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Processo: 1058858
Natureza: RECURSO ORDINÁRIO
Recorrentes: Anuar Arantes Amui (Prefeito Municipal), Ademir de Souza Santos
(Pregoeiro), Augusto Faria de Morais (Assessor Jurídico)
Procedência: Prefeitura Municipal de Prata
Processo principal: Denúncia n. 997814
Procurador: Renata Soares Silva, OAB/MG 141886
MPTC: Marcílio Barenco Corrêa de Mello
RELATOR: CONSELHEIRO JOSÉ ALVES VIANA
Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 2192378
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que o permissivo legal deixa claro que a documentação relativa à qualificação técnica está
limitada à comprovação de aptidão por meio de atestados fornecidos por pessoas jurídicas
de direito público ou privado, isto é, ou um ou outro, à escolha do licitante.
5. A exigência de cursos de pós-graduação para comprovação da capacidade técnica extrapola
o rol do art. 30 da Lei n 8.666/93, que limita os documentos de habilitação passíveis de
comprovação da capacidade técnica operacional e profissional, e, nesse sentido, resta claro
que o dispositivo não autoriza que a norma seja interpretada de forma ampla e irrestrita, cada
qual exigindo esse ou aquele documento, um ou mais, com o objetivo de comprovar a
qualificação técnica dos membros da equipe.
6. A planilha de quantitativos e composição dos custos unitários é obrigatória entre os anexos
do edital para as licitações nas modalidades definidas na Lei n. 8.666/93, por exigência do
inciso II do § 2º do art. 7º, e inciso II do § 2º do art. 40 da Lei n. 8.666/93, de modo a
viabilizar a formulação das propostas pelos participantes da licitação, que devem levar em
conta o valor médio de mercado pesquisado pela Administração, e, posteriormente, o
julgamento da aceitabilidade das propostas apresentadas.
7. Serviços advocatícios rotineiros não podem ser terceirizados, não se afigurando lícita a
previsão de prorrogação contratual, com espeque no inciso II do art. 57 da Lei n. 8.666/93.
O ente público deve contemplar número razoável de cargos ou empregos de procuradores
em seu quadro de pessoal, criados por lei, a fim de auxiliá- lo nas atividades cotidianas de
consultoria e assessoria e de representação em juízo. Na hipótese de o município não possuir
procuradoria jurídica ou, se possuir, esta for insuficiente para a demanda, deve-se licitar por
meio do credenciamento.
8. Constitui restrição injustificável ao direito de petição e ao princípio da eficiência, insculp idos
na CR/88, bem como ao caráter competitivo do certame, a previsão de apresentação de
impugnações e recursos somente por protocolo, ferindo, também, os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade e o inciso I do § 1º do art. 3º da Lei n. 8.666/93.
ACÓRDÃO
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NOTAS TAQUIGRÁFICAS
TRIBUNAL PLENO – 4/12/2019
I – RELATÓRIO
Tratam os autos de Recurso Ordinário interposto por Anuar Arantes Amui, Ademir de Souza
Santos e Augusto Faria de Morais, já qualificados nos autos, em face de decisão prolatada pela
Segunda Câmara, às fls. 1117/1143, da Denúncia n.° 997.814, que naquela ocasião determino u
a aplicação de multa no montante de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a cada um dos responsáveis,
em razão de irregularidades evidenciadas no edital de Concorrência Pública n.° 002/2016,
Processo Licitatório n.° 188/2016.
Na oportunidade, os Conselheiros da Segunda Câmara acordaram da seguinte forma:
Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Exmos. Srs. Conselheiros da
Segunda Câmara, por unanimidade, na conformidade da Ata de Julgamento e diante das
razões expendidas no voto do Relator, em: I) rejeitar a preliminar de ilegitimidade ativa
suscitada pelos denunciados; II) julgar parcialmente procedente a Denúncia, em razão das
seguintes irregularidades no edital da Concorrência Pública n. 002/2016, Processo
Licitatório n. 188/2016: a) exigência de sede ou filial em local específico, extrapolando a
previsão de capacidade técnica inserida no art. 30, § 6º, e no inciso I do § 1º do art. 3º,
ambos da Lei n. 8.666/93; b) exigência de cadastro prévio para participação no certame na
modalidade Concorrência, infringindo o inciso I do § 1º do art. 3º e §§ 1º e 2º do art. 22 da
Lei n. 8.666/93; c) exigência de atestado de capacidade técnica emitido, exclusivamente,
por pessoa jurídica de direito público, contrariando o § 1º do art. 30 da Lei n. 8.666/93; d)
exigência de cursos de pós-graduação para comprovação da capacidade técnica, por
infringir o disposto no inciso XXI do art. 37 da CR/88, inciso I do § 1º do art. 3º e art. 30,
todos da Lei n. 8.666/93; e) ausência da planilha de quantitativos e custos unitários para
licitação na modalidade Concorrência, por infringir o inciso II do § 2º do art. 7º e inciso II
do § 2º do art. 40 da Lei n. 8.666/93; f) caracterização dos serviços contratados como
serviços contínuos, possibilitando a prorrogação contratual, infringindo o caput do art. 57
do mesmo diploma legal; III) aplicar, considerando que o valor da contratação é de
R$324.000,00 (trezentos e vinte e quatro mil reais), multas pessoais ao Sr. Ademir de Souza
Santos, Presidente da Comissão de Licitação (Portaria n. 01/2016, fl. 115, volume 1) e
subscritor do edital (fl. 136, volume 1), ao Sr. Augusto Faria de Morais, Assessor Jurídico
do município, e ao Sr. Anuar Arantes Amui, Prefeito municipal, autoridade que homologou
o procedimento licitatório (fl. 957, volume 5) e signatário do contrato (fls. 960/963, volume
5), no valor de R$1.000,00 (mil reais) por irregularidade, para cada responsável, no valor
total de R$6.000,00 (seis mil reais), com fulcro no art. 85, inciso II, da Lei Complementar
Estadual n. 102/08; IV) determinar que a Administração, por seus representantes legais,
abstenha-se de prorrogar o contrato decorrente do certame ora examinado, caso ainda
vigente, devendo ajuizar as providências cabíveis para ultimar a realização dos serviços
advocatícios de natureza comum, inerentes aos serviços próprios da Administração,
constituindo atividade fim do órgão, por meio de procuradoria própria ou, diante da
ausência ou carência de servidores do quadro efetivo ou de recrutamento amplo, ou
impossibilidade de realização de concurso público, conforme mandamento constitucional
do inciso II do art. 37, sejam aviadas providências para implementar o sistema de
credenciamento; V) determinar que seja comunicado ao Poder Legislativo do Município
de Prata o inteiro teor desta decisão, com a remessa de cópia integral dos autos, para que
sejam tomadas as medidas que entender cabíveis no tocante à sustação/anulação do
contrato, nos termos do art. 76, §1º, da Constituição Estadual de 1989 e art. 277, §2º, do
RITCMG; VI) recomendar aos administradores do Município de Prata que, nos futuros
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frequente, muito mais presente, muito mais diligente, exatamente quanto aos interesses públicos
municipais.
