeitos
ofensa ao direito de propriedade intelectual
do presente Código, todas aquelas cuja importação ou
judicialmente reconhecido, como únicos
exportação é interdita, a qualquer título, ou esteja su-
destinos aduaneiros possíveis para a
jeita a restrições decorrentes de regras de qualidade, de
mercadoria em causa.
acondicionamento ou de formalidades especiais.
Artigo 48º
2. Considera-se também proibida a mercadoria cuja
importação ou exportação não se faça acompanhar de Normas de comercialização e de venda
documento idóneo especifico, legalmente exigido para o Sob reserva de aplicação das convenções internacionais, é
efeito, designadamente, autorização, licença, certificado também interdita a importação de géneros alimentícios e
ou outro título análogo. produtos de quaisquer natureza e origem que não satis-
Artigo 44º façam as obrigações legais ou regulamentares a que os
próprios estão sujeitos ou a que estão sujeitos produtos
Fins prosseguidos com as proibições similares nacionais, em matéria de comercialização ou
de venda.
As proibições e restrições de importação e exportação
de mercadoria obedecem ao disposto em legislação na- Artigo 49º
cional e em acordos e convenções internacionais vigentes Restrições Específicas
na ordem interna e visam em geral defender e proteger
valores relevantes para a comunidade nacional e inter- Por razões impostas pela necessidade de garantia da
nacional, como a saúde, a moralidade, e a segurança segurança da carga e do meio transporte, são aprovadas
públicas, o património histórico, artístico e cultural, o pelo Governo as características especiais, designadamente,
meio - ambiente, o comércio justo e legal. no que respeita à tonelagem, de navios destinados ao
transporte de mercadorias que exijam essa precaução,
Artigo 45º
bem como as regras especiais de acondicionamento de
Comércio de espécies da fauna e da flora ameaçadas de mercadorias sensíveis ou perigosas.
extinção
Artigo 50º
O comércio das espécies da fauna e da flora selvagem Obrigações dos Importadores
ameaçadas de extinção, suas partes ou produtos delas
fabricados é regulado pela Lei nº 86/IV/93, de 26 de Julho Independentemente das obrigações previstas no pre-
de 1993, cuja matriz obedece ao disposto na Convenção sente Código, os importadores e os exportadores ficam
de Washington, de 3 de Março de 1973, relativa a esta sujeitos à regulamentação do controlo do comércio ex-
matéria. terno e de câmbios.

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16 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

TÍTULO II designadamente no âmbito da segurança


económica, da saúde pública e da defesa do
ADMINISTRAÇÃO ADUANEIRA património artístico e cultural;
CAPÍTULO I f) Administrar os impostos sobre as transacções
internacionais, sobre o consumo e outros
Estrutura e atribuições
impostos sobre a despesa, que não sejam
Secção I da competência da Direcção-Geral das
Contribuições e Impostos;
Disposições gerais

Artigo 51º g) Exercer, em matéria de justiça tributária, as


competências que lhe forem conferidas por lei
Direcção superior ou por regulamentos;
A administração aduaneira é dirigida superiormente h) Coadjuvar as autoridades judiciárias, nos termos
pelo membro do Governo responsável pela área das do disposto nas leis de investigação criminal e
finanças e compreende serviços centrais e de base ter- do processo penal;
ritorial.
i) Apoiar o sistema nacional de controlo de géneros
Artigo 52º
alimentícios, zelando pela cumprimento das
Atribuições leis, regulamentos, instruções, despachos e
demais normas sobre o controlo da segurança
Constituem atribuições gerais da administração adu- sanitária e qualidade dos alimentos,
aneira promover, coordenar e executar, as medidas e organizando a prevenção das respectivas
acções de política aduaneira relativas à organização, ges- infracções;
tão e aperfeiçoamento do sistema aduaneiro, bem como o
exercício da autoridade aduaneira e, em especial: j) Assegurar a execução da política aduaneira do
Governo e estudar os seus efeitos sobre a
a) Garantir a defesa e a protecção da saúde pública, economia nacional;
do ambiente, do património nacional de
valor artístico, histórico ou arqueológico e da k) Colaborar na execução do Plano Nacional de
propriedade intelectual, controlando a entrada Segurança da Aviação Civil, prestando a esse
e a saída de mercadorias e meios de transporte nível o apoio às autoridades aeronáuticas e
do território aduaneiro nacional, bem como o policiais o auxílio que lhe for pedido para o
trânsito, a transferência, a armazenagem e a cabal desempenho da missão a seu cargo;
utilização para fins especiais de mercadorias
que circulem entre o território aduaneiro l) Promover acções de natureza preventiva
nacional e outros territórios; e repressiva em matéria de infracções
antieconómicas e contra a saúde pública;
b) Prevenir e reprimir, em articulação estreita
com os demais órgãos do sistema nacional de m) Colaborar na elaboração de projectos de
segurança nacional, a luta contra o tráfego leis e regulamentos no âmbito das suas
ilícito de estupefacientes e de substâncias atribuições.
psicotrópicas, de armas, de objectos de arte,
antiguidades, e o de achados e despojos Artigo 53º
históricos submarinos; Serviços de base territorial

c) Assegurar, a seu nível, a prevenção e a repressão


1. A nível operacional, as atribuições da administração
da lavagem de capitais, bens, direitos e
aduaneira são asseguradas pelos serviços de base ter-
valores, garantindo a aplicação das medidas
ritorial.
de controlo da entrada e saída do território
aduaneiro nacional de moeda nacional ou 2. Os serviços de base territorial compreendem as alfân-
estrangeira, meios de pagamento sobre o degas, as delegações aduaneiras e os postos aduaneiros.
exterior ou títulos ao portador;
Artigo 54º
d) Representar a Fazenda Nacional, nos termos
da lei, junto do Tribunal Fiscal e Aduaneiro, Direcção de circunscrição
dos tribunais de segunda instância, quando
forem instalados, e do Supremo Tribunal de Os serviços de base territorial estão integrados em
Justiça e de quaisquer órgãos de composição circunscrições aduaneiras, que dispõem de uma direcção,
de litígios em matéria fiscal aduaneira; que é essencialmente um serviço de controlo, apoio e
coordenação dos serviços da respectiva região, cabendo-lhe,
e) Fiscalizar e exercer o controlo sobre o território ainda, o desempenho das funções executivas que, por
aduaneiro nacional para fins fiscais, razões de hierarquia, não caibam nas atribuições da-
económicos e de protecção da sociedade, queles serviços.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 17
Artigo 55º f) Superintender e fiscalizar dentro dos portos e dos
Pessoal aduaneiro aeroportos, o movimento de carga, descarga,
transbordo, circulação, trânsito, baldeação e
A administração aduaneira é servida por um corpo es- reexportação de mercadorias;
pecial de funcionários dotado de poderes e prerrogativas
necessárias à prossecução das suas atribuições. g) Superintender em todo o serviço de despacho
de mercadorias, procedendo à liquidação e
Secção II
cobrança dos direitos e mais imposições que
Competência dos serviços de base territorial forem devidos e organizando a respectiva
contabilidade e os elementos estatísticos;
Artigo 56º

Alfândegas h) Dar armazenagem, em depósitos sob a sua


directa administração ou em quaisquer outros
Incumbe, em geral, às alfândegas executar os actos e armazéns sob regime aduaneiro, às mercadorias
operações de gestão, controle e fiscalização aduaneiras que possam gozar desse benefício;
relativas ao desalfandegamento de mercadorias e meios
de transporte, à movimentação de pessoas e bens na i) Impedir as infracções fiscais previstas neste
entrada, permanência, trânsito e saída do território adu- Código e outras legislações e intervir a fim de
aneiro, assim como a prevenção, detecção e repressão das serem punidos os respectivos infractores nos
infracções fiscais, bem como à liquidação e arrecadação termos da lei;
dos direitos aduaneiros e de outros impostos cuja gestão
esteja a seu cargo. j) Proceder à selagem ou estampilhagem de
mercadorias, nos casos estabelecidos na lei;
Artigo 57º

Competências específicas das alfândegas k) Intervir em casos de avaria nas mercadorias a


importar, de harmonia com as respectivas
No exercício das suas atribuições, incumbe às alfân- disposições legais;
degas, em especial:
l) Arrecadar os espólios chegados ao território
a) Visitar, quando o entendam conveniente,
aduaneiro e organizar o competente processo,
quaisquer embarcações que se encontrem
nos termos regulamentares;
navegando dentro da zona de respeito, para
examinar os manifestos e demais papéis de m) Proceder à venda das mercadorias apreendidas
bordo ou colher quaisquer esclarecimentos e bem assim das abandonadas ou demoradas
que interessem à fiscalização aduaneira, e além dos prazos legais;
bem assim na sua chegada aos portos, para
cumprimento das formalidades prescritas n) Intervir nos casos de naufrágio, de acordo com
nas leis e regulamentos; as autoridades marítimas, superintendendo
nos competentes serviços ou tomando as
b) Acordar com as demais autoridades competentes
providências precisas para a salvaguarda
na designação dos ancoradouros dos navios
dos interesses do Estado e dos particulares,
nos diversos portos e exercer a polícia fiscal,
e prestar aos passageiros e às tripulações dos
no respeito pelas atribuições das corporações
navios em perigo todo o auxílio e assistência
policiais, quer a bordo das embarcações,
que lhes possam ser dispensados e proceder
quer externamente, nos ancoradouros e suas
nos termos das leis e regulamentos em todos
margens;
os casos de arrojo e nos de achados no mar;
c) Visitar as aeronaves, quando o entendam
conveniente, quer à chegada, quer à partida, o) Vistoriar as embarcações, nos casos especiais da
verificar se os documentos aduaneiros sua competência;
estão em devida ordem, exercer, nos termos
p) Proceder à liquidação e arrecadação dos
regulamentares, atribuições análogas
direitos aduaneiros, dos impostos especiais
às indicadas em relação aos transportes
sobre o consumo e a despesa, assim como
marítimos e terrestres;
de outras receitas cuja cobrança seja da sua
d) Receber dos navios e aeronaves militares responsabilidade;
chegados aos portos e aeroportos as
declarações e documentos relativos a carga e q) Assegurar a defesa dos interesses económicos,
passageiros, quando for caso disso; morais e patrimoniais do território aduaneiro
nacional;
e) Proceder, com observância das formalidades
constitucionais e legais exigidas, a buscas, r) Auxiliar as autoridades sanitárias no desempenho
quer pessoais, quer em estabelecimentos das suas funções em conformidade com os
comerciais, depósitos, casas de habitação, competentes regulamentos e coadjuvar da
embarcações e outros meios de transporte ou mesma forma os serviços dos correios na
quaisquer outros locais; execução dos regulamentos postais;

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18 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

s) Prestar o auxílio que lhe seja pedido pelas nos portos, enseadas e ancoradouros, na
autoridades marítimas, aeronáuticas ou zona marítima de respeito, nas águas
policiais, para cabal desempenho dos serviços arquipelágicas e na zona contígua;
a seu cargo;
c) Fiscalização aérea, que se traduz na polícia e
t) Prestar, de um modo geral, o auxílio que lhe seja vigilância aéreas exercidas em relação às
solicitado por quaisquer autoridades, para aeronaves.
integral cumprimento das leis, sem prejuízo
Artigo 62º
dos serviços aduaneiros e fiscais;
Zonas fiscais
u) Superintender na vigilância e fiscalização
aduaneira, nos termos da lei, e exercer as 1.Nas zonas fiscais, a fiscalização aduaneira é exercida
demais vigilâncias necessárias para a integral de forma habitual ou permanente.
defesa dos interesses do Estado;
2. As zonas fiscais estão organizadas ao longo das fron-
v) Dar todas as modalidades de despacho prescritas teiras marítimas e terrestres, compreendendo:
na legislação aduaneira; a) Os portos, enseadas e ancoradouros;
w) Prover em todos os outros casos em que, b) A zona marítima de respeito, considerada de 12
por função própria ou não, tenham ou milhas marítimas, a contar a partir da linha
venham a ter de intervir no desempenho de da maré baixa;
quaisquer atribuições especificadas nas leis e
regulamentos vigentes. c) Uma zona terrestre de 10 Km, a contar a partir
da linha do litoral;
Artigo 58º

Delegações aduaneiras
d) Os aeródromos e aeroportos e uma faixa de 2 Km
à sua volta;
As delegações aduaneiras são serviços de base terri-
torial aos quais incumbem, essencialmente, executar e) As estâncias aduaneiras e uma faixa de 2 Km à
os actos e operações de gestão, controle e fiscalização sua volta;
aduaneiros relativos a despacho de mercadorias e meios f) Os entrepostos francos, as zonas francas e numa
de transportes. faixa de 2 km à sua volta.
Artigo 59º
3. As distâncias são calculadas em linha recta, sem
Postos aduaneiros contar com as sinuosidades das estradas.

Os postos aduaneiros são serviços de base territorial Artigo 63º


aos quais incumbem, essencialmente, a vigilância e fisca- Fiscalização da zona contígua
lização das zonas fiscais e dos edifícios aduaneiros, sendo
chefiados pelo pessoal policial da Guarda Fiscal. Na zona contígua, tal como vem definida na lei sobre a
delimitação das zonas marítimas nacionais e sem preju-
CAPÍTULO II ízo do disposto em convenção internacional em vigor na
ordem interna cabo-verdiana, a fiscalização aduaneira
Fiscalização aduaneira
é especialmente exercida tendo em conta a prevenção
Artigo 60º e a punição das infracções às leis e aos regulamentos
aduaneiros cometidas no seu território terrestre, nas
Âmbito
suas águas interiores e águas arquipelágicas e no mar
A fiscalização aduaneira exerce-se sobre todo o territó- territorial.
rio aduaneiro e, em particular, sobre as zonas de fiscali- Artigo 64º
zação especial, também denominadas zonas fiscais.
Construções à beira-mar
Artigo 61º
1.Sem prejuízo da competência atribuída por lei às au-
Sectores
toridades marítimas, sobre o uso, fiscalização e concessão
A fiscalização aduaneira cobre as seguintes áreas: do domínio público marítimo, nos portos, enseadas e anco-
radouros e à beira-mar, numa faixa de 20 metros, quando
a) A fiscalização terrestre, que se traduz na polícia se trata de povoações, e 50 metros, nos outros casos, a
e vigilância exercidas, designadamente, contar da linha da maré baixa ou dos cais, muralhas e
no exterior dos edifícios aduaneiros e dos pontes, nenhuma construção poderá ser feita sem prévia
armazéns e áreas de desalfandegamento, dos autorização do membro do governo responsável pela área
entrepostos aduaneiros e das zonas francas, das finanças, ouvida a Direcção-Geral das Alfândegas.
nas zonas fiscais do litoral e nos aeródromos
e aeroportos; 2. Exceptuam-se desta disposição as construções feitas
pela administração dos portos e pelas autoridades marí-
b) A fiscalização marítima, que se traduz na polícia timas, que devem, no entanto, dar conhecimento disso,
e vigilância exercidas, designadamente, previamente, às autoridades aduaneiras.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 19
Artigo 65º 2. No quadro dessa articulação geral com todos os
Fiscalização a bordo dos navios serviços públicos, a administração aduaneira pode soli-
citar-lhes o auxílio necessário à execução de quaisquer
1.Todos os navios ancorados nos portos nacionais em diligências extraordinárias que devam ser levadas a efei-
operação de carga e descarga de mercadorias de origem to dentro da área da sua jurisdição, sempre que não seja
e proveniência estrangeira recebem a bordo agentes de possível realizá-las com os elementos de que disponham
fiscalização aduaneira para a devida vigilância. ou com o auxílio das autoridades aduaneiras ou fiscais
mais próximas.
2. Nos casos em que tais operações se não realizem, a
fiscalização a bordo é estabelecida quando for necessária. Artigo 71º

Artigo 66º Articulação com a Guarda-Fiscal

Sinistros A articulação com a Polícia Nacional é feita através da


Guarda-Fiscal, enquanto estrutura incumbida da missão
No caso de ocorrer qualquer sinistro em embarcações
específica de prevenir e combater as infracções fiscais e
ou mercadorias sujeitas à acção fiscal, os agentes de
aduaneiras e a quem cabe, nesse quadro, vigiar e fiscali-
fiscalização aduaneira deverão empenhar-se no seu sal-
zar o território aduaneiro, colaborar com a administração
vamento, participando superiormente o ocorrido.
fiscal no combate à fraude e evasão fiscais e articular-
Artigo 67º se, no âmbito do sistema nacional de segurança, com os
Controlo de mercadorias demais serviços de segurança na prevenção e combate à
criminalidade em geral e ao tráfico de estupefacientes e
Na fiscalização das mercadorias sob sua acção, a ad- importação ilegal de armas e explosivos, em particular.
ministração aduaneira pode realizar todos os controlos
Artigo 72º
aduaneiros que considere necessários, antes ou depois da
saída das mercadorias, podendo tais controlos consistir, Articulação com a Guarda Costeira
designadamente, na verificação das mercadorias, na
recolha de amostras, no controlo dos dados da declaração A administração aduaneira articula-se também de
e da existência e autenticidade dos documentos, na ve- modo especial com a Guarda-Costeira, enquanto compo-
rificação da contabilidade dos operadores económicos e nente das Forças Armadas com competência para patru-
de outros registos, na inspecção dos meios de transporte, lhar o espaço aéreo e marítimo sob jurisdição nacional,
das bagagens e de outras mercadorias transportadas abordar e apresar navios e embarcações em actividades
por pessoas ou em pessoas e na realização de inquéritos ilícitas, designadamente fraudes e infracções fiscais adu-
oficiais e outros actos similares. aneiras, pesca ilegal e poluição marítima, no âmbito da
sua missão específica de defesa e protecção dos interesses
Artigo 68º económicos do país, no mar sob jurisdição nacional.
Dever de colaboração Artigo 73º

As pessoas directa ou indirectamente envolvidas no Modo como se processa articulação


cumprimento de formalidades aduaneiras ou na execução
de controlos aduaneiros estão obrigadas a fornecer às A articulação entre a administração aduaneira e as
autoridades aduaneiras, a pedido destas e nos prazos Guardas Fiscal e Costeira, em matéria de fiscalização
fixados, todos os documentos e todas as informações aduaneira, processa-se nos termos das leis orgânicas des-
requeridas, sob uma forma adequada, bem como toda a sas duas forças e demais legislação aplicável, em particu-
assistência necessária para cumprimento dessas forma- lar no que respeita à requisição de forças e serviços.
lidades ou desses controlos. Artigo 74º
Artigo 69º Cooperação entre autoridades
Sigilo profissional
1. Caso, relativamente às mesmas mercadorias, devam
Todas as informações, obtidas pelas autoridades adu- ser efectuados controlos por autoridades que não sejam
aneiras no exercício das respectivas competências, que as autoridades aduaneiras, as autoridades aduaneiras
tenham carácter confidencial ou sejam prestadas a título devem, em estreita cooperação com essas outras au-
confidencial estão cobertas pela obrigação de sigilo profis- toridades, esforçar-se para que esses controlos sejam
sional, que só pode ser levantado nos termos da lei. efectuados, sempre que possível, ao mesmo tempo e no
mesmo local que os controlos aduaneiros.
Artigo 70º
2. No âmbito dos controlos referidos no número antece-
Articulação com serviços públicos
dente, e sempre que tal seja necessário para minimizar os
1.No exercício da fiscalização aduaneira, a administração riscos e combater as fraudes, as autoridades aduaneiras
aduaneira articula-se e coopera com todos os serviços e as demais autoridades competentes podem comunicar
públicos, em especial com a Polícia Nacional, enquanto entre si os dados de que disponham relativos à entrada,
autoridade de polícia fiscal e aduaneira, e com a Polícia saída, trânsito e armazenagem, incluindo o tráfego por
Judiciária, enquanto órgão com competência reservada via postal, de mercadorias que circulem entre o terri-
de investigação dos crimes em cuja combate e repressão tório aduaneiro cabo-verdiano e territórios aduaneiros
ela também participa. estrangeiros.

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20 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 75º Artigo 78º

Envios postais Disponibilidade permanente

1. As entidades prestadoras de serviços postais estão Em razão da especial natureza das suas funções, os
obrigadas a submeter à fiscalização aduaneira, nas con- agentes aduaneiros são considerados como estando per-
dições previstas nos regulamentos nacionais de serviços manentemente em serviço.
postais e nos acordos e deliberações da União Postal
Universal, os envios postais passíveis de direitos adu- Artigo 79º
aneiros e demais imposições a cargo da administração Uso e Porte de Arma
aduaneira ou sujeitos a restrições ou a formalidades de
entrada ou de saída. 1. Os agentes aduaneiros têm direito a uso e porte de
arma, independentemente de licença.
2. Os agentes aduaneiros têm direito de acesso, no
âmbito do cumprimento das formalidades aduaneiras a 2. O uso de arma, nomeadamente de arma de fogo,
que se sujeitam as mercadorias que entram e saem do deve ser feito como medida extrema de coacção, desde
território aduaneiro nacional, independentemente do que adequada e proporcional às circunstâncias concretas
meio de transporte utilizado, às estações postais onde de cada caso e não resulte perigo grave para a vida ou
se processem serviços postais internacionais para a ve- a integridade física de terceiros, além da pessoa visada,
rificação e controlo dos envios postais. sem prejuízo do disposto na lei sobre legítima defesa ou
outra causa de exclusão da ilicitude.
3. Entende-se por serviço postal a actividade que in-
tegra as operações de aceitação, tratamento, transporte 3. É permitido o uso de arma pelos agentes aduaneiros,
e distribuição de envios postais e por serviço postal nos limites definidos no número anterior, designadamen-
internacional a que engloba envios postais recebidos de te, quando:
um terceiro Estado ou a ele destinados, com origem em
Cabo Verde. a) Forem exercidas contra eles violências ou vias
de facto ou quando forem ameaçados por
4. Os envios postais compreendem os envios de corres- indivíduos armados;
pondência, os livros, catálogos, jornais e outras publica-
ções periódicas e as encomendas postais. b) Não possam imobilizar, por outro meio, os
veículos, embarcações e outros meios de
5. A verificação e o controlo aduaneiros dos envios
transporte, cujos condutores não acatem a
postais são feitos no estrito cumprimento das disposições
ordem de parar;
constitucionais e legais relativas à inviolabilidade e sigilo
das correspondências. c) Não seja possível, de outro modo, opor-se à passagem
Artigo 76º de um grupo de pessoas que não obedeçam às
intimações que lhes são dirigidas.
Vigilância de Encaminhamento de Estupefacientes
e Substâncias Psicotrópicas Artigo 80º

A fim de verificar eventuais infracções aduaneiras de Prerrogativas


importação, de exportação ou de detenção de substâncias
e plantas classificadas como estupefacientes ou substân- Os agentes aduaneiros gozam, designadamente, das
cias psicotrópicas, de identificar os seus agentes, e de seguintes prerrogativas e direitos:
efectuar as apreensões previstas pelo presente Código, a) Ingressar e transitar livremente em estações
os agentes aduaneiros, devidamente credenciados pelo e cais de embarque, docas, aeródromos,
membro do Governo responsável pela área das finanças aeroportos, bem como em navios, aeronaves
e nas condições por ele fixadas, sob a direcção e a fis- e outros veículos e em quaisquer recintos sob
calização do Ministério Público, procedem à vigilância fiscalização aduaneira;
do encaminhamento de precursores, estupefacientes e
substâncias psicotrópicas, destinados ao tráfico ilícito, b) Aceder a serviços e dependências das entidades
entrados ou em processo de saída do território aduaneiro sob fiscalização ou controlo aduaneiros;
nacional.
c) Utilizar, junto das entidades sob fiscalização ou
CAPÍTULO III controlo aduaneiros, instalações adequadas
Agentes aduaneiros ao exercício das suas funções, em condições
de dignidade e eficácia;
Artigo 77º
d) Corresponder-se com quaisquer entidades
Protecção especial por parte das demais autoridades
públicas ou privadas sobre assuntos de
Os agentes aduaneiros gozam de protecção especial interesse para o exercício das suas funções ou
das autoridades civis e policiais, as quais devem, sempre para a obtenção dos elementos que para tanto
que para tal solicitados, dar-lhes o apoio indispensável se mostrem indispensáveis;
a um eficaz desempenho das suas funções, designada-
mente para pôr cobro a qualquer ilegítima oposição à e) Proceder ao exame de quaisquer elementos
sua actividade. em poder de entidades sob fiscalização e

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controlo aduaneiros, quando se mostrem dos a efectuar ou a colaborar na fiscalização aduaneira,


indispensáveis à realização da fiscalização ou podem, nos termos da lei processual penal em vigor e
controlo; independentemente da presença ou da autorização da
entidade competente, proibir, se necessário, a entrada ou
g) Requisitar às autoridades, policiais ou de o trânsito de pessoas estranhas no local de cometimento
outra natureza, a colaboração que se mostre da infracção ou quaisquer outros actos que possam pre-
necessária ao exercício das suas funções, judicar a descoberta da verdade.
nomeadamente em casos de resistência a esse
exercício; 2. Com o mesmo objectivo de assegurar meios de prova,
pode qualquer agente habilitado a efectuar ou a colaborar
h) Proceder à selagem de quaisquer instalações na fiscalização aduaneira, independentemente da pre-
ou dependências, meios de transporte ou sença ou da autorização referidas no número anterior,
mercadorias; praticar actos de manutenção do estado das coisas e dos
lugares, colher informações das pessoas que possam
i) Requisitar documentos em poder de entidades
contribuir para a descoberta dos agentes da infracção e
sob controlo aduaneiro, quando se mostre
a sua reconstituição, e tomar as providências cautelares
indispensável à realização de quaisquer
relativamente a objectos que devam ser apreendidos.
diligências, para o que será levantado o
correspondente auto, dispensável no caso de Artigo 83º
simples reprodução de documentos;
Cartões de Identificação
i) Deter em flagrante delito os indivíduos que os
ofendam ou agridam no exercício ou por No exercício das suas funções, os agentes aduaneiros
motivo das suas funções e entregá-los à devem estar munidos dos seus cartões de identificação
autoridade mais próxima juntamente com o como funcionários aduaneiros, que são obrigados a exibir
auto de notícia; a qualquer legítima solicitação.
Artigo 84º
j) Levantar auto de notícia em caso de constatação
de infracção fiscal aduaneira; Extensão do dever de segredo profissional a colaboradores
pontuais da administração aduaneira
l) Proceder à identificação de pessoas envolvidas
em acções de fiscalização aduaneira e das que Tal como os agentes aduaneiros e os agentes de fiscali-
circulem em zonas fiscais; zação aduaneira, quaisquer pessoas chamadas pelas suas
funções ou pelas suas atribuições a exercer, a qualquer
m) Interpelar as pessoas que, dentro das zonas título, funções na administração central ou nos serviços
fiscais, se tornem suspeitas de qualquer exteriores das alfândegas ou a intervir na aplicação da
infracção fiscal aduaneira e sujeitar a exame legislação aduaneira, estão obrigadas ao segredo profis-
essas pessoas, os meios de transporte e as sional, nas condições e nos termos previstos neste Código
mercadorias de que são portadoras. e em demais legislação aplicável.
Artigo 81º TÍTULO III
Acções de investigação criminal
CONDUÇÃO E APRESENTAÇÃO
1. Enquanto órgãos de polícia criminal com competên- DE MERCADORIAS E MEIOS DE TRANSPORTE
cia específica, os agentes aduaneiros têm os poderes e ÀS ALFÂNDEGAS
estão sujeitos aos deveres previstos na lei de investiga-
CAPÍTULO I
ção criminal e no processo penal, designadamente, nos
artigos 226º, 227º e 228º do Código de Processo Penal, Condução de mercadorias
podendo, quando desenvolvam acções de investigação
criminal, no âmbito da sua competência específica ou por Artigo 85º
delegação da autoridade judiciária, proceder a buscas e Sujeição a fiscalização aduaneira
revistas, bem como a exames em livros, documentos e
mercadorias, nos termos da Constituição e da lei. 1. As mercadorias introduzidas no território aduaneiro
nacional ficam sujeitas à fiscalização aduaneira e aos
2. A realização de qualquer dos actos previstos no controlos aduaneiros previstos na lei.
número anterior tem de ser de imediato comunicada à
autoridade judiciária titular da direcção do processo, para 2. As referidas mercadorias permanecem sob fiscali-
os efeitos e sob as cominações da lei processual penal. zação aduaneira o tempo necessário para o apuramento
do seu estatuto ou até à sua mudança de estatuto, co-
Artigo 82º
locação em entreposto ou zona franca, inutilização ou
Providências cautelares quanto aos meios de prova reexportação.

1.Para evitar que os vestígios da infracção se apaguem 3. As mercadorias declaradas para um regime suspen-
ou alterem antes de serem examinados por entidade sivo permanecem sob fiscalização aduaneira até lhes ser
legalmente competente, os agentes aduaneiros habilita- atribuído um destino final.

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Artigo 86º CAPÍTULO II
Mercadorias equiparadas Apresentação de mercadorias entradas
às autoridades aduaneiras
Para efeitos do disposto no presente título, são equipa-
radas a mercadorias introduzidas no território aduaneiro Artigo 92º
nacional as provenientes de zonas francas ou entrepostos Obrigação de apresentação
francos nele implantados.
1.Todas as mercadorias introduzidas no território adu-
Artigo 87º aneiro nacional, qualquer que seja o meio de transporte
Condução a local autorizado utilizado, são apresentadas às autoridades aduaneiras,
para efeitos de cumprimento das formalidades aduanei-
As mercadorias introduzidas no território aduaneiro ras legalmente aplicáveis.
nacional são conduzidas, no mais curto espaço de tem-
2. A apresentação das mercadorias às autoridades
po, pela pessoa responsável pela introdução, à estância
aduaneiras consiste na comunicação às mesmas da che-
aduaneira designada pelas autoridades aduaneiras ou
gada das referidas mercadorias à estância aduaneira
a outro local sujeito a fiscalização aduaneira por estas
ou a qualquer outro local designado ou aprovado pelas
designado ou autorizado.
autoridades aduaneiras, bem como da disponibilidade
Artigo 88º dessas mercadorias para controlo aduaneiro.
Âmbito do dever de condução Artigo 93º

Declaração Sumária
O dever de condução previsto no artigo antecedente
não obsta à aplicação das disposições legais específicas 1. Sem prejuízo das disposições específicas aplicáveis
relativas ao tráfego turístico, postal e outros, previstas a objectos importados por viajantes, a objectos de corres-
em lei ou em convenção internacional em vigor na ordem pondência postal e a remessas e encomendas postais, a
interna, desde que a fiscalização aduaneira e as possibi- apresentação às autoridades aduaneiras das mercadorias
lidades de controlo aduaneiro não resultem prejudicados introduzidas no território aduaneiro nacional faz-se a
em razão dessa aplicação. coberto de uma declaração sumária.
Artigo 89º 2. A declaração sumária consiste no acto pelo qual a
pessoa, na forma e segundo a modalidade prescrita na
Exclusões
lei, relaciona ou descreve, por meio de transporte, todas
Estão excluídas do dever de condução as mercadorias as mercadorias introduzidas no território aduaneiro
que, nos termos da lei, devam ser colocadas, directamente nacional.
por via marítima ou aérea, em zona ou entreposto franco, 3. A declaração sumária obedece a um formulário de
bem como as mercadorias a bordo de navios ou aeronaves modelo regulamentar ou previsto em convenção inter-
que entrem nas águas territoriais ou no espaço aéreo nacional aplicável.
nacionais sem terem como destino porto ou aeroporto
nacional. 4. Nas mercadorias chegadas ao território aduaneiro
nacional por via aérea ou marítima, a declaração suma-
Artigo 90º
ria é constituída pelo manifesto de cargas e respectiva
Situações de força maior ou caso fortuito documentação de suporte prevista neste Código.

Em caso de impossibilidade de cumprimento da obri- 5. Em casos especiais, as autoridades aduaneiras


gação de condução, por razões de força maior ou caso podem aceitar, a título de declaração sumária, qualquer
fortuito, de que tenha resultado perda total ou parcial documento aduaneiro, administrativo ou comercial, desde
das mercadorias transportadas, a pessoa sobre quem que contenha, pelo menos, os seguintes elementos:
recaia o dever de condução ou alguém por sua conta a) As marcas, números, qualidade e quantidade
deve comunicar o facto imediatamente às autoridades dos volumes ou, tratando se de mercadoria a
aduaneiras, indicando-lhes, em caso de perda parcial, o granel, a qualidade e quantidade em peso ou
local onde se encontra a restante mercadoria. volume;
Artigo 91º b) A natureza e o peso bruto das mercadorias;
Escala forçada c) A natureza e as características do respectivo
meio de transporte;
Quando, por razões de força maior ou caso fortuito,
um navio ou aeronave que atravesse o espaço aéreo ou d) O local de carregamento das mercadorias.
águas territoriais nacionais sem ter por destino um porto
Artigo 94º
ou aeroporto nacional, for obrigado a escalar o território
aduaneiro sem poder respeitar a obrigação de condução, Viagens domésticas
a pessoa responsável pela escala ou alguém por sua
conta comunica o facto imediatamente às autoridades As disposições do presente título aplicam-se a navios e
aduaneiras. a aeronaves que, de uns para outros portos ou aeroportos

V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 23

nacionais, conduzirem, por transbordo, baldeação ou aduaneiros e de fiscalização aduaneira


transferência de depósito, mercadorias sujeitas a paga- escalados para a visita aduaneira de entrada,
mento de direitos e demais imposições, cuja cobrança podendo esta realizar-se, se necessário, antes
esteja a cargo das alfândegas. da chegada das autoridades de saúde;
Artigo 95º b) Exibir-lhes toda a documentação de bordo e
Outras categorias de navios e aeronaves
relativa à viagem que, por lei, esteja obrigado
a fornecer à estância aduaneira do porto de
As disposições do presente título aplicam-se igualmente ancoragem e a responder às perguntas que os
aos navios e aeronaves militares ou de outra natureza mesmos lhe façam para a cabal execução da
que transportem cargas ou passageiros. respectiva missão;

CAPÍTULO III c) Apresentar ao funcionário aduaneiro escalado


para o serviço de visita de entrada o original do
Formalidades da apresentação de meios manifesto de cargas para a aposição do visto ne
de transporte e mercadorias variatur e entregar-lhe uma cópia do referido
Secção I
manifesto de cargas, depois de visado.

Transporte por via marítima


2. Em caso de acesso ao navio antes da visita das auto-
ridades sanitárias, os agentes aduaneiros e de fiscalização
Subsecção I aduaneira mantêm-se a bordo até à chegada das referidas
Formalidades à entrada entidades, a cujas determinações relativas à sanidade
marítima ficam sujeitos.
Artigo 96º
3. O visto ne variatur consiste na autenticação do ori-
Apresentação do navio ginal do manifesto de cargas pelo funcionário aduaneiro
escalado para o serviço de visita de entrada, passando,
1. Os navios em viagem internacional que entrem em
por essa via, a dispor de fé pública e a servir de documento
porto nacional estão obrigados a se apresentarem às
de referência para todos os assuntos relacionados com a
autoridades aduaneiras e a declarar-lhes as mercadorias
operação do navio e da respectiva carga.
trazidas a bordo, para efeitos de obtenção da autorização
de livre prática. Artigo 100º
Direito a alimentação e alojamento
2. A livre prática consiste na autorização dada ao na-
vio pelas autoridades aduaneiras para a realização das O capitão do navio está também obrigado a alojar e a
operações comerciais ou outras previstas para o porto ou alimentar em condições adequadas os agentes aduaneiros
portos nacionais e só é concedida, após o cumprimento e de fiscalização aduaneira escalados pelos respectivos
das formalidades legalmente exigidas. serviços para a realização do serviço fiscal a bordo, num
total de dois, enquanto o navio permanecer no porto ou
Artigo 97º
em zona sujeita a fiscalização aduaneira.
Porto de entrada Artigo 101º

A entrada de navio em viagem internacional que inclua Modo de apresentação do navio


escala ou tenha por destino o país faz-se em porto nacio- A apresentação do navio às autoridades aduaneiras é
nal dotado de estância aduaneira habilitada a proceder ao feita pelo respectivo capitão, mediante uma declaração
desembaraço de mercadorias, salvo autorização expressa escrita contendo os seguintes elementos:
em contrário das autoridades aduaneiras.
a) O nome, a nacionalidade e a lotação do navio;
Artigo 98º
b) O nome do capitão, dos proprietários ou armadores
Proibição de contacto
e do expedidor ou agente do navio;
O navio que entre em porto nacional está proibido de c) Os portos de origem e de escala em que carregou
se comunicar com terra ou com outros navios, antes de carga;
fundear em local designado pelas autoridades marítimas,
excepto em caso de necessidade de socorro ou para receber d) A existência ou não a bordo de mercadorias
piloto ou visita de entrada das autoridades sanitárias e inflamáveis ou explosivas e, na hipótese
dos agentes aduaneiros ou encarregados da fiscalização afirmativa, a respectiva quantidade;
aduaneira. e) O porto ou portos arribados e as medidas
Artigo 99º adoptadas para o devido acautelamento da
carga aí deixada;
Visita de entrada
f) As cargas alijadas durante a viagem;
1. O capitão do navio que entre em porto nacional fica
obrigado a: g) O tipo de operação comercial que tenciona
efectuar no porto nacional ou, caso a viagem
a) Permitir o livre acesso a bordo e a franquear não tenha finalidade comercial, os motivos da
todos os compartimentos do navio aos agentes entrada no porto.

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Artigo 102º Artigo 106º

Modo de apresentação da carga Conteúdo do manifesto de carga

O capitão do navio apresenta às autoridades aduanei- 1. Os manifestos de carga em suporte papel não devem
ras, a título da declaração sumária prevista no artigo do conter rasuras ou emendas não devidamente ressalvadas.
presente Código, a carga carregada a bordo, através dos
seguintes documentos: 2. Os manifestos devem conter, pelo menos, os seguin-
tes elementos:
a) O manifesto da carga destinada ao porto e, se o
serviço aduaneiro o considerar necessário, a a) O número do conhecimento de embarque,
sua tradução autenticada; marcas, sub-marcas, números, quantidade
e natureza dos volumes, qualidade e peso
b) As listas específicas dos abastecimentos e bruto das mercadorias ou, se for caso disso,
sobressalentes e das pertenças da tripulação; o número do contentor que as acondiciona e o
número do selo nele aposto;
c) Os manifestos da carga em trânsito, se
solicitados; b) A referência expressa a granel, tratando-se de
mercadorias nessa situação, bem como a sua
d) Uma declaração adicional de quaisquer qualidade e quantidade em peso ou volume;
mercadorias não incluídas no manifesto,
justificando a sua não inscrição no manifesto c) Nome do capitão, nome, nacionalidade e natureza
principal; da embarcação;

e) A lista da tripulação; d) Local, data do carregamento das mercadorias e


porto de descarga.
f) A lista dos passageiros e a respectiva bagagem.
Artigo 107º
Artigo 103º
Descarga de mercadoria
Momento da apresentação e documentação
1. A descarga de mercadorias transportadas pelo navio
1. Os documentos de apresentação do navio e da res- só pode iniciar-se após o cumprimento pelo capitão, nos
pectiva carga devem ser datados e assinados pelo capitão termos previstos dos artigos antecedentes, das formali-
do navio. dades de apresentação do navio e da respectiva carga e
da obtenção da autorização de livre prática pelas auto-
2. A apresentação dos referidos documentos deve fazer-
ridades aduaneiras.
se no prazo máximo de 24 horas após a chegada do navio
ao porto de entrada., contado a partir da hora da visita 2. Todavia, desde que tenham sido tomadas as medidas
de entrada ao navio. necessárias para assegurar a fiscalização das mercadorias
Artigo 104º em causa, podem as autoridades aduaneiras autorizar,
por escrito, a pedido do interessado, a descarga das
Cópia digital do manifesto de carga mercadorias, antes da entrega do manifesto, para locais
sujeitos a fiscalização aduaneira por elas designados,
Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, o capitão devendo a descarga efectuar-se durante as horas e nas
do navio deverá transmitir, por via electrónica, com condições fixadas por aquelas autoridades.
a antecedência mínima de 72 horas relativamente à
data prevista de chegada do navio ao país, cópia digital 3. As autoridades aduaneiras podem, entretanto, exigir,
integral do manifesto de carga à estância aduaneira do em qualquer momento, a descarga e a desembalagem de
porto de entrada. quaisquer mercadorias, para efeitos de verificação das
mesmas e de inspecção dos meios de transporte onde se
Artigo 105º
encontram.
Declarações sumárias electrónicas
Artigo 108º

O Governo adopta medidas para a informatização Transbordo


completa do processo do apresentação de mercadorias
às autoridades aduaneiras, visando a substituição das 1. O transbordo de mercadorias depende de autorização
declarações sumárias e dos seus documentos de acom- escrita das autoridades aduaneiras.
panhamento em suporte papel por declarações e docu-
mentos apresentados por meios electrónicos de proces- 2. Depende também de autorização escrita das au-
samento de dados, dotados de idêntico valor jurídico das toridades aduaneiras a descarga de mercadorias ou de
primeiras, reservando-se o recurso a estas para situações objectos que façam parte da provisão ou dos sobressa-
pontuais determinadas pela necessidade de um correcto lentes do navio, a qual só é concedida após despacho e
funcionamento do sistema de desembaraço aduaneiro pagamento dos direitos e outros encargos devidos, na
de mercadorias. circunstância.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 25
Artigo 109º por agente de navegação devidamente credenciado, pela
Mercadoria em franquia
empresa armadora do navio ou por consignatário cuja
qualidade esteja devidamente comprovada através da
1. Os navios que entrem em porto nacional com carga documentação de bordo.
em trânsito, porque a tal foram forçados ou simplesmente
Subsecção II
porque receberam ordem para o fazer, sem fim comercial,
podem ser dispensados pelas autoridades aduaneiras da Formalidades à saída
apresentação das mercadorias a bordo e do manifesto de
Artigo 112º
cargas.
Condução à estância aduaneira de saída
2. As cargas em trânsito constantes dos respectivos
manifestos são consideradas em franquia. 1. As mercadorias destinadas a exportação ou a reex-
3. Quando o capitão queira desembarcar a totalidade portação são conduzidas e apresentadas a uma estância
ou parte da carga em trânsito, assim o requer, apre- aduaneira que seja competente para aceitar declarações
sentando o competente manifesto, além das cópias dos aduaneiras de exportação ou de reexportação.
conhecimentos emitidos, com indicação dos respectivos 2. A apresentação da mercadoria às autoridades aduaneiras
consignatários. faz-se a coberto de uma declaração sumária de saída.
4. O período de tempo coberto pela dispensa não pode
3. À declaração sumária de saída, aplica-se, com as
ultrapassar 10 dias, salvo se o capitão do navio apresen-
necessárias adaptações, o disposto para as declarações
tar motivos devidamente fundamentados.
sumárias de entrada.
5. Nos casos a que se refere o presente artigo, as auto-
Artigo 113º
ridades aduaneiras podem selar as escotilhas e os corta
- ventos dos porões e dispensar a fiscalização do pessoal Autorização fiscal de saída de navios
a bordo, quando o entenderem conveniente.
1. O navio em serviço de transporte marítimo inter-
Artigo 110º nacional só pode deixar o porto, mediante autorização
Responsabilidades do capitão navio da autoridade aduaneira, requerida, pelo seu capitão
ou agente, com pelo menos duas horas de antecedência
1. O capitão do navio é responsável pela quantidade de relativamente à hora prevista de saída.
volumes declarados no manifesto e pelo perfeito acordo
entre este e os conhecimentos, respondendo perante as 2. O requerimento de autorização de saída deve ser
alfândegas por quaisquer divergências entre a carga instruído com o manifesto de da carga de exportação ou de
manifestada e a carga descarregada. reexportação carregada no porto e as listas de provisões
e sobressalentes carregados no porto.
2. A responsabilidade do capitão fica ilidida se ficar,
entretanto, demonstrado que a divergência resulta: 3. Obtida a autorização de saída, o navio não pode
receber mais carga, salvo autorização das autoridades
a) Do não descarregamento, por motivo justificado,
aduaneiras fundamentada em motivos especiais.
de carga destinada a uma escala anterior;
Secção II
b) Do facto de se tratar de carga destinada a uma
próxima escala, constante de manifesto de Transporte de mercadorias por via aérea
trânsito;
Artigo 114º
c) Do descarregamento, por erro, de parte da carga
Imposição de rotas
num porto anterior;
d) Do consumo, alijamento, por motivo de arribada 1. As aeronaves que entrem, sobrevoem ou saiam do
ou outro motivo de força - maior, de parte da país devem seguir as rotas previamente fixadas para o
carga. efeito pela autoridade aeronáutica.

