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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 1

Secretaria-Geral de Controle Externo


Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas

INSTRUÇÃO INICIAL DE REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO DE CAUTELAR

A. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO

TC 012.548/2019-7 Conhecimento. Oitiva prévia.


UNIDADE JURISDICIONADA UASG
Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região 80005
OBJETO
Contratação de empresa especializada, por regime de empreitada por preço unitário, para execução
de reforma e manutenção do Edifício-Sede do TRT da 13ª Região/PB (peça 4, p. 1).
REPRESENTANTE CPF
Kayo Cézar Almeida de Andrade 057.380.294-70
HÁ PEDIDO DE SUSTENTAÇÃO ORAL? DOCUMENTO DE
IDENTIFICAÇÃO
Não 3.332.596 (peça 1, p. 32)
MODALIDADE NÚMERO TIPO
Tomada de Preços 1/2019 Menor preço global
VIGÊNCIA VALOR ESTIMADO
5 meses a contar do início dos R$ 678.325,30 (peça 4, p. 2)
serviços (peça 4, p.101)
FASE DO CERTAME
Em 22/5/2019, foi publicado, no Diário Oficial da União 97, seção 3, o resultado de julgamento
das propostas, em que foi sagrada vencedora a Empresa FC – Fernandes Carvalho Construtora
Ltda, abrindo assim o prazo de cinco dias úteis para interposição de recursos, de acordo com o
artigo 109 da Lei 8666/93 (peça 3, p. 11).

B. ALEGAÇÕES DO REPRESENTANTE

1. O representante alega, em suma, que:


a) seria ilegal a exigência contida no item 4.3.9.1 do Edital da Tomada de Preços
01/2019, que requer da empresa licitante “declaração, certidão ou atestado emitido por pessoa
jurídica de Direito Público ou Privado, em nome de qualquer profissional e devidamente
registrada pela entidade profissional competente (Crea – Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia ou CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo), referente ao serviço realizado a
qualquer época ou local pela empresa licitante, comprovando a execução de serviço de
características similares e sem irregularidades (peça 1, p. 2);
b) a comprovação da capacidade profissional das licitantes, no presente certame, foi
limitada a uma certidão de acervo técnico (CAT), uma vez que exige como prova da capacidade
que o atestado esteja registrado pelo Crea, desconsiderando que o parágrafo único do art. 55 da
Resolução do Confea prevê que a CAT constituirá prova da capacidade técnico-profissional da
pessoa jurídica somente se o responsável técnico indicado estiver a ela vinculado como integrante
de seu quadro técnico (peça 1, p. 2-3);

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c) já é de entendimento pacífico neste tribunal que a verificação da habilitação técnica


a partir de atestados devidamente registrados nas entidades profissionais competentes deve ser
entendida como exigência limitada à capacitação técnico-profissional, que diz respeito às pessoas
físicas indicadas pelas empresas licitantes (peça 1, p. 3);
d) o entendimento do Confea, consignado em seu manual de procedimentos
operacionais, Capítulo III, subitem 1.5.2, é de que o Crea não deve emitir CAT em nome da pessoa
jurídica contratada para prova de capacidade técnico-operacional, por falta de dispositivo legal que
o autorize a fazê-lo (peça 1, p. 3);
e) a exigência de comprovação de aptidão técnica devidamente registrada junto ao
Crea, dando conta de que a empresa interessada já desenvolveu serviços idênticos/semelhantes ao
previsto no objeto do edital, contraria o art. 64 da Resolução 1.025/2009 do Confea e o Acórdão
1.285/2012 – TCU – 2ª Câmara (peça 1, p. 3-4);
f) o registro de atestado apenas é efetivado por meio de sua vinculação à CAT, acervo
este inerente ao responsável técnico profissional, exatamente o que a comissão exigiu, violando o
próprio edital em seu ponto 4.3.8 que prevê a necessidade de comprovação de desempenho de
características similares apenas quando da assinatura do contrato (peça 1, p. 4);
g) há inviabilidade jurídica de o Crea de emitir o mencionado acervo para pessoa
jurídica, uma vez que a lei não lhe concede tal competência e uma vez que a pessoa jurídica não
possui acervo e sim o profissional por ela indicado desde que integre seu quadro técnico, pelo que
devem ser aceitos atestados emitidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado em nome
da empresa, a fim de evitar que atos de convocação, cláusulas ou condições comprometam,
restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação (art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.66/93) –
peça 1, p. 7).
C. EXAME DE ADMISSIBILIDADE

