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ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

INTEIRO TEOR DA DELIBERAÇÃO


45ª SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA CÂMARA REALIZADA EM 02/08/2018
PROCESSO TCE-PE Nº 1855724-7
MODALIDADE-TIPO: MEDIDA CAUTELAR
EXERCÍCIO: 2017
UNIDADE JURISDICIONADA: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL,
CRIANÇA E JUVENTUDE - SDSCJ
INTERESSADOS: CLOVES EDUARDO BENEVIDES E ISALTINO JOSÉ DO
NASCIMENTO FILHO
ADVOGADA: DRA. ALICE SILVA DAS CHAGAS, OAB/PE Nº 24.810-D
PRESIDENTE E RELATOR: CONSELHEIRO CARLOS PORTO

RELATÓRIO

Trago para referendo desta Segunda Câmara a Medida


Cautelar expedida monocraticamente por mim, em 12/06/2018 , com base
no artigo 18 da Lei Orgânica deste Tribunal (Lei Estadual
nº 12.600/2004) e na Resolução TC nº 16/2017.
A determinação da referida Medida Cautelar foi no
sentido de que a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança
e Juventude - SDSCJ, até ulterior deliberação da Segunda
Câmara desta Corte de Contas, abstenha-se de firmar qualquer
tipo de parceria financiada com recursos de emendas
parlamentares até que comprove condições em sua estrutura
organizacional para garantir o controle, fiscalização e
monitoramento sobre a correta aplicação dos recursos
transferidos, bem como sobre a boa e regular execução da
parceria, a fim de demonstrar a exatidão e efetividade da
prestação dos serviços de acordo com as cláusulas e metas
estabelecidas nas avenças.
Transcrevo a seguir, integralmente, a Medida Cautelar
Monocrática expedida.

"Trata-se de análise, com pedido de Medida


Cautelar, da auditoria de acompanhamento realizada
na Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e
Juventude do Estado de Pernambuco- SDSCJ, referente
ao exercício de 2017, com o objetivo de analisar a
legalidade e legitimidade nas celebrações de
convênios e contratos com recursos provenientes de
emendas parlamentares, verificando os controles
internos adotados pela SDSCJ quanto à fiscalização
e monitoramento da execução dos serviços objeto
dos termos de convênios celebrados.
O feito foi analisado pela Gerência de Contas da
Administração Direta - GEAD, que emitiu o Relatório
Preliminar de Auditoria de fls. 3551 a 3860,
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concluindo pela plausibilidade do direito (fumus


boni iuris) em virtude das graves irregularidades
apontadas no citado relatório, bem como a prática
de conluio e fraude em parcerias celebradas com a
Secretaria, e ainda, em virtude do dano total
provocado ao Erário, que atinge a monta de
R$ 10.902.566,60 (Dez milhões, novecentos e dois
mil, quinhentos e sessenta e seis reais e sessenta
centavos).
Em Despacho encaminhado ao meu Gabinete, em
31.05.2018, o Chefe da Gerência opinou
favoravelmente à proposta da equipe de auditoria no
sentido de que seja expedida Medida Cautelar,
fundada no art. 3º, III, da Resolução TC
Nº 16/2017, determinando que a Secretaria de
Desenvolvimento Social, Criança e Juventude do
Estado de Pernambuco- SDSCJ abstenha-se de firmar
qualquer tipo de parceria financiada com recursos
de emendas parlamentares até que comprove condições
em sua estrutura organizacional para garantir o
controle, fiscalização e monitoramento sobre a
correta aplicação dos recursos transferidos, bem
como sobre a boa e regular execução da parceria, a
fim de demonstrar a exatidão e efetividade da
prestação dos serviços de acordo com as cláusulas e
metas estabelecidas nas avenças.
Segue, abaixo, um resumo dos principais achados e
conclusões apontados no Relatório Técnico
(fls. 3551 a 3860) que embasaram a expedição da
presente Medida Cautelar:

A1.1. Ausência de autorização fundamentada do


secretário para excluir o chamamento público,
fls. 3564 e 3565
A Secretaria não realizou o devido chamamento
público para escolher suas entidades parceiras, nos
exercícios de 2015 e 2016. A auditoria analisou 93
parcerias firmadas com 12 entidades sem fins
lucrativos e, para todas elas, não houve o prévio
chamamento público e nem decisão fundamentada da
autoridade competente, justificando sua dispensa.
Necessário, portanto, que o Secretário de Estado ou
o dirigente máximo da entidade da administração
pública estadual concedente, através de decisão
fundamentada, colocasse a exceção em juízo a
exigência prevista no caput, o que no caso, não
ocorreu.
O fato de liberar as entidades do chamamento
público sem a devida decisão fundamentada, afrontou
os princípios constitucionais da legalidade e
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impessoalidade, como também o artigo 15, §1º, II e


§2º do Decreto Estadual nº 39.376/2013.

A1.2. Celebração e formalização de termo de


convênio sem emissão de parecer técnico, fls. 3566
a 3568.
Em todas as 84 parcerias analisadas pela auditoria,
constatou-se que a secretaria celebrou sem
verificar se a proposta atendia ao princípio da
supremacia do interesse público; se estava contida
nas diretrizes das atividades de interesse social
e, sem uma prévia análise técnica do objeto
avençado e sua viabilidade de execução e de mútua
cooperação. Com isso descumpriu a Lei Federal
nº 13.019/2014, em seu artigo 35, inciso V, alíneas
“a” a “h” e o Decreto Estadual nº 39.376/2013, em
seu artigo 21, caput.

A.2.1. Fraude nas contratações envolvendo as


convenentes Missão Internacional de Proteção à
Criança e ao Adolescente, Associação Saúde
Solidária para Desenvolvimento da Saúde, Educação,
Ciência e Cultura - ASSOSIUDE e Associação Projeto
Universal – APU pertencentes a um mesmo grupo
econômico, liderados pelo casal Letícia Lopes da
Silva Santos e Cícero Alfredo dos Santos, fls. 3589
a 3611.
Das 12 entidades que estabeleceram parcerias com a
Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e
Juventude de Pernambuco, nos anos de 2015 e 2016,
as evidências encontradas pela Auditoria apontam
que 3 delas pertencem a um mesmo grupo econômico,
liderados pelo casal Letícia Lopes da Silva Santos
e Cícero Alfredo dos Santos. O referido grupo foi
responsável por 54 do total de 93 parcerias
analisadas, correspondendo a 58%, sendo distribuído
da seguinte forma: 01 convênio foi celebrado com a
APU, 16 convênios foram celebrados com a ASSOSIUDE
e 37 convênios foram celebrados com a MISSÃO
INTERNACIONAL. As entidades Associação Projeto
Universal - APU e a ASSOSIUDE pertencem à mesma
pessoa, Letícia Lopes da Silva Santos, que por sua
vez é esposa de Cícero Alfredo dos Santos, que é o
presidente da entidade MISSÃO INTERNACIONAL.
Durante o exercício de 2015 a senhora Letícia Lopes
da Silva Santos, presidente da APU, firmou 11
convênios com a SDSCJ apenas por meio dessa
entidade, que atingem a monta de R$1.879.268,00.
Vale salientar que todos esses convênios
apresentaram prestações de contas incompletas, com
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documentos que não comprovam a efetiva prestação do


serviço. Como a APU ficou inadimplente, no
exercício de 2016, a presidente, Letícia Lopes da
Silva Santos, passou a celebrar convênios com a
SDSCJ utilizando a entidade ASSOSIUDE, que ainda
não havia celebrado qualquer tipo de fomento com a
referida Secretaria.
O casal Letícia Lopes da Silva Santos e Cícero
Alfredo Santos apresentaram dentre a documentação
das suas entidades, documentos emitidos, tais como,
atestados de capacidade técnica e cotações de preço
por diversas empresas, que possuem vínculos
familiar ou profissional com eles.
Vale salientar que de acordo com pesquisa no
sistema SERPRO, a senhora Letícia Lopes da Silva
Santos e o senhor Cícero Alfredo dos Santos possuem
o mesmo endereço de residência. Ademais, na
documentação do convênio nº 75/2016 celebrado entre
a SDSCJ e a ASSOSIUDE, foi acostado como
comprovante de residência de Letícia Lopes da Silva
Santos uma fatura da Cia Energética de Pernambuco -
CELPE, em nome de Cícero Alfredo dos Santos. Por
fim, para comprovar definitivamente o indício de
vínculo matrimonial entre os presidentes das
referidas entidades, foi localizada entre a
documentação referente ao termo de fomento
nº 63/2016 a certidão de casamento de Letícia e
Cícero.
As empresas abaixo concederam atestados de
capacidade à MISSÃO INTERNACIONAL, cujo presidente
é Cícero Alfredo dos Santos, que também é o
Coordenador Geral de Logística e de Implantação de
Projetos da ASSOSIUDE, as empresas abaixo
relacionadas, bem com as pessoas físicas
mencionadas adiante, fazem parte de um grupo que
será denominado como “grupo econômico de Letícia
Lopes”.