3. A ocorrência de qualquer das circunstâncias refe- 2. Considera-se em serviço de transporte aéreo inter-
ridas no número anterior é comunicada pelo capitão do nacional a aeronave em viagem cujo itinerário se situa
navio no momento e termos referidos nos artigos 101º e entre o território nacional e o de um Estado estrangeiro
102º sobre a apresentação do navio e da respectiva carga, ou entre dois pontos do país quando tenha sido prevista
devendo a comunicação fazer-se acompanhar de prova uma escala intermédia no território de um Estado es-
bastante, designadamente, de declaração da autoridade trangeiro.
aduaneira do porto ou portos onde as referidas ocorrên- Artigo 115º
cias se tenham verificado.
Condições de aterragem e descolagem
Artigo 111º

Representação do capitão do navio 1.Ressalvados os casos de aterragem forçada e ou-


tros previstos no Código Aeronáutico ou em convenção
No seu relacionamento com as autoridades aduaneiras, internacional aplicável, as aeronaves que entrem ou
o capitão do navio tem a faculdade de se fazer representar saiam do país devem aterrar ou descolar em aeródromo

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público internacional ou outro especialmente designado 2. Do manifesto deve constar, com clareza e precisão:
pela autoridade aeronáutica e onde sejam cumpridas as
formalidades de fiscalização. a) A marca, matrícula e nacionalidade da
aeronave;
2. Denomina-se aeródromo público internacional aquele
que estiver destinado a operações de aeronaves vindas de b) O nome do comandante;
ou com destino ao estrangeiro, dotado, designadamente,
de serviços aduaneiros, de sanidade e de imigração. c) A procedência da aeronave;

Artigo 116º d) A quantidade e a qualidade dos volumes de carga,


suas marcas, natureza das mercadorias, peso
Documentação obrigatória de aeronaves
bruto, procedência e destino;
A aeronave em serviço de transporte internacional
deve trazer sempre a bordo certificados de matrícula e e) Os documentos de origem que acompanham as
de aeronavegabilidade válidos, bem como o livro de bordo mercadorias.
e demais documentação exigida pelos regulamentos ae-
3. Quando a aeronave não transporte mercadorias,
ronáuticos ou por convenção internacional.
apresenta manifesto negativo.
Artigo 117º
4. No acto da apresentação dos documentos prescritos no
Declaração de chegada artigo antecedente poderá o comandante apresentar quais-
quer declarações que tenha por convenientes, de harmonia
À chegada das aeronaves ao aeroporto o respectivo
com o preceituado para as viagens marítimas.
comandante apresenta às autoridades aduaneiras decla-
ração preenchida em impresso de modelo regulamentar, Artigo 119º
donde conste:
Transporte de mercadoria perigosa
a) A marca de matrícula e a nacionalidade da
aeronave; O transporte de substâncias ou coisas que representem
perigo para a segurança do voo é objecto de regulamenta-
b) O nome e a nacionalidade do comandante; ção e supervisão pela autoridade aeronáutica, aplicando-
se-lhe as normas e os procedimentos recomendados pela
c) A procedência; Organização de Aviação Civil Internacional, em conformi-
dade com as disposições da Convenção de Chicago sobre
d) As escalas que fez;
a Aviação Civil Internacional e respectivos Protocolos.
e) O número de tripulantes e o de passageiros para
Artigo 120º
o aeroporto e em trânsito;
Poderes do comandante
f) O consignatário e seu representante;
1. O comandante, como única e máxima autoridade a
g) O motivo da aterragem;
bordo é o responsável da aeronave e da sua tripulação,
h) A hora da chegada; bem como dos passageiros, da bagagem, da carga e do
correio, desde o momento em que tome o comando da
i) O local da aterragem; mesma para levantar o voo, ainda que não exerça a função
própria do piloto.
j) As malas do correio para o aeroporto e em
trânsito; 2. A responsabilidade prevista no número anterior
cessa quando o voo terminar e o comandante fizer a
l) A carga que traz. entrega de aeronave, passageiros, bagagem, carga e
Artigo 118º
correio à autoridade competente ou ao representante do
explorador.
Documentação de suporte
3. Nas aeronaves destinadas a serviços de transporte
1.Com a declaração referida no artigo antecedente, o aéreo, o nome da pessoa investida nas funções de co-
comandante apresenta os seguintes documentos: mandante e os poderes especiais que lhe tenham sido
conferidos devem constar do livro de bordo.
a) Manifesto, de cada procedência, da carga
embarcada, com designação dos respectivos Artigo 121º
destinos, acompanhado, quanto à carga
desembarcada no aeroporto, das declarações Poder especial de alijamento
para as alfândegas ou dos duplicados das
cartas de porte; O comandante de aeronave tem o poder de, durante
o voo, alijar bagagens, mercadorias, cargas postais ou
b) Lista de mantimentos e sobresselentes destinados volumes, se considerar que tal seja indispensável para
ao consumo da aeronave. a segurança da aeronave.

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Artigo 122º 2. O prazo referido no número anterior pode ser redu-
Formalidades à saída
zido pelas autoridades aduaneiras quando o estado de
conservação das mercadorias não permita a sua perma-
1.Antes da saída da aeronave, o respectivo comandante nência em depósito ou quando essa permanência lhes
apresenta às autoridades aduaneiras: possa causar diminuição ou perda de valor.

a) O diário de bordo; 3. As mercadorias adiante referidas beneficiam, desde


logo, em razão da sua natureza, de prazos reduzidos de
b) Os manifestos e declarações idênticos aos permanência em depósito temporário, devendo ser des-
previstos na alínea a) do n.º 1º do artigo 118º, pachadas nos prazos a seguir indicados:
se a aeronave transportar mercadorias;
a) Animais vivos, produtos inflamáveis, poluentes
c) A lista de provisões de bordo. ou perigosos - imediatamente;
2. Se não houver manifesto, a estância aduaneira faz b) Produtos frescos, refrigerados ou congelados,
menção desse facto no diário de bordo, salvo se se tratar e produtos perecíveis - no prazo máximo de
de aeronave de carreira regular, devendo, nesse caso, quarenta e oito horas.
apresentar manifesto negativo.
4. Nas situações referidas no número 2 do presente ar-
Artigo 123º tigo, as autoridades aduaneiras notificam os proprietários
Disposições supletivas ou consignatários das mercadorias da redução do período
de permanência em depósito temporário, fixando-lhes,
As disposições da secção anterior, relativas ao trans- desde logo, o prazo para procederem, nos termos da lei,
porte de mercadorias por mar, são aplicáveis ao trans- ao respectivo levantamento.
porte por ar, com as necessárias adaptações, observadas
Artigo 127º
as disposições do Código Aeronáutico e respectivos re-
gulamentos e das convenções internacionais aplicáveis, Abandono da Mercadoria
designadamente, da Convenção sobre a Aviação Civil
As mercadorias que não forem submetidas, no prazo
Internacional, adoptada em Chicago em 14 de Dezembro
previsto no artigo anterior, às formalidades visando a
de 1944, e respectivos Protocolos.
atribuição de um destino regime aduaneiro, são consi-
CAPÍTULO III deradas abandonadas a favor do Estado e, conduzidas
a armazéns apropriados para serem vendidas, após a
Mercadorias em depósito temporário organização do competente processo administrativo.
Secção I Artigo 128º

Disposições gerais Manipulações permitidas

Artigo 124º 1. As mercadorias em depósito temporário só podem


Mercadorias em depósito temporário ser objecto de manipulações destinadas a garantir a sua
conservação em estado inalterado e desde que não mo-
As mercadorias conduzidas e apresentadas às autori- difiquem a sua apresentação ou as suas características
dades aduaneiras, nas condições previstas neste Código, técnicas originárias.
adquirem, enquanto aguardam que lhes seja atribuído
um destino aduaneiro, o estatuto de mercadorias em 2. Entre as operações permitidas, nos termos do nú-
depósito temporário. mero anterior, incluem-se, designadamente:

Artigo 125º a) A substituição de embalagem ou vasilhame


quando for necessário extrair, para
Armazenagem reexportação ou transferência, parte das
1. As mercadorias em depósito temporário só podem mercadorias contidas num volume, haja
ser armazenadas em locais autorizados pelas autoridades risco de danificação ou derramamento ou for
aduaneiras e nas condições por estas determinadas. indispensável melhorar o acondicionamento
de mercadorias destinadas a trânsito,
2. Os explosivos, as armas e as munições são encami- baldeação, reexportação ou transferência;
nhados para os paióis das forças armadas ou de segurança,
b) A realização de exames e a extracção de
imediatamente após a descarga.
amostras, visando atribuir-se-lhes um destino
Artigo 126º aduaneiro.
Duração do depósito temporário 3. As manipulações previstas neste artigo são prévia e ex-
pressamente autorizadas pelas autoridades aduaneiras.
1.As mercadorias em depósito temporário devem ser
submetidas às formalidades visando a atribuição de um Artigo 129º
destino aduaneiro, no prazo de trinta dias, se tiverem Formalidades
sido introduzidas no território aduaneiro por via aérea
e, no prazo de quarenta e cinco dias, se tiverem sido 1. A abertura de quaisquer volumes, bem como a
introduzidas por via marítima. substituição ou alteração de marcas, invólucros ou da

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28 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

forma de acondicionamento de mercadorias contidas nos comunicação, para o exercício das funções
mesmos volumes só é permitida na presença de agentes aduaneiras e para a execução dos controlos
aduaneiros ou de agentes de fiscalização aduaneira. aduaneiros e dos de outras autoridades;

2. A autorização de separação de mercadorias contidas e) Disporem de meios informáticos que permitam o


em volumes ou a embalagem de mercadoria a granel só é acesso directo, para consulta da contabilidade
concedida mediante apresentação de motivos atendíveis de existências pelas autoridades aduaneiras,
pelos interessados e desde que não haja inconveniente quando for implantado o sistema de
para a segurança dos direitos e demais imposições acau- contabilidade de existências electrónica;
telados pelas autoridades aduaneiras.
f) Disporem de instrumentos e equipamentos
3. Em caso de separação de mercadorias contidas indispensáveis à movimentação, pesagem e
num mesmo volume, os novos volumes obtidos recebem abertura de volumes, bem como à verificação
a mesma marca do volume de que foram extraídos e são das mercadorias neles contidas.
também numerados, fazendo-se, na respectiva escritu-
Artigo 133º
ração, a menção das alterações efectuadas.
Competência para a criação
Artigo 130º

Caução A criação dos armazéns de depósito temporário é da


competência do membro do Governo responsável pela
As autoridades aduaneiras poderão exigir das entida- área das Finanças, que aprova a sua localização, a sua
des detentoras das mercadorias em depósito temporário construção e utilização, após a realização das necessárias
a prestação de uma caução destinada a acautelar o pa- vistorias.
gamento dos direitos e outros encargos incidentes sobre
Artigo 134º
as referidas mercadorias, incluindo as referentes à sua
transferência ou mudança de local, em caso de encer- Responsabilidade dos titulares dos armazéns
ramento do armazém de depósito temporário ou outro
motivo atendível. As entidades exploradoras de armazéns de depósito
temporário são responsáveis perante as alfândegas pelas
Secção II
mercadorias aí depositadas, devendo manter uma escritu-
Armazéns de depósito temporário ração actualizada da existência e de toda a movimentação
dessas mercadorias.
Artigo 131º
Artigo 135º
Armazéns de depósito temporário
Utilização para outros fins
Os locais especificamente destinados à armazenagem
de mercadorias em depósito temporário designam-se Os armazéns de depósito temporário podem ser tam-
armazéns de depósito temporários. bém utilizados para a colocação de mercadorias aban-
donadas, apreendidas, arrojadas, achadas e salvadas,
Artigo 132º
quando as autoridades aduaneiras não disponham de
Instalações instalações apropriadas para a colocação das mesmas,
ficando os titulares desses armazéns constituídos, nesses
1. Os armazéns de depósito temporário podem funcio- casos, em fiéis depositários das referidas mercadorias.
nar em edifício coberto, com entradas e saídas fechadas à
chave ou em local ao ar livre, limitados por uma vedação, Artigo 136º
estando, neste caso, a concessão da autorização condicio- Arrumação
nada quer à segurança tributária, quer à natureza das
mercadorias, designadamente por se tratar de mercado- 1.Nos armazéns de depósito temporário as mercadorias
rias pesadas, volumosas ou perigosas. são arrumadas por marcas e contramarcas ou por bilhetes
de despacho de entrada ou por títulos de trânsito a elas
2. As instalações de armazéns devem obedecer aos respeitantes, para que a conferência das mercadorias com
seguintes requisitos: a escrituração se possa efectuar de forma célere.
a) Ter dimensão adequada, tendo em conta o 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, serão
volume de tráfego previsto e a natureza das colocados em cada volume individualmente considerado
mercadorias a armazenar; ou em cada lote de mercadorias, a indicação da contra-
b) Dispor de vias e de espaço que possibilitem o marca do navio que os transportou e o número de ordem
fácil acesso e o estacionamento dos veículos da declaração sumária ou de outro documento válido ao
de transporte das mercadorias; abrigo do qual deram entrada no referido depósito.

c) Estarem apetrechadas com água, electricidade e 3. Quando a extensão dos armazéns e das áreas de
instalações sanitárias; desalfandegamento o permita ou quando sejam compos-
tos por mais de um edifício, telheiro ou vedação, devem
d) Disporem de instalações adequadas e devidamente os mesmos ser divididos em secções e subsecções, de
equipadas, nomeadamente com meios de harmonia com as instruções dadas pelas autoridades

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 29

aduaneiras, sendo numeradas ou designadas por letras, Artigo 141º


fazendo-se a menção da secção ou subsecção em que se Formas de procedimento
encontram as mercadorias na respectiva contabilidade
de existências. O desembaraço aduaneiro assume a forma normal e a
forma simplificada.
Artigo 137º
Artigo 142º
Interdições
Desembaraço aduaneiro simplificado
Nos armazéns de depósito temporário é interdita
a entrada de qualquer volume arrombado que não se As situações a que se aplica o procedimento simpli-
apresente devidamente selado ou que esteja em evidente ficado de desembaraço aduaneiro serão reguladas em
estado de deterioração, sem que essa circunstância seja decretos-lei de desenvolvimento e nos regulamentos de
comunicada às autoridades aduaneiras e mencionada na execução do presente Código.
respectiva escrituração. Artigo 143º
Artigo 138º Fases do procedimento
Mercadorias em Estado de Deterioração
O desembaraço aduaneiro integra as seguintes fases:
1.A deterioração de mercadorias colocadas em arma-
a) A fase de apresentação da declaração em detalhe;
zéns de depósito temporário deve ser imediatamente
comunicada às autoridades aduaneiras. b) A fase da aceitação e registo da declaração em
detalhe;
2. Quando a permanência dessas mercadorias deterio-
radas nos armazéns possa tornar-se prejudicial para a c) A fase da verificação da declaração em detalhe;
saúde pública ou para as restantes mercadorias, as au-
toridades aduaneiras requisitarão o exame das mesmas b) A fase de liquidação da dívida aduaneira e
às autoridades sanitárias, procedendo-se, em tais casos, correlacionada;
nos termos do parecer de tais autoridades. c) A fase do pagamento da dívida aduaneira
3. Em caso de inutilização das mercadorias, lavrar-se-á e correlacionada e do levantamento da
o competente auto. mercadoria declarada.
Artigo 144º
4. Aos donos ou consignatários das mercadorias par-
cialmente avariadas é sempre permitido separar a parte Fase preliminar
da mercadoria em boas condições da parte danificada, nos
O desembaraço aduaneiro pode integrar ainda uma
termos dos artigos 222º a 226º deste Código.
fase preliminar quando a operação é precedida de consul-
Artigo 139º ta sobre a classificação pautal ou determinação da origem
Legislação subsidiária
de uma mercadoria ainda antes da sua importação ou
quando é suscitado o incidente de exame da mercadoria
Em tudo o que não estiver especificamente regulado para extracção de amostras para apuramento de elemen-
para os armazéns de depósito temporário, aplicam-se, tos necessários à correcta apresentação da declaração
com as necessárias adaptações, o disposto para os entre- aduaneira em detalhe.
postos aduaneiros de armazenagem. Artigo 145º
TÍTULO IV Regime aplicável à extracção de amostras

DESEMBARAÇO ADUANEIRO A extracção de amostras da mercadoria realizada antes


da apresentação da declaração em detalhe rege-se, com
CAPÍTULO I
as necessárias adaptações, pelas disposições previstas
Disposições gerais neste Código para a realização da diligência em sede da
verificação física das mercadorias, após a aceitação e o
Artigo 140º
registo da declaração em detalhe.
Definição Artigo 146º

O desembaraço aduaneiro é um procedimento adminis- Incidentes do procedimento


trativo especializado, constituído por uma série ordenada
de actos e operações materiais entre si correlacionados Constituem incidentes do procedimento de desem-
cujo objectivo último é a entrega em tempo útil aos opera- baraço aduaneiro diligências que, não fazendo obriga-
dores económicos e a outros interessados das mercadorias toriamente parte da sua tramitação normal, podem
introduzidas no território nacional de que sejam donos suscitar-se, no âmbito das suas diferentes fases, por
ou consignatários, após o cumprimento das formalidades razões decorrentes da necessidade de execução de um
inerentes ao destino ou regime que lhes for atribuído e controlo aduaneiro mais aprofundado para um melhor
a realização dos controlos de admissibilidade previstos apuramento dos elementos de tributação ou para garantir
na lei e impostos pela necessidade de defesa e protecção o cumprimento por parte do destinatário da mercadoria
do interesse público. das formalidades inerentes ao seu desalfandegamento.

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30 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 147º Artigo 151º

Espécies de incidentes Meios de apresentação

Constituem incidentes do procedimento de desemba- As declarações em detalhe podem ser apresentadas em


raço aduaneiro: suporte papel ou por via electrónica.
Artigo 152º
a) A extracção de amostras da mercadoria
declarada; Coexistência dos meios de apresentação

b) As contestações e as divergências sobre o valor A coexistência da apresentação da declaração adua-


aduaneiro, a classificação pautal e de origem; neira em suporte papel e por via electrónica mantém-se
até que estejam criadas as condições para a aplicação
c) A aplicação de direitos anti-dumping e de exclusiva ou predominante da apresentação por via
compensação; electrónica.
d) O reconhecimento de benefícios fiscais; Artigo 153º

e) A prestação de garantias de pagamento do Local de apresentação


crédito e a sua execução por não pagamento
Sem prejuízo das disposições específicas aplicáveis às
voluntário da dívida garantida;
declarações electrónicas, a declaração em detalhe é depo-
f) Consultas prévias sobre as regras de origem e sitada na estância aduaneira competente para autorizar
classificação pautal e pedidos de informações o regime aduaneiro pretendido.
sobre a aplicação da legislação aduaneira. Artigo 154º

Artigo 148º Prazo de apresentação

Legislação aplicável As declarações em detalhe são apresentadas dentro


do período em que as mercadorias a que respeitam de-
Os incidentes do desembaraço aduaneiro regem-se
vam permanecer em depósito temporário, nos termos do
pelo disposto neste Código e nos diplomas que o regu-
artigo126º.
lamentam.
Artigo 155º
Artigo 149º
Apresentação antecipada
Iniciativa do procedimento
1.As autoridades aduaneiras podem, entretanto,
O procedimento do desembaraço aduaneiro desenca- autorizar a apresentação, a título condicional, de decla-
deia-se por impulso do dono ou consignatário da mercado- rações em detalhe antes da chegada das mercadorias a
ria, mediante a apresentação da declaração em detalhe, que respeitam às estâncias aduaneiras ou aos lugares
nos termos regulados neste Código. designados pelos serviços aduaneiros.
CAPÍTULO II 2. Para efeitos de aplicação das regras previstas no
presente Código referentes, designadamente, à liquidação
Declaração em Detalhe e cobrança dos direitos e demais imposições devidas, às
Secção I proibições e outras medidas de controlo, as declarações
entregues antecipadamente só produzem efeito, com
Disposições Gerais todas as consequências inerentes ao seu registo, a partir
Artigo 150º
da data de introdução da mercadoria a que se respeitam
no território aduaneiro nacional.
Natureza da declaração
Artigo 156º
1.A declaração em detalhe é o acto jurídico pelo qual o Exame prévio
declarante designa o regime aduaneiro pretendido para
mercadoria declarada, se obriga, nos termos da lei, a 1. As pessoas habilitadas a declarar, que não estejam
cumprir as obrigações inerentes ao regime aduaneiro na posse de todos os elementos necessários para a ela-
pretendido e fornece todas as informações necessárias boração declaração em detalhe, podem ser autorizadas,
para permitir a identificação da mercadoria em causa e a seu pedido, a examinar previamente as mercadorias e
a aplicação das medidas previstas na lei relativamente a extrair amostras.
ao regime declarado.
2. A realização do exame prévio autorizado nos termos
2. A concessão de benefícios fiscais relativamente aos do número anterior deve ser obrigatoriamente assistido
direitos aduaneiros e a outros impostos exigíveis às por agentes aduaneiros ou de fiscalização aduaneira
mercadorias importadas não dispensa o cumprimento que, juntamente com o declarante requerente, assinam
da obrigação de apresentação da declaração em detalhe um documento descrevendo a operação e os respectivos
prevista no número anterior. resultados.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 31

3. O documento referido na parte final do número an- mesmo provar que a mercadoria foi erradamente decla-
tecedente é junto ao processo de desembaraço aduaneiro rada para o regime aduaneiro correspondente ou quando,
da mercadoria objecto de exame prévio. em razão de circunstâncias especiais, já não se justificar
a sujeição da mercadoria ao regime aduaneiro para o
Artigo 157º
qual foi declarada.
Conteúdo e instrução da declaração
3.Quando as autoridades aduaneiras tiverem já in-
A declaração em detalhe deve conter todas as infor- formado o declarante da intenção de procederem a uma
mações necessárias para a aplicação das disposições que verificação das mercadorias, o pedido de anulação da
regem o regime aduaneiro pretendido, para o controlo do declaração só pode ser admitido após a realização dessa
comércio externo e para a aplicação das medidas sanitá- verificação.
rias, fitossanitárias ou outras exigidas por lei, fazendo-se
4. A declaração não pode ser anulada após a autorização
acompanhar da documentação de suporte das referidas
de saída das mercadorias.
informações.
5. A anulação da declaração não prejudica a aplicação
Artigo 158º
de sanções por infracções eventualmente cometidas.
Rejeição de declaração
Artigo 162º

As declarações que não forem apresentadas nos termos Revisão a posteriori das declarações
previstos neste Código e nos respectivos regulamentos ou
que não se fizerem acompanhar da documentação por eles O disposto nos artigos anteriores, no concernente à
exigida são rejeitadas, para efeitos de aperfeiçoamento rectificação e à anulação das declarações em detalhe,
ou instrução na forma legal. não prejudica a faculdade assegurada ao declarante, no
artigo 235º deste Código, de tomar a iniciativa de solicitar
Artigo 159º a revisão das declarações em detalhe após a autorização
de saída da mercadoria, para verificação da correcta
Aceitação e Registo da Declaração
aplicação do regime aduaneiro declarado.
1. As declarações em detalhe aceites pelos funcionários Artigo 163º
aduaneiros são imediatamente registadas.
Data relevante
2. As declarações aceites e registadas nas alfândegas
1. Salvo disposições específicas em contrário, a data que
constituem um documento autêntico, para todos os efeitos
deve ser tomada em consideração para efeitos de aplica-
legais, só podendo ser objecto de rectificação ou anulação
ção de todas as disposições relativas ao regime aduaneiro
nos termos previstos nos artigos subsequentes.
para o qual as mercadorias são declaradas é a do registo
Artigo 160º da declaração em detalhe nas alfândegas.
Rectificação da declaração 2. O registo obedece ao disposto no artigo 159º deste
Código.
1. O declarante é autorizado, a seu pedido, a proceder
à rectificação de um ou mais elementos da declaração, Secção II
desde que apresente um motivo justificado. Organização da declaração em detalhe escrita

2. A rectificação não pode ter por efeito fazer incidir a Artigo 164º
declaração sobre mercadorias distintas daquelas a que Modo de apresentação da declaração
inicialmente se referia.
1.A declaração em detalhe escrita deve ser apresentada
3. A rectificação não pode ser autorizada se o respectivo em formulário de modelo regulamentar, sem rasuras,
pedido for formulado após as autoridades aduaneiras emendas e entrelinhas não devidamente ressalvadas.
terem:
2. A declaração em detalhe escrita é assinada pelo declarante
a) Informado o declarante da sua intenção de e autenticadas com o carimbo em uso no seu serviço.
proceder a uma verificação das mercadorias; Artigo 165º

b) Verificado a inexactidão dos elementos em causa; Mercadorias não passíveis de integrar uma mesma
declaração
c) Autorizado a saída da mercadoria.
Não podem ser submetidas a despacho, numa mesma
Artigo 161º declaração em detalhe, as seguintes mercadorias:
Anulação da declaração a) Mercadorias sujeitas a regimes aduaneiros
diferentes;
1. 1.A declaração pode ser anulada por imposição legal,
nos termos do nº1 do artigo 300º deste Código, ou a pedido b) Mercadorias provenientes de depósitos ou
do declarante, nos termos do presente artigo. entrepostos aduaneiros diferentes;
2. A pedido do declarante, as autoridades aduaneiras c) Mercadorias pertencentes a consignatários ou
anulam uma declaração já aceite e registada, quando o destinatários diferentes.

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32 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 166º Secção IV

Declaração com vários artigos pautais Declarações simplificadas e verbais

1. Quando numa mesma declaração em detalhe cons- Artigo 172º


tarem vários artigos pautais, os elementos relativos a
Declarações simplificadas
cada artigo são considerados como constituindo uma
declaração independente. 1. Sem prejuízo do disposto para as declarações verbais,
2. Não é permitido apresentar como uma única uni- nos procedimentos simplificados de desalfandegamento, a
dade vários volumes reunidos em atados, paletes ou declaração em detalhe é substituída por uma declaração
sob outra forma semelhante de acondicionamento de simplificada, sob a forma de documento administrativo
mercadorias. ou comercial.

Artigo 167º 2. A declaração simplificada referida no número ante-


Prevalência da Terminologia Aduaneira
rior é completada posteriormente por uma declaração em
detalhe complementar, que poderá assumir um carácter
Sempre que numa declaração haja contradição entre global, periódico ou recapitulativo.
uma menção, em letras ou em número, conforme com a
terminologia aduaneira, e outra menção não conforme 3. A declaração simplificada deve conter as indica-
com a referida terminologia, prevalece a menção que ções consideradas indispensáveis pelas autoridades
estiver redigida em conformidade com a terminologia aduaneiras e ser acompanhada de todos os documentos
aduaneira. legalmente exigidos para a operação em vista.
Artigo 168º 4. A declaração complementar constitui, conjunta-
Regulamentação mente com as declarações simplificadas, um acto único
e indivisível, que produz efeitos à data da aceitação e
O regime de apresentação da declaração em detalhe registo das declarações simplificadas.
escrita o modelo a que deve obedecer, bem como os do-
cumentos com que deve ser instruída são aprovados pelo Artigo 173º
Governo, em regulamentação deste Código. Declarações verbais
Secção III
São também admitidas, no âmbito dos procedimentos
Declarações em detalhe electrónicas simplificados de desalfandegamento, declarações verbais
Artigo 169º nas seguintes situações:
Aplicações informáticas a) Em relação a objectos separados de bagagem e a
pequenas encomendas, sem carácter comercial,
1. As aplicações informáticas de suporte às declarações
que não ultrapassem um determinado limite
em detalhe electrónicas privilegiam a interoperabilidade
fixado por despacho conjunto dos membros
entre todos os intervenientes no controlo do comércio
do Governo responsáveis pelas áreas das
externo e nas operações de desembaraço aduaneiro.
finanças e do comércio;
Artigo 170º
b) Em relação a mercadorias declaradas nas estâncias
Acesso ao regime de declarações em detalhe electrónicas
aduaneiras onde não haja despachante oficial.
1. A forma e as condições de acesso ao regime de de- Artigo 174º
clarações em detalhe electrónicas, bem como o processo
de credenciação dos seus utilizadores e de validação Aplicação supletiva das disposições da declaração
das informações processadas são definidas em diploma em detalhe
próprio, obedecendo aos princípios da simplicidade e Em tudo o que não estiver especificamente regulado
da desburocratização e do respeito das condições gerais para as declarações simplificadas e verbais, aplicam-se,
estabelecidas na lei, designadamente em sede de identi- com as necessárias adaptações, as disposições relativas
ficação, de habilitação para apresentação de declarações às declarações em detalhe.
aduaneiras e de poderes de representação.
Secção V
2. Nas declarações em detalhe electrónicas, o controlo
da fiabilidade da assinatura do declarante é feito através Das pessoas habilitadas a intervir no desembaraço aduaneiro
de mercadorias
do sistema de chaves públicas, associado às assinaturas
electrónicas. Subsecção I
Artigo 171º Disposições gerais
Valor jurídico
Artigo 175º
As declarações electrónicas, enviadas e processadas, Representação perante as alfândegas
nos termos da lei, têm o mesmo valor e produzem os
mesmos efeitos jurídicos que as declarações apresentadas 1. Qualquer pessoa pode fazer-se representar, directa
em suporte papel. ou indirectamente, perante as autoridades aduaneiras

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 33

para o cumprimento das formalidades aduaneiras exi- habilitação, e dela constarão, designadamente, o número
gidas para o desembaraço de mercadorias ou de meios e a data deste último, a fotografia do titular e os actos
de transporte. que está autorizado a praticar, no âmbito do processo de
desembaraço aduaneiro de mercadorias
2. A representação é directa quando o representante
age em nome e por conta do representado e, indirecta Artigo 179º
quando o representante age em nome próprio e por conta
Regime de emissão
do representado.
3. O representante deve declarar se age ou não por conta 1. O alvará e a cédula são passados em nome individual.
da pessoa representada, precisar se a representação é directa
ou indirecta e se possui poderes de representação. 2. No caso de sociedades de despachantes oficiais, o al-
vará e a cédula são emitidos a favor da sociedade e de cada
4. Quem declarar que não age por conta de um repre- uma das pessoas habilitadas a intervir nos processos da
sentado, é considerado como agindo em nome próprio e sua responsabilidade, nos termos do presente Código.
por conta própria.
3. Tratando-se de pessoas colectivas que não sejam so-
5. A quem declarar agir em nome ou por conta de ou- ciedades de despachantes oficiais, o alvará e a cédula são
trem, podem as autoridades aduaneiras exigir que faça atribuídos aos seus caixeiros-despachantes ou às pessoas
prova dos poderes de representação. singulares, sócias ou não, com poderes de administração
Artigo 176º geral sobre elas ou com competência delegada para as
representar perante as autoridades aduaneiras.
Enumeração
Artigo 180º
Só estão habilitados a declarar nas alfândegas e a in-
tervir no desembaraço aduaneiro das mercadorias: Pessoas inibidas de intervir no desembaraço aduaneiro de
mercadorias
a) Os donos ou consignatários das mercadorias
quando para tanto se apresentem 1. Estão inibidas de declarar e de intervir no desemba-
pessoalmente perante a administração raço aduaneiro de mercadorias, independentemente da
aduaneira e comprovem, se lhes for exigida, qualidade em que o façam, as pessoas que não possuam
a respectiva identidade ou quando se façam a necessária idoneidade moral, apurada através de um
representar por procuradores; processo de averiguações próprio, designadamente, por
lhes ter sido aplicada pena acessória de interdição de
b) Os caixeiros dos donos ou consignatários das exercício da profissão ou actividade em razão da conde-
mercadorias, com a faculdade, conferida pelos nação por crime ou contra-ordenação de natureza fiscal
Director-Geral das Alfândegas, de assinarem aduaneira ou outro igualmente grave e desonroso, como
as declarações; furto, roubo, abuso de confiança, burla, receptação ou
c) Os agentes aduaneiros das empresas abuso de confiança.
transportadoras, tratando-se de géneros
2. A inibição é de carácter temporário e está sujeita
consignados às mesmas, ou cuja entrega seja
a avaliação periódica, a pedido do interessado e nos
da sua responsabilidade;
termos da lei, designadamente, em caso de reabilitação
d) Os despachantes oficiais. do condenado pelos crimes ou contra-ordenações supra
referidos.
Artigo 177º
Subsecção II
Comprovação da habilitação
Dos profissionais do despacho aduaneiro
As pessoas habilitadas a declarar e que intervêm com
regularidade em processos de desembaraço de mercado- Artigo 181º
rias recebem alvará e cédula de modelo regulamentar
das autoridades aduaneiras para comprovação dessa Profissionais do despacho aduaneiro
sua qualidade junto das estâncias aduaneiras por onde
correm os processos de desembaraço de mercadorias nos 1. Estão habilitados a apresentar declarações às
quais têm intervenção ou em outras situações de exercício autoridades aduaneiras e a intervir no desembaraço
das suas funções. aduaneiro de mercadorias e de meios de transportes,
em representação dos donos ou consignatários destes,
Artigo 178º as seguintes entidades:
Alvará e cédula
a) Os caixeiros dos donos ou consignatários das
1.O alvará referido no artigo anterior é emitido pelo mercadorias;
Director-Geral das Alfândegas, observados os requisitos
legais exigidos para cada situação em particular. b) Os agentes aduaneiros das empresas
transportadoras;
2. A cédula de modelo regulamentar é emitida pelo di-
rector de circunscrição aduaneira, com base no alvará de c) Os despachantes oficiais.

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34 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

2. Os caixeiros dos donos ou consignatários de merca- b) Que ele abonador assume inteira responsabilidade
dorias e os agentes das empresas designam-se caixeiros- pelos actos que o abonado praticar na
despachantes. estância aduaneira perante quem a abonação
é feita, até revogação da abonação mediante
3. Os ajudantes de despachantes oficiais só estão au- declaração apresentada ao Director-Geral
torizados a apresentar declarações às alfândegas nas das Alfândegas;
situações em que estejam a substituir os despachantes
oficiais, fazendo-o, nesse caso, sob responsabilidade c) Que o abonado só poderá intervir nos despachos
destes últimos. promovidos por ele abonador ou por ele
assinados;
Artigo 182º
d) Que o abonado não está inibido de exercer a
Caixeiros - despachantes
profissão, nos termos deste Código.
O exercício da actividade de caixeiro-despachante só Artigo 186º
é permitida a pessoas que tenham como habilitação mí-
Número de ajudantes
nima o 12º ano de escolaridade ou formação legalmente
equivalente e possuam os necessários conhecimentos Os despachantes oficiais ou as sociedades de despa-
para o desempenho das correspondentes funções, aferidos chantes oficiais podem ter ao seu serviço o número de
através de exame de habilitação prestado perante um júri ajudantes exigido pelas necessidades do seu escritório.
nomeado pela Direcção-Geral das Alfândegas e do qual
Artigo 187º
faz parte sempre um despachante oficial.
Cessação de funções
Artigo 183º
O ajudante de despachante cessa imediatamente fun-
Âmbito de intervenção
ções após a apresentação da revogação da abonação pelo
1. Os caixeiros-despachantes só estão habilitados a despachante oficial sob cuja responsabilidade trabalha,
intervir em procedimentos de desembaraço aduaneiro de ficando obrigado a devolver às autoridades aduaneiras os
mercadorias pertencentes ou consignadas às empresas ou documentos de identificação profissional que o habilita-
às organizações a que prestam serviço, podendo os seus vam a intervir no processo de desembaraço aduaneiro.
poderes incluir, no caso do caixeiro do dono ou consigna- Artigo 188º
tário da mercadoria, a faculdade de assinar declarações
Praticantes de despachantes oficiais
autorizada pelo Director-Geral das Alfândegas.
Os despachantes oficiais podem também ter ao seu
2. Os agentes aduaneiros das empresas transportado- serviço praticantes que, sob sua responsabilidade, os
ras podem ainda intervir em procedimentos de desemba- auxiliem nas funções de que estão incumbidos.
raço aduaneiro relativo a mercadorias cuja entrega seja
da responsabilidade da empresa transportadora para a Artigo 189º
qual trabalham. Autorização para o exercício de actividade

Artigo 184º 1.O exercício da função de praticante de despachante


Ajudantes de Despachante
oficial é autorizado pelo director da circunscrição adua-
neira da área do domicílio profissional do despachante
1.Os ajudantes de despachante deverão possuir como oficial interessado nos seus serviços, mediante requeri-
habilitação mínima o 12.º ano de escolaridade ou equi- mento de ambos, instruído com a declaração de abonação
valente e prestam serviço em escritórios ou sociedades prevista para os ajudantes de despachantes oficiais.
de despachantes oficiais, coadjuvando estes no exercício
2. O candidato a despachante oficial deve ter como
das suas funções.
habilitações mínimas o 9º ano de escolaridade ou equi-
2. O ajudante de despachante só inicia funções após valente.
regular abonação por parte do despachante oficial a Artigo 190º
quem vai prestar serviço perante a estância aduaneira
Funções dos praticantes
a que o abonador esteja vinculado no exercício das suas
actividades profissionais. Os praticantes de despachantes, além de poderem apre-
Artigo 185º
sentar documentos do expediente aduaneiro nos serviços
aduaneiros, podem auxiliar também os ajudantes de
Termo de abonação despachantes nas diligências em que eles intervenham,
estando-lhes, entretanto, vedada, sem a presença daque-
A abonação referida no n.º 2 do artigo antecedente é les, a interferência em actos inerentes à classificação de
feita por termo lavrado na estância aduaneira competen- mercadorias.
te, assinado, a final, pelas pessoas nele intervenientes,
devendo do mesmo constar as seguintes declarações Artigo 191º
tomadas ao despachante oficial abonador: Cessação de funções

a) Que o abonado reúne as adequadas condições de O praticante de despachante oficial cessa funções nos
probidade e aptidão; mesmos termos que o ajudante de despachante oficial.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 35
Artigo 192º Artigo 198º

Emissão de cédula Prova ad-hoc de conhecimento

São emitidas cédulas a favor dos praticantes de despa- Nas estâncias aduaneiras onde não existam pessoas
chantes, para efeitos de comprovação da sua qualidade, habilitadas a exercer a função de despachante oficial, a
no exercício das suas funções e perante as autoridades Direcção-Geral das Alfândegas poderá autorizar a prática
aduaneiras. de actos próprios da profissão a pessoas habilitadas com
Artigo 193º
o 9º ano de escolaridade, após aprovação em prova espe-
cífica destinada a comprovar os conhecimentos mínimos
Modos de exercício da profissão para o exercício da profissão.
Os despachantes oficiais podem exercer a sua activida- Artigo 199°
de em nome individual ou em sociedade de despachantes
Deveres do despachante oficial
oficiais de que sejam sócios
Artigo 194º No exercício da sua actividade profissional, o despa-
chante oficial está adstrito, designadamente, aos seguin-
Requisitos de acesso à profissão tes deveres deontológicos:
O exercício da profissão de despachante oficial está a) Usar da máxima lealdade nas relações com os
condicionado à aprovação em concurso documental, pre- demais despachantes;
cedido de exame de habilitação de prova pratica e oral,
prestado perante um júri nomeado pela Direcção-Geral b) Ser assíduo ao serviço e mantê-lo em adequadas
das Alfândegas e de que obrigatoriamente faz parte um condições de funcionamento;
despachante oficial.
c) Usar do necessário empenho e zelo nos despachos
Artigo 195º
que forem da sua responsabilidade, não
Profissionais admitidos ao exame de habilitação promovendo diligências que se reconheça
serem inúteis;
Só são admitidos a participar no exame de habilitação
para o exercício da profissão de despachante oficial os d) Prestar contas aos donos e consignatários das
ajudantes de despachante ou os caixeiros despachantes mercadorias de todas importâncias recebidas
que possuam como habilitação mínima o 12.º ano de esco- e despendidas por conta dos serviços que lhe
laridade ou formação legalmente equivalente e tenham, tenham contratado;
respectivamente, dois ou cinco anos de serviço efectivo
nas correspondentes funções. e) Fixar os respectivos honorários de acordo com a
com a tabela oficial;
Artigo 196º
f) Manter um registo diário e ordenado, nas
Numerus clausus
condições fixadas pelo Director-Geral das
1. O número de despachantes oficiais em cada estân- Alfândegas, de todos os despachos processados
cia aduaneira é limitado, sendo fixado por portaria do na sua agência e uma contabilidade sempre
membro do Governo responsável pela área das Finanças, actualizada das contas que tiver com os seus
mediante proposta do Director-Geral das Alfândegas. clientes;

2. Não é permitido o exercício da actividade de despa- g) Emitir recibo das quantias que lhe forem
chante oficial em mais de uma estância aduaneira, nem entregues pelos seus clientes para pagamento
a título individual, nem sob a forma de sociedade. das despesas a efectuar com as declarações
aduaneiras de que tiver sido incumbido;
3. A título excepcional, designadamente, por falta
de despachantes oficiais próprios numa determinada h) Utilizar no seu relacionamento com as
estância aduaneira, os despachantes oficiais das estân- autoridades aduaneiras no âmbito do
cias aduaneiras mais próximas podem ser autorizados a desembaraço aduaneiro, incluindo para
exercer temporariamente a sua actividade na estância efeitos de pagamento de despachos, apenas
aduaneira em causa. auxiliares da sua agência habilitados a
intervir nesse procedimento.
Artigo 197º
Artigo 200º
Abertura do concurso
Conservação de documentos
Havendo vaga para despachantes oficiais numa de-
terminada estância aduaneira e desde que não existam O despachante oficial é obrigado a conservar o registo a
seleccionados em concurso anterior ainda válido, o con- que se refere a alínea f) do artigo antecedente, bem como
curso documental para o seu preenchimento pode ser a correspondência e os documentos relativos às operações
aberto oficiosamente pela Direcção-Geral das Alfândegas aduaneiras em que tenha intervindo, durante cinco anos
ou a pedido dos profissionais legalmente habilitados a a contar da data da declaração, com os pormenores cor-
nele participar. respondentes.

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36 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 201º crime ou contra-ordenacional de medida de coacção de
Exibição
suspensão da profissão e a aplicação da medida cautelar
de suspensão preventiva em procedimento disciplinar
O despachante oficial está ainda obrigado, nos termos instaurado ao despachante oficial por violação dos seus
dos artigos 14º e 15º deste Código, a exibir, sempre que deveres deontológicos.
solicitado pelas autoridades aduaneiras, toda a documen-
tação relacionada com a sua actividade, designadamente, 2. A medida de suspensão é averbada no alvará e na
o registo dos despachos processados por intermédio da cédula profissional do despachante oficial a quem tenha
sua agência. sido aplicada.

Artigo 202º Artigo 206º

Honorários Extensão da medida aos demais profissionais

A tabela de honorários dos despachantes oficiais é apro- Idêntica medida preventiva é adoptada em relação aos
vada por Portaria do membro do Governo responsável demais profissionais do despacho aduaneiro incursos nas
pela área das Finanças. mesmas situações, após prévia audiência dos mesmos.
Artigo 203º Artigo 207º

Responsabilidade disciplinar Competência Disciplinar

1. A violação dos deveres deontológicos referidos nos 1. A competência para a aplicação das penas discipli-
artigos antecedentes configura infracção disciplinar, nares referidas nos artigos antecedentes reparte-se do
respondendo o despachante oficial por ela perante as seguinte modo:
autoridades aduaneiras.
a) Chefes de estâncias aduaneiras – advertência;
2. Salvos os casos em que a pena aplicável é a adver-
tência, as infracções disciplinares cometidas pelos des- b) Director de alfândega – advertência averbada;
pachantes oficiais são apuradas em processo disciplinar
instaurados, instruídos e decididos mediante aplicação c) Director de circunscrição aduaneira – multa;
subsidiária e com as necessárias adaptações, do Estatuto
d) Director-Geral das Alfândegas – Suspensão e
Disciplinar dos Agentes da Administração Pública.
demissão.
Artigo 204º
2. A pena de advertência pode ser aplicada pelos di-
Infracções e Penas Disciplinares rectores ou pelos chefes das delegações aduaneiras na
própria declaração aduaneira do despachante ou noutros
1. As infracções disciplinares cometidas pelos despa-
documentos apresentados pelo despachante oficial e in-
chantes oficiais são punidas, consoante a gravidade do
dependentemente de instauração do devido processo.
facto, a intensidade da culpa e demais circunstâncias do
caso, com as seguintes penas: Artigo 208º

a) Advertência; Recurso

b) Advertência averbada; 1. Das decisões dos Directores de alfândegas cabe recurso


hierárquico para os Directores de Circunscrição Aduaneira
c) Multa de 100.000$00 a 500.000$00 (cem mil a e destes para o Director-Geral das Alfândegas.
quinhentos mil escudos);
2. Das decisões do Director-Geral das Alfândegas,
d) Suspensão de 30 dias até 1 ano;
mesmo das proferidas em sede de recurso hierárquico,
e) Demissão. há recurso para o membro do governo responsável pela
área das Finanças.
2. É aplicada, entretanto, a pena de demissão ao des-
pachante oficial a quem tenha sido já aplicada a pena de 3. As decisões do Director-Geral das Alfândegas são
suspensão por duas vezes e que cometa outra infracção à impugnáveis contenciosamente nos termos da lei geral.
qual corresponda pena igual ou superior a multa, desde Artigo 209º
que as circunstâncias do caso revelem que ele é mani-
festamente inidóneo para continuar a exercer as funções Ausências do despachante oficial
em que está investido ou a natureza do facto praticado
implique a perda de confiança exigida para o exercício Os despachantes oficiais que, por razões justificadas,
da profissão. se tenham que ausentar do serviço por período igual ou
superior a dez dias seguidos, comunicam o facto à estância
Artigo 205º aduaneira onde exercem a sua actividade profissional,
Casos de suspensão da habilitação indicando-lhe o ajudante de despachante que os substitui
durante a sua ausência, continuando a responder inte-
1. Determinam a suspensão da habilitação para o gralmente perante as alfândegas pelos actos praticados
exercício da profissão a aplicação em sede de processo- por esse seu substituto, durante o período da ausência.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 37
Artigo 210º Artigo 217º

Regras supletivas Tributação de encomendas postais

O exercício da profissão de despachante oficial regula-se, 1. As mercadorias importadas ou exportadas através


em tudo o que não estiver especificamente previsto neste dos correios ou em pequenas encomendas, por intermé-
Código e em demais legislação aplicável, pelas disposições dio dos operadores do serviço postal, estão sujeitas ao
da legislação geral sobre mandato e prestação de serviços pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras,
no exercício de profissões liberais. nos termos da legislação em vigor.
Subsecção III
2. As mercadorias, a que se refere o número anterior,
Sociedades de despachantes oficiais
devem ser apresentadas às autoridades aduaneiras, para
Artigo 211º desalfandegamento, nos locais designados para o efeito.
Objecto das sociedades de despachantes Artigo 218º
As sociedades de despachantes oficiais têm como ob- Liquidação
jecto exclusivo o exercício da actividade de representação
dos donos e consignatários de mercadorias e meios de A liquidação dos direitos aduaneiros e de outras im-
transporte perante as autoridades aduaneiras no pro- posições cuja gestão seja da responsabilidade das auto-
cesso de desembaraço aduaneiro. ridades aduaneiras consiste na determinação da base
Artigo 212º
tributável e da classificação pautal aplicáveis a uma
determinada mercadoria e no apuramento subsequente,
Gerência
com base nesses elementos, do montante em concreto dos
A gerência das sociedades de despachantes oficiais impostos a pagar.
compete aos respectivos sócios. Artigo 219º
Artigo 213º
Legislação relevante
Denominação
A determinação dos elementos de tributação relevantes
A denominação da sociedade de despachantes oficiais é
para o apuramento dos impostos a pagar é feita de acordo
acrescida da expressão “agência de despacho aduaneiro”.
com a legislação específica em vigor à data do registo
Artigo 214º pela administração aduaneira da declaração em detalhe
Deveres dos sócios a ela respeitante.
Os despachantes oficiais sócios de sociedade de des- Artigo 220º
pacho aduaneiro não podem concorrer com ela, estando- Outros elementos relevantes
lhes vedado o exercício, por conta própria ou alheia, da
actividade de representação dos donos e consignatários 1.A liquidação dos direitos aduaneiros e de outros im-
de mercadorias perante as autoridades aduaneiras postos a pagar em concreto obedece também às decisões
no desembaraço aduaneiro de mercadorias e meios de devidamente homologadas do Conselho Técnico Adua-
transporte. neiro, tomadas a respeito de processos de contestação do
Artigo 215º valor, da origem e da classificação pautal das mercadorias
declaradas, bem como às decisões judiciais definitivas a
Aplicação das regras relativas ao exercício da actividade
em nome individual
elas respeitantes.

