1) Uma empresa recorreu da decisão de desclassificação de sua proposta em licitação para serviços de sonorização e iluminação em evento;
2) A empresa alegou que seu atestado de capacidade técnica era válido, mas continha omissões que poderiam ser esclarecidas por meio de diligência;
3) Após diligência, a administração concluiu que o atestado atendia aos requisitos do edital e a proposta da empresa deveria ser validada.
Descrição original:
Título original
Decisao Em Recurso Administrativo Em Processo Licitatorio Diligencias
1) Uma empresa recorreu da decisão de desclassificação de sua proposta em licitação para serviços de sonorização e iluminação em evento;
2) A empresa alegou que seu atestado de capacidade técnica era válido, mas continha omissões que poderiam ser esclarecidas por meio de diligência;
3) Após diligência, a administração concluiu que o atestado atendia aos requisitos do edital e a proposta da empresa deveria ser validada.
1) Uma empresa recorreu da decisão de desclassificação de sua proposta em licitação para serviços de sonorização e iluminação em evento;
2) A empresa alegou que seu atestado de capacidade técnica era válido, mas continha omissões que poderiam ser esclarecidas por meio de diligência;
3) Após diligência, a administração concluiu que o atestado atendia aos requisitos do edital e a proposta da empresa deveria ser validada.
Recurso ao Pregã o Presencial nº 071/2017. Trata-se de recurso interposto pela empresa XXXXXXXLTDA., pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua XXXXXXXXXX, nº XXX, Bairro XXXX, na cidade de Sã o Paulo, SP, inscrita no CNPJ/MF sob nº XX.XXX.XXX/0001-XX, em face do resultado da Sessã o Pú blica de Abertura e Julgamento do referido processo licitató rio, que tem como objeto a contrataçã o de empresa para serviços de mã o de obra, locaçã o, manutençã o, montagem, desmontagem e operaçã o de sistemas de sonorizaçã o (Lote 01) e iluminaçã o (Lote 02), em conformidade com as especificaçõ es descritas no Projeto Bá sico, para o evento 32º Natal Luz de Gramado que acontecerá entre os dias 26 de outubro de 2017 e 14 de janeiro de 2018. Em resumo, insurge-se contra a decisã o proferida em sessã o pú blica nos seguintes pontos: 1. Que o atestado de capacidade técnica da empresa XXXXX Ltda nã o seria vá lido por nã o mencionar a execuçã o de serviços de locaçã o, manutençã o, montagem, desmontagem e operaçã o de sistemas de iluminaçã o em eventos, mas apenas o de montagem; 2. Que o atestado de capacidade técnica da empresa XXXXX Ltda nã o seria vá lido por nã o mencionar o pú blico mínimo de 2.500 (duas mil e quinhentas) pessoas; 3. Que a diligência efetuada pela comissã o de licitaçõ es nã o se trata de diligência, mas de acréscimo de informaçõ es e documentos; 4. Que a proposta apresentada pela empresa XXXXX Ltda. deverá ser desclassificada por seu preço ficar fora do limite de 10% abaixo do valor, conforme item 7.2, do edital. Pugna, também, pela manutençã o da decisã o que desclassificou a proposta da empresa XXXXX. DAS DILIGÊ NCIAS PRODUZIDAS NOS PROCESSOS LICITATÓ RIOS A possibilidade da comissã o ou autoridade competente promover diligência, para esclarecer ou complementar a instruçã o do processo, encontra-se disciplinada no artigo 43, § 3º da Lei Federal nº 8.666 de 1.993. A diligência é realizada sempre que a Administraçã o se esbarra com alguma dú vida, sendo mecanismo necessá rio para afastar imprecisõ es e confirmaçã o de dados contidos nas documentaçõ es apresentadas pelos participantes do processo licitató rio. É comum o questionamento sobre a possibilidade de juntar documentos durante a realizaçã o de diligência. O art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93 dispõ e que: "§ 3º É facultada à Comissã o ou autoridade superior, em qualquer fase da licitaçã o, a promoçã o de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instruçã o do processo, vedada a inclusã o posterior de documento ou informaçã o que deveria constar originariamente da proposta. Portanto, é clara que a vedaçã o para inclusã o de documentos restringe-se somente a inclusã o de documentos que deveriam ser entregues inicialmente, admitindo-se a inclusã o de qualquer outro documento que sirva como complemento necessá rio a elucidaçã o de obscuridades, dú vidas ou, até mesmo, veracidade dos documentos já apresentados. Nos ensinamentos de Ivo Ferreira de Oliveira, que elucida com a clareza a questã o, a diligência visa: " (...) oferecer meios para que a Comissã o de Licitaçã o ou a Autoridade Superior possa promover inquiriçõ es, vistorias, exames pertinentes a questõ es que eventualmente surjam e até autorizar a juntada de documentos, permitindo à Comissã o ou à Autoridade julgar corretamente o certame, graças aos