Empresa/Entidade Sócio/Presidente

LOPES & Consultores Letícia Lopes da Silva


Associados Santos

Associação Projeto Letícia Lopes da Silva


Universal Santos

JUDOEST - ONG Fabianna Carvalho de


Judô e Esportes para Mendonça (coordenadora de
todos Esportes da ASSOSIUDE)

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Vale salientar a respeito da JUDOEST - ONG Judô e


Esportes para Todos, que o atestado de capacidade
técnica anexado à documentação do termo de fomento
nº 42/2016, está informando o CNPJ 18.776.446/0001-
49 que foi considerado inválido pelo sistema de
auditoria do TCE/PE (eaud). Em pesquisa na
internet, verificou-se que no site consulta sócio,
bem como no sistema SERPRO o CNPJ correto para a
ONG é 21.975.039/0001-02, ou seja, diferente
daquele informado no atestado de capacidade
técnica.
A MISSÃO INTERNACIONAL apresentou cotações das
seguintes empresas/entidades:

Empresa/Entidade Sócio/Presidente

LOPES & Consultores Letícia Lopes da Silva


Associados Santos
Associação Projeto Letícia Lopes da Silva
Universal Santos
ASSOSIUDE Letícia Lopes da Silva
Santos
INDEBRÁS Verônica Lopes (sócia até
janeiro de 2010) (irmã de
Letícia Lopes da Silva
Santos)
Eliude Fidelis da Silva
(sócio de Cícero na Agil
Serviços)
YRA DE KÁSSIA GOMES DE Yra de Kássia Gomes de
VASCONCELOS - ME Vasconcelos - Membro da
APU cuja presidente é
Letícia Lopes da Silva
Santos
MJ SERVIÇOS LTDA Maria José de Oliveira
Silva - membro ASSOSIUDE
Sua empresa é no mesmo
endereço da INDEBRÁS

A MISSÃO INTERNACIONAL efetuou pagamentos com


recursos de convênios celebrados com a SDSCJ para
as seguintes empresas/entidades, dentre outras:

Nº do Empresa/Entidade Sócio/Presidente
convênio/Termo
de Fomento
128/15, 136/15 ASSOSIUDE Letícia Lopes da
e 31/16 Silva Santos

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123/2015 Maria José de Maria José de


Oliveira Silva Oliveira Silva
(trabalha para
Letícia Lopes da
Silva Santos)
124/15 Maria Amélia Maria Amélia
Lopes Lopes (irmã de
Letícia Lopes da
Silva Santos)

A respeito das notas fiscais emitidas pelas


empresas de Maria José de Oliveira Silva e Maria
Amélia Lopes verificou-se que ambas emitiram apenas
um talonário cada e na mesma gráfica: GRÁFICA
EDITORA NERY LTDA ME, sito à Rua dos Pescadores, 71
- São José, Recife-PE.
Resumindo os vínculos identificados na documentação
das convenentes APU, ASSOSIUDE, MISSÃO
INTERNACIONAL, tem-se:

LETÍCIA LOPES DA SILVA SANTOS


 ASSOSIUDE - Diretora Presidente
 APU - Diretora Presidente
 LOPES ASSOCIADOS – Sócia
 INDEBRÁS - irmã da ex-sócia Verônica Lopes
 MISSÃO INTERNACIONAL – esposa do presidente e
membro da equipe técnica (no termo de fomento nº
21/16 há um ofício nº 102/16, item 15) e membro
associada presente nas assembleias de 2.11.15 e
03.12.15.

MARIA AMÉLIA LOPES DA SILVA


 ASSOSIUDE - associada presente na assembleia de
03.10.16
 INDEBRÁS – irmã ex-sócia Verônica Lopes
 MISSÃO INTERNACIONAL – membro do conselho fiscal
 Emitiu nota fiscal para a MISSÃO INTERNACIONAL no
valor de R$ 51.616,00.

VERÔNICA LOPES DA SILVA


 ASSOSIUDE – irmã da Diretora Presidente e membro
associada (atas de assembleia 03.10.16)
 MISSÃO INTERNACIONAL – cunhada do presidente e
membro associada (ata 26.11.15)
 INDEBRÁS - ex-sócia Verônica Lopes
 Saliente-se que há uma Tomada de Contas Especial
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instaurada sob o nº 001/14 na SDSCJ para apurar


dano de responsabilidade de Verônica Lopes,
enquanto Diretora Presidente da INDEBRÁS, no
montante de R$ 161.464,80.

CÍCERO ALFREDO DOS SANTOS


 ASSOSIUDE - Coordenador Geral de Logística e de
implantação de PROJETOS e marido da presidente
 APU - marido da presidente
 MISSÃO INTERNACIONAL - Diretor Presidente

SELMA MARIA DE LIMA FIGUEIRA


 ASSOSIUDE - Coordenadora Pedagógica
 APU - Coordenadora Pedagógica
 MISSÃO INTERNACIONAL - Diretora Financeira
 INDEBRÁS - Coordenadora temática de geração de
renda

FABIANNA CARVALHO DE MENDONÇA


 ASSOSIUDE - Coordenadora de Esportes
 JUDOEST (ONG Judô e Esportes para todos) -
Diretora Presidente e professora de judô
 INDEBRÁS – Coordenadora de Projetos e Execução
SINCOV (até 28.02.15)

JACIRA CARVALHO
 Mãe de Fabianna
 Sócia e Psicopedagoga voluntária da JUDOEST, que
emitiu atestado de capacidade técnica para a
MISSÃO INTERNACIONAL
 Coordenadora Pedagógica da ASSOSIUDE
 Equipe técnica da MISSÃO INTERNACIONAL (aparece o
currículo de Jacira, ofício nº 102/16, item 15)

MARIA ELENA BARROS


 ASSOSIUDE – Coordenadora de Saúde
 MISSÃO INTERNACIONAL – membro da equipe técnica
(no termo de fomento nº 21/16 há um ofício nº
102/16, item 15, informando que está anexando o
currículo da equipe técnica onde consta o dela)

ANA PAULA DE SANTANA


 ASSOSIUDE – conselho fiscal e associada presente
na assembleia de 03.10.16 e 03.12.15
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 MISSÃO INTERNACIONAL – conselho fiscal e


associada presente nas assembleias de 26.11.15 e
03.12.15

MARIA JOSÉ OLIVEIRA SILVA FARIAS


 ASSOSIUDE - associada presente na assembleia de
03.10.16;
 MISSÃO INTERNACIONAL – contratada para prestação
de serviços recebendo pagamento

JOELCIO DE LIMA ZEFERINO JÚNIOR


 ASSOSIUDE – tesoureiro e associado presente na
assembleia de 03.10.16
 MISSÃO INTERNACIONAL – associado presente nas
assembleias de 26.11.15 e 03.12.15 (em um
documento ele assina como Júnior e no outro com
Filho, errou o próprio nome)

YRA DE KÁSSIA VASCONCELOS


 ASSOSIUDE – associada presente na assembleia de
03.10.16
 APU – Diretora Comercial
 MISSÃO INTERNACIONAL – fornece cotação e
atestados de capacidade técnica

JONNATAN DA SILVA NETO


 ASSOSIUDE - associado presente na assembleia de
03.10.16
 APU - membro da assessoria de imprensa da APU
 MISSÃO INTERNACIONAL - assina um email no
processo do termo de fomento nº 01/2016

Outros indícios apontam para o vínculo existente


entre essas entidades e empresas, por exemplo, na
parceria firmada através do termo de fomento
nº 13/16, celebrada com a MISSÃO INTERNACIONAL,
cujo montante repassado através de emenda
parlamentar foi de R$ 100.000,00, consta uma
transferência para a APU no valor de R$ 99.971,00,
ou seja, o valor desta emenda continuou na família
do casal Cícero e Letícia.
Outro ponto observado é que o texto constante no
campo de identificação do objeto e da justificativa
da proposição, constantes nos planos de trabalhos
apresentados pela convenente MISSÃO INTERNACIONAL
obedecem ao mesmo padrão e layout da convenente
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ASSOSIUDE. Ademais os tipos de serviços


discriminados no plano de aplicação dos planos de
trabalhos das duas convenente são particularmente
semelhantes. O que corrobora para o entendimento de
conluio entre as convenentes e as empresas
contratadas, comprometendo, assim, a garantia de
lisura do processo de celebração de parcerias e de
contratação por parte das mesmas.
Destaque-se que todos os senhores acima
relacionados assinam a ata da assembléia da
ASSOSIUDE data de 03.10.2016 como associado
presente na assembléia, inclusive o senhor Cícero
Alfredo dos Santos (Presidente da MISSÃO
INTERNACIONAL).
Dessa forma, é possível concluir a existência de um
conluio entre as três entidades sem fins lucrativos
citadas: APU, ASSOSIUDE e MISSÃO INTERNACIONAL para
fraudar as cotações de preços realizadas para a
execução de convênios celebrados com a SDSCJ
provenientes de emendas parlamentares.
A SDSCJ não pode alegar desconhecimento a respeito
do vínculo entre as entidades e entre as empresas
contratadas, tendo em vista que em diversos
documentos entregues pela própria SDSCJ à equipe de
auditoria, constam as seguintes evidências:

 O senhor Cícero Alfredo do Santos, CPF


289.859.584-53 é o coordenador geral de logística
e de implantação de projetos da ASSOSIUDE, e
também assina como participante nas assembleias
promovidas por esta entidade;
 Nas assembleias promovidas pela ASSOSIUDE também
assina o senhor Clebson Alfredo dos Santos,
tesoureiro da ASSOSIUDE que, de acordo com o
sobrenome é possível inferir que é parente de
Cícero Alfredo do Santos;
 Na relação da equipe técnica fornecida pela
ASSOSIUDE consta os nomes de algumas pessoas que
possuem vínculos entre as entidades APU,
ASSOSIUDE, MISSÃO INTERNACIONAL e empresa LOPES
ASSOCIADOS que é com frequência contratada pelas
entidades;
 Outro ponto que levanta suspeita é o fato do
sobrenome da supervisora de cultura e arte da
ASSOSIUDE, Nibsam FIDELIS ser o mesmo do atual
sócio da INDEBRÁS, o senhor Eliude FIDELIS.