LEGITIMIDADE DO AUTOR
O representante possui legitimidade para representar ao Tribunal? Sim
(Fundamento: art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 237 do Regimento
Interno/TCU)
REDAÇÃO EM LINGUAGEM COMPREENSÍVEL
A representação está redigida em linguagem clara e objetiva, contém nome Sim
legível, qualificação e endereço do representante?
(Fundamento: art. 235 do Regimento Interno/TCU)
INDÍCIO CONCERNENTE À IRREGULARIDADE OU ILEGALIDADE
A representação encontra-se acompanhada do indício concernente à Sim
irregularidade ou ilegalidade apontada pelo autor?
(Fundamento: art. 235 do Regimento Interno/TCU)
COMPETÊNCIA DO TCU
A representação trata de matéria de competência do TCU? Sim
(Fundamento: art. 235 do Regimento Interno/TCU)
INTERESSE PÚBLICO

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Os argumentos do autor indicam a possibilidade de existência de interesse Sim


público, caso restem comprovadas as supostas irregularidades apontadas na
peça inicial.
(Fundamento: art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014)
Análise quanto ao interesse público: Confirmadas as alegações do representante, restará
configurada restrição indevida à competição.
CONCLUSÃO QUANTO AO EXAME DE ADMISSIBILIDADE
2. Presentes todos os requisitos de admissibilidade constantes no art. 113, § 1º, da Lei
8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução
- TCU 259/2014, a representação deve ser conhecida.
D. MEDIDA CAUTELAR – AVALIAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS

PERIGO DA DEMORA
O contrato/a ata decorrente do certame já foi assinado(a)? Não
Há decisão judicial ou administrativa, sem especificação de prazo, para Não
suspender o andamento do processo licitatório ou a contratação?
Análise:
3. Está configurado o pressuposto do perigo da demora, em razão da iminência do término
da fase recursal sobre o julgamento da proposta vencedora, o que possibilitaria, em breve, a
celebração do contrato. Em contato telefônico com o Assessor Jurídico da Presidência do TRT 13ª
Região, Sr. Tibério Adonys de Almeida Fialho, no dia 30/5/2019, foi informado que a Empresa
Zoih Engenharia Ltda. apresentou recurso administrativo em face do julgamento das propostas
(peça 5, p. 3-11), pelo que foi aberto prazo para as demais empresas apresentarem contra-razões,
dentro de 5 (cinco) dias úteis (peça 5, p. 1-2).
PERIGO DA DEMORA REVERSO
O serviço/bem é essencial ao funcionamento das atividades do órgão/entidade? Não
O órgão ou entidade está coberto contratualmente pelo serviço com razoável Não se
vigência (há a possibilidade de voltar a fase ou refazer o certame, a depender aplica
da consequência da concessão de cautelar no caso concreto) ou admite
prorrogação excepcional?
Caso haja a possibilidade de manutenção do contrato com a atual prestadora Não se
dos serviços, as condições dessa contratação seriam melhores (menor preço e aplica
atendimento satisfatório) que o que se está em vias de contratar?
Análise:
4. Em que pese o objeto da contratação mencionar serviços de “reforma” e de
“manutenção”, verifica-se, pela leitura do projeto básico integrante do edital (peça 4, p. 24-26), que
ambos os serviços tratam da realização de reforma, não havendo características de natureza
continuada na contratação almejada. Portanto, apesar de as justificativas constantes do projeto
básico indicarem para a necessidade efetiva das reformas nos ambientes do TRT 13ª Região, não
se verifica a existência do perigo da demora reverso, tendo em vista que o funcionamento das
atividades do órgão não resta impossibilitada até que se aguarde o deslinde dos fatos apontados na
representação.
PLAUSIBILIDADE JURÍDICA