Em tudo o que não estiver especificamente regulado, 2. Quando a verificação de mercadorias declaradas
aplicam-se às sociedades de despachantes oficiais o tenha ocorrido sem dar lugar à contestação dos elementos
disposto na legislação aduaneira relativamente ao des- apresentados pelo declarante, prevalecem no apuramento
pachante oficial em nome individual. do imposto a pagar os elementos constantes da declaração
em detalhe.
CAPÍTULO III
3. Na ausência de declaração em detalhe, designada-
Liquidação dos direitos aduaneiros
mente, porque se trata de mercadoria abandonada, arro-
e demais imposições
jada ou achada, os elementos de tributação são apurados
Secção I oficiosamente pela administração aduaneira.
Disposições gerais
Artigo 221º
Subsecção I
Liquidação adicional
Mercadorias em geral
Artigo 216º A liquidação adicional ocorre quando, depois de liquidados
os direitos aduaneiros e demais impostos incidentes sobre
Direitos aduaneiros
a mercadoria declarada, se verificar que o montante da
As mercadorias estão sujeitas, à entrada do território dívida aduaneira ou outra com ela correlacionada é superior
aduaneiro nacional, aos direitos aduaneiros e demais ao inicialmente apurado, através, designadamente, de
imposições previstos na Pauta Aduaneira ou em legis- acção de revisão e controlo da declaração em detalhe
lação avulsa. efectuada depois da saída da mercadoria.

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38 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Subsecção II de acompanhamento para certificação se
Especificidades em caso de mercadorias avariadas a declaração está feita correctamente e se
os documentos justificativos necessários
Artigo 222º
satisfazem as condições exigidas;
Destino de mercadorias avariadas
b) À verificação física, total ou parcial, das
As mercadorias avariadas são destruídas imediata- mercadorias declaradas, acompanhada de
mente, sob fiscalização aduaneira, reexportadas ou tri- eventual extracção de amostras, com vista
butadas segundo o estado em que se encontrarem. a confirmar se a natureza, origem, estado,
Artigo 223º quantidade, valor, especificações pautais,
incluindo as respectivas taxas e o regime a que
Avaria parcial de carregamento
possam estar sujeitas, estão em conformidade
Caso a avaria tenha ocorrido entre o período de início da com os dados da declaração aduaneira.
viajem de transporte da mercadoria para Cabo Verde Artigo 228º
e o momento da apresentação da declaração em deta-
lhe e o valor da parte avariada for superior ao valor Rejeição resultados verificação parcial
total do carregamento em estado bom, só é tomada em
Caso a verificação física seja parcial e o declarante não
consideração para efeitos de tributação a parte boa do
se conforme com os respectivos resultados, o mesmo tem
carregamento.
o direito de rejeitá-los e de requerer a verificação inte-
Artigo 224º gral dos elementos da declaração sobre os quais incide
Separação da parte avariada a discordância.

A separação das mercadorias avariadas do resto do Artigo 229º


carregamento depende de autorização das autoridades Verificação das Mercadorias
aduaneiras e é feita sob fiscalização destas.
1. A verificação das mercadorias declaradas só pode
Artigo 225º
ser efectuada em armazéns de depósito temporário, em
Determinação da Avaria entrepostos aduaneiros ou em outros locais designados
1. A percentagem da avaria é determinada por dois pelas autoridades aduaneiras.
árbitros, um dos quais funcionário aduaneiro, nomeado 2. O transporte de mercadorias para o local de veri-
pelo respectivo chefe da estância aduaneira, e o outro ficação, a embalagem, a reembalagem, a extracção de
pelo importador. amostras, bem como quaisquer outras manipulações
2. Quando não haja acordo dos dois árbitros relativa- necessárias para permitir essa verificação, são efectuados
mente à percentagem da avaria, devem escolher um ter- por conta e sob a responsabilidade do declarante.
ceiro árbitro para desempate, devendo este pronunciar-se
3. Os serviços extraordinários efectuados a requerimento
por uma das soluções que lhe forem presentes.
das partes antes ou depois das horas do expediente or-
3. Quando os dois primeiros não concordem na esco- dinário, dentro das estâncias aduaneiras, ou fora delas
lha, a nomeação do terceiro árbitro é feita pelo chefe da a qualquer hora, são remunerados pelos interessados,
estância aduaneira. conforme tabela aprovada pelo membro do Governo res-
Artigo 226º
ponsável pela área das Finanças.

Precauções na destruição de determinadas mercadorias Artigo 230º

Presença do Declarante
Quando a mercadoria objecto de avaria for medica-
mento ou outro produto de manuseamento reservado em 1. A verificação é realizada na presença do declarante
razão das suas implicações para a saúde das pessoas ou ou de pessoa habilitada a substituí-lo, que são notificados
para o meio ambiente, a respectiva destruição obedece previamente do local, dia e hora da sua realização.
às prescrições técnicas legais exigidas para a execução
da medida, lavrando-se termo da ocorrência. 2. O declarante ou o seu substituto prestam aos agentes
Secção II aduaneiros encarregados da verificação toda a assistência
necessária para facilitar a operação.
Verificação e controlo das declarações

Subsecção I
3. Os agentes aduaneiros encarregados da verificação,
sempre que considerem insatisfatória a assistência forne-
Disposições gerais cida nos termos do número precedente, podem exigir ao
Artigo 227º declarante a indicação de uma pessoa apta a prestar-lhes
Controlo da declaração
a necessária assistência.
Artigo 231º
Após a aceitação e o registo das declarações, os agentes
aduaneiros intervenientes podem proceder: Não comparência do declarante

a) A um controlo documental que incida sobre 1. Em caso de não comparência do declarante ou do


a declaração e os respectivos documentos substituto para assistir à verificação das mercadorias ou

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de não indicação pelo primeiro da pessoa apta a prestar a Artigo 234º


assistência considerada necessária, as autoridades adu- Excesso de prazo
aneiras desistem da diligência se considerarem, em face
das circunstâncias, já não se justificar a sua realização. 1.As bagagens conduzidas para os locais de revista e
que aí permaneçam por um período superior a oito dias,
2. Se entenderem dever manter-se a realização da sem que sejam verificadas devido à ausência do decla-
verificação, adiam-na por 24 horas, notificando imedia- rante são removidas para os armazéns apropriados pelos
tamente do facto o declarante. serviços aduaneiros, nas condições fixadas no artigo 127º
deste Código.
3. Persistindo o incumprimento por parte do declaran-
te, as autoridades procedem oficiosamente à verificação 2. As bagagens na situação referida no número anterior
das mercadorias, sob responsabilidade e a expensas do não podem ser levantadas sem autorização dos serviços
declarante, recorrendo, se necessário, ao serviço de um aduaneiros.
perito ou de qualquer pessoa designada de acordo com Subsecção III
as disposições em vigor.
Revisão e controlo a posteriori
4. A validade da verificação efectuada nas condições Artigo 235º
referidas no número anterior não é afectada pela não
comparência do declarante, tendo o mesmo valor que a Revisão e Controlo a posteriori
realizada na sua presença. 1. As autoridades aduaneiras podem, oficiosamente ou
Artigo 232º a pedido do declarante, proceder à revisão da declaração
em detalhe após a concessão da autorização de saída da
Registo da diligência mercadoria.
1. A realização da conferência da declaração e respecti- 2. A revisão referida no número anterior destina-se a
vos documentos ou da verificação física das mercadorias, certificar a exactidão dos elementos da declaração em
incluindo a extracção de amostras é atestada mediante detalhe, podendo abarcar quer o controlo dos documentos
registo efectuado no exemplar da declaração a elas des- e dos dados comerciais sobre as operações de importação
tinado ou em documento junto, datado e assinado pelo ou de exportação da mercadoria em causa, quer o controlo
funcionário aduaneiro interveniente na operação. de documentos e dados referentes a operações comerciais
posteriores a ela relativas
2. O registo referido no número antecedente discrimina
o tipo e a natureza do controlo efectuado, o número de 3. Os controlos referidos no número antecedente podem
amostras extraídas, bem como os resultados das análises ser efectuados junto do declarante, de qualquer pessoa
efectuadas. interessada profissionalmente, directa ou indirectamen-
te, nas citadas operações ou de qualquer outra pessoa
3. Em caso de verificação parcial das mercadorias, que, pela sua qualidade profissional, esteja na posse dos
são também indicadas as referências relativas ao lote referidos documentos e dados, podendo as autoridades
examinado. aduaneiras proceder também à verificação das mercado-
Subsecção II
rias, se estas ainda puderem ser apresentadas.

Disposições específicas aplicáveis aos viajantes e às bagagens 4. Quando resultar da revisão da declaração ou dos
controlos a posteriori que as disposições que regem o
Artigo 233º regime aduaneiro em causa foram aplicadas com base
Verificação de Bagagens
em elementos inexactos ou incompletos, as autoridades
aduaneiras tomam as medidas necessárias para regula-
1.A verificação das bagagens dos viajantes só pode ser rizar a situação, tendo em conta os novos elementos de
efectuada nos lugares designados, para este efeito, pelos que dispõem.
serviços aduaneiros. Secção II

2. A condução das bagagens para os locais de revista Pauta Aduaneira


incumbe ao viajante ou ao transportador que ele utiliza Artigo 236º
para os seus serviços.
Direitos aduaneiros de importação
3. A abertura das bagagens e as manipulações neces-
As mercadorias que entram no território aduaneiro
sárias para a sua verificação são efectuadas sob a respon-
nacional estão sujeitas aos direitos de importação ins-
sabilidade do viajante ou do seu mandatário.
critos na Pauta Aduaneira, sem prejuízo dos benefícios
4. A revista pessoal dos viajantes só deverá ter lugar fiscais previstos na lei.
excepcionalmente e apenas quando houver fundadas ra- Artigo 237º
zões de suspeita de prática de uma infracção aduaneira,
Regimes pautais aduaneiros
tendo os agentes aduaneiros especial obrigação de evitar
quaisquer vexames ou reparos e também de reduzirem 1. Os direitos aduaneiros de importação estão sujeitos
ao mínimo indispensável os incómodos causados aos ao regime de pauta geral, de pauta máxima ou de direitos
viajantes. preferenciais.

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40 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

2. A pauta geral é de carácter residual, aplicando-se às Artigo 242º


mercadorias que não estejam sujeitas à pauta máxima Alteração das regras de origem
ou aos direitos preferenciais.
A aplicação no tempo das alterações das regras de origem
3. Os direitos preferenciais decorrem de convenções
em vigor ou a adopção de novas regras obedece ao disposto
internacionais vinculativas de Cabo Verde e traduzem-
na Constituição e na lei a respeito da aplicação da lei fiscal
se num tratamento pautal preferencial às mercadorias
no tempo, não se aplicando retroactivamente.
oriundas dos países que sejam partes das referidas con-
venções internacionais. Artigo 243º

4. A pauta máxima aplica-se às mercadorias origi- Impugnação das decisões em matéria de origem
nárias ou nacionalizadas em países estrangeiros que
aplicam tratamento idêntico às mercadorias de origem As decisões proferidas em matéria de determinação
cabo-verdiana. da origem de uma mercadoria são impugnadas adminis-
trativa e contenciosamente nos termos previstos neste
Artigo 238º
Código e na lei geral.
Impostos Aplicáveis
Artigo 244º
Para além dos direitos aduaneiros de importação, as
Informação confidencial
mercadorias podem ser sujeitas, nos termos da Consti-
tuição e da lei, a outras imposições que tenham por facto 1.A informação de natureza confidencial ou fornecida a
gerador a sua importação. título confidencial para a aplicação das regras de origem
Artigo 239º deve ser tratada pelas autoridades aduaneiras a que se
destina de forma estritamente confidencial.
Nomenclatura Aduaneira
2.As autoridades destinatárias da informação referida
1. As mercadorias classificam-se de acordo com a Pauta
no número anterior deste artigo não a divulgam sem a
Aduaneira nacional ou com a Pauta Comum da CEDEAO,
autorização expressa das pessoas ou dos Estados que as
quando existir, e respectivas Nomenclaturas e regras
forneceram, excepto na medida em que essa informação
gerais para a sua interpretação.
seja necessária no âmbito de processos judiciais.
2. A Nomenclatura da Pauta Aduaneira de Cabo Verde Artigo 245º
é baseada na Nomenclatura do Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias e nas Regras Prova de origem
Gerais para a sua interpretação, constantes da Con-
venção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de 1. Sempre que tal se mostre necessário, a origem
Designação e de Codificação de Mercadorias, adoptada das mercadorias deverá ser comprovada através de um
em Bruxelas em 14 de Junho de 1983, aprovada por Cabo certificado de origem ou documento equivalente, emi-
Verde, para adesão, através do Decreto nº10/2007, de 24 tido por entidade competente, nos termos dos tratados
de Outubro. e acordos internacionais que vinculem a República de
Cabo Verde.
Secção III

Regras de Origem
2. Em caso de fundadas dúvidas sobre a origem de uma
mercadoria, as autoridades aduaneiras podem exigir,
Subsecção I para além da apresentação do certificado de origem ou
Disposições gerais documento equivalente, elementos complementares des-
tinados a esclarecer se a origem indicada da mercadoria
Artigo 240º é conforme ao direito cabo-verdiano.
Âmbito da secção
Artigo 246º
A presente secção define mercadorias de origem pre- Notas interpretativas
ferencial e não preferencial, para efeitos da aplicação
de medidas pautais e não pautais relativas ao comércio Sempre que se revelar necessário, as condições de apli-
internacional de mercadorias e à preparação e emissão cação das regras de origem são detalhadas nos diplomas
de certificados de origem. de regulamentação do Código, através de notas interpre-
Artigo 241º
tativas de facilitação e uniformização da sua aplicação.

Consulta prévia sobre a origem Subsecção II

1.A origem das mercadorias destinadas a importação Origem de mercadorias em direito comum
ou a exportação poderá ser determinada previamente Artigo 247º
pelas autoridades aduaneiras, a pedido das pessoas in-
teressadas na operação. Regras de origem em direito comum

2. A consulta prévia é apresentada e decidida nos ter- 1. Denominam-se regras de origem as disposições legis-
mos previstos neste Código. lativas e regulamentares e as decisões administrativas de

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 41

carácter geral aplicadas para determinar o país de origem desde que esse país exerça, para efeitos de
das mercadorias, contanto que as mesmas não digam exploração, direitos exclusivos sobre esse solo
respeito a regimes comerciais contratuais ou autónomos ou subsolo;
que concedam preferências pautais que excedam o âmbito
de aplicação do n.º 1 do artigo I do GATT de 1994. i) Os desperdícios resultantes de operações fabris
e artigos usados, se nele foram recolhidos
2. Incluem-se no âmbito das regras de origem referidas e apenas sirvam para a recuperação de
no número anterior todas as regras de origem utilizadas matérias-primas;
no âmbito de instrumentos não preferenciais de política
comercial para a aplicação, nomeadamente: j) As mercadorias aí fabricadas exclusivamente a
partir das mercadorias referidas nas alíneas
a) Do tratamento da nação mais favorecida, ao a) a i) antecedentes ou dos seus derivados, em
abrigo dos artigos I, II, III, XI e XIII do GATT qualquer fase de produção.
de 1994;
3. Para efeitos do número anterior, “país” compreende
b) De direitos anti-dumping e de compensação, as águas territoriais do país em causa.
ao abrigo do artigo VI, e dos direitos de
Artigo 249°
salvaguarda, ao abrigo do artigo XIX do
GATT de 1994; Produção em mais do que um país

c) Das disposições de origem ao abrigo do artigo IX As mercadorias em cuja produção intervierem dois ou
do GATT de 1994, assim como de restrições mais países são consideradas originárias do país onde se
quantitativas ou de contingentes pautais realizou a última operação de complemento de fabrico ou
discriminatórios. de transformação, desde que sejam preenchidas cumula-
tivamente as seguintes condições:
3. Incluem-se ainda no âmbito das regras de origem
referidas no n.º 1 deste artigo as utilizadas para os con- a) Ser substancial a transformação ou complemento
tratos públicos e as estatísticas do comércio. de fabrico, entendendo-se que assim acontece
quando a mercadoria deles resultantes
Artigo 248° apresenta propriedades e uma composição
específica próprias, que não possuía antes
Mercadorias originárias de um país
da transformação, consubstanciando, pois,
um produto novo ou quando a transformação
1. As mercadorias originárias de um país são as que
ou complemento de fabrico representa um
nele tenham sido inteiramente obtidas ou produzidas.
grau importante de fabrico, conducente a
2. Consideram-se mercadorias inteiramente obtidas uma modificação qualitativa importante das
ou produzidas num país: características da mercadoria;

b) Ser economicamente justificada a transformação


a) Os produtos minerais extraídos nesse país;
ou complemento de fabrico, isto é, ter lugar
b) Os produtos do reino vegetal nele colhidos; no processo normal de produção que conduz
o produto do estado de matéria-prima ou de
c) Os animais vivos nele nascidos e criados; produto intermediário ao estado acabado;

c) Ser a transformação efectuada numa empresa


d) Os produtos obtidos a partir de animais que nele
equipada para este efeito.
vivam;
Artigo 250º
e) Os produtos da caça ou da pesca nele praticadas;
Regime pautal em direito comum
f) Os produtos de pesca marítima e outros produtos
extraídos do mar fora do mar territorial de um Em direito comum aplica-se o regime da pauta geral.
país por navios matriculados ou registados nesse
Artigo 251º
país e que arvorem o pavilhão desse país;
Transformações não consideradas
g) As mercadorias obtidas ou produzidas a bordo
de navios - fábrica, exclusivamente a partir As operações de complemento de fabrico ou de trans-
de produtos referidos na alínea f) precedente formação relativamente às quais se conclua ou, com base
originários desse país, desde que esses navios nos factos apurados, se presuma fundadamente que têm
-fábrica estejam matriculados ou registados por único objectivo ilidir as disposições em matéria de
nesse país e arvorem o pavilhão desse país; preferência tal como aplicadas em Cabo Verde, nunca
conferem às mercadorias delas resultantes a origem do
h) Os produtos extraídos do solo ou do subsolo país onde foram efectuadas, na acepção do artigo 249º
marinho situado fora do mar territorial, deste Código.

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42 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 252º nacional e de medidas não pautais estabelecidas por
Operações irrelevantes
legislação nacional específica no âmbito do comércio de
mercadorias.
As seguintes operações não influem na determinação
da origem da mercadoria: 2. O valor aduaneiro é determinado em estrita confor-
midade com o artigo VII do GATT e com os Acordos sobre
a) As manipulações destinadas a assegurarem a a interpretação desse artigo.
conservação do produto;
3. O Acordo do GATT sobre o Valor Aduaneiro aplica-se
b) A extracção do pó, escolha, classificação, lavagem apenas à determinação do valor aduaneiro de mercado-
e operações semelhantes; rias importadas, para efeitos da cobrança de direitos “ad
valorem” sobre essas mercadorias.
c) A mudança de embalagem, o simples
acondicionamento em sacos, estojos, caixas, 4. O Acordo não inclui disposições sobre determinação
grades e operações semelhantes; do valor aduaneiro relativas a direitos de exportação,
gestão de contingentes, imposições internas ou controlos
d) A aposição nos produtos, ou nas respectivas cambiais.
embalagens, de marcas, etiquetas ou outros
sinais distintivos similares; Artigo 256º

e) A mistura de produtos; Justificativos Complementares

f) O abate de animais; 1.Sempre que tenha razões fundadas para duvidar da


veracidade ou da autenticidade das informações ou dos
g) O cúmulo de várias operações desta natureza. documentos fornecidos em apoio à declaração do valor,
a administração aduaneira pode pedir ao importador
Subsecção III
para apresentar justificativos complementares, com-
Origem em regime preferencial preendendo documentos ou outros elementos de prova,
atestando que o valor declarado corresponde ao montante
Artigo 253º
total efectivamente pago ou a pagar para as mercadorias
Origem preferencial das mercadorias importadas, ajustado conforme as disposições do artigo
262º do presente Código.
1. As regras em matéria de origem preferencial das
mercadorias estabelecem as condições em que pode ser 2.Se depois de ter recebido os justificativos comple-
adquirida a origem e que as mercadorias devem pre- mentares, ou na falta de resposta, a administração
encher para poderem beneficiar das medidas pautais aduaneira tiver ainda dúvidas razoáveis a respeito da
preferenciais previstas em acordos que Cabo Verde veracidade ou da autenticidade do valor declarado, pode
tenha celebrado com determinados países ou grupos de ser considerado, nos termos do presente Código, que o
países. valor aduaneiro não pode ser determinado conforme as
disposições do artigo 260º do presente Código
2. As regras são determinadas no contexto e no quadro
dos referidos acordos. 3. Antes de tomada uma decisão final, a administração
Artigo 254º
aduaneira comunicará ao importador, por escrito, as
razões que levaram a que ela duvidasse da veracidade
Produtos originários dos Estados-Membros da CEDEAO ou da autenticidade das informações ou dos documentos
fornecidos, fixando para o efeito um prazo razoável para
A definição de produtos originários dos Estados-
o exercício do direito de resposta.
Membros da CEDEAO obedece ao disposto no Protocolo
A/P1/03 relativo à Definição da Noção de “Produtos Ori- 4. A decisão definitiva deve ser comunicada ao impor-
ginários” dos Estados-Membros da CEDEAO, adoptado tador por escrito.
em Dakar em 31 de Janeiro de 2003, durante a Confe-
rência dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, Artigo 257º
aprovado por Cabo Verde, para ratificação, através do Valor de Suportes Informáticos
Decreto nº 3/2010, de 1 de Fevereiro
A determinação do valor aduaneiro de suportes in-
Secção IV
formáticos destinados a equipamentos que contenham
Valor Aduaneiro das Mercadorias dados ou instruções obedece, caso se mostrar necessário,
a regras específicas.
Subsecção I
Artigo 258º
Valor Aduaneiro na Importação após o Período de Transição
Conversão Monetária
Artigo 255º

Âmbito da secção Quando os elementos para determinar o valor adua-


neiro de uma mercadoria estiverem expressos em moeda
1. A presente secção regula a determinação do valor estrangeira, a conversão efectua-se nos termos do artigo 11º
aduaneiro para efeitos da aplicação da Pauta Aduaneira do Decreto legislativo preambular.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 43
Artigo 259º 2. O pagamento a que se refere o número anterior pode
Notas interpretativas
ser efectuado directa ou indirectamente, em numerário ou
através de crédito documentário ou títulos negociáveis.
Sempre que se mostrar necessário, as disposições re-
lativas à determinação do valor constantes deste Código 3. As actividades, incluindo as relacionadas com a
e de acordos internacionais relacionados com a matéria, comercialização, exercidas pelo comprador por conta
vinculativos de Cabo Verde, serão complementadas através própria, que não sejam aquelas para as quais se prevê no
de notas interpretativas de uniformização e facilitação artigo 262º deste Código a possibilidade de ajustamento,
da sua aplicação, adoptadas por regulamento. não são consideradas pagamento indirecto ao vendedor,
ainda que possam ser consideradas um benefício para o
Subsecção II vendedor, tenham sido exercidas com o acordo deste e o
Método 1 seu custo não é acrescido ao preço efectivamente pago
ou a pagar para a determinação do valor aduaneiro das
Do valor transaccional em geral mercadorias importadas.
Artigo 260º Artigo 262º
Regra geral Ajustamento do Preço

1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas é o 1. Para a determinação do valor aduaneiro por apli-
seu valor transaccional. cação dos artigos 260º e 264º, adicionam-se ao preço
2.Entende-se por valor transaccional o preço efectiva- efectivamente pago ou a pagar pelas mercadorias im-
mente pago ou a pagar pelas mercadorias quando vendi- portadas:
das para exportação com destino a Cabo Verde, ajustado, a) As comissões e despesas de corretagem, com
se necessário, de acordo com as disposições do artigo 262º excepção das comissões de compra, o custo
deste Código, deste Código, desde que: dos recipientes que, para fins aduaneiros, se
a) Não existam restrições relativas à cedência ou considera fazerem um todo com a mercadoria,
utilização das mercadorias pelo comprador e o custo da embalagem, compreendendo a
para além das restrições que sejam impostas mão-de-obra e os materiais, na medida em que
ou exigidas pela lei ou pelas autoridades forem suportados pelo comprador, mas não
competentes em Cabo Verde, limitem a zona tenham sido incluídos no preço efectivamente
geográfica na qual as mercadorias podem ser pago ou a pagar pelas mercadorias:
revendidas; ou não afectem substancialmente b) O valor imputado, de maneira adequada, dos
o valor das mercadorias; produtos e serviços a seguir indicados, quando
são fornecidos, directa ou indirectamente,
b) A venda ou o preço não estejam sujeitos a
pelo comprador, sem despesas ou a custos
condições ou a prestações cujo valor não
reduzidos, e utilizados no decurso da produção
se possa determinar relativamente às
e da venda para exportação das mercadorias
mercadorias a avaliar;
importadas, na medida em que este valor não
c) Não reverta, directa ou indirectamente, para o tenha sido incluído no preço pago ou a pagar:
vendedor alguma parte do produto de qualquer
i. Matérias, componentes, partes e elementos
revenda, cedência ou utilização posterior das
similares incorporados nas mercadorias
mercadorias pelo comprador, salvo se puder
importadas;
ser efectuado um ajustamento apropriado em
conformidade com as disposições do artigo ii. Ferramentas, matrizes, moldes e objectos
262º deste Código. similares utilizados no decurso da produção
das mercadorias importadas;
d) O comprador e o vendedor não estejam coligados
ou, se estiverem, que o valor transaccional iii. Matérias consumidas na produção das
seja aceitável para fins aduaneiros, nos mercadorias importadas;
termos do disposto no número 2 do artigo 264º
deste Código. iv. Trabalhos de engenharia, de estudo, de arte
e de design, planos, esboços, executados fora
Artigo 261º
de Cabo Verde e necessários para a produção
Preço efectivamente pago ou a pagar das mercadorias importadas;

1. O preço efectivamente pago ou a pagar é o preço c) Os direitos de exploração e os direitos de licença


total pago ou a pagar pelo comprador ao vendedor ou relativos às mercadorias a avaliar, que o
em benefício deste, em contrapartida das mercadorias comprador é obrigado a pagar, directa ou
importadas e inclui todos os pagamentos efectuados ou a indirectamente, como condição da venda
efectuar, enquanto condição para a realização da venda das mercadorias a avaliar, na medida em
das mercadorias importadas, pelo comprador ao vende- que estes direitos de exploração e direitos de
dor, ou pelo comprador a um terceiro em cumprimento licença não tenham sido incluídos no preço
de uma obrigação do vendedor. efectivamente pago ou a pagar;

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44 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

d) O valor de qualquer parte do produto de qualquer Subsecção II


revenda, cessão ou utilização posterior das Do valor transaccional em caso de coligação
mercadorias importadas que reverta directa
ou indirectamente para o vendedor; Artigo 264º

e) As despesas de transporte e de seguro das Coligação


mercadorias importadas e as despesas
de carga e de manutenção conexas com o 1. Para determinar se o valor transaccional é aceitável
transporte das mesmas mercadorias, até ao para efeitos da aplicação do disposto no artigo 260º deste
local de entrada no território aduaneiro de Código, o facto de o comprador e o vendedor estarem
Cabo Verde. coligados, na acepção do artigo seguinte, não constitui,
em si mesmo, razão suficiente para considerar o valor
2. Qualquer elemento que for acrescentado em aplicação
transaccional das mercadorias como inaceitável.
do presente artigo ao preço efectivamente pago ou a
pagar baseia-se exclusivamente em dados objectivos e
2. No caso referido no número anterior, devem ser
quantificáveis.
examinadas as circunstâncias próprias da venda, sendo
3. Para determinação do valor aduaneiro, nenhum o valor transaccional das mercadorias aceite contanto
elemento é acrescentado ao preço pago ou a pagar, com que a coligação não tenha influenciado o montante do
excepção dos previstos pelo presente artigo. preço convencionado.
Artigo 263º
3. Sempre que as autoridades aduaneiras, com base
Deduções em informações fornecidas pelo importador ou obtidas
de outras fontes, tiverem motivos justificados para consi-
O valor aduaneiro não compreende os elementos a derar que a coligação influenciou o preço convencionado,
seguir indicados, contanto que sejam distintos do preço comunicarão ao importador, por escrito, essa conclusão
efectivamente pago ou a pagar pelas mercadorias im- e os motivos que a fundamentam, marcando-lhe um
portadas: prazo entre cinco e dez dias úteis para apresentar a sua
a) As despesas de transporte das mercadorias resposta escrita.
depois da chegada ao local de entrada no
território aduaneiro de Cabo Verde; 4. Havendo coligação entre comprador e vendedor, o
valor transaccional é aceite e as mercadorias serão ava-
b) As despesas para trabalhos de construção, liadas em conformidade com o disposto nos artigos 270º
instalação, montagem, manutenção ou e 273º quando o importador demonstre que o referido
assistência técnica realizados depois da valor está muito próximo de um dos valores seguintes
importação, relativas às mercadorias em vigor no mesmo momento ou em momento muito
importadas, tais como instalações, máquinas aproximado:
ou equipamentos industriais;
a) Valor transaccional nas vendas feitas a
c) Os montantes dos juros a título de um acordo compradores não coligados com o vendedor,
de financiamento concluído pelo comprador e de mercadorias idênticas ou similares para
relativo à compra das mercadorias importadas, exportação com destino ao País;
independentemente do financiamento ser
assegurado pelo vendedor ou por outra b) Valor aduaneiro de mercadorias idênticas,
pessoa, desde que o acordo de financiamento determinado em conformidade com o disposto
considerado seja estabelecido por escrito e nos artigos 270º e 273º deste Código;
que o comprador possa demonstrar, se assim
lhe for pedido: c) Valor aduaneiro de mercadorias similares,
determinado em conformidade com o disposto
i. Que tais mercadorias são efectivamente
nos artigos 270º e 273º do Código.
vendidas ao preço declarado como
efectivamente pago ou a pagar, e
5. Devem ser devidamente tidas em conta, na aplicação dos
ii. Que a taxa de juro exigida não excede o nível critérios enunciados anteriormente, quaisquer diferenças
normalmente praticado em tais transacções, demonstradas entre os níveis comerciais, as quantidades,
no momento e no país em que o financiamento os elementos enumerados no artigo 262º deste Código e
foi assegurado; os custos suportados pelo vendedor, nas vendas em que
este e o comprador não estejam coligados e que o ven-
d) As despesas relativas ao direito de reproduzir dedor não suporte nas vendas em que ele e o comprador
em Cabo Verde as mercadorias importadas; estão coligados.
e) As comissões de compra;
6. Os critérios enunciados no n.º 4 destinam-se a ser
f) Os direitos de importação e outros encargos utilizados por iniciativa do importador e somente para
a pagar em Cabo Verde por motivo da efeitos de comparação, não podendo ser estabelecidos
importação ou da venda das mercadorias. valores de substituição.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 45
Artigo 265º 265º compraram e venderam um ao outro como se não
Pessoas coligadas
estivessem coligados, fica demonstrado que a coligação
não influenciou o preço.
1. Para efeitos do disposto no Código e no Regulamento,
3. Ao importador incumbe a responsabilidade de de-
só se consideram coligadas as pessoas quando:
monstrar que a relação não influenciou o preço.
a) Uma faça parte do conselho de administração Subsecção III
ou da gerência da sociedade da outra e vice-
Do valor transaccional em outros casos
versa;
Artigo 267º
b) Tenham juridicamente a qualidade de sócios da
Métodos de Substituição
mesma ou das mesmas sociedades;
1.Quando o valor aduaneiro não puder ser fixado por
c) Uma seja empregadora da outra; aplicação do artigo 260º deste Código, há que passar su-
d) Uma possua, controle ou detenha, directa ou cessivamente às alíneas a), b), c) e d) do artigo seguinte
indirectamente, 5% ou mais das acções, até à primeira destas alíneas que o permita determinar,
quotas ou participações societárias emitidas salvo se a ordem das alíneas c) e d) forem alteradas a
com direito a voto em ambas; pedido do declarante.
2. Quando o valor aduaneiro não puder ser determina-
e) Uma delas, directa ou indirectamente, controle
do por aplicação duma dada alínea, é permitido, então,
a outra;
aplicar o disposto na alínea que vem imediatamente a
f) Ambas sejam, directa ou indirectamente, seguir, na ordem acima estabelecida.
controladas por uma terceira pessoa; Artigo 268º

g) Em conjunto, controlem, directa ou indirecta- Valores aduaneiros ao abrigo do artigo anterior


mente, uma terceira pessoa; ou Os valores aduaneiros determinados por aplicação do
h) Sejam membros da mesma família. artigo anterior são os seguintes:
a) Valor transaccional de mercadorias idênticas,
2. Consideram-se coligadas as pessoas que se tenham
vendidas para exportação com destino a Cabo
associado em negócios, sendo uma agente, distribuidora
Verde e exportadas no mesmo momento que
ou concessionária exclusiva da outra, independentemente
as mercadorias a avaliar ou em momento
da designação utilizada, contanto que se verifique uma
muito próximo;
das situações descritas no número anterior.
b) Valor transaccional de mercadorias similares,
3. Considera-se que uma pessoa controla outra quando vendidas para exportação com destino a Cabo
a primeira estiver, de direito ou de facto, em posição de Verde e exportadas no mesmo momento que
exercer sobre a segunda um poder de autoridade ou de as mercadorias a avaliar ou em momento
direcção. muito próximo;
4. Para efeitos do disposto na alínea h) do n.º 1, con- c) Valor baseado no preço unitário correspondente
sideram-se membros da mesma família os cônjuges, os às vendas em Cabo Verde das mercadorias
companheiros de união de facto e os parentes ou afins importadas ou de mercadorias idênticas
na linha recta ou parentes até ao quarto grau da linha ou similares importadas, totalizando a
colateral. quantidade mais elevada, feitas a pessoas
Artigo 266º
não coligadas com os vendedores;

Inquérito complementar
d) Valor calculado igual à soma:
i. Do custo ou do valor das matérias e das
1. Nos termos dos números 1, 2 e 3 do artigo 264º, se as
operações de fabrico ou outras, utilizadas
autoridades aduaneiras alfândegas não puderem aceitar
ou efectuadas para produzir as mercadorias
o valor transaccional sem um inquérito complementar,
importadas;
devem dar ao importador a possibilidade de fornecer
todas as informações pormenorizadas que possam ser ii. De um montante representativo dos lucros e
necessárias para lhe permitir examinar as circunstân- das despesas gerais igual ao que é geralmente
cias próprias da venda, devendo as alfândegas, a fim de contabilizado nas vendas de mercadorias
determinar se a coligação influenciou o preço, examinar da mesma natureza ou da mesma espécie
os aspectos pertinentes da transacção, incluindo o modo que as mercadorias a avaliar, efectuadas
como o comprador e o vendedor organizaram as respec- por produtores do país de exportação para a
tivas relações comerciais e a forma pela qual o preço em exportação com destino a Cabo Verde;
questão foi calculado.
iii. Do custo ou do valor dos elementos
2. Se puder ser provado que o comprador e o vendedor, especificados na alínea e) do n.º 1 do artigo
apesar de estarem coligados na acepção do nº1 do artigo 262º deste Código.

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46 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Subsecção IV 5. Se, no momento da aplicação do disposto no presente
Método 2
artigo, for apurado mais de um valor transaccional de
mercadorias idênticas, deve recorrer-se, para a determi-
Artigo 269º nação do valor aduaneiro das mercadorias importadas,
Mercadorias idênticas
ao valor transaccional mais baixo.
Artigo 271º
1. São consideradas idênticas as mercadorias que
possuem as mesmas características físicas, a mesma Ajustamentos
qualidade e o mesmo prestígio comercial.
1. O valor transaccional de mercadorias idênticas
2. As pequenas diferenças de aspecto que as mercado- importadas significa um valor aduaneiro ajustado em
rias eventualmente apresentem não obstam a que sejam conformidade com o disposto nos números 1, 2, 3 e 4
qualificadas como idênticas. do artigo anterior, e já aceite nos termos do artigo 260º
deste Código.
3. Não estão abrangidas no conceito de mercadorias
idênticas as mercadorias que incorporem ou comportem, 2. É condição para que possam ser feitos ajustamentos
consoante os casos, trabalhos de engenharia, de estudo, devidos às diferenças de nível comercial ou de quantida-
de arte ou de design, ou planos e esboços, relativamente de, que esses ajustamentos, independentemente do facto
aos quais não tenha sido feito qualquer ajustamento por de conduzirem a um aumento ou a uma diminuição do
aplicação da subalínea iv da alínea b), do nº 1 do artigo valor, apenas sejam efectuados com base em elementos
262º pelo facto de esses trabalhos terem sido executados comprovados que estabeleçam claramente que são razo-
em Cabo Verde. áveis e exactos, tais como listas de preços em vigor em
que figurem preços referentes a níveis diferentes ou a
4. Só são consideradas idênticas as mercadorias que quantidades diferentes.
tenham sido produzidas no mesmo país em que hajam
sido produzidas as mercadorias a avaliar. Subsecção V

Método 3
5. Só são comparadas mercadorias produzidas por
pessoas diferentes quando não existam mercadorias Artigo 272º
idênticas produzidas pela pessoa que produziu as mer-
Mercadorias similares
cadorias a avaliar.
Artigo 270º 1. São consideradas similares as mercadorias que,
apesar de apresentarem algumas diferenças entre si,
Valor transaccional de mercadorias idênticas têm características semelhantes, e são compostas por
matérias semelhantes o que lhes permite preencher as
1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas,
mesmas funções e ser comercialmente permutáveis.
que não possa ser determinado com base no disposto nos
artigos 260º e 264º deste Código é o valor transaccional 2. A qualidade das mercadorias, o prestígio comercial
de mercadorias idênticas vendidas para exportação com e a existência de uma marca são elementos a tomar em
destino ao País e exportadas no mesmo momento, ou em consideração para determinar se as mercadorias são ou
momento muito próximo, em que foram exportadas as não similares.
mercadorias a avaliar.
3. Não estão abrangidas no conceito de mercadorias
2. No momento da aplicação do disposto no presente similares as mercadorias que incorporem ou comportem,
artigo, o valor aduaneiro é determinado com recurso ao consoante os casos, trabalhos de engenharia, de estudo,
valor transaccional de mercadorias idênticas vendidas de arte ou de design, ou planos e esboços, relativamente
ao mesmo nível comercial e sensivelmente na mesma aos quais não tenha sido feito qualquer ajustamento por
quantidade que as mercadorias a avaliar. aplicação da subalínea iv da alínea b) do número 1 do
artigo 262º deste Código, pelo facto de esses trabalhos
3. Na falta de tais vendas, deve recorrer-se ao valor
terem sido executados em Cabo Verde.
transaccional de mercadorias idênticas, vendidas a um
nível comercial diferente e ou em quantidades diferentes, 4. Só são consideradas similares as mercadorias que
ajustado em função das diferenças correspondentes ao tenham sido produzidas no mesmo país em que hajam
nível comercial e ou às quantidades, contanto que tais sido produzidas as mercadorias a avaliar.
ajustamentos, independentemente de implicarem um
aumento ou uma diminuição do valor, sejam efectuados 5. Só são comparadas mercadorias produzidas por
com base em elementos de prova razoáveis e exactos. pessoas diferentes quando não existam mercadorias
similares produzidas pela pessoa que produziu as mer-
4. Quando os custos e as despesas referidos no núme- cadorias a avaliar.
ro 1 do artigo 262º deste Código estiverem incluídos no
valor transaccional, este valor é ajustado em função de Artigo 273º
eventuais diferenças consideráveis dos custos e despe- Valor transaccional de mercadorias similares
sas entre as mercadorias importadas e as mercadorias
idênticas consideradas, em consequência de diferenças 1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas,
nas distâncias e nos modos de transporte. que não possa ser determinado com base no disposto

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 47

nos artigos 260º e 264º ou 270º é o valor transaccional no preço unitário de venda das mercadorias importadas,
de mercadorias similares, vendidas para exportação com ou de mercadorias idênticas ou similares importadas,
destino ao País e no mesmo momento, ou em momento totalizando a quantidade mais elevada, desde que feitas
muito próximo, em que foram exportadas as mercadorias a pessoas não coligadas com os vendedores, no mesmo mo-
a avaliar. mento ou em momento muito próximo da importação das
mercadorias a avaliar, sujeitas às seguintes deduções:
2. No momento da aplicação do disposto no presente
artigo, o valor aduaneiro será determinado com recurso a) De comissões geralmente pagas ou acordadas, ou
ao valor transaccional de mercadorias similares, vendidas margens geralmente praticadas para lucros e
ao mesmo nível comercial e sensivelmente na mesma despesas gerais relativos às vendas, em Cabo
quantidade que as mercadorias a avaliar. Verde de mercadorias importadas da mesma
natureza ou da mesma espécie, incluindo os
3. Na falta de tais vendas, deve recorrer-se ao valor custos directos e indirectos de comercialização
transaccional de mercadorias similares, vendidas a um das mercadorias no País;
nível comercial diferente e ou em quantidade diferente,
ajustado em função das diferenças correspondentes ao b) De despesas habituais de transporte e de seguro,
nível comercial e ou à quantidade, contanto que tais bem como de despesas conexas pagas em
ajustamentos, independentemente de implicarem um Cabo Verde;
aumento ou uma diminuição do valor, sejam efectuados
com base em elementos de prova razoáveis e exactos. c) De direitos e demais imposições a pagar em
Cabo Verde em resultado da importação ou
4. Quando os custos e as despesas referidos na alínea e) do da venda das mercadorias.
número 1 do artigo 262º deste Código estiverem incluídos
no valor transaccional, este valor é ajustado em função de 2. Se as mercadorias importadas, ou as mercadorias
eventuais diferenças consideráveis desses custos e des- idênticas ou similares importadas, não forem vendidas
pesas entre as mercadorias importadas e as mercadorias no mesmo momento ou em momento muito próximo do
similares consideradas, em consequência de diferenças momento da importação das mercadorias a avaliar, o
nas distâncias e nos modos de transporte. valor aduaneiro deve basear-se, sob reserva do dispos-
to no número anterior, no preço unitário pelo qual as
5. Se, no momento da aplicação do disposto no presente mercadorias importadas, ou mercadorias idênticas ou
artigo, for apurado mais de um valor transaccional de similares importadas, forem vendidas em Cabo Verde
mercadorias similares, deve recorrer-se, para a determi- no mesmo estado em que foram importadas e na data
nação do valor aduaneiro das mercadorias importadas, mais próxima depois da importação das mercadorias a
ao valor transaccional mais baixo. avaliar, mas antes de decorridos noventa dias a contar
do momento dessa importação.
Artigo 274º

Ajustamentos 3. Se nem as mercadorias importadas, nem as mer-


cadorias idênticas ou similares importadas, forem ven-
1. O valor transaccional de mercadorias similares didas em Cabo Verde no mesmo estado em que foram
importadas significa um valor aduaneiro ajustado em importadas, o valor aduaneiro deve basear-se, mediante
conformidade com o disposto no artigo anterior, e já aceite requerimento escrito apresentado pelo importador, no
nos termos do artigo 260º deste Código. preço unitário de venda das mercadorias importadas,
totalizando a quantidade mais elevada, depois de um
2. É condição para que possam ser feitos ajustamentos complemento de fabrico ou transformação ulterior, ten-
devidos às diferenças de nível comercial ou de quantida- do em conta o valor acrescentado pelo complemento de
de, que esses ajustamentos, independentemente do facto fabrico ou pela transformação e as deduções previstas no
de conduzirem a um aumento ou a uma diminuição do n.º 1, contanto que a referida venda seja feita em Cabo
valor, apenas sejam efectuados com base em elementos Verde a pessoas não coligadas com o vendedor.
comprovados que estabeleçam claramente que são razo-
áveis e exactos, tais como listas de preços em vigor em Artigo 276º
que figurem preços referentes a níveis diferentes ou a
Preço unitário de venda
quantidades diferentes.
Subsecção VI 1. Para os efeitos do disposto no n.º 3 do artigo anterior,
entende-se por preço unitário de venda das mercadorias
Método 4 importadas, totalizando a quantidade mais elevada, o
preço a que o maior número de unidades é vendido, no
Artigo 275º
momento em que as vendas são feitas a pessoas não co-
Método dedutivo ligadas com o vendedor das mercadorias em questão, no
primeiro nível comercial subsequente à importação.
1. Se as mercadorias importadas, ou mercadorias idên-
ticas ou similares importadas, forem vendidas em Cabo 2. Para os efeitos do disposto no artigo anterior, na
Verde no mesmo estado em que foram importadas, o valor determinação do preço não deve ser tomada em conside-
aduaneiro das mercadorias importadas, determinado por ração nenhuma venda efectuada no país de importação,
aplicação das disposições do presente artigo, baseia-se nas condições descritas no número anterior, a uma pessoa