Diante das evidências expostas acima, inadmissível


supor que a SDSCJ não tivesse conhecimento a
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respeito desses vínculos e nem não identificassem


esse tipo de conluio, considerando que, os
analistas da SDSCJ recebem essa documentação, no
mínimo, desde o exercício de 2015 e, dentre a
documentação apresentada para formalização das
parcerias constavam, entre outros, a certidão de
casamento de Letícia Lopes e Cícero Alfredo dos
Santos, além de que foi apresentado como
comprovante de residência de Letícia Lopes uma
conta de energia elétrica em nome de Cícero Alfredo
dos Santos, bem como os currículos dos funcionários
constando a empregabilidade em outras empresas do
grupo, etc.
Repise-se que alguns desses vínculos foram objeto
de irregularidades apontadas no Processo TC
nº 1606350-8 sob os títulos:

 Simulação de concorrência entre fornecedores para


beneficiamento de empresa pertencente à
Presidente da entidade Convenente e outras
práticas inidôneas
 Associação de microempreendedores individuais
liderados por Presidente de entidade Convenente
para simular concorrência de propostas.

A prática observada nas entidades APU, ASSOSIUDE e


MISSÃO INTERNACIONAL quando da apresentação dos
documentos para celebração de convênios, bem como
nas contratações realizadas para execução dos
serviços, caracteriza-se como condutas
fraudulentas, interferindo diretamente na
competitividade para escolha do fornecedor que irá
prestar o serviço, bem como viola os princípios
basilares inerentes à Administração Pública como
impessoalidade, moralidade e isonomia, ferindo
disposto na Lei de Defesa da Concorrência,
sobretudo em dispositivos do art. 31, 32, 33 e 36
da Lei Federal nº 12.529/11. [.....]
Diante do conluio existente entre os membros dessas
convenentes e das fraudes em cotação de preços e
concessão de atestados de capacidade física,
levando a indícios de forjamento nos processos das
convenentes, com o objetivo de que os recursos
provenientes das emendas parlamentares ficassem em
poder do casal Cícero e Letícia; a equipe de
auditoria concluiu pela impossibilidade de atribuir
credibilidade aos documentos, sugerindo a devolução
aos cofres públicos dos valores transferidos por
meio dos instrumentos celebrados com as convenentes
APU, ASSOSIUDE e MISSÃO INTERNACIONAL no montante
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de R$ 4.109.378,00 (quatro milhões, cento e nove


mil, trezentos e setenta e oito reais, devidamente
quantificado na tabela do Relatório de Auditoria,
fls.3604 a 3606 do processo.
Por fim, em função das lesões produzidas ao erário,
das condutas fraudulentas que interferiram
diretamente na competitividade do serviço a ser
prestado e violaram princípios basilares inerentes
à Administração Pública como impessoalidade,
moralidade e isonomia, cópia dos presentes autos
deverá ser encaminhado ao Ministério Público para a
apuração de atos de improbidade administrativa
praticados pelas entidades convenentes, bem como
das empresas pertencentes ao grupo econômico de
Letícia Lopes da Silva Santos, com seus respectivos
representantes, para a promoção da ação penal
cabível, nos termos do que estabelece o art. 3º e
os incisos II e XII do art. 10 da Lei Federal
n.º 8.429/1992, [.…]

A2.2. Ausência de prestação de contas de recursos


repassados às entidades ASSOSIUDE e Missão
Internacional, fls. 3611 a 3614
É consabido de todos que o dever de prestar contas
constitui princípio constitucional, previsto no
parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal
de 1988, pois toda pessoa que gere recursos
públicos submete-se a este dever por força
constitucional, demonstrando o correto emprego dos
recursos públicos, inclusive no que diz respeito à
observância dos princípios que norteiam a
Administração Pública, definidos no art. 37 da
Constituição Federal. A realização do dever se dá
mediante a apresentação, no prazo acertado e na
forma definida nas normas aplicáveis, de todos
comprovantes necessários, de modo transparente, da
legalidade dos atos praticados e do alcance das
metas compactuadas.
Forçoso lembrar que a omissão no dever de prestar
contas viola princípio fundamental da República,
constitui ato de improbidade administrativa (o
art. 11, inc. VI da Lei Federal nº 8.429/92) e
crime de responsabilidade e faz nascer a presunção
de desvio dos recursos. (Acórdão TCU nº 1.928/2005
– Segunda Câmara, Relator Ministro Walton Alencar
Rodrigues).
Não obstante tantas determinações a respeito da
necessidade da prestação de contas dos recursos
repassados por meio de termo de fomento, o que se
verifica é a permanência na omissão por parte dos

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cônjuges Letícia Lopes da Silva Santos e Cícero


Alfredo dos Santos, presidentes das entidades
ASSOSIUDE e MISSÃO INTERNACIONAL, respectivamente.
Diante do exposto, os valores repassados, por meio
dos termos de fomento financiados por emendas
parlamentares que atingem a monta de
R$ 3.093.000,00 (três milhões e noventa e três mil
reais), descritos na tabela constante às fls. 3612
a 3614 dos autos da Medida Cautelar, são passíveis
de devolução aos cofres públicos.

A2.5. Fraude nas contratações com direcionamento


para empresas do mesmo grupo de Francineudo Moreira
de Farias, fls. 3666 a 3696
Das 12 entidades que estabeleceram parcerias com a
Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e
Juventude de Pernambuco, nos anos de 2015 e 2016,
as evidências encontradas pela Auditoria apontam
que 5 delas pertencem a um mesmo grupo econômico,
liderado pelo Sr. Francineudo Moreira de Farias.
Seguem nome e CNPJ das organizações:

 FEDERAÇÃO PERNAMBUCANA DE BODY BOARDING, CNPJ:


07.909.263/0001-67
 VIA SOCIAL - COOPERATIVA DE TRABALHO 3º SETOR
LTDA, CNPJ: 07.575.730/0001-60
 ORGANIZAÇÃO SOCIAL DESPORTIVA LUIZA LOBO, CNPJ:
03.304.959/0001-09
 INSTITUTO DARWIN, CNPJ: 09.273.825/0001-54

 ABDESM, CNPJ: 16.904.507/0001-00

As referidas organizações realizaram cotações de


preços entre elas, de forma concomitante, bem como
contrataram empresas que também pertencem ou
pertenceram ao Sr. Francineudo Moreira de Farias,
CPF 026.496.184-69, segundo dados da Receita
Federal do Brasil, extraídos do sistema SERPRO:

Empresa O. K. V.C ADAPE - Associação


Soluções = Locações = dos Árbitros de
V. C. Francineud Desportos Amadores
Artes o Moreira de Pernambuco
de Farias
- ME
CNPJ 17.073.306 06.369.865 02.519.063/0001-84
/001-70 /0001-06

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Vale ressaltar que já foi mencionado em auditorias


anteriores, a ocorrência de substituição da razão
social inscrita sob o CNPJ 17.073.306/0001-00, “OK!
Soluções em Eventos Ltda., substituiu a “V.C. Arte”
que, por sua vez, substituiu a “A.F.F. Vestuários”.
O Sr. Francineudo trocou por duas vezes a Razão
Social de uma de suas empresas. Destaque-se que há
cotações entre as despesas realizadas pelas
entidades acima para essas três razões sociais,
inferindo-se que há manipulação e fraude na cotação
de preços apresentadas pelas entidades acima, que
será melhor detalhado adiante.
Verificou-se também que as empresas de Francineudo,
a V.C Locações e Eventos e V.C. Artes, Esportes e
Vestuários Ltda ME, localizam-se no mesmo
endereço, Rua Cachoeira, n.º 448, Imbiribeira,
conforme recibos e orçamentos firmados em papéis
timbrados, cópias dos CNPJs das empresas, cópias
das NFSEs e contratos. Esse também é o endereço
constante na Nota Fiscal de Serviços Eletrônica -
NFSE n.º 122, emitida pela Associação dos Árbitros
de Desportos Amadores de PE - ADAPE.
Há alteração contratual n.º 4 da Sociedade OK
Soluções e Eventos Ltda. ME, registrada na Junta
Comercial do Estado de PE - JUCEPE em 13/04/2016,
constando alteração do endereço para Av. Recife,
3117, IPSEP, alteração do objeto social e
transferência do capital do sócio Francineudo
Moreira de Farias para Ana Paula Ferro da Silva e
João Paulo Pinto. Verificou-se, através de consulta
ao Sistema SERPRO da Receita Federal do Brasil que
o CNPJ da empresa V.C. Artes, Esportes e Vestuários
Ltda ME corresponde ao registro da empresa OK!
Soluções em Eventos LTDA - ME, comprovando o
vínculo do Sr. Francineudo Moreira de Farias com as
3 entidades.
Adicionalmente, apurou-se a existência de vínculo
entre a Associação dos Árbitros de Desportos
Amadores de Pernambuco (ADAPE) e a Associação de
Garantia ao Atleta Profissional de Pernambuco
(AGAP-PE), uma vez que seus presidentes,
respectivamente, Francineudo Moreira e José
Fernandes, são sócios numa terceira empresa
denominada Oficina Cinco Irmãos Ltda. - ME, também
conforme dados do CNPJ/RFB.
Outra curiosidade é que, conforme dados históricos
do cadastro CNPJ/RFB, a empresa Francineudo Moreira
de Farias – ME (nome fantasia atual V.C. Locações,
Produções e Eventos), era do ramo de confeitaria,
uma vez que seu nome fantasia nessa época era
Bomboniere Ceará.
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ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