Outro ponto: sejam necessários para o cumprimento satisfatório do objeto. E assim também
deve-se entender, uma vez que, quanto maior for a presença daquele advogado junto aos
tribunais – seja do TCE, seja do Tribunal de Justiça mineiro, seja do Tribunal Regional do
Trabalho – e não só esses, como também à Cidade Administrativa, em que nós temos as nossas
secretarias de estado, a atuação do município se torna muito mais eficaz.
E, ainda: assegurar a ampla concorrência.
Eu trago aqui, Excelências, um entendimento, segundo o professor Justen Filho, em que ele traz
exatamente essas considerações e ele assim dispõe:
(..) relativamente ao local geográfico do estabelecimento do licitante, exigência desta
ordem pode ser aceita, quando for essencial para a execução satisfatória da prestação
contratual. Logo, tais exigências são plenamente válidas na medida em que compatíveis
com as necessidades a serem satisfeitas por meio da contratação.
E aqui, Excelências, já aproveitando, eu trago também algumas jurisprudências que já elucida m
o presente caso. Há um recente julgamento proferido na sessão de 27/11/2018, de relatoria do
Conselheiro Gilberto Diniz, em que ele traz o seguinte entendimento:
(...) a exigência relativa à localização geográfica de licitante, desde que razoável e
justificada, de modo a atender ao interesse público e aos princípios da eficiência e da
economicidade, não caracteriza ofensa à isonomia e competitividade.
Nesse ponto, Excelências, eu chamo atenção para duas questões muito importantes. A primeira
é que a exigência da filial não era uma exigência para participar do certame. Era uma exigênc ia
da licitante que fosse vencedora. Tanto que, no edital, era previsto um prazo de 10 (dez) dias,
prazo esse satisfatório e inclusive razoável, após a homologação, para que a licitante vencedora
atendesse ao interesse público. Então, entende-se aqui extremante razoável a previsão dessa
exigência de filial.
Eu também chamo atenção de Vossas Excelências para o recente julgado do Tribunal de Contas
da União, de n. 862403, da sessão de 13/9/2018. Nós temos também vários outros julgados
nesse sentido. Um deles traz que:
(...) a exigência editalícia de se manter sede ou filial ou escritório em Belo Horizonte, com
capacidade profissional para receber e solucionar qualquer demanda da CEMIG, bem como
realizar procedimentos outros atinentes à solução das contendas, procedimentos que se
inserem na conveniência e oportunidade da Administração, não me parece ser restritivo à
competitividade.
Excelências, eu faço só uma ressalva de que esse julgado, na verdade, é daqui do TCE e foi um
entendimento proferido pelo Conselheiro Helvecio e pelo Conselheiro Hamilton Coelho.
Dessa forma, entende-se, Excelências, que quanto à exigência de filial não se trata de uma
irregularidade e sequer tornou incompetitível a questão desse concurso.
A segunda irregularidade, Excelência, diz respeito ao cadastro prévio para participação no
certame. E aqui eu chamo também a atenção de Vossa Excelência, uma vez que esse cadastro
prévio não gera nenhuma infração, conforme o disposto no Acórdão, no art. 3º, § 1º, inciso I,
da Lei n. 8666, porque se assim não fosse estariam entrando em contradição com o que prevê
o art. 22 da mencionada lei, que traz, inclusive, a previsão desse cadastro prévio para tomada
de preços. E é importante registrar, aqui, que a municipalidade optou por exigir esse cadastro
prévio até a data do certame, inclusive sem restrição de prazo e forma, concedendo, inclus ive,
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a possibilidade de ser feito pela internet. Então, entende-se que aqui, também, não houve
restrição à competição.
O terceiro ponto alegado no acórdão que manteve a decisão pela parcial procedência da
Denúncia diz respeito à exigência do atestado de capacidade técnica. Excelências, o art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal prevê a possibilidade dessa necessidade de qualificação
técnica, na medida em que ela somente poderia ser exigida para os requisitos indispensáveis ao
cumprimento do objeto do contrato. E aqui, Excelências, o objeto do contrato é, de fato, muito
complexo, e, infelizmente, poucos advogados, poucos escritórios de advocacia detêm
advogados com know how para tanto. Percebam, Excelências, que a qualificação técnica
buscada aqui é verificar a aptidão, de fato, desse profissional, porque, caso assim não fosse,
qualquer escritório, qualquer advogado poderia fazê-lo, o que não é o caso, uma vez que nós
percebemos que os próprios advogados do Município não conseguem. Percebam, Excelênc ias,
que o objeto contratado pela Administração Pública se refere a contratação de serviços de
acompanhamento, monitoramento e revisão das DAMEFs, índice do movimento econômico
apurado pelas declarações transmitidas pelas empresas, com operação no território do
Município de Prata, para formação do índice de participação do município, de acordo com a
legislação aplicável.