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48 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

que forneça, directa ou indirectamente, sem despesas ou c) No preço de mercadorias em vigor no mercado
a custo reduzido, qualquer dos elementos especificados interno do país de exportação;
na alínea b) do número 1 do artigo 262º deste Código
para serem utilizados na produção ou na venda para d) No custo de produção distinto dos valores
exportação das mercadorias importadas. calculados que tiverem sido determinados
para mercadorias idênticas ou similares em
3. Sempre que se recorra ao método previsto no n.º 3 do conformidade com as disposições dos artigos
artigo anterior, as deduções efectuadas para ter em conta 270º e 273º deste Código;
o valor acrescentado pelo complemento de fabrico ou pela
transformação ulterior devem basear-se em dados objec- e) No preço de mercadorias vendidas para
tivos e quantificáveis relativos ao custo desses trabalhos, exportação com destino a um país distinto de
devendo os cálculos basear-se nas fórmulas, processos e Cabo Verde;
métodos de cálculo admitidos no ramo de produção em f) Em valores aduaneiros mínimos;
causa e noutras práticas desse ramo de produção.
g) Em valores arbitrários ou fictícios.
Subsecção VII

Método 5 3. As autoridades aduaneiras, mediante solicitação


do importador, devem informá-lo, por escrito, do valor
Artigo 277º aduaneiro determinado com base no disposto no presente
Valor calculado
artigo e do método utilizado para o determinar.
Artigo 279º
O valor aduaneiro das mercadorias importadas, deter-
minado por aplicação das disposições do presente artigo, Métodos a utilizar
deve basear-se num valor calculado, que é igual à soma
dos seguintes elementos: 1. O valor aduaneiro determinado por aplicação do
disposto no artigo anterior deve, tanto quanto possível,
a) O custo ou valor das matérias-primas utilizadas basear-se em valores aduaneiros previamente determi-
e o custo das operações de fabrico ou outras nados.
efectuadas na produção das mercadorias
importadas; 2. Os métodos da determinação do valor que devem
ser utilizados por força do artigo anterior são os defini-
b) O montante representativo dos lucros e das dos nos artigos 260º a 277º deste Código, embora deva
despesas gerais, igual ao que é geralmente adoptar-se uma flexibilidade razoável na aplicação desses
contabilizado nas vendas de mercadorias da métodos.
mesma natureza ou da mesma espécie que Subsecção IX
as mercadorias a avaliar, efectuadas por
produtores do país de exportação em operações Valor Aduaneiro na Exportação após período transitório
de exportação com destino em Cabo Verde; Artigo 280º

c) Os custos e despesas referidos na alínea e) do Valor transaccional


número 1 do artigo 262º deste Código.
1. O valor das mercadorias exportadas é o valor tran-
Subsecção VIII
saccional.
Método 6
2. O referido valor é aceitável, ainda que o comprador
Artigo 278º e o vendedor estejam coligados, desde que a relação não
tenha influenciado o preço pago ou a pagar.
Último recurso
Artigo 281º
1. O valor aduaneiro das mercadorias importadas,
que não possa ser determinado com base no disposto nos Outros métodos
artigos 260º, 264º, 267º, 268º, 270º, 273º, 275º e 277º é
Se o valor não puder ser determinado nos termos do
determinado com base em critérios razoáveis compatíveis
artigo anterior, deve ser determinado pela aplicação
com os princípios e as disposições gerais do Acordo e do
sucessiva das regras estabelecidas nos artigos subse-
Artigo VII do GATT de 1994, tendo em conta os dados
quentes.
disponíveis no País.
Artigo 282º
2. O valor aduaneiro determinado por aplicação das
disposições do presente artigo não pode basear-se: Determinação do valor por comparação

a) No preço de venda em Cabo Verde de mercadorias A determinação do valor das mercadorias exportadas
aqui produzidas; por comparação baseia-se no valor transaccional das mer-
cadorias de espécie e qualidade similares exportadas no
b) Num sistema que preveja a aceitação, para fins mesmo momento, ou em momento próximo, para outros
aduaneiros, do mais elevado de dois valores compradores no mesmo país de destino da importação
possíveis; ou, caso não exista uma comparação directa, outro país

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 49

de destino da importação, sendo efectuados pelo próprio 2. À pedido do exportador, o funcionário aduaneiro com-
funcionário da autoridade aduaneira ajustamentos de petente informa, por escrito, o exportador das razões para
preço fundamentados, tendo em consideração factores pôr em dúvida a veracidade ou a exactidão da declaração,
relevantes, designadamente: e fixa ao exportador um período razoável para que seja
ouvido antes de ser tomada a decisão definitiva.
a) As diferenças nas datas de exportação;
Secção V
b) As diferenças nos níveis comerciais e nos níveis
Outros elementos de tributação
de qualidade;
Subsecção I
c) As diferenças na composição, na qualidade e
na concepção entre as mercadorias a avaliar Peso das mercadorias
e as mercadorias com as quais aquelas são
Artigo 287º
comparadas;
Tipos de peso
d) As diferenças nos encargos internos com o
transporte e seguro em função do lugar de 1. Os direitos específicos que incidam sobre o peso das
exportação. mercadorias são calculados com base no peso bruto, no
peso líquido ou no peso real.
Artigo 283º

Método do valor calculado 2. Salvo excepção expressa no texto da Pauta Adua-


neira, se a tributação da mercadoria for pelo peso, este
Se o valor não puder ser calculado nos termos do artigo será o líquido.
anterior, deve ser baseado num valor calculado que inclua
Artigo 288º
os seguintes elementos:
Definições
a) O custo da produção, fabrico ou outra
transformação das mercadorias exportadas; 1. Entende-se por “peso bruto” o peso das mercadorias
incluindo toda a embalagem.
b) Os eventuais encargos com a concepção ou a
marca; 2. Entende-se por “peso líquido” o peso das mercadorias
sem qualquer embalagem, salvo a que for essencial para
c) Um montante que seja função do lucro. a conservação do produto.
Artigo 284º
3. Entende-se por “peso real” o peso das mercadorias
Método residual sem qualquer embalagem.
Caso nem o valor transaccional, nem os métodos pre- Artigo 289º
vistos nos artigos anteriores possam ser utilizados para
Embalagem
determinar o valor aduaneiro na exportação, o valor deve
ser determinado por meios razoáveis compatíveis com os 1. Entende-se por “embalagem” um artigo ou um
princípios dos métodos dos referidos artigos desde que grupo de artigos destinados a preservar, proteger ou
o preço de mercado local das mercadorias exportadas separar mercadorias, salvo as que sejam importadas a
não seja a única base para a determinação do valor das granel como a palha, a fibra de vidro ou as partículas de
mercadorias exportadas. madeira.
Artigo 285º
2. As embalagens incluem os contentores e as paletes.
Modo de declaração
Secção VI
O exportador deve fornecer uma declaração do valor Pagamento e levantamento da mercadoria
das mercadorias exportadas de acordo com o disposto na
presente subsecção. Subsecção I

Artigo 286º Disposições gerais

Informações complementares Artigo 290º

Prazo e modo do pagamento


1. Quando um funcionário da administração aduaneira
tiver razões para duvidar da veracidade ou da exactidão O pagamento da dívida aduaneira e correlacionada
do valor declarado relativamente a mercadorias para deve fazer-se nos prazos indicados neste Código, a pronto
exportação, pode solicitar ao exportador que forneça e na íntegra.
informação adicional, designadamente documentação ou
outros elementos probatórios, e, se, após ter recebido a Artigo 291º
informação adicional, ou na falta de resposta do expor- Excepções
tador, aquele ainda tiver razões sobre a veracidade ou
a exactidão do valor declarado, considera-se que o valor O disposto no artigo anterior não se aplica, entretanto,
transaccional não foi estabelecido. em caso de autorização, mediante caução, da saída da

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50 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

mercadoria, antes da conclusão do respectivo processo 2. O prazo referido no número anterior, inicial ou
de desembaraço aduaneiro, situação em que vigoram prorrogado, conta-se a partir da data do levantamento
outros prazos. da mercadoria autorizada a sair sob caução.
Artigo 292º Artigo 297º

Saída sob caução Prazo de pagamento no caso de termo de responsabilidade

A saída sob caução engloba o crédito de direito e o cré- No caso de levantamento da mercadoria mediante
dito de levantamento, nos termos previstos nos artigos termo de responsabilidade, o pagamento deve fazer-se na
seguintes e em demais legislação aplicável, aplicando-se data fixada pelo Director – Geral das Alfândegas, dentro
também, a mercadorias cujo processo de desalfandega- do respectivo prazo de validade máxima.
mento se encontre a aguardar a sujeição a um regime
Artigo 298º
aduaneiro, a concessão de um benefício fiscal ou a apre-
sentação de algum documento relevante. Meios de pagamento

Artigo 293º
Os direitos e demais imposições liquidados pelos ser-
Crédito de Direitos viços aduaneiros são pagos em moeda corrente, por meio
de cheque visado ou cruzado à ordem do tesoureiro ou do
1.O crédito de direitos consiste na autorização de sa- chefe da estância aduaneira credora e por transferência
ída de mercadoria declarada para o consumo antes do interbancária, entendendo-se como tal o pagamento
pagamento da dívida aduaneira e correlacionada e na efectuado através de terminais de pagamento automático
prorrogação do prazo de pagamento destas, por motivos (TPA).
justificados, mediante oferecimento de caução idónea
e sujeição a pagamento de juros sobre as importâncias Artigo 299º
em dívida. Meios de pagamento sujeitos a boa cobrança

2.O crédito de direitos é autorizado, a pedido do interes- Em caso de utilização de meio de pagamento que exija
sado, pelo chefe da estância aduaneira onde se processa boa cobrança, a extinção da dívida aduaneira e corre-
o despacho da mercadoria declarada para consumo. lacionada só se verifica com o recebimento efectivo da
Artigo 294º respectiva importância, não sendo porém devidos juros
de mora pelo tempo que mediar entre a entrega do meio
Crédito de levantamento de pagamento e aquele recebimento, salvo se não for
possível fazer-se a cobrança integral da dívida por falta
1.O crédito de levantamento consiste na autorização de
de provisão.
saída de mercadorias, à medida que vão sendo verificadas,
mediante a apresentação de garantia bancária idónea. Artigo 300º

2. O crédito de levantamento é autorizado pelo Director Consequências do não pagamento de declarações


de Circunscrição Aduaneira, a pedido do despachante
oficial, do caixeiro-despachante ou de outra entidade 1. As declarações sujeitas ao prazo normal previsto
devidamente autorizada, por motivos fundamentados. no artigo 295º deste Código, cujo pagamento não tenha
sido feito dentro desse prazo, são anuladas, devendo as
Artigo 295º mercadorias a que dizem respeito ser consideradas como
tendo excedido o prazo legal de armazenagem e remetidas
Prazo para o pagamento das declarações
para os armazéns apropriados, para efeitos de venda.
1. Os impostos devidos no âmbito do processo de de-
sembaraço de mercadorias devem ser pagos no prazo de 2. As declarações referentes a mercadorias autoriza-
dez dias a contar do registo da liquidação da declaração das a sair sob caução, nos termos deste Código, que não
a eles respeitantes. forem pagas dentro do prazo a que estejam sujeitas, são
remetidas ao serviço competente, para instauração do
2. Quando se trata de animais vivos, géneros frescos processo administrativo de sua cobrança coerciva, nos
ou refrigerados e produtos de natureza perigosa ou termos do Título VII deste Código
inflamável, os impostos devidos são pagos no prazo má-
Subsecção II
ximo de vinte e quatro horas, a contar do registo da sua
liquidação. Autorização de saída de mercadorias

Artigo 296º Artigo 301º

Prazo de pagamento em caso de saída sob caução Autorização de Saída

1.O prazo máximo para o pagamento da dívida adu- Ninguém pode dispor das mercadorias conduzidas
aneira e demais encargos exigíveis, relativos a merca- às estâncias aduaneiras ou aos locais designados pelos
dorias autorizadas a sair sob caução, não deve exceder serviços aduaneiros, sem autorização destes e sem que
15 dias, prorrogáveis por dois períodos adicionais de os direitos e demais imposições exigíveis tenham sido
igual duração, mediante decisão do Director - Geral das previamente pagos, consignados ou garantidos, nos ter-
Alfândegas. mos deste Código.

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Artigo 302º Artigo 307º

Mercadorias sob contestação Realização

No caso de mercadorias de importação não proibida 1. As extracções de amostras são efectuadas pelos
em processo de contestação, a autorização de saída sob agentes aduaneiros, que podem, entretanto, exigir que
caução só é concedida ao contestante desde que se dis- as mesmas sejam efectuadas, sob o seu controlo, pelo
ponha de todos os elementos necessários à apreciação da declarante ou por uma pessoa por este designada.
contestação e seja prestada caução idónea, pelos maiores
direitos e imposições que seriam devidos no caso e res- 2. O declarante ou a pessoa por ele designada para
pectivos juros, observados as demais exigências previstas assistir à extracção de amostras deve prestar às auto-
neste Código. ridades aduaneiras toda a assistência necessária para
Artigo 303º
facilitar a operação.

Mercadorias idênticas 3. Caso o declarante não assista à extracção de amos-


tras e nem se faça nela representar, aplica-se o disposto
A autorização de saída sob caução poderá ser também para a realização da verificação sem a presença do decla-
concedida aos donos ou consignatários de mercadorias rante, tendo as suas constatações a mesma validade que
idênticas às referidas no artigo anterior que estejam ou teriam se a extracção tivesse sido realizada na presença
venham a estar submetidas a despacho, à data ou após do declarante ou do seu representante.
a instauração do processo técnico de contestação, caso
prefiram não aguardar a decisão final desta, nos termos Artigo 308º
do Código.
Regime das amostras
Artigo 304º
1. As quantidades de amostras a extrair não devem
Medidas de regularização
exceder as necessárias para permitir uma análise ou
São adoptadas todas as medidas necessárias, incluindo controlo aprofundados, incluindo uma eventual contra-
a apreensão e a venda, para a regularização da situação análise.
de mercadorias cuja autorização de saída não tenha sido
concedida: 2. As quantidades extraídas a título de amostra pelos
serviços aduaneiros não são dedutíveis da quantidade
a) Porque a sua verificação não pôde ser iniciada declarada.
ou prosseguida nos prazos fixados pela
administração aduaneira, por motivos 3. Tratando-se de uma declaração de exportação ou de
imputáveis aos declarantes; aperfeiçoamento activo, sempre que as circunstâncias o
permitam, o declarante é autorizado a substituir as quan-
b) Porque não foram apresentados os documentos tidades de mercadorias extraídas a título de amostras por
indispensáveis à sua sujeição ao regime mercadorias idênticas, para completar a remessa.
aduaneiro declarado;
4. A extracção de amostras não dá origem ao paga-
c) Porque os direitos e outras imposições devidos mento de qualquer indemnização pela administração
não foram pagos ou garantidos nos prazos aduaneira, mas as despesas de análise e controlo são
fixados; suportadas por ela.
d) Porque estão sujeitas a medidas de restrição ou Artigo 309º
de contingentação.
Destino das amostras
Artigo 305º

Remissão para o contencioso administrativo aduaneiro 1. Salvo se forem inutilizadas pela análise ou controlo
aprofundados, as amostras extraídas são restituídas ao
Nas situações previstas no número anterior, organi- declarante, a seu pedido e a expensas suas, desde que a
za-se um processo administrativo próprio, regido pelas sua conservação pelas autoridades aduaneiras se torne
disposições do contencioso administrativo regulado no desnecessária, nomeadamente, quando tenham sido
título VII deste Código, fazendo-se o pagamento nos esgotadas todas as possibilidades de recurso por parte
termos aí previstos, quando assim couber. do declarante contra a decisão tomada pelas autoridades
aduaneiras com fundamento nos resultados desta análise
Secção VII
ou deste controlo.
Extracção de amostras
2. As amostras cuja restituição não tenha sido solicitada
Artigo 306º
pelo declarante podem ser inutilizadas ou conservadas
Comunicação pelas autoridades aduaneiras.

A extracção de amostras da iniciativa das autoridades 3. Contudo, em casos especiais, as autoridades adua-
aduaneiras é sempre comunicada ao declarante ou ao neiras podem exigir ao interessado que retire as amostras
seu representante. remanescentes.

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52 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 310º Direcção-Geral das Alfândegas, acompanhado de duas
Aplicação aos exames realizados antes da declaração
amostras, desenhos ou fotografias das mercadorias, a
expensas do interessado.
As disposições desta secção aplicam-se, com as ne-
cessárias adaptações, à extracção de amostras antes da 4. O Director-Geral pronuncia-se sobre o objecto da
apresentação da declaração em detalhe requeridas pelo consulta, no prazo de trinta dias a partir da data da
declarante ou seu representante. entrada na Direcção-Geral das Alfândegas do processo
e amostras que o acompanhem, sem prejuízo do disposto
Secção VI no número seguinte.
Informações e decisões sobre a legislação aduaneira 5. Tratando-se de consulta para determinação prévia
Artigo 311º de origem, o prazo para o pronunciamento sobre ela pelo
Director-Geral das Alfândegas é de 150 dias, a contar
Informações e decisões relativas à aplicação da entrada do processo respectivo na Direcção-Geral,
da legislação aduaneira
devidamente instruído, nos termos deste artigo.
1. Qualquer interessado pode solicitar às autoridades Artigo 313º
aduaneiras informações e decisões relativas à aplicação
da legislação aduaneira, devendo fornecer todos os ele- Consultas prévias não admitidas
mentos e documentos exigidos para o efeito.
Não são admitidas consultas prévias quando incidirem
2. As informações e decisões devem ser prestadas ou sobre:
tomadas e comunicadas ao requerente no prazo mais
a) Mercadorias de composição indefinida ou que
curto possível, nunca superior a quinze dias, devendo ser
não possam ser facilmente identificadas;
fundamentadas nos termos gerais de direito.
b) Mercadorias claramente especificadas na
3. O prazo estabelecido no número anterior pode ser
Pauta Aduaneira e nas respectivas Notas
prorrogado sempre que não seja possível o seu cumpri-
Explicativas ou cuja classificação já tenha
mento por parte das autoridades aduaneiras. Nesse caso,
sido objecto de deliberação do Conselho
as autoridades aduaneiras dão conhecimento do facto ao
Técnico Aduaneiro, de despacho proferido nos
requerente, antes da expiração do prazo, indicando os
termos dos n.º 4 e 5 do artigo anterior ou de
motivos que justificam a prorrogação, bem como o novo
decisão em recurso contencioso.
prazo que consideram necessário para deliberarem sobre
o pedido. Artigo 314º

4. As informações e decisões solicitadas são gratuitas. Validade da decisão do Director-Geral


Porém, sempre que acarretem despesas por parte das au-
Os despachos do Director-Geral que decidam sobre
toridades aduaneiras, designadamente na sequência de
consultas prévias podem ser modificados:
análises ou de peritagens às mercadorias, ou para que as
mesmas sejam expeditas para o requerente, as referidas a) Por ulterior despacho do próprio;
despesas podem ser imputadas a este último.
b) Por deliberação do Conselho Técnico Aduaneiro
Artigo 312º
em sentido diferente, designadamente, em
Consultas prévias sobre a classificação pautal e origem virtude de alteração da legislação aplicável;
das mercadorias
c) Por decisão em sentido diferente proferida em
1. Quando se suscitem dúvidas por parte dos interes- recurso contencioso.
sados sobre a classificação pautal, ou sobre as regras de
Artigo 315º
origem a atribuir a qualquer mercadoria que se pretenda
importar, devem os mesmos apresentar, nas sedes das Notificação da modificação
alfândegas, requerimento em que fundamentem os moti-
vos das suas dúvidas, acompanhando o requerimento de A modificação dos despachos do Director-Geral das
três amostras, desenhos, fotografias e, se necessário, de Alfândegas decidindo sobre consultas prévias e os res-
resenhas minuciosas das mesmas mercadorias, devida- pectivos fundamentos são notificados aos interessados,
mente acondicionadas e com rótulos por eles assinados quando tal formalidade se revelar necessária.
pelos requerentes, uma das quais se destina à alfândega Secção VII
de recepção.
Benefícios fiscais aduaneiros
2. No requerimento serão indicados a denominação co-
mercial ou industrial da mercadoria, as matérias-primas Artigo 316º
que entram na sua composição, as suas aplicações, valor, Âmbito
procedência e local do fabrico ou origem.
1. A lei enumera os casos e as condições em que os do-
3. Os Directores de Alfândegas, logo que recebam os nos ou consignatários de certas mercadorias que sejam
requerimentos de que trata este artigo, organizam o objecto de importação podem beneficiar de isenção parcial
processo respectivo e procedem à remessa do mesmo à ou total de direitos e demais imposições aduaneiras.

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2. O reconhecimento de benefícios fiscais é apenas e) Do despacho de indeferimento total ou parcial


concedido aos donos e consignatários de mercadorias do pedido de reconhecimento proferido pela
expressamente indicados na lei, observados os pressu- entidade legalmente competente cabe recurso,
postos nela previstos e em demais disposições legais e nos termos gerais;
regulamentares aplicáveis, incluindo ordens de serviço
e circulares das autoridades aduaneiras. f) A administração aduaneira deve prestar aos
interessados todas as informações necessárias
Artigo 317º ao exercício dos seus direitos e as relativas
ao estado do processo, devendo passar as
Restrições ao uso de mercadorias certidões que lhe forem pedidas.
Artigo 320º
1. Sempre que a lei faça depender a concessão de
isenção aduaneira ou de suspensão dos direitos e demais Obrigações acessórias
imposições aduaneiras à condição de que as mercadorias
sejam apenas utilizadas para a prossecução de finalidade A concessão de benefícios fiscais não exime o cumpri-
específica, a mudança de uso ou a alienação por qualquer mento das obrigações tributárias acessórias, nomeada-
forma dessas mercadorias carecem de prévia autorização mente, as de natureza declarativa.
das autoridades aduaneiras. Secção VIII

Garantia de Pagamento
2. Sendo concedida autorização para a mudança de uso
ou para a alienação por qualquer forma das referidas Artigo 321º
mercadorias, são devidos os direitos e demais imposições Garantias
aduaneiras nos termos previstos na lei.
1. O património do devedor dos direitos e demais im-
3. A depreciação do valor das mercadorias sujeitas à posições incidentes sobre as mercadorias sujeitas à acção
mudança de uso é corrigida segundo um sistema sim- aduaneira constitui a garantia geral da dívida aduaneira
ples de cálculo para cada ano ou parte do ano a partir e correlacionada, com excepção dos bens não penhoráveis
da data do registo do respectivo despacho ou mediante nos termos da lei.
exame pericial.
2. Para garantia da dívida aduaneira, a administração
Artigo 318º aduaneira dispõe ainda:

Forma do pedido de reconhecimento


a) Dos privilégios creditórios previstos no 323º
deste Código, na lei civil ou na legislação
Os pedidos de reconhecimento de benefício fiscal adu- tributária;
aneiro podem ser solicitados no próprio processo de de- b) Do direito de retenção, nos termos da lei, de
sembaraço aduaneiro das mercadorias dele beneficiárias quaisquer mercadorias sujeitas à acção fiscal
ou através de procedimento autónomo. de que o devedor seja proprietário ou da
documentação a elas relativa.
Artigo 319º
3. Nos termos previstos neste Código e em demais
Pedido de reconhecimento autónomo
legislação aplicável, pode ainda o devedor oferecer ou
ser-lhe exigida caução em garantia da dívida aduaneira
Sem prejuízo do disposto a propósito de cada benefí- ou com ela correlacionada.
cio fiscal, aplica-se supletivamente, com as necessárias
adaptações, o seguinte: Artigo 322º

Providências cautelares
a) Os pedidos de reconhecimento dos benefícios
fiscais processados autonomamente são 1. A Administração aduaneira pode, nos termos da lei,
apresentados nos serviços competentes para tomar providências cautelares para garantia da dívida
a liquidação do imposto a que se refere o aduaneira e correlacionada, em caso de fundado receio
benefício e devem ser instruídos nos termos de frustração da sua cobrança ou de destruição ou ex-
da lei que os concede; travio de documentos ou outros elementos necessários
ao apuramento da situação tributária das mercadorias
b) Sempre que o reconhecimento do benefício fiscal sob acção aduaneira.
seja da competência do membro do governo
2. As providências cautelares podem consistir na apre-
responsável pela área das finanças, os serviços
ensão de bens ou documentos até à satisfação da dívida
referidos na alínea anterior submetem-lhe o
aduaneira e correlacionada.
processo, devidamente instruído;
Artigo 323º
c) O despacho de deferimento fixa as datas do início Privilégio Mobiliário Especial
e do termo do benefício fiscal;
As mercadorias, bagagens ou quaisquer outros bens e
d) O despacho de deferimento ou de indeferimento valores existentes nas alfândegas, nos armazéns de depó-
são sempre notificados ao requerente. sito temporário, entrepostos aduaneiros ou em quaisquer

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54 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

outros locais sob a acção fiscal aduaneira, respondem pelo Artigo 328º
pagamento dos direitos, demais imposições, multas e coi-
Recusa da caução
mas em dívida, ainda que a eles não digam directamente
respeito, gozando estes créditos de privilégio mobiliário As autoridades aduaneiras recusam a caução proposta,
especial sobre as mercadorias, bagagens, bens e outros quando considerarem que a mesma não acautela o
valores de que trata este artigo, com preferência sobre pagamento das obrigações em dívida que se pretende
quaisquer outros. assegurar.
Artigo 324º
Artigo 329º
Apreensão de Mercadorias
Reforço da caução
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as
mercadorias, bagagens, bens e valores depositados nas Sempre que as autoridades aduaneiras verificarem que
alfândegas, armazéns de depósito temporário, entrepos- a caução prestada não acautela ou deixou de acautelar
tos aduaneiros ou em quaisquer locais sob a acção fiscal de forma integral o pagamento das obrigações em dívida,
aduaneira, não podem ali ser apreendidos ou retidos exigem a prestação de uma garantia complementar ou a
senão pela própria administração aduaneira ou com a substituição da caução inicial por uma nova caução.
sua colaboração e para garantia de direitos e demais
Artigo 330º
imposições, multas coimas ou outras dívidas à Fazenda
Nacional, nos termos da lei. Substituição excepcional

2. As autoridades judiciais ou quaisquer outras, quando A caução pode, uma vez prestada, ser excepcionalmen-
tenham de impor o arresto dos bens referidos no número te substituída, a pedido do declarante, caso este prove
anterior, solicitam às alfândegas, sob cuja acção fiscal os interesse legítimo na substituição e desde que não haja
mesmos se encontram a efectivação da medida. prejuízo para a Fazenda Pública.
3. A venda pela administração aduaneira de merca- Artigo 331º
dorias sob a acção fiscal que se encontrem arrestadas a
pedido das autoridades judiciais só pode ser efectuada Redução excepcional
depois da anuência dessas entidades.
A caução só pode ser reduzida após a sua prestação,
4. A aplicação do preceituado neste artigo é extensiva nos casos de anulação parcial da dívida aduaneira e
a quaisquer mercadorias ou bens que, por estarem pro- correlacionada, pagamento parcial da dívida no âmbito
postas a despacho ou por qualquer outra razão, estejam de regime de crédito de levantamento ou outra situação
sob a acção directa das estâncias aduaneiras, embora igualmente relevante, avaliada e ponderada pelas auto-
fora destas. ridades aduaneiras.
Artigo 325º
Artigo 332º
Momento de exigência da caução
Modo de cálculo
A caução pode ser exigida no momento em que é apli-
cada a regulamentação que prevê a possibilidade de a 1. As cauções são calculadas tomando como referência
exigir ou em qualquer momento posterior, quando as os maiores direitos e encargos abstractamente exigíveis,
autoridades aduaneiras verifiquem que o pagamento, nos em caso de não pagamento da dívida aduaneira e corre-
prazos fixados, não está suficientemente acautelado. lacionada, incluindo os juros de mora.
Artigo 326º 2. Na hipótese de se presumir a ocorrência de respon-
Tipos de Caução sabilidade por infracção fiscal aduaneira, a caução deve
ainda abranger a importância julgada suficiente para
A caução pode ser constituída por depósito em numerá- garantir essa responsabilidade.
rio ou mediante garantia bancária ou seguro-caução.
3. No caso de garantias prestadas com vista à boa co-
Artigo 327º
brança da dívida no âmbito do crédito de levantamento,
Termo de responsabilidade as mesmas devem cobrir todo o período de tempo que foi
concedido para efectuar o pagamento e os respectivos
1.A caução pode ser substituída por um termo de res-
juros, mais acréscimos legais exigíveis.
ponsabilidade, nas seguintes situações:
Artigo 333º
a) Quando o consignatário ou destinatário da
mercadoria for um serviço público; Aplicação a outras situações

b) Nos casos de cortesia internacional; As disposições previstas nesta secção aplicam-se, com
c) Noutros casos expressamente previstos na lei. as devidas adaptações, a todas as outras situações em que
se exija aos particulares a constituição perante a admi-
2. O prazo máximo de validade do termo de responsa- nistração aduaneira de garantias para o acautelamento
bilidade é de um ano. do pagamento da dívida aduaneira ou correlacionada.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 55
Secção IX Artigo 339º

Contestação da classificação pautal, origem e valor Produto similar


da mercadoria
1. Entende-se por produto similar, nos termos do artigo
Artigo 334º anterior, um produto análogo em todos os aspectos ao
Contestação produto considerado como sendo objecto de dumping.

1.Quando os resultados da operação de conferência de 2. Caso não exista tal produto, pode ser usado, em al-
documentos ou de verificação de mercadorias não estive- ternativa, um outro produto que apresente características
rem de acordo com os elementos da declaração aduaneira muito semelhantes às do produto considerado.
relativos à classificação pautal, à origem ou ao valor da Artigo 340º
mercadoria e, de um modo geral, aos elementos que dela
devam constar, e o declarante apresentar contestação re- Valor normal
lativamente a esses resultados, instaura-se um processo
O valor normal baseia-se habitualmente nos preços pagos
de contestação decidido nos termos do artigo seguinte.
ou a pagar, no decurso de operações comerciais normais,
2. Sempre que a lei preveja um procedimento espe- por clientes independentes no país de exportação.
cial para determinar a espécie, o valor ou a origem da Artigo 341º
mercadoria, a contestação resolve-se de acordo com esse
procedimento. Preço de exportação

Artigo 355º 1. O preço de exportação é o preço pago ou a pagar


aquando da exportação pelo país de exportação para
Remissão para o contencioso técnico-aduaneiro Cabo Verde. Quando se afigurar que o preço de exporta-
ção não é fiável, deve proceder-se a um ajustamento em
O processo de contestação referido no nº 1 do artigo an-
relação a todos os custos verificados entre a importação
terior é resolvido nos termos previstos no Título VII deste
e a revenda, bem como em relação aos lucros obtidos, a
Código, relativo ao contencioso técnico-aduaneiro.
fim de se estabelecer um preço de exportação fiável no
Secção X estádio da fronteira de Cabo Verde.
Direitos anti-dumping e direitos de compensação 2. O preço de exportação e o valor normal são depois
comparados de modo equitativo.
Artigo 336º
Artigo 342º
Medidas anti-dumping
Margem de dumping
1. As medidas anti-dumping só se aplicam nas circuns-
tâncias previstas no artigo VI do GATT de 1994 e apenas A margem de dumping corresponde ao montante em
no que diz respeito a inquéritos iniciados e conduzidos nos que o valor normal excede o preço de exportação, podendo
termos desse Acordo e do Acordo sobre a Interpretação e ser estabelecida uma margem de dumping média ponde-
a Aplicação dos Artigos VI, XVI e XIII do GATT. rada quando as margens de dumping variarem.

2. Sujeitam-se a medidas anti-dumping as mercadorias Artigo 343º


objecto de dumping que, em caso de introdução no país, Direitos de compensação
causam prejuízo importante à indústria nacional.
Os direitos de compensação destinam-se a neutralizar
Artigo 337º
qualquer subvenção concedida, directa ou indirectamen-
Prejuízo importante te, ao fabrico, produção, exportação ou transporte de
produtos cuja introdução em livre prática no território
A existência de prejuízo deve basear-se em elementos aduaneiro de Cabo Verde cause prejuízo importante.
de prova positivos e incluir um exame objectivo:
Artigo 344º
a) Do volume das importações objecto de dumping e Aplicação
do seu efeito nos preços dos produtos similares
no mercado; e A aplicação de direitos de compensação subordina-se ao
disposto no Acordo da OMC sobre Subvenções e Medidas
b) Da repercussão dessas importações na indústria de Compensação e no Acordo sobre a Interpretação e a
de Cabo Verde. Aplicação dos Artigos VI, XVI e XIII do GATT.
Artigo 338º Artigo 345º
Mercadoria objecto de dumping Comité especial

Considera-se que é objecto de dumping uma mercadoria A determinação dos direitos anti-dumping e dos
cujo preço de exportação para Cabo Verde seja inferior ao direitos de compensação a aplicar em concreto é feita
preço comparável de um produto similar, no decurso de por um comité especial criado para o efeito, em estrita
operações comerciais normais, no país de exportação. obediência não só aos Acordos específicos da OMC sobre

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Direitos Anti - Dumping, Subvenções e Medidas de Com- mos, sem prejuízo da aplicação do que a respeito estiver
pensação, mas também aos Acordos que os aplicam e às regulado no Código de Propriedade industrial e na Lei
disposições do Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e dos Direitos do Autor e Direitos Conexos, para efeitos dos
Comércio (GATT). processos judiciais que vierem a ser instaurados.
Secção XI 2. Incluem-se entre a documentação a entregar, a
tradução dos documentos apresentados, ao abrigo do
Intervenção aduaneira em caso de suspeita de violação
de propriedade intelectual número anterior, bem como os pedidos de intervenção
aduaneira e respectiva documentação apresentados a
Artigo 346º administrações aduaneiras terceiras cuja intervenção
tenha sido também requerida.
Definição
Artigo 351º
A intervenção aduaneira em relação a mercadorias
Declaração do titular do direito
suspeitas de violar a propriedade intelectual consiste
na respectiva apreensão e na consequente suspensão do 1. Entre a documentação que deve acompanhar o
seu processo de desalfandegamento até à regularização pedido de intervenção aduaneira se inclui também uma
da situação. declaração do titular do direito pela qual o mesmo aceita
a sua eventual responsabilidade relativamente às pes-
Artigo 347º
soas envolvidas na operação, se o procedimento iniciado
Mercadorias objecto de apreensão por força da lei não for prosseguido devido a um acto ou
a uma omissão dele declarante ou se se vier a verificar
A medida de apreensão incide, designadamente, sobre que as mercadorias em causa não violam um direito de
produtos ou mercadorias que manifestem indícios de con- propriedade intelectual.
ter, de qualquer forma, directa ou indirectamente, falsas
2. Na mesma declaração, o titular do direito ou o seu
indicações de proveniência ou denominações de origem,
representante acordam em custear todas as despesas
marcas ou nomes ilicitamente usados ou aplicados.
ocasionadas com a manutenção das mercadorias sob
Artigo 348º controlo aduaneiro.
Iniciativa 3. O pedido e respectiva documentação de suporte
são apresentados em tantas cópias quantas forem as
1. O procedimento de intervenção aduaneira desen- estâncias aduaneiras susceptíveis de terem intervenção
cadeia-se a pedido de quem nele tenha interesse ou por no processo de desembaraço aduaneiro da mercadoria
iniciativa das próprias autoridades aduaneiras, neste suspeita de violação de propriedade intelectual.
último caso, quando, no decurso de uma operação de
Artigo 352º
controlo aduaneiro, tiverem motivos suficientes para
suspeitar de que se trata de mercadoria que viola a pro- Prestação de garantia
priedade intelectual. O deferimento do pedido de intervenção aduaneira
está também sujeita a prestação de garantia idónea em
2. A intervenção decretada por iniciativa das autori-
valor acordado pelas partes interessadas ou, na falta de
dades aduaneiras é de carácter preventivo e está sujeita
acordo entre elas, de valor equivalente ao valor de venda
a confirmação por parte do titular do direito suspeito de
dos produtos originais correspondentes à mercadoria
violação.
apreendida ou, subsidiariamente, ao valor de venda
Artigo 349º desta última.
Modo de apresentação do pedido Artigo 353º

Responsabilidades do requerente
Os pedidos de intervenção aduaneira visando merca-
dorias suspeitas de violação de direitos de propriedade É da inteira responsabilidade do requerente a verifi-
intelectual são apresentados mediante requerimento do cação da veracidade e actualidade dos dados constantes
interessado em suporte de papel devidamente assinado, nos elementos de prova dos direitos de propriedade inte-
ou mediante transmissão electrónica, com assinatura lectual juntos aos pedidos de intervenção aduaneira nos
digital devidamente autenticada. termos do disposto nos artigos anteriores, sem prejuízo
de a Direcção-Geral das Alfândegas poder solicitar aos
Artigo 350º requerentes, ou aos serviços administrativos compe-
Instrução do pedido
tentes, as informações complementares que considere
necessárias.
1. O pedido deve ser instruído com toda a documentação Artigo 354º
necessária à análise da sua procedência e consequente
Competência
legalidade designadamente, os comprovativos de que o
requerente é titular do direito pretensamente violado, Compete ao Director-Geral das Alfândegas receber
originais ou cópias autenticadas de registos ou patentes e decidir os pedidos de intervenção aduaneira visando
emitidas pelas entidades nacionais ou internacionais mercadorias suspeitas de violação de direitos de proprie-
competentes ou publicações oficiais relativas aos mes- dade intelectual.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 57
Artigo 355º intervenção aduaneira são suportados, a final, pela parte
Apoio técnico
vencida no processo judicial ou, no caso de se tratar de um
procedimento simplificado previsto no artigo seguinte,
Para efeitos da prossecução das suas atribuições em pelo declarante, pelo possuidor ou pelo proprietário das
matéria intervenção aduaneira relativa a mercadoria mercadorias.
suspeita de violação de propriedade intelectual, a Direc-
ção -Geral das Alfândegas pode solicitar o apoio técnico 2. Até à concretização do pagamento dos custos de
que necessitar ao ministério que superintende o sector armazenagem das mercadorias retidas, nos termos
da propriedade intelectual e a qualquer outra entidade definidos no número anterior, o titular do direito deve
pública ou privada habilitada a fornecer esse apoio técni- suportar provisoriamente essas despesas.
co, designadamente, associações de profissionais ligadas 3. No processo judicial em referência, o titular do
à defesa da propriedade intelectual. direito deve pedir a condenação do demandado cível
Artigo 356º ou réu no pagamento dos custos de armazenagem das
mercadorias retidas.
Notificação da apreensão aos interessados
Artigo 361º
1. A concretização da intervenção aduaneira é no-
tificada imediatamente ao dono ou consignatário das Destruição antecipada de mercadorias
mercadorias apreendidas suspeitas de violação de direito
1. No caso de apreensão de mercadorias suspeitas de
intelectual e ao titular do direito intelectual pretensa-
violar direito de propriedade intelectual e de suspensão
mente objecto de violação.
do seu processo de desalfandegamento, a autoridade
2. Na notificação ao titular do direito suspeito de vio- aduaneira responsável pela aplicação da medida pode
lação, as autoridades aduaneiras convidam-no a forma- considerá-las abandonadas, para destruição ou para
lizar o pedido de intervenção aduaneira, fixando-lhe um qualquer outra finalidade admitida por lei, sem que seja
prazo de dez dias a contar da realização da notificação necessário determinar se houve efectivamente violação
para fazer a prova da instauração do processo judicial do direito, desde que seja obtido o acordo, por escrito,
destinado a confirmar a apreensão ordenada. entre o titular do direito e o dono ou consignatário dessas
mercadorias.
3. O prazo previsto no número anterior pode ser
prorrogado, por igual período, em casos devidamente 2. Para os efeitos previstos no número anterior, o ti-
justificados. tular do direito deve informar a referida autoridade, por
escrito, se as mercadorias infringem os seus direitos de
Artigo 357º
propriedade intelectual e apresentar-lhe consentimento
Recurso escrito do dono ou consignatário das referidas mercado-
rias quanto ao abandono das mesmas, no prazo de dez
Os actos de deferimento ou de indeferimento dos pedi- dias úteis, ou de três dias úteis, no caso de se tratar de
dos de intervenção aduaneira são passíveis de impugna- mercadorias perecíveis.
ção graciosa e contenciosa nos termos da lei.
3. O consentimento a que se refere o número anterior
Artigo 358º
pode ser comunicado directamente pelo dono ou consig-
Caducidade da apreensão natário das mercadorias.

A não apresentação, no prazo devido, da prova da 4. Na falta de oposição expressa por parte do dono ou
instauração do processo judicial de confirmação da consignatário dentro do prazo estabelecido no n.º 2, pre-
apreensão ordenada pelo Director-Geral das Alfânde- sume-se o seu acordo para os efeitos previstos no n.º 1.
gas, determina a caducidade da intervenção aduaneira
decretada, sendo autorizada a saída da mercadoria ou 5. Por motivos atendíveis, o prazo referido no n.º 2 pode
ordenado o prosseguimento do desalfandegamento da ser prorrogado por mais dez dias úteis, excepto no caso
mercadoria, após o cumprimento das formalidades adu- de mercadorias perecíveis.
aneiras exigíveis. Artigo 362º
Artigo 359º Recolha de amostras
Guarda das mercadorias
1. São recolhidas as amostras das mercadorias que
As mercadorias objecto de intervenção aduaneira por sejam necessárias para instruir um eventual processo
suspeita de violação de direito de propriedade intelectual judicial, as quais devem ser conservadas por um período
ficam à guarda das alfândegas, salvo se, de outro modo de seis meses, excepto se o titular do direito tiver ex-
for decidido, nos termos da lei. pressamente renunciado à apresentação desse processo
judicial e comunicar esse facto, no prazo referido no artigo
Artigo 360º antecedente à autoridade aduaneira que tenha procedido
Custos de armazenagem e destruição das mercadorias à intervenção aduaneira.

1. Salvo acordo entre os interessados, os custos de 2.A destruição das mercadorias ou a sua afectação
armazenagem e destruição das mercadorias objecto de a qualquer outro fim admitido por lei é efectuada sob

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controlo aduaneiro, podendo todavia ser dispensada a Artigo 368º


presença de agente aduaneiro no acto da destruição das Obrigatoriedade de atribuição de um destino
mercadorias, se esse acto for realizado por entidade cer-
tificada para esse efeito, a qual deve emitir documento É obrigatória a atribuição de um destino aduaneiro
comprovativo dessa destruição, destinado aos serviços compatível às mercadorias apresentadas às autoridades
aduaneiros ou a instruir o processo judicial que já ins- aduaneiras.
taurado ou que venha a ser instaurado pelo titular do
Artigo 369º
direito.
Tipos de destinos
Artigo 363º

Levantamento sob caução de mercadoria suspeita de violar São os seguintes os destinos passíveis de aplicação às
direito intelectual mercadorias:

A lei regula os casos em que o destinatário da merca- a) Sujeição a um regime aduaneiro;


doria pode obter o seu levantamento, mediante apresen-
tação de caução suficiente para proteger os interesses do b) Colocação numa zona franca ou num entreposto
titular do direito e eventuais dívidas perante a adminis- franco;
tração aduaneira, nos termos deste Código. c) Reexportação do território aduaneiro nacional;
Artigo 364º
d) Inutilização;
Destinos dos objectos apreendidos
e) Abandono a favor da Fazenda Pública.
As mercadorias declaradas perdidas a favor do Estado
Artigo 370º
no âmbito de acções judiciais interpostas na sequência
da intervenção aduaneira são total ou parcialmente des- Requisitos
truídas, sempre que, nomeadamente, não seja possível
eliminar a parte das mesmas ou o sinal distintivo nelas 1.A sujeição de uma mercadoria a um regime aduaneiro
aposto que constituam violação do direito. é feita através da apresentação de uma declaração adu-
aneira, nos termos previstos neste Código e em demais
TÍTULO V legislação aplicável.

