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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.

468/2022-9

GRUPO II – CLASSE VII – PLENÁRIO


TC 020.468/2022-9
Natureza: Representação
Órgão: Justiça Federal de 1º Grau No Paraná/Seção Judiciária do Paraná
Representante: Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. (CNPJ
05.340.639/0001-30)
Representações legais: Renato Lopes (OAB/SP 406.595-B), Mateus Cafundó
Almeida (OAB/SP 395.031), Rayza Figueiredo Monteiro (OAB/SP 442.216),
Mateus Barbosa Couto (OAB/SP 463.494), Vinicius Eduardo Baldan Negro
(OAB/SP 450.936), Renner Silva Mulia (OAB/SP 471.087), Jean Mario Santos
Ferreira (OAB/SP 471.792) e Rodrigo Antônio Urias Martins (OAB/SP
474.016), representando Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO DE CAUTELAR.


PROCESSO LICITATÓRIO CONDUZIDO PELA JUSTIÇA FEDERAL DE
1º GRAU NO PARANÁ PARA A CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE INTERMEDIAÇÃO, COM USO DE
SISTEMA ELETRÔNICO E ATRAVÉS DE CONVÊNIOS, PARA
MANUTENÇÃO COM REPAROS E FORNECIMENTO DE PEÇAS E
SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO E LAVAGEM INTERNA E EXTERNA,
PARA OS VEÍCULOS OFICIAIS E GERADORES PERTENCENTES À
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ. CONHECIMENTO.
INDEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR. IMPROCEDÊNCIA DAS
ALEGAÇÕES. CIÊNCIA. DETERMINAÇÃO.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução lançada aos autos pela Secretaria de Controle Externo
de Aquisições Logísticas (Selog) (peça 11), a qual contou com a anuência do dirigente da unidade
técnica (peça 12):

