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Legislação Aduaneira

Objectivos gerais:

Proporcionar aos formandos conhecimentos sobre o regime jurídico aplicável


em Angola.
Objectivo específico:

No final da sessão de formação os formandos serão capazes de:

 Identificar quais os principais diplomas a ter em conta no exercício das


actividades aduaneiras;

 Alcançar maior eficiência, eficácia e economia nas funções técnicas que


forem chamados a desempenhar, no âmbito das suas competências.
 Conteúdo programático:
 Introdução
 Definição
 Fonte de normas aduaneiras
 Principais diplomas
 Outros diplomas
Legislação aduaneira

É o conjunto de normas ou diplomas legais (Leis, Decretos, Decretos-lei,


Decretos - executivos, Regulamentos, Acordos, Convenções, Circulares, e
outros diplomas legais), aprovados por entidades competentes, que regem o
exercício da actividade aduaneira no País.
 Lei de Revisão Constitucional;
 Acordos Internacionais;
 Estatuto Orgânico do Ministério das Finanças;
 Estatuto Orgânico das Alfândegas Ultramarinas;
 Pauta Aduaneira;
 Código Aduaneiro;
 Código de Conduta dos Funcionários Aduaneiros;
 Outros diplomas legais
 Constituição da Republica de Angola

É a lei fundamental do Estado angolano, onde está contido os principais


fundamentos que regem o nosso País, os princípios fundamentais, o sistema
de Governo, os órgãos de soberania do Estado, as atribuições e competências
dos órgãos do Estado, os direitos e deveres fundamentais.
Acordos internacionais

 No que tange aos Acordos Internacionais, temos a Lei n.º 6/90, de 5 de


Maio, (Lei dos tratados internacionais), prevê a possibilidade de a República
de Angola celebrar tratados diversos, dentre eles os de natureza aduaneira,
nomeadamente:

 Organização Mundial do Comércio ( OMC);


 Organização Mundial das Alfândegas (OMA);

 Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (S.A.D.C), etc.


 Estatuto Orgânico do Ministério das Finanças, aprovado pelo Decreto – Lei n.º
4/98, de 30 de Janeiro.

 A Direcção Nacional das Alfândegas é um dos serviços executivos do


Ministério das Finanças, como se pode aferir no art. 5.º.

 Neste diploma legal definem-se a competência, a estrutura orgânica, funções


e prerrogativas da Direcção Nacional das Alfândegas.
 Estatuto Orgânico das Alfândegas Ultramarinas, aprovado pelo Decreto n.º
43.199/60, de 29 de Agosto.

 É neste diploma legal que se detalha a estrutura, as funções, poderes das


Alfândegas, o exercício da actividade aduaneira, a actividades dos
Despachantes, etc.
 Decreto – Lei n.º 2/08, 4 de Agosto – Pauta Aduaneira dos Direitos de
Importação e Exportação.

 Este diploma legal, além de fixar as percentagens devidas ao Estado, dos


direitos de importação e de Exportação de mercadorias, contém também um
conjunto de normas jurídicas (Instruções Preliminares e Regras Gerais para
interpretação da Nomenclatura do Sistema Harmonizado), que regulamentam
as importações e exportações para o nosso País.

 A Pauta aduaneira é um diploma legal constituído por quadros ou tabelas,


onde se encontram designadas, distribuídas sistematicamente por classes e
codificadas de forma numérica, códigos esses, chamados de Posições e
Subposições Pautais.
 Decreto – Lei n.º 2/08, 4 de Agosto – Pauta Aduaneira dos Direitos de
Importação e Exportação.

 O Sistema harmonizado é revisado e actualizado periodicamente durante um


período de 5 anos , tendo em conta a:
 Evolução das técnicas de produção;
 Necessidades dos utentes;
 Adequação a estrutura ou as realidades do comércio mundial, e a
 Abrangência social (meio ambiente).
 Código Aduaneiro, aprovado pelo Decreto – Lei n.º 5/06, de 4 de Outubro.