DESTINOS E REGIMES ADUANEIROS 2. Salvo disposição legal em contrário, a atribuição


de outros destinos aduaneiros às mercadorias depende
CAPÍTULO I da apresentação de uma declaração sumária ou de uma
notificação às autoridades aduaneiras.
Disposições gerais
Artigo 371º
Artigo 365º
Classificação
Destinos aduaneiros
Os regimes aduaneiros classificam-se em regimes co-
Salvo disposição legal em contrário, pode, em qualquer muns e regimes especiais.
momento e nas condições fixadas na legislação aduaneira,
ser atribuído às mercadorias um destino aduaneiro, in- Artigo 372º
dependentemente da sua natureza, quantidade, origem,
Regimes aduaneiros comuns
procedência ou destino.
Artigo 366º
São comuns os regimes aduaneiros cuja finalidade
imediata é a introdução em livre pratica no território
Limites aduaneiro cabo-verdiano de mercadorias não nacionais
ou a exportação deste de mercadorias nacionais, com
O disposto no artigo anterior é aplicável sem prejuízo isenção total ou parcial ou mediante o pagamento de
das proibições ou restrições impostas por razões de mo- direitos e outras imposições e a aplicação de medidas de
ralidade, ordem e segurança públicas, de protecção da política comercial e demais formalidades exigidas para a
saúde e da vida das pessoas e animais ou de preservação importação e a exportação definitivas de mercadorias.
das plantas, de protecção do património nacional de valor
artístico, histórico ou arqueológico ou de protecção da Artigo 373º
propriedade intelectual. Regimes aduaneiros especiais
Artigo 367º
1. Os regimes aduaneiros especiais são instrumentos
Mercadorias em situação irregular de política comercial e industrial ao serviço do desen-
volvimento económico e social do pais, particularmente
As autoridades aduaneiras adoptam as medidas exi- vocacionadas para o incremento da competitividade e
gíveis para a regularização da situação de mercadorias da modernização da gestão das empresas nacionais,
introduzidas irregularmente no território aduaneiro para o desenvolvimento das indústrias exportadoras e
cabo-verdiano ou subtraídas à fiscalização aduaneira, para a captação do investimento externo, num ambiente
incluindo a venda de tais mercadorias. internacional competitivo, cuja autorização é da exclu-

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siva competência das autoridades aduaneiras, a quem 3. Quando determinada oficiosamente, o detentor, dono
cabe também fiscalizar e controlar a sua aplicação e ou consignatário da mercadoria é informado da medida
funcionamento, segundo os procedimentos que lhes são pelas autoridades aduaneiras.
próprios.
4. A inutilização por iniciativa do detentor, dono ou
2. Os regimes aduaneiros especiais caracterizam-se consignatário da mercadoria é previamente notificada
pela sua duração limitada, pelos incentivos fiscais a às autoridades aduaneiras e faz-se sob sua fiscalização
eles associados, bem como pela reforçada fiscalização e controlo destas.
aduaneira a que as mercadorias a eles sujeitas ficam
submetidas. 5. A inutilização faz-se sem custos para o erário pú-
blico, sendo os mesmos suportados exclusivamente pelo
Artigo 374º detentor, dono ou consignatário da mercadoria, indepen-
Regimes equiparados dentemente de quem tenha partido a iniciativa para a
sua realização.
Para efeitos de aplicação da legislação aduaneira na
Artigo 378º
parte em que a ela se sujeitam são equiparadas, em tudo o
que não estiver especificamente, aos regimes aduaneiros Abandono
especiais as empresas francas e os entrepostos fiscais.
1. O abandono é o destino aduaneiro atribuído a mer-
Artigo 375º cadorias em situação de incumprimento das disposições
Reexportação legais relativas ao desembaraço aduaneiro, podendo ser
voluntário ou presumido.
A reexportação é o destino aduaneiro que permite a
saída do território aduaneiro de mercadorias não nacio- 2. As mercadorias abandonadas são consideradas em
nais que nele permaneceram em depósito temporário, em regime de entreposto aduaneiro, não estando, entretanto,
regime de trânsito internacional ou sujeito a um regime obrigadas a permanecer em entreposto aduaneiro.
aduaneiro económico, abrangendo, quando exigida, a
CAPÍTULO II
aplicação das formalidades previstas para a saída de
mercadorias, incluindo medidas de política comercial. Regimes aduaneiros especiais
Artigo 376º Artigo 379º
Zonas francas e entrepostos francos
Tipos

As zonas francas e os entrepostos francos são espaços Os regimes aduaneiros especiais classificam-se em
ou instalações delimitadas do território nacional onde: económicos e suspensivos.
a) As mercadorias estrangeiras são consideradas, Artigo 380º
para efeitos de direitos de importação e de
medidas de política comercial de importação, Regimes económicos e suspensivos
como não integrando o território aduaneiro
1. São considerados regimes aduaneiros económicos:
nacional, desde que não sejam introduzidas
em livre prática ou sujeitas a outro destino a) O entreposto aduaneiro;
ou regime aduaneiro, usadas ou consumidas
em condições diferentes das previstas na b) O aperfeiçoamento activo;
regulamentação aduaneira;
c) A transformação sob controlo aduaneiro;
b) E as mercadorias nacionais sujeitas a medidas
específicas previstas em lei podem beneficiar, d) A importação temporária;
pelo facto de aí se encontrarem, de medidas e) O aperfeiçoamento passivo;
habitualmente associadas à exportação de
mercadorias. f) A exportação temporária.
Artigo 377º
2. São considerados regimes aduaneiros suspensivos,
Inutilização tratando-se de mercadorias estrangeiras:

1. A inutilização é o destino aduaneiro atribuído a a) O trânsito;


mercadorias apresentadas às autoridades aduaneiras e
que, por circunstâncias especiais, designadamente razões b) O entreposto aduaneiro;
ligadas à defesa e protecção da saúde, da propriedade c) O aperfeiçoamento activo sob a forma de sistema
comercial e industrial, não devam ser introduzidas no cir- suspensivo;
cuito económico ou ter qualquer outra destinação útil.
d) A importação temporária.
2. A inutilização pode ser ordenada oficiosamente
pelas autoridades aduaneiras ou partir da iniciativa do 3. Quando uma mesma mercadoria satisfaça as condi-
detentor, dono ou consignatário da mercadoria. ções requeridas pela legislação aduaneira para a sujeição

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60 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

a um e a outro regime aduaneiro, as disposições corres- Artigo 385º


pondentes aplicam-se-lhe cumulativamente e o regime
Requisitos específicos
assume a designação de regime económico suspensivo.
Artigo 381° Para além dos requisitos gerais, a autorização para o
uso de um regime aduaneiro especial sujeita-se também
Autorização prévia à observância de requisitos específicos estabelecidos para
cada regime em particular.
O uso de um regime aduaneiro especial está sujeito a
autorização das autoridades aduaneiras e depende da Artigo 386º
verificação cumulativa dos requisitos gerais e específicos Ónus da prova
fixados na lei aduaneira e de vistoria prévia das instala-
ções destinadas à armazenagem ou transformação das Sempre que a lei subordine a autorização de uso de um
mercadorias objecto da medida, quando exigidas. regime aduaneiro especial ao cumprimento de determi-
nadas condições e requisitos, cabe ao titular do regime
Artigo 382°
fazer a prova perante as autoridades aduaneiras de que
Requisitos gerais as referidas condições e requisitos estão integralmente
satisfeitos.
A autorização para o uso de um regime aduaneiro
Artigo 387º
especial só é dada a pessoas estabelecidas no território
aduaneiro cabo-verdiano que reúnam todas as condições Dever de informar
necessárias para a correcta condução das operações que o
regime em causa envolva e desde que, para a fiscalização e O titular de um regime aduaneiro especial fica obri-
acompanhamento da sua aplicação, as autoridades adua- gado a informar as autoridades aduaneiras de todas as
neiras não tenham de criar um dispositivo administrativo situações ocorridas após a concessão da autorização para
desproporcionado em relação às necessidades económicas o uso desse regime, susceptíveis de influenciar a sua
que se pretende salvaguardar. manutenção ou o seu conteúdo.
Artigo 383º Artigo 388º

Estabelecimento em território aduaneiro Conteúdo da autorização

1. A obrigação de estabelecimento em território adua- 1. O despacho de autorização do uso de um regime


neiro nacional não é exigida quando o regime declarado aduaneiro especial especifica todas as condições a que o
for o trânsito ou a importação temporária ou em caso mesmo fica sujeito, incluindo o prazo de sua duração, os
de acordos internacionais celebrados com Estados ter- direitos e as obrigações do titular do regime.
ceiros que permitam a nacionais desses Estados serem
titulares de tais regimes em Cabo Verde, sob reserva de 2. O referido despacho é notificado na íntegra ao titular
reciprocidade. do regime.

Artigo 389º
2. Consideram-se estabelecidas em Cabo Verde as
pessoas singulares que aqui tenham a sua residência Autorização integrada
habitual e, tratando-se de pessoas colectivas ou de as-
sociações referidas neste Código, as que aqui tenham a A autorização concedida pelas autoridades aduaneiras
sua sede estatutária, a sua administração central ou um pode abarcar vários regimes aduaneiros especiais em
estabelecimento permanente. simultâneo, designando-se, em tais casos, autorização
integrada.
Artigo 384º
Artigo 390º
Garantia do titular do regime
Modalidades de garantia
1. A concessão de autorização para o uso de um regi-
me aduaneiro especial está também sujeita à prestação 1. A garantia destinada a acautelar o pagamento de
de uma garantia pelo titular do regime, destinada a direitos e outras imposições passíveis de se constituir
acautelar o pagamento de qualquer dívida aduaneira já relativamente a mercadorias sujeitas a um regime
constituída ou que possa vir a constituir-se em relação aduaneiro especial assume, nos termos do regime geral
às mercadorias objecto do regime em causa, cuja sufi- de garantias destinas a acautelar o cumprimento de
ciência e idoneidade são avaliadas pelas autoridades obrigações perante as autoridades aduaneiras, forma de
aduaneiras. depósito em numerário, de seguro - caução ou de garantia
bancária.
2. Tratando-se de regimes aduaneiros suspensivos, as
autoridades aduaneiras podem condicionar a prestação 2. Nos casos expressamente previstos na lei, a garan-
da garantia a exigências especiais, adequadas às circuns- tia em referência pode ser substituída por um termo de
tâncias concretas do caso. responsabilidade, de modelo regulamentar.

V8K6G4R2-5Y9S9F5P-4E6T1U3A-36001F30-3Q6V9D4S-29I3AZUX-3Q2F4E5U-212QEHMQ
I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 61
Artigo 391º mercadorias a ele sujeitas aplicam-se, com as necessárias
adaptações, aos entrepostos não aduaneiros destinados
Garantia da responsabilidade do depositário
à transformação, detenção, expedição de mercadorias
Sem prejuízo das excepções previstas na lei aduaneira, sujeitas ao imposto especial do consumo em regime
a exploração de entreposto aduaneiro está também sujei- suspensivo, também designadas pela legislação especí-
ta à prestação por parte do depositário de uma garantia fica como fábricas ou entrepostos fiscais, bem como às
nos termos previstos neste Código, para acautelar a sua empresas francas.
responsabilidade de garante e responsável principal pelo
pagamento dos direitos e demais imposições incidentes so- CAPÍTULO III
bre as mercadorias em depósito e das multas e coimas com
Regime de entreposto aduaneiro
elas relacionadas, ainda que não seja proprietário delas.
Secção I
Artigo 392º
Disposições gerais
Transferência de direitos e obrigações
Artigo 395º
Os direitos e obrigações do titular de um regime adua-
neiro especial podem ser transferidos para terceiros que Características
reúnam as condições estabelecidas na lei para beneficiar
do regime em causa. O regime de entreposto aduaneiro permite o depósito
de mercadorias num local designado, sob fiscalização adu-
Artigo 393º aneira, com suspensão de direitos e de outras imposições
Apuramento do regime económico e suspensivo
aduaneiras e sem qualquer aplicação de medidas de polí-
tica comercial, para efeitos de posterior atribuição de um
1. Os regimes aduaneiros económicos e suspensivos novo regime ou destino aduaneiros, em estado inalterado
estão sujeitos a apuramento dentro do prazo fixado na ou após transformação sob controlo aduaneiro.
autorização de acesso ao regime.
Artigo 396º

2. O prazo de apuramento do regime é aquele dentro Tipos


do qual as mercadorias ou produtos devem receber um
novo destino aduaneiro admitido, incluindo, se for caso Em função da sua finalidade, o regime de entreposto
disso, o prazo para solicitar o reembolso dos direitos de aduaneiro assume a forma de entreposto industrial ou
importação após aperfeiçoamento activo sob sistema de de entreposto de armazenagem.
draubaque ou para beneficiar da isenção total ou parcial
dos direitos de importação aquando da introdução em Artigo 397º
livre prática da mercadoria após as operações de aper- Regime de entreposto industrial
feiçoamento.
O regime de entreposto aduaneiro industrial permite
3. O apuramento do regime consiste na avaliação da
às empresas industriais a introdução no território adua-
sua aplicação pelas autoridades aduaneiras durante
neiro cabo-verdiano, com suspensão de impostos e demais
o período em que esteve em execução, com base na
imposições, de mercadorias estrangeiras destinadas ao
respectiva documentação de suporte, em especial, do
acondicionamento, transformação ou incorporação em
despacho de autorização, das comunicações do titular
produtos da sua manufactura, para posterior importação
do regime às autoridades aduaneiras e da contabilidade
para consumo, exportação, reexportação, abandono ou
de existências.
inutilização sob controlo aduaneiro de tais produtos.
4.A avaliação tem por verificar a conformidade da Artigo 398º
aplicação do regime com as condições gerais e especificas
a que o seu uso foi sujeito e a subsequente liquidação, Mercadorias excluídas
quando couber, dos direitos e demais imposições adu-
aneiras exigíveis e a imputação do seu pagamento ao Não podem beneficiar do regime de entreposto adua-
responsável ou responsáveis indicados na lei. neiro as mercadorias sujeitas a proibições impostas por
necessidades de protecção da vida e saúde das pessoas e
5.As autoridades aduaneiras adoptam todas as me- dos animais, da ordem, segurança e moralidade públicas,
didas necessárias para a regularização da situação de da propriedade intelectual, bem como por razões de defe-
mercadorias relativamente às quais um determinado sa e protecção do meio ambiente e do património nacional
regime económico suspensivo não tenha sido devida- de valor artístico, histórico, cultural ou arqueológico.
mente apurado.
Artigo 399º
Artigo 394º
Colocação das mercadorias
Extensão do regime a outras figuras
As mercadorias sujeitas ao regime de entreposto adu-
As disposições do regime de entreposto aduaneiro aneiro são acondicionadas em locais especiais, sujeitos
concernentes à fiscalização e controlo aduaneiro das a fiscalização das autoridades aduaneiras.

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62 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Secção II pode ser proibida por portaria do membro do governo
Entrepostos aduaneiros
responsável pela área das finanças a armazenagem em
entrepostos aduaneiros de mercadorias nela elencadas.
Subsecção I
Artigo 404º
Disposições gerais
Tipos
Artigo 400º

Característica
1. Em função da sua natureza, os entrepostos adua-
neiros classificam-se em:
O entreposto aduaneiro é o local aprovado pelas auto-
ridades aduaneiras e sujeito a fiscalização delas, no qual a) Entrepostos para armazenagem de mercadorias;
são armazenadas mercadorias em regime de entreposto
b) Entrepostos para fins industriais.
aduaneiro, nos termos e para os fins previstos neste
Código e demais legislação aplicável.
2. Os entrepostos aduaneiros de armazenagem clas-
Artigo 401º sificam-se em:
Excepções a) Entrepostos públicos;
1. Sempre que se verifique uma necessidade económica b) Entrepostos privados.
e a fiscalização aduaneira não seja posta em causa por
esse facto, as autoridades aduaneiras podem, entretanto, 3. O entreposto público de armazenagem pode ser
autorizar que: utilizado por qualquer pessoa para o depósito de mer-
cadorias.
a) Mercadorias nacionais diferentes das previstas
no artigo antecedente sejam armazenadas em 4. O entreposto privado de armazenagem destina-se ao
armazéns de entrepostos aduaneiros; uso exclusivo de um depositante para as necessidades da
b) Mercadorias estrangeiras sejam submetidas sua indústria ou do seu comércio e, em casos especiais
nas instalações de um entreposto aduaneiro e com autorização do membro do Governo responsável
a operações de aperfeiçoamento activo, nas pela área das finanças, sob proposta da Direcção-Geral
condições previstas para este regime; das Alfândegas, pode ser utilizado para mercadorias
pertencentes a outros importadores.
c) Mercadorias estrangeiras sejam submetidas, nas
instalações de um entreposto aduaneiro, a 5. Os proprietários de entrepostos privados de armaze-
transformações efectuadas ao abrigo do regime nagem que recebem e armazenam mercadorias perten-
de transformação sob controlo aduaneiro, nas centes a outros importadores respondem integralmente
condições previstas para este regime. pelas obrigações destes junto das alfândegas até ao valor
dos direitos de importação e mais imposições de que este-
2. As mercadorias abrangidas pela medida de excepção jam cativas as mercadorias depositadas nos seus entre-
prevista no número antecedente devem estar física e postos, além das coimas ou multas que forem aplicadas
contabilisticamente separadas das restantes. por quaisquer infracções, nos termos deste Código.
Artigo 402º Artigo 405º

Transferências de mercadorias Intervenientes

1. Sempre que as circunstâncias o justifiquem, as


1.O operador autorizado de um entreposto aduaneiro
mercadorias sujeitas ao regime de entreposto aduanei-
designa-se depositário.
ro podem ser retiradas temporariamente do entreposto
aduaneiro, bem como transferidas de um entreposto 2. Designa-se depositante a pessoa vinculada pela de-
para outro. claração que sujeita mercadorias ao regime de entreposto
aduaneiro ou a pessoa a quem os respectivos direitos e
2. A transferência e a saída temporária de mercadorias
obrigações tenham sido transferidos, nos termos da lei.
colocadas em entrepostos aduaneiros são previamente au-
torizadas pelas autoridades aduaneiras, que determinam Artigo 406º
as condições em que a operação pode ser efectuada.
Obrigações do depositário
3. Durante a sua permanência fora do entreposto
aduaneiro, as mercadorias podem ser submetidas a ma- 1. Constituem obrigações do depositário:
nipulações usuais previstas neste código.
a) Assegurar que as mercadorias não são
Artigo 403º subtraídas à fiscalização aduaneira enquanto
Proibições de armazenagem se encontrarem no entreposto;

Por razões relacionadas com as características das b) Cumprir as obrigações resultantes da armazenagem
instalações, a natureza ou o estatuto das mercadorias, das mercadorias sujeitas ao regime de entreposto

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 63

aduaneiro, designadamente, a de entregar, com Artigo 408º


a periodicidade prevista na lei, na estância Obrigações do depositante
aduaneira onde foi concedida a autorização
para o funcionamento do entreposto um mapa O depositante é sempre responsável pelo cumprimento
contendo as mercadorias entradas e saídas e das obrigações resultantes da sujeição das mercadorias
o saldo apurado no período a que se refere. ao regime de entreposto aduaneiro.
Artigo 409°
c) Observar as condições particulares fixadas na Revogação da autorização
autorização de exploração do entreposto;
1.Sem prejuízo das sanções cabíveis, a autorização
d) Pagar, enquanto garante e responsável concedida ao depositário para gerir o entreposto adu-
principal por tais dívidas, os direitos e demais aneiro pode ser revogada a todo o tempo, em caso de
imposições e encargos aduaneiros incidentes incumprimento das condições estabelecidas no despacho
sobre as mercadorias sob sua guarda, bem de autorização ou de violação das exigências legais e
como quaisquer multas ou coimas aplicáveis regulamentares.
nos termos deste Código, em caso de retirada
de tais mercadorias do entreposto sem o 2. O despacho de revogação da autorização de exploração
processamento das declarações aduaneiras do entreposto aduaneiro deve ser comunicado ao titular da
relevantes ou sem o pagamento da dívida autorização de exploração com sessenta dias de antecedên-
aduaneira ou a constituição de garantia para cia relativamente à data do seu encerramento efectivo.
acautelar esse pagamento; Subsecção II
Entrepostos aduaneiros de armazenagem
e) Pagar, tendo em conta a qualidade referida
Artigo 410°
na alínea precedente, os direitos e demais
imposições e encargos incidentes sobre as Operações permitidas
mercadorias furtadas do entreposto. É permitida nos entrepostos aduaneiros de armaze-
2. O pagamento dos direitos e demais imposições e nagem a realização de operações de simples lavagem
encargos devidos não exonera o depositário da respon- e limpeza, de movimentação para boa conservação ou
sabilidade criminal ou contra-ordenacional em que in- apresentação comercial das mercadorias e de reparação
corra, nos termos deste Código, em razão da subtracção de avarias causadas no decurso do seu transporte.
das mercadorias em causa ao controlo aduaneiro ou do Artigo 411º
incumprimento das formalidades associadas ao seu de- Operações proibidas
sembaraço aduaneiro.
1. É proibido nos entrepostos aduaneiros de armaze-
Artigo 407° nagem substituir embalagens ou contentores de merca-
dorias, excepto quando:
Contabilidade de existências
a) Haja necessidade de extrair, para reexportação
1. O depositário está ainda obrigado a manter, em ou transferência, parte das mercadorias
moldes aceites pelas autoridades aduaneiras, uma contidas num pacote;
contabilidade de existências em sistema de inventário
permanente de todas as mercadorias entradas no entre- b) Haja risco de danos ou derrames ou seja
posto, com indicação da respectiva proveniência e des- impossível embrulhar melhor as mercadorias
tino e demais elementos relevantes quer para o cálculo destinadas a trânsito ou reexportação;
dos direitos sobre elas eventualmente incidentes, quer c) Houver permissão legal para o efeito.
para a correcta aplicação e controlo do regime a que se
encontram sujeitas. 2. É igualmente proibido nos entrepostos aduaneiros
de armazenagem alterar, de qualquer forma, a natureza
2. As mercadorias sujeitas ao regime de entreposto das mercadorias, excepto no que diz respeito a:
aduaneiro devem ser registadas na contabilidade de a) Amostras que podem ser objecto de medidas
existências prevista no número anterior imediatamente que buscam limitar o seu uso à sua função
após a sua chegada ao entreposto. específica, como seja martelá-las ou furá-las, de
3. A contabilidade de existências deve também tra- modo a manter a sua aparência e, ao mesmo
duzir, em qualquer momento, a situação actual das tempo, evitar o seu uso para outros fins;
existências de todas as mercadorias ainda sujeitas a b) Embalagens envolventes de mercadorias, que
controlo aduaneiro. podem ser inutilizadas, se golpeadas;

4. O depositário deve entregar à estância aduaneira de c) Tambores de ferro e aço, como os tributados
controlo, nos prazos fixados por esta, um relatório sobre pelo respectivo artigo pautal, que podem ser
a exactidão das suas existências. inutilizados de forma a servirem apenas de
ferro velho. No caso de tambores importados
5. A contabilidade de existências processada por via temporariamente, estes devem ser tornados
electrónica obedece ao disposto nos artigos 16º e 17º inutilizáveis durante o período da respectiva
deste Código. importação temporária.

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64 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Subsecção III Artigo 416°

Entrepostos aduaneiros de armazenagem públicos Duração

Artigo 412º
As mercadorias podem permanecer em entrepostos
Objectivo aduaneiros públicos durante um período máximo de um
ano, que pode ser prorrogado, em casos devidamente
Os entrepostos aduaneiros públicos destinam-se a fundamentados, por dois períodos adicionais sucessivos
satisfazer as necessidades gerais de armazenagem de de seis meses cada um, mediante despacho da autoridade
mercadorias provenientes do estrangeiro, destinadas a aduaneira competente.
importação.
Subsecção IV
Artigo 413°
Entrepostos aduaneiros privados
Beneficiários
Artigo 417°
A autorização para a constituição de entrepostos públi-
cos é da competência do Director-Geral das Alfândegas Característica
e é concedida, por ordem de prioridade, às seguintes
entidades: O entreposto aduaneiro privado de armazenagem des-
tina-se ao uso exclusivo de um depositário tendo em vista
a) Administrações portuárias e aeroportuárias; as necessidades da sua actividade, salvo as excepções
previstas neste código.
b) Companhias de transporte aéreo e marítimo;
Artigo 418°
c) Câmaras de comércio e indústria;
Competência para autorização e garantia
d) Associações empresariais;
A concessão de autorização para a criação de um
e) Outras entidades públicas ou privadas com entreposto aduaneiro privado incumbe ao Director da
objecto social semelhante. alfândega com jurisdição sobre a área de sua localização
e está sujeita à constituição de uma garantia destinada
Artigo 414°
a acautelar o cumprimento das obrigações do depositário
Dispensa de garantia previstas neste Código.

Os operadores de entrepostos aduaneiros públicos Artigo 419°


estão dispensados de prestação da garantia destinada Instalações
a acautelar o cumprimento das obrigações a que estão
sujeitos enquanto depositários das mercadorias sob sua Os entrepostos aduaneiros privados de armazenagem
guarda. são instalados em edifícios ou zonas propostas pelos de-
Artigo 415° positários e submetidas a aprovação do Director da alfân-
dega ou do chefe da delegação aduaneira competente.
Instalações dos entrepostos públicos
Artigo 420°
1.A localização, a construção e o regime de funciona-
mento dos entrepostos aduaneiros públicos estão sujeitos Prazos de permanência das mercadorias
a aprovação do Director-Geral das Alfândegas, que ouve
previamente os directores das alfândegas e chefes de As mercadorias podem permanecer em entrepostos
delegações aduaneiras com jurisdição sobre a área de aduaneiros privados durante um período de dois anos,
implantação do empreendimento. prorrogável, a pedido do interessado e em casos devi-
damente fundamentados, por dois períodos adicionais
2. As instalações dos entrepostos públicos obedecem sucessivos de seis meses cada um, mediante decisão da
aos seguintes requisitos: autoridade aduaneira competente.

a) Devem ser construídas com materiais sólidos e Secção III


dispor no interior das condições necessárias
Entrepostos industriais
para proteger de modo adequado as
mercadorias nelas colocadas; Artigo 421º

b) As janelas, clarabóias e outras aberturas no Caracterização


edifício devem estar cobertas com uma rede
forte com malha não superior a um centímetro O entreposto aduaneiro industrial destina-se ao uso
quadrado. exclusivo de empresas industriais para armazenagem
de mercadorias provenientes do estrangeiro, usadas
3. Os entrepostos públicos estão sujeitos a fiscalização na incorporação, transformação e acondicionamento de
aduaneira permanente. produtos por elas fabricados.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 65
Artigo 422º e acondicionamento do produto, em conformidade com a
Autorização
declaração apresentada aquando da chegada das merca-
dorias ao entreposto aduaneiro industrial.
A concessão de autorização para a criação de um entre-
posto aduaneiro industrial é da competência do Director- 2. Quando os produtos acabados, transformados ou
Geral das Alfândegas, que ouve previamente os serviços acondicionados no entreposto aduaneiro industrial forem
aduaneiros competentes e está sujeita ao preenchimento transferidos para um entreposto aduaneiro de armazena-
cumulativo dos requisitos estabelecidos na lei, bem como gem, devem ser depositados em compartimentos separa-
à vistoria prévia das instalações a ele destinadas. dos e devem ser objecto de contabilidade separada.
Artigo 428º
Artigo 423º
Desperdícios e resíduos do processo de fabrico
Instalações

As instalações dos entrepostos industriais obedecem 1. Nos entrepostos aduaneiros industriais, os resíduos
a requisitos especiais fixados em portaria do titular da do processo de fabrico que não têm utilidade económica
pasta das finanças, mediante proposta da Direcção Geral são inutilizados sob fiscalização aduaneira, a expensas
das Alfândegas. do operador do entreposto.

Artigo 424º 2. Os resíduos que têm utilidade económica estão


sujeitos ao pagamento de direitos aduaneiros e demais
Mercadorias admitidas encargos devidos, quando importados para consumo.
1. São admitidas num entreposto aduaneiro industrial 3. O Director-Geral das Alfândegas, ouvido o departamen-
as matérias - primas industriais e os produtos acabados e to técnico competente da indústria respectiva, estabelece
semi-acabados destinados a transformação, incorporação uma percentagem para quebras e perdas admitidas, que
ou utilização no acondicionamento de produtos fabricados não entram no cálculo das imposições devidas.
pela empresa que opera o entreposto.
Artigo 429º
2. Por despacho do Director-Geral das Alfândegas,
Produção dividida
ouvidos os serviços aduaneiros competentes, pode ser
autorizada a admissão num entreposto aduaneiro in- 1. O Director-Geral das Alfândegas pode autorizar
dustrial de produtos que não os mencionados no número a distribuição da produção entre estabelecimentos de
anterior. empresas industriais que beneficiem do regime de en-
3. Em caso dessa autorização, as mercadorias envol- treposto industrial aduaneiro.
vidas devem ser separadas física e contabilisticamente 2. As mercadorias enviadas para outro estabeleci-
das restantes. mento, ao abrigo da autorização prevista no número
Artigo 425º antecedente para operações de complemento do fabrico,
mantêm a suspensão de direitos aduaneiros e outras
Período de permanência imposições sobre elas incidentes, desde que sejam devol-
vidas, após as operações, ao estabelecimento de origem
As mercadorias podem permanecer num entreposto
no prazo fixado pelo Director-Geral das Alfândegas na
aduaneiro industrial durante um período máximo de
autorização de envio.
dois anos, que pode ser prorrogado por dois períodos
adicionais de seis meses cada um, em casos devidamente CAPÍTULO III
fundamentados, mediante despacho da autoridade adu-
aneira competente. Aperfeiçoamento activo
Artigo 426º Artigo 430º

Destino aduaneiro dos produtos acabados Finalidade

Os produtos acabados, acondicionados ou transfor- 1.O regime de aperfeiçoamento activo permite que
mados num entreposto aduaneiro industrial, podem ser mercadorias de origem não cabo-verdiana entradas no
exportados, introduzidos no consumo interno, deposi- território aduaneiro cabo-verdiano sejam, após uma ou
tados num entreposto aduaneiro de armazenagem ou mais operações de aperfeiçoamento, reexportadas sob a
abandonados a favor da Fazenda Nacional. forma de produtos compensadores, sem que sejam sujei-
tas a direitos e a outras imposições sobre elas incidentes
Artigo 427º
ou a medidas de política comercial.
Procedimentos em função do destino
2. O regime de aperfeiçoamento activo permite ainda,
1. No caso de introdução do produto acabado no con- nas mesmas circunstâncias, que mercadorias introduzi-
sumo interno, procede-se ao apuramento do regime, das em livre prática no território aduaneiro cabo-verdia-
mediante a liquidação dos direitos e demais imposições no, com reembolso ou dispensa de pagamento de direitos
e encargos aduaneiros devidos relativos às mercadorias e de outras imposições devidas, sejam exportadas sob a
importadas utilizadas na incorporação, transformação forma de produtos compensadores.

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66 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

3. Nas circunstâncias previstas no nº 1, o regime desig- 2. O pedido em referência deve ser instruído com todos
na-se por aperfeiçoamento activo sob sistema suspensivo os dados e elementos necessários à comprovação da ve-
e, nas circunstâncias previstas no nº 2, de aperfeiçoamen- rificação dos pressupostos de que depende a autorização
to activo sob sistema de draubaque. de uso do regime, podendo as autoridades aduaneiras,
Artigo 431º
sempre que os considerarem insuficientes, solicitar dados
e elementos adicionais.
Conteúdo
Artigo 435º
As operações de aperfeiçoamento referidas no artigo
anterior podem traduzir-se em: Apuramento

a) Complemento de fabrico de mercadorias, 1. O uso do regime está sujeito a um período de vali-


incluindo a sua montagem ou acoplamento e dade idêntico ao daquele em que as mercadorias podem
adaptação a outras mercadorias; ficar sujeitas ao regime e é obrigatoriamente referido no
despacho que o autorizar.
b) Transformação de mercadorias;
2. O prazo de apuramento do regime e o período
c) Reparação de mercadorias, incluindo a sua
dentro do qual os produtos compensadores devem ser
recuperação e afinação;
exportados, reexportados ou submetidos a outro regime
d) Utilização de certas mercadorias, definidas aduaneiro constam também da autorização.
pelas autoridades de Cabo Verde, que não se
encontram nos produtos compensadores, mas 3. Os prazos referidos no número anterior são fixados
que permitem ou facilitam a obtenção destes em função do tempo necessário para efectuar as operações
produtos, mesmo que desapareçam total ou de aperfeiçoamento activo e para alienar os produtos
parcialmente no decurso da sua utilização. compensadores.

Artigo 432º Artigo 436º

Taxa de rendimento Utilização de draubaque

Designa-se por taxa de rendimento a quantidade ou 1. O titular da autorização de draubaque pode pedir
a percentagem de produtos compensadores obtidos no o reembolso dos direitos e outros encargos pagos na
aperfeiçoamento de uma quantidade determinada de importação mediante produção de prova suficiente às
mercadorias importadas. autoridades aduaneiras de que:
Artigo 433º
a) Os produtos importados, relativamente aos quais
Autorização do regime o draubaque foi pedido, foram incorporados
no produto exportado;
1. Sem prejuízo das demais condições gerais estabe-
lecidas na legislação aduaneira, a autorização para o b) Os produtos compensadores foram exportados
uso do regime de aperfeiçoamento activo só é concedida, ou introduzidos numa zona franca.
observados os seguintes pressupostos:
2. O prazo para requerer o draubaque é de um ano após
a) Quando as mercadorias de importação possam a importação dos produtos que foram incorporados no
ser identificadas nos produtos compensadores produto compensador, susceptível de prorrogação por dois
ou quando possa ser verificado o cumprimento períodos idênticos de noventa dias cada, por despacho do
das condições estabelecidas em relação a Director da Circunscrição Aduaneira.
mercadorias equivalentes;
Artigo 437º
b) Quando o regime de aperfeiçoamento activo
possa contribuir para criar condições mais Pedido de reembolso ou dispensa
favoráveis à exportação ou à reexportação
de produtos compensadores, desde que os O pedido de reembolso ou de dispensa de pagamento
interesses essenciais de produtores de Cabo dos direitos de importação é efectuado dentro do prazo do
Verde não sejam afectados negativamente. apuramento do regime e deve conter as seguintes indi-
cações, sem prejuízo de outros elementos que a estância
2. A verificação do pressuposto previsto na alínea b) aduaneira de apuramento, em face das circunstâncias
do número anterior é avaliada, com base em parâmetros do caso, julgar necessárias:
definidos pelo Governo.
a) As referências da autorização de uso do regime;
Artigo 434º

Concessão da autorização b) A quantidade, por espécie, das mercadorias em


relação às quais são solicitados o apuramento,
1. A autorização para o uso do regime de aperfeiço- o reembolso ou a dispensa do pagamento,
amento activo é concedida por despacho conjunto dos
membros de governo titulares das pastas das finanças e d) A taxa dos direitos de importação aplicável às
da indústria, a pedido da pessoa que efectua as operações mercadorias de importação e, se for caso
de aperfeiçoamento ou que as manda efectuar. disso, o seu valor aduaneiro;

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 67

e) A referência às declarações a coberto das quais Artigo 439º


as mercadorias de importação foram sujeitas
Atribuição de novo regime ou destino
ao regime;
1. O prazo para a exportação, reexportação ou atribui-
f) A espécie e a quantidade de produtos ou ção de um outro destino aos produtos compensadores é
transformados ou de mercadorias no seu fixado pelas autoridades aduaneiras, em função do tempo
estado inalterado e o destino aduaneiro necessário previsível para a realização das operações
que lhes foi atribuído, com referência às de aperfeiçoamento e para o escoamento dos produtos
declarações correspondentes, a outros compensadores.
documentos aduaneiros ou a quaisquer outros
documentos relativos ao apuramento e aos 2. O prazo em referência começa a contar a partir da
prazos de apuramento; data em que as mercadorias não cabo-verdianas são su-
jeitas ao regime de aperfeiçoamento activo, podendo ser
g) O valor dos produtos transformados; prorrogado, mediante pedido devidamente fundamentado
do titular da autorização.
h) A taxa de rendimento;
3. Caso seja aplicável a parte final do número 1 do
i) O montante dos direitos de importação a pagar, artigo anterior, as autoridades aduaneiras fixam o prazo
reembolsar ou a dispensar do pagamento; durante o qual as mercadorias não cabo-verdianas devem
ser declaradas para o regime, o qual começa a contar a
j) O código de classificação pautal dos produtos partir da data de aceitação da declaração de exportação
transformados e os elementos necessários à dos produtos compensadores obtidos a partir das corres-
determinação do seu valor aduaneiro. pondentes mercadorias equivalentes.
Artigo 438º 4. O Governo pode fixar prazos específicos para deter-
minadas operações de aperfeiçoamento ou para determi-
Mercadorias equivalentes
nadas mercadorias de importação.
1.As autoridades aduaneiras podem autorizar, nas Artigo 440º
condições previstas neste artigo, a obtenção de produtos
compensadores a partir de mercadorias equivalentes, Taxa de rendimento
bem como a exportação dos produtos compensadores
1.As autoridades aduaneiras fixam a taxa de ren-
obtidos nessas circunstâncias antes da importação das
dimento da operação ou, se for caso disso, o modo de
mercadorias de importação.
determinação dessa taxa.
2. Para o efeito, as mercadorias equivalentes devem 2. A taxa de rendimento é determinada em função das
ter a mesma qualidade e as mesmas características que condições reais em que é efectuada ou deva ser efectuada
as mercadorias de importação, podendo as autorida- a operação de aperfeiçoamento.
des aduaneiras autorizar, em situações específicas, a
utilização de mercadorias equivalentes em estádio de 3. Quando as circunstâncias o justifiquem e, em par-
transformação mais avançado do que o das mercadorias ticular, no caso de operações de aperfeiçoamento habi-
de importação. tualmente efectuadas em condições técnicas claramente
definidas envolvendo mercadorias com características
3. Autorizado o recurso a mercadorias equivalentes materialmente uniformes e das quais resultem a produ-
para a realização do aperfeiçoamento, as mercadorias ção de produtos compensadores de qualidade uniforme,
de importação são consideradas, para efeitos aduaneiros, as taxas de rendimento podem ser fixadas com base em
mercadorias equivalentes e estas últimas, consideradas dados reais anteriormente estabelecidos.
mercadorias de importação.
Artigo 441º
4. Em função dos interesses económicos do país, o Introdução no consumo interno
Governo adopta medidas visando proibir, condicionar
ou facilitar o recurso a mercadorias equivalentes para a 1.A pedido da empresa titular do regime, que opere
realização de operações de aperfeiçoamento activo. nos mercados interno e externo, pode ser autorizada, a
título excepcional e mediante despacho do membro do
5. Na hipótese prevista na parte final do nº 1 deste governo responsável pela área das finanças, a comercia-
artigo, se a importação da mercadoria de importação não lização, sem necessidade de apresentação de declaração
ocorrer, no âmbito da operação de exportação antecipada, aduaneira, de produtos compensadores em montante que
dentro do prazo fixado para o efeito e os produtos com- não exceda 15% (quinze por cento) da produção total do
pensadores estiverem sujeitos a direitos de exportação ano anterior da empresa solicitante.
se não forem exportados ou reexportados no âmbito de
uma operação de aperfeiçoamento activo, as autoridades 2. Neste caso, as mercadorias em questão são conside-
aduaneiras exigirão ao titular da autorização a cons- radas introduzidas em livre prática no termo do prazo
tituição de uma garantia para acautelar o pagamento para o apuramento do regime se até lá não tiverem re-
desses direitos. cebido outro destino aduaneiro.

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68 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

3. Os produtos compensadores objecto de autorização importadas e dos produtos compensadores deve constar
para comercialização no mercado interno, nos termos e da própria autorização de uso do regime, nos termos
limites referidos neste artigo, ficam sujeitos ao direitos previstos neste Código.
de importação e outras imposições exigíveis, bem como às
medidas de política comercial, nos termos da legislação 2. As mercadorias sujeitas a aperfeiçoamento activo
em vigor. só podem ser transferidas do local aprovado pelas auto-
ridades aduaneiras para:
Artigo 442º
a) Exportação ou reexportação;
Constituição de dívida aduaneira
b) Venda no mercado interno;
1. Quando se constitua uma dívida aduaneira no âmbi-
to de uma operação de aperfeiçoamento activo sob sistema c) Complemento de fabrico;
suspensivo, a mesma é liquidada com base nos elementos
de tributação próprios das mercadorias de importação no d) Inutilização sob controlo aduaneiro.
momento de aceitação da declaração de sujeição dessas Artigo 445º
mercadorias ao regime de aperfeiçoamento activo.
Responsabilidades do titular da autorização
2. Se, no momento referido no número anterior as
mercadorias de importação preenchiam as condições 1. Os titulares de autorizações no regime de aperfeiço-
necessárias para beneficiar de um tratamento pautal amento activo têm as seguintes responsabilidades:
preferencial no âmbito de contingentes ou tectos pautais,
a) Sujeitar-se à fiscalização aduaneira;
tais mercadorias podem beneficiar do tratamento pautal
preferencial eventualmente previsto para mercadorias b) Submeter à aprovação autoridades aduaneiras
idênticas no momento da aceitação da declaração de o local em que a actividade é exercida e os
introdução em livre prática. espaços de armazenagem das mercadorias de
Artigo 443º importação e dos produtos compensadores;

Aperfeiçoamento complementar c) Manter as mercadorias sujeitas ao regime, bem


como os produtos compensadores, nos locais
1. Os produtos compensadores ou as mercadorias no aprovados pelas autoridades aduaneiras;
seu estado inalterado podem ser, no todo ou em parte,
exportados temporariamente para efeitos de aperfeiçoa- d) Transferir as mercadorias referidas no número
mento complementar fora do território aduaneiro cabo- anterior das instalações aprovadas apenas
verdiano, se as autoridades aduaneiras o autorizarem, nas circunstâncias autorizadas no presente
de acordo com as condições previstas nas disposições em Código;
matéria de aperfeiçoamento passivo.
e) Vender as mercadorias produzidas no mercado
2. Nesse caso, se se constituir em relação a elas uma interno apenas nas circunstâncias previstas
dívida aduaneira, a mesma é calculada, tratando-se de neste Código;
produtos compensadores e de mercadorias no seu estado
f) Submeter os registos relativos ao rendimento
inalterado, nos termos previstos neste código.
das matérias-primas importadas ao abrigo do
3. Tratando-se de produtos reimportados após o aper- regime de aperfeiçoamento activo à aprovação
feiçoamento fora do território aduaneiro cabo-verdiano, do Director-Geral das Alfândegas;
a dívida aduaneira constituída é calculada de acordo com
g) Manter, numa forma reconhecida pelas autoridades
as disposições relativas ao procedimento de aperfeiçoa-
aduaneiras, uma contabilidade das existências
mento passivo, nas mesmas condições que teriam sido
dos produtos sujeitos ao regime;
aplicadas caso os produtos exportados no âmbito deste
último regime tivessem sido introduzidos em livre prática h) Cumprir quaisquer outras obrigações previstas
antes da exportação ter lugar. no presente Código ou em outra legislação
aduaneira relacionada com a aplicação do
4. Às operações complementares de aperfeiçoamento
regime.
previstas neste artigo, aplicam-se, com as necessárias
adaptações, as disposições relativas às mercadorias 2. A contabilidade de existências deve conter todos os
equivalentes, incluindo a exigência ao titular do regime elementos necessários à correcta aplicação do regime e
da constituição de uma garantia para assegurar o paga- do controlo aduaneiro.
mento dos direitos, em caso de ocorrência da situação
nele prevista. 3. A contabilidade de existências deve, em qualquer
momento, apresentar a situação actual das existências
Artigo 444º
das mercadorias ainda sujeitas ao regime. Os titulares da
Localização das operações de aperfeiçoamento activo autorização devem entregar à estância aduaneira de con-
trolo, nos prazos fixados pelas autoridades aduaneiras,
1.O local de realização de todas as operações de aper- uma lista com as existências efectivas, aplicando-se-lhe
feiçoamento activo, de armazenagem das mercadorias o disposto nos artigos 16 e 17º deste Código.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 69
Artigo 446° Artigo 450º

Mercadorias em falta Introdução em livre prática

1.A falta de mercadorias constatada no local de arma- 1. As autoridades aduaneiras fixam o prazo em que os
zenagem ou de aperfeiçoamento de mercadorias sujeitas produtos transformados devem ser introduzidos em livre
a regime de aperfeiçoamento activo constitui infracção prática, tendo em conta o tempo necessário previsível
fiscal aduaneira nos termos do presente Código. para a realização das operações de transformação.
2. O titular da autorização é responsável pelos direitos 2. Os prazos contam-se a partir da data em que as
e outros encargos decorrentes do furto de mercadorias. mercadorias estrangeiras são sujeitas ao regime de
transformação sob controlo aduaneiro, podendo ser pror-
CAPÍTULO IV
rogados a pedido, devidamente justificado, do titular da
Transformação sob controlo aduaneiro autorização.
Artigo 447º 3.Para determinadas operações de transformação ou
Caracterização para determinadas mercadorias de importação, podem
ser estabelecidos prazos específicos.
1. O regime de transformação sob controlo aduaneiro
Artigo 451º
permite utilizar no território aduaneiro cabo-verdiano
mercadorias não cabo-verdiana para aí serem submetidas Taxa de rendimentos
a operações que lhes modifiquem a natureza ou o estado,
sem que tais mercadorias sejam sujeitas a direitos de 1. As autoridades aduaneiras fixam a taxa de rendi-
importação nem a medidas de política comercial, e in- mento da operação ou, se for caso disso, o modo de de-
troduzir em livre prática os produtos resultantes destas terminação dessa taxa, fixada em função das condições
operações com a aplicação dos direitos de importação que reais em que se efectua ou se deva efectuar a operação
lhes são próprios. de transformação.