“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de representação a respeito de possíveis irregularidades ocorridas no Pregão Eletrônico
38/2022 sob a responsabilidade de Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, cujo objeto é a prestação de
serviços de intermediação, com uso de sistema eletrônico e através de convênios, para manutenção com
reparos e fornecimento de peças (item 1) e serviços de abastecimento e lavagem interna e externa (item 2),
para os veículos oficiais e geradores pertencentes à Seção Judiciária do Paraná.
2. Seguem abaixo informações adicionais sobre o certame:
a) situação: homologado em 22/9/2022 (peça 9);
b) valor homologado: não há como definir o valor pelo qual o certame foi homologado,
uma vez que a referência do sistema Compras.gov.br é R$ 100,00 para cada item, para que seja feito o
registro do percentual de acréscimo ou desconto; todavia, o valor despendido nos seis primeiros meses de
2022 pela UJ consta no Anexo IB do edital do certame (peça 5, p. 24), totalizando R$ 141.292,57 para o item
1 e R$ 121.106,73 para o item 2, ao que o valor anual estimado para a contratação é de R$ 526.798,60;
c) a licitação em tela não envolve registro de preço;
d) não há informação sobre assinatura do contrato decorrente da licitação; e
e) houve pedido de impugnação do edital apresentado pela ora representado sobre a
questão tratada nestes autos, conforme peça 10.
3. O representante alega, em suma, a ocorrência da seguinte irregularidade: a limitação da taxa de
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credenciamento, prevista no item 9.11 do termo de referência, representa interferência nas relações de direito
privado (peça 1, p. 7-16).
4. O representante trouxe como evidências para as irregularidades apontadas acima os documentos
constantes na peça 1.
5. Afirma ainda que existe dano irreversível para a administração pública caso o TCU não suspenda
imediatamente o objeto, com a seguinte justificativa: inúmeras gerenciadoras, diante das ilegalidades
dispostas no edital, estão sendo tolhidas do seu direito de participação no certame em tela, ao que a própria
Administração Pública restará prejudicada ante a inexistência de participantes, secundariamente a população,
que, por não ter sido alcançada a proposta mais vantajosa, presenciará a ineficiência na utilização dos
repasses de recursos públicos.
6. Não foram registradas solicitações adicionais.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
7. Inicialmente, deve-se registrar que a representação preenche os requisitos de admissibilidade
constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU, haja vista a matéria ser de competência do Tribunal,
referir-se a responsável sujeito a sua jurisdição, estar redigida em linguagem clara e objetiva, conter nome
legível, qualificação e endereço do representante, bem como encontrar-se acompanhada de suficientes
indícios concernentes à irregularidade ou ilegalidade.
8. Destaca-se que os recursos empregados na licitação são de origem federal, oriundos do orçamento
da União, conforme previsto na cláusula 3.1 da minuta de contrato (peça 5, p. 26).
9. Além disso, Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda., cuja qualificação é licitante, tendo
como procurador Rayza Figueiredo Monteiro, possui legitimidade para representar ao Tribunal, consoante
disposto no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 237 do Regimento Interno/TCU.
10. Ainda, conforme dispõe o art. 103, § 1º, in fine, da Resolução – TCU 259/2014, verifica-se a
existência do interesse público no trato das supostas irregularidades, tendo em vista que, caso confirmadas,
restará configurada restrição indevida à competição.
11. Dessa forma, a representação poderá ser conhecida, por estarem presentes todos os requisitos de
admissibilidade constantes no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento
Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014.
EXAME SUMÁRIO
12. Na oportunidade, deixa-se de proceder ao exame sumário previsto no caput do art. 106 da
Resolução - TCU 259/2014, dando-se prosseguimento ao processo, consoante permissivo constante do §5º
do aludido artigo, visto que já é possível, com os elementos constantes dos autos, analisar definitivamente a
questão central trazida pelo representante.
EXAME TÉCNICO
I. Análise dos pressupostos para adoção de medida cautelar
13. Consoante o art. 276 do Regimento Interno/TCU, o Relator poderá, em caso de urgência, de
fundado receio de grave lesão ao Erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia da decisão de mérito,
de ofício ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a suspensão do procedimento
impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser adotada quando
presentes os pressupostos da plausibilidade jurídica e do perigo da demora.
I.1. Perigo da demora
14. Está configurado o pressuposto do perigo da demora por tratar-se de contratação não decorrente de
registro de preços, cujo contrato pode estar na iminência de ser assinado ou, ainda que o contrato tenha sido
assinado, os serviços podem não ter sido iniciados ainda.
I.2. Perigo da demora reverso
15. Não há como concluir acerca da presença do pressuposto, uma vez que não informação sobre a
existência de contrato em vigor para o mesmo objeto, e, ainda, sobre a essencialidade da contratação para a
Administração.
I.3. Plausibilidade jurídica
16. A partir das alegações do representante foram identificadas as seguintes irregularidades:
I.3.1. Estipulação de taxa de administração (secundária) máxima em contrato de gestão de frota
Fundamento legal ou jurisprudencial: Acórdãos 1287/2021-TCU-Plenário e 933/2022-TCU-Plenário, ambos
de relatoria do Min. Benjamin Zymler.
Alegações da representante:
16.1. A exigência questionada encontra-se no item 9.11 do Termo de Referência:
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9.11 A contratada deverá apresentar, no prazo não superior a 20 dias da assinatura do contrato, lista de
estabelecimentos aptos a cumprir os requisitos descritos nos itens 2.1.2.3, 2.1.2.4, 2.1.2.5 e aqueles
destinados exclusivamente a prestação de serviços de limpeza que façam parte do item 3.2.3.
Estabelecimentos estes dos quais a contratada se compromete a não cobrar taxa de administração superior a
5% (cinco por cento) dos valores gastos, nem tampouco taxa mensal fixa superior a R$ 30,00 (trinta reais).
16.2. Aponta que o serviço de gerenciamento nada mais é do que uma forma de quarteirização dos
serviços, onde a Administração Pública contrata uma empresa especializada para servir de elo com a rede
credenciada, servindo como forma de pagamento.
16.3. Alega a representante que a exigência é ilegal e restritiva à competitividade do certame. Sustenta
que a Administração quer limitar o poder de negociação das licitantes para com os estabelecimentos
credenciados que compõem sua rede, invadindo o contrato que as mesmas possuem com terceiros, que
sequer participam da licitação. Além disso, o que deve ser da preocupação da Administração é a extensão de
sua rede credenciada, por exemplo, e não o valor pactuado entre as empresas de gerenciamento e seus
estabelecimentos conveniados, até mesmo porque estes estabelecimentos prestam serviços para outros
clientes das gerenciadoras, casos em que se justifica a cobrança de taxas de administração maiores que o
imposto ilegalmente no edital.
16.4. Alega que ao limitar a taxa de credenciamento em 5% (cinco por cento), o órgão licitante invade a
seara alheia, vez que a negociação entre rede credenciada e empresa de gerenciamento devem obedecer a
regra do livre comércio. A limitação de taxa entre a futura contratada e seus credenciados extrapola os
limites da licitação, por interferir em relações jurídicas do direito privado, cujo conteúdo obrigacional é
estranho ao contrato administrativo e sofre naturalmente os influxos da livre concorrência, postulado da
ordem econômica nacional (artigo 170, inc. IV, da Constituição Federal).
16.5. Na sequência, trouxe jurisprudência do Poder Judiciário sobre o tema: processo 0000392-
60.2019.8.17.2770, em face de pregão promovido por prefeitura de município da Paraíba; processo 0000198-
17.2019.8.17.3140, em face de pregão promovido por prefeitura de município de Pernambuco; processos
858/006/09 e 1620/004/10, relativos a exame prévio de editais pelo Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo; processo DEN 143202017 MS 1.829.995, do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.
16.6. A referida limitação fatalmente frustrará o caráter competitivo do certame, vez que nas condições
constante no edital é possível que nenhuma licitante compareça na sessão pública, fazendo com o que mesmo
seja fracassado. Assim, a citada cláusula deve ser excluída do edital e anexos, tendo em vista a ilegal
interferência na relação comercial e privada entre Gerenciadora e Rede Credenciada.
Manifestação da UJ em sede de impugnação:
16.7. A representante apresentou impugnação ao edital, que, entre outros itens, incluía o tema objeto
destes autos. A UJ, ao analisar o pedido, assim decidiu (peça 10, p. 2-3):
Mérito
- DA LIMITAÇÃO DA TAXA DE CREDENCIAMENTO e DA ESTIPULAÇÃO DE PRAZO DE
PAGAMENTO DA REDE CREDENCIADA
Primeiramente a empresa se insurge em relação ao item 9.11 do Anexo I do edital, que estabelece que a
futura contratada não poderá cobrar taxa de administração dos estabelecimentos credenciados em percentual
superior a 5% (cinco por cento), nem tampouco taxa fixa superior a R$ 30,00 (trinta reais).
Ainda, se insurge com relação ao item 8.4.1 do Anexo I do edital que prevê que a futura contratada deverá
disponibilizar o valor aos credenciados em no máximo 15 dias contados do faturamento para a Justiça
Federal.
Em ambos os casos a licitante impugna referidas cláusulas editalícias sob a alegação de que a Administração
estaria regulando indevidamente aspectos de gestão particular das empresas contratadas.
Não cabe razão à impugnante quanto aos referidos pontos. Deve-se ter em mente que a composição do lucro
da futura contratada será advinda da taxa cobrada da Administração (a qual poderá ser inclusive negativa)
combinada com a taxa cobrada da rede de credenciados pelos serviços prestados. É em virtude da taxa
cobrada da rede de credenciados, inclusive, que é possível que as licitantes venham a apresentar uma taxa
negativa no momento da licitação, ou seja, dar um desconto sobre o preço dos serviços contratados ou
produtos adquiridos.
Só que tal situação pode gerar uma distorção na disputa de preços no pregão, onde não será possível à
Administração estabelecer com absoluta certeza qual a proposta mais vantajosa para futura contratação.
Explica-se: se por um lado contratar-se-á a empresa com a menor taxa de administração, ou até mesmo com
o maior desconto, em regra não se tem notícia qual a relação entre a empresa gerenciadora e os credenciados.
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O maior desconto no certame pode advir de uma maior taxa de administração cobrada das empresas
credenciadas, incluindo aí também um maior prazo para pagamento.
E nessa linha, o preço dos serviços prestados pela rede credenciada pode ser superior à média de mercado,
justamente para poder cobrir os custos que elas possuem com a taxa de administração junto a intermediadora,
e também com eventuais prazos para pagamento pelos serviços prestados.
O que num momento parece ser uma contratação com uma proposta mais vantajosa, na verdade não o é, pois
a Administração somente tem consciência de parte do preço que irá pagar pela contratação da empresa de
intermediação. Se na outra ponta, junto aos credenciados, a empresa gerenciadora aplica uma taxa de
administração extremamente alta, e com prazo de pagamento muito elastecido, isso influirá diretamente nos
preços dos serviços cobrados ou produtos adquiridos para a Administração. Da mesma forma, poderá afetar
diretamente a qualidade do serviço prestado.
Ao permanecer oculta e em aberto a cobrança da taxa de administração imposta à rede credenciada, abre-se
espaço para cobranças e imposição de prazos abusivos, o que pode inclusive dificultar credenciamentos,
sobretudo de concessionárias para atendimento de veículos em garantia.
Cumpre salientar que a Administração não pretende interferir arbitrariamente na relação contratual ou no
valor das taxas cobradas pela contratada dos estabelecimentos, mas, considerando o princípio da
razoabilidade, definir o valor máximo e os limites a essa cobrança, dentro dos quais a contratada tem
liberdade de negociação com os estabelecimentos, evitando surpresas e elevação dos custos de manutenção
ao longo do contrato.
Assim, considerando a composição do preço final a ser pago pela Administração, o que se pretende com tais
regras é estabelecer critérios objetivos e claros para a formação das propostas, exigência essencial ao edital
nos termos do inc. X do art. 40 da Lei de Licitações:
Importante observar que no âmbito do TC 014.997/2021-5, o Tribunal de Contas da União examinou as
mesmas insurgências em face de edital publicado pela Justiça Federal de 1ª Instância em Goiás. Através do
Acórdão 1.287/2021 foi referendado o entendimento da área técnica da corte pela regularidade da fixação de
limite à taxa secundária (aos credenciados) e de prazo para pagamento:
21. Dito de outra forma, de nada adianta permitir a disputa de preços apenas quanto à taxa de administração
cobrada do órgão público contratante pela empresa gerenciadora, se o valor cobrado dos credenciados pela
empresa gerenciadora não é conhecido pela Administração Pública. Nesse caso, qualquer eventual desconto
obtido na fase de lances pode ser compensado pela empresa gerenciadora com o aumento da taxa cobrada
dos credenciados e repassado como custo do serviço à contratante.
22. Entende-se, como o trazido pela unidade jurisdicionada, que “a inclusão do comissionamento cobrado
pela empresa gerenciadora dos seus credenciados nas propostas das empresas licitantes e o estabelecimento
de critérios no edital de licitação relacionados ao processo de credenciamento das oficinas e revendedoras de
peças são formas de aperfeiçoar o modelo de contratação” (peça 18).
23. Sendo assim, o que houve foi uma preocupação da JFGO em incluir na tabela de composição de preços,
de forma separada, a taxa de administração cobrada da contratante pelo serviço de gerenciamento e a
comissão cobrada pela empresa gerenciadora das suas credenciadas, custo esse que, em última análise, é
suportado pela Administração contratante e precisa ser objeto de disputa entre os licitantes.
24. Além disso, o prazo de 60 dias (item 12.41, transcrito abaixo) para que a contratada reembolsasse os
estabelecimentos credenciados, após as ordens de serviços estarem finalizadas e devidamente recebidas pelo
gestor do contrato, não pode ser considerado excessivo, pois as empresas credenciadas, caso necessitem dar
maior prazo para a gerenciadora reembolsar seus serviços, seguramente repassariam os valores dispendidos
para suportar esse atraso de reembolso para a Administração Pública.
(...)
25. Diante do exposto, considera-se improcedente a alegação do representante no sentido de que houve
ingerência indevida na gestão da contratada."
Desta feita, entendemos não haver qualquer modificação a ser feita no edital com relação aos pontos supra.
(...)
Desta feita, entendemos não haver qualquer modificação a ser feita no edital com relação ao ponto supra.
Da decisão do pregoeiro
Portanto, s.m.j., as impugnações apresentadas pela empresa PRIME CONSULTORIA E ASSESSORIA
EMPRESARIAL LTDA., relativamente ao Pregão 38/2022, não devem merecer acolhida, pelas razões
“suso” exaradas.
À consideração superior.
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DECISÃO
De acordo com a manifestação do Pregoeiro, a qual tomo como fundamento para esta decisão.
1. Rejeito a impugnação do edital do Pregão Eletrônico 38/2022 desta Seccional, apresentada pela empresa
PRIME CONSULTORIA.
Análise
16.8. Em contratações recentes tem-se observado a inclusão de taxa secundária, também chamada de
taxa de comissionamento ou taxa rede, na planilha de custos dos serviços licitados, passando essa taxa a
compor o valor a ser pago pela contratante à contratada. A justificativa para esse modelo seria estabelecer
um limite para a taxa a ser cobrada pela gerenciadora das empresas credenciadas, de forma a evitar ou limitar
seu repasse no custo dos serviços a serem executados.
16.9. Essa questão foi tratada no TC 042.461/2021-9, no qual foi analisado o Pregão Eletrônico 4/2021
da Superintendência Regional de Administração do Ministério da Economia no Rio Grande do Sul. Naquela
ocasião, assim dispôs o termo de referência do edital:
21.1. O custo estimado é de R$ 7.495,68 (sete mil quatrocentos e noventa e cinco reais e sessenta e dois
centavos) mensais, totalizando o valor global de R$ 149.913,60 (cento e quarenta e nove mil novecentos e
treze reais e sessenta centavos), para uma vigência de 20 (vinte) meses na contratação, conforme tabela
abaixo:

Serviços Valor Valor Desconto Valor do Valor global


continuados de estimado estimado (%) desconto estimado para
admimistração da Mensal para 20 20 meses
frota meses
Código (R$) (R$) R$ Com
(CATSERV) do desconto
(SISG) - 25518 Não pode Não pode (R$)
ser alterado ser alterado
A B = (a x 20) C D- (B x C)/100 E – (B-D)
Mão de obra 2031,62 40.272,40 6,16 2480,78 37.791,62
Peças 5103,59 102.071,80 5,89 6012,03 96.059,77

Total para 20 meses se, taxa de administração - F 133.851,39

Taxa de Administração -TA (%) G (taxa Primária + Secundária)


Taxa primária da Administração estiamda 2,0 2,677,03
(cabrada peça contratada da contratante)
Taxa secundária de Administração estimada 10,0 13.385,18
(cobrada peça contratada de sua rede
conveniada)

Valor Global Estimado para 20 meses R$


H= (F +G) 149.913,60

*este é o campo com o valor que deverá ser preenchido no sistema Comprasnet
21.2 Onde:
C = percentual de desconto a ser ofertado sobre o preço da mão de obra e das peças
OBS.:
1) A licitante poderá ofertar percentual diferenciado de desconto para mão de obra e peças.
2) Os respectivos percentuais de descontos ofertados na proposta serão aplicados sobre o preço da mão de
obra e das peças em todas as utilizações do serviço pela Contratante.
D = valor em reais do desconto ofertado sobre o preço da mão de obra e das peças;
F = preço final ofertado após a aplicação dos descontos; TA = taxa de administração ofertada para a
execução dos serviços, que pode ser positiva, nula (zero) ou negativa, em percentual;

