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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

GABINETE DO CONSELHEIRO ROBSON MARINHO

Conselheiro-Substituto Antonio Carlos dos Santos


Segunda Câmara
Sessão: 23/2/2016

68 TC-001032/001/14 PRESTAÇÃO DE CONTAS – REPASSES PÚBLICOS


Órgão Público Concessor: Prefeitura Municipal de Birigui.
Entidade(s) Beneficiária(s): Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Birigui.
Responsável(is): Pedro Felício Estrada Bernabé (Prefeito), Fabio

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Dutra Bertolin e Gabriel Genaro de Moraes (Interventores).
Assunto: Prestação de contas – repasses públicos ao terceiro
setor.
Exercício: 2013.
Valor: R$8.527.967,02.
Advogado(s): Fabio Dutra Bertolin e outros.
Fiscalizada por: UR-01 - DSF-I.
Fiscalização atual: UR-01 - DSF-I.

Relatório
Em exame, prestação de contas decorrente de subvenção
no valor de R$ 8.527.967,02, repassada no exercício de
2013, pela Prefeitura Municipal de Birigui à Irmandade da
Santa Casa de Birigui, que objetivou a cooperação mútua
entre os partícipes, do programa de parceria na assistência
à saúde, no âmbito do SUS.
Segundo o relatório da fiscalização: i) a entidade não
recolheu regularmente os encargos, não sendo possível a
emissão da certidão negativa de débitos; ii) transferência
integral dos serviços de saúde; iii) subcontratação de
empresas privadas para a prestação de serviços; iv) falta
de manifestação do conselho fiscal da entidade; v) que a
prestação de contas do exercício anterior, tratada no TC-
1033/001/13, foi julgada regular com recomendações.
Foi realizada vistoria in loco mediante a qual se
Este documento foi assinado digitalmente.

conferiu que as instalações são regulares; que há registros


de atendimentos; que foi apresentado plano de trabalho; que
os valores foram contabilizados e depositados em conta
bancária específica; que a entidade realiza consulta de
preços para aquisição de produtos e prestação de serviços,
existindo compatibilidade entre os preços contratados e os
praticados no mercado; que há 329 funcionários contratados,
20 voluntários e 01 cedido pelo poder público.

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Alega a Santa Casa que aderiu no ano de 2013 ao pedido


de parcelamento dos débitos existentes junto à Seguridade
Social, na forma da Portaria Conjunta PGFN/RFB de nº 7, de
outubro de 2013, e isso está lhe permitindo efetuar os
pagamentos até então inadimplidos.
Salientou, por conseguinte, que “(...) desde outubro
de 2013 a entidade vem mantendo sua regularidade tributária

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corrente, visando obter junto aos órgãos RFB/PGFN e CEF,
respectivamente, a certidão positiva com efeito de negativa
e o certificado de regularidade de FGTS, o que lhe
possibilitará estabelecer novos convênios nas esferas
Estadual e Federal, além de receber outras fontes de
receitas e recursos, acarretando maior independência
financeira em relação ao Município.”
Com relação à contratação de empresas, consoante
documentação encartada aos autos, informou que a Prefeitura
promoveu licitação para a contratação de empresa ou
entidade do terceiro setor, o que foi obstada em razão de
mandamus ajuizado pela empresa GEMEBI, cuja decisão de
primeiro grau concedeu a segurança para o fim de excluir do
edital a possibilidade de participação de entidades do
terceiro setor.
No mais, juntou documentos e finalizou pugnando pela
regularidade da prestação de contas.
Com as justificativas apresentadas, aliadas à
comprovação do parcelamento das dívidas previdenciárias
perante a Receita Federal, a ATJ, sob o enfoque jurídico,
opinou pela regularidade da matéria, sendo acompanhada pela
sua Chefia.
Este documento foi assinado digitalmente.

MPC obteve vista dos autos.