2. Os produtos introduzidos em livre prática após a 2. Quando as circunstâncias o justificarem e, nomeada-


transformação denominam-se produtos transformados. mente, quando se tratar de operações de transformação
efectuadas tradicionalmente em condições técnicas bem
Artigo 448º
definidas, que incidam sobre mercadorias de caracterís-
Utilização do regime ticas sensivelmente constantes e que levem à obtenção
de produtos transformados de qualidade constante, as
O Governo determina, mediante diploma regulamentar taxas de rendimento podem ser fixadas com base em
ou outro exigível, os casos e as condições específicas em dados reais anteriormente estabelecidos.
que se pode recorrer ao regime de transformação sob
controlo aduaneiro. Artigo 452º

Artigo 449º Dívida aduaneira

Beneficiários 1. Quando se constituir uma dívida aduaneira em


1. A autorização de transformação sob controlo adua- relação a mercadorias no seu estado inalterado ou a
neiro é emitida a pedido da pessoa que efectua ou manda produtos que se encontrem numa fase intermédia de
efectuar a transformação. transformação em relação ao previsto na autorização,
o montante dessa dívida é determinado com base nos
2. Sem prejuízo dos demais requisitos exigidos na lei, elementos de tributação aplicáveis às mercadorias de
a autorização apenas é concedida: importação no momento da aceitação da declaração de
sujeição das mercadorias ao regime de transformação
a) Se for possível identificar nos produtos sob controlo aduaneiro.
transformados as mercadorias de importação;
2. Se, no momento da sua sujeição ao regime de trans-
b) Se a natureza ou o estado das mercadorias formação sob controlo aduaneiro, as mercadorias de
no momento da sua sujeição ao regime não importação preencherem as condições para beneficiarem
puder ser economicamente restabelecido após de tratamento pautal preferencial e se esse tratamento
a transformação; pautal preferencial for aplicável a produtos idênticos aos
c) Se do recurso ao regime não puder resultar a fuga produtos transformados introduzidos em livre prática, os
aos efeitos das regras em matéria de origem direitos de importação a que os produtos transformados
e de restrições quantitativas aplicáveis às ficam sujeitos são calculados em função da taxa do direito
mercadorias importadas; e aplicável no âmbito do referido tratamento.

d) Desde que estejam preenchidas as condições 3. Se o tratamento pautal preferencial referido no


necessárias para que o regime possa contribuir número anterior para as mercadorias de importação
para favorecer a criação ou a manutenção estiver previsto no âmbito de contingentes pautais ou de
de uma actividade de transformação de tectos pautais, a aplicação da taxa do direito referido no
mercadorias no país. número um a aplicar aos produtos transformados deve

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70 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

ficar igualmente sujeita à condição de o referido trata- 4. As pessoas e os veículos que entram ou saem das
mento pautal preferencial ser aplicável às mercadorias zonas francas ou entrepostos francos podem ser sujeitos
de importação no momento da aceitação da declaração a controlos aduaneiros.
da introdução em livre prática.
5. Pode ser proibido o acesso a zonas francas ou a
4. Na hipótese referida no número anterior, a quantidade entrepostos francos às pessoas que não ofereçam as ga-
de mercadorias de importação que entrou efectivamente rantias de respeitar as disposições deste Código a eles
no fabrico dos produtos transformados introduzidos em respeitantes.
livre prática é imputada aos contingentes ou tectos pau-
6. As autoridades aduaneiras podem controlar as mer-
tais em vigor no momento da aceitação da declaração de
cadorias que entram ou saem das zonas francas. Para
introdução em livre prática e não se procede à sua impu-
facilitar esse controlo, as pessoas que as autoridades
tação aos contingentes ou tectos pautais abertos para os
aduaneiras indicarem para o efeito devem entregar ou
produtos idênticos aos produtos transformados.
manter à disposição dessas autoridades uma cópia do
CAPÍTULO V documento de transporte que acompanha as mercadorias
que entram ou saem das zonas francas ou dos entrepostos
Zonas francas e entrepostos francos francos. Caso sejam aplicados os referidos controlos, as
Secção I
mercadorias devem ser colocadas à disposição das auto-
ridades aduaneiras.
Disposições gerais
Artigo 456º
Artigo 453º
Colocação de mercadorias
Caracterização
1. Nas zonas francas, podem ser colocadas tanto merca-
As zonas francas e os entrepostos francos são parcelas dorias cabo-verdianas quanto mercadorias estrangeiras.
do território aduaneiro nacional ou instalações nele situ-
2. As mercadorias colocadas em zona franca não estão
adas, separados da parte restante dele, onde:
sujeitas à apresentação às autoridades, nem à declaração
a) As mercadorias não cabo-verdianas são aduaneira.
consideradas, para efeitos de direitos de Artigo 457º
importação e de medidas de política comercial
Excepções
de importação, como não integrando o
território aduaneiro nacional, desde que não 1. Estão, entretanto, sujeitas à apresentação às au-
sejam sido introduzidas em livre prática ou toridades aduaneiras e ao cumprimento das demais
sujeitas a outro regime ou destino aduaneiro, formalidades necessárias as mercadorias que:
usadas ou consumidas em condições diferentes
das previstas na regulamentação aduaneira; a) Tenham sido sujeitas a um procedimento
aduaneiro que foi apurado no momento da
b) E as mercadorias cabo-verdianas previstas na lei sua colocação em zona franca;
podem beneficiar, pelo facto de se encontrarem
numa zona franca ou num entreposto franco, b) Tenham sido colocadas em zona franca nos
de medidas habitualmente associadas à termos de uma decisão de concessão de
exportação de mercadorias. reembolso ou dispensa de pagamento dos
direitos de importação;
Artigo 454º
c) Beneficiem do disposto na alínea b) do número 1
Criação do artigo 436º deste Código;
1. A criação de zonas francas e o estabelecimento de d) Sejam introduzidas numa zona franca directa-
entrepostos francos são autorizadas pelo Governo, me- mente do exterior do território aduaneiro
diante proposta das autoridades aduaneiras devidamente caboverdiano.
fundamentada e instruída.
2. As autoridades aduaneiras podem também exigir que
2. A proposta de criação de zona franca define a sua na- as mercadorias sujeitas a disposições especiais em matéria
tureza, bem como a área territorial por ela abrangida. de exportação lhes sejam também apresentadas.
Artigo 455º 3. A pedido do interessado, as autoridades aduaneiras
Controlo certificam o estatuto aduaneiro cabo-verdiano ou não
cabo-verdiano das mercadorias introduzidas numa zona
1. As zonas francas devem ser vedadas. franca ou num entreposto franco.

2. A construção de edifícios numa zona franca só pode Artigo 458º


ocorrer com autorização das autoridades aduaneiras. Prazo de permanência

3. O perímetro e os pontos de entrada e de saída das 1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o prazo
zonas francas estão sujeitos a fiscalização pelas autori- de permanência de mercadorias em zona franca ou em
dades aduaneiras. entreposto franco é ilimitado.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 71

2. Por razões impostas pela natureza das mercadorias Artigo 462º


ou pela necessidade de eficácia da fiscalização aduaneira,
Declaração sumária
o referido prazo de permanência pode ser limitado pelas
autoridades aduaneiras.
Sempre que as mercadorias sejam introduzidas numa
Artigo 459º zona franca directamente do exterior do território adua-
neiro cabo-verdiano ou dela sejam retiradas directamente
Exercício de actividade económica para fora do território aduaneiro cabo-verdiano, tal en-
trada ou saída fica sujeita à apresentação às autoridades
1. É permitida, mediante prévia comunicação às au- aduaneiras de uma declaração sumária, em conformidade
toridades aduaneiras, e observadas as outras condições com os procedimentos habituais de importação ou de
previstas neste Código e em demais legislação aduaneira exportação.
aplicável, o exercício de qualquer actividade de natureza
industrial ou comercial ou de prestação de serviços nas Artigo 463º
zonas francas ou entrepostos francos.
Saída de mercadorias
2. As autoridades aduaneiras proíbem o exercício das
referidas actividades quando os respectivos promotores 1.As mercadorias retiradas de uma zona franca ou
não ofereçam garantias de cumprir as disposições legais entreposto franco podem ser:
relativas às zonas francas ou aos entrepostos francos.
a) Exportadas ou reexportadas do território
Artigo 460º aduaneiro nacional; e
Destino das mercadorias
b) Introduzidas noutra parte do território aduaneiro
As mercadorias não cabo-verdianas colocadas numa nacional.
zona franca ou num entreposto franco podem, durante o
período de permanência neles: 2. Caso seja constituída uma dívida aduaneira rela-
tivamente a mercadorias não cabo-verdianas e o valor
a) Ser introduzidas em livre prática, nas condições aduaneiro dessas mercadorias se baseie num preço
previstas na legislação aduaneira; efectivamente pago ou a pagar que inclua o custo de ar-
mazenagem ou conservação das mercadorias enquanto
b) Ser objecto das manipulações usuais destinadas se encontram numa zona franca ou entreposto franco,
a assegurar a sua conservação, a melhorar a esses custos não devem ser incluídos no valor aduaneiro
sua apresentação ou qualidade comercial ou a se for indicados separadamente do preço efectivamente
preparar a sua distribuição ou revenda; e pago ou a pagar.

c) Ser sujeitas ao regime de aperfeiçoamento activo, 3.Caso as mercadorias na zona franca sejam sujeitas
nas condições previstas para esse regime. a manipulações usuais, a natureza das mercadorias, o
valor aduaneiro e a quantidade a ter em conta para a
Artigo 461º determinação do montante de direitos de importação deve
ser, a pedido do declarante e desde que as manipulações
Contabilidade de existências
tenham sido devidamente autorizadas, os que seriam ti-
1. As pessoas que exerçam numa empresa franca ou dos em conta em relação a mercadorias que não tivessem
num entreposto franco actividade de armazenagem, sido sujeitas a essas manipulações.
transformação, aperfeiçoamento, venda ou compra de
mercadorias estão obrigadas a manter uma contabilidade 4. Caso as mercadorias sejam introduzidas ou rein-
de existências, organizada em moldes aceites pelas au- troduzidas noutra parte de Cabo Verde ou sujeitas a um
toridades aduaneiras e suficientemente pormenorizada regime aduaneiro, podem ser utilizadas como prova do
por forma a permitir-lhes identificar as mercadorias estatuto das mercadorias o certificado referido no número
abrangidas pelas referidas actividades. 3 do artigo 457º deste Código.

2. As mercadorias abrangidas devem ser registadas na 5. Caso o estatuto não possa ser provado, as mercado-
contabilidade de existências logo que cheguem às insta- rias devem ser consideradas mercadorias cabo-verdia-
lações da pessoa em questão, devendo aquela reflectir nas para efeitos da aplicação de quaisquer licenças ou
todos os movimentos de que as mesmas sejam objecto a medidas adequadas no âmbito da política comercial e
partir de então. mercadorias não cabo-verdianas, para todas as demais
situações.
3. Tratando-se de mercadorias objecto de transbordo
dentro de uma zona franca, os registos contabilísticos 6. As autoridades aduaneiras asseguram o cumpri-
relativos a essa operação devem ser colocados à disposição mento das disposições relativas à exportação, aperfeiço-
das autoridades aduaneiras. amento passivo, reexportação, regimes suspensivo ou de
trânsito interno, quando as mercadorias tenham de sair
4. À contabilidade de existências referida neste artigo do território aduaneiro cabo-verdiano, a partir de uma
aplica-se o disposto nos artigos 16º e 17º deste Código. zona franca ou de um entreposto franco.

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72 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Secção II Artigo 469º

Zonas francas comerciais Isenções


Artigo 464º
As entidades exploradoras de zonas francas comerciais
Natureza beneficiam, nos termos e com a extensão previstos na lei,
de isenção de direitos aduaneiros e de todas as demais
As zonas francas comerciais são, nos termos da lei
imposições fiscais ou outras, na importação de mercado-
especifica, áreas de livre importação e reexportação de
rias destinadas ao funcionamento das mesmas.
mercadorias, inequivocamente delimitadas, onde as
mercadorias nelas introduzidas são consideradas, para Artigo 470º
efeito de aplicação dos direitos aduaneiros e de quaisquer
Isenções a operadores
outras imposições relativas à importação e das medidas
de política comercial á importação, como não estando no 1. Os operadores autorizados a laborar em zonas
território aduaneiro nacional. francas comerciais beneficiam também, nos termos da
Artigo 465º lei, de franquia aduaneira relativamente a mercadorias
estrangeiras importadas para serem consumidas em
Admissão de mercadorias
manipulações usuais, nos estabelecimentos de que sejam
1. A entrada de mercadorias numa zona franca comer- proprietários instalados no interior das zonas francas
cial não está sujeita à sua apresentação às autoridades comerciais.
aduaneiras nem à entrega de uma declaração aduaneira,
nem a às restrições ou proibições, excepto as baseadas 2. A franquia de direitos é substituída por reembolso
em considerações de moralidade ou de ordem pública, de dos direitos e de outras imposições pagas pelas merca-
segurança pública, de higiene ou de saúde públicas, de dorias estrangeiras importadas para incorporação em
higiene ou de segurança no trabalho, ou sobre conside- mercadorias nacionalizadas, quando estas sejam utili-
rações de ordem zoo-sanitária ou fito-sanitária ou ainda zadas, ao invés de mercadorias estrangeiras, para as
em razão da necessidade de defesa e protecção do meio manipulações usuais referidas no número anterior.
ambiente e do património artístico e cultural. Artigo 471º

2. Podem ser admitidas na zona franca comercial Venda a retalho


todas as mercadorias provenientes do estrangeiro e das
empresas francas. Os artefactos que os operadores de zonas francas
comerciais estão autorizados a vender a retalho, com
3. É também permitida a entrada na zona franca, para franquia de direitos e dispensa de apresentação de de-
utilização temporária, de máquinas, aparelhos, ferramen- claração aduaneira, constam de lista aprovada por lei
tas e utensílios de trabalho, mediante o processamento de específica.
uma guia especial, com verificação obrigatória e tomada
Artigo 472º
de sinais para futuras confrontações, no acto da saída.
Artigo 466º Localização

Controlo documental 1. A zona franca comercial é convenientemente isolada


do resto do território aduaneiro, fixando-se os pontos de
Para efeitos de controlo, à entrada, deve ser entregue
acesso e de saída.
às autoridades aduaneiras, uma cópia do documento
relativo ao transporte, nomeadamente guia de trânsito, 2. A zona exterior contígua à área delimitada é concebida
nota de entrega, facturas, manifesto, conhecimento de de molde a permitir adequada fiscalização aduaneira,
embarque carta de porte ou guia de remessa, desde que sendo proibidas quaisquer construções numa faixa de
forneça todas as informações necessárias à identificação vinte metros, a contar da vedação.
das mercadorias.
Artigo 473º
Artigo 467º
Fiscalização aduaneira
Trânsito

Sem prejuízo do documento relativo ao transporte, Os limites e os pontos de acesso e de saída da zona
sempre que as mercadorias destinadas ou procedentes franca comercial estão sujeitos à fiscalização aduaneira,
da zona franca comercial tenham de atravessar o terri- ficando as pessoas e os meios de transporte que entrem
tório aduaneiro, devem circular a coberto de uma guia ou saíam da zona franca comercial sujeitos a controlo
de trânsito nacional registada na respectiva estância aduaneiro.
aduaneira. Artigo 474º
Artigo 468º Contabilidade de existências
Gestão
1. A entidade gestora das zonas francas comerciais e
A gestão e a administração de zonas francas comerciais, os operadores nelas instalados estão obrigados a possuir,
bem como a instalação para o exercício de actividade antes do início das suas actividades, um sistema de con-
económica nelas permitida obedecem ao disposto em tabilidade de existências aprovado pelas autoridades
legislação específica. aduaneiras.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 73

2. As entidades referidas no número anterior estão Artigo 479º


obrigadas a exibir a sua contabilidade, bem como as Reexportação
mercadorias todas as vezes em que isso lhes for solicitado
pelas autoridades aduaneiras. 1. As reexportações de mercadorias a partir de zonas
francas comerciais não estão sujeitas a apresentação adu-
Artigo 475º
aneira, nem à entrega de uma declaração aduaneira.
Conteúdo da contabilidade de existências
2. Para efeitos de controlo, à saída deve ser entregue às
autoridades aduaneiras uma cópia do documento relativo
Da contabilidade de existências consta todos os ele-
ao transporte com todas as informações necessárias à
mentos necessários ao controlo da correcta aplicação da
identificação das mercadorias.
regulamentação aduaneira, designadamente:
3. Sempre que na reexportação as mercadorias tenham
a) As indicações relativas às datas de entrada que atravessar o território aduaneiro, é-lhes emitida guia
e de saída, marcas, números, quantidade de trânsito.
e natureza das remessas, quantidade e
designação das mercadorias segundo a sua Artigo 480º
denominação comercial usual, bem como, se Infracções aduaneiras
for caso disso, os sinais de identificação do
contentor; O desvio ou desaparecimento de mercadorias em re-
gime de trânsito nacional de ou para as zonas francas
b) As indicações necessárias para poderem comerciais constitui descaminho de direitos, nos termos
acompanhar a situação das mercadorias, deste Código.
nomeadamente o local em que elas se
encontram; CAPÍTULO VI

c) A referência ao documento de transporte utilizado Importação temporária


à entrada e à saída das mercadorias; e Artigo 481º

d) As indicações relativas às manipulações usuais. Disposições gerais

Artigo 476º 1. Entende-se por “importação temporária” o regime


aduaneiro que permite a utilização no território nacional
Estância aduaneira aduaneiro de Cabo Verde de mercadorias importadas com
isenção total ou parcial de direitos e outros encargos,
1. No interior da zona franca comercial funcionará para fins específicos, e a sua reexportação num prazo
uma estância aduaneira, bem como um posto da guarda- determinado sem terem sofrido qualquer alteração, para
fiscal, cujas despesas de instalação constituirão encargo além da depreciação normal resultante da utilização que
da entidade gestora da zona franca. lhes seja dada.

2. A estância aduaneira referida no número anterior 2. As mercadorias temporariamente importadas podem


dispõe de listas discriminativas de todo o equipamento ser submetidas às operações necessárias para assegurar
existente na zona franca, incluindo as máquinas, ferra- a sua conservação.
mentas e seus utensílios, com a indicação do respectivo Artigo 482º
estatuto, nacional, nacionalizado ou estrangeiro, confor-
me os casos. Autorização do regime

Artigo 477º 1. A autorização do regime de importação temporária é


concedida a pedido da pessoa que utiliza as mercadorias
Prazo de permanência ou as manda utilizar.

O prazo de permanência de mercadorias em zona fran- 2. As autoridades aduaneiras recusam a concessão


ca comercial é ilimitado. do regime de importação temporária sempre que for
impossível assegurar a identificação das mercadorias
Artigo 478º temporariamente importadas.
Destino das mercadorias 3. As autoridades aduaneiras podem, contudo, autorizar
o recurso ao regime sem a garantia da identificação das
1. As mercadorias depositadas em zona franca comercial mercadorias quando, tendo em conta a natureza das
podem ser reexportadas, introduzidas no consumo ou mercadorias ou das operações a efectuar, a falta de iden-
colocadas sob um outro regime aduaneiro, devidamente tificação não seja susceptível de dar origem a abusos.
autorizado.
4. Sempre que a descrição das mercadorias nos do-
2. A entrada em consumo de mercadorias depositadas na cumentos comerciais seja insuficiente, as autoridades
zona franca comercial está sujeita à observância da regula- aduaneiras devem tomar todas as medidas necessárias
mentação aplicável ao comércio externo de importação. para assegurar a sua identificação.

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74 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

5. Salvo disposição em contrário na lei, os directores 2. As mercadorias sujeitas ao regime de aperfeiçoa-


das alfândegas estão autorizados a conceder o regime de mento passivo designam-se mercadorias de exportação
importação temporária. temporária e os produtos obtidos a partir das operações
de aperfeiçoamento, produtos compensadores.
Artigo 483º

Duração da importação temporária


3. As operações de aperfeiçoamento e as taxas de
rendimento têm o mesmo sentido e são determinadas
Ressalvados os casos expressamente previstos na lei nos mesmos termos que os previstos para o regime de
e em convenções internacionais vinculativas do Estado aperfeiçoamento activo.
cabo-verdiano, o prazo máximo da importação temporária
Artigo 487º
é de um ano, prorrogável por dois períodos adicionais de
um mês cada, em casos devidamente fundamentados, por Regime de saída
despacho do Director da Circunscrição Aduaneira.
A saída do território aduaneiro cabo-verdiano de mer-
Artigo 484º cadorias nacionais em regime de exportação temporária
Apuramento do regime
para sujeição a operações de aperfeiçoamento em outro
território aduaneiro implica o cumprimento de todas as
1. Se as mercadorias temporariamente importadas não formalidades aduaneiras exigidas para a exportação de
estiverem sujeitas a qualquer medida de proibição ou mercadorias, incluindo a aplicação de direitos e demais
restrição em vigor, o regime de importação temporária imposições devidas e de medidas de política comercial.
pode ser apurado, mediante pagamento dos direitos e Artigo 488º
outros encargos devidos.
Apuramento do imposto na reimportação
2. A liquidação dos direitos e encargos previstos no
número anterior é feita à taxa que estiver em vigor à O apuramento do imposto a pagar por ocasião da in-
data do apuramento do regime. trodução em livre prática dos produtos compensadores
obtém-se pela dedução ao montante dos direitos de im-
Artigo 485º
portação correspondentes aos produtos compensadores
Mercadorias danificadas introduzidos em livre prática do montante dos direitos
de importação que seriam aplicáveis, na mesma data, às
Relativamente às mercadorias danificadas sem possi- mercadorias de exportação temporária se estas fossem
bilidade de recuperação, em circunstâncias devidamente importadas para o território aduaneiro nacional pro-
provadas e fundamentadas, o Director-Geral das Alfân- cedentes do país onde foram objecto da operação ou da
degas pode autorizar: última operação de aperfeiçoamento.
a) O respectivo abandono a favor da Fazenda Artigo 489º
Nacional, se esta manifestar interesse na sua
Cálculo do montante a deduzir
aquisição;
1. O montante a deduzir ao abrigo do artigo anterior
b) A sua inutilização sob controlo aduaneiro, a é calculado em função da quantidade e da natureza
expensas do interessado; e das mercadorias de exportação temporária na data da
c) O apuramento do regime como desperdícios aceitação da declaração de sua sujeição ao regime de
e peças recuperáveis, com pagamento aperfeiçoamento passivo e tomando por base os outros
dos direitos e outros encargos devidos na elementos de tributação que lhes forem aplicáveis na
importação, aplicáveis à data do pagamento data da aceitação da declaração de introdução em livre
da dívida aduaneira. prática dos produtos compensadores.

CAPÍTULO VII 2. O valor das mercadorias de exportação temporária é


tomado em consideração para essas mercadorias aquando
Aperfeiçoamento passivo da determinação do valor aduaneiro dos produtos com-
pensadores nos termos do presente Código ou, se o valor
Artigo 486º
não puder ser determinado desse modo, será tomada em
Caracterização consideração a diferença entre o valor aduaneiro dos pro-
dutos compensadores e as despesas de aperfeiçoamento
1. O regime de aperfeiçoamento passivo permite que calculadas por meios razoáveis.
mercadorias cabo-verdianas sejam exportadas tempo-
Artigo 490º
rariamente do território aduaneiro nacional para serem
submetidas a operações de aperfeiçoamento e que os Reparações
produtos resultantes dessas operações possam ser intro-
duzidos em livre prática, sem ou com pagamento total 1. Quando a operação de aperfeiçoamento passivo
ou parcial de direitos de importação e demais imposições tenha tido por finalidade a reparação de mercadorias
devidas, em função dos resultados da aplicação dos pro- de exportação temporária, estas são introduzidas em
cedimentos de compensação previstos neste Código e em livre prática sem pagamento de direitos de importação
demais legislação aduaneira. e demais imposições, desde que se faça prova bastante

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 75

perante as autoridades aduaneiras de que as reparações Artigo 494º


foram feitas gratuitamente em virtude de uma obrigação Compensações
contratual ou legal de garantia ou em consequência de
um defeito de fabrico. 1. As compensações previstas na determinação dos
direitos e demais imposições devidas na reimportação de
2. Sendo onerosa a reparação de mercadorias de ex-
produtos compensadores só são concedidas se tais pro-
portação temporária, o pagamento dos direitos e outras
dutos forem declarados para introdução em livre prática
imposições devidas é parcial e obtém-se a partir do
em nome ou por conta:
cálculo do montante de tais direitos e imposições com
base nos elementos de tributação relativos aos produtos a) Do titular da autorização; e
compensadores na data de aceitação da declaração da
sua introdução em livre prática, tomando como valor b) Ou de qualquer outra pessoa estabelecida em
aduaneiro um montante igual ao custo da reparação, Cabo Verde que dela tenha obtido o necessário
desde que esse custo represente apenas a remuneração consentimento e desde que estejam reunidas
paga pelo titular da autorização e não seja influenciado as condições fixadas na autorização de uso do
pelas ligações entre o titular do regime e o operador que regime.
tiver realizado a reparação.
2. As referidas compensações não são também conce-
Artigo 491º didas, quando não tenha sido cumprido qualquer das
Autorização do regime condições ou obrigações a que o uso do regime de aper-
feiçoamento passivo esteja sujeito, salvo se se provar
1. A autorização de uso do regime de aperfeiçoamento que desse incumprimento não resultaram consequências
passivo é da competência do director de alfândega ou do reais para o correcto funcionamento do regime.
chefe de delegação aduaneira competente e é emitida a
pedido da pessoa que manda efectuar as operações de CAPÍTULO VIII
aperfeiçoamento.
Exportaçao temporaria e mercadorias
2. A referida autorização só é concedida se for possí- destinadas a serem reimportdas
vel provar que os produtos compensadores resultaram no seu estado inalterado
do aperfeiçoamento das mercadorias de exportação Artigo 495º
temporária e que a concessão do benefício do regime de
aperfeiçoamento passivo não é susceptível de prejudicar Autorização do regime
gravemente os interesses essenciais da indústria trans-
formadora cabo-verdiana. Os directores das alfândegas e os chefes das delegações
aduaneiras podem autorizar a exportação temporária de
Artigo 492° determinadas mercadorias, com a reserva de as mesmas
Reimportação dos produtos compensadores
serem reexportadas no seu estado inalterado, desde que
possam ser identificadas no momento da reimportação
1. Os produtos compensadores obtidos a partir de como sendo as mesmas mercadorias que tinham sido
mercadorias exportadas temporariamente estão sujeitos temporariamente exportadas.
a um prazo de reimportação.
Artigo 496º
2. O prazo limite de reimportação é de um ano, pror- Identificação das mercadorias temporariamente exportadas
rogável por dois períodos adicionais de três meses cada
um, pelo director da alfândega ou chefe da delegação adu- No momento da exportação temporária, as autoridades
aneira, conforme couber, mediante pedido devidamente aduaneiras devem tomar as medidas necessárias para a
fundamentado do titular da autorização de exportação identificação das mercadorias temporariamente expor-
temporária. tadas aquando do seu regresso.
3. O despacho de autorização de uso do regime de CAPÍTULO IX
exportação temporária especificará o prazo em concreto
dentro do qual os produtos compensadores devem ser Trânsito e transbordo
reimportados para Cabo Verde, bem como a taxa de
Artigo 497º
rendimento da operação ou, caso necessário, o modo de
determinação dessa taxa. Disposições gerais

Artigo 493° 1. O trânsito é o regime a que estão sujeitas as mer-


Valor aduaneiro na reimportação cadorias transportadas, sob controlo aduaneiro, com
franquia de direitos e demais imposições, e de medidas de
Sem prejuízo das demais disposições aplicáveis, o va- política comercial, de uma estância aduaneira para outra
lor aduaneiro para o cálculo de direitos e imposições na situada com ou sem passagem pelo território aduaneiro
reimportação dos produtos compensadores, quando de- de um terceiro país.
vidos, corresponde ao valor acrescentado adquirido pelas
mercadorias de exportação temporária com as operações 2. O regime de trânsito de mercadorias pode assumir a
de aperfeiçoamento. natureza de trânsito nacional, internacional ou comunitário.

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76 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

3. O trânsito é nacional quando tanto a estância 2. Quando as mercadorias ou o meio de transporte


aduaneira de partida da mercadoria quanto a estância não estiverem selados, o trânsito deve ser efectuado sob
aduaneira de sua chegada se situa ambas no território escolta aduaneira.
aduaneiro cabo-verdiano.
3. Considera-se meio de transporte:
4. O trânsito é internacional quando implique a passa-
a) Um contentor com capacidade igual ou superior
gem de uma ou mais fronteiras internacionais.
a um metro cúbico;
5. O trânsito é comunitário, no contexto de Cabo Verde, b) Veículos rodoviários, incluindo reboques e semi-
quando a circulação das mercadorias envolvidas se faz reboques;
entre territórios aduaneiros de países membros da Co-
munidade Económica dos Estados da África Ocidental c) Navios; e
(CEDEAO).
d) Aeronaves.
6. A estância aduaneira de partida corresponde à es- Artigo 501º
tância onde o trânsito se inicia.
Transbordo
7. A estância de destino é a estância em que termina o
Transbordo é a operação através da qual são transfe-
trânsito e onde as mercadorias devem ser apresentadas
ridas, sob controlo aduaneiro, mercadorias do meio de
para serem sujeitas a um destino aduaneiro.
transporte em que foram importadas para outro meio
Artigo 498º de transporte para exportação, sendo a transferência
efectuada numa zona aduaneira que esteja autorizada
Responsabilidade do expedidor e do transportador para a importação de mercadorias.
O expedidor e o transportador de mercadorias em Artigo 502º
trânsito são solidariamente responsáveis perante as Formalidades para o transbordo
alfândegas pela recepção, transmissão e entrega das
mercadorias no estado em que as receberam e nas con- 1. A realização da operação de transbordo está sujeita
dições impostas pelo presente Código ou pela demais a uma declaração simplificada, podendo-se aceitar como
legislação em vigor. constituindo a parte descritiva da declaração de merca-
dorias para transbordo qualquer documento comercial ou
Artigo 499º de transporte contendo a informação necessária.
Declaração das modalidades
2. A autorização de transbordo é da competência do
director ou chefe da estância aduaneira envolvidas.
1. As mercadorias em trânsito aduaneiro são declara-
das numa forma simplificada, mediante formulário de Artigo 503º
modelo adoptado por convenções internacionais vincu- Responsáveis pelas mercadorias
lativas do Estado cabo-verdiano ou, se as mercadorias
transitarem apenas em Cabo Verde, de modelo aprovado 1. O transportador, o proprietário ou destinatário das
pelo Director-Geral das Alfândegas. mercadorias ou qualquer outra entidade devidamente
autorizada pelas autoridades aduaneiras na estância
2. A declaração referida no número anterior inclui: aduaneira de partida e que tenha anteriormente ga-
rantido os direitos e outros encargos das mercadorias
a) O nome do proprietário e do destinatário das em relação às quais seja susceptível de ser constituída
mercadorias e o do transportador; uma dívida aduaneira, podem responsabilizar-se pelas
mercadorias em trânsito, ficando constituídos, nessa
b) As marcas, números, qualidade, quantidade e
qualidade, na obrigação de assegurar o pagamento da
peso das mercadorias;
dívida aduaneira que em relação a elas venha a consti-
c) A data de emissão, a data e a hora do transporte tuir-se, em razão do incumprimento das obrigações que
para a estância de destino; e decorrem da utilização do regime, responsabilidade essa
garantida por caução.
d) O itinerário estabelecido pela autoridade
2. Em relação às mercadorias em trânsito nacional
aduaneira.
e para transportadores reputados idóneos, o director
Artigo 500º ou o chefe da estância aduaneira de partida autoriza a
substituição da garantia prevista no número anterior por
Medidas de segurança um termo de responsabilidade preparado no cartório da
estância aduaneira.
1. Caso o meio de transporte não seja selado, as mer-
cadorias em trânsito devem ser seladas. A autoridade Artigo 504º
competente da estância de partida pode dispensar tal Responsabilidade do transportador
exigência quando se trate de mercadorias que sejam
rapidamente identificáveis, excepto quando a aplicação 1. O transportador compromete-se a seguir o itinerário
de selos seja uma exigência internacional. estabelecido pelas autoridades aduaneiras, sem paragens

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 77

que não possam ser justificadas, bem como a entregar Artigo 509º
as mercadorias na estância aduaneira de destino nas
Lugar da prática do facto
mesmas condições em que foram sujeitas ao regime de
trânsito, no prazo previsto e no devido respeito pelas O facto considera-se praticado no lugar em que, total
medidas adoptadas pelas autoridades aduaneiras para ou parcialmente, e sob qualquer forma de comparticipa-
assegurar a sua identificação. ção, o agente actuou, ou, no caso de omissão, deveria ter
actuado, bem como naquele em que se tenha produzido
2. Caso ocorra alguma interrupção imprevista durante
o resultado típico.
a viagem, o transportador deve tomar todas as precauções
para proteger as mercadorias pelas quais é responsável Artigo 510º
e tomar nota do tempo de atraso.
Momento da prática do facto
3. Em caso de acidente ou avaria do meio de transporte,
que dê origem à necessidade de transferir as mercadorias O facto considera-se praticado no momento em que
para outro meio de transporte, o transportador deve infor- o agente actuou, ou, no caso de omissão, deveria ter
mar imediatamente a estância aduaneira mais próxima, actuado, independentemente daquele em que se tenha
a qual deve tomar as medidas necessárias. verificado o resultado típico.
Artigo 511º
4. Na estância de destino o transportador deve justifi-
car quaisquer atrasos ou ocorrências durante a viagem, Condenação e responsabilidade por direitos
incluindo paragens forçadas ou não intencionais, produ-
zindo prova que sustente as circunstâncias de qualquer 1. A condenação ou o cumprimento das sanções por
desvio às práticas aceites. infracção fiscal aduaneira não dispensam o agente do
pagamento dos direitos e demais imposições que forem
5. A responsabilidade do transportador perante as legalmente devidos pelas mercadorias objecto da infrac-
alfândegas cessa com a entrega bem sucedida das mer- ção, salvo se, pertencendo-lhe aquelas, as abandonarem
cadorias ao depositário. ou forem declaradas perdidas a favor da Fazenda Na-
cional.
TÍTULO VI
2. O mesmo regime previsto no número anterior é
CONTENCIOSO FISCAL ADUANEIRO
aplicado, com as necessárias adaptações, em caso de
CAPÍTULO I absolvição ou de arquivamento dos autos.

Princípios gerais e disposições gerais 3. Não sendo declaradas perdidas a favor da Fazen-
da Nacional, as mercadorias são colocadas à ordem da
Secção I Alfândega, para que se proceda à regularização da sua
Princípios gerais situação aduaneira.

Artigo 505º 4. Presumem-se abandonadas a favor da Fazenda Na-


cional as mercadorias apreendidas ou colocadas à ordem
Infracção fiscal aduaneira
da Alfândega, se não forem desalfandegadas no prazo de
Infracção fiscal aduaneira é o facto típico, ilícito e cul- quinze dias após a data da respectiva notificação.
poso declarado punível por lei fiscal aduaneira. Artigo 512º
Artigo 506º Montante dos Direitos e Demais Imposições
Princípio da legalidade
Os direitos e demais imposições a pagar pelo infrac-
Só é punível como infracção fiscal aduaneira o facto tor são os que correspondem às mercadorias objectos
descrito e declarado punível por lei anterior ao momento da infracção, se fossem regularmente despachadas no
de sua prática. momento de realização da infracção.

Artigo 507º Artigo 513º

Classificação Conceito de alfândegas

As infracções fiscais aduaneiras classificam-se em Para os efeitos de aplicação do presente Título, as


crimes e contra-ordenações. alfândegas têm o sentido e a compreensão previstos no
artigo 2º do Código, abarcando as estâncias aduaneiras,
Artigo 508º
os postos fiscais, os caminhos que directamente conduzem
Aplicação no espaço àqueles e a estes, os depósitos sob regime aduaneiro, e,
em geral, os locais sujeitos a fiscalização onde se efec-
O presente diploma é aplicável a factos praticados no tuem o embarque e o desembarque de passageiros ou as
território aduaneiro cabo-verdiano e, salvo convenção em operações de carga e descarga de mercadorias cativas
contrário, aos praticados fora dele, desde que se tenha de direitos ou de outros impostos cuja cobrança esteja
produzido em Cabo Verde o resultado típico. cometida às autoridades aduaneiras.

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Artigo 514º Artigo 518º

Direito Subsidiário Responsabilidade civil

Em tudo quanto não se achar especialmente regulado 1. As pessoas, singulares, colectivas ou equiparadas,
neste Código, no respeitante às infracções fiscais adu- a quem se achem subordinados os que, no desempenho
aneiras, aplicar-se-ão as disposições do direito penal das funções que lhes estejam confiadas, praticaram facto
comum, tratando-se de crimes, do regime jurídico geral punível segundo o disposto no presente Código, relativa-
das contra-ordenações, tratando-se de infracções desta mente às infracções por estes cometidas, são subsidia-
natureza, e as do direito civil, tratando-se de responsa- riamente responsáveis pelo pagamento da importância
bilidade fiscal aduaneira de natureza civil. correspondente à sanção pecuniária que couber pela
prática da infracção.
Secção II

Pressupostos da punição e formas de aparecimento


2. No caso de a pessoa colectiva ou entidade equiparada
da infracção não ter existência jurídica no momento de instauração do
processo, pelo pagamento da sanção pecuniária respon-
Artigo 515º dem solidariamente os indivíduos que dela faziam parte
Acção e omissão na altura do cometimento da infracção.

1.Quando um tipo legal de infracção fiscal aduaneira 3. Não se aplica o disposto nos números anteriores caso
compreenda um certo resultado, o facto abrange não fique provado que o responsável tomou as providências e
só a acção adequada a produzi-lo, como a omissão da cautelas necessárias para fazer observar as prescrições
acção adequada a evitá-lo, salvo se outra for a intenção legais ou regulamentares.
da lei. Artigo 519º

2. Só é punível a prática de um facto por omissão Responsabilidade dos pais ou representantes legais
quando sobre o omitente recaia um dever jurídico que dos menores ou incapazes
pessoalmente o obrigue a evitar o resultado típico.
Se a infracção for cometida por menores ou incapazes,
Artigo 516º os pais ou seus representantes legais são responsáveis
pelo pagamento dos direitos e demais imposições devi-
Responsabilidade das pessoas colectivas e equiparadas
dos e pela sanção pecuniária que couber pela prática da
1. Sem prejuízo da responsabilidade individual, as pes- infracção.
soas colectivas e entidades equiparadas são responsáveis Artigo 520º
pelas infracções fiscais aduaneiras cometidas pelos seus
órgãos ou representantes, em seu nome e no interesse da Actuação em nome de outrem
respectiva colectividade, salvo se o agente tiver actuado
É punível quem actua enquanto titular de órgão de uma
contra as ordens ou instruções do representado.
pessoa colectiva ou mera associação de facto, ou como
2. Tratando-se de entidades sem personalidade jurídi- representante de outrem, ainda que não concorram nele,
ca, respondem pelo cumprimento da sanção pecuniária mas sim, na pessoa em nome da qual actua, as condições,
o património comum, e, na sua falta ou insuficiência, o as qualidades ou as relações requeridas pelo tipo para se
património de cada um dos associados. afirmar a autoria da infracção.

Artigo 517º Artigo 521º

Responsabilidade solidária Infracções cometidas por despachantes oficiais

1. Se a infracção for cometida por diversas pessoas, Nas infracções cometidas por despachantes oficiais ou
singulares ou colectivas, todas respondem solidaria- seus ajudantes, no despacho de mercadorias, são sempre
mente pelo pagamento dos direitos e demais imposições solidariamente responsáveis os donos ou consignatários
devidos. das mercadorias que tiverem sido objecto da infracção
fiscal.
2. É aplicado o mesmo regime de responsabilidade
Artigo 522º
solidária no casos de relações de trabalho subordinado,
quer o facto tenha sido praticado por agente subordinado Imputação subjectiva
de pessoa singular ou de pessoa colectiva ou entidade
equiparada, e no caso de a infracção ter sido cometida Só é punível o facto praticado com dolo, ou, nos casos
por representante de pessoa colectiva ou entidade equi- expressamente previstos na lei, com negligência.
parada, desde que tenha actuado no exercício daquela
Artigo 523º
representação.
Erro sobre as circunstâncias de facto
3. Se a pessoa colectiva ou entidade equiparada já não
tiver existência jurídica no momento de instauração do O erro sobre elementos descritivos ou normativos do
respectivo processo, respondem solidariamente os indi- tipo, ou sobre os pressupostos de facto de uma causa de
víduos que dela faziam parte. justificação do facto, exclui o dolo.

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Artigo 524º Artigo 530º

Erro sobre a ilicitude Ilicitude na comparticipação

1. Age sem culpa quem actua sem consciência da ilici- 1. Se a ilicitude ou o grau de ilicitude do facto depende-
tude do facto, se o erro lhe não for censurável. rem de certas qualidades ou relações especiais do agente,
2. Se o erro lhe for censurável, a sanção pode ser li- basta, para tornar aplicável a todos os comparticipantes
vremente atenuada, nos termos previstos na legislação a pena respectiva, que elas se verifiquem em qualquer
penal comum. deles, salvo se outra for a intenção da lei.
Artigo 525º 2. Sempre que, por aplicação do disposto no número
Actos preparatórios anterior, resulte para um dos comparticipantes a apli-
cação de sanção mais grave, pode esta ser livremente
Os actos preparatórios não são puníveis, salvo dispo- atenuada ou substituída por aquela cuja aplicação teria
sição da lei em contrário. lugar se não interviesse a regra estabelecida no número
Artigo 526º anterior.
Tentativa 3. A regra do número um não se aplica se a lei deter-
minar que um facto, em princípio qualificado como con-
1. Há tentativa quando o agente pratica, com dolo,
tra-ordenação, deva ser considerado crime em virtude de
actos de execução de uma infracção sem que esta se
certas qualidades ou relações especiais do agente.
consuma.
Artigo 531º
2. São actos de execução:
Culpa na comparticipação
a) Os que correspondem, num ou nalguns
elementos, à descrição do tipo de crime ou Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa,
contra-ordenação; independentemente da punição ou do grau de culpa dos
b) Os que são idóneos à produção do resultado outros comparticipantes.
típico; e Artigo 532º

c) Os que, segundo a experiência comum e salvo Concurso de normas


circunstâncias imprevisíveis, são de natureza
a fazer esperar que se lhes sigam actos das Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime
espécies indicadas nas alíneas anteriores. e contra-ordenação, é o agente punido a título de crime,
Artigo 527º
sem prejuízo das sanções acessórias previstas para a
contra-ordenação.
Punibilidade da tentativa
Artigo 533º
1. A tentativa só é punível quando a lei expressamente
o determinar. Concurso de infracções

2. Sendo punível a tentativa, a sanção é livremente 1. Quando o mesmo facto constituir, a um tempo, in-
atenuada, não podendo, porém, ser inferior ao limite fracção fiscal aduaneira e de outra natureza, são cumu-
mínimo legalmente previsto, salvo se outra for a deter- láveis as sanções previstas para cada uma delas, sempre
minação da lei. que bens jurídicos distintos tenham sido violados.
Artigo 528º 2. O facto que for qualificado, no todo ou em parte,
Inidoneidade do meio e carência de objecto como infracção fiscal aduaneira por mais de uma dispo-
sição legal é punido por aquela que estabeleça sanção
Não é punível a tentativa quando for manifesta a inido- mais grave.
neidade do meio empregado pelo agente ou a inexistência
do objecto essencial à consumação da infracção. Secção III

Artigo 529º Da Extinção da responsabilidade


Desistência e arrependimento activo Artigo 534º
1.Pode ser isento da pena o agente que voluntariamen- Prescrição do procedimento
te desistir de prosseguir na execução da infracção, ou
impede a sua consumação, ou ainda quando, não obstante 1. O procedimento por infracções fiscais aduaneiras
a consumação, impede a efectivação do resultado que a prescreve logo que sobre a prática da infracção hajam
lei quer evitar se verifique. decorrido os seguintes prazos:
2. O mesmo regime do número anterior é aplicado a) Cinco anos, tratando-se de crimes a que
quando a consumação ou a verificação do resultado são corresponda pena de prisão com um limite
impedidos por circunstância independente da conduta máximo igual ou superior a um ano; e
do agente, se ele se esforçar seriamente por evitar uma
ou outra. b) Dois anos, nos restantes casos.