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G = valor em reais da taxa de administração ofertada (Primária + Secundária). A taxa secundária deverá ser
informada na proposta como valor limite a ser cobrado das conveniadas.
H = Preço Global Estimado da proposta para 20 (vinte) meses em reais.
16.10. Na forma como constou do termo de referência daquele edital, não se trata apenas de um limitador
à taxa de comissionamento a ser cobrada pela gerenciadora de suas empresas conveniadas/credenciadas, mas
também uma taxa que irá compor a taxa de administração, isto é, a empresa contratada será remunerada pela
Administração também com base nessa taxa. A taxa de Administração é composta pela “taxa primária” mais
a “taxa secundária”. É como incluir “por fora”, no custo da prestação de um serviço, o custo de um imposto
que já está embutido no valor cobrado pela empresa contratada pela prestação do serviço.
16.11. No referido TC 042.461/2021-9, destacou-se que a gerenciadora, diante da exclusividade na
prestação dos serviços de gerenciamento de frota para o órgão contratante, e da atratividade financeira do
contrato, tem a oportunidade de impor taxas mais elevadas à sua rede credenciada. O estabelecimento
credenciado não possui escolha: ou aceita a taxa imposta ou é descredenciado, perdendo a oportunidade de
executar os serviços licitados pela Administração. O estabelecimento, para não ser descredenciado, acaba
aceitando as taxas impostas pela empresa gerenciadora, e, assim, há o risco de ao menos parte desse “custo”
referente à taxa cobrada pela gerenciadora ser embutido no valor orçado da mão de obra/peças na prestação
dos serviços contratados.
16.12. Situação semelhante foi verificada no Pregão Eletrônico 4/2021 da Justiça Federal de Primeiro
Grau em Goiás (Uasg 090022), conforme TC 014.997/2021-5 – mencionado pelo pregoeiro da UJ ora
licitante na análise da impugnação da Prime –, no qual verificou-se que a taxa de administração cobrada
dos estabelecimentos credenciados compõe o valor global ofertado pela licitante, isto é, o valor a ser pago
pela Administração pela prestação dos serviços. Na análise realizada pela Selog nesse processo, concluiu-se
que o custo da taxa de credenciamento estará indiretamente embutido no preço orçado pela credenciada
prestadora dos serviços. Se tal valor for definido meramente sem o conhecimento da contratante, e sem que
ele componha o valor da proposta vencedora, restará prejudicado o objetivo da licitação, qual seja, a
obtenção da proposta mais vantajosa.
16.13. Assim, para evitar a prática de taxas de comissionamento ou secundárias abusivas, é razoável e
necessário estabelecer limites, com base em levantamentos que apontem os percentuais usualmente
praticados no mercado, pois de nada adiantaria permitir a disputa de preços apenas quanto à taxa de
administração cobrada do órgão público contratante pela empresa gerenciadora, se o valor cobrado dos
credenciados pela empresa gerenciadora não é conhecido pela Administração Pública. Nesse caso, qualquer
eventual desconto obtido na fase de lances pode ser compensado pela empresa gerenciadora com o aumento
da taxa cobrada dos credenciados e repassado como custo do serviço à contratante. Desse modo, entende-se
que é regular o estabelecimento de taxa secundária máxima no edital ora em análise.
16.14. A fixação de limite à taxa de credenciamento ou taxa secundária, sem que essa taxa passasse a
compor a planilha de custos dos serviços, isto é, o valor a ser pago pela Administração à contratada, como
ocorre no certame ora em análise, foi observada no Pregão 12/2020 da 17ª Brigada de Infantaria de Selva
(Uasg 160349), conforme item 8.5 do termo de referência, e também no Pregão 9/2021 do 4º Batalhão de
Infantaria de Selva, conforme item 20 do termo de referência, abaixo transcritos:
Pregão 12/2020 (Uasg 160349)
8.5. Ex positis, eventual “taxa de administração”, “taxa de comissão”, “taxa de repasse”, “taxa de uso do
cartão”, “taxa extra” imposta pela Contratada às Credenciadas, qualquer que seja a sua natureza ou o nome
que se lhe atribua, não pode superar a alíquota de 5% (cinco por cento) sobre o valor do faturamento dos
serviços prestados e produtos fornecidos, de maneira que o valor nominal a ser repassado pela Contratada à
Credenciada não seja, em hipótese alguma, inferior a 95% (noventa e cinco por cento) do valor pago pela
Contratante à Contratada.
Pregão 9/2021 (Uasg 160002)
20. DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO IMPOSTA PELA CONTRATADA ÀS CREDENCIADAS
20.1. Eventual “taxa de administração”, “taxa de repasse”, “taxa de comissão” imposta pela Contratada às
Credenciadas, qualquer que seja a sua natureza ou o nome que se lhe atribua, não pode superar a alíquota de
6% (seis por cento) sobre o valor do faturamento dos serviços prestados e produtos fornecidos, de maneira
que o valor nominal a ser repassado pela Contratada à Credenciada não seja, em hipótese alguma, inferior a
94% (noventa e quatro por cento) do valor pago pela Contratante à Contratada.
16.15. Conclui-se, portanto, que para evitar a prática de taxa de comissionamento (ou taxa secundárias ou
taxa rede) abusiva, é razoável e necessário estabelecer limites, com base em levantamentos que apontem os
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percentuais usualmente praticados no mercado, deixando claro no edital o limite aceito pela Administração e
formas de averiguar o cumprimento da limitação imposta, como o estabelecimento de obrigação de entrega
de relatórios mensais dos pagamentos efetuados às empresas credenciadas, relacionando-os com as ordens de
serviço executadas e demais documentações comprobatórias.
16.16. Nesse sentido, verificou-se que o termo de referência do Pregão Eletrônico 4/2021, da Seção
Judiciária de Goiás (Uasg 090022), previu documentos que deveriam ser encaminhados juntamente com as
notas fiscais:
17.18. Juntamente com as notas fiscais/faturas, a Contratada deverá disponibilizar relatórios analíticos e
sintéticos do período faturado, discriminando todas as transações/operações realizadas, por base operacional
e respectivo centro de custo, anexando as notas fiscais dos estabelecimentos na ordem que constam no
relatório.
17.18.1 Os relatórios de que trata o item 17.18 deverão discriminar as taxas incidentes e efetivamente
cobradas da CONTRATANTE e do estabelecimento credenciado executor do serviço e/ou fornecedor de
peças (taxa REDE).
17.18.2 Alternativamente, a CONTRATADA poderá apresentar espelhos ou outro instrumento
comprobatório dos valores efetivamente cobrados do estabelecimento a título de taxa Rede sobre os serviços
executados e/ou peças fornecidas à CONTRATANTE.
17.18.3 A CONTRATADA terá o prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data da assinatura do contrato para
realizar as adequações necessárias, bem como realizar os testes de funcionalidade e validar, junto à
CONTRATANTE, os instrumentos de que tratam os subitens 17.18.1 e 17.18.2.
17.18.3 Os valores apresentados deverão estar de acordo com os critérios de julgamento do presente certame
(item 21.4).
16.17. No caso ora em análise, verifica-se que o texto do edital do certame e seus anexos não previu
qualquer mecanismo de verificação das cláusulas estabelecidas quanto à taxa secundária, o que pode fazer do
dispositivo ora questionado letra morta, em prejuízo às normas estabelecidas para a fiscalização dos
contratos, nos termos do Capítulo V da IN Seges/MP 5/2017. Assim, especificamente a esse ponto, entende-
se necessário promover a oitiva da UJ, para que se manifeste sobre a questão.
16.18. Por fim, cabe analisar o percentual do limite estabelecido pela Administração para a taxa de
credenciamento (5%). No âmbito do TC 042.461/2021-9, constatou-se que o limite à taxa de credenciamento
a ser cobrada da empresa contratada de suas credenciadas não foi estimado de acordo com os parâmetros
descritos na IN Seges/ME 73/2020 e, ainda, que não houve a inclusão nos autos das memórias de cálculo e
dos documentos que lhe dão suporte, conforme determina o art. 40, § 2º, inc. II, da Lei 8.666/1993, o art. 3º,
inc. XI, alínea ‘a’, item 2, do Decreto 10.024/2019 e o art. 30, inc. X, da IN Seges/MP 5/2017, o que foi
objeto de ciência à UJ licitante, por meio do item 1.7.2.1 do Acórdão 933/2022-TCU-Plenário (rel. Min.
Benjamin Zymler).
16.19. No presente caso, não há informação nestes autos sobre como a UJ chegou ao limite de 5% para a
taxa de credenciamento, o que pode ou não estar nos autos do processo administrativo da licitação em
análise. Destaca-se que o certame contou com a participação de apenas uma licitante (peça 7), ao que o
percentual estipulado pode ter sido restritivo à competitividade. Assim, cabe promover a diligência da UJ
quanto a esse ponto.
16.20. Em função do exposto, considera-se que há plausibilidade jurídica na suposta irregularidade tratada
nesse tópico.
CONCLUSÃO
17. Diante do exposto, propõe-se o conhecimento da representação, satisfeitos os requisitos de
admissibilidade constantes no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento
Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014.
18. Além disso, com relação aos pressupostos para a eventual adoção de medida cautelar, verifica-se
que está configurado o perigo da demora; é inconclusiva a análise sobre o perigo da demora reverso; e há a
plausibilidade jurídica das verificações feitas por esta Unidade Técnica. Assim, cabe propor a oitiva prévia e
diligência à UJ.
19. Por fim, diante dos encaminhamentos propostos, entende-se que não haverá impacto relevante na
unidade jurisdicionada e/ou na sociedade.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
20. Não houve pedido de ingresso aos autos por parte do representante.
21. Não houve pedido de vista e/ou cópia por parte do representante.
7

