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ILUSTRÍSSIMA SENHORA PREGOEIRA DO MUNICÍPIO DE NAVEGANTES –

ESTADO DE SANTA CATARINA.

Edital de Pregão Eletrônico nº 70/2020 – FMS

HELPMED SAÚDE LTDA. – ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob o nº 04.770.650/0001-77, Avenida Iguaçu, nº 2820, bairro Água Verde, Curitiba-PR,
CEP 80.240-031, doravante denominada Recorrente ou HELPMED, vem, respeitosamente,
por meio de seus Advogados ao final subscritos1, com endereço eletrônico
intimacoes@brazgamamonteiro.com.br, e endereço físico impresso em rodapé, meios em
que recebem intimações e notificações, com base no item 11 do Edital, interpor

RECURSO ADMINISTRATIVO

contra a decisão que habilitou e declarou vencedora a empresa AVIVE GESTÃO DE SERVIÇOS
MÉDICOS LTDA. no Pregão Eletrônico nº 70/2020, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

Salienta-se, desde logo, que este recurso é tempestivo, tendo em vista o contido no
item 11.2.3 do Edital. De toda sorte, a Recorrente interpõe o recurso dentro do prazo dado
no sistema, qual seja, 17/12/2020, 10h22. Assim, irrefutável sua tempestividade, por
qualquer ângulo pelo qual se observe.

1 Anexo 1: Procuração.

Curitiba – PR São Paulo – SP


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I. Síntese dos fatos:

1. O Edital de Pregão Eletrônico nº 70/2020 possui como objeto o “registro de preços


visando a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de consultas com médicos clínicos
gerais, para atender no centro de triagem de covid-19, visando o enfrentamento da pandemia, através do
Fundo Municipal de Saúde de Navegantes/SC.”, conforme consta de seu item 1.1.

2. A sessão pública ocorreu regularmente no dia 15/12/2020 e a Empresa AVIVE


GESTÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS, ora Recorrida, ofertou o menor preço.

3. Entretanto, a Recorrida deve ser inabilitada em razão da ausência de apresentação da


documentação exigida no Edital para comprovar sua habilitação jurídica e divergência nas
informações dos documentos, conforme passa a expor.

4. Diante da flagrante ilegalidade da situação, a HELPMED manifestou intenção de


recorrer, passando a expor as razões pelas quais a Recorrida deveria ter sido inabilitada.

II. Fundamentos:

5. Primeiramente, a Certidão Simplificada apresentada pela Recorrida, não condiz com


a alteração contratual apresentada.

6. Em segundo lugar, há divergências no endereço da sede da empresa Recorrida.

II.i. Ausência de apresentação de certidão simplificada atualizada – Violação ao


item 8.2.5 do Edital:

7. Em primeiro lugar, a Recorrida deve ser inabilitada. Isso porque não atendeu o item
8.2.5 do Edital, que assim dispõe:

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“8.2 Habilitação Jurídica:
8.2.5 Apresentar Certidão Simplificada atualizada, para fins de comprovação
das alterações contratuais. (Se apresentar no CREDENCIAMENTO não
precisará repetir a apresentação da mesma na habilitação).”

8. A Certidão Simplificada apresentada pela AVIVE foi emitida em 20/10/2020 e tinha


como último arquivamento o documento de nº 20202200876:

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9. Todavia, é possível identificar que houve alteração da empresa, através da Segunda
Alteração Contratual, a qual teve o seu registro deferido em 10/12/2020, sob nº
20207435901:

10. Logo, a certidão simplificada não é a atualizada, violando o item 8.2.5 do Edital. Veja-
se que o Edital exige tal documento justamente “ para fins de comprovação das alterações
contratuais”. Ora, se a certidão apresentada pela Recorrida é defasada, sendo inútil para
comprovação da alteração contratual, tendo em vista a existência de alteração posterior à
indicada na certidão, evidente que não restou atendida a exigência.

11. Portanto, a Recorrida deveria ter apresentado a certidão simplificada. Não o tendo
feito, descumpriu o item 8.2.5 do Edital.

12. Nota-se que houve um descumprimento formal, de apresentação de documento


defasado, que gera um grave prejuízo material, qual seja, impossibilita a regular comprovação
da alteração contratual.

13. Sendo assim, a inabilitação da Recorrida AVIVE é medida que se impõe, sob pena de
afrontar o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, previsto nos artigos 3º e 41
da Lei nº 8.666/1993:

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“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional
da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada
em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.”2

“Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital,


ao qual se acha estritamente vinculada.”