Define a disciplina jurídica fundamental do sistema aduaneiro do País,


designadamente, os seus fundamentos legais, a sua organização, as
respectivas competências e o seu regime funcional.
 Atribuições das Alfândegas

 As atribuições das Alfândegas estão dispostas no artigo 19.º e são as


seguintes:

 Controlar a entrada, trânsito e exportação de mercadorias, meios de


transporte, quantias em dinheiro, viajantes e tripulação, de harmonia com a
legislação em vigor; (cfr. Alínea h), do art. 19.º C.A);

 Prever e detectar a prática de infracções fiscais aduaneiras, de fraudes contra


as receitas do Estado, de fraudes cambiais, de comércio internacional não
autorizado e de tráfico ilícito de substâncias estupefacientes ou
psicotrópicas, armas de fogo, objectos de arte, antiguidades e outras
mercadorias proibidas ou sujeitas a restrições ( cfr. alínea o) do art. 19.º C.A);
Prerrogativas específicas dos funcionários aduaneiros

 O artigo 23.º do Código Aduaneiro, dispõe que os funcionários das alfândegas, de acordo
com a natureza das suas funções, gozam das seguintes prerrogativas:

Ter o uso de porte de arma, não sendo responsáveis pelas consequências que resultem do
seu uso legitimo, na defesa dos interesses do Estado ou em defesa pessoal, no exercício legal
regular das suas funções, mas respondem civil e criminalmente pelo seu uso indevido. (cfr. a
alínea a) , art. 23.º do C.A)

Requisitar o auxílio das autoridades militares, policiais e civis, sempre que o considerem
necessário para o exercício das suas funções ou sempre que a sua segurança pessoal seja
ameaçada. (Cfr. a alínea b), do art. 23.º do C.A)
 Mandar parar e revistar meios de transporte, inspeccionar as mercadorias
transportadas, usando, nomeadamente, scanners ou outros dispositivos que
permitam captar imagens em papel ou fotografias e examinar a
documentação comercial e de trânsito relativa àqueles meios e mercadorias.

 Conceito aduaneiro de bagagem ( art. 49.º da Pauta aduaneira)

Considera-se como bagagem do viajante que venha residir no País venha


residir no País por um período superior a seis meses os objectos por si
transportados ou expedidos nos cento e oitenta dias anteriores ou
posteriores ao da sua chegada ao País, contando que destinados ao seu uso
pessoal ou da sua família, nas quantidades e segundo os critérios fixados na
Pauta aduaneira.
 Artigo 30.º do Decreto – Lei n.º 2/08, de 4 de Agosto

 Dos direitos e demais imposições aduaneiras

As mercadorias que forem importadas ou exportadas definitivamente para o


País, qualquer que seja a entidade importadora ou exportadora, ficam
sujeitas ao pagamento dos direitos e demais imposições aduaneiras
consignados na Pauta e em legislação complementar.
 Artigo 34.º do Decreto – Lei n.º 2/08, de 4 de Agosto

 Obrigatoriedade do pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras

Salvo disposição legal em contrário, todas as pessoas singulares e colectivas


estão sujeitas ao pagamento dos direitos e demais imposições aduaneiras
fixados na Pauta Aduaneira, nomeadamente o Estado, seus serviços,
organismos e instituições dependentes, os institutos públicos, as empresas
públicas, privadas, mistas ou outras legalmente previstas, as sociedades
civis, as sociedades comerciais e as cooperativas.

 Vide também Princípio da Igualdade, consagrado no art. 23.º da Constituição


da República em vigor.
 Benefício fiscal:

É uma medida económica e política adoptada pelo Estado, que consiste na


ausência tributação, ou na tributação parcial de direitos aduaneiros por
aplicação da taxa para determinadas mercadorias destinadas a realização de
certas actividades ou importadas por certas entidades colectivas ou
singulares previamente determinadas por lei, sem prejuízo ao cumprimento
das formalidades aduaneiras.
 Exemplos de benefícios fiscais

Redução dos direitos aduaneiros ou tributação parcial:

 Decreto – Lei n.º 4/04, de 21 de Setembro, aprova o regime aduaneiro e


portuário especial para a província de Cabinda;

 Lei n.º 17/03, de 25 de Julho, sobre os incentivos fiscais e aduaneiros ao


investimento privado.
Isenção ou não tributação de direitos:

 Lei n.º 11/04, de 12 de Novembro, sobre o regime Aduaneiro aplicável


ao sector petrolífero;

 Lei n.º 13/02, de 15 de Outubro, do antigo combatente e deficiente de


guerra;

 Decreto – Lei n.º 12/01, de 23 de Novembro, sobre a isenção de direitos e


demais imposições aduaneiras concedidas aos partidos políticos.
INFRACÇÕES FISCAIS ADUANEIRAS

 Infracção fiscal aduaneira

É o facto ilícito declarado punível pelo Código ou por lei avulsa, n.º 1 do art. 142.º conjugado
com a alínea mm ) do art. 3.º do Código Aduaneiro.