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.468/2022-9

22. Não houve pedido de sustentação oral por parte do representante.


23. Não há processos conexos e apensos.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
24. Em virtude do exposto, propõe-se:
24.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art. 113, §
1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal, e no art. 103, § 1º, da
Resolução - TCU 259/2014;
24.2. realizar a oitiva prévia da Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, com fulcro no art. 276, § 2º, do
Regimento Interno deste Tribunal para que, no prazo de cinco dias úteis, se pronuncie, referente ao Pregão
Eletrônico 38/2022, acerca da existência dos pressupostos da medida cautelar pleiteada e acerca dos indícios
de irregularidade indicados nesta instrução, em especial quanto aos seguintes tópicos:
a) ausência de previsão, no edital e seus anexos, de mecanismo que possibilite a verificação, pela
fiscalização do contrato, das cláusulas pactuadas quanto à taxa secundária (item 9.11 do termo de referência
anexo ao edital), em prejuízo às normas estabelecidas para a fiscalização dos contratos, nos termos do
Capítulo V da IN Seges/MP 5/2017, e que pode onerar indevidamente a Administração durante a execução
do contrato;
b) existência de contrato atual para o objeto do certame ora em análise, indicando, em caso
positivo, sua vigência e se os preços são mais ou menos vantajosos do que os ora licitados;
c) demais informações que julgar necessárias; e
d) designação formal de interlocutor que conheça da matéria para dirimir eventuais dúvidas,
informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato;
24.3. diligenciar a Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, com fundamento nos artigos 157 e 187 do
Regimento Interno deste Tribunal, para que, no mesmo prazo de cinco dias úteis, encaminhe cópia dos
seguintes documentos e/ou esclarecimentos relativos ao Pregão Eletrônico 38/2022:
a) memórias de cálculo e/ou demais documentos que indiquem como a Administração chegou ao
limite máximo da taxa de credenciamento estipulada no item 9.11 do termo de referência anexo ao edital
(5%), em atenção aos parâmetros descritos na IN Seges/ME 73/2020, no art. 40, § 2º, inc. II, da Lei
8.666/1993, no art. 3º, inc. XI, alínea ‘a’, item 2, do Decreto 10.024/2019 e no art. 30, inc. X, da IN
Seges/MP 5/2017;
24.4. alertar a Justiça Federal de 1º Grau no Paraná quanto à possibilidade de o TCU vir a conceder
medida cautelar para a suspensão do ato ou procedimento impugnado, caso haja indicativo de afronta às
normas legais e/ou possibilidade de ocorrência de prejuízos à Administração; e
24.5. encaminhar cópia da presente instrução à Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, de maneira a
embasar as respostas à oitiva prévia e à diligência.”

É o Relatório.

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VOTO

Trata-se de representação encaminhada pela empresa Prime Consultoria e Assessoria


Empresarial Ltda. (CNPJ 05.340.639/0001-30), lastreada no §1º do art. 113 da Lei 8.666/93 e Lei
10.520/02, bem assim no art. 237 do Regimento Interno do TCU, em face de suposta ilegalidade
praticada no âmbito do Pregão Eletrônico 038/2022, cujo objeto é a prestação de serviços de
intermediação, com uso de sistema eletrônico e através de convênios, para manutenção com reparos e
fornecimento de peças e serviços de abastecimento e lavagem interna e externa, para os veículos
oficiais e geradores pertencentes à Seção Judiciária do Paraná (peça 1).
2. Após tecer considerações a respeito do objeto licitado, o qual se enquadra em hipótese de
quarteirização das atividades de manutenção e abastecimento de veículos, na medida em que a
empresa contratada pela Administração Pública (terceirização) credencia e disponibiliza ampla rede de
estabelecimentos para a realização dos serviços contratados, irresigna-se o representante contra
disposição contida no Anexo 1 (Termo de Referência) do edital do certame, que assim dispõe (verbis):
“9.11 A contratada deverá apresentar, no prazo não superior a 20 dias da assinatura do contrato,
lista de estabelecimentos aptos a cumprir os requisitos descritos nos itens 2.1.2.3, 2.1.2.4, 2.1.2.5 e aqueles
destinados exclusivamente a prestação de serviços de limpeza que façam parte do item 3.2.3.
Estabelecimentos estes dos quais a contratada se compromete a não cobrar taxa de administração
superior a 5% (cinco por cento) dos valores gastos, nem tampouco taxa mensal fixa superior a
R$ 30,00 (trinta reais)”. (grifos originais)
3. O representante considera que a exigência de observância da taxa de administração
(credenciamento) máxima de 5% dos estabelecimentos que desejarem se credenciar à rede de
conveniados das empresas licitantes seria ilegal e restritiva à competitividade, sendo ainda alheia à
atividade da própria Administração Pública e uma forma de intervenção no livre comércio que goza de
proteção constitucional. Supõe que o motivo para tal exigência decorreria de preocupação com
possível interrupção dos serviços contratados, situação para a qual considera cabível a imposição de
penalidade. Prossegue alegando que caberia à Administração Pública preocupar-se com a extensão da
rede credenciada, em lugar de imiscuir-se no que é pactuado entre as empresas de gerenciamento e
seus estabelecimentos credenciados. Além disso, apresenta duas razões objetivas para que possa ser
praticada uma taxa de administração (credenciamento) acima de 5%. A primeira ocorreria nos casos
em que os estabelecimentos credenciados prestariam serviços para outros clientes das gerenciadoras
(não foi explicitado o “porquê” da afirmação), enquanto a segunda estaria amparada pela necessidade
de as empresas de gerenciamento computarem um percentual em caso de inadimplência da
Administração Pública, ao argumento de que a responsabilidade pelo pagamento da rede credenciada
recairia sobre a contratada.
4. Para respaldar a tese de inadequação da aludida exigência edilícia, colacionam-se excertos
de decisões judiciais, nas quais restariam deferidas liminares, em sede de mandados de segurança,
suspendendo pregões eletrônicos e presenciais por estabelecerem limites máximos da taxa de
administração e de credenciamento, considerados abusivos e ilegais por tratar de questão alegadamente
relacionada à livre negociação entre partes privadas. Com a mesma finalidade, foram também
apresentados excertos de decisões de tribunais de contas estaduais, que se posicionariam pela
inadequação da limitação do percentual da taxa de administração (credenciamento) cobrada de
terceiros.
5. Assim, diante de tais considerações, bem como em razão de que inúmeras gerenciadoras
seriam tolhidas do direito de participação no certame, além da iminência de sua ocorrência em
15/9/2022, dois dias após o recebimento da presente representação (13/9/2022), foi requerida a
concessão da medida cautelar para suspender o Pregão Eletrônico 038/2022.