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O órgão/entidade está sujeito aos normativos supostamente infringidos? Sim


Há plausibilidade nas alegações do representante? Sim
Há indício de sobrepreço ou superfaturamento? Não
Há grave risco de lesão ao erário, inexecução ou execução insatisfatória do Não há
objeto? informação
Conclusão quanto à necessidade de adoção de medida cautelar:
5. Segundo as alegações do representante, haveria ilegalidade na disposição editalícia
constante do subitem 4.3.9.1, que exige comprovação de capacidade técnico-operacional por meio
de declaração, certidão ou atestado, em nome de qualquer profissional, emitido por pessoa
jurídica de Direito Público ou Privado, devidamente registrada pela entidade profissional
competente (Crea – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia ou CAU – Conselho de
Arquitetura e Urbanismo) – peça 4, p. 11.
6. Segundo tais item e subitem, as licitantes teriam que comprovar sua capacidade
técnico-operacional através de declaração, certidão ou atestado devidamente registrado pelo Crea
ou CAU, referente a serviço de características similares, realizado em qualquer época ou local, e
em nome de algum profissional.
7. Mediante consulta ao sítio do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região
(https://www.trt13.jus.br/portalservicos/protocoloadm/informarNumero.jsf) foi possível verificar
que nove empresas entregaram a documentação de habilitação no prazo estabelecido, mas como
uma não se fez representar na sessão pública de divulgação do resultado de habilitação, bem como
não entregou sua proposta comercial, restaram oito empresas cuja documentação de habilitação
foi analisada.
8. Pela Ata anexa aos presentes autos à peça 3, p. 1-3, observa-se que a metade das
empresas participantes do certame foram declaradas inabilitadas pela Comissão Permanente de
Licitação por não terem cumprido os requisitos de habilitação, a saber:
“A documentação apresentada pelas empresas licitantes foi analisada previamente pela CPL
(com o auxílio do Engenheiro Fábio de Oliveira Lucena da CAEMA – Coordenadoria de
Arquitetura, Engenharia e Manutenção, para as questões de ordem técnica), resolvendo a CPL,
por unanimidade:
Declarar INABILITADAS as empresas abaixo relacionadas por não terem cumprido os
requisitos de habilitação:
1.1.NSEG CONSTRUÇÕES EIRELI – ME.:
a) Por não comprovar o exigido no item 4.3.9 do Edital, notadamente a execução e/ou
fornecimento e aplicação de, pelo menos, 300m2 de porcelanato;
1.2.RCS – REFORMAS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS EIRELI-ME.:
a)Por não comprovar o exigido no item 4.3.9 do Edital, notadamente a execução e/ou
fornecimento e aplicação de, pelo menos, 300m2 de porcelanato;
1.3.GH ENGENHARIA LTDA ME.:
a) Por não comprovar o exigido no item 4.3.9 do Edital, notadamente a execução e/ou
fornecimento e aplicação de, pelo menos, 300m2 de porcelanato;
1.4. MVP ENGENHARIA LTDA.:
a) Por não comprovar o exigido no item 4.3.9 do Edital, notadamente a execução e/ou
fornecimento e aplicação de, pelo menos, 300m2 de porcelanato;
2) Declarar HABILITADAS as empresas FC – FERNANDES CARVALHO
CONSTRUTORA LTDA., ROMA CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO EIRELI – EPP,