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80 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

2. Para o efeito de determinação do máximo legal da c) Quatro anos, tratando-se de crimes não
sanção, a que se refere o número anterior, não contam abrangidos pelas alíneas anteriores e de
as agravantes ou as atenuantes que, dentro do mesmo contra-ordenações a que corresponda coima
tipo, modifiquem os seus limites. superior a cem mil escudos (100.000$00);e

3. Quando a lei estabelecer para qualquer crime adu- d) Três anos, nos restantes casos.
aneiro, em alternativa, pena de prisão ou de multa, só a
2. A prescrição das sanções interrompe-se com a res-
primeira é considerada para efeitos deste artigo.
pectiva execução.
Artigo 535º
3. A prescrição da sanção principal envolve a das sanções
Interrupção da prescrição acessórias que ainda não tiverem sido executadas.
Artigo 537º
1. Interrompe-se a prescrição do procedimento, come-
çando a correr novo prazo prescricional, nos casos de Prescrição de direitos e demais imposições
crime fiscal aduaneiro:
A obrigação de pagar os direitos e demais imposições
a) Com a notificação para as primeiras declarações, prescreve decorridos vinte anos, contados da data do
para comparência ou interrogatório do agente trânsito em julgado da decisão condenatória.
como arguido, na instrução; CAPÍTULO II
b) Com a notificação do despacho de pronúncia ou Das infracções fiscais aduaneiras
materialmente equivalente; e
Secção I
c) Com a marcação do dia para julgamento em Crimes Fiscais Aduaneiros
processo de ausentes.
Subsecção I
2. A prescrição do procedimento criminal tem sempre Tipos de Crime Fiscal Aduaneiro
lugar quando, desde o seu início e ressalvado o tempo de
Artigo 538º
suspensão, nos termos da lei penal geral, tiver decorrido
o prazo normal acrescido de metade. Contrabando

3. A prescrição do procedimento por contra-ordenação Quem, por qualquer meio, fizer entrar no país ou fizer
interrompe-se: dele sair quaisquer mercadorias sem passarem pelas
alfândegas é punido com prisão de 3 (três) meses a 2
a) Com a comunicação ao arguido dos despachos, (dois) anos ou multa de 100.000$00 (cem mil escudos) a
decisões ou medidas contra ele tomadas ou 20.000.000$00 (vinte milhões de escudos).
com qualquer notificação;
Artigo 539º
b) Com a realização de quaisquer diligências de Contrabando de ocultação
prova, designadamente exames e buscas,
ou com o pedido de auxílio às autoridades É punido nos termos do artigo precedente quem, em
policiais ou administrativas; e qualquer meio de transporte, tiver mercadorias escondidas
e não declaradas ou manifestadas, ou mercadorias não
c) Com quaisquer declarações que o arguido declaradas ou manifestadas que consubstanciem toda a
tenha proferido no exercício do direito de ser carga ou a parte de maior valor da carga, ou, ainda, não
ouvido. o constituindo, tenham valor superior a 1.500.000$00
(um milhão e quinhentos mil escudos).
4. Em caso de concurso de infracções, a interrupção
Artigo 540º
da prescrição do procedimento criminal determina a da
prescrição do procedimento contra-ordenacional. Contrabando qualificado

Artigo 536º É punidos com prisão de 6 (seis) meses a 3 (três)


anos ou com multa de 100.000$00 (cem mil escudos) a
Prescrição das sanções
30.000.000$00 (trinta milhões de escudos), os crimes
1. As sanções por prática de infracção fiscal aduaneira previstos nos artigos anteriores, sempre que:
prescrevem nos seguintes prazos, contados da data do a) Forem cometidos de noite ou em lugar ermo, ou
trânsito em julgado da decisão ou sentença respectiva: com uso de armas ou emprego de violência,
ou, ainda, por duas ou mais pessoas;
a) Dez anos, no caso de crimes fiscais aduaneiros a
que corresponda pena de limite máximo igual b) Forem cometidos com corrupção de qualquer
ou superior a dois anos de prisão; funcionário ou agente do Estado;
b) Cinco anos, no caso de crimes fiscais aduaneiros c) Forem cometidos com alteração ou falsificação
a que corresponda pena de prisão cujo limite de bilhetes de despacho ou de quaisquer
máximo seja igual ou superior a um ano e documentos aduaneiros ou apresentados às
inferior a dois anos; alfândegas;

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 81

d) O agente do crime seja funcionário ou agente Artigo 545º


aduaneiro ou agente de fiscalização
Frustração de créditos
aduaneira ou de qualquer instituição que
detenha competências em matéria de polícia 1. É punido com prisão de 3 (três) a 18 (dezoito) me-
fiscal aduaneira, ou despachante oficial ou ses ou com multa de 100.000$00 (cem mil escudos) a
qualquer pessoa devidamente habilitada a 10.000.000$00 (dez milhões de escudos) quem:
efectuar despacho alfandegário;
a) Após a instauração de processo por crime ou
e) Tiverem por objecto mercadorias de importação
contra-ordenação, previstos no presente
ou exportação proibidas ou condicionadas ou
título, e com o intuito de frustrar, no todo ou
de valor superior a 1.000.000$00 (um milhão
em parte, a cobrança coerciva de quaisquer
de escudos);
importâncias devidas ao Estado pela prática
f) As mercadorias sejam compostas, no todo ou em da infracção e por cujo pagamento vier a ser
parte, por objectos de elevado valor histórico, declarado responsável, por qualquer forma
cultural ou artístico. alienar ou onerar o seu património;
Artigo 541º
b) Tendo conhecimento da existência de processo
Contrabando privilegiado por crime ou contra-ordenação, previstos
neste diploma, e com o intuito mencionado
Se os crimes previstos nos artigos antecedentes tive- na alínea antecedente, outorgar em actos e
rem por objecto mercadorias cujo valor seja inferior a contratos que importem a transferência ou
40.000$00 (quarenta mil escudos), o agente é punido com oneração do património.
pena de multa reduzida a metade no limite mínimo e a
um quinto no limite máximo. 2. Não há lugar a procedimento criminal ou é o agente
Artigo 542º isento da pena, consoante os casos, se entretanto, as
importâncias devidas forem integralmente pagas pelo
Crime de contrabando em disposições especiais
responsável.
Os factos expressamente qualificados como crime Artigo 546º
de contrabando em disposições especiais são punidos,
conforme as circunstâncias, com as penas previstas nos Recusa de apresentação de mercadorias
artigos anteriores, salvo se daquelas disposições resultar
pena mais grave. Quem, tendo sido nomeado depositário das mercado-
rias apreendidas nos termos do presente diploma, as não
Artigo 543º
apresentar no prazo que lhe for designado, é punido com
Auxílio material prisão de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa de 50.000$00
(cinquenta mil escudos) a 5.000.000$00 (cinco milhões
Quem, após a consumação do crime, auxiliar mate-
de escudos).
rialmente outrem a aproveitar-se do benefício económico
proporcionado por mercadoria objecto de contrabando, é Artigo 547º
punido com as penas previstas para o crime reduzidas
de um terço nos seus limites mínimo e máximo. Quebra de marcas e selos

Artigo 544º Quem abrir, romper ou inutilizar, total ou parcialmen-


Fraude às garantias fiscais aduaneiras te, marcas, selos e outros sinais legalmente prescritos,
apostos por funcionário competente para identificar,
É punido com prisão de 3 (três) a 18 (dezoito) meses ou segurar ou manter inviolável mercadoria sujeita a fis-
multa de 100.000$00 (cem mil escudos) a 10.000.000$00 calização, ou para certificar que a mesma é objecto de
(dez milhões de escudos) quem: arresto, apreensão ou outra providência cautelar, é pu-
nido com prisão de 3 (três) a 18 (dezoito) meses ou multa
a) Sendo dono, depositário ou condutor de
de 100.000$00 (cem mil escudos) a 10.000.000$00 (dez
mercadorias apreendidas nos termos do
milhões de escudos).
presente título, as danificar, destruir ou
tornar não utilizáveis, no acto de apreensão Artigo 548º
ou posteriormente a ela;
Receptação
b) Após instauração, contra si ou contra um
comparticipante, de processo por crime ou 1. Quem dissimular, receber em penhor, adquirir a
contra-ordenação, previstos no presente qualquer título, detiver, conservar, transmitir ou con-
diploma, destruir, danificar, alienar ou onerar tribuir para transmitir ou de qualquer forma assegurar,
as mercadorias consideradas arrestadas para si ou para terceiro, a posse de mercadoria objecto
para garantia do pagamento da importância de infracção fiscal aduaneira, com intenção de obter,
correspondente à sanção pecuniária ou para si ou para terceiro, alguma vantagem patrimonial,
da prestação tributária, ainda que esta é punido com prisão de 3 (três) a 2 (dois) anos ou multa
seja devida por outro comparticipante ou de 100.000$00 (cem mil escudos) a 20.000.000$00 (vinte
responsável. milhões de escudos).

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82 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

2. Se o agente fizer da recepção modo de vida, ou pra- Artigo 552º


ticar habitualmente, a pena é de 6 (seis) meses a 3 (três) Montante da Pena de Multa
anos de prisão ou multa de 200.000$00 (duzentos mil
escudos) a 30.000.000$00 (trinta milhões de escudos). 1. O montante da pena de multa a aplicar pela prática
de crime fiscal aduaneiro nunca é inferior ao dobro do
3. Se o agente, antes do julgamento, entregar a mer- valor da mercadoria no mercado interno, no momento
cadoria objecto da infracção à autoridade competente da realização do facto, sem prejuízo do que resultar da
e indicar, com verdade, a pessoa de quem a recebeu, a aplicação das regras sobre a atenuação livre a que houver
pena pode ser livremente atenuada, caso não se prove lugar no caso concreto.
qualquer das circunstâncias referidas no n.º 2 ou que
2. Considera-se como valor da mercadoria o seu preço
ele já foi condenado pelo crime de receptação previsto
de venda ao público à data da infracção.
no presente diploma.
Artigo 553º
Artigo 549º Prisão Alternativa

Receptação privilegiada 1. Sempre que o agente tenha sido condenado em pena


de multa a sentença respectiva condena em pena de
Se a mercadoria objecto de receptação tiver um valor prisão alternativa, a ser cumprida em caso de não paga-
inferior a 30.000$00 (trinta mil escudos), o agente é mento, voluntário ou coercivo, da sanção pecuniária.
punido com pena de multa de 25.000$00 (vinte e cinco
mil escudos) a 250.000$00 (duzentos e cinquenta mil 2. Para efeitos do número anterior, é fixada a equiva-
escudos). lência à razão de 150$00(cento e cinquenta e escudo) por
dia, não podendo a prisão fixada em alternativa da multa
Artigo 550º exceder a duração de 300 (trezentos dias).
Artigo 554º
Associação criminosa
Interdições de Exercício de Profissão ou Actividade
1. Quem promover, fundar ou dirigir grupo, organiza- 1. Sem prejuízo das disposições constitucionais aplicá-
ção ou associação cuja actividade principal ou acessória veis no respeitante às penas e aos seus efeitos e do que es-
seja dirigida à prática de infracções fiscais aduaneiras tiver legalmente estabelecido em matéria de reabilitação,
previstas no presente diploma, é punido com pena de pode ser aplicada a quem for condenado pela prática de
prisão de 2 (dois) a 8 (oito) anos. crime de contrabando a medida de interdição do exercício
da profissão ou actividade cujo exercício dependa de um
2. É punido com pena de prisão de 2 (dois) a 6 (seis)
título público ou de uma autorização ou homologação da
anos quem fizer parte de tais grupos, organizações ou
autoridade pública.
associações ou quem as apoiar, fornecendo armas, mu-
nições, instrumentos de crime, guarda ou locais para as 2. O disposto no número anterior aplica-se, nomea-
reuniões, ou qualquer auxilio para que recrutem novos damente,
elementos. a) Aos despachantes oficiais, seus ajudantes e
praticantes e a todos aqueles que estão
3. É punido com pena de prisão de um a cinco anos
devidamente habilitados a efectuar despacho
quem apoiar os grupos, organizações ou associações
alfandegário;
referidos no presente artigo por forma outra que não
a descrita no n.º 2, salvo se pena mais grave resultar b) Aos comandantes ou tripulantes de aeronaves,
da aplicação das disposições deste Código à prática dos capitães, outros oficiais, mestres, arrais,
factos puníveis em que se traduza a actuação do grupo, patrões ou tripulantes de quaisquer
organização ou associação. embarcações, e os agentes ou representantes
de agências de navegação;
4. O agente pode ser isento da pena ou esta pode ser-
c) Aos bagageiros que prestam serviço nas gares
lhe livremente atenuada, se impedir voluntariamente
marítimas e aéreas, aos empregados e
ou se se esforçar seriamente por impedir a continuação
assalariados que prestam serviço nos portos
dos grupos, organizações ou associações ou comunicar à
e aeroportos e aos chamados “negociantes de
autoridade a sua existência a tempo de esta poder evitar
bordo”.
a prática de infracções fiscais aduaneiras.
Secção II
Subsecção II
Das contra-ordenações Fiscais Aduaneiras
Disposição Aplicáveis aos Crimes Fiscais Aduaneiros Subsecção I
Tipos de Contra-Ordenação
Artigo 551º
Artigo 555º
Tentativa
Descaminho

A tentativa é punível nos casos de contrabando, contra- 1. Quem, com o fim de evitar, no todo ou em parte,
bando de ocultação, contrabando qualificado e associação o pagamento da prestação tributária aduaneira, fizer
criminosa. passar através das alfândegas ou delas retirar quaisquer

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 83

mercadorias sem serem submetidas às competentes Artigo 558º


formalidades de despacho, ou mediante falsas indica-
Oposição a Verificação ou a Exames
ções, é punido com coima de (cinquenta mil escudos) a
10.000.000$00 (dez milhões de escudos). É aplicável coima de 100.000$00 (cem mil escudos) a
2. A mesma coima é aplicável quando, nas mesmas 3.000.000$00 (três milhões de escudos) a quem se recusar
condições: a entregar ou apresentar escrita, contabilidade, declara-
ções e documentos, ou recusar apresentar mercadorias
a) For violada, sem que tal possa ser considerado às entidades com competência para a investigação e
crime, a disciplina legal dos regimes instrução das infracções previstas no presente diploma,
aduaneiros suspensivos e económicos ou ou impedir ou dificultar qualquer verificação ou exame
de quaisquer outros regimes especiais que ordenado à mercadoria por funcionário competente,
concedam benefícios fiscais, estabeleçam quando tal facto não constituir crime fiscal aduaneiro
facilidades, restrições ou proibições relativos ou descaminho.
à titularidade, apresentação, descarga e
Artigo 559º
depósito, utilização ou destino, trânsito e
circulação de mercadorias; Aquisição Negligente

b) Tenha havido desvio do fim pressuposto no Quando ao facto não for aplicável sanção mais grave, é
regime aduaneiro aplicado à mercadoria; aplicável coima de 25.000$00 (vinte e cinco mil escudos)
c) Através de diversos formulários de despacho, a 1.000.000$00 (um milhão de escudos) a quem, sem pre-
se proceder à importação de componentes viamente se ter assegurado da sua legítima proveniência,
separados de um artefacto que, após adquirir ou receber, a qualquer título, coisa que, pela sua
montagem no país, formem um produto qualidade ou pela condição de quem lhe oferece ou pelo
novo, desde que efectuado com a finalidade preço proposto, faça razoavelmente suspeitar de que se
de iludir a percepção da prestação tributária trata de mercadoria objecto de crime fiscal aduaneiro ou
devida pela importação do artefacto acabado de descaminho.
ou se destine a subtrair o importador à Artigo 560º
aplicação de normas sobre contingentação de
mercadorias; Outras Contra-Ordenações

d) Forem violadas disposições especiais que 1. São considerados contra-ordenações, para todos os
expressamente qualifiquem o facto como efeitos de aplicação do regime jurídico instituído pelo
descaminho. presente diploma, os factos considerados por lei ou outro
acto normativo como transgressões fiscais aduaneiras e
Artigo 556º
que não são enquadráveis nas disposições definidoras
Circulação Irregular de Mercadorias de crimes ou contra-ordenações fiscais aduaneiras, nos
termos do presente título.
1. É punido nos termos do artigo precedente, como
descaminho, quem, por qualquer meio, puser ou detiver 2. É aplicável coima de (mil escudos) a 250.000$00 (du-
mercadorias estrangeiras em circulação sem processa- zentos e cinquenta mil escudos) a quem praticar os factos
mento ou acompanhamento das competentes guias ou referidos no número anterior salvo se aquelas infracções
outros documentos requeridos, ou sem aplicação de selos, forem punidas com penas de multa de montante superior,
marcas ou outros sinais legalmente prescritos. caso em que as coimas são de montantes correspondente
àquelas multas.
2. Não sendo estrangeiras as mercadorias, às infrac-
ções previstas no número anterior é aplicável a coima 3. Constituem contra-ordenação, punível com coima de
de 25.000$00 (vinte e cinco mil escudos) a 1.000.000$00 50.000$00 (cinquenta mil escudos) a 10.000.000$00 (dez
(um milhão de escudos). milhões escudos), as condutas que infrinjam o disposto
nos artigos 87º, 96º, 97º, 100º, 101º, 102º, 103º, 113º, 115º
3. Se o valor da mercadoria for inferior a 5.000$00
e 117º deste Código.
(cinco mil escudos), a entidade competente pode atenuar
livremente o agente da coima. 4. A negligência é punível.
Artigo 557º
Subsecção II
Qualificação e Privilegiamento
Disposições Aplicáveis às Contra-Ordenações Fiscais
1. Se a mercadoria objecto de descaminho for de impor- Aduaneiras
tação ou exportação proibidas ou condicionadas, a coima é Artigo 561º
de 100.000$00 (cem mil escudos) a 15.000.000$00 (quinze
milhões de escudos). Punibilidade da tentativa

2. Se a mercadoria tiver valor inferior a 10.000$00 É punível a tentativa de descaminho e de quaisquer


(dez mil escudos), a entidade competente pode atenuar outras infracções consideradas puníveis como descami-
livremente o agente da coima. nho, nos termos deste Código.

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84 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 562º contrabando, contrabando por ocultação, contrabando
Medida da Coima
qualificado e demais crimes desta natureza previstos
em disposições especiais, salvo se pertencerem a pessoa,
1. A determinação da medida da coima far-se-á em devidamente identificada, a quem não possa ser atribuída
função, entre outras, das seguintes circunstâncias: responsabilidade pela prática do crime.

a) A gravidade da contra-ordenação; 2. Verificando-se o disposto na parte final do número


anterior, ou se as mercadorias não tiverem sido apreendi-
b) O grau de ilicitude do facto e de culpa do agente; das, o infractor responde por quantitativo igual ao valor
delas, salvo quando o mesmo não possa ser determinado,
c) A situação económica do infractor;
caso em que o agente paga uma importância a fixar pelo
d) O beneficio económico retirado da prática da tribunal, nunca superior a 3.000.000$00 (três milhões
infracção; de escudos).

e) A prática da infracção por pessoa singular ou 3. Nas contra-ordenações as mercadorias não são
colectiva. perdidas a favor da Fazenda Nacional, mas só podem
ser restituídas depois de pagas as prestações que forem
2. Salvo se outra coima estiver especialmente prevista, devidas, e, se pertencerem ao infractor, depois de pagas
o montante da coima a aplicar pela prática de contra-or- as quantias em dívida no processo.
denação fiscal aduaneira nunca é inferior a vez e meia o
valor da mercadoria no mercado interno, no momento da 4. A perda nunca é decidida sem audiência dos inte-
realização da infracção, sem prejuízo do que resultar da ressados.
aplicação das regras sobre atenuação livre a que houver
Artigo 566º
lugar no caso concreto.
Reversão
3. Considera-se como valor da mercadoria o seu preço
de venda ao público à data da infracção. Fora dos casos em que, por força da lei, seja vedada,
podem os interessados requerer a reversão das mercado-
Artigo 563º
rias sujeitas a perda a favor da Fazenda Nacional, desde
Sanções Acessórias que, satisfeitas a multa e demais quantias em dívida no
processo, paguem uma quantia igual ao seu valor.
A par da coima, pode ser aplicada àquele que praticar
contra-ordenação prevista no presente diploma uma ou Artigo 567º
mais das sanções acessórias previstas na lei – quadro das
Apreensão e perda de meios de transporte
contra-ordenações, entre elas, a apreensão de objectos, a
privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por 1. São apreendidos os meios de transportes utilizados
entidades ou serviços públicos, do direito de participar na prática das infracções fiscais aduaneiras.
em feiras, mercados, competições desportivas, da entrada
em recintos ou áreas de acesso reservados, do direito de 2. Tratando-se dos crimes de contrabando, contraban-
participação em arrematações e concursos promovidos do por ocultação e contrabando qualificado, os meios de
por entidades ou serviços públicos, de obras públicas, de transporte são considerados perdidos a favor da Fazenda
fornecimento de bens e serviços, ou concessão de serviços, Nacional, quando a mercadoria que for objecto das infrac-
licenças ou alvarás, o encerramento do estabelecimento ções tenha valor superior a 1.500.000$00 (um milhão e
ou cancelamento de licenças e alvarás, bem como a pu- quinhentos mil escudos) e consistir na parte de maior
blicidade da decisão condenatória. valor da respectiva carga, salvo se tais meios tiverem
sido utilizados sem o conhecimento ou sem negligência
CAPÍTULO III de seus proprietários.
Da apreensão, da perda e das garantias
3.Aplica-se o disposto no número anterior quando se
Artigo 564º trate de crimes fiscais aduaneiros, desde que o limite
máximo da pena aplicável seja igual ou superior ao da
Apreensão de mercadorias
pena prevista para as infracções constantes dos crimes
1. São apreendidas as mercadorias objecto de crime referidos no número anterior, e no caso de descaminho.
fiscal aduaneiro e de descaminho.
4.Verificando-se a circunstância referida na parte
2. Nas restantes contra-ordenações a apreensão tem final do n.º 2, aplica-se o disposto no n.º 2 do artigo 565º
lugar nos termos e condições previstos no regime jurídico deste Código.
geral das contra ordenações. Artigo 568º
Artigo 565º
Apreensão e perda de armas e outros instrumentos
Perda de mercadorias
1. As armas e outros instrumentos utilizados na prá-
1. As mercadorias apreendidas são declaradas perdidas tica de infracções fiscais aduaneiras são apreendidos e
a favor da Fazenda Nacional, tratando-se dos crimes de declarados perdidos a favor da Fazenda Nacional, salvo

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 85

se, não se tratando de armas, se verificar a circunstância Artigo 571º


referida na parte final do número 2 do artigo precedente, Garantia de pagamento
caso em que se aplica o disposto no seu n.º 4.
1. Constituem garantia de pagamento da sanção pe-
2. Tratando-se de instrumentos que não sejam armas, cuniária, dos direitos e demais imposições, as mercado-
aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto no rias, os meios de transporte e os valores apreendidos ao
artigo 565º deste Código. arguido ou ao suspeito, bem como as importâncias que
Artigo 569º
as representam, desde que não tenha sido decretada a
sua perda.
Restituição
2. Se as mercadorias e outros valores referidos no
1. Não havendo lugar, nos termos dos artigos ante- número anterior pertencerem a pessoas sem qualquer
cedentes, à perda, e fora dos casos em que a lei proíba responsabilidade na infracção, respondem apenas pelos
a reversão, as mercadorias, os meios de transporte e direitos e demais imposições.
outros instrumentos da infracção são restituídos a quem
pertencerem: 3. Constituem ainda garantia de pagamento das im-
portâncias por que eventualmente tenham que responder
a) Logo que seja caucionado o seu valor, pagos os o arguido ou qualquer responsável pela infracção, as
direitos e demais imposições e as despesas feitas mercadorias, bagagens e quaisquer outros bens e valores
com a sua conservação, guarda e transporte; que, embora não respeitem ao processo fiscal aduanei-
ro, estiverem nas alfândegas, em depósito de regime
b) Ou logo que transitem em julgado o despacho aduaneiro ou de regime livre, e em quaisquer outros
de não pronúncia ou equivalente, ou a decisão locais sob a acção fiscal, ou de que sejam recebedores ou
final absolutória, ou logo que o Ministério consignatários.
Público se abstenha de deduzir acusação ou
a entidade competente na contra-ordenação 4. As mercadorias e outros bens referidos no número
decida arquivar o processo e se mostre não anterior consideram-se arrestados e só são entregues se
ser devida a prestação tributária aduaneira. o seu valor ou essa responsabilidade for caucionado.

2. O disposto no número anterior não se aplica a armas 5. Não são igualmente entregues sem a caução referida
utilizadas na prática da infracção. no número anterior as mercadorias cujos conhecimentos,
cartas de porte ou quaisquer título de propriedade te-
Artigo 570º nham sido endossados pelo arguido ou outro responsável
Depósito e venda imediata das mercadorias pela infracção, posteriormente à notificação do despacho
de pronúncia, no caso de crime, ou do despacho equiva-
1. As mercadorias, os meios de transporte, as armas lente, no caso de contra-ordenação, ou sobre que haja sido
e outros instrumentos da infracção são depositados nas realizada qualquer operação comercial por eles ou pelas
estâncias aduaneiras, a não ser que estas não possam sociedades ou empresas de que façam parte.
recebê-los por falta de condições materiais ou não se possa
fazer de imediato o transporte para aquelas estâncias. CAPÍTULO IV
Do processo
2. Verificando-se as circunstâncias referidas na parte
final do número anterior, os bens apreendidos são rela- Secção I
cionados e descritos e confiados a depositário idóneo, com Disposições Gerais
excepção das armas e outros instrumentos da infracção,
que ficam sob guarda de agentes da autoridade, lavran- Artigo 572º
do-se do depósito o respectivo termo, assinado pelos Acção penal
apreensores, testemunhas, havendo-as, e depositário,
ficando este com duplicado. A acção penal relativa a infracções fiscais aduaneiras
é exercida nos termos da legislação processual penal em
3. Não havendo no local da apreensão, depositário vigor, com as especialidades constantes das disposições
idóneo as mercadorias ficam sob a guarda de agentes da do presente Código.
autoridade.
Artigo 573º
4. Quando os bens referidos neste artigo forem de- Acção contra-ordenacional
terioráveis, perecíveis ou quando o interesse público o
justifique, podem as autoridades aduaneiras competen- O processo relativo às contra-ordenações fiscais adua-
tes mandar proceder à sua venda imediata, devendo a neiras é regulado pelas normas contidas no regime jurí-
decisão ser proferida no prazo de 2 (dois) dias. dico geral das contra-ordenações, com as especialidades
constantes das disposições do presente Código.
5. As operações de venda são efectuadas pelas estâncias
Artigo 574º
aduaneiras, nos termos das leis aplicáveis, sendo o produto
da venda depositado à ordem do respectivo processo. Notícia da Infracção

6. Se a decisão final não decretar a perda, é entregue 1. Os funcionários e agentes da Direcção-Geral das
ao lesado o produto da venda. Alfândegas, da Polícia Nacional, da Guarda Fiscal, da

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Polícia Judiciária e, bem assim, quaisquer autoridades c) A indicação de testemunhas;


ou agentes da autoridade, quando presenciarem qual-
quer infracção fiscal aduaneira, procedem à apreensão d) A qualidade, a quantidade, o valor e o presumível
das mercadorias, meios de transporte, armas e outros destino das mercadorias, meios de transporte,
instrumentos utilizados na prática do facto, lavrando o armas e outros instrumentos respeitantes à
competente auto de notícia. infracção e tudo que possa contribuir para a
descoberta dos agentes da infracção.
2. O auto de que trata a parte final do número anterior
Secção II
é assinado pelas pessoas que procederam à diligência,
pelos arguidos que quiserem ou puderem fazê-lo e por Disposições Sobre o Processo Criminal
duas testemunhas, se as houver e saibam escrever, e
menciona o local, dia e hora em que a detenção e a apre- Subsecção I
ensão se realizaram, razões que as motivaram e todas as Dos Actos no Processo Criminal Comum
circunstâncias que nelas se deram, relação dos artigos
apreendidos, seu valor presumível e destino que lhes foi Artigo 577º
dado, estado, profissão e residência das testemunhas e o
Direcção e Assistência na Instrução
que tiver sido possível averiguar acerca do nome, estado,
profissão, idade, naturalidade, residência e antecedentes As autoridades aduaneiras e os agentes de fiscaliza-
fiscais dos autuados e dos civilmente responsáveis. Ao ção aduaneira assistem o juiz e o Ministério Público na
auto são juntos todos os papéis e documentos encontrados direcção e realização dos actos de investigação relativos
ou apresentados que possam interessar para apuramento à instrução de processos por crime fiscal aduaneiro,
da verdade. ficando, nessa medida e para esses precisos efeitos, na
dependência funcional destes últimos.
3. O auto, as mercadorias e meios de transporte apre-
endidos são apresentados à autoridade fiscal competente Artigo 578º
para a instrução do processo, no mais curto prazo de
tempo possível, segundo as circunstâncias, e nunca em Requisição e Delegação de Actos Processuais
prazo superior a 24 (vinte e quatro), horas, não contando
Fora dos casos em que, por força da lei, tenham de
sábados, domingos e feriados, sem prejuízo do respeito
ser praticados ou presididos pelo juiz ou pelo Ministério
pelos prazos constitucionalmente estabelecidos, quando
Público, podem estes sempre requisitar ou delegar às
sejam aplicáveis.
autoridades aduaneiras competentes a prática de actos
Artigo 575º processuais relativos a crimes fiscais aduaneiros.

Flagrante Delito Artigo 579º

Quando à infracção corresponder pena de prisão, as Responsabilidade civil


entidades referidas no artigo anterior procedem à de-
Com a acusação pelos crimes previstos no presente
tenção do infractor em flagrante delito, apresentando-o
diploma, ou no prazo em que esta deva ser formulada, o
ao juiz competente nos prazos e termos previstos na lei
Ministério Público deduzirá o pedido de condenação dos
processual penal.
responsáveis civis, havendo-os, indicando sempre o valor
Artigo 576º das mercadorias, meios de transporte e outros instrumentos
da infracção que tiverem sido apreendidos.
Participação
Artigo 580º
1. As entidades referidas no artigo 574º deste Código
Despacho de pronúncia ou equivalente e sentença
que tenham conhecimento, por qualquer forma, de factos
que possam constituir infracção fiscal aduaneira devem 1. Além dos requisitos exigidos pela lei processual
participa-los ao tribunal ou entidade competente. penal geral, o despacho de pronúncia ou equivalente e a
sentença contêm sempre a indicação do valor das mer-
2. A participação pode ser feita verbalmente ou por
cadorias, meios de transporte e outros instrumentos da
escrito e não está sujeita a formalidades especiais.
infracção apreendidos.
3. A participação oral é reduzida a escrito e assinada
2. A sentença contém ainda, quando for disso caso, a
pelo participante e pela entidade que a receber.
declaração de perda das mercadorias e outros bens ou
4.A participação contem, sempre que possível: instrumentos utilizados na prática do crime e a distri-
buição da multa e do produto da venda, nos termos do nº 1
a) Indicação completa dos factos, dia, hora e local do artigo 598º, e artigo 599º deste Código.
em que foram praticados;
3. Os tribunais enviam à Direcção-Geral das Alfân-
b) Nome, estado civil, profissão, residência, idade degas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, cópia dos
e naturalidade do infractor, e, bem assim, despachos de pronúncia ou equivalentes e das decisões
quaisquer outros elementos que sirvam para condenatórias proferidos em processo por crimes fiscais
a identificação de quem praticou a infracção; aduaneiros.

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Subsecção II 4. O disposto no número anterior não exclui, quando
Processo de Transacção
disso for caso, a indicação, nos termos do presente diplo-
ma, de outros requisitos exigidos para a sentença.
Artigo 581º
5. O despacho referido no número 3 (três) do presente
Pressupostos
artigo vale como sentença condenatória e transita ime-
1. Em caso de crime fiscal aduaneiro punível com pena diatamente em julgado.
prisão cujo limite máximo não seja superior a um ano, ou Artigo 585º
só com pena de multa, e se o procedimento não depender
de acusação particular, o Ministério Público, ouvidas as Assistente e partes civis
autoridades aduaneiras, quando entender que ao caso
1. Em processo de transacção não são permitidas in-
deve ser concretamente aplicada pena de multa, requer
tervenções de assistente e de partes civis.
ao tribunal que a aplicação tenha lugar em processo de
transacção. 2. O Ministério Público, porém, tem o dever de ouvir,
antes de formular o requerimento, a Direcção-Geral das
2. Não há lugar a processo de transacção em caso de
Alfândegas e as pessoas que se pudessem constituir como
reincidência.
assistentes ou que como tal se achem já constituídas.
Artigo 582º
Secção III
Requerimento do Ministério Público
Dos actos no processo das contra-ordenações
1. O requerimento do Ministério Público é escrito e con- Artigo 586º
tém as indicações tendentes à identificação do arguido, a
descrição dos factos que lhe são imputados e a menção das Meios de coacção e proibições de prova
disposições legais violadas, a prova existente e a exposição
sumária das razões pelas quais entende que ao caso não 1. No processo por contra-ordenações não são permiti-
deve concretamente ser aplicada pena de prisão. das a prisão preventiva, a intromissão na correspondên-
cia ou nos meios de telecomunicações, nem a utilização de
2. O requerimento termina com a indicação precisa da provas que impliquem violação do segredo profissional.
sanção cuja aplicação se propõe, e, se disso for caso, do
pedido de indemnização civil. 2. As provas que colidam com a reserva da vida privada,
bem como a prova de sangue, só são admissíveis com o
Artigo 583º consentimento de entidade legalmente competente.
Despacho de Rejeição Artigo 587º

1. Havendo motivo para rejeitar o requerimento do Entidades competentes


Ministério Público, o tribunal profere despacho de reenvio
do processo para a forma processual aplicável. São competentes para o processamento das contra-or-
denações fiscais aduaneiras e para a aplicação das res-
2. Se o processo for reenviado para outra forma pro- pectivas coimas as autoridades aduaneiras seguintes:
cessual, o requerimento perde eficácia e o Ministério
Público não fica vinculado ao que naquele requerimento a) O Director-Geral das Alfândegas;
houver proposto.
b) O Director de Luta contra a Fraude;
Artigo 584º
c) Os Directores das Circunscrições Aduaneiras;
Audiência e Sentença
d) Os Directores das Alfândegas;
1. O tribunal, se não se decidir pela rejeição do reque-
rimento do Ministério Público, manda notificar o arguido e) Os Chefes das Delegações Aduaneiras.
para comparecer, acompanhado de defensor, se o desejar,
Artigo 588º
no dia, hora e local que indica.
Competência territorial
2. Na data fixada, o tribunal dá conhecimento ao
arguido do teor do requerimento do Ministério Público, 1. Os Directores das Circunscrições Aduaneiras são
pergunta-lhe se aceita a sanção proposta, acrescida da competentes na respectiva área de jurisdição, com ex-
indemnização civil, do imposto de justiça e custas, e es- cepção da que esteja abarcada pelas competências das
clarece-o de que uma resposta negativa implica o reenvio autoridades referidas nos números seguintes.
do processo para outra forma processual.
2. Os Directores das Alfândegas são competentes na
3. Se o arguido declarar que aceita a proposta feita, área da cidade ou vila sede da respectiva Alfândega,
o juiz manda registar por escrito tal declaração, dá-a seus portos, aeroportos, recintos, entrepostos e depósitos
a assinar ao arguido e profere despacho de concordân- aduaneiros e zonas francas.
cia com o requerimento do Ministério Público, ao qual
acrescenta a condenação em imposto de justiça e custas 3. Os Chefes das Delegações Aduaneiras são compe-
reduzidas a metade. tentes nas respectivas áreas de jurisdição.

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4. A competência territorial determina-se seja pelo local Artigo 593º


onde a infracção foi praticada ou descoberta, seja pelo
Audição do arguido
local onde se deu a apreensão das mercadorias objecto
da infracção. É obrigatória a audição do arguido durante a instrução, po-
Artigo 589º
dendo este apresentar ou requerer qualquer meio de prova.
Artigo 594º
Direitos e deveres
Defensor
As autoridades aduaneiras competentes para o proces-
samento e aplicação de coimas gozam dos mesmos direitos O arguido tem o direito de se fazer representar e acom-
e estão sujeitas aos mesmos deveres das competentes panhar de advogado em qualquer fase do processo, ou de
para a instrução criminal, sempre que regime diferente requerer a nomeação de defensor oficioso.
não resulte das disposições do presente Código ou do
Artigo 595º
regime jurídico geral das contra-ordenações.
Recurso para o tribunal fiscal e aduaneiro
Artigo 590º

Investigação e instrução 1. Cabe recurso para o tribunal fiscal e aduaneiro


territorialmente competente das decisões proferidas nos
1. As entidades competentes para os efeitos estabe- processos por contra-ordenação.
lecidos no artigo seguinte procedem à investigação dos
factos constitutivos da infracção e das circunstâncias 2. O recurso é interposto no prazo de 8 (oito) dias con-
que precederam, acompanharam ou se seguiram à sua tados da data de conhecimento da decisão impugnada.
realização. 3. O recurso em matéria de contra-ordenação não sus-
pende a execução da decisão recorrida.
2. A instrução, salvo em casos de comprovada e fun-
damentada complexidade, em que há prorrogação por 4. Em tudo o mais, o recurso obedece, com as necessá-
igual período, deve ser concluída no prazo máximo de rias adaptações, ao disposto no regime jurídico geral das
90 (noventa) dias contados da data do conhecimento da contra-ordenações.
infracção.
Artigo 596º
3. A investigação e a instrução podem ser delegadas
Recurso para o Supremo Tribunal de Justiça
nas autoridades policiais e nos agentes de fiscalização
aduaneira, os quais, uma vez concluídos os processos, os 1. É admitido recurso para o Supremo Tribunal de
remetem à entidade competente para a decisão. Justiça das decisões ou sentenças finais proferidas pelo
Artigo 591º tribunal fiscal e aduaneiro, desde que a coima aplicada
por este ou pela entidade administrativa competente seja
Dispensa de instrução superior a 1.000.000$00 (um milhão de escudos).
1. A instrução pode ser dispensada, em despacho fun- 2. O recurso é circunscrito à matéria de direito e segue
damento, quando, no decurso de processos e formalidades os termos previstos no Código de Processo Penal para o
de despacho aduaneiro ou em face da participação ou de processo sumário, em tudo quanto não contrarie o dis-
auto de notícia, se mostrem comprovados os elementos posto no presente Código.
necessários para a decisão.
Artigo 597º
2. A decisão, porém, nunca é proferida sem se ouvir o Revisão
arguido, que sempre pode juntar ou requerer qualquer
meio de prova, e, no caso de participação ou auto de no- É admitido o recurso de revisão, nos termos e com os
tícia, os agentes e os responsáveis civis são notificados limites definidos no regime jurídico geral das contra-
para, querendo, contestarem no prazo de 10 (dez) dias. ordenações.

3. Junta a contestação, a entidade competente valora Secção IV


a prova produzida e decidirá em conformidade. Da distribuição da multa, da coima e do produto da venda
Artigo 592º
Artigo 598º
Envio do processo ao Ministério Público Distribuição da multa e da coima

1. Se, durante as investigações para apuramento da 1. A importância da multa será dividida e distribuída
infracção e seus responsáveis, a autoridade competente da forma seguinte:
chegar à conclusão de que ela tem natureza criminal,
remete o processo ao Ministério Público. a) 25% (vinte e cinco por cento) para a Fazenda
Nacional;
2. Considerando o Ministério Público que não há lugar
para a responsabilidade criminal, devolve os autos à b) 25%(vinte e cinco por cento) para o Cofre da
mesma entidade que para ele os remetera. Justiça;

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 89

c) 25% (vinte e cinco por cento) para os autuantes; seguida a forma de processo de transacção, pode o respon-
sável ser admitido a pagar uma quantia correspondente
d) 25% (vinte e cinco por cento) para o Cofre da a um quinto do máximo da pena cominada ao tipo legal,
Direcção-Geral das Alfândegas. além das custas devidas pelo processo.
2. A importância da coima será dividida e distribuída 2. O requerimento para o pagamento voluntário deve
da forma seguinte: ser apresentado até ao início da audiência de julgamento,
a) 25% (vinte e cinco por cento) para a Fazenda e com ele deve o interessado depositar a quantia corres-
Nacional; pondente, bem como a importância dos direitos e demais
imposições que forem devidos.
b) 50 % (cinquenta por cento) para os autuantes ou
participantes; 3. Excepcionalmente, pode ser reduzido o montante de
pagamento voluntário, por despacho fundamentado do
c) 25 % (vinte e cinco por cento) para o Cofre da
juiz, não podendo, porém, ser aquele montante inferior
Direcção-Geral das Alfândegas.
a um oitavo do máximo da pena aplicável.
3. Os agentes aduaneiros e os agentes de fiscalização
4. É da exclusiva competência do juiz a decisão do
aduaneira que, no desempenho de quaisquer inquéritos,
pedido de pagamento voluntário, com prévia audição do
inspecções, sindicâncias ou outras comissões análogas não
Ministério Público.
compreendidas nas suas atribuições próprias, participem
alguma infracção, têm direito a metade da percentagem 5. Se o juiz, atendendo à gravidade do facto, ao grau de
referida na alínea b) do número antecedente. culpa do agente, à situação económica e à personalidade
do agente, entender não admitir o pagamento voluntário,
4. Havendo denúncia pertence ao denunciante 50%
assim o declara em despacho fundamentado, insusceptí-
(cinquenta por cento) da parte atribuída aos autuantes
vel de recurso, e ordena o seguimento do processo.
ou participantes.
Artigo 599º 6. A decisão que aceitar o pagamento voluntário ex-
tingue a responsabilidade dos arguidos e é insusceptível
Distribuição do produto da venda
de recurso.
1. As importâncias que resultarem da venda mercado- Artigo 603º
rias, meios de transporte e quaisquer outros instrumen-
Pluralidade de arguidos
tos da infracção reverte para a Fazenda Nacional.
2. Quando a multa ou a coima não tenham sido pagas, Se forem vários os arguidos e só algum ou alguns fi-
o produto da venda é distribuído nos termos do artigo zerem o pagamento voluntário, proceder-se-á quanto a
anterior, até ao limite da sanção aplicada, depois de eles nos termos indicados no artigo precedente, seguindo
satisfeitos os encargos com o transporte, a guarda e a o processo contra os restantes, sem prejuízo da respon-
conservação de mercadorias, meios de transporte, armas sabilidade solidária a que haja lugar.
ou outros instrumentos apreendidos. Artigo 604º

Artigo 600º Pagamento voluntário da coima

Limite da participação nas coimas 1. É admitido o pagamento voluntário das coimas cor-
1. Sendo funcionários as pessoas que, nos termos dos respondentes às contra-ordenações previstas no presente
artigos anteriores, têm direito a uma percentagem do diploma.
montante da coima aplicada, não podem receber por cada 2. O requerimento é dirigido à autoridade competente
processo importância superior ao seu vencimento anual, para a aplicação da coima, até 10 (dez) dias após a no-
retirada a parte emolumentar. tificação para prestar declarações ou para contestar, ou
2. A parte excedente reverte para a Fazenda Nacional. ao juiz, no caso de impugnação judicial da decisão que
a tiver aplicado, neste caso antes de decidido definitiva-
Artigo 601º
mente o recurso.
Decisão de distribuição
3. Com o requerimento deve o interessado depositar
1. Nos processos por contra-ordenação a autoridade que uma quantia correspondente a um décimo do limite
houver instruído o processo é competente para, depois de máximo da coima prevista no tipo legal respectivo, acres-
transitada em julgado a decisão condenatória, determinar cida das importâncias dos direitos e demais imposições
a distribuição de que tratam os artigos antecedentes. devidos pela prática da contra-ordenação.
2. Nos processos por crime fiscal aduaneiro obedece-se 4. O montante do pagamento pode excepcionalmente
ao disposto no número 2 do artigo 580º deste Código. ser reduzido por despacho fundamentado da entidade
Secção V competente, não podendo, no entanto, ser inferior a um
vigésimo do limite máximo da coima aplicável.
Do Pagamento voluntário, da execução e custas
Artigo 602º 5. Efectuado pagamento voluntário nas condições
previstas neste artigo, só há lugar a sanções acessórias
Pagamento voluntário da multa
no caso de descaminho, cabendo à entidade competen-
1. Nas infracções previstas no presente diploma a que te aplicá-las, decidindo ou não da perda dos meios de
corresponda unicamente a pena de multa, e não sendo transporte.

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90 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

6. A decisão que aceite o pagamento voluntário da Artigo 608º


coima extingue a responsabilidade contra-ordenacional Remessa ao juízo das execuções fiscais
e é insusceptível de recurso.
1. Se o resultado obtido nos termos do artigo anterior
7. É aplicável, com as devidas adaptações, o disposto no não atingir a importância das quantias devidas, feita a
artigo anterior e no número 5 do artigo 602º deste Código. distribuição do montante que se tiver executado, o rema-
Artigo 605º nescente em dívida será objecto de cobrança coerciva em
Pedido de Liquidação processo de execução fiscal.