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6. A peça instrutiva (peça 11), por sua vez, apresenta, de início, informações a respeito da
situação do pregão eletrônico em tela, nos seguintes termos (verbis):
“a) situação: homologado em 22/9/2022 (peça 9);
b) valor homologado: não há como definir o valor pelo qual o certame foi homologado, uma vez
que a referência do sistema Compras.gov.br é R$ 100,00 para cada item, para que seja feito o registro do
percentual de acréscimo ou desconto; todavia, o valor despendido nos seis primeiros meses de 2022 pela UJ
consta no Anexo IB do edital do certame (peça 5, p. 24), totalizando R$ 141.292,57 para o item 1 e R$
121.106,73 para o item 2, ao que o valor anual estimado para a contratação é de R$ 526.798,60;
c) a licitação em tela não envolve registro de preço;
d) não há informação sobre assinatura do contrato decorrente da licitação; e
e) houve pedido de impugnação do edital apresentado pela ora representado sobre a questão tratada
nestes autos, conforme peça 10”.
7. Em seguida, posiciona-se pelo conhecimento da representação, porquanto presentes
requisitos de admissibilidade previstos no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII,
do Regimento Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014.
8. Sobre os pressupostos de adoção de medida cautelar, manifesta-se no sentido de restar
configurado o perigo da demora em razão de ser possível que se esteja na iminência de assinatura do
respectivo contrato ou, na hipótese de que já tenha sido firmada a avença, que os serviços ainda não
tenham sido prestados. Quanto ao perigo da demora reverso, deixa-se de apresentar opinião conclusiva
devido à ausência de informação sobre a existência de contrato em vigor ou ainda sobre a
essencialidade da contratação.
9. Em relação à plausibilidade jurídica, além dos aspectos já trazidos pelo representante,
reproduz-se a manifestação da unidade jurisdicionada (UJ) relativamente à impugnação aos termos do
edital do pregão eletrônico em tela apresentada pela mesma empresa Prime Consultoria e Assessoria
Empresarial Ltda.
10. Os argumentos apresentados nessa manifestação contrapõem a tese esposada pelo
representante esclarecendo que há motivo razoável para o estabelecimento da exigência contestada.
Em síntese, informa-se que a composição do lucro da empresa a ser contratada adviria da “taxa de
administração” combinada com a “taxa cobrada da rede de credenciados” e que, devido a essa
estruturação, seria possível, inclusive, que as licitantes apresentassem uma taxa negativa em suas
propostas. Conquanto não tenha sido explicitado de forma detalhada como se operaria essa
composição de “taxas”, afirma-se que uma “taxa de administração” baixa ou mesmo negativa poderia
não representar um parâmetro adequado para garantir a escolha da proposta mais vantajosa para a
Administração, na medida em que poderia resultar de uma maior “taxa de administração exigida dos
estabelecimentos credenciados”, incluindo ainda a possibilidade de previsão de prazos mais longos de
pagamento da rede. Nesse aspecto, argui-se que os preços prestados pela rede credenciada poderiam
ser superiores à média de mercado pela necessidade de embutirem o custo de taxas elevadas cobradas
pelas empresas intermediadoras/gerenciadoras e de prazos mais longos de pagamento dos serviços
prestados pelos estabelecimentos credenciados. Entende-se que a ocultação de tais taxas de
credenciamento poderia, portanto, permitir sua cobrança em parâmetros abusivos, seja em termos
percentuais ou de prazos de pagamento, o que seria capaz de dificultar o credenciamento,
especialmente de concessionárias para atendimento de veículos em garantia.
11. Desse modo, considera-se que a exigência ora contestada não representa interferência
arbitrária na relação contratual ou no valor das taxas cobradas pela contratada dos estabelecimentos
credenciados, porquanto encontraria amparo no princípio da razoabilidade. Assim, definido o limite
máximo dessa taxa, teria a contratada liberdade de negociação com tais estabelecimentos, evitando
surpresas e elevação dos custos de manutenção ao longo do contrato. Nessa esteira, tendo em vista a
2

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composição do preço final a ser pago pela Administração Pública, buscar-se-ia com a medida o
estabelecimento de critérios objetivos e claros para a formação das propostas, consoante estabelecido
no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93.
12. Cita-se, ainda, precedente do TCU consubstanciado no Acórdão 1.287/2021 – TCU –
Plenário (em verdade, trata-se do Acórdão 1.387/2021 – TCU – Plenário, Relatoria do Ministro
Benjamin Zymler), prolatado no bojo do TC 014.997/2021-5, o qual referenda o entendimento pela
regularidade da fixação de limite para a taxa secundária (cobrada dos credenciados pelas empresas
contratadas) e de estabelecimento de prazo para o seu pagamento.
13. Outrossim, a análise empreendida pela peça instrutiva expõe que a inclusão de “taxa
secundária”, “taxa de comissionamento” ou “taxa rede” tem sido observada em contratações recentes,
respaldada, inclusive, no mesmo motivo já anteriormente abordado na manifestação da UJ à
impugnação do edital do certame, qual seja, estabelecimento de limite para a multicitada taxa de modo
a evitar ou limitar seu repasse ao custo dos serviços a serem executados. Traz-se à baila, a propósito,
outro precedente do TCU, desta feita tratado no TC 042.461/2021-9 (Acórdão 933/2022 – TCU –
Plenário, Relatoria do Ministro Benjamin Zymler), em que se analisou o Pregão Eletrônico 4/2021 da
Superintendência Regional de Administração do Ministério da Economia no Rio Grande do Sul, que
estabeleceu no termo de referência do seu edital um percentual estimado da “taxa primária da
Administração” (cobrada pela contratada da contratante), a qual poderia ser positiva, nula ou negativa,
e da “taxa secundária da Administração” (cobrada pela contratada de sua rede conveniada), a qual
deveria ser informada na proposta como valor limite a ser cobrado das conveniadas. Considerou-
se também que a taxa secundária comporia a taxa de administração a ser paga pela contratante
(Administração Pública).
14. A peça instrutiva ampara ainda sua análise no precedente (TC 014.997/2021-5) já utilizado
na manifestação da UJ ao tratar da impugnação ao edital, para suportar o entendimento de que o custo
da taxa de credenciamento estará indiretamente embutido no preço orçado pela credenciada prestadora
de serviços e que sua omissão prejudicará o objetivo de se obter a proposta mais vantajosa para
Administração Pública. Assim, conclui ser regular o estabelecimento de percentual máximo aceitável
para a taxa cobrada pelas empresas gerenciadoras dos seus credenciados, que ora se contesta na
presente representação.
15. Por fim, são citados exemplos de pregões (12/2020 – Uasg 160349 e 9/2021 – Uasg
160002) realizados por órgãos da Administração Pública Federal (já mencionados no âmbito do TC
042.461/2021-9, porém que não se confundem com o Pregão Eletrônico 4/2021 contestado nesse
processo) cujos editais teriam estabelecido percentual máximo aceitável para a referida taxa.
16. Ademais, considera-se que os percentuais estabelecidos para a taxa de credenciamento nos
supracitados pregões 12/2020 (5%) e 9/2021 (6%) poderiam servir de base para identificar um
referencial da prática de mercado. Assenta-se, entretanto, que tal pesquisa não teria sido observada no
âmbito do aludido Pregão Eletrônico 4/2021, cujo limite estabelecido para a taxa de credenciamento
também não fora estimado segundo os parâmetros da IN Seges/ME 73/2020, razão pela qual a lacuna
foi objeto de ciência no bojo do Acórdão 933/2022 – TCU – Plenário, Relatoria do Ministro Benjamin
Zymler. Assim, tendo em vista que no âmbito do Pregão Eletrônico 038/2022 realizado pela Justiça
Federal de 1º Grau no Paraná – Seção Judiciária do Paraná, objeto dos presentes autos, cujo edital, ao
estimar o limite da taxa de credenciamento em 5%, também não teria observado os parâmetros da IN
Seges/ME 73/2020, bem como não teria incluído entre seus elementos componentes memórias de
cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, conforme determina o art. 40, § 2º, inc. II, da Lei
8.666/1993, o art. 3º, inc. XI, alínea ‘a’, item 2, do Decreto 10.024/2019 e o art. 30, inc. X, da IN
Seges/MP 5/2017, propugna-se a realização de diligência à UJ com vista à obtenção de
esclarecimentos.