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ZOIH ENGENHARIA LTDA. e INSTEC – INSTALAÇÕES TÉCNICAS LTDA. ME, por


terem cumprido todas as exigências habilitatórias apregoadas na Norma Editalícia”.
9. Percebe-se que as quatro empresas declaradas inabilitadas, assim o foram porque não
comprovaram o exigido no item 4.3.9 do Edital, o qual trata justamente da apresentação da
declaração, certidão ou atestado devidamente registrado pelo Crea. Contudo, não há como aferir,
com exatidão, pelas informações constantes na ata supramencionada, se as empresas declaradas
inabilitadas, e até aquelas tidas como habilitadas, apresentaram seus atestados de capacidade
técnica registrados no aludido conselho profissional e se foi também por tal motivo que foram
submetidas à classificação ou desclassificação de suas propostas comerciais.
10. É sabido que o Atestado de Capacidade Técnica-Operacional é uma declaração (um
documento) que comprova e atesta o fornecimento de materiais ou os serviços prestados pela
empresa interessada, emitido por pessoa jurídica, em papel timbrado, assinado por seu
representante legal, discriminando o teor da contratação e os dados da empresa.
11. O atestado de capacitação técnica-operacional está previsto no inciso II do art. 30 da
Lei 8.666/93, o qual estabelece que só precisa ser relevante e similar em relação ao objeto da
licitação. Isso quer dizer que, deverá ser levada em conta suas quantidades, prazos de atendimento,
características e ainda, se houve a plena satisfação do atendimento por parte do cliente (seja ele da
Administração Pública ou do setor privado), atestando que a empresa tem de fato a “capacidade”
para atender o objeto licitado. Sem dúvida, tal dispositivo não menciona a exigência de atestado
registrado no Crea, a não ser quando, no seu § 1º, limita as exigências à comprovação da
capacitação técnico-profissional (inciso I, do § 1º do art. 30 da Lei 8.666/93).
12. Distintas são a capacidade técnico-operacional e a capacidade técnico-profissional
de uma empresa. A primeira é uma exigência referente aos atributos próprios da empresa,
desenvolvidos a partir do desempenho da atividade empresarial, logo, é um atributo da pessoa
jurídica. Já a segunda se relaciona com a existência de profissionais com acervo técnico
compatível com a obra ou serviço de engenharia a ser licitado. O Acervo Técnico é toda a
experiência do profissional por ele adquirida ao longo de sua vida, compatível com suas
atribuições, desde que registrada a respectiva responsabilidade técnica – ART, nos Conselhos
Regionais de Engenharia e Agronomia, conforme art. 47 da Resolução 1.025/09, do Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). O mencionado Acervo Técnico é obtido por meio
de Certidão de Acervo Técnico – CAT.
13. As empresas não possuem acervo técnico propriamente dito. Conforme o art. 48 da
Resolução 1.025/09 do Confea, a pessoa jurídica terá a capacidade técnico-profissional
representada pelo conjunto dos acervos técnicos dos profissionais integrantes de seu quadro
técnico. Em síntese, a empresa possui a experiência técnico-operacional e o responsável técnico
que trabalha para ela possui a experiência técnico-profissional. Dessa forma, a empresa não precisa
de um atestado de capacidade técnica registrado no Crea. O que ela precisa é ter seu registro no
Crea, por motivo da sua atividade (inciso I, do art. 30 da Lei 8.666/93). O profissional que é
responsável técnico também deverá ter registro no Crea, mas quem deverá registrar atestado é o
profissional responsável técnico.
14. Em assim sendo, tem razão o representante quando afirma que a validação no Crea dos
atestados que visam comprovar a referida capacidade técnica-operacional das empresas não tem
previsão legal, pois o registro de atestados técnicos é regulado pela Resolução 1.025/2009, do
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
15. O Confea tem competência para “Fixar os procedimentos necessários ao registro, baixa,
cancelamento e anulação da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, ao registro do atestado
emitido por pessoa física e jurídica contratante e à emissão de Certidão de Acervo Técnico - CAT”,

