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10 de Maio de 2019
GUIÃO DE CORRECÇÃO
PROVA ESCRITA
GRUPO I
DEONTOLOGIA PROFISSIONAL
(6 Valores)
No caso em concreto o Advogado não foi diligente no tratamento da questão que lhe
foi submetida, deixou passar a quase totalidade do prazo, para somente no final do
mesmo apresentar uma justificação frágil sobre o gozo de férias, não tendo acautelado
o interesse da Ré, e por esse facto é passível de ser sancionado por meio de processo
disciplinar (cfr. artigo 86º n.º 3 EOA).
Para além disso o pedido de escusa foi entregue extemporaneamente pelo Advogado,
uma vez que tendo a nomeação sido efectuada por via judicial (cfr. artigo 43º n.º 2 CPC),
o prazo de reacção a essa nomeação é de cinco dias nos termos do art. 153º CPC.
2. Poderia, como era sua intenção, o Advogado Dr. Marco António participar à Ordem
dos Advogados do comportamento do Dr. António Rosas do Sacrário? (1,5 valor).
Sim, poderia pelo facto do Dr. António Rosas do Sacrário ao ter assinado a petição inicial
que tinha sido efectuada pelo Dr. Marco António e não ter dado conhecimento a este
colega que o iria fazer, ter violado a norma do artigo 85º n.º 1 alínea f) EOA, quando o
outro colega estava convencido que seria ele a patrocinar a causa e que o envio da peça
processual teve apenas como propósito validar o trabalho efectuado para dar
seguimento em tribunal.
GRUPO II
1. Aprecie a legalidade das cláusulas Segunda, Terceira, Quinta, Sexta e Oitava do contrato
a prazo certo constante do enunciado. Justifique as respostas, analisando
separadamente cada cláusula.
(1,5 valor)
A Cláusula 2ª viola o disposto no artigo 38º, nº1, alínea c) da Lei do Trabalho, porque não
indica concretamente o local de trabalho da Contratada, sem prejuízo das deslocações
inerentes ás suas funções. (o,25 valor).
A Cláusula 5ª omite a data do início do contrato e a data final do contrato, ou seja, a data
da sua cessação, o que no contrato a prazo é obrigatório e viola o disposto da alínea h) do
nº1 do artigo38º, da Lei do Trabalho (0,25 valor).
A Cláusula 6ª viola o artigo 49, nº1 da LT porque determina que a contagem do período
probatório é a contar da data da celebração do contrato, que foi dia 3 de Novembro de
2018 e não da data do início da prestação efectiva do trabalhador, (execução do contrato)
que foi dia 5 de Novembro de 2018, conforme Cláusula 1ª do contrato.Só a partir desta
data, 5 de Novembro de 2018, é possível conhecer as condições em que o contrato é
prestado. No mesmo sentido a razão do disposto no nº2 do artigo 49º da LT. Essencial
distinguir entre data da celebração do contrato e data de início de execução (o,5 valor).
A Cláusula 8ª obedece ao motivo justificativo do artigo 40º, nº2 alínea b), da LT (o,25 valor).
De outro lado, a resposta que refira que sendo a Contratante uma pequena empresa e se
encontrar nos primeiros dez anos de actividade, permitindo-lhe livremente poder celebrar
contratos a prazo e socorrer-se do regime especial do artigo 42º nº3 da LT, deverá ser
majorada igualmente.
2. Admitindo a validade deste contrato de trabalho a prazo certo quais seriam os créditos
salariais a que a trabalhadora teria direito em caso de caducidade do contrato no final
do prazo? (0,5valor)
No caso em apreço, no termo final do contrato, por caducidade, nos termos da alínea a) do
artigo 125º da LT não existem créditos indemnizatórios, mas créditos salariais decorrentes do
mês da cessação e crédito de férias de 6 (seis) dias, apurado nos termos do artigo 99º nº 3
da LT
3. Quantas vezes poderia ser renovado este contrato de trabalho a prazo certo? (o,25
valor).