14. É cediço que a publicação do ato convocatório, além de dar início a fase externa do
certame, é também a ocasião em que cessa o poder discricionário da Administração Pública
e, mais precisamente, dos agentes responsáveis pela condução do processo (o PREGOEIRO,
em especial). Sobre o efeito do princípio mencionado nessa etapa, imprescindível a lição de
EGON BOCKMANN MOREIRA:

“A vinculação ao instrumento convocatório pode ser entendida como


princípio de limitação material e procedimental: a partir de sua divulgação,
a Administração Pública e os particulares estão subordinados a ele (LGL,
art. 3º, caput, c/c os arts. 41 e 55, XI). Devem estrito cumprimento aos seus termos
e estão proibidos de inová-lo (não só durante o processo licitatório, mas também
quando da execução do contrato). Será este instrumento que instalará o interesse
das pessoas privadas e os respectivos custos para a elaboração da proposta. Mas
o instrumento convocatório tem igualmente efeitos de exclusão de potenciais
interessados, que deixam de acorrer à licitação com fundamento nas exigências lá
positivadas (as quais, se fossem outras, não gerariam tais efeitos...) (...).
Se na fase anterior a discricionariedade era plena (a fase interna é orientada
pela política pública e raciocínios argumentativos), ela é praticamente
eliminada depois da publicação do instrumento convocatório: trata-se de
ato administrativo autovinculante, a ser obedecido e eficazmente
executado pela Administração.
(...) Mas esta vinculação não é apenas endoadministrativa, pois produz efeitos ao
exterior da entidade promotora da licitação: todos os interessados, terceiros, e
até mesmo os demais Poderes constituídos (Judiciário, Legislativo, Ministério
Público) devem obediência aos termos do instrumento convocatório.”3

2Grifamos e sublinhamos.
3MOREIRA, Egon Bockmann. Licitação Pública. 2ª ed., atual., rev. e aum. São Paulo: Malheiros, 2015, p.
94-95. Grifamos e sublinhamos.

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15. Nos dizeres de MARÇAL JUSTEN FILHO, “A autoridade administrativa dispõe de faculdade
de escolha, ao editar o ato convocatório. Porém, nascido tal ato, a própria autoridade fica subordinada ao
conteúdo dele. Editado o ato convocatório, o administrado e o interessado submetem-se
a um modelo norteador de sua conduta. Tornam-se previsíveis, com segurança, os
atos a serem praticados e as regras que o regerão”4.

16. A jurisprudência não diverge, tendo o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA assentado


que “O princípio da vinculação se traduz na regra de que o instrumento convocatório faz lei entre
as partes, devendo ser observados os termos do edital até o encerramento do certame”5.

17. O princípio da vinculação ao instrumento convocatório é essencial na aplicação do


direito administrativo, já que ao garantir que as regras inicialmente previstas serão observadas
por todos os licitantes e pela Administração Pública, garante-se a igualdade de condições
entre todos, a isonomia, a impessoalidade.

18. Nesse sentido, o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA entende que “Aceitar


documentação para suprir determinado requisito, que não foi a solicitada, é
privilegiar um concorrente em detrimento de outros, o que feriria o princípio da
igualdade entre os licitantes”6.

19. Portanto, se aceitar documentação (certidão simplificada desatualizada) imprestável


para suprir o item 8.2.5, a i. PREGOEIRA privilegiará indevidamente a Recorrida em
detrimento da Recorrente, ferindo o princípio da igualdade.

20. A jurisprudência do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO consagra o princípio da


vinculação ao instrumento convocatório, como não poderia deixar de ser:

4 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 15ª Ed. São
Paulo: Editora Dialética, 2012, p. 73. Grifamos.
5 STJ – REsp 1384138 – Rel. Min. Humberto Martins – DJe 26/08/2013.
6 STJ – REsp 1178657 – Rel. Min. Mauro Campbell Marques – DJe 08/10/2010. Grifamos e sublinhamos.

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“4. O princípio da vinculação ao instrumento convocatório, expresso no caput do
art. 41 da Lei nº 8.666/1993, dispõe: ‘A Administração não pode descumprir as
normas e condições do edital ao qual se acha estritamente vinculada.’
5. O edital torna-se lei entre as partes, assemelhando-se a um contrato de adesão
cujas cláusulas são elaboradas unilateralmente pelo Estado. Em sendo lei, o
edital e os seus termos atrelam tanto a Administração, que estará
estritamente subordinada a seus próprios atos, quanto as licitantes –
sabedoras do inteiro teor do certame.
6. Somente em situações atípicas o edital pode ser modificado depois de
publicado, observado o procedimento adequado para tanto. É o princípio da
inalterabilidade do instrumento convocatório.
7. Ao descumprir normas editalícias, a Administração frustra a própria
razão de ser da licitação e viola vários princípios que direcionam a
atividade administrativa, tais como: da legalidade, da moralidade e da
isonomia, além dos já citados anteriormente.” 7

21. Assim é que a Recorrida AVIVE GESTÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS LTDA deve ser
inabilitada do certame, eis que não atendeu ao item 8.2.5 do Edital.