O Sr. Francineudo, utilizando as empresas de que


participa oficialmente, também exerce influência,
de forma que a maioria dos insumos utilizados pelas
entidades acima relacionadas para “execução” dos
convênios celebrados com a SDSCJ, são fornecidos
por empresas de Francineudo ou de seu grupo
econômico.
Como vastamente demonstrado em auditoria
anteriores, o empresário Francineudo Moreira de
Farias, manipula entidades privadas sem fins
lucrativos, as quais firmam Convênios com
Secretarias do Estado, e as empresas ligadas a esse
empresário “providencia” desde material de
divulgação, impressão de camisas, bonés, bolsas,
bolas, locação de automóveis, ônibus, ambulância,
infraestrutura, arenas, iluminação, som, palcos,
pódios, toldos, mesas, cadeiras, banheiros
químicos, serviços de fotografia e filmagem,
serviços de buffet, e tudo o mais que seja
necessário à execução dos objetos dos convênios,
colocando várias propostas de preços de empresas,
que quando não pertencentes a ele, fazem parte do
mesmo grupo econômico que sempre fornecem cotação
para as entidades, conforme se verifica no quadro
às fls. 3667 a 3676.
A Organização Social Desportiva Luiza Lobo e o
Instituto Darwin, cuja presidente de ambos é
Patrícia Luna, contratou a empresa Ostríssima sem
cotação que também pertence a essa senhora:
Patrícia Luna.
Além das empresas de Francineudo apresentarem, para
um mesmo convênio, cotações de preços concomitantes
concorrendo, portanto, entre si, é comum encontrar
com frequência outras empresas concorrendo com
Francineudo Moreira de Farias, formando um único
grupo econômico. As empresas deste grupo,
relacionadas na tabela abaixo, e ainda as
empresas pertencentes diretamente a Francineudo
(OK Soluções, Francineudo ME e ADAPE) serão
referidas ao longo desta peça como “Grupo
Francineudo”.

Nome da CNPJ Sócio CPF


Empresa
Superart 13.485.518/0001-04 Sidcley 832.492.304-72
Comunica Henrique dos
ção e Santos
Eventos
Ltda.
Colossu’s 01.220.513/0001-70 Márcio 995.713.314-49
Empreend Roberto da
imentos Silva 932.475.084-49
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Eireli - Santos Luís


ME Cláudio
Cordeiro
Palhares
Jr.
J Galdino 17.424.783/0001-33 Jessica 114.994.524-97
Produções Galdino
e Eventos Gonçalves do
Ltda Nascimento
Michele 19.346.225/0001-22 Michele 090.711.854-27
Maria da Maria da
Silva Silva
Eventos (membro da
ADAPE)

A empresa Michele Maria pertence a Michele Maria da


Silva que é membro da ADAPE, cujo presidente é
Francineudo Moreira de Farias. O atual sócio da
Superart Comunicação e Eventos Ltda., Sidcley
Henrique dos Santos, é ex-sócio da empresa
Colossu’s Empreendimentos Eireli-ME, conforme dados
extraídos do sistema SERPRO.
Após verificar os documentos comprobatórios das
despesas (Notas Fiscais, recibos, cheques, relação
de pagamentos, etc) referentes aos convênios
selecionados na amostra, a equipe de auditoria
sintetizou e demonstrou que os recursos oriundos de
convênios celebrados por meio de emendas
parlamentares, transferidos para as empresas de
Francineudo, a saber: ADAPE, O. K. Soluções e
Francineudo Moreira de Farias - ME, bem como para
seu grupo econômico, composto ainda pelas empresas
COLOSSU’S, SUPERART e J GALDINO, além de
participarem nas cotações de preços da maioria dos
convênios, as empresas do grupo lograram êxito como
vencedoras, recebendo praticamente 100% dos
recursos totais de cada convênio, conforme comprova
dados da tabela disposta às fls. 3677 a 3678.
Outro ponto que a tabela demonstra, refere-se aos
convênios celebrados com a Org. Soc. Desp. Luiza
Lobo (OSDLL) apresentando que o percentual de
transferência de recursos para Francineudo é
próximo aos 100% do valor do convênio, devendo-se
ao fato de haver forte vínculo entre Francineudo e
a OSDLL, como locação de imóvel de Francineudo pela
OSDLL, além dessas duas empresas apresentarem o
mesmo endereço.
Ressalta-se que as convenentes OSDLL, Instituto
Darwin e as empresas do grupo Francineudo já foram
objeto de irregularidades apontadas nos Processos
TC Nº 1606350-8, TC Nº 16100199-3, TC Nº 1508152-7,

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TC Nº 15100256-3 e TC Nº 1500463-6 que tramitam


nesta Corte de Contas.
Importa relatar que a Secretaria da Controladoria
Geral do Estado em seu Relatório de Auditoria
DAUD/SCGE Nº 011/2017 apontou essas irregularidades
envolvendo as empresas do grupo “Francineudo” no
item 4.2 “Indícios de detrimento à probidade
administrativa” a respeito do vínculo entre as
entidades sem fins lucrativos: Via Social,
Instituto Darwin e OSDLL, bem como entre estas e as
empresas de Francineudo Moreira de Farias: V.C.
Artes (O.K. Soluções), ADAPE, Francineudo Moreira
de Farias ME, além de Michele Maria da Silva
Eventos ME e Ostríssima Buffet. Abaixo seguem
trechos transcritos do referido Relatório:

(…) Esses indícios tendencionam suspeita quanto ao


estabelecimento de um grupo previamente firmado, a
fim de usufruir de grande parte dos recursos
financeiros dos convênios objetos da amostra da
presente auditoria.
Dessa forma, não há comprovação de que os
convenentes asseguraram eficiência e probidade na
seleção de pessoal e aquisição de bens e
contratação de serviços, observados os princípios
da impessoalidade, moralidade e economicidade,
ambos para entidades sem fins econômicos, nos
termos dos incisos VII e VIII do art. 7º do Decreto
Estadual nº 39.376/2013, como se pode observar no
subitem 4.1, em que houve indícios de sobrepreço
nas contratações.

Ademais, a norma prescreve a necessária cotação


prévia de preços no mercado, no mínimo 3 (Art. 33
da Portaria SCGE nº 55/2013 e seu parágrafo único).
Entretanto, os convênios elencados neste item
demonstram indícios de assinaturas forjadas, nos
documentos de orçamentos anexados ao processo de
prestação de contas, o que ensejaria em indício de
crime contra a fé pública, nos termos do Título X
do Código Penal Pátrio.
Essa suspeita foi ratificada por duas confirmações
de empresas afetas, em circularização realizada
pela equipe de auditoria. A empresa Sistema Serviço
e Eventos, cuja cotação foi juntada à prestação de
contas dos Convênios nº 114 e 115/2015, retornou
e-mail à equipe de auditoria, expressando opinião
quanto ao não escorreito orçamento anexado,
declarando-o falso.
As entidades não podem alegar que não tinham
conhecimento a respeito do forjamento das

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ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

propostas, porque os nomes das empresas V.C. Artes


e V. C locações, são muito similares, elas possuem
os mesmos endereços de outras empresas, entre
outros indícios de fraude relatados acima.
Além das empresas do senhor Francineudo, bem como
as empresas associadas e seus respectivos
representantes terem infringido as normas acima
citadas, faz-se mister apontar que o senhor
FRANCINEUDO MOREIRA DE FARIAS, já foi
responsabilizado em irregularidades de processos do
Tribunal de Contas de Estado de Pernambuco, bem
como do Tribunal de Contas da União, conforme
exposto a seguir:
No Tribunal de Contas de Estado de Pernambuco –
TCE/PE:

Processo T.C. Secretarias de Estado

Nº 1508152-7 Secretaria de Educação e Esportes

Nº 1500463-6 Secretaria de Educação e Esportes

Nº 15100256-3 Instituto de Pesos e Medidas do


Estado de Pernambuco
Nº 1606350-8 Secretaria de Turismo Esportes e
Lazer de Pernambuco
Nº 16100199-3 Secretaria de Desenvolvimento Social,
Criança e Juventude