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17. Extrai-se também do mesmo TC 042.461/2021-9, tendo-se como referência o edital do


Pregão Eletrônico 4/2021, regra, que se entende oportuna, no sentido de criarem-se formas de
averiguar o cumprimento da limitação imposta “como o estabelecimento de obrigação de entrega de
relatórios mensais dos pagamentos efetuados às empresas credenciadas, relacionando-os com as ordens
de serviço executadas e demais documentações comprobatórias”. Desse modo, ao destacar-se que o
edital do Pregão Eletrônico 038/2022 e seus anexos não teriam previsto qualquer mecanismo de
verificação para certificar-se quando aos parâmetros efetivamente praticados em relação à taxa de
credenciamento, o que poderia tornar o dispositivo edilício que estabeleceu percentual máximo para
essa parcela “letra morta”, em alegado prejuízo às normas de fiscalização dos contratos, conforme
Capítulo V da IN Seges/MP 5/2017, propõe-se a realização de oitiva à UJ para que se manifeste sobre
a questão.
18. A proposta de encaminhamento, que contou com a anuência da unidade instrutiva (peça
12), foi vazada nos seguintes termos (ipsis litteris):
“24.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal, e no art. 103,
§ 1º, da Resolução - TCU 259/2014;
24.2. realizar a oitiva prévia da Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, com fulcro no art. 276, § 2º,
do Regimento Interno deste Tribunal para que, no prazo de cinco dias úteis, se pronuncie, referente ao
Pregão Eletrônico 38/2022, acerca da existência dos pressupostos da medida cautelar pleiteada e acerca dos
indícios de irregularidade indicados nesta instrução, em especial quanto aos seguintes tópicos:
a) ausência de previsão, no edital e seus anexos, de mecanismo que possibilite a verificação, pela
fiscalização do contrato, das cláusulas pactuadas quanto à taxa secundária (item 9.11 do termo de referência
anexo ao edital), em prejuízo às normas estabelecidas para a fiscalização dos contratos, nos termos do
Capítulo V da IN Seges/MP 5/2017, e que pode onerar indevidamente a Administração durante a execução
do contrato;
b) existência de contrato atual para o objeto do certame ora em análise, indicando, em caso
positivo, sua vigência e se os preços são mais ou menos vantajosos do que os ora licitados;
c) demais informações que julgar necessárias; e
d) designação formal de interlocutor que conheça da matéria para dirimir eventuais dúvidas,
informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato;
24.3. diligenciar a Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, com fundamento nos artigos 157 e 187 do
Regimento Interno deste Tribunal, para que, no mesmo prazo de cinco dias úteis, encaminhe cópia dos
seguintes documentos e/ou esclarecimentos relativos ao Pregão Eletrônico 38/2022:
a) memórias de cálculo e/ou demais documentos que indiquem como a Administração chegou ao
limite máximo da taxa de credenciamento estipulada no item 9.11 do termo de referência anexo ao edital
(5%), em atenção aos parâmetros descritos na IN Seges/ME 73/2020, no art. 40, § 2º, inc. II, da Lei
8.666/1993, no art. 3º, inc. XI, alínea ‘a’, item 2, do Decreto 10.024/2019 e no art. 30, inc. X, da IN
Seges/MP 5/2017;
24.4. alertar a Justiça Federal de 1º Grau no Paraná quanto à possibilidade de o TCU vir a
conceder medida cautelar para a suspensão do ato ou procedimento impugnado, caso haja indicativo de
afronta às normas legais e/ou possibilidade de ocorrência de prejuízos à Administração; e
24.5. encaminhar cópia da presente instrução à Justiça Federal de 1º Grau no Paraná, de maneira a
embasar as respostas à oitiva prévia e à diligência”.
19. Feitas essas considerações, passo a decidir.
20. Manifesto-me de acordo com a proposta da unidade instrutiva para conhecer da
representação, uma vez satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes do art. 113, § 1º, da Lei

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8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, inciso VII, e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, e no
art. 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014.
21. Quanto à adoção da medida cautelar requerida pelo representante, alinho-me ao
entendimento da unidade instrutiva no sentido de considerar presente o requisito do perigo da demora
e de não ser possível concluir sobre a presença do perigo da demora reverso.
22. Já em relação ao requisito da plausibilidade jurídica, verifico que a unidade instrutiva
considerou adequado o estabelecimento de limite para a taxa de administração a ser cobrada pela
contratada de sua rede de credenciados, previsto no item 9.11 do anexo I do edital do Pregão
Eletrônico 038/2022 realizado pela Justiça Federal de 1º Grau no Paraná – Seção Judiciária do Paraná.
Nessa esteira, seria lógico que se entendesse afastado tal pressuposto pela própria insubsistência do
fundamento apresentado pelo representante para amparar a adoção da medida de urgência. Nada
obstante, a unidade instrutiva, orientando-se pelos precedentes do TC 014.997/2021-5 (Acórdão
1.387/2021) e TC 042.461/2021-9 (Acórdão 933/2022), ambos do Plenário do TCU e da relatoria do
Ministro Benjamin Zymler, apresentou outros indícios de irregularidades que suportariam a
plausibilidade jurídica. O primeiro deles consigna que a estimativa de 5% estabelecida como limite da
referida taxa administrativa não teria observado os parâmetros da IN Seges/ME 73/2020, bem como
não teria incluído entre os elementos componentes conhecidos do certame memórias de cálculo e
documentos que lhe deem suporte, conforme determina o art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993, art.
3º, inciso XI, alínea “a”, item 2, do Decreto 10.024/2019 e o art. 30, inciso X, da IN Seges/MP 5/2017.
Já o segundo prescreve que o edital do pregão e seus anexos não teriam previsto qualquer mecanismo
de verificação para certificar-se quanto aos parâmetros efetivamente praticados em relação à taxa de
credenciamento, o que poderia tornar o dispositivo edilício que estabeleceu percentual máximo para
essa parcela “letra morta”, em alegado prejuízo às normas de fiscalização dos contratos, conforme
Capítulo V da IN Seges/MP 5/2017.
23. De minha parte, no que tange ao disposto no item 9.11 do anexo I do edital do Pregão
Eletrônico 038/2022 que estabeleceu limite máximo para a taxa de administração a ser cobrada pela
contratada de sua rede de credenciados, manifesto-me de acordo com o entendimento da unidade
instrutiva que se posicionou pela regularidade da exigência, à luz de jurisprudência recente do Tribunal
(Acórdãos 1.387/2021 e 933/2022, ambos do Plenário e relatados pelo Ministro Benjamin Zymler).
Nesse sentido já havia me posicionado ao relatar o Acórdão 1.949/2021 – TCU – Plenário (TC
025.832/2021-2), no bojo de representação, também com pedido de adoção de medida cautelar, em que
também se questionou a inclusão de tal exigência em edital do Pregão Eletrônico para Registro de
Preços 9/2021, versando sobre a contratação de empresa especializada na prestação de serviço
continuado de gestão compartilhada de frota mediante credenciamento de rede especializada em
manutenção veicular e equipamentos de engenharia (serviços mecânicos e fornecimento de peças de
reposição, acessórios, implementos, ferramentas e insumos), através de sistema informatizado (com
software disponibilizado em tempo real pela internet), incluindo filtros, lubrificantes, pneus, baterias,
ferramentas de trabalho (work tools, implementos), ferramentas de manutenção e insumos veiculares
para borracharia, lanternagem, funilaria, pintura, tornearia, solda, lavagem e limpeza, visando a
atender às necessidades da frota oficial do Comando de Fronteira Acre/4º Batalhão de Infantaria de
Selva. Em Proposta de Deliberação que fundamenta o referido Acórdão 1.979/2021 – TCU – Plenário,
reproduzi entendimento da Selog, referendado pelo Acórdão 1.387/2021 – TCU – Plenário, nos
seguintes termos (verbis):
“20. Não obstante essas decisões do TCU, os argumentos trazidos pela unidade jurisdicionada,
neste caso concreto, em resposta à impugnação da licitante, ora representante, revestem-se de coerência. O
custo da taxa de credenciamento estará indiretamente embutido no preço orçado pela credenciada prestadora
dos serviços. Se tal valor for definido meramente sem o conhecimento da contratante, e sem que ele
componha o valor da proposta vencedora, restará prejudicado o objetivo da licitação, qual seja, a obtenção da
proposta mais vantajosa.