O contrato de trabalho a prazo certo pode ser renovado duas vezes, sem prejuízo do regime
das pequena e médias empresas, que seria o caso, pelo que sempre poderia ser renovado,
sucessivamente, durante os primeiros dez anos de actividade da Sociedade, que iniciou
actividade em 1 de Janeiro de 2018 .
GRUPO III
PARTE I
(4, 5 Valores)
1. Que tipo de acção a SSM, SA deveria interpor para se ressarcir dos prejuízos sofridos e
qual a forma de processo que deverá seguir? (0,5 valor)
Acção declarativa de condenação, com processo comum ordinário, artigos 460º nº2, 461º e
462º todos do CPC. O valor da acção seria de, pelo menos (6.000,00 X 4 X30) =720.000,00
Mts de peso bruto, artigo 306º n.º 1 do CPC.
O prazo de prescrição do direito da SSM, SA nos termos do artigo 572º alínea b), conjugado
com o artigo 559º ambos do Código Comercia é de um ano, a contar da data da entrega da
carga que foi 7 de Janeiro de 2018. Assim, para reclamar judicialmente o direito à
indemnização da TRANSRÁPIDA LDA, a SSM, SA tinha de ter em atenção que a data limite
para operar a citação da Ré e assim interromper a prescrição, a Ré tinha de ser citada até 7
de Janeiro de 2019, termo final do prazo presricional.
A SSM Lda deveria interpor a acção judicial até cinco dias antes de terminar o prazo
prescricional, ou seja até 2 de Janeiro de 2019, requerendo a citação da Ré no prazo de
cinco dias, e, assim, obter a interrupção do prazo prescricional, nos termos do artigo 323
nº.1 e nº. 2 ambos do C.Civil, mesmo sabendo que decorria o período de férias judiciais.
4. Caso viesse a propor a acção três dias antes do termo final do prazo mencionado na
resposta ao ponto 3, há algum mecanismo processual a que possa recorrer para
interromper a prescrição e salvaguardar os direitos da sua cliente? (1valor)
A prescrição interrompe-se com a citação da RÉ, neste caso, a TRANSRÁPIDA, nos termos do
artigo 323º n.º 1 do Código Civil e não com a propositura da acção (n.º 2 do artigo 267º do
Código Processo Civil). Não tendo sido observado o prazo de cinco dias, como parece ser o
caso, pode-se recorrer à citação urgente (artigo 478º do Código Processo Civil),
fundamentando o pedido.
5. Imagine que a TRANSRÁPIDA foi citada no dia 7 de Janeiro de 2019 para a acção que
enquanto advogado/a intentou em representação da SSM, SA. Qual o prazo da Ré para
contestar? Justifique (0,5 valor)
O prazo para contestar é de 20 (vinte) dias (n.º 1 do artigo 486º do Código Processo Civil) e
terminaria dia 27 de Janeiro de 2019, por se tratar de acção declarativa de condenação sob
a forma de processo ordinário.
PARTE II
(1 Valor)
GRUPO IV
5. Suponha que julgado o processo, o juiz condena Anjo da Conceição a uma pena de
prisão de dois anos substituída por multa de 600 dias à razão de dois salários mínimos
diários. Poderia o juiz ter condenado nos termos que em o fez? Justifique. (1,5 valor)
Não poderia. Porquê? É certo que o juiz condenou Anjo da Conceição na pena de prisão de
dois anos e que segundo reza, o artigo 112º CP, “(…) A pena de prisão não superior a dois
anos pode ser substituída por igual tempo de multa (…)”, fixando a medida da multa nos
termos dos n.ºs. 2 e 3 do artigo 72º CP. Porém, sendo o ofendido uma criança, estava vedado
ao juiz aplicar alternativamente a pena de multa (cfr. artigo 89º n.º 1 alínea d) CP), conforme
estipula o artigo 103º n.º 1 alínea g) CP.
FIM