No Tribunal de Contas da União - TCU: Número do


Acórdão nº 7861/2017 – Segunda Câmara.
[.....]
Ademais, para fins de aprofundamento de informações
a respeito do senhor Francineudo Moreira de Farias
foi realizada busca em sites de pesquisa
disponíveis na internet e foi encontrado o
andamento do processo nº 0024814-11.2012.8.17.0001
do dia 11.01.17 do DJPE,
[....]
Não é demais lembrar que a prática exercida pelas
entidades contraria o disposto na Lei de Defesa da
Concorrência, sobretudo em dispositivos do art. 31,
32, 33 e 36 da Lei Federal nº 12.529/11,
[...]
Diante das evidências expostas acima, equipe
concluiu que não é possível atribuir credibilidade
ao processo de contratação e realização das
despesas, bem como às prestações de contas

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ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

apresentadas pelas entidades acima citadas,


sugerindo a devolução aos cofres públicos de
2.409.708,00 (dois milhões, quatrocentos e nove mil
e setecentos e oito reais), por parte das entidades
convenentes e das empresas do grupo econômico do
Sr. Francineudo. A repartição dos valores a serem
devolvidos pelos sujeitos responsáveis, se encontra
detalhada na tabela de fls. 3688 e 3689 dos autos
desse processo.
Por fim, em função das lesões produzidas ao erário,
das condutas fraudulentas que interferiram
diretamente na competitividade do serviço a ser
prestado e violaram princípios basilares inerentes
à Administração Pública como impessoalidade,
moralidade e isonomia, cópia dos presentes autos
deverá ser encaminhado ao Ministério Público para a
apuração de atos de improbidade administrativa
praticados pelas entidades convenentes, bem como
das empresas pertencentes ao grupo econômico de
Francineudo Moreira de Farias, com seus respectivos
representantes, para a promoção da ação penal
cabível, nos termos do que estabelece o art. 3º e
os incisos II e XII do art. 10 da Lei Federal
n.º 8.429/1992,
[...]
A2.6. Indícios de conluio entre empresas
contratadas e as entidades beneficiadas com emendas
parlamentares, fls. 3696 a 3712
Como relatado anteriormente no item 2.1, restou
comprovado o vínculo conjugal entre os presidentes
de 03 entidades Missão Internacional de Proteção à
Criança e ao Adolescente (Cícero Alfredo dos
Santos), Associação Saúde Solidária para
Desenvolvimento da Saúde, Educação, Ciência e
Cultura e a Associação Projeto Universal (Letícia
Lopes da Silva Santos).
Além destas, outras entidades e empresas também
possui vínculos familiares ou de negócios como
exposto a seguir.

 VIA SOCIAL - COOPERATIVA DE TRABALHO 3o SETOR


LTDA;
 INSTITUTO DARWIN - INSTITUTO DE APOIO À EVOLUÇÃO
DA CIDADANIA;
 ORGANIZAÇÃO SOCIAL DESPORTIVA LUIZA LOBO (Org.
Soc. Desp. Luiza Lobo - OSDLL);
 ABDESM - AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E SOCIAL DOS MUNICÍPIOS;
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 FEDERAÇÃO PERNAMBUCANA DE BODY BOARDING

De acordo com a análise por parte da auditoria, das


12 entidades privadas sem fins lucrativos que
celebraram convênios com recursos de emendas
parlamentares, 10 entidades possuem algum tipo de
vínculo entre si e/ou entre empresas contratadas
para execução dos serviços.
As duas entidades sem fins lucrativos VIA SOCIAL e
INSTITUTO DARWIN pertencem respectivamente à mãe e
filha, Maria da Guia Luna e Patrícia Luna, ambas
entidades contratam com o grupo econômico de
Francineudo Moreira de Farias, bem como com a
empresa Ostríssima Buffet cuja sócia é Patrícia
Luna. Outrossim, note-se que a empresa Ostríssima
Buffet aparece depositando dinheiro na conta da
Federação Pernambucana de Body Boarding, (extrato
bancário do termo de fomento no 034/2016).
Vale salientar que as senhoras Maria da Guia Luna e
Patrícia Luna dividem o mesmo imóvel para sediar as
sedes das entidades, que se localizam à Rua Cel.
João Manguinhos, n.o 623 –Bairro Novo – Olinda – PE
– CEP. 50030-070, sendo uma na “Sala 1” e outra na
“Sala 2”. A Sra. Patrícia Maria de Luna Presidente
do Instituto Darwin, como é filha da Sra. Maria da
Guia de Luna, Presidente da Via Social, residem no
mesmo endereço, situado na Rua Cel. João Ribeiro,
n.o 1.286 – Bairro Novo – Olinda – CEP. 50.030-070,
conforme constam dos próprios preâmbulos dos
convênios celebrados com a SDSCJ.
Foi observado em convênios firmados com a
Organização Social Desportiva Luiza Lobo - OSDLL,
como os de nº 78/15, nº 110/15, nº 111/15 e
nº 112/15, que houve contratação da empresa
“OSTRÍSSIMA BUFFET E ALIMENTAÇÃO LTDA.”, cujo
endereço é o mesmo da VIA SOCIAL e INSTITUTO
DARWIN, mudando apenas para SALA 4. A auditoria
confirmou no sítio da Receita Federal do Brasil que
realmente a mencionada é sócia da empresa,
juntamente com o Sr. Vinicius de Luna Couto. Outro
indício detectado pela equipe de auditoria foi que
no Demonstrativo de Rendimentos da Organização
Social Desportiva Luiza Lobo para o convênio no
112/2015 há a uma descrição no campo (A) =
APLICAÇÃO idêntica àquela descrita no Demonstrativo
de Rendimentos do Instituto Darwin para o convênio
no 82/2015, inclusive com o mesmo erro de grafia e
utilizando-se da mesma fonte para a letra, conforme
consta às fls. 3697.

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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

Outro fato que merece destaque se refere à


conciliação bancária das duas entidades que seguem
padrões de preenchimento, semelhantes, com a mesma
fonte, mesmo tamanho da letra, mesmas abreviações,
mesma colocação de parentes, etc. A semelhança pode
ser verificada tanto nas conciliações, como nos
demais documentos registrados às fls. 3699 e 3700.
A Org. Soc. Desp. Luiza Lobo, apresenta documentos
com o mesmo endereço das empresas de Francineudo
Moreira de Farias, que possuem endereços diferentes
nos documentos apresentados nas prestações de
contas dos convênios analisados.
Os endereços informados pelas 03 empresas de
Francineudo e outras do mesmo grupo econômico que
forneceram cotação de preços para entidades, bem
como o endereço da própria convenente Org. Soc.
Desp. Luiza Lobo foram sistematizados às fls. 3702,
ressaltando-se que o endereço da R. Desembargador
José Neves, nº 91 - Boa Viagem é o que consta como
endereço residencial da Sra. Camilla Sampaio
Xavier, Diretora Presidente da Org. Soc. Desp.
Luiza Lobo e já foi informado como endereço
residencial também de Michele Maria da Silva.
Os vínculos da ORGANIZAÇÃO SOCIAL DESPORTIVA LUIZA
LOBO – OSDLL e as empresas que ofereceram propostas
para prestação de serviços, nos convênios
celebrados com a SDSCJ, ligadas ao senhor
Francineudo Moreira de Farias, podem ser assim
descritos:

 Francineudo Moreira de Farias possui uma empresa


individual (Francineudo Moreira de Farias ME),
que tem o nome de Fantasia VC Locações, Produções
e Eventos;
 Esta empresa individual é proprietária do imóvel
onde funciona a entidade OSDLL, havendo contrato
de locação com a primeira nos autos;
 Francineudo também é sócio de outra, que funciona
no mesmo endereço, denominada VC Artes, Esportes
e Vestuários Ltda ME;
 Também cedeu o mesmo endereço da OSDLL, para
funcionamento da empresa Michele Maria da Silva
Eventos – ME, cuja sócia é membro da ADAPE;
 Foi Presidente da ADAPE – Associação dos Árbitros
de Desportos Amadores de Pernambuco, tendo depois
passado para Membro Efetivo do Conselho Fiscal da
entidade, colocando em seu lugar o Sr.
Epaminondas Galdino de Gouveia, inclusive tendo

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ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

sido provado que a reunião que elegeu a nova


Diretoria da ADAPE aconteceu no prédio que
pertence a Francineudo e onde funciona a OSDLL.
Acrescente-se que o Relatório de Auditoria
DAUD/SCGE No 011/2017 trata em seu item 4.2
“Indícios de detrimento à probidade administrativa”
a respeito do vínculo entre as entidades sem fins
lucrativos: Via Social, Instituto Darwin e OSDLL,
bem como entre estas e as empresas de Francineudo
Moreira de Farias: V.C. Artes (O.K. Soluções),
ADAPE, Francineudo Moreira de Farias ME, além de
Michele Maria da Silva Eventos ME e Ostríssima
Buffet.
[....]
Cabe mencionar que houve alterações de sócios das
empresas de Francineudo disposta às fls. 3704 e que
tanto a sócia Ana Paula Ferro quanto o Alexandre
Lima (excluído da sociedade OK! Soluções em Eventos
em 01/09/2014), assinam cotações de preços que
concorrem com propostas assinadas por Francineudo
(excluído da sociedade OK! Soluções em Eventos em
11/01/2016), bem como com as propostas da ADAPE.
Para fins de comprovação de vínculos, segue abaixo
a relação dos participantes da Assembléia Geral
Ordinária e Eletiva - da Associação dos Árbitros de
Desportos Amadores de Pernambuco ADAPE, conforme
ata de assinatura que estão envolvidos nos
convênios analisados, seja com cotações de preços,
contratações, depósitos, pagamentos, etc.