Aqui, Excelências, nós trazemos que o objeto do Contrato diz respeito a uma análise minuc iosa
do VAF, que é o Valor Adicionado Fiscal. E o que seria esse VAF? Infelizmente, grosso modo,
explicando o que seria, o VAF diz respeito ao ICMS. Esse ICMS é previsto na Constituição
Federal, em seu art. 158, § 4º, que prevê que 25% do ICMS é repassado aos municípios e 75%
é repassado ao Estado – isso é de conhecimento de Vossas Excelências. No entanto,
Excelências, esses 25% que são repassados aos municípios, 75% diz respeito ao VAF e 25%
são repassados conforme critérios fixados pela lei estadual. Esse índice do VAF é alcançado
utilizando-se a seguinte proporção, que foi o que eu disse aqui, desculpa repetir, 25% do VAF
e 25% dos critérios fixados pela legislação estadual. No entanto, Excelências, o objeto do
Contrato visa a uma análise jurídica dos repasses efetuados pelo Estado. E qualquer dessas
inconsistências apuradas geram uma demanda judicial.
Nesse ponto, Excelências, eu trago ao conhecimento um julgado do STJ, que assim dispôs: a
exigência na fase da habilitação deve guardar proporcionalidade com o objeto licitado, de sorte
a proteger a Administração Pública de interessados inexperientes ou incapazes para prestar o
serviço desejado. Então, aqui também se entende necessária a qualificação técnica exatamente
por se tratar de um objeto de um Contrato muito complexo.
Curso de pós-graduação, exigência... nós aqui tratamos de exigência de apenas 1 profissio na l
técnico, exatamente por causa da complexidade, e entendemos também pela necessidade dessa
especialização.
Com relação à necessidade de planilhas e quantitativos, entendemos que essa exigência seria
desarrazoada, uma vez que tratamos de um serviço de advocacia. Ele é prestado de uma forma...
são vários serviços, desde a análise até a execução. Impossível seria planilhar o que seria feito
em um processo, uma vez que vários são os procedimentos adotados para tal.
Com relação à prorrogação do contrato, exatamente por se tratar de serviços advocatícios e de
alta complexidade, friso novamente, seria ilógico não haver essa previsão, uma vez, como eu
disse, trata-se de uma matéria complexa, que poucos escritórios detêm o know how, então seria
impossível, ilógico, a cada vez que fosse necessário, realizar uma nova licitação, uma nova
contratação.
Contratação realizada mediante processo licitatório na modalidade concorrência pública por
técnica de preço. Encerro, Excelências, dizendo que, com relação a essa irregularidade,
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II – FUNDAMENTAÇÃO
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II.2 Mérito
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exclusiva de direito público. Ressaltam ainda que a presente exigência visa garantir uma
eficácia e resultado nos serviços a serem contratados, garantindo que os prestadores aptos
possuam qualificação técnica necessária.
Apontam que, desta forma, não há nenhuma irregularidade ou ilegalidade na cláusula editalíc ia
ao prever a apresentação, pelos licitantes, de atestado de capacidade técnica emitido por pessoa
jurídica de direito público, haja vista que tal fato relaciona-se com a essência do serviço a ser
comprovado tecnicamente, não constituindo condição limitadora ou restritiva ao caráter
competitivo.
Diante de tais considerações, pede o recorrente que o acórdão seja reformado no sentido de se
reconhecer regular a exigência de comprovação de qualificação acadêmica de pós-graduação
de pelo menos 01 profissional pertencente à Equipe Técnica da licitante.
Em relação à decisão que julgou irregular a ausência de planilha de quantitativos e custos
unitários como anexo do edital, alega a defesa que a decisão recorrida não corresponde à
realidade fática, uma vez que, segundo eles, os serviços a serem prestados se encontram
detalhados de forma minuciosa e específica, sendo informado o valor de referência da
Administração Pública Municipal, e que esta identificou, por meio de pesquisa de mercado
realizada, que os serviços a serem contratados são usualmente remunerados mensalme nte.
Desta forma, sustentam que não seria possível a decomposição dos custos unitários de tais
serviços uma vez que a licitante é contratada para executar uma gama de serviços.
Pedem que então, seja reformado o acórdão, já que não há necessidade de apresentação de
planilha unitária de custos, sendo adequado e usual o critério de remuneração mensal adotado,
após a realização da pesquisa de mercado.
Quanto à irregularidade da previsão de possibilidade de prorrogação contratual, afirma a defesa
que o art. 57 da Lei 8666/93 se extrai que os contratos estão vinculados a vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quando for prestação de serviço a ser executados de
forma contínua, em que sua duração poderá ser prorrogada com vistas à obtenção de preços e
condições mais vantajosas, desde que limitados a sessenta meses. Sustentam que no caso em
tela se trata de serviços que pode haver a necessidade de prorrogação, uma vez que não se sabe
a duração exata de um processo na segunda instância, que poderão haver demandas
administrativas e judiciais que não se encerram no curso de doze meses.
Alegam que a Procuradoria do Município não dispõe de estrutura necessária para executar os
serviços de segunda instância e Tribunais Superiores, e que no caso de implantar um efetivo e
estrutura em Belo Horizonte, isso geraria gastos exorbitantes à cidade. Ressaltam que a
prorrogação do contrato é um ato discricionário do ente público, ou seja, para se prorrogar
deveria haver a análise de conveniência e oportunidade da prorrogação.
