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Como se sabe, o Sistema brasileiro é bastante burocrático, não sendo diferente quando se
trata de Direito Aduaneiro. Por isso é de suma relevância saber como se dá a Pena de
Perdimento no Direito Aduaneiro.
Veremos qual o fundamento legal dessa punição e veremos como o contribuinte pode evitar
ser sancionado dessa forma.
Além disso, veremos como o contribuinte pode agir em casos de arbitrariedades cometidas
pelo Fisco.
Conceitos Gerais
Por sua vez, comércio exterior é o conjunto de transações entre países, podendo sê-las de
importação ou exportação.
O regulamento aduaneiro é a legislação específica que trata sobre esse processo comercial e
fiscal.
Esse regulamento foi instituído pelo Decreto n° 6.759/2009 e dispõe sobre a administração das
atividades aduaneiras, o controle e a tributação das operações de comércio exterior e sobre as
infrações e penalidades.
A espécie administrativo-aduaneira tem como finalidade coibir condutas que lesem os direitos
à propriedade, o meio ambiente, a saúde pública, entre outras condutas que vão além do não
recolhimento dos impostos.
Perdimento de veículo
Perdimento de mercadoria
Perdimento de moeda
Multa
Sanção administrativa
O perdimento pode ser conceituado como uma perda a favor do Fisco, pois corresponde à
sentença de apreensão de um bem, cuja propriedade deixa de ser de seu antigo proprietário e
passa a ser do Estado.
Ressaltando-se que o perdimento pode ser aplicado somente nos casos previstos em lei.
A pena de perdimento, por ser considerada a pena mais severa do Direito Aduaneiro, deve ser
aplicada somente quando o dano ao erário tiver sido efetivamente comprovado pela Receita
Federal e não presumido.
Caso seja aplicado em casos que não estão previstos ou de forma presumida, será considerado
confisco.
Diferenciando perdimento e confisco, podemos dizer que o perdimento é uma pena aplicada
somente nas circunstâncias especificadas em Lei e por meio de sentença.
Perdimento de veículo
Perdimento de mercadoria
Perdimento de moeda
Cabe aos auditores fiscais da Receita Federal a aplicação de cada uma dessas penas.
Portanto, vejamos agora como funciona cada uma das modalidades da pena de perdimento,
bem como o contribuinte pode evitar ser sancionado por um auditor fiscal e como identificar
se a apreensão é de, de fato, uma pena de perdimento ou confisco ilegal dos bens.
Perdimento de Veículo
A pena de perdimento de veículo, segundo art. 688 do Regulamento Aduaneiro, pode ocorrer
nas seguintes hipóteses:
Quando a embarcação navegar no porto sem seu nome de registro destacado no casco;
Quando em caso de veículo terrestres, este transportando mercadoria vinda do exterior desvie
da rota sem motivo comprovado; e
Perdimento de Mercadoria
Por sua vez, as mercadorias podem ser apreendidas e sujeitas à pena de perdimento nas
seguintes hipóteses:
Oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o processo utilizado;
Mercadoria fracionada em remessas (postais ou aéreas) com o intuito de não pagar ou reduzir
os tributos aduaneiros;
Mercadoria estrangeira que atente a moral, bons costumes, saúde ou ordem públicas;
Quando houver ocultação do sujeito passivo, real vendedor, comprador ou responsável pela
operação; (ex.: interposição fraudulenta)
Perdimento de Moeda
O artigo 700 do Regulamento Aduaneiro dispõe que a pena de perdimento de moeda poderá
ser aplicada para o valor que exceda dez mil reais, ou o equivalente em outra moeda.
Moeda, seja ela nacional ou estrangeira, para efeitos do disposto no regulamento, é apenas
papel-moeda.
Processo de Perdimento
O Regulamento Aduaneiro, no art. 774, prevê que as infrações às quais se aplique a pena de
perdimento serão apuradas mediante processo fiscal, cuja peça inicial será o auto de infração
acompanhado de termo de apreensão.
O importador tem o direito de apresentar impugnação, desde que o faça dentro do prazo de
20 dias após a intimação.
Caso o importador, impugnar dentro do prazo devido, a autoridade terá o prazo de 15 dias
para realizar o julgamento
Todavia, caso não haja impugnação será considerada a revelia e essa revelia implica no envio
do processo à autoridade competente.
É necessário destacar que da decisão tomada por esse órgão não cabe recurso administrativo.
Cabe tecer a crítica acerca do fato dos processos sobre perdimento ocorrerem sem a
possibilidade de recurso, haja vista que fere o princípio constitucional do duplo grau de
jurisdição, que deveria, também, ser observado na esfera administrativa.
Além disso, cabe destacar que a aplicação desproporcional dessa penalidade, enquanto outra
poderia ser aplicada, acaba causando enormes prejuízos para empresas participantes de
operações de comércio exterior.
Execução da Pena
Após o julgamento, os bens que sofrerem perdimento, após sua posse passar para o Fisco,
poderão ser submetidos a leilão, destruição ou podem ser doados.
Todavia, há hipóteses legais em que a pena de perdimento pode ser convertida em outras
penas.
Já nos casos de interposição fraudulenta, isto é, omissão ou ocultação do real adquirente das
mercadorias ou veículos, será lavrado termo de retenção e os bens serão apreendidos até que
seja julgado para ocorrer a pena de perdimento.
O Regulamento Aduaneiro, no art. 775, prevê que a mercadoria pode ser liberada antes da
decisão transitada em julgado na seguinte hipótese: o importador deverá pagar o valor
correspondente em litígio.
Por fim, caso a solução final da ação seja favorável ao importador, o valor depositado será
convertido em títulos próprios.
Ante todo o exposto, podemos notar que é bastante importante o contribuinte entender como
se dá a pena de perdimento e o seu processo, pois, como dito anteriormente, essa pena pode
acarretar grandes prejuízos.
Além disso, como notado, há teses jurídicas que giram em torno da proteção do contribuinte
contra a arbitrariedade do Fisco nos casos de perdimento e é preciso estar atento.
Portanto, por conta dessa arbitrariedade, é essencial que a manifestação dos direitos do
contribuinte, que serão julgados pelo próprio órgão aplicador da penalidade, seja realizada por
profissionais devidamente competentes e especializados em Direito Aduaneiro, a fim de que
seja possível afastar essas arbitrariedades cometidas pelo Fisco e que estão sendo estipuladas
indevidamente pela Receita Federal.