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sendo a ART “o instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela
execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões abrangidas pelo Sistema
Confea/Crea”, e o acervo técnico o conjunto das atividades desenvolvidas ao longo da vida do
profissional,
16. O acervo técnico é instrumentalizado por meio da emissão da Certidão de Acervo
Técnico (CAT), na qual constam os assentamentos do Crea referentes às ART arquivadas em nome
do profissional, sendo então o documento oficial do Crea apto a fazer prova da capacidade técnica
do profissional, mas não da empresa licitante.
17. A jurisprudência dessa Egrégia Corte de Contas também é unânime nesse sentido,
conforme se observa nos seguintes acórdãos:
“9.4. dar ciência ao Município de Itagibá/BA, de modo a evitar a repetição das irregularidades
em futuros certames patrocinados com recursos federais, de que:
(...)
9.4.2. a exigência de comprovação de aptidão técnica devidamente registrada junto ao Crea,
dando conta de que a empresa interessada já desenvolveu serviços idênticos/semelhantes ao
previsto no objeto do edital, contraria a Resolução 1.025/2009 do Confea e o Acórdão 128/2012
- TCU - 2ª Câmara;” (Acórdão 655/2016-Plenário, Relator Ministro Augusto Sherman
Cavalcanti).
“1.7. Dar ciência à Fiocruz acerca das seguintes falhas constatadas no âmbito do Pregão
Eletrônico 28/2016:
1.7.1. exigência de registro e/ou averbação de atestado da capacidade técnica-operacional, em
nome da empresa licitante, no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia –
Crea, o que não está previsto no art. 30, § 3º, da Lei 8.666/1993, que ampara a exigência do
referido atestado, contida no item 8.7.2 do instrumento convocatório, e contraria a Resolução
Confea 1.025/2009 e os Acórdãos 128/2012-TCU-2ª Câmara e 655/2016-TCU-Plenário;”
(Acórdão 205/2017-Plenário, Relator Ministro Bruno Dantas).
18. Dessa forma, o dispositivo constante do edital, no sentido de exigir um documento
certificado pelo Crea ou CAU, que seria a CAT, para que comprove a experiência anterior de
licitante, é impossível de ser atendido e ilegal, na medida em que ultrapassa o conceito estabelecido
pelo artigo 30, § 1° da Lei 8.666/1993, podendo restringir indevidamente a competitividade do
certame. Tal aspecto conecta-se à questão da inclusão no edital de um item ilegal.
19. O outro aspecto já foi mencionado no item 9 da presente instrução e diz respeito ao
momento da avaliação dos requisitos de habilitação pela Comissão Permanente de Licitação. Ou
seja, há que se saber se realmente houve uma restrição indevida à competitividade do certame
quando a CPL inabilitou metade das empresas licitantes por conta da não comprovação do exigido
no item 4.3.9 do edital.
20. Em contato telefônico com o Assessor Jurídico da Presidência do TRT 13ª Região, Sr.
Tibério Adonys de Almeida Fialho, no dia 30/5/2019, foi informado que o motivo da inabilitação
das quatro empresas mencionadas no item 8 da presente instrução não teve nenhuma dependência
com a questão da interpretação do item 4.3.9.1, especificamente no que tange ao registro das
declarações, atestados ou certidões no Crea, mas sim porque as mesmas não conseguiram
comprovar a experiência anterior com a execução de 50% dos serviços similares ao objeto licitado.
Neste contexto, em que pese estar configurado o pressuposto do perigo da demora e de ser afastado
o perigo da demora reverso, resta ainda esse ponto a ser avaliado, que compromete a conclusão
quanto à plausibilidade jurídica dos argumentos trazidos na representação.
21. Ante o exposto, considerando a necessidade de se concluir a respeito da plausibilidade
jurídica dos argumentos trazidos na representação, propõe-se a oitiva prévia do TRT da 13ª Região
para que apresente a motivação pela inclusão desse item no edital da Tomada de Preços 1/2019,