Pedem, portanto, diante do que expõe, a reforma do acórdão no sentido de considerar regular a
possibilidade de prorrogação do contrato, argumentando que os serviços advocatícios
contratados podem ser prorrogados, a critério da administração pública municipal, por previsão
no art. 57; II; Lei 8.666/93.
No que se refere ao trecho da decisão que considerou ilegal a contratação de serviços, entendo
que estes eram de natureza comum ou rotineiros, inerentes aos serviços próprios da
Administração, os recorrentes alegam que eles não são rotineiros ou corriqueiros da
Procuradoria Municipal, visto sua especificidade, portanto demandam sim a contratação de
profissionais especializados, considerando também que a Procuradoria Municipal enfrenta
dificuldades de estrutura física e de profissionais especializados na área do direito
tributário/financeiro.
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1 Motivação per relationem se caracteriza pela remissão que o ato judicial expressamente faz a outras
manifestações ou peças processuais existentes nos autos, mesmo as produzidas pelas partes, pelo Ministério
Público ou por autoridades públicas, cujo teor indique os fundamentos de fato e ou de direito que justifiquem a
decisão emanada do Poder Judiciário. Precedente: MS 25.936-ED, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-
6-2007, Plenário, DJE de 18-9-2009. (http://junior-dpj.blogspot.com.br/2011/11/tecnica-da-mot ivacao-p er-
relationem.html)
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Analisando o teor da cláusula editalícia, verifico que o ato convocatório realmente restringe
a competitividade do certame ao inviabilizar a participação de empresas que nunca tenham
prestado serviço para órgãos e entidades de direito público. As licitantes que nunca
forneceram softwares à Administração Pública não conseguirão obter atestados relativos
aos módulos de Contabilidade Pública e de Tributação e o de Compras e Licitações, por
exemplo.
Além disso, considero abusiva a exigência de que os atestados a serem apresentados, como
requisito de qualificação técnica, digam respeito a todos os módulos dos sistemas a serem
fornecidos pela empresa vencedora da licitação. Não se mostra razoável excluir do certame
uma empresa que, por exemplo, não tenha experiência anterior em apenas um dos módulos,
já que mesmo assim poderá ser plenamente capaz de atender ao objeto licitado. Ressalte-
se que o inciso XXI do art. 37 da Constituição da República só admite exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações pela licitante .
Dessa forma, na esteira do posicionamento da Unidade Técnica, entendo ilegal a exigência
editalícia, uma vez que a comprovação da qualificação técnica deve efetivamente abranger
experiências no fornecimento de software e na prestação dos serviços licitados tanto para
entes públicos quanto para empresas privadas. A redação da cláusula 7.1.4 deve, portanto,
ser alterada para permitir a participação de um universo maior de competidores. [...]
Ante o exposto, julgo procedente a denúncia, considerando mantidas as irregularidades
relativas [...] (II) à exigência de apresentação de atestados de capacitação técnico-
profissional que comprovem experiência anterior em todos os módulos do sistema licitado
[...].
[...]
Aplico multa per capita de R$1.000,00 (mil reais) aos Senhores [...], respectivamente
prefeito e presidente da Comissão de Licitação, pela irregularidade relativa à restrição à
participação de licitantes que não possuam atestados emitidos pela Administração Pública,
com fulcro no disposto no inciso II do art. 85 da Lei Orgânica do Tribunal. [...] (Grifo
nosso).
Pelo exposto, não assiste razão aos recorrentes.
d) exigência de cursos de pós-graduação para comprovação da capacidade técnica, por
infringir o disposto no inciso XXI do art. 37 da CR/88, inciso I do § 1º do art. 3º e art. 30,
todos da Lei federal nº 8.666/93;
Segundo os recorrentes, se extrai da leitura do art. 30, II da Lei federal nº 8.666/93, que a
qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que prestará o serviço é exigível
como preceito de qualificação técnica, uma vez que se trata de contratação na qual a
formação acadêmica dos profissionais é requisito essencial para a qualidade dos serviços
prestados.
Entretanto, essas alegações não merecem prosperar.
No certame em análise, os subitens 5.5 e 5.6 do Título VI do Edital exigiram, para fins de
habilitação (qualificação técnica), exigiram que pelo menos um membro da equipe técnica
do licitante possuísse formação em curso de pós-graduação de Direito Tributário, e que
outro membro da equipe possuísse especialização em Direito Municipal e/ou
Administrativo e/ou Público
Estas disposições editalícias extrapolaram as exigências contidas no artigo 30 da Lei nº
8.666/1993, que limita a documentação relativa à qualificação técnica, restringindo assim
o caráter competitivo da licitação.
Neste sentido o voto da Conselheira Adriene Andrade nos autos da Representação nº
775.293, na sessão do dia 17/03/2009, transcrito abaixo:
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(...) a depender das incumbências [...] [dos] profissionais, na execução do contrato, poderia
ser exigido deles, na fase de habilitação, apenas os diplomas, certificados ou registros
necessários, por lei, para execução de suas tarefas. No máximo, poder-se-ia alinhavar a essa
condição mínima necessária aos profissionais envolvidos na execução do contrato, a
exigência de que eles detivessem atestados de responsabilidade na execução de tarefas de
características semelhantes às licitadas em contratos anteriores. Jamais seria lícito exigir,
ainda que na fase de habilitação, um número de mestres e especialistas para
executarem não se sabe quais tarefas , sem que tais diplomas fossem irrestritamente
necessários para o desempenho dos trabalhos[...].
e) ausência da planilha de quantitativos e custos unitários para licitação na modalidade
Concorrência, por infringir o inciso II do § 2º do art. 7º e inciso II do § 2º do art. 40 da Lei
federal nº 8.666/93.
Alegam os licitantes que a descrição do objeto no edital de licitação especifica os serviços
detalhadamente, indicando o preço da contratação e que foi realizada uma pesquisa de
mercado abalizada em contratações prévias do Poder Público. Afirmaram ainda, que não
haveria como individualizar os serviços a serem executados, precificando um a um e que
por isso seria desnecessário a apresentação de planilha unitária de custos.