esclarecimentos que a diligência lhe propiciou, mas sem perder de vista os princípios constitucionais e legais que norteiam o processo licitató rio. "(Ivo Ferreira de Oliveira, Diligências nas Licitaçõ es Pú blicas, Curitiba, JM Editora, 2001, p. 24.) lmpende deixar assentado que, apesar de a Lei n 8.666/93 referir-se à diligência _como uma faculdade, ou seja, fruto do exercício de uma competência discricioná ria do agente pú blico que pode, desta forma, a seu juízo, determinar ou nã o a instauraçã o, esta é, em alguns casos apresentados, imprescindível e inafastá vel para que os atos da Administraçã o sejam pautados em fatos e circunstâ ncias concretas, materiais e reais. Neste sentido, Marçal Justen Filho ensina que" a realizaçã o da diligência nã o é uma simples "faculdade" da Administraçã o, a ser exercitada segundo juízo de conveniência e oportunidade. A relevâ ncia dos interesses envolvidos conduz à configuraçã o da diligência como um poder-dever da autoridade julgadora. Se houver dú vida ou controvérsia sobre fatos relevantes para a decisã o, reputando-se insuficiente a documentaçã o apresentada, é dever da autoridade julgadora adotar as providências apropriadas para esclarecer os fatos. Se a dú vida for saná vel por meio de diligência será obrigató ria a sua realizaçã o."(Marçal Justen Filho, Comentá rios à Lei de Licitaçã o e Contratos Administrativos, 16 ed, Revista dos Tribunais, Sã o Paulo, 2014, pá g. 804.) grifo e destaque nosso Ressalte-se, ainda, que a diligência nã o está condicionada a autorizaçã o prévia no instrumento convocató rio ou ao pleito do particular, deve ser, na verdade realizada de ofício a fim de salvaguardar a Supremacia do Interesse Pú blico, todavia, nada impede que na omissã o deste, haja provocaçã o do interessado para sua realizaçã o. Para Marçal Justen Filho a ausência de cabimento da diligência ocorrerá em duas situaçõ es: "A primeira consiste na inexistência de dú vida ou controvérsia sobre a documentaçã o e os fatos relevantes para a decisã o. A segunda é a impossibilidade de saneamento de defeito por meio da diligência. Em todos os demais casos, será cabível a diligência. "(Marçal Justen Filho, Comentá rios à Lei de Licitaçã o e Contratos Administrativos, 16ª ed, Revista dos Tribunais, Sã o Paulo, 2014, pá g. 805.) Assim, diante da ocorrência de dú vidas a respeito da documentaçã o ou de proposta apresentados por determinado licitante, a Administraçã o deve realizar a diligência prevista no art. 43, § 3º da Lei 8.666/93. A realizaçã o de diligências para a correçã o de vícios diminutos e formais pela Administraçã o constitui derivaçã o direta dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nã o é razoá vel nem proporcional vedar a participaçã o de determinado licitante diante de falha meramente formal, quando seu suprimento nã o acarrete prejuízo ao processo de licitaçã o e nem aos demais licitantes. Nesse sentido, segundo MARIA SYLVIA ZANELLA OI PIETRO," Eventualmente, poderá ser invocado o princípio da razoabilidade para relevar pequenas irregularidades, que em nada impedem a Comissã o de Licitaçã o de avaliar o preenchimento dos requisitos para habilitaçã o ou classificaçã o "(Temas Polêmicos sobre Licitaçõ es e Contratos. 4.ed. Sã o Paulo: Malheiros, 2000, p. 45). Ressalta-se, por ser de grande importâ ncia, que o E. TCU determinou a determinado ó rgã o que sofreu auditoria que"atente para o disposto no art. 43, § 3º, abstendo-se, em consequência, de inabilitar ou desclassificar empresas em virtude de detalhes irrelevantes ou que possam ser supridos pela diligência autorizada por lei"(Acó rdã o nº 2.521/2003, Rei. Min. AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, j. 21/10/2003, DOU 29/10/2003). Nã o se vislumbra acima a situaçã o de licitante que deixa de apresentar determinado atestado para comprovaçã o da qualificaçã o técnica mínima exigida pelo edital e que pretende, no curso das diligências, demonstrar essa qualificaçã o. No entanto, nã o se pode confundir essa situaçã o com aquela em que o licitante apresenta o atestado e, por qualquer motivo, surge dú vida a respeito da descriçã o de determinado serviço nele contido ou sobre as técnicas utilizadas na referida obra ou serviço. Nessa hipó tese, há inequívoca possibilidade de realizaçã o de diligências para sanar essas dú vidas. Contudo, no primeiro caso, há nítido descumprimento da exigência de tratamento isonô mico entre os licitantes, o que nã o é admitido pela Lei 8.666/93 (art. 3º), o que impediria a realizaçã o de qualquer diligência, o que nã o ocorreu no presente. ln casu, o instrumento convocató rio exige apresentaçã o de Atestado de Capacidade Técnica, emitida por pessoa jurídica de direito pú blico ou privado, de que executou satisfatoriamente