1. Nas contra-ordenações, pode o arguido requerer, 2.Extrai-se certidão de onde constem a decisão ou
em qualquer estado do processo, a liquidação da sua sentença, a conta, a data das respectivas notificações
responsabilidade, devendo a entidade competente, após e a indicação das importâncias obtidas nas vendas re-
audição do arguido, proferir logo decisão, condenando alizadas, e remetida ao juízo das execuções fiscais da
ou absolvendo. localidade em cuja área for domiciliado o arguido, e nele
é instaurada a competente execução de harmonia com os
2. Cabe recurso, nos termos deste Código, da decisão preceitos legais aplicáveis.
referida no número anterior.
Artigo 606º 2. Havendo pluralidade de arguidos, instaurar-se-á
a execução no juízo área onde for domiciliado o maior
Custas
número.
1. Transitada em julgada a decisão condenatória, o
processo é contado no prazo de 10 (dez) dias e logo noti- 3. Não sendo conhecido o domicílio do arguido, ou, em
ficados os arguidos para, no prazo de 15 (quinze) dias, caso de vários arguidos, havendo igual número domici-
pagarem a importância devida. liado em diferentes áreas, ou não tendo nenhum deles
domicílio em Cabo Verde, instaurar-se-á a execução
2. Se o pagamento não for efectuado no prazo referido no juízo da área em que tiver corrido o processo fiscal
no número anterior, é notificado o civilmente responsável aduaneiro.
para, dentro de 15 (quinze) dias, depositar a importância
em que tiver sido fixada a sua responsabilidade. 4. As quantias realizadas por virtude da execução
fiscal são depositadas à ordem do director da alfândega,
3. Nos processos por crime fiscal aduaneiro a custas devendo o juízo das execuções fiscais participar a este o
tem o destino e o regime fixados na lei geral, em tudo resultado da execução.
quanto não contrarie o presente diploma.
5. Se da cobrança coerciva inicial ou em sede da exe-
4. Nos processos por contra-ordenações as custas rever-
cução fiscal posterior, realizadas nos termos previstos
tem para os cofres da Direcção-Geral das Alfândegas.
neste diploma, tiver sido obtida importância superior à
5. Da decisão das entidades administrativas compe- que foi considerada em dívida à Fazenda Nacional, será
tentes proferidas sobre reclamação em matéria de custas o excedente restituído aos responsáveis que tiverem sido
devidas em processo por contra-ordenação, cabe recurso executados pelo pagamento daquela dívida.
para o tribunal fiscal e aduaneiro. Artigo 609º
6. Em tudo o mais, o regime das custas relativas a pro- Insuficiência do produto da venda e dos bens em depósito
cesso por contra-ordenação obedece, em tudo quanto não
contrarie o presente diploma, ao disposto na lei-quadro Proceder-se-á da forma prescrita no artigo anterior,
das contra-ordenações. sempre que for evidente que o produto da venda e das
Artigo 607º
quantias ou valores depositados é inferior às importâncias
devidas, sendo a indicação dos montantes obtidos nas
Execução
vendas substituída pela do provável produto da venda e
1. Findos os prazos mencionados no artigo anterior das quantias e valores depositados.
procede-se à execução patrimonial. Artigo 610º
2. Se nem o arguido nem o responsável civil liquidarem Depósito do Produto da Execução
a sua responsabilidade em processo de contra-ordenação
nos prazos previstos proceder-se-á à competente liquidação As quantias realizadas em resultado da execução são
pela forma e ordem seguintes: depositadas à ordem da autoridade instrutora, devendo
o tribunal participar a esta o resultado da execução.
a) Pelas quantias e valores depositados no
processo; Artigo 611º

b) Pelo produto da venda das mercadorias e dos Execução contra o responsável civil
meios de transporte e outros instrumentos da Se o civilmente responsável não fizer o depósito a que
infracção, quando não devam ser declarados alude o número 2 do artigo 606º deste Código, a decisão
perdidos a favor da Fazenda Nacional; torna-se logo executória, procedendo-se contra ele con-
c) Pelo produto da venda das mercadorias, bagagens forme o disposto nos artigos anteriores, na parte apli-
e outros bens que tiverem nas alfândegas ou cável, ficando o mesmo, relativamente à quantia paga,
em qualquer local sujeito à acção fiscal, ou de sub-rogado nos direitos da Fazenda Nacional quanto ao
que sejam recebedores ou consignatários. direito do regresso.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 91
Artigo 612º Artigo 618º
Aplicação subsidiária da lei geral Regimento do Conselho Técnico Aduaneiro

Em tudo o que não estiver especialmente regulado no O Conselho Técnico Aduaneiro aprova o seu próprio
presente Código obedecer-se-á, em matéria de execução, Regimento Interno, que dispõe sobre os demais aspectos
o disposto no Código de Processo Penal, tratando-se de de sua organização e funcionamento.
crimes, e na lei-quadro das contra-ordenações, tratando- Artigo 619º
se de contra-ordenações, se de outro não estiver estabele-
Homologação
cido na legislação tributária, designadamente, no Código
Geral Tributário, no Código de Processo Tributário e na As deliberações do Conselho Técnico Aduaneiro são
lei orgânica do Tribunal Fiscal e Aduaneiro. homologadas por despacho do membro do Governo res-
Artigo 613º ponsável pela área das Finanças, podendo ser publicadas
no Boletim Oficial.
Encargos com os instrumentos da infracção
Artigo 620º
As despesas com o transporte, a guarda e a conservação
Momento da Contestação
das mercadorias, meios de transporte, armas ou outros ins-
trumentos apreendidos serão pagas a quem as tiver feito. 1. Quando, no momento da verificação ou reverificação
das mercadorias, os serviços aduaneiros discordem dos
TÍTULO VII
elementos da declaração relativos à classificação pautal,
CONTENCIOSO TÉCNICO ADUANEIRO origem, valor e, de uma forma geral, sobre quaisquer
Artigo 614º quaisquer taxas ou impostos cuja cobrança esteja a cargo
Conselho Técnico Aduaneiro
das autoridades aduaneiras, e o declarante com tal atitu-
de se não conforme, é organizado, por despacho do chefe
As contestações de carácter técnico, suscitadas no acto da estância aduaneira, processo técnico de contestação.
da verificação ou reverificação das mercadorias ou poste-
riormente ao seu desalfandegamento, relacionadas com a 2. A contestação pode também suscitar-se após o desal-
classificação pautal, origem e valor das mercadorias, são re- fandegamento das mercadorias, na sequência da fiscali-
solvidas por deliberação do Conselho Técnico Aduaneiro. zação realizada nos termos da legislação aplicável.
Artigo 615º Artigo 621º

Composição Comunicação

O Conselho Técnico-Aduaneiro tem a composição esta- Instaurado o processo técnico de contestação, o chefe
belecida na lei e os respectivos membros, à excepção do da estância aduaneira que tiver ordenado essa instau-
presidente, designam-se vogais aduaneiros. ração, nos termos do artigo antecedente, comunicará
de imediato o facto às demais estâncias aduaneiras e à
Artigo 616º
Direcção-Geral das Alfândegas para efeitos de suspensão
Dever de Colaboração de todos os processos de desembaraço aduaneiro penden-
Os vogais aduaneiros, para além das incumbências que tes ou a iniciar relativos a mercadorias idênticas às do
lhes são próprias como relatores de processos técnicos, objecto da contestação.
devem colaborar com o Director-Geral das Alfândegas Artigo 622º
nas questões que este entender submeter-lhes. Auto inicial
Artigo 617º
1. O funcionário interveniente deve, no prazo de 24
Deliberações (vinte e quatro) horas a contar da data do despacho re-
1. O Conselho Técnico Aduaneiro tem as sessões que ferido no artigo anterior, lavrar auto inicial do processo
forem convocadas pelo seu Presidente. técnico de contestação e promover a recolha das amostras
necessárias.
2. O Conselho Técnico Aduaneiro pode funcionar e
deliberar, desde que esteja presente a maioria absoluta 2. O auto inicial, redigido em duplicado, é assinado
dos seus membros. pelo funcionário interveniente e pelo declarante, e deve
conter os seguintes elementos:
3. As deliberações do Conselho são tomadas com o voto
favorável da maioria dos presentes, cabendo ao Presiden- a) A identificação do documento de despacho,
te voto de qualidade. nomeadamente natureza, estância aduaneira,
números e datas de registo;
4. A redacção da deliberação do Conselho é feita, em
harmonia com a discussão e votação que tiver prevalecido, b) Os nomes e endereços dos donos ou consignatários
por um relator, designado pelo seu Presidente, de entre das mercadorias e do seu representante;
os vogais do dito Conselho. c) O nome e categoria do funcionário interveniente;
5. A deliberação do Conselho começa por um relatório, d) A descrição da mercadoria em litígio;
seguido da exposição dos fundamentos e termina pela
decisão, devendo ser assinada pelo Presidente e por e) A classificação pautal, taxas, origem e valor
todos os vogais que intervieram na discussão e votação, atribuídos pelo declarante e pelos serviços;
incluindo os que discordaram da deliberação tomada f) A enumeração das amostras extraídas, com a indicação
por maioria. de ser ou não pretendida a sua devolução.

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92 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 623º Artigo 630º
Nota justificativa Decisão do Director-Geral e seus efeitos
No prazo de 8 (oito) dias úteis, a contar da data da 1. Se ordenado o prosseguimento do processo, é este
elaboração do auto inicial, o funcionário aduaneiro in- remetido ao Conselho Técnico-Aduaneiro.
terveniente deve apresentar nota justificativa da sua
discordância quanto aos elementos da declaração. 2. A decisão do Director-Geral das Alfândegas, prevista
Artigo 624º
na parte final do artigo anterior, deve ser fundamentada
e notificada ao declarante, sendo o processo devolvido à
Resposta do declarante
estância aduaneira de procedência, para ultimação do
Nos 8 (oito) dias úteis seguintes ao termo do prazo esta- despacho.
belecido no artigo anterior, deve o declarante apresentar Artigo 631º
ou declaração de concordância com a posição assumida
pela administração aduaneira ou documento fundamen- Tramitação do processo
tado de contestação àquela posição. 1. Recebidos no Conselho, os processos são registados
Artigo 625º e distribuídos sequencialmente pelos vogais aduaneiros
Elementos Complementares para efeitos de elaboração dos relatórios preliminares.
Tanto a nota justificativa como a contestação podem 2. O vogal relator e o Conselho podem solicitar ele-
fazer-se acompanhar de cópia de facturas, de certificados mentos adicionais, incluindo análises, que se mostrarem
de origem, de relatório de análises ou quaisquer outros necessárias a uma completa instrução do processo.
elementos relativos às mercadorias.
3. O relatório é, no prazo máximo de 20 (vinte) dias
Artigo 626º a contar da data da recepção dos elementos adicionais
Efeitos da Declaração ou da Falta de Contestação referidos no número anterior, apresentado ao Director-
O processo é considerado findo, ultimando-se o despacho, Geral das Alfândegas que ordena a sua junção ao processo
quando o declarante venha a juntar aos autos a declaração e vista aos outros vogais.
de concordância ou quando não apresente contestação, nos 4. Os vogais devem devolver o processo à Secretaria do
termos previstos no artigo 620º deste Código. Conselho no prazo de 3 (três) dias a contar da data em
Artigo 627º que o tiverem recebido.
Amostras 5. Obtidos os vistos, é o processo apresentado ao Presi-
1. Por cada processo técnico de contestação são, sempre dente que convoca o Conselho com a antecedência mínima
que possível, retirados 3 (três) amostras das mercadorias de 5 (cinco) dias da data fixada para a reunião.
em litígio, as quais são seladas e rubricadas pelo decla- 6. Aos donos ou consignatários das mercadorias, por
rante e pelo funcionário interveniente. si ou através de seus representantes, mediante pedido
2. A estância aduaneira onde se suscitou a contestação dirigido ao Presidente do Conselho, e formulado com a
conserva uma amostra e envia as restantes à Direcção-Geral necessária antecedência, é facultado comparecer no início
das Alfândegas, acompanhadas do respectivo processo. das sessões do Conselho para exporem verbalmente as
razões que julgam assistir-lhes, devendo retirar-se antes
3. As amostras excessivamente pesadas ou incómodas
de iniciados os debates.
ficam na estância aduaneira onde se originou o litígio, à
ordem do Director-Geral das Alfândegas. 7. As deliberações do Conselho, homologadas nos
4. Quando não for possível retirar amostras, os serviços termos previstos no artigo 619º deste Código, são trans-
aduaneiros podem aceitar planos, desenhos, modelos, mitidas às Alfândegas para notificação aos interessados
fotografias, memórias descritivas ou quaisquer outros e ultimação dos despachos.
documentos que permitam identificar as mercadorias Artigo 632º
em litígio, os quais devem ser selados e rubricados por Revisão das deliberações do Conselho
ambas as partes.
Artigo 628º
Por razões devidamente fundamentadas, pode Direc-
tor-Geral das Alfândegas, ouvido o Conselho Técnico
Remessa do processo
Aduaneiro, propor ao membro do Governo responsável
Logo que a contestação seja recebida, o processo é re- pela área das Finanças a revisão de qualquer deliberação
gistado e remetido à Direcção-Geral das Alfândegas. do Conselho, anteriormente homologada.
Artigo 629º Artigo 633º
Exame sumário do processo Aplicabilidade das deliberações do Conselho
Depois de um exame sumário dos autos, o Director- As deliberações do Conselho, depois de homologadas,
Geral das Alfândegas pode ordenar o prosseguimento nos termos do artigo 619º deste Código, são obrigatoria-
do processo ou o seu arquivamento por, neste caso, con- mente aplicáveis pelos serviços aduaneiros, não somente
siderar o Conselho incompetente em razão da matéria aos casos a eles submetidos, mas também a todos os casos
ou manifestamente infundadas as razões aduzidas na idênticos destes contemporâneos e aos casos que vierem
nota justificativa. a ocorrer a partir da data da homologação.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 93
Artigo 634º Artigo 640º
Validade das deliberações do Conselho Divergência
As deliberações do Conselho, homologadas nos termos 1. As divergências que se suscitarem entre funcioná-
previstos neste diploma, são válidas até que sejam: rios aduaneiros em hipóteses idênticas às referidas no
a) Modificadas por outras deliberações proferidas artigo 614º deste Código são resolvidas administrativa-
pelo Conselho Técnico-Aduaneiro, homologadas mente pelo Director-Geral das Alfândegas, em processos
ou revistas, nos termos dos artigos 619º e 632º instruídos, com as necessárias adaptações, nos moldes
deste Código, ou, ainda em virtude de ulterior previstos neste diploma.
disposição. 2. Uma vez fixada a matéria de facto, não são admitidas
b) Anuladas por decisão proferida em recurso divergências.
contencioso, com trânsito em julgado. Artigo 641º
Artigo 635º
Regime subsidiário
Publicação das deliberações do Conselho
Em tudo quanto não estiver previsto neste Título,
As deliberações do Conselho, após homologação, são observar-se-ão, na parte aplicável e com as devidas
publicadas em circular da Direcção-Geral das Alfândegas, adaptações, os preceitos constantes do Contencioso Fiscal
mantendo-se confidenciais os nomes dos intervenientes Aduaneiro e da legislação subsidiária respectiva.
nos processos e a marca comercial da mercadoria.
Artigo 636º
TÍTULO VIII
Recurso do acto de homologação das deliberações CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
Cabe recurso contencioso, nos termos da lei geral, do ADUANEIRO
acto do membro do governo responsável pela área das CAPÍTULO I
finanças que homologue as deliberações do Conselho
Técnico Aduaneiro Princípios gerais
Artigo 637º Artigo 642º

Levantamento das Mercadorias Processos administrativos aduaneiros

1. Desde que se disponha de todos os elementos neces- Determinam a instauração de processos administra-
sários à apreciação do litígio, pode o contestante retirar tivos aduaneiros:
das estâncias aduaneiras as mercadorias em contestação
a) As mercadorias, sujeitas à acção fiscal, demoradas
que não sejam de importação proibida, mediante garantia
além dos prazos legais;
dos maiores direitos e outras imposições. Na hipótese de
se presumir responsabilidade fiscal, a caução deve ainda b) As mercadorias sujeitas à acção fiscal, quando
abranger a importância julgada suficiente para garantir tenham sido objecto de abandono a favor da
essa responsabilidade. Fazenda Nacional;
2. As mercadorias idênticas que estejam ou venham c) As mercadorias achadas no mar e as que tenham
a estar submetidas a despacho, ficam sujeitas, na parte sido arrojadas do ar ou pelo mar;
aplicável, ao disposto no número que antecede, se os in-
d) As mercadorias salvadas de naufrágio, se o navio
teressados não preferirem aguardar a decisão final das
tiver sido abandonado, ou quando o capitão tiver
instâncias competentes.
requerido a sua venda, observando-se, porém,
3. Para efeitos prescritos no n.º 2 deste artigo, a es- o disposto nas convenções internacionais que
tância aduaneira onde se tenha suscitado a contestação, vinculem o Estado de Cabo Verde e demais
faz, de imediato, às demais casas fiscais a competente legislação aplicável;
comunicação.
e) Os espólios;
Artigo 638º
f) A cobrança coerciva de quaisquer importâncias
Senha de Presença
que devam ser arrecadadas pelas alfândegas;
Os membros do Conselho têm direito a senhas de pre-
sença por cada reunião em que participem, de montante g) Quaisquer outros casos indicados na lei.
a fixar por despacho do membro do governo responsável Artigo 643º
pela área das finanças. Instauração
Artigo 639º
A instauração de processos administrativos aduaneiros
Despesas é feita com base em participação apresentada por funcio-
As despesas com o transporte de amostras ou modelos, nário aduaneiro competente.
qualquer que seja o meio de transporte utilizado, assim Artigo 644º
como as relativas a análises que houverem de efectuar-se
Venda das mercadorias
para julgamento dos processos de contestação, somente
são pagas pelas partes quando estas tiverem decaído, no As disposições relativas à venda de mercadorias de-
todo ou em parte, no respectivo processo. moradas e abandonadas aplicam-se, com as necessárias

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94 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

adaptações, à venda das mercadorias objecto dos res- 2. Quando o dono ou consignatário das mercadorias
tantes processos administrativos aduaneiros previstos tiver feito apenas declaração verbal de abandono, ou não
neste título. souber escrever, lavra-se termo em livro especialmente
Artigo 645º
destinado a esse fim, o qual é assinado por aquelas
autoridades, pelo escrivão do cartório aduaneiro e pelo
Objectos não sujeitos a venda interessado, quando souber escrever, e por duas teste-
1.Não são, porém, vendidos os valores em espécie, munhas idóneas.
pedras preciosas, jóias e papéis de crédito encontrados 3. As declarações referidas neste artigo são registadas
em espólios, os quais são transferidos para as agências, por ordem cronológica, em livro específico.
filiais ou delegações do banco emissor dos papéis de cré-
4. O abandono expresso pode ser realizado a favor de
dito, onde ficam depositados à ordem do Director Geral
terceiros ou da Fazenda Nacional.
das Alfândegas, até resolução do respectivo processo de
habilitação. Artigo 649º
Mercadorias demoradas
2. Os objectos referidos no número antecedente só são
entregues a quem forem devidos, depois de pagas as des- São consideradas mercadorias demoradas as armaze-
pesas de que estejam cativos, sendo livres de direitos. nadas em quaisquer depósitos temporários ou em entre-
postos aduaneiros, quando neles excedam os respectivos
3. Podem, entretanto, ser vendidos, independentemen- prazos de armazenagem, designadamente, porque:
te de precatório, mediante autorização do membro do
Governo responsável pela área das Finanças, passados a) Não foram apresentados os documentos
dez anos sobre a data da constituição do depósito, se não indispensáveis à sua sujeição ao regime
tiver havido reclamação dos interessados, venda essa que aduaneiro declarado;
é precedida de éditos de 90 dias. b) A sua verificação não pôde ser iniciada ou prosseguida
Artigo 646º nos prazos fixados pela administração aduaneira,
por motivos imputáveis aos declarantes;
Base de dados centralizada
c) Os direitos e outras imposições devidos não foram
1. É criada a nível da Direcção-Geral das Alfândegas pagos ou garantidos nos prazos fixados;
uma base de dados informatizada para a qual são cana-
lizadas todas as informações relevantes relativas às mer- d) Estão sujeitas a medidas de restrição ou de
cadorias objecto de processos aduaneiros administrativos, contingentação.
em particular as mercadorias demoradas e abandonadas, Artigo 650º
como instrumento de apoio das autoridades aduaneiras Presunção de abandono
na gestão desse sector da actividade aduaneira.
1. As mercadorias demoradas presumem-se sempre
2. A criação e o regime de funcionamento da base abandonadas a favor da Fazenda Nacional.
de dados referida no número antecedente constam de
regulamento. 2. A presunção de abandono é ilidível nos termos do
artigo seguinte.
CAPÍTULO II
Artigo 651º
Mercadorias demoradas e abandonadas Momento da ilisão
Artigo 647º A presunção de abandono pode ser ilidida até:
Mercadorias abandonadas a) À entrega da mercadoria a serviços do Estado,
1. Entende-se por abandono a renúncia da propriedade municipais, de assistência e beneficência
de quaisquer mercadorias sob acção fiscal por parte do públicas, ou da sua utilização no abastecimento
seu legítimo dono ou consignatário. público;
b) À realização da sua venda.
2. O abandono é expresso quando a renúncia é feita
Artigo 652º
por escrito, e tácito quando conste ou se deduza de actos
que não dêem lugar a dúvidas. Formalidades

Artigo 648º O dono ou consignatário da mercadoria interessado em


ilidir a presunção de abandono deverá manifestar essa
Abandono expresso
intenção e requerer o despacho da mercadoria em causa
1. O abandono expresso deve constar de declaração à estância aduaneira competente, efectivando o referido
apresentada ao director da alfândega ou ao chefe da despacho no prazo de cinco dias contados a partir da
estância aduaneira sob cuja jurisdição as mercadorias data em que tiver sido notificado da decisão favorável
se encontrem, as quais serão devidamente especificadas, do seu pedido.
com indicação dos volumes em que estão acondicionadas, Artigo 653º
devendo a assinatura do requerente, quer seja o seu dono, Encargos incidentes sobre a mercadoria
quer seja o consignatário ou o seu bastante procurador,
ser feita na presença da autoridade aduaneira, ou reco- 1. As mercadorias despachadas ao abrigo do disposto
nhecida por notário. no artigo anterior são cativas do pagamento de todas as

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 95

despesas a que tiverem dado lugar, designadamente as Artigo 656º


relativas a serviços prestados, anúncios e editais que já Publicidade da venda
tiverem sido publicados, bem como de uma sobretaxa de
cinco por cento sobre o respectivo valor, que constitui Ordenada a venda, a estância aduaneira competente
receita do Estado. procede à respectiva publicitação, mediante editais e
anúncios.
2. Tratando-se de mercadorias destinadas ou consig-
nadas a instituições e serviços públicos, a autarquias Artigo 657º
locais, ao corpo diplomático e consular, a instituições Conteúdo do Edital
não governamentais, legalmente reconhecidas e que
tenham em vista exclusivamente fins humanitários, 1. O edital e os anúncios são redigidos e afixados pelo
religiosos, culturais, educativos, desportivos, de saúde escrivão à porta da estância aduaneira por onde corre o
pública ou outros fins sociais, bem como às doadas ou processo de venda, devendo conter:
financiadas no âmbito da cooperação internacional, e em a) A designação da estância aduaneira por onde
outros casos de cortesia internacional, podem, por razões corre a venda;
fundamentadas, ser isentas da sobretaxa referida no
número anterior, pelo membro do Governo responsável b) A designação comercial da mercadoria a vender, o
pela área das finanças. nome do meio de transporte, as contramarcas,
marcas e o número dos volumes, os nomes dos
CAPÍTULO III
donos ou consignatários, se conhecidos, e os
Organização e instrução dos processos números dos títulos de propriedade;
administrativos
c) O local, prazo e horas em que as mercadorias
Secção I
podem ser examinados;
Organização e avaliação das mercadorias
Artigo 654º d) Valor base da venda;
Trâmites após a apresentação da participação e) Designação e endereço da entidade a quem devem
1. Apresentada a participação referida no artigo 643º ser entregues ou enviadas as propostas;
deste Código, a mesma é registada e autuada pelo fun- f) Data e hora limites para recepção das propostas;
cionário que servir de escrivão, sendo o respectivo pro-
cesso remetido aos funcionários designados pelo chefe da g) Data, hora e local de abertura das propostas;
estância aduaneira para efeitos de imediata verificação,
h) O direito reconhecido aos proponentes de
contagem dos direitos e demais imposições devidas e
assistirem à sessão de abertura das propostas
formação de lotes.
em carta fechada
2. A verificação, contagem e formação de lotes podem
ser feitas por um mesmo funcionário do quadro técnico 2. Os bens devem estar patentes no local indicado,
aduaneiro, o qual procede à formação de lotes, de acordo pelo menos até ao dia e hora limites para recepção das
com as designações e valores atribuídos às mercadorias, e, propostas, sendo o depositário obrigado a mostrá-los a
tanto quanto possível, por cada dono ou consignatário. quem pretenda examiná-los, durante as horas fixadas
nos meios de publicitação da venda.
3. Em seguida, é o processo devolvido ao escrivão que,
Artigo 658º
no prazo de 24 horas, envia o processo ao fiel do armazém
onde as mercadorias estiverem depositadas, ou quem Mercadorias sujeitas a desnaturação
suas vezes fizer, para efeitos de descrição dos valores
Quando se tratar de mercadorias que, pelo seu estado
e seu registo e transcrição em livro de listas, no qual ou natureza, estejam sujeitas a desnaturação, o edital
indica o número de registo de entrada e do processo, as e os anúncios devem mencionar que as mesmas só são
contramarcas, marcas e números dos volumes, os nomes vendidas depois de desnaturadas nos termos legais
dos donos ou consignatários das mercadorias, quando e que as despesas de desnaturação são por conta dos
sejam conhecidos, e o valor por que as mercadorias serão compradores.
vendidas. Artigo 659º
4. Cumprido o disposto no número anterior, é afixado Mercadorias de importação proibida
em cada lote etiqueta, com a indicação do número de
registo, quantidade e qualidade da mercadoria, devol- 1. Quando a mercadoria a vender estiver sujeita a uma
vendo-se de imediato o processo ao escrivão. proibição relativa de importação, o edital deve ainda
especificar que a venda só pode ser realizada a entidade
Artigo 655º devidamente habilitada a importá-la ou que se compro-
Avaliação das mercadorias
meta a apresentar tal habilitação até ao momento em
que for levantá-la, dispensando-se, todavia, este requisito
Cumpridas as formalidades previstas no artigo ante- quando, em casos excepcionais devidamente justificados,
cedente, a estância aduaneira competente procede à ava- tal for autorizado pelo membro do governo competente.
liação das mercadorias, segundo o seu valor de mercado, 2. Tratando-se de mercadoria sujeita a uma proibição
para efeitos de venda, podendo a fixação desse valor ser absoluta de importação e havendo conveniência do Estado
efectuada por outros serviços técnicos da administração na sua venda, o edital especificará que aquela só poderá
pública ou por serviços externos especializados. ser efectuada para efeitos de reexportação.

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96 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 660º 2. São inutilizados os impressos avulsos, gravuras,
Venda de refugos postais
estampas, litografias e cartonagens e ainda quaisquer
reclamos e taras com dizeres indicativos de marcas de
1. A venda de refugos postais cativos de direitos adu- produtos ou outros semelhantes.
aneiros e de outros impostos cobrados pelas alfândegas,
Artigo 667º
que tiverem de ser vendidos nos termos de convenções
internacionais aplicáveis, é realizada por intermédio dos Local de entrega das propostas e de realização da venda
serviços postais.
A entrega de propostas faz-se na sede da estância
2. Consideram-se refugos os objectos postais que não pos- aduaneira onde vai ser efectuada a venda.
sam ser expedidos, entregues aos destinatários ou restituí-
dos aos remetentes, nos termos do Regulamento do Serviço Artigo 668º
Público de Correios e demais legislação complementar. Abertura de propostas
Artigo 661º 1.A abertura das propostas faz-se no dia e hora de-
Local de venda de arrojos, achados e salvados signados, na presença do chefe da estância aduaneira
competente, podendo assistir a ela os proponentes.
As mercadorias achadas no mar, ou por ele arrojadas,
as que constituem arrojos aéreos e as salvadas de nau- 2. O direito reconhecido aos proponentes de assistirem
frágio podem ser vendidas nos próprios locais em que à sessão de abertura das propostas em carta fechada
estiverem quando, por motivo de dificuldades ou excessi- deve constar obrigatoriamente dos anúncios e editais de
vo custo de transporte, o Director-Geral das Alfândegas publicitação da venda.
assim determinar. Artigo 669º
Artigo 662º Presidência da sessão de abertura
Valor base dos bens para a venda 1. São presididas pelos directores das alfândegas ou por
O valor base a anunciar para a venda é igual a 70% do agentes aduaneiros, por delegação, as sessões de abertura
determinado nos termos do artigo 655º deste Código. das propostas em carta fechada que se realizarem na sede
das alfândegas, incluindo as suas estâncias urbanas,
Artigo 663º podendo também os mesmos directores, quando assim
o julguem conveniente, ir presidir às que se realizarem
Modalidade da venda
fora das aludidas sedes.
1. A venda é feita por meio de propostas em carta
2. As sessões de abertura realizadas nas estâncias
fechada, salvo quando diversamente se disponha na lei, aduaneiras dependentes, quando não forem presididas
pelo valor base que for mencionado nos editais e anúncios pelos directores das sedes das alfândegas, são-no pelo
de sua publicitação. chefe da respectiva estância aduaneira ou por agente
2. No caso de frustração da venda mediante proposta aduaneiro por eles designado.
em carta fechada, pode ser ordenada a venda por nego- 3. Podem, no entanto, as autoridades judiciais presidir à
ciação particular ou então a entrega da mercadoria às en- venda das mercadorias arrestadas, a seu pedido, nos locais
tidades públicas ou de utilidade pública referidas na lei. em que se encontrem sob a acção aduaneira, observadas as
3. No despacho que ordenar a venda por negociação disposições previstas no presente diploma respeitantes a
particular, é indicado o preço mínimo pela qual deve ser venda de mercadorias mediante proposta em carta fechada,
realizada. assim como a legislação vigente sobre o desalfandegamento
de mercadorias sujeitas à acção fiscal.
4. O preço é depositado directamente pelo comprador,
à ordem da estância aduaneira competente. 4. As vendas, presididas nos termos deste artigo, são
secretariadas pelo escrivão, ou funcionário que suas
Artigo 664º vezes fizer.
Frustração da venda mediante proposta Artigo 670º
Considera-se frustrada a venda mediante proposta em Identificação dos proponentes
carta fechada, em caso de inexistência de proponentes
ou de existência apenas de propostas de valor inferior ao Salvo o caso de serem conhecidos pelo presidente, os
valor base anunciado ou quando haja urgência, devida- proponentes serão identificados por documento legalmen-
mente fundamentada, na realização da venda. te exigido para a identificação pessoal.
Artigo 665º Artigo 671º
Dispensa da venda particular
Auto de realização ou não da venda
A venda particular é, entretanto, dispensada se se
reconhecer haver conveniência no aproveitamento da Os resultados da abertura das propostas são sempre redu-
mercadoria para serviços do Estado ou municipais ou zidas a auto, seja ou não seleccionada alguma proposta.
para organizações não governamentais, legalmente reco- Artigo 672º
nhecidas, que tenham fins exclusivamente humanitários,
religiosos, culturais, educativos, desportivos, de saúde Guia de pagamento
pública ou outros fins sociais.
1.Quando haja uma proposta vencedora, o escrivão,
Artigo 666º a seguir à lavratura do respectivo auto, passa as com-
Inutilização de mercadorias petentes guias de pagamento, sem prejuízo de poder
ser exigida imediatamente quantia até 25% do valor da
1. As mercadorias às quais não for possível atribuir referida proposta vencedora.
nenhum dos destinos referidos nos artigos antecedentes,
são mandadas inutilizar por despacho do membro do 2. Ao preço da venda acresce sempre a percentagem de
Governo responsável pela área das finanças. 10% sobre a qual não recai adicional algum.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 97

3. Do produto da percentagem referida no número an- 4. Qualquer das autoridades aludidas neste artigo entrega
terior são distribuídos 30% ao director da alfândega ou ao os salvados e respectivo inventário ao funcionário que for
chefe da estância aduaneira, conforme couber, 25% ao perito presidir ao salvamento, nos termos do artigo seguinte.
aduaneiro, 20% ao escrivão, 20% ao participante, constituin- 5. O disposto nos números antecedentes é extensivo
do os restantes 10% receita da Fazenda Nacional. aos sinistros de aeronaves.
4. As guias de pagamento devem conter, entre outras, 6. O disposto neste capítulo, no respeitante a sinistros
a indicação das designações comerciais ou correntes das marítimos e aéreos, aplica-se sem prejuízo das disposições
mercadorias a vender, quantidades de cada espécie, mar- específicas em matéria de segurança marítima e de se-
ca, número, cores ou outros sinais que possam servir de gurança da aviação civil.
diferenciação entre as referidas mercadorias e quaisquer
Artigo 676º
outras, número do respectivo processo administrativo e
correspondente lote. Registo e autuação da participação e comparência
no local do sinistro
5. Na hipótese de o proponente seleccionado não efec-
tuar o pagamento no prazo de cinco dias, é o processo O director da alfândega ou o chefe da estância aduaneira
concluso ao director, ou chefe da estância aduaneira, que, devem mandar logo registar e autuar a participação e, se
no prazo de cindo dias, ordena a venda em negociação não puderem comparecer no local do sinistro, por este se
particular ou propõe que seja dado outro destino legal ter dado em local distante ou por qualquer outra circuns-
às mercadorias. tância, devem nomear funcionário que faça as suas vezes
e que estabeleça a devida fiscalização para salvaguarda
6. Considera-se perdida a favor da Fazenda Nacional dos interesses do Estado e dos particulares.
a percentagem referida no n.º 1 deste artigo, quando o
Artigo 677º
proponente não efectuar o pagamento total do valor da
venda no prazo referido no número antecedente, com a Medidas requeridas pela fiscalização, assistência e salvação
eventual prorrogação que, a pedido, lhe for concedida
1. Os directores das alfândegas ou os chefes das estâncias
pelo director ou chefe da casa fiscal. aduaneiras ou os funcionários que presidirem ao sal-
Artigo 673º vamento, conforme os casos, requisitam os agentes da
Guarda Fiscal que forem julgados necessários, tomam
Entrega das mercadorias as medidas requeridas para salvação e assistência, in-
Efectuada a entrega da totalidade do preço da venda e ventariarão os salvados e organizarão lista diária dos
salários devidos.
da percentagem legal, o encarregado do armazém promo-
verá a entrega das mercadorias, juntando-se ao processo 2. Do inventário consta a quantidade e qualidade, mar-
a guia de pagamento e outros documentos exigíveis. cas, números ou quaisquer outros sinais dos salvados e
a designação da sua natureza, se for visível.
Artigo 674º
Artigo 678º
Registo do destino dado às mercadorias
Salvação a cargo do capitão
1.O encarregado do armazém regista e apura no documento
competente qual o destino dado às mercadorias, devendo, Se o capitão, por si ou por outrem, tomar a seu cargo
quando tiverem sido vendidas, indicar também o valor do proceder à salvação, as autoridades aduaneiras referidas
montante da venda e o número de receita ou de depósito. no artigo anterior limitam-se a presidir à fiscalização e
ao inventário dos salvados, mencionando-se no processo
2.Feitos os averbamentos prescritos no número ante- esta circunstância.
rior, é o processo devolvido ao escrivão, ou quem suas
Artigo 679º
vezes fizer, e imediatamente concluso ao director da
alfândega, que ordena a sua liquidação. Remoção de salvados

3. Feita a liquidação, o processo é de novo concluso ao 1. Quando, para se evitarem danos aos salvados ou por
director da alfândega que ordena o seu arquivamento. qualquer outro motivo justificado, for julgado convenien-
te remover os salvados para armazém próximo ou para
CAPÍTULO IV a própria estância aduaneira, o funcionário assistente
Sinistros marítimos e aéreos, achados e arrojos deve propô-lo.
Artigo 675º 2. O disposto no número anterior é extensivo a todos os
casos em que os interessados solicitem a referida remoção,
Ocorrência de sinistros
desde que o valor presumível garanta a despesa.
1. Quando ocorram quaisquer sinistros marítimos na Artigo 680º
costa, nos portos ou enseadas, cumpre à autoridade adu-
aneira ou da Guarda Fiscal mais próxima providenciar Anúncio do sinistro
imediatamente, no que estiver ao seu alcance, para efec- 1. Junto o inventário ao processo, o director da alfândega
tuar a salvação de pessoas, embarcações e outros bens, ou o chefe da estância aduaneira fazem anunciar, nos
devendo estes ser cuidadosamente inventariados. termos legais, todas as circunstâncias do sinistro, com a
2. A autoridade da Guarda Fiscal a que se refere o indicação das características dos salvados constantes do
número anterior deve dar imediato conhecimento da inventário, convidando quem de direito a fazer as suas
reclamações dentro de um prazo que não inferior a trinta
ocorrência à competente estância aduaneira, utilizando dias, e declarando que, findo este prazo, é ordenada a
para isso a via mais rápida. venda mediante proposta em carta fechada.
3. Todas as estâncias aduaneiras que tenham conhe- 2. Se a natureza ou o estado da mercadoria tornarem
cimento de qualquer sinistro, nos termos dos números indispensável a sua venda imediata, assim se deve pro-
anteriores, devem comunicá-los superiormente, utilizan- ceder, seguindo-se-lhe, para reclamação do produto da
do também para isso a via mais rápida. venda, o edital aludido no número que antecede.

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98 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010
Artigo 681º Artigo 685º

Reclamação dos salvados Aplicação das convenções internacionais e da lei comercial

1.Apresentando-se o dono ou seu legítimo representan- Com referência aos naufrágios e arrojos observam-se
te a reclamar, são-lhe entregues, provado o seu direito, os os preceitos consignados nas convenções internacionais
salvados ou o produto da sua venda, depois de pagos os que obrigam o Estado de Cabo Verde ou o disposto na
direitos e mais imposições legais, bem como os salários legislação comercial comum em vigor.
e outros encargos devidos. CAPÍTULO V
2. Não havendo reclamação, são os salvados subme- Cobrança coerciva de importâncias que devam
tidos a venda mediante proposta em carta fechada, de ser arrecadadas pelas alfândegas
harmonia com as formalidades prescritas nos capítulos
antecedentes. Artigo 686º

Artigo 682º Efectivação da retenção de mercadorias

Achadores 1. Quando for participado pelo serviço de controlo a


posteriori que as importâncias das diferenças para menos
1.Os achadores de objectos achados no mar ou por ele encontradas na conferência de bilhetes de despacho ou
arrojados, qualquer que seja a sua qualidade ou categoria,
devem comunicar o facto à estância ou posto aduaneiro quando se tornem exigíveis as obrigações garantidas e
mais próximo. os responsáveis não efectuem voluntariamente o paga-
mento das importâncias em dívida no prazo fixado na
2. Dos objectos achados ou arrojados, que ficam sob lei, procede-se à sua cobrança coerciva, nos termos dos
fiscalização e aos quais é aplicável o disposto no artigo números seguintes.
680º deste Código, é feito inventário, nos termos do artigo
675º, do qual deverá constar também o nome dos acha- 2. O responsável pelo respectivo serviço remete a
dores, o local em que os objectos foram encontrados e o participação, juntamente com o processo organizado,
seu valor aproximado. ao Director da Alfândega ou ao Chefe da Delegação
Aduaneira, que manda autuar instaurando-se processo
3. As autoridades aduaneiras ou da Guarda Fiscal que se- administrativo nos termos da alínea f) do nº 1 artigo 642º
jam achadores ou a quem tiver sido feita a comunicação re- deste Código.
ferida no n.º 1 deste artigo devem participar esta ocorrência
nos termos preceituados nos números 2 e 3 do artigo 675º, 3. Concluso o processo, o Director da alfândega ou o
juntando a esta participação o competente inventário. Chefe da Delegação Aduaneira determina que se oficie a
4. Recebidos os elementos indicados no número an- todas as estâncias da respectiva circunscrição aduaneira
terior, o director da alfândega ou o chefe da estância e às direcções das outras alfândegas para se proceder à
aduaneira, depois de os mandarem registar e autuar, efectivação da retenção das mercadorias, bagagens ou
devem proceder de harmonia com o preceituado no artigo quaisquer valores que os responsáveis pelo pagamento
677º deste Código. tiverem nas estâncias aduaneiras, em depósito de regime
aduaneiro ou de regime livre, ou em quaisquer outros
5. No caso de legítima reclamação, observar-se-á o locais sob a acção fiscal e de que sejam proprietários.
disposto no n.º 1 do artigo 681º deste Código, devendo,
porém, o reclamante abandonar uma terça parte do valor 4.Se as mercadorias, bagagens ou valores de que trata
do achado ou do produto da arrematação, para ser dado o número anterior estiverem em armazéns de depósitos
ao achador, como salário de salvação. temporário ou em entrepostos públicos, a retenção por
6. A terça parte do valor a que se refere o número anterior conta da administração aduaneira é efectuada pelas
é calculada pelo valor atribuído ao achado por funcionários respectivas administrações, mediante requisição dos
técnico-aduaneiros designados para esse fim. directores das alfândegas ou chefes das estâncias adua-
neiras que junto deles funcionem.
7.Não havendo reclamação, seguem-se os trâmites
prescritos no Capítulo III. 5. A retenção referida nos números antecedentes
abrange as mercadorias sob a acção fiscal cujos conhe-
Artigo 683º cimentos de embarque, cartas de porte ou quaisquer
Procura de objectos no fundo do mar outros títulos de propriedade tenham sido endossados
pelos responsáveis pelo pagamento de importâncias em
1. Os achados de despojos históricos encontrados no dívida posteriormente à data em que foi encontrada a
fundo do mar são, nos termos da lei, propriedade do Estado, diferença em dívida pelos serviços aduaneiros.
devendo a sua busca e recolha, o exercício da pesquisa
arqueológica submarina e a disposição dos achados e 6. O disposto no n.º 1 do presente artigo é ainda aplicável
arrojos, ser objecto de regulamentação própria. quando se verificar a insuficiência de qualquer depósito
em numerário para garantia de obrigações assumidas
2. É também objecto de legislação específica a procura perante as alfândegas e os responsáveis não efectuem o
de objectos no fundo do mar não abrangidos pelo disposto necessário reforço do depósito ou o pagamento voluntário
no número anterior. das importâncias devidas no prazo fixado.
Artigo 684º Artigo 687º

Objectos não considerados achados ou arrojos, Liquidação da importância em dívida


para efeitos aduaneiros
1.Recebidos os autos da realização da retenção e o in-
Não se consideram achados ou arrojos, para efeitos ventário das mercadorias, bagagens ou valores objecto da
aduaneiros, as embarcações nacionais e seus pertences, medida, o director da alfândega ou o chefe da delegação
com donos conhecidos, que se encontrem boiando nas aduaneira determinam que se proceda à competente li-
águas ou venham dar à costa, e bem assim os ferros, quidação da importância em dívida pelo produto da venda
ancoras, bóias, poita, gatas, ancoreta e fateixas e todo o das mercadorias e outros bens objecto da medida.
material que seja considerado, pela autoridade compe- 2. Na venda a que se refere o número anterior obser-
tente, de natureza militar. vam-se as disposições previstas neste Código.

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I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010 99
Artigo 688º Artigo 691º

Remessa ao juízo de execução fiscal Achados, arrojos marítimos ou aéreas e salvados

Se o resultado obtido pela aplicação do preceituado no 1.Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 672º e
artigo antecedente não atingir as importâncias devidas número 2 do artigo anterior deste Código, do produto da
pelos responsáveis, remeter-se o processo ao juízo das venda das mercadorias achadas no mar ou por ele arro-
execuções, para prosseguimento da cobrança coerciva, jadas ou caídas de aeronaves ou salvadas de naufrágios,
acompanhado de certidão extraída nos termos do artigo devem deduzir-se, por esta ordem:
608º deste Código. a) As despesas de transporte, guarda, beneficiação
e anúncios;
Artigo 689º
b) A parte para o achador, que será um terço do
Comunicação para efeito de arquivamento do processo valor da mercadoria, quando se tratar de
de execução fiscal mercadorias achadas ou arrojadas ou caídas,
salvo quando outra percentagem tenha sido
Quando, posteriormente, tenham sido retidas e
fixada nos termos do n.º 3 do artigo 672º
vendidas novas mercadorias, o director da alfândega,
deste Código, ou as despesas dos salários de
por intermédio do cartório aduaneiro, faz a necessária
assistência e salvação, quando se tratar de
comunicação à competente repartição de finanças por
mercadorias salvas de naufrágios;
onde esteja a correr o processo de execução fiscal a fim
de ser arquivado o mesmo processo logo que o produto c) Os direitos e demais imposições devidas.
da venda tenha atingido a importância necessária para
2. A importância líquida entra em depósito, à ordem
o pagamento total da importância devida.
do Estado, para ser entregue ao dono das referidas mer-
CAPÍTULO VI cadorias, devendo entrar como receita quando não seja
reclamada no prazo de seis meses.
Distribuição do produto da venda
3. Quando as mercadorias forem distribuídas a serviços
Artigo 690º do Estado ou instituições de utilidade pública, compete
a estes entregar na estância aduaneira a importância
Mercadorias demoradas, abandonadas e retidas necessária para o pagamento dos encargos mencionados
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 672º deste na alíneas a) e b) do n.º 1 deste artigo.
Código e e do previsto no n.º 2 do presente artigo, do pro- CAPÍTULO VII
duto da venda das mercadorias demoradas, abandonadas
Diversos
e retidas devem deduzir-se, por esta ordem:
Artigo 692º
a) Os encargos de transportes ordenados pelo Estado;
Inutilização ou distribuição de mercadorias a serviços
b) Os direitos e mais imposições devidas; do estado e outras instituições

c) As demais despesas de transporte e de Nos casos em que haja de se proceder à inutilização ou


armazenagens e as dos anúncios; à distribuição de mercadorias a serviços do Estado, mu-
nicípios, organismos ou estabelecimentos de assistência,
d) As despesas de deslocação e as ajudas de custo, benemerência ou solidariedade social, e a instituições de
quando se tratar de venda realizada fora das utilidade pública, são lavrados termos com as formali-
localidade em que estiver situada a estância dades legais, devendo ainda, nos casos de distribuição,
aduaneira; cobrar-se recibo, que é junto ao processo.
e) As custas do processo. Artigo 693º

2. A importância líquida entra em depósito, à ordem Obrigações no caso de distribuição de mercadorias


do Estado, para ser entregue ao dono das referidas mer- As entidades a quem as mercadorias forem distribuídas
cadorias, devendo entrar como receita quando não seja ficam sujeitas à obrigação de as destinarem única e
reclamada no prazo de seis meses. directamente aos seus fins, podendo a Direcção-Geral
3. Quando se tratar de mercadorias depositadas em das Alfândegas, para os devidos efeitos, ordenar que se
armazéns de depósito temporário, as despesas das partes averigúe do cumprimento desta obrigação.
envolvidas são divididas proporcionalmente, depois de Artigo 694º
satisfeitos os encargos aduaneiros, a partir do produto
Notificações
da venda da mercadoria.
1. As notificações a que se tiver de proceder serão feitas
4. A importância líquida, quando se tratar de merca- pessoalmente ou pelo correio com aviso de recepção.
dorias abandonadas a favor da Fazenda Nacional, entra
como receita do Estado. 2. Se a pessoa a notificar não for encontrada na sua
residência e tiver advogado ou procurador constituído,
5. O membro do Governo responsável pela área das a qualquer destes se fará a notificação; se não tiver ad-
finanças pode autorizar que a importância a que se refere vogado nem procurador constituído, a notificação é feita
o número anterior, quando não for reclamada no prazo por edital afixado à porta da sua residência e por outro
estipulado no nº 2 deste artigo, seja utilizada na aquisição afixado no local onde correu o processo, passando-se cer-
de equipamentos necessários ao apetrechamento das tidão da afixação, que é junto aos autos e publicada num
estâncias aduaneiras ou na beneficiação e manutenção dos jornais nacionais de maior circulação.
dos edifícios do Estado, onde funcionem as mesmas es-
tâncias aduaneiras. A Ministra das Finanças, Cristina Isabel Monteiro Duarte

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100 I SÉRIE — NO 21 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 3 DE JUNHO DE 2010

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