Novamente, não cabe razão aos recorrentes.
De acordo com o disposto nos arts. 7º, §2º, II, e 40, §2º, II, ambos da Lei Geral de
Licitações, é obrigatória a divulgação do orçamento estimado e do preço máximo no
instrumento convocatório. Tal planilha, que integra o processo administrativo e o ato
convocatório, servirá como parâmetro para a elaboração das propostas pelos licitantes (os
quais terão acesso através do edital da licitação) e para o julgamento das propostas pela
Administração Pública, servindo de referência para a análise da exequibilidade das
propostas, evitando propostas excessivas ou inexequíveis.
A matéria foi apreciada nos autos do Processo nº 838.887, na Sessão Plenária desse
Tribunal, realizada em 21/5/2014, pelo Conselheiro Gilberto Diniz, in litteris:
[...]
Tomada de Preços nº 11/2013
[...]
Dessa forma, entendo que a Administração Pública, ao adotar as regras licitatórias
consignadas na Lei nº 8.666, de 1993, deve anexar ao edital o orçamento estimado em
planilha de quantitativos e preços unitários e globais, sendo imprescindível a sua
divulgação aos interessados, possibilitando maior transparência de seus atos e evitando
tratamento desigual entre os particulares, contratação a preços superfaturados e jogo de
planilhas.
A partir da planilha de preços unitários, é possível estimar o valor da contratação; verificar
as dimensões do serviço almejado, cotejando-o com as necessidades da Administração
Pública; aferir a viabilidade orçamentária e identificar a modalidade licitatória a ser
adotada.
A respeito da necessidade de constar a planilha de custos como anexo do edital em
contratações dessa natureza, consignamos a posição do Tribunal de Contas da União,
veiculada na DC-0479-32/99 – Plenário:
(...)
O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 113,
Parágrafo 1º, da Lei nº 8.666/93, c/c o disposto no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92, e no
art. 194, inciso I, do Regimento Interno, DECIDE:
8.1. conhecer da representação para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 2192378
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Processo 1058858 – Recurso Ordinário
Inteiro teor do acórdão – Página 15 de 30
8.2. determinar à Caixa Econômica Federal - CEF que faça constar nos anexos dos editais
de licitações o "orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários" em
cumprimento ao disposto no inciso II do § 2º do art. 40 da Lei nº 8.666/93, com a redação
dada pela Lei nº 8.883/94;
8.3. dar ciência desta deliberação à empresa representante; e
8.4. determinar a juntada destes autos às contas da Caixa Econômica Federal - CEF,
exercício de 1997, para fins de subsídio ao seu exame. (DOU 05/08/1999)
A propósito, essa questão ficou cristalizada, no Tribunal de Contas da União, com a edição
do verbete da súmula 258, aprovada na Sessão de 9/6/2010, que assim estabelece: “As
composições de custos unitários e o detalhamento de encargos sociais e do BDI integram
o orçamento que compõe o projeto básico da obra ou serviço de engenharia, devem constar
dos anexos do edital de licitação e das propostas das licitantes e não podem ser indicados
mediante uso da expressão “verba” ou de unidades genéricas”.
No procedimento em tela, a Administração, além de realizar a cotação com os fornecedores
que atuam no mercado, fez constar, no edital, como anexo, a planilha de estimativa de
preços unitários, com base na respectiva cotação de preços efetuada, conforme se verifica
à fl. 1474, válida para os lotes I, II e III.
A planilha que integra o processo administrativo e, neste caso, o instrumento convocatório,
porquanto se trata de modalidade licitatória prevista na Lei nº 8.666, de 1993, serviu de
parâmetro para a elaboração das propostas pelos licitantes e para o julgamento das
propostas pela comissão de licitação, ficando, pois, sanada a irregularidade. [...] (Grifo
nosso).
Portanto, é imprescindível a divulgação, especialmente no edital, do orçamento estimado
em planilha de quantitativos e preço unitário e global, atendendo-se, assim, aos princípios
da publicidade e da isonomia, conforme dispõe o artigo 40, § 2º, inciso II, da Lei Federal
nº 8.666/93, impondo-se o reconhecimento da irregularidade.
f) caracterização dos serviços contratados como serviços contínuos, possibilitando a
prorrogação contratual, infringindo o caput do art. 57 da Lei federal nº 8.666/93.
Segundo os recorrentes, os serviços contratados envolvem processos judiciais que não
estão vinculados a duração exata de um ano, e por esse motivo seria necessário a
prorrogação, e que a prorrogação é ato discricionário do gestor.
Sobre a matéria, este Órgão Ministerial observa que que a duração dos contratos está
prevista no artigo 57, caput e inciso II, da Lei federal nº 8.666/1993, que têm o seguinte
teor, in verbis:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
[...]
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a
sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços
e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; [...] (grifo
nosso).
Como se verifica do dispositivo citado, os contratos de prestação de serviços continuados
devem ser feitos para vigorar no respectivo exercício financeiro, podendo ser prorrogados
até o limite de 60 (sessenta) meses.
Todavia, os serviços advocatícios objeto da licitação não podem ser enquadrados como
serviços de natureza continuada, conforme já decidiu o Tribunal de Contas do Estado de
Minas Gerais nos Processos nºs 705.142 e 959.035, mencionados pela Unidade Técnica à
fl. 1.085v dos autos 997.814.
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Processo 1058858 – Recurso Ordinário
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III – CONCLUSÃO
RETORNO DE VISTA
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
TRIBUNAL PLENO – 4/3/2020
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Processo 1058858 – Recurso Ordinário
Inteiro teor do acórdão – Página 17 de 30
Segunda Câmara, às fls. 1117/1143, da Denúncia n.° 997.814, que naquela ocasião determino u
a aplicação de multa no montante de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a cada um dos responsáveis,
em razão de irregularidades evidenciadas no edital de Concorrência Pública n.° 002/2016,
Processo Licitatório n.° 188/2016.