 Francineudo Moreira de Farias


 Ana Paula Ferro
 Alexandre de Lima
 João Paulo Araújo Pinto
 Epaminondas de Galdino de Gouveia
 Michele Maria da Silva
 Daniel Heráclio do Rego

O senhor Daniel Heráclio do Rego é ex-sócio da VIA


SOCIAL, coordenador técnico da entidade ABDESM,
membro da ADAPE e depositou R$ 18.500,00,
exatamente o valor da contrapartida, na conta da
Federação Pernambucana de Body Boarding, termo de
fomento no 034/2016, bem como aparece apresentando
cotação para o mesmo convênio.

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ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

De modo semelhante, a Ostríssima Buffet, cuja sócia


também é a presidente do Instituto Darwin (Patrícia
Luna) aparece fazendo duas transferências entre
contas para a Federação Pernambucana de Body
Boarding, num valor total de R$ 700,00, como
comentado anteriormente.
Outro indício de ligação entre convenentes é que
uma empresa, reiteradas vezes contratada pelo
Instituto Travessia, possui o mesmo endereço do
presidente da Federação Pernambucana de Body
Boarding. O senhor Joab Paes Lira de acordo com a
pesquisa ao sistema SERPRO mora na Av. Boa Viagem,
3232, não obstante tratar-se de um edifício, o
endereço na base de dados do SERPRO não consta o
apartamento. Por sua vez, o endereço de Fábio
Bernardino Silva possui o mesmo endereço, sendo que
neste consta a especificação de que o apartamento é
901.
De acordo com os fatos relatados acima, constata-se
o vínculo de entes convenentes com as empresas
contratadas para executar o objeto dos convênios
celebrados a partir de recursos de emendas
parlamentares, conforme esquema disposto às
fls. 3706.
Diante de todo o exposto, pode-se concluir
portanto, que possivelmente houve simulação de
concorrência de propostas, com o fito de burlar a
Administração Pública, caracterizando-se como
fraude na cotação de preços e na contratação de
serviços ferindo, assim, os princípios
constitucionais da impessoalidade e da moralidade,
nos convênios celebrados pelas convenentes citadas.
Destarte, todas as entidades, empresas e seus
respectivos representantes, identificados como
responsáveis pelos fatos aqui relatados, podem ser
considerados inidôneos para contratação, com fins
de prestação de serviços ou fornecimento de bens,
perante à Administração Pública em processo de
Auditoria Especial que será formalizado.
Por fim, em função das lesões produzidas ao erário,
decorrentes dos atos de improbidade administrativa
praticados pelas entidades convenentes, bem como
das empresas pertencentes ao grupo econômico de
Francineudo Moreira de Farias e do grupo econômico
de Letícia Lopes da Silva Santos, com seus
respectivos representantes, cópia dos presentes
autos deverá ser encaminhado ao Ministério Público
para a promoção da ação penal cabível, nos termos
do que estabelece o art. 3º e os incisos II e XII,
do art. 10 da Lei Federal n.º 8.429/1992,
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[....]

A2.7. Irregularidades em parcerias celebradas com a


Federação Pernambucana de Body Boarding, fls. 3712
a 3722
A auditoria detectou várias irregularidades na
prestação de contas do Convênio nº 034/2016
celebrado entre a SDSCJ e a Federação Pernambucana
de Body Boarding, tais como: plano de trabalho sem
assinatura e data; contratação de empresa que
apresentou maior valor na cotação de preços; gastos
realizados sem vigência do convênio; não utilização
de conta bancária específica e de instituição
financeira não-oficial; atraso na aplicação
financeira dos recursos do convênio; publicação
extemporânea de extrato de convênio e cotações de
preços irregulares (com empresas de um mesmo grupo
econômico).
Diante do achado, a auditoria solicita devolução
dos gastos realizados sem a vigência formal do
convênio (R$96.750,00) e da diferença existente
entre a maior cotação de preços para a contratação
de equipe técnica para o 4º Festival Esportivo de
Praia e o menor preço ofertado, qual seja:
R$ 2.350,00, conforme detalhado às fls. 3716 do
processo.

A2.9. Irregularidades detectadas em parceria


celebrada com o Instituto Desenvolvimento Social –
IDS, fls. 3733 a 3738
A auditoria detectou várias irregularidades na
prestação de contas do Convênio nº 026/2016
celebrado entre a SDSCJ e o Instituto de
Desenvolvimento Social – IDS, para executar o
projeto: Educar para o Futuro.
As irregularidades encontradas foram: nota fiscal,
no valor de R$ 19.880,00, apresentada sem descrição
do serviço prestado; publicação extemporânea de
extrato de convênio; ausência de relação de
beneficiados com a execução do referido projeto e
signatário do termo de convênio não é o responsável
e nem representante legal do IDS.
Diante das falhas evidenciadas, a auditoria
solicita a devolução do montante de R$ 19.880,00,
referente à nota fiscal apresentada na prestação de
contas, sem conter a descrição do serviço prestado.
Ademais, importante salientar que a equipe relata
que há evidências que o valor dessa nota tenha sido

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utilizado para o pagamento da contrapartida à


SDSJC.

A2.11. Irregularidades detectadas em parcerias


celebradas com o Instituto Travessia, fls. 3746 a
3753
A auditoria analisou 5 termos de convênio
celebrados pela SDSCJ com o Instituto Travessia, no
ano de 2016. Na análise das prestações de contas
desses convênios, foram encontrados indícios de
direcionamento em contratações realizadas pelo
Instituto Travessia.
A equipe concluiu pelo direcionamento nas
contratações, pois encontraram diversas notas
fiscais de empresas que não participaram de
cotações de preços e nem tiveram sua escolha
justificada. Além disso, foi verificado um
sequenciamento na numeração das notas fiscais das
duas empresas mais recorrentes (Lazo Mídia e
Eventos e Prime Produções), dando indícios de que a
empresa só faturava para o Instituto Travessia.
Diante do exposto, a auditoria sugere a devolução
do montante referente a todas essas notas fiscais
analisadas que somam R$ 550.270,00.

A2.12. Irregularidades em parceria celebrada com a


Sociedade Esportiva Decisão Futebol Clube,
fls. 3754 a 3756
Foi detectado um repasse indevido realizado pela
SDSCJ para a Sociedade Esportiva Decisão Futebol
Clube, no valor de R$ 6.020,00, referente ao Termo
de Fomento nº 053/2016 (II Corrida da Consciência
Negra). A auditoria detectou esse achado cotejando
o valor presente no Termo de Fomento (R$115.780,00)
com o valor das suas ordens bancárias de pagamento
(R$121.800,00).
Além disso, foram encontrados cupons fiscais, na
prestação de contas desse Termo de Fomento, com
data anterior a sua assinatura. Tais cupons
totalizam o valor de R$ 745,00, para os quais
também é solicitada a devolução.

A2.13. Irregularidades detectadas em parcerias


celebradas com a Associação Satélite, fls. 3756 a
3764
Da análise da prestação de contas de quatro Termos
de Fomentos celebrados entre a SDSCJ e a Associação
Satélite, a auditoria encontrou as seguintes
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ESTADO DE PERNAMBUCO
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irregularidades: ausência de previsão de


contrapartida; ausência de aplicação financeira dos
recursos transferidos; ausência de cotações para
contratação das empresas; ausência de cópias dos
contratos com as empresas fornecedoras e valor
repassado a maior para um dos termos de fomentos.
Pelas falhas encontradas, a equipe conclui que não
houve a efetiva comprovação da boa e regular
aplicação dos recursos e execução dos serviços e
sugere devolução do montante de R$ 489.465,60. Tal
valor é composto de R$ 469.322,30, detalhado às
fls. 3759 a 3760, referente à ausência de cotação
de preços, e R$ 20.143,30, referente ao pagamento a
maior, feito de forma equivocada, pela SDSCJ,
fls. 3764.

A2.16. Aprovação de prestações de contas com


indícios de fraude e outras irregularidades, fls.
3779 a 3795
De todas as 93 parcerias firmadas com as 12
entidades que fizeram parte do escopo do presente
processo, foi verificado que apenas 18 processos de
prestações de contas foram aprovados pela SDSCJ. Ao
analisar esses processos aprovados, a auditoria
verificou a ausência de diversos documentos
necessários e exigidos pela Portaria SCGE nº55/2013
(art. 40) e também que, para 4 dessas prestações de
contas, havia um trabalho de auditoria, realizado
pela SCGE, apontando uma série de irregularidades.
Em sendo assim, mesmo diante da insuficiência da
documentação apresentada e dos indícios de
simulação das cotações de preços, com participação
sempre de empresas do mesmo grupo econômico, além
de todos os vínculos pessoais e profissionais entre
as convenentes e entre estas e as empresas
envolvidas demonstrados ao longo do Relatório de
Auditoria, a equipe técnica questiona como as
prestações de contas foram aprovadas pela SDSCJ.
Para a irregularidade em comento, a auditoria
sugere devolução de R$ 50.000,00 referentes ao
Termo de Fomento nº31/2016, fls. 3792, já que, para
as demais parcerias aqui envolvidas, já foram
solicitadas as devidas devoluções em achados
anteriores.