II.ii. Divergência no endereço oficial da empresa – Erro crasso na documentação


que coloca em xeque sua validade:

22. Em segundo lugar, analisando a documentação se extrai que há flagrante divergência


em relação ao aparente real endereço da licitante AVIVE.

23. O endereço que consta no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde


(CNES), é o seguinte: Rua Wyclif, nº 111, 11º andar, Gleba Fazenda Palhano, Londrina/PR – CEP:
86050-450.

24. Veja-se:

7 TCU – Acórdão nº 2367/2010 – Plenário – Rel. Valmir Campelo – Sessão de 15/09/2010. Grifamos e
sublinhamos.

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25. Ocorre que outros documentos apontam que esse não é o real endereço atual da
licitante.

26. Nesse sentido, a Segunda Alteração Contratual do Contrato Social previu em sua
cláusula segunda que “o endereço da empresa passa a ser Avenida Ayrton Senna da Silva, nº 500, sala
1703, Gleba Fazenda Palhano, CEP 86.050-460, Londrina/PR”

27. Ora, mesmo tendo sido aparentemente alterado o endereço, ainda consta o endereço
antigo (equivocado, ao que tudo indica) em vários documentos, como o CNES,
Regularidades do FGTS e Inscrição Municipal.

28. Veja-se que o CNES é o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Ou


seja, se está com o endereço desatualizado, não está regular. Em outras palavras, se há um
cadastro de Estabelecimento, é evidente que para ser válido o cadastro deve fazer referência
ao Estabelecimento correto, no endereço correto, sob pena de invalidade e flagrante
inutilidade.

29. Novamente, não se trata de mero erro formal, na medida em que além da
irregularidade na forma, há notório prejuízo material, não tendo sido comprovado que o
endereço atual da Recorrida está no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.

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30. Ademais, a certidão de regularidade do FGTS e o documento de Inscrição Municipal
também estão desatualizados.

31. Nesse sentido, portanto, a AVIVE descumpriu a exigência prevista nos itens 8.5.3,
8.3.7 e 8.3.2 do Edital, visto que apresentou certidão inválida com o endereço desatualizado:

“8.5 DA QUALIFICAÇÃO TÉCNICA:


8.5.3 Cadastro no programa SCNES - Cadastro Nacional Estabelecimento de
Saúde, em conformidade com os serviços solicitados;

8.3 REGULARIDADE FISCAL:


8.3.2 Prova de inscrição no Cadastro de Contribuintes Estadual ou Municipal,
relativo ao domicílio ou sede da licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e
compatível com o objeto contratual.
8.3.7 Prova de regularidade relativa ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
- FGTS, demonstrando a situação regular no cumprimento dos encargos
instituídos por lei.”

32. Portanto, manter a referida licitante habilitada mesmo descumprindo o Edital é violar
o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, previsto no art. 3º da Lei nº
8.666/1993.

33. Vê-se que, de acordo com o item 8.5.6 do Edital, “A falta de qualquer documento exigidos
no edital, implicará inabilitação da licitante, sendo vedada qualquer pretexto a concessão de prazo para
complementação da documentação exigida para habilitação”

34. Assim, por todo o exposto, requer-se a inabilitação da AVIVE, tendo em vista a
divergência da documentação em relação ao endereço da licitante, que coloca em xeque a
validade da documentação apresentada e leva ao descumprimento dos itens 8.5.3, 8.3.7 e
8.3.2 e consequentemente leva a aplicação do item 8.5.6 do Edital.

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III. Requerimentos:

35. Ante todo o exposto, respeitosamente e ante a fundamentação supra, requer-se


inabilitação da Recorrida AVIVE GESTÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS LTDA, eis que não atendeu
aos itens 8.2.5, 8.5.3, 8.3.7, 8.3.2 e consequentemente leva a aplicação do item 8.5.6 do Edital.

36. Caso a i. PREGOEIRA não entenda desse modo, o que r. não se espera, requer-se a
remessa à autoridade competente, para que esta decida pelo provimento deste recurso.

Nesses termos,
Pede-se deferimento.
Curitiba/PR para Navegantes/SC, 17 de dezembro de 2020.

FELIPE HENRIQUE BRAZ CONRADO GAMA MONTEIRO


OAB/PR 69.406 OAB/PR 70.003

PEDRO SCHELBAUER VANESSA TRAVENSOLI BONA


OAB/PR 81.579 OAB/PR 79.680

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