Na sessão do Pleno do dia 04/12/2019, o recurso foi admitido a unanimidade, no mérito, o
relator votou pelo não provimento ao presente Recurso Ordinário, mantendo inalterada a
decisão proferida na Sessão da Primeira Câmara realizada no dia 29/08/2017, acórdão às fls.
534/537 dos autos 997.814, que determinou valores a serem ressarcidos pelos responsáveis ,
tendo sido acompanhado pelo Conselheiro Substituto Hamilton Coelho.
Ato contínuo, pedi vista dos autos para melhor entendimento da matéria.
Após examinar os autos e estudar detidamente o tema objeto do presente Recurso Ordinário
acompanho o voto do Conselheiro José Alves Viana, por seus próprios e jurídicos fundamentos.
RETORNO DE VISTA
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
TRIBUNAL PLENO – 22/7/2020
I – RELATÓRIO
Trata-se recurso ordinário interposto pelos Senhores Anuar Arantes Amui, Ademir de Souza
Santos e Augusto Faria de Morais em face do acórdão proferido pela Segunda Câmara, sessão
de 30/10/18, que julgou parcialmente procedente a Denúncia nº 997.814 e aplicou multa, no
valor de R$1.000,00 (mil reais) por irregularidade, para cada responsável, com fulcro no art.
85, inciso II, da Lei Complementar Estadual no 02/08, no valor total de R$6.000,00 (seis mil
reais).
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Processo 1058858 – Recurso Ordinário
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Na sessão do Tribunal Pleno do dia 04/12/19, o conselheiro José Alves Viana, relator do recurso
ordinário, após sustentação oral da Procuradora dos recorrentes, negou provimento ao presente
recurso e manteve inalterada a decisão proferida nos autos da Denúncia nº 997.814.
Na mesma sessão do Tribunal Pleno, após voto do conselheiro substituto Hamilton Coelho
acompanhando o relator, o conselheiro Durval Ângelo solicitou vista para melhor entendime nto
da matéria, retornando com seu voto de mérito na sessão do dia 04/03/20, oportunidade em que
acompanhou o voto do Conselheiro José Alves Viana, por seus próprios e jurídicos
fundamentos.
Na sequência, após votos dos conselheiros Wanderley Ávila e Sebastião Helvecio
acompanhando o relator, para melhor reflexão acerca da matéria, pedi vista dos autos.
É o relatório, no essencial.
II – FUNDAMENTAÇÃO
O relator do recurso ordinário, adotando as razões apresentadas pelo órgão ministerial, como
fundamento de seu voto, face às irregularidades apuradas na Denúncia nº 997.814, manteve as
multas aplicadas a cada um dos responsáveis, nos seguintes termos:
III) aplicar, considerando que o valor da contratação é de R$324.000,00 (trezentos e
vinte e quatro mil reais), multas pessoais ao Sr. Ademir de Souza Santos, Presidente da
Comissão de Licitação (Portaria n. 01/2016, fl. 115, volume 1) e subscritor do edital (fl.
136, volume 1), ao Sr. Augusto Faria de Morais, Assessor Jurídico do município, e ao
Sr. Anuar Arantes Amui, Prefeito municipal, autoridade que homologou o procedimento
licitatório (fl. 957, volume 5) e signatário do contrato (fls. 960/963, volume 5), no valor
de R$1.000,00 (mil reais) por irregularidade, para cada responsável, no valor total de
R$6.000,00 (seis mil reais), com fulcro no art. 85, inciso II, da Lei Complementar
Estadual n. 102/08.
Adianto não haver divergência quanto à responsabilização do Presidente da CPL em virtude da
exigência de cadastro prévio para participação no certame, bem como pela ausência de planilha
de quantitativos e custos unitários, como anexo do edital, para licitação na modalidade
Concorrência, o que teria violado o inciso I do § 1º do art. 3º, o inciso II do § 2º do art. 7º, os
§§ 1º e 2º do art. 22, e o inciso II do § 2º do art. 40, todos da Lei nº 8.666/93. Isso porque, a
meu juízo, essas irregularidades, de caráter eminentemente técnico, dizem respeito à fase
externa do procedimento licitatório, de responsabilidade do Presidente da CPL, conforme
Portaria no 01/16, que nomeou os membros da comissão de licitação e seu presidente.
II.1) exigência de sede ou filial em local específico, extrapolando a previsão de capacidade
técnica inserida no art. 30, § 6º, e no inciso I do § 1º do art. 3º, ambos da Lei nº 8.666/93.
Segundo o acórdão proferido nos autos da Denúncia nº 997.814, houve a prática de ato ilíc ito
ou antijurídico materializado em exigência de sede ou filial em Belo Horizonte ou apresentação
de declaração de compromisso de abertura no prazo de 10 dias, a contar da homologação do
certame.
Por tal ato os conselheiros da Segunda Câmara aplicaram multa, no valor de R$1.000,00 (mil
reais) ao Senhor Ademir de Souza Santos, presidente da Comissão de Licitação (Portaria nº
01/16) e subscritor do edital, ao Senhor Augusto Faria de Morais, assessor jurídico do
município, e ao Senhor Anuar Arantes Amui, prefeito municipal, autoridade que homologou o
procedimento licitatório e signatário do contrato.
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Processo 1058858 – Recurso Ordinário
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Os dispositivos suspostamente violados, inciso I do § 1º do art. 3º e art. 30, § 6º, ambos da Lei
nº 8.666/93, conforme se apresentam, não fazem literalmente, em momento algum, vedação a
tal exigência.