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21. Dito de outra forma, de nada adianta permitir a disputa de preços apenas quanto à taxa de
administração cobrada do órgão público contratante pela empresa gerenciadora, se o valor cobrado dos
credenciados pela empresa gerenciadora não é conhecido pela Administração Pública. Nesse caso, qualquer
eventual desconto obtido na fase de lances pode ser compensado pela empresa gerenciadora com o aumento
da taxa cobrada dos credenciados e repassado como custo do serviço à contratante.
22. Entende-se, como o trazido pela unidade jurisdicionada, que ‘a inclusão do comissionamento
cobrado pela empresa gerenciadora dos seus credenciados nas propostas das empresas licitantes e o
estabelecimento de critérios no edital de licitação relacionados ao processo de credenciamento das oficinas e
revendedoras de peças são formas de aperfeiçoar o modelo de contratação’ (peça 18).
23. Sendo assim, o que houve foi uma preocupação da JFGO em incluir na tabela de composição
de preços, de forma separada, a taxa de administração cobrada da contratante pelo serviço de gerenciamento
e a comissão cobrada pela empresa gerenciadora das suas credenciadas, custo esse que, em última análise, é
suportado pela Administração contratante e precisa ser objeto de disputa entre os licitantes”.
24. No que concerne aos demais indícios de irregularidades apontados pela unidade instrutiva,
considero que não sejam suficientes para dar ensejo à suspensão cautelar do Pregão Eletrônico
038/2022. Sobre a estimativa de 5% definida como percentual máximo aceitável para a taxa de
administração a ser cobrada pela contratada de sua rede de credenciados, mesmo que sem a
observância dos referenciais contidos em normativos aplicáveis, verifica-se que se encontra em
parâmetro compatível com o observado em outros pregões adotados como referência pela Selog no
bojo do TC 042.461/2021-9, sendo suficiente, assim, cientificar a UJ sobre a ocorrência para controle e
prevenção de situações futuras análogas. Já em relação à ausência de mecanismos de confirmação do
percentual máximo estabelecido, cabe determinar à UJ que os implemente, considerando a
homologação do certame em tela no último dia 22/9/2022, informando ao Tribunal as medidas que
vierem a ser adotadas.
25. Desse modo, dissentindo em parte da unidade instrutiva, proponho o indeferimento da
medida cautelar pleiteada, bem como seja a presente representação considerada improcedente, tendo
em vista a ausência do pressuposto da plausibilidade jurídica nos argumentos trazidos pela
representante, necessário para sua adoção, e uma vez que a suposta irregularidade alegada não se
confirmou.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 19 de outubro de 2022.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI


Relator

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ACÓRDÃO Nº 2312/2022 – TCU – Plenário

1. Processo TC 020.468/2022-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII - Representação
3. Representante: Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. (CNPJ 05.340.639/0001-30).
4. Órgão: Justiça Federal de 1º Grau no Paraná/Seção Judiciária do Paraná.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representações legais: Renato Lopes (OAB/SP 406.595-B), Mateus Cafundó Almeida (OAB/SP
395.031), Rayza Figueiredo Monteiro (OAB/SP 442.216), Mateus Barbosa Couto (OAB/SP 463.494),
Vinicius Eduardo Baldan Negro (OAB/SP 450.936), Renner Silva Mulia (OAB/SP 471.087), Jean
Mario Santos Ferreira (OAB/SP 471.792) e Rodrigo Antônio Urias Martins (OAB/SP 474.016),
representando Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação com pedido de medida
cautelar, por meio da qual a Empresa Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. noticiou a este
Tribunal alegada irregularidade que teria ocorrido no Pregão Eletrônico 038/2022, promovido pela
Justiça Federal de 1º Grau no Paraná – UASG 90018, cujo objeto é a prestação de serviços de
intermediação, com uso de sistema eletrônico e através de convênios, para manutenção com reparos e
fornecimento de peças e serviços de abastecimento e lavagem interna e externa, para os veículos
oficiais e geradores pertencentes à Seção Judiciária do Paraná,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014, para, no mérito, considerá-la
improcedente;
9.2. indeferir o pedido de concessão de medida cautelar formulado pela representante,
tendo em vista a inexistência dos elementos necessários para sua adoção;
9.3. dar ciência à Justiça Federal de 1º Grau no Paraná/Seção Judiciária do Paraná, com
fundamento no art. 9º, inciso I, da Resolução TCU 315/2020, sobre a seguinte impropriedade/falha,
identificada no Pregão Eletrônico 038/2022, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à
prevenção de outras ocorrências semelhantes:
9.3.1. ausência de memórias de cálculo e/ou demais documentos, entre os elementos
componentes conhecidos do Pregão Eletrônico 038/2022, que indiquem como a Administração chegou
ao limite máximo da taxa secundária/de credenciamento estipulada no item 9.11 do termo de
referência anexo ao edital (5%), em atenção aos parâmetros descritos na IN Seges/ME 73/2020, no art.
40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993, no art. 3º, inciso XI, alínea “a”, item 2, do Decreto 10.024/2019
e no art. 30, inciso X, da IN Seges/MP 5/2017;
9.4. determinar à Justiça Federal de 1º Grau no Paraná/Seção Judiciária do Paraná, com
fundamento no art. 4º, inciso I, da Resolução-TCU 315/2020, que, no prazo de 30 (trinta) dias:
9.4.1. implemente mecanismo que possibilite a verificação, pela fiscalização do contrato,
das cláusulas pactuadas quanto à taxa secundária/de credenciamento (item 9.11 do termo de referência
anexo ao edital do Pregão Eletrônico 038/2022), nos termos do Capítulo V da IN Seges/MP 5/2017,
informando ao Tribunal, no mesmo prazo, as medidas adotadas;
9.5. dar ciência desta deliberação à Justiça Federal de 1º Grau no Paraná/Seção Judiciária
do Paraná e ao representante; e

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9.6. arquivar o presente processo, nos termos do art. 250, inciso I, c/c art. 169, inciso V, do
Regimento Interno deste Tribunal.

10. Ata n° 40/2022 – Plenário.


11. Data da Sessão: 19/10/2022 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2312-40/22-P.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Vital do Rêgo (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin
Zymler, Augusto Nardes, Jorge Oliveira e Antonio Anastasia.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


VITAL DO RÊGO AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
na Presidência Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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