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Documento Assinado Digitalmente por: LEILA TORRES DOS SANTOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MARCOS NÓBREGA
CONSELHEIRO RELATOR DO EGRÉGIO TCE/PE

UNIDADE FISCALIZADORA: INSPETORIA REGIONAL DE PETROLINA


UNIDADE JURISDICIONADA: RPPS DO MUNICÍPIO DE CABROBÓ - FUNPRECAB
TIPO DE PROCESSO - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL (GESTÃO) – EXERCÍCIO 2018
PROC. Nº 19100255-0

MARCÍLIO RODRIGUES CAVALCANTI E LEILA TORRES DOS SANTOS, ambos


devidamente identificados e qualificados no relatório de auditoria nº 9948, vêm à presença
de V.Exa., apresentar suas CONSIDERAÇÕES FINAIS, conforme abaixo:

DA RATIFICAÇÃO DOS TERMOS DA DEFESA PRÉVIA

Os defendentes reiteram a peça de defesa em todos os seus termos, como se


aqui tivesse sido transcrita, todavia, diante do contido no relatório de auditoria objeto
do processo, acrescentam o seguinte:

DO REGISTRO INDIVIDUALIZADO DAS CONTRIBUIÇÕES DOS SERVIDORES

Apesar de terem demonstrado já com os documentos colacionados por ocasião


da defesa, os defendentes apresentam uma documentação ainda mais contundente
que comprova a existência do RIS no âmbito municipal, de modo a atender todos os
servidores municipais vinculados ao sistema.

DOS TERMOS DE PARCELAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS

Concessa maxima venia do narrado no RA, desde o primeiro dia da gestão dos
defendentes, ou seja, de 01 de janeiro de 2017 até o último dia útil dela, qual seja, 31
de dezembro de 2020, houve inquestionavelmente o pagamento das contribuições
parceladas, inclusive de forma antecipada, como se depreende das guias em anexo.

Ademais, carece da mais mínima fundamentação, a suposta irregularidade


formal dos termos de parcelamentos em apreço junto à Secretaria de Previdência
Social, tanto que foram devidamente cadastrados no sistema CADPREV.

DA FALTA DE TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO

Nesse particular, é de bom alvitre esclarecer que durante a gestão 2017/2020 a


gestão melhorou sobremaneira, tendo em vista que vários demonstrativos
previdenciários foram regularizados perante o CADPREV-WEB, no entanto, o Prefeito
da época bateu às portas do Poder Judiciário para a renovação da certidão de
regularidade previdenciária.

Para um melhor esclarecimento desse Douto Relator, o Excelso Pretório tem


entendimento pacífico no sentido de declarar a inconstitucionalidade do art. 7º da Lei
Federal nº 9.717/1998.
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Como corolário, o disposto no art. 30, I da Constituição Federal adotou
comando segundo o qual o chefe do executivo é que tem legitimidade para legislar em
matéria previdenciária local.

Outrossim, o Colendo STF recepcionou os princípios do pacto federativo, do


legislador natural, da simetria e da paridade das formas para fulminar a suposta
pretensão da SPREV quanto à aplicação de Portarias Unilaterais com o condão de punir
o município, em especial os munícipes, pois a inclusão do seu município no rol dos
inadimplentes no sistema SIAFI/CAUC, penaliza justamente a sociedade local e não o
Prefeito.

DO EFETIVO REPASSE DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

No que tange ao recolhimento das contribuições previdenciárias, vale destacar


que elas foram feitas rigorosamente no percentual estabelecido pela Lei Municipal nº
1.832/2017, precipuamente até o exercício 2018 e que a gestora previdenciária jamais
deixou de cobrar do Prefeito através de ofícios regulares, o que deve ser salientado.

Com efeito, além do altíssimo custo previdenciário, o Prefeito herdou uma


demanda reprimida de aposentadorias não concedidas no período 2015/2016, o que
impactou o déficit financeiro do FUNPRECAB que necessitou de mais aportes para o
cumprimento de suas obrigações correntes, em especial a folha de pagamento dos
aposentados e pensionistas.

Deve ficar assente, igualmente, que durante toda a gestão 2017/2020,


nenhuma competência deixou de ser paga aos usuários do RPPS, de modo que a folha
de pagamento foi integralmente cumprida junto aos aposentados e pensionistas.

Cabe informar, também, que no primeiro ano de gestão o Prefeito enviou


projeto de lei ao Poder Legislativo Municipal, majorando as alíquotas previdenciárias
dos Servidores e do Ente para 13,5% e 27% respectivamente, o que demonstra sua
responsabilidade previdenciária.

Por fim, a questão do flagrante déficit financeiro e atuarial que atinge a quase
totalidade das previdências municipais não se deu por culpa dos defendentes, mas por
fatores histórico-sociais que somente começaram a ser enfrentados timidamente por
ocasião da ECF nº 20/1998 e de maneira mais contundente com a ECF nº 103/2019.

DA HIPSSUFICIÊNCIA DA GESTORA PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO (CRÉDITO


DE NATUREZA ALIMENTAR INDISPENSÁVEL AO SUSTENTO DO
TRABALHADOR). PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

Por absoluto zelo administrativo, insta ressaltar que a gestora previdenciária é


servidora municipal ocupante do cargo de auxiliar administrativo, cuja remuneração
mensal importa em R$ 2.954,06

Por oportuno, é inconteste que o salário possui natureza alimentar, posto que
no caso da defendente constitui sua única fonte capaz de viabilizar a subsistência
própria e de seus familiares, ou seja, o recebimento mensal auferido pela
contraprestação do seu trabalho é o instrumento necessário para que ela obtenha uma
vida digna.
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Pois bem. O “caráter alimentar” é aquilo que é essencial à manutenção da vida,
como os medicamentos, as vestimentas, a educação, os cuidados com a saúde e o
bem estar físico e mental, além é claro, da alimentação imprescindível ao maior bem
do ser humano, sempre tutelado pelo consagrado Princípio Constitucional da Dignidade
da Pessoa Humana.

No caso específico da defendente, observe-se que o seu salário mensal equivale


a menos da metade de eventual multa a ser aplicada em decorrência da Lei Estadual
nº 12.600/2004, sendo certo que o pagamento de uma multa dessa monta
comprometeria sensivelmente seu orçamento (vide contracheque anexo).

Na esteira do raciocínio, o cumprimento de obrigação a ser imposta por essa


egrégia Corte de Contas obrigaria a defendente a optar por não cumprir com parte de
suas obrigações habituais e permanentes, v.g, conta de luz, de água, supermercado,
padaria etc, o que entendemos não ser esta a pretensão dessa Corte de
Contas.

Dessa forma, como não há qualquer dolo, má fé, malversação de recursos


previdenciários que macule as contas da defendente, é evidente que ainda que
caracterizada falhas formais - o que se admite tão somente por argumentação - ainda
assim deve, data venia, esse Douto Julgador aplicar os princípios do
formalismo moderado e da razoabilidade.

DO REQUERIMENTO FINAL

Tudo bem considerado, requer dessa egrégia câmara, se digne em julgar


regulares com ressalvas as contas dos defendentes no exercício 2018
relativamente ao RPPS municipal, com a devida quitação (sem aplicação de
multas), pelos próprios argumentos sustentados na defesa e por meio destas
considerações finais, por ser da mais elementar justiça.

Cabrobó, 08 de setembro de 2021

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