É o relatório.
ak/

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Voto
TC-001032/001/14

O parcelamento das dívidas previdenciárias em 2013 e o


regular adimplemento das obrigações, permitem afastar o
apontamento inicial da equipe de fiscalização, já que com
essas medidas a entidade não se torna impossibilitada de

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receber recursos públicos, sendo ela detentora de certidão
positiva com efeitos de negativa.
Quanto à contratação de empresas terceirizadas pela
Santa Casa de Birigui, não há, a rigor, nenhuma ilegalidade
flagrante.
Tal situação foi enfrentada em algumas oportunidades
por este Tribunal, a exemplo do decidido pelo Substituto de
Conselheiro Valdenir Antonio Polizeli, nos autos do TC-
16349/026/11, que na sessão de 26/8/2014 da e. Segunda
Câmara, assim decidiu:
“Com relação à subcontratação de terceiros pela OS
para a realização de específicos serviços relacionados
ao contrato de gestão, não entendo, após
justificativas prestadas, como violadora à lei regente
ou ao contrato em si”.
De se considerar que toda gestão e execução dos
serviços é de única e exclusiva responsabilidade da
OS, sendo ela responsável também pela coordenação dos
serviços, pelas instalações e equipamentos utilizados
e pela quase totalidade dos profissionais, cabendo aos
terceiros contratados apenas a execução de específicos
serviços médicos.
Este documento foi assinado digitalmente.

Ainda que se tratando de matéria não pacificada,


trago à colação julgado da Justiça do Trabalho
relacionado à possibilidade de terceirização de
serviços de radiologia, a teor da Súmula 331 do TST,
in verbis:
DA TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE RADIOLOGIA. De plano,
julgo extinto sem resolução do mérito os pedidos de
abstenção imediata e definitiva de contratação de

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serviços ou transferência de gerenciamento de suas


atividades (obrigação de não fazer), de fls. 28, eis
que juridicamente inviável. Por oportuno, não há
qualquer vedação legal que impeça, em tese,
determinada empresa terceirize suas atividades, ainda
que as mesmas estejam diretamente relacionadas ao seu
objeto social (caso típico de montadoras de veículos).
A leitura atenta do inciso III da Sumula 331 demonstra

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que o C. TST procurou indicar alguns primeiros
exemplos de atividades de apoio empresarial
(vigilância, conservação e limpeza), para depois,
lançar a fórmula genérica, utilizando-se da expressão
“bem como a de serviços especializados”, ampliando as
hipóteses de terceirização. E, se o inciso III ampliou
a possibilidade de terceirização, o TST com a
publicação do inciso IV da Sumula 331 impôs a mais
severa limitação, ou seja, a responsabilidade
subsidiaria do tomador de serviço, em qualquer
hipótese e sobre qualquer parcela do contrato de
trabalho. Assim, impõe-se a extinção do pleito sem
resolução do mérito, nos termos do inciso VI, do
artigo 267, do Código de Processo Civil do item “b” do
rol de pedidos de fls. 28. (processo n°
01992005620085020024, da 24ª Vara do Trabalho da
Capital).
É preciso considerar, ainda, com base na diligência
feita pela equipe de fiscalização deste Tribunal, que a
entidade realiza prévia cotação de preços para suas
contratações e que os valores dos serviços contratados se
mostraram compatíveis com os praticados pelo mercado (vide
fls. 128, itens 11 e 12).
Este documento foi assinado digitalmente.

Certo é, assim, que o sucesso da parceria não depende


desta ou daquela forma de contratação dos médicos, mas da
administração, do gerenciamento e do controle das
atividades desenvolvidas, por isso da obrigatoriedade do
exercício de um efetivo controle interno pela concessora.
O simples fato de a entidade se valer de algumas
pessoas jurídicas prestadoras de serviços médicos não induz
à presunção de que houve fraude na contratação,
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especialmente quando se trata de médicos, profissionais que


trabalham com autonomia, prestam serviços a mais de uma
instituição, e ainda atendem em seus consultórios.
Por fim, quanto à aplicação dos recursos, é preciso
pontuar que a fiscalização não glosou qualquer valor
relacionado às contas em exame.
Dessa maneira, em razão de parâmetros de

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proporcionalidade e finalidade e segundo critérios
razoáveis de adequação dos meios aos fins, principalmente
por não restar evidenciada irregularidade material na
consecução do objeto conveniado, voto pela regularidade da
prestação de contas, referente ao exercício de 2013, nos
termos do artigo 33, inciso II, da Lei Complementar nº
709/93, com proposta de quitação aos responsáveis.
Outrossim, determino ao órgão concessor que aprimore os
mecanismos de controle interno, a teor do que dispõe o
Comunicado SDG nº 035/2015, publicado no DOE em 05/9/2015,
bem como, se atente e cumpra com o determinado nas
Instruções nº 02/08 deste Tribunal.

Este documento foi assinado digitalmente.

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