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349,
de 2010)
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos
§§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Redação
dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
................................................................................................................................................
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
[…]
§ 6o As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos e
pessoal técnico especializado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto da
licitação, serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da declaração
formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade
e de localização prévia.
O item do edital encontrava-se assim previsto no instrumento convocatório:
5 – A documentação quanto à QUALIFICAÇÃO TÉCNICA consistirá em:
[...]
5.2 – A licitante deverá apresentar declaração de existência de sede ou filial na cidade de
Belo Horizonte/MG, e caso não tenha, declaração de que se compromete em apresentar os
documentos de solicitação de abertura no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da
homologação;
Na sessão do Tribunal Pleno do dia 04/12/19, a patrona dos recorrentes, em sustentação oral,
defendeu que “essa suposta irregularidade não se mantém, uma vez que a exigência é permitida
desde que represente uma adequação à necessidade quanto ao objeto licitado, que é o caso deste
processo. (...)”.
Seguiu aduzindo que o instrumento convocatório pode, sim, estabelecer critérios restritivos
desde que demonstre vantajosidade para a Administração Pública, que é o caso, uma vez que,
considerando que o escritório tenha filial em Belo Horizonte, o contato, então, com os tribuna is
que aqui se localizam torna-se muito mais frequente, muito mais presente, muito mais dilige nte,
exatamente quanto aos interesses públicos municipais.
Ainda, outra condição seria que esses critérios restritivos fossem necessários para o
cumprimento satisfatório do objeto, como assim também se deve entender, uma vez que, quanto
maior for a presença daquele advogado junto aos tribunais – seja do TCE, seja do Tribunal de
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Justiça mineiro, seja do Tribunal Regional do Trabalho – e não só esses, como também à Cidade
Administrativa, mais eficiente se torna a atuação do município.
Afirmou a patrona dos recorrentes que esses critérios restritivos asseguraram a ampla
concorrência.
Trouxe ainda o entendimento proferido pela Segunda Câmara, na sessão do dia 13/09/18, nos
autos da Representação no 862.403, cuja ementa destaca que “ a exigência editalícia de se
manter sede, filial ou escritório em Belo Horizonte, com capacidade profissional para receber
e solucionar qualquer demanda da Cemig, bem como realizar procedimentos outros atinentes à
solução das contendas, procedimentos que se inserem na conveniência e oportunidade da
Administração, não restringe a competitividade.”.
Em que pese o entendimento da Segunda Câmara, por ocasião do julgamento da Denúncia nº
997.814 (autos principais), mantido agora pelo conselheiro relator no presente recurso
ordinário, tenho entendido que em situações excepcionais, devidamente justificadas, é possível
a adoção de cláusula editalícia restritiva, desde que relevante e pertinente ao interesse público.
Nesse sentido, a Segunda Câmara deste Tribunal, na sessão do dia 05/09/19, nos autos da
Denúncia nº 1.024.517, assim se manifestou:
DENÚNCIA. PREGÃO PRESENCIAL. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS. REQUISITO DE
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS LICITANTES. EXIGÊNCIA DE DOIS ATESTADOS PARA
A QUALIFICAÇÃO TÉCNICA. IRREGULARIDADE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À
COMPETITIVIDADE DO CERTAME. AFASTADA A RESPONSABILIDADE DO GESTOR À
ÉPOCA. NÃO APLICAÇÃO DE MULTA AO PREGOEIRO À ÉPOCA. PARCIALMENTE
PROCEDENTE. RECOMENDAÇÃO.
1. No caso em análise, não se configurou restritividade indevida no edital a exigência de
localização geográfica das licitantes, porquanto a Administração justificou a escolha
fundada nos princípios da economicidade e eficiência, bem como foi constatado que o raio
de 50 (cinquenta) quilômetros de distância da municipalidade não frustra o caráter
competitivo do certame, permitindo a participação de um número significativo de
empresas.
2. A exigência de, no mínimo, dois atestados emitidos por pessoa jurídica de direito privado
para comprovar a qualificação técnica da licitante é excessiva e fere o princípio
constitucional da isonomia, pois desiguala concorrentes que apresentam as mesmas
condições para prestar os serviços objeto do certame.
Ademais, a interpretação realizada pelo agente público, no caso concreto, consiste em uma
construção hermenêutica possível e razoável da norma. Da mesma forma, não se pode perder
de vista a sinalização contida no art. 22 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro –
LINDB, que estabelece que na interpretação de normas sobre gestão pública, serão
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados e que em decisão sobre
regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa,
serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado
a ação do agente.
Assim, a meu juízo, não houve a prática de ato ilícito ou antijurídico, haja vista a adoção de
cláusula editalícia restritiva excepcional, devidamente justificada, relevante e pertinente ao
interesse público e realizada diante de uma interpretação possível e razoável, considerando a
exigências da política pública e as circunstancias práticas que condicionaram a ação do agente.
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Isso posto, neste item, divirjo do relator do presente recurso ordinário e deixo de considerar o
fato constatado como ilícito ou antijurídico, afastando, assim, a responsabilização dos ex-
agentes públicos, bem como a multa a eles aplicadas.
II.2) exigência de cadastro prévio para participação no certame, ausência da planilha de
quantitativos e custos unitários para licitação na modalidade concorrência e exigência de
cursos de pós-graduação para comprovação da capacidade técnica, infringindo o inciso
XXI do art. 37 da CR/88, o inciso I do § 1º do art. 3º, o inciso II do § 2º do art. 7º, os §§ 1º
e 2º do art. 22, o art. 30 e o inciso II do § 2º do art. 40, todos da Lei nº 8.666/93.
Segundo o acórdão proferido nos autos da Denúncia nº 997.814, houve a prática de atos ilíc itos
ou antijurídicos comissivos materializados na exigência de cadastro prévio para participação no
certame, ausência da planilha de quantitativos e custos unitários para licitação na modalidade
concorrência e exigência de cursos de pós-graduação para comprovação da capacidade técnica.