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assim como pela interpretação dada ao mesmo quando da decisão de inabilitação de quatro das oito
empresas participantes do certame.
E. IMPACTO DOS ENCAMINHAMENTOS PROPOSTOS

Haverá impacto relevante no órgão e/ou na sociedade, decorrente dos Não


encaminhamentos propostos?
F. PEDIDO DE INGRESSO AOS AUTOS E DE SUSTENTAÇÃO ORAL

Há pedido de ingresso aos autos? Não


Há pedido de sustentação oral? Não
G. PROCESSOS CONEXOS E APENSOS

Há processos conexos noticiando possíveis irregularidades na contratação ora Sim


em análise?

DESCRIÇÃO SUMÁRIA SITUAÇÃO


NÚMERO DO TC ESTADO ATUAL
ATUAL
013.003/2019-4 Representação contra tomada Aberto Aguardando
de preços do TRT/13ª Região instrução na
para contratação de serviços de Selog
reforma e manutenção do
almoxarifado do TRT. A
representação aborda a mesma
irregularidade alegada neste
processo. Ou seja, trata-se da
mesma representante, do
mesmo órgão representado e a
mesma irregularidade alegada.
Apesar de serem contra editais
distintos, trata-se do mesmo
serviço contratado, pelo
mesmo órgão, mas para
execução em locais diversos.
H. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

22. Em virtude do exposto, propõe-se:


22.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal,
e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014;
22.2. realizar a oitiva prévia do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, com fulcro
no art. 276, § 2º, do Regimento Interno deste Tribunal para que, no prazo de cinco dias úteis, se
pronuncie, referente à Tomada de Preços 1/2019, acerca da existência dos pressupostos da medida
cautelar pleiteada e acerca dos indícios de irregularidade indicados nesta instrução, em especial
quanto aos seguintes tópicos:
a) inclusão da exigência contida no item 4.3.9.1 do instrumento convocatório, de
registro de atestado da capacidade técnica-operacional, em nome de qualquer profissional, no
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Crea ou Conselho de Arquitetura e

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Urbanismo (CAU), o que não está previsto no art. 30, § 3º, da Lei 8.666/1993, que ampara a
exigência do referido atestado, , e contraria a Resolução Confea 1.025/2009 e os Acórdãos
128/2012-TCU-2ª Câmara, 655/2016-TCU-Plenário e 205/2017-TCU-Plenário;
b) inabilitação, com fundamento no subitem 4.3.9 do Edital da Tomada de Preços
01/2019, pela Comissão Permanente de Licitação das empresas abaixo relacionadas, encaminhando
os relatórios técnicos que fundamentaram a decisão:
b.1) NSEG Construções Eireli-ME;
b.2) RCS – Reformas Construções e Serviços Eireli-ME;
b.3) GH Engenharia Ltda ME; e
b.4) MVP Engenharia Ltda;
c) informar o estágio atual do certame ou da contratação dele decorrente;
d) demais informações que julgar necessárias; e
e) designação formal de interlocutor que conheça da matéria para dirimir eventuais
dúvidas, informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato.
22.3. alertar o Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região quanto à possibilidade de o TCU
vir a conceder medida cautelar para a suspensão do certame, caso haja indicativo de afronta às
normas legais e/ou possibilidade de ocorrência de prejuízos à Administração, ou mesmo de
determinar a anulação dos atos decorrentes do certame ou a não prorrogação do contrato, caso haja
elementos suficientes para a decisão de mérito após a realização da oitiva prévia, com base no
disposto no art. 276, § 6º, do Regimento Interno deste Tribunal;
22.4. encaminhar cópia da presente instrução ao Tribunal Regional do Trabalho da 13ª
Região, de maneira a embasar as respostas à oitiva prévia.
Selog, 4ª Diretoria, em 30/5/2018.
(Assinatura Eletrônica)
Niselky de Avila Gordin
AUFC Mat. 7302-4

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