serviços de locaçã o, manutençã o, montagem, desmontagem e operaçã o de sistemas de iluminaçã o em eventos com pú blico mínimo de 2.500 (duas mil e quinhentas) pessoas. A empresa recorrida apresentou o atestado em conformidade com o que pede o edital, no entanto, ele nã o é suficiente para se atestar com clareza o serviço executado, além disso, embora mencione o evento para o qual o serviço teria sido prestado, nã o menciona o pú blico daquele evento, tornando indispensá vel à Administraçã o a realizaçã o de diligência junto ao ó rgã o emissor do atestado para esclarecer os documentos. Importante esclarecer que a realizaçã o de diligência nã o visa beneficiar licitante admitido em licitaçã o apó s superada as dú vidas inicialmente existentes em seus requisitos de classificaçã o ou habilitaçã o, ou prejudicar aqueles em que a diligência conduziu a sua exclusã o. O objetivo central é ampliar o universo de competiçã o daqueles que efetivamente preencham os requisitos exigidos ou excluir do certame os competidores destituídos dos requisitos necessá rios. Assim, a Administraçã o consultou junto a Prefeitura de Lages o processo licitató rio Pregã o Presencial XX/20XX e Pregã o Presencial XX/20XX, pelos quais a empresa XXXXX Ltda. foi contratada, a fim de averiguar a totalidade do serviço que foi prestado, bem como consultou na rede mundial de computadores (internet) a fim de verificar o pú blico daquele evento, nã o restando dú vidas ao Pregoeiro e Equipe de Apoio que a documentaçã o apresentada atende ao exigido no edital. Mais tarde, em 16/10/2016, a Fundaçã o Cultural de Lages, empresa de direito pú blico pertencente à Prefeitura Municipal de Lages e beneficiada pelos serviços contratados pelos pregõ es supramencionados, enviou a esta Autarquia esclarecimento quanto aos serviços decorrentes do atestado apresentado, fazendo- o nos seguintes termos: (...) Diante dos fatos acima, infere-se, sem qualquer sombra de dú vidas, que o atestado de capacidade técnica apresentado pela empresa XXXXX Ltda atende a integralidade do exigido no instrumento convocató rio, devendo, assim, ser mantida sua validade. Outrossim, os fundamentos acima expendidos, demonstram com clareza a legalidade da Administraçã o em efetuar as diligências necessá rias a esclarecer os documentos obrigató rios apresentados em licitaçõ es, sendo permitido, inclusive, a juntada de documentos necessá rios à compreensã o das dú vidas surgidas. LIMITAÇÃ O DO ITEM 7.2, C, DO EDITAL. No que tange ao argumento referente ao item 7.2, do Edital, tem-se ali expresso: 7.2. Serã o desclassificadas: a) As propostas que nã o atenderem à s exigências contidas no objeto desta licitaçã o; as que contiverem opçõ es de preços alternativos; as que forem omissas em pontos essenciais, de modo a ensejar dú vidas, ou que se oponham a qualquer dispositivo legal vigente; b) As propostas que apresentarem preços manifestamente inexequíveis; c) As propostas dos licitantes que nã o se fizerem presentes na fase competitiva do certame e apresentarem preços 10% (dez por cento) abaixo do valor definido como teto da licitaçã o. Pode-se vislumbrar que houve um mal entendimento por parte da empresa recorrente quanto à proibiçã o contida no item c, do item 7.2, do edital, visto que somente é aplicá vel à s propostas cujas empresas nã o tenham enviado representantes para participaçã o na sessã o pú blica. No caso, a empresa XXXXX Ltda. estava devidamente representada pelo Sr. XXXXX, nã o se aplicando, portanto, o dispositivo citado. No que seja pertinente à manutençã o da desclassificaçã o da empresa XXXXX, embora equivocada também sobre o valor da proposta apresentada em relaçã o ao item 7.2, c, do instrumento convocató rio, a proposta nã o foi apresentada em conformidade com o exigido, razã o pela qual assiste razã o ao pedido formulado. Ante o exposto, pelos fatos aqui discorridos, a Administraçã o CONHECE o recurso, uma vez que apresentado tempestivamente e, diante de todos os motivos expostos acima, DEFERE PARCIALMENTE os pedidos formulados, deferindo o pedido de manutençã o da desclassificaçã o da empresa XXXXX , e indeferindo" in totum "os pedidos formulados em face da empresa XXXXX LTDA. Importa destacar, ainda, que esta justificativa nã o vincula a decisã o superior acerca da adjudicaçã o e homologaçã o do certame, apenas faz uma contextualizaçã o fá tica e documental com base naquilo que foi carreado a este processo, fornecendo subsídios a autoridade superior, a quem cabe a aná lise desta decisã o. Desta maneira, nada mais havendo a relatar, submetemos à Autoridade Superior para apreciaçã o e decisã o, tendo ºem vista o princípio do duplo grau de jurisdiçã o e conforme preceitua o art. 109, § 4 , da Lei 8.666/1993. É o que decidimos.