Passo a decidir.
A concessão de medida cautelar, como notório, está
condicionada à concorrência de dois requisitos: a
plausibilidade do fundamento invocado, conhecido
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como fumus boni juris, e o risco de lesão ou ameaça


a direito, traduzido na expressão periculum in
mora.
No caso em exame, o fumus boni juris se assenta nas
graves irregularidades amplamente demonstradas
neste arrazoado, notadamente: a) Fraude nas
contratações envolvendo as convenentes Missão
Internacional, ASSOSIUDE e APU; b) Fraude nas
contratações com direcionamento para empresas do
mesmo grupo de Francineudo Moreira de Farias; c)
prática de conluio e fraude em parcerias celebradas
com a Secretaria, e ainda considerando o dano total
provocado ao Erário, apontado no Quadro de
Responsabilização de Achados, Responsáveis e
Valores Passíveis de Devolução disposto às fls.3832
a 3844, que atinge a monta de R$ 10.902.566,60 (dez
milhões, novecentos e dois mil, quinhentos e
sessenta e seis reais e sessenta centavos).
Já o periculum in mora reside no risco de que a
continuidade das parcerias financiadas com recursos
de emendas parlamentares, formalizadas sem a devida
observância dos critérios estabelecidos na
legislação pertinente, poderá acarretar um aumento
do dano ao erário, em virtude da ausência de
comprovação por parte das convenentes da boa e
regular aplicação dos recursos repassados por meio
de emendas parlamentares, bem como na aceitação de
prestações de contas insuficientes, incompletas e
fraudulentas sem que tenham sido tomadas as
providências cabíveis de forma tempestiva.
Ante o exposto, em face do relatado acima, e
consoante os termos do art. 1° da Resolução TC
nº 016/2017, determino que a Secretaria de
Desenvolvimento Social, Criança e Juventude -
SDSCJ, até ulterior deliberação da Segunda Câmara
desta Corte de Contas, abstenha-se de firmar
qualquer tipo de parceria financiada com recursos
de emendas parlamentares até que comprove condições
em sua estrutura organizacional para garantir o
controle, fiscalização e monitoramento sobre a
correta aplicação dos recursos transferidos, bem
como sobre a boa e regular execução da parceria, a
fim de demonstrar a exatidão e efetividade da
prestação dos serviços de acordo com as cláusulas e
metas estabelecidas nas avenças.
Para tanto, a Secretaria de Desenvolvimento Social,
Criança e Juventude- SDSCJ deverá, imediatamente:

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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

1)Elaborar e publicar um organograma que reflita a


realidade da distribuição dos cargos e funções da
SDSCJ;
2)Elaborar e publicar um Regimento Interno que
contemple todos os cargos da Secretaria,
incluindo o Secretário da Pasta, com descrição
detalhada das atividades e responsabilidades de
cada cargo ou função;
3)Elaborar e publicar fluxograma contendo todas as
fases necessárias e sequenciadas para a
formalização das parcerias, incluindo todos os
setores e as atividades a serem desempenhadas
para conclusão da celebração da parceria;
4)Elaborar norma padrão para definir previamente
qual Secretaria Executiva será responsável pela
fiscalização e acompanhamento da parceria a ser
celebrada com a SDSCJ;
5)Elaborar e publicar fluxograma contendo todas as
fases necessárias e sequenciadas para o
acompanhamento, fiscalização e monitoramento
sobre a execução das parcerias firmadas com a
SDSCJ. Este fluxograma deve abranger todos os
setores e as atividades envolvidas no processo de
fiscalização;
6)Elaborar e publicar manuais de procedimento para
cada setor responsável pela fiscalização,
contendo as ações que devem ser tomadas em cada
fase. O desempenho das fases da fiscalização deve
abranger:
a.Fase de seleção dos fornecedores a serem
contratados pela convenente para prestação do
serviço, no qual deve estar garantido o
respeito aos princípios inerentes à
Administração Pública;
b.Vistorias in loco, sequenciadas e periódicas,
para averiguar se a execução por parte do
fornecedor está de acordo com o contrato
firmado com a convenente;
c.Acompanhamento dos documentos a serem entregues
para a prestação de contas, que garantam a
comprovação da fiel execução do objeto firmado
na parceria com a SDSCJ;
7) Elaborar e publicar manuais de procedimento para
o Núcleo de Prestação de Contas, com sistema de
alerta quanto ao prazo para apresentação da
prestação de contas, bem como alerta quanto ao
prazo para atendimento às solicitações realizadas
pela SDSCJ e ainda criação de alerta quanto ao
prazo que o Núcleo de Prestação de Contas terá
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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

para comunicar ao departamento jurídico da SDSCJ


no caso de ausência de prestação de contas ou
prestação de contas irregulares;
8) Elaborar e publicar manuais de procedimento,
contendo todas as fases necessárias e
sequenciadas a serem adotadas pelo Departamento
Jurídico para fins de subsidiar o Secretário da
Pasta na instauração da Tomada de Contas Especial
das parcerias com ausência de prestação de contas
ou prestação de contas irregulares;
9) Designar comissão específica responsável pelo
procedimento de instauração da Tomada de Contas
Especial, providenciando a respectiva publicação;
10) Aprimorar os sistemas de controle interno de
forma a garantir o funcionamento e a
transparência das ações da SDSCJ no tocante a
celebração e execução das parcerias firmadas com
recursos públicos;
11) Regularizar, impreterível e imediatamente, as
pendências com municípios e entidades sem fins
lucrativos, que estão com prestações de contas em
atraso ou com exigências de documentos,
providenciando a devida instauração das Tomadas
de Contas Especiais (TCE), bem como providenciar
a conclusão das TCE que estejam em andamento;
12) Implementar equipe de fiscalização para emitir
relatório de visita técnica in loco para avaliar
a execução do objeto, durante e após a sua
finalização, conforme plano de trabalho pactuado
na parceria pública.

Notifique-se o Ilmo. Sr. Cloves Eduardo Benevides,


atual Secretário Estadual da Secretaria de
Desenvolvimento Social, Criança e Juventude e o
Ilmo. Sr. Isaltino José do Nascimento Filho -
Secretário de Desenvolvimento Social, Criança e
Juventude do Estado de Pernambuco- SDSCJ, no
período de 2015 a 2016, para que adotem a medida
deferida e, querendo, apresentem defesa no prazo de
05 (cinco) dias, a contar da ciência da presente
decisão, encaminhando-lhes cópia do Relatório de
Auditoria da Gerência de Contas da Administração
Direta - GEAD, deste Tribunal.
Cientifique-se, para providências cabíveis, a
Secretaria da Controladoria Geral do Estado, que
tem como uma de suas atribuições o controle interno
do Governo do Estado de Pernambuco."

Estes foram os termos da Medida Cautelar Monocrática


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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

que expedi.
Determinei notificação dos interessados da SDSCJ para
apresentarem defesa, tendo sido oferecidas as defesas de
fls. 3.908 a 3.913, acompanhadas dos documentos de fls. 3.914
a 4.013.
Em ato contínuo, solicitei análise das defesas e
elaboração de Nota Técnica de Esclarecimento por parte dos
técnicos do Departamento de Controle Estadual deste Tribunal,
tendo sido elaborada a peça de fls. 4.384-4.400, vol. 22, cuja
conclusão transcrevo a seguir.

“De tudo que foi analisado e exposto sobre as


defesas apresentadas, pode-se concluir que os
argumentos manifestos pelos defendentes e os
documentos por eles apresentados, não detêm a
prerrogativa de afastar os fundamentos fáticos e
jurídicos que subsidiaram a emissão da medida
cautelar em tela.
Cumpre rememorar que a medida cautelar foi
impetrada, sobretudo considerando a desorganização
e desestruturação interna da SDSCJ, o que
compromete a celebração de novas parcerias, com
recursos de emendas parlamentares, sem que haja a
correção dessas falhas, sobretudo no tocante à
imperiosa necessidade de fiscalização sobre a fiel
execução das parcerias e sobre a correta aplicação
dos recursos, o que pode vir a provocar novo dano
ao erário.
Outrossim, coligi-se, que o Sr. Isaltino José do
Nascimento Filho não deve ser arrogado como
destinatário das deliberações lavradas nesta Medida
Cautelar.”

É o relatório.

VOTO DO RELATOR

Por força da Resolução TC nº 16/2017, art. 8º, trago


a presente Medida Cautelar exarada em 12/06/2018, para
submissão a esta Câmara competente, sob pena de aplicação do
disposto no § 2.º do art. 18 da Lei Orgânica. Art. 8º A
decisão interlocutória do Relator será submetida à Câmara
competente em até 03 (três) sessões posteriores à sua
expedição, sob pena de aplicação do disposto no § 2º do
art. 18 da Lei nº 12.600, de 14 de junho de 2004. § 1º O prazo
previsto no caput ficará suspenso durante o período para
apresentação de defesa, caso este tenha sido concedido, e

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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

quando for solicitada Nota Técnica à Coordenadoria de Controle


Externo–CCE ou parecer ao Ministério Público de Contas –MPCO.
Por sua vez, o Regimento Interno do TCE-PE (Resolução
TC nº 15/2010, com redação acrescida pela Resolução TC
nº 18/2016), em seu artigo 132-D, assim prescreve:

Art. 132-D. Nos processos do Tribunal, a motivação


do voto do Relator deve ser explícita, clara e
congruente.
(...)
§ 3º O Relator sempre poderá fundamentar seu voto
indicando, por simples remissão, como razões de
decidir, parecer do Ministério Público de Contas,
proposta de voto da Auditoria Geral e relatórios,
laudos e notas técnicas da Coordenadoria de
Controle Externo, constantes nos autos, que, neste
caso, serão considerados parte integrante do voto.