É ilícito o acto que contraria o disposto na lei ou regulamento, traduzindo-se no


incumprimento de um dever por ela imposto ou consubstanciando-se numa prática por ela
proibida.

A prática culposa de actos ilícitos, violadores dos deveres estabelecidos nas leis e da qual
resultam prejuízos para o Estado, é o que legitima o poder sancionatório do Estado
obrigando o seu autor a reparar os danos causados, o que pode ser por meio de multas e
medidas privativas da liberdade (prisão).
 As infracções fiscais Aduaneiras classificam-se em crimes e transgressões,
n.º 2 do art. 142.º do Código Aduaneiro.

 Por crime fiscal entendemos o facto ilícito, doloso e culposo, praticado por
alguém, ao contrário da Transgressão Fiscal que é todo o facto ou omissão
que não constituindo crime, seja contrário às leis, regulamentos fiscais,
despachos, etc.

 Portanto, o crime fiscal pressupõe dolo, já a transgressão pune todo o facto


desprovido de intenção dolosa e que se consubstancie num facto contrário
ou omissão às leis.

 O Crime Fiscal difere de Transgressão pelo simples facto de no Delito Fiscal


se exigir a má – fé ou “animus fraudandi”
 Dos Crimes Fiscais Aduaneiros
(artigos 190.º ao 209.º do Código Aduaneiro)

 Segundo o C.A. Constituem Crimes Fiscais Aduaneiros o contrabando, a Fraude às Garantias


Fiscais Aduaneiras, a Oposição à Verificação ou Exame, a Contrafacção, uso e quebra de
marcas e de selos, a Recepção de mercadorias, a Associação criminosa e a Corrupção Activa.

 Contrabando – É toda a acção ou omissão fraudulenta que tenha por fim fazer entrar no País
ou sair dele quaisquer mercadorias sem passarem pelas Alfândegas.

 Para haver Contrabando torna-se indispensável apurar, se:


 Entrada/saída da mercadoria teve lugar com fraude;
 Passou ou não pela Alfândega: basta que o facto seja ilícito; é necessário que na sua prática
tenha havido intenção maléfica (dolo) e que a fraude seja
 evidente e tenha sido apurada.

 Das Transgressões Fiscais


(Arts. 210 – 211.º C.A.)
 A Transgressão fiscal é todo facto ou omissão, que não constituindo crime, seja contrário ao Código, ao
regulamento e à demais legislação fiscal aduaneira, n.º 1 do art. 169.º do Código Aduaneiro.

 Exemplo de transgressões fiscais: Entregar as Alfândegas documentos inexactos, ou prestar informações


incorrectas, nomeadamente sobre a identificação, origem ou destino de meios de transporte ou de
mercadorias.
 Não reexporte, no prazo estabelecido, mercadorias importadas temporariamente.

 Para que haja transgressão é necessário que concorram alguns requisitos:


 Não ser infracção susceptível de enquadramento nos casos de crime;

 Representar apenas uma violação, sem intenção fraudulenta das leis e


regulamentos fiscais;

 Constituir mera inobservância, sem intenção de fraude.


 As infracções fiscais aduaneiras são suscitadas em sede do contencioso
aduaneiro.

 O que é um contencioso?
 Contencioso trata-se de algo relativo ou sujeito a litígio, disputa,
reclamação.

 Em sentido material, contencioso aduaneiro significa aquele conjunto de


questões, matérias nas quais há intervenção das Alfândegas, e em sentido
orgânico significa a Sala do Contencioso Fiscal e Aduaneiro e os
Departamentos do Contencioso Aduaneiro das Direcções Regionais.

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