Cabe ao Relator, diante de urgência ou de risco de


potencial lesão ao Erário ou de ineficácia de decisão de
mérito, adotar medida de cautela, de Ofício, ou mediante
provocação, que foi o caso, em juízo preliminar. Os gerentes
de unidades Organizacionais vinculadas à Coordenadoria de
Controle Externo - CCE podem provocar o Relator, como reza a
Resolução TC nº 16/2017, em seu art. 1º, o que foi o caso.
Diante da Nota Técnica do Departamento de Controle
Estadual, fls. 4.384-4.400, vol. 22, assinada por técnicos da
Gerência de Contas da Administração Direta – GEAD, cujo
opinativo foi por manter a Cautelar expedida, concluo que
permanecem presentes os elementos para manutenção da Cautelar
e pela sua homologação, procedendo ao seguinte voto:
Considerando que o fumus boni juris encontra-se
amplamente demonstrado, conforme ressaltado no Relatório de
Auditoria da GEAD/DCE (Relatório de Auditoria de fls. 3551 a
3860), em que foram identificadas graves irregularidades,
notadamente quanto: a) Fraude nas contratações envolvendo as
convenentes Missão Internacional, ASSOSIUDE e APU; b) Fraude
nas contratações com direcionamento para empresas do mesmo
grupo de Francineudo Moreira de Farias; c) Prática de conluio
e fraude em parcerias celebradas com a Secretaria, e ainda
considerando o dano total provocado ao Erário, apontado no
Quadro de Responsabilização de Achados, Responsáveis e Valores
Passíveis de Devolução disposto às fls.3832 a 3844, que atinge
a monta de R$ 10.902.566,60 (dez milhões, novecentos e dois
mil, quinhentos e sessenta e seis reais e sessenta centavos);

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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

Considerando que restou evidenciado o periculum in


mora, residindo no risco de que a continuidade das parcerias
financiadas com recursos de emendas parlamentares,
formalizadas sem a devida observância dos critérios
estabelecidos na legislação pertinente, poderá acarretar um
aumento do dano ao erário, em virtude da ausência de
comprovação por parte das convenentes da boa e regular
aplicação dos recursos repassados por meio de emendas
parlamentares, bem como na aceitação de prestações de contas
insuficientes, incompletas e fraudulentas sem que tenham sido
tomadas as providências cabíveis de forma tempestiva.
Em face do relatado acima:

1) Determino, consoante os termos do artigo 1° da


Resolução TC nº 016/2017, que a Secretaria de Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude (SDSCJ), na pessoa do Secretário
de Estado, o Sr. Cloves Benevides, que no prazo de 90
(noventa) dias, adote todas as medidas administrativas
urgentes e necessárias relacionadas a seguir, sob pena de
responsabilização pessoal no âmbito das contas anuais:

a) Inserir como cláusula obrigatória nos termos de


fomento/convênio o nome da Secretaria Executiva e
do fiscal da parceria que será responsável pelo
acompanhamento e fiscalização da avença firmada com
entidades sem fins lucrativos ou com municípios,
apresentando ao TCE/PE a minuta padrão do
instrumento a ser celebrado com os convenentes;
b) Publicar fluxograma contendo as fases para a
formalização das parcerias, incluindo os setores e
as atividades a serem desempenhadas para a
celebração da parceria;
c) Elaborar e publicar fluxograma contendo todas
as fases sequenciadas para o acompanhamento,
fiscalização e monitoramento, efetivos, sobre a
execução das parcerias firmadas com a SDSCJ,
descrevendo, necessariamente, quais cargos ficarão
responsáveis por cada fase e suas respectivas
atividades. Dentre as ações de fiscalização, deve
constar necessariamente, a exigência de que a
convenente apresente as cotações de preços de
fornecedores para análise prévia da SDSCJ, bem
como vistorias in loco, sequenciadas e periódicas,
realizada pelo fiscal da parceria, que emitirá um
Relatório de Visita Técnica contendo fotos,
informação de data, local, quantitativo de serviços
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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

e identificação dos beneficiários, dentre outros.


Este Relatório deve ser anexado aos documentos da
prestação de contas da parceria;
d) Apresentar documentos comprobatórios de que
estão sendo realizadas fiscalizações efetivas sobre
a execução das atuais parcerias vigentes, firmadas
com entidades privadas e com municípios, inclusive
com a apresentação do Relatório de Visita Técnica
de que trata o item c;
e) Implementar formas de alerta quanto ao: prazo
para apresentação da prestação de contas de cada
parceria firmada, prazo de resposta que a
convenente terá para atender às demandas da SDSCJ,
bem como do prazo que o Núcleo de Prestação de
Contas terá para comunicar ao departamento jurídico
da SDSCJ quais as convenentes estão com pendências
em suas prestações de contas;
f) Elaborar e publicar fluxograma contendo todas
as fases e prazos necessários e sequenciados a
serem adotados pelo Departamento Jurídico a fim de
subsidiar o Secretário da Pasta na instauração da
Tomada de Contas Especial das parcerias com
ausência de prestação de contas ou prestação de
contas pendentes;
g) Regularizar, impreterivelmente, as pendências
com todas as entidades sem fins lucrativos e
municípios que estejam com prestações de contas em
atraso ou com exigências de documentos,
apresentando ao TCE/PE os resultados das devidas
tomadas de contas especiais, bem como enviando
arquivo magnético, em planilha eletrônica, com a
Relação de todas essas parcerias e seus respectivos
resultados, contendo, no mínimo, as seguintes
informações:

Nº da Nome do Nº da Responsáveis Valor Resultado Houve


Parceria Convenente Tomada do da TCE restituição?
(Município de Dano
/Entidade) Contas
Especial
(TCE)

2) Notifique-se o Exmº. Secretário de Desenvolvimento


Social, Criança e Juventude, o Sr. Cloves Benevides, para que
adote a medida deferida;
3) Determino o acompanhamento por parte da Secretaria
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TCE-PE/DP FLS. _______

ESTADO DE PERNAMBUCO
TRIBUNAL DE CONTAS

da Controladoria Geral do Estado a respeito do atendimento das


determinações exaradas neste Referendo;
4) Determino instauração de Auditoria Especial, com o
objetivo de aprofundar as irregularidades apontadas,
envolvendo as entidades sem fins lucrativas citadas no
Relatório de Auditoria;
5) Determino que a Secretaria de Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude - SDSCJ, até ulterior deliberação
deste Tribunal, no processo de auditoria especial a ser
formalizado (item 4), abstenha-se de firmar qualquer tipo de
parceria, financiada com recursos de emendas parlamentares,
com as entidades e respectivos sócios relacionados a seguir:

Entidade CNPJ Sócios CPF


Instituto Armando José da
10.271.915/0001-95 952.339.704-49
Travessia Silva Filho
Associação Carla Albuquerque
08.955.365/0001-81 032.062.364-52
Satélite Melo de Sena Sousa
Associação
Letícia Lopes da
Projeto Universal 05.094.702/0001-03 439.090.004-87
Silva Santos
- APU
Organização
Camilla Sampaio
Social Desportiva 16.904.507/0001-00 097.728.924-99
Xavier
Luiza Lobo
Instituto Darwin
- Instituto de Patrícia Maria de
09.273.825/0001-54 061.954.344-26
Apoio à Evolução Luna
da Cidadania
Sociedade
Epitácio Manoel de
Esportiva Decisão 01.706.228/0001-64 193.385.204-63
Andrade
Futebol Clube
Instituto de
Sônia Maria
Desenvolvimento 07.012.306/0001-07 297.964.154-53
Trindade Bezerra
Social - IDS
Federação
Pernambucana de 07.909.263/0001-67 Joab Paes de Lira 824.824.034-72
BODY BOARDING
VIA SOCIAL -
Cooperativa de Maria da Guia de
03.304.959/0001-09 104.193.224-34
Trabalho 3º Setor Luna
Ltda.
Missão
Internacional de
Cícero Alfredo dos
Proteção à 12.779.163/0001-01 289.859.584-53
Santos
Criança e ao
Adolescente
ABDESM - Agência 07.575.730/0001-60 Elizabete Virgínia 217.467.104-20
Brasileira de Pessoa
Desenvolvimento
Econômico e
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TRIBUNAL DE CONTAS

Social dos
Municípios
ASSOSIUDE -
Associação Saúde
Solidária para
Letícia Lopes da
Desenvolvimento 14.238.723/0001-38 439.090.004-87
Silva Santos
da Saúde,
Educação, Ciência
e Cultura

6) Determino, ainda, o encaminhamento do presente


processo ao Departamento de Controle Estadual deste Tribunal,
para acompanhamento do cumprimento da presente cautelar.
_________________________________________________________________
O CONSELHEIRO JOÃO CARNEIRO CAMPOS ACOMPANHOU O VOTO DO RELATOR.
PRESENTE A PROCURADORA DRA. MARIA NILDA DA SILVA.

PAN/acp

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