Por tais atos foram aplicadas multas aos Senhores Ademir de Souza Santos, presidente da
Comissão de Licitação (Portaria nº 01/16) e subscritor do edital, Augusto Faria de Morais,
assessor jurídico do município, e Anuar Arantes Amui, prefeito municipal, autoridade que
homologou o procedimento licitatório e signatário do contrato.
Quanto à exigência de cadastro prévio para participação no certame, o instrume nto
convocatório assim estabelecia:
III – CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO
1- São condições para participar dessa licitação:
1.1 - Poderão participar desta licitação pessoa jurídica do ramo pertinente ao objeto licitado
(sociedade de advogados), cadastradas preliminarmente na Prefeitura Municipal de
Prata/MG em seu cadastro de fornecedores, e que satisfaçam todas as condições da
legislação em vigor e do presente;
1.1.1- O cadastro deverá ser providenciado na sede da Prefeitura Municipal de Prata/MG.
Divisão de Licitação, situado na Praça XV de Novembro, n. 35, Bairro Centro, nesta cidade.
A Prefeitura Municipal, através da Divisão de Licitações, emitirá o Certificado de Registro
Preliminar, cuja documentação necessária para fins cadastrais será informada pelo referido
setor.
De fato, a exigência, tal como prevista no edital, caracteriza ofensa ao caput e ao inciso I do §
1º do art. 3º Lei nº 8.666/93, bem como extrapola o disposto no art. 22, §§ 1º e 2º, do mesmo
diploma legal, que assim prescreve:
Art. 22. São modalidades de licitação:
[...]
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital para execução de seu objeto.
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação.
No que se refere à ausência da planilha de quantitativos e custos unitários para licitação na
modalidade concorrência, tenho entendido que, à exceção da modalidade pregão e no RDC, é
obrigatória a anexação ao edital do orçamento detalhado em planilhas de custos unitários para
as modalidades licitatórias previstas na Lei de Licitações, como é o caso da Concorrência
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Pública no 02/16, a teor do que dispõe o art. 40, §2º, inciso II, da Lei nº 8.666/93. Nesse sentido,
a Segunda Câmara deste Tribunal, na sessão do dia 05/12/19, nos autos da Denúncia nº
1.066.545, assim se manifestou:
DENÚNCIA. CONCORRÊNCIA. CONTRATAÇÃO DE ENTIDADE FILANTRÓPICA OU DE FINS
NÃO ECONÔMICOS PARA PRESTAR SERVIÇOS DE APOIO TÉCNICO OPERACIONAL,
ADMINISTRATIVO E DE SERVIÇOS GERAIS NAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA
INSTITUIÇÃO. EXIGÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ENTIDADES
BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL –CEBAS - NA FASE DE HABILITAÇÃO.
REGULARIDADE. AUSÊNCIA DE ANEXAÇÃO DO ORÇAMENTO DETALHADO EM
PLANILHAS DE CUSTOS UNITÁRIOS. IRREGULARIDADE. PARCIALMENTE PROCEDENTE.
APLICAÇÃO DE MULTA.
1. A fase de habilitação, conforme preceitua o art. 30, IV, da Lei nº 8.666/93, é o momento
previsto para o cumprimento dos requisitos dispostos em lei especial, razão pela qual a
exigência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência de Social (CEBAS), a
qual é requisito para que as entidades filantrópicas façam jus ao benefício fiscal prescrito
no §7º do art. 195 da Constituição Federal, bem como para que realizem convênios e
parcerias com o Poder Público, deve ser observada, não havendo que se falar em restrição
à competitividade do certame, uma vez que a referida exigência se mostra indispensável ao
cumprimento do objeto licitado.
2. Nos termos do entendimento firmado pelo Tribunal, é irregular o edital de licitação, nas
modalidades regidas pela Lei nº 8.666/93, em que não consta o orçamento estimado em
planilhas de custos unitários dos serviços licitados, conforme estabelecido pelo inciso II do
§2º do art. 40 da citada norma.
Quanto à exigência de cursos de pós-graduação para comprovação da capacidade técnica,
subitens 5.5 e 5.6, do título VI, do edital, verifico que tal requisito encontrava-se assim disposto
no instrumento convocatório:
VI – DA HABILITAÇÃO
[...]
5 – A documentação quanto à QUALIFICAÇÃO TÉCNICA consistirá em:
[...]
5.5 - Demonstração de que pelo menos 01 (um) advogado da equipe técnica da proponente
possui pós-graduação (latu sensu e/ou strictu sensu) em Direito Tributário, através de
Declaração e/ou Certidão de Conclusão do Curso da referida pós-graduação, em
instituição devidamente regulamentada e autorizada pelo MEC — Ministério da
Educação.
5.6- Demonstração de que pelo menos 01 (um) advogado da equipe técnica da proponente
possui pós-graduação (latu sensu e/ou strictu sensu) em Direito Municipal e/ou
Administrativo e/ou Público, através de Declaração e/ou Certidão de Conclusão do Curso
da referida Pós-Graduação, em instituição devidamente regulamentada e autorizada pelo
MEC – Ministério da Educação.
[...]
10 – A ausência de documento ou a apresentação dos documentos em desacordo com o
previsto nesse Título INABILITARÁ a licitante, impossibilitando a abertura de seu
envelope de proposta de preços.
Da leitura dos dispositivos colacionados, revela-se cristalino que o requisito em tela é uma
exigência para habilitação, desarrazoada e inoportuna nessa fase procedimental, não se
confundindo com quesitos de qualificação técnica, tolerados apenas em casos excepcionais e
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se utilizados como critério de pontuação em licitação do tipo técnica e preço, desde que com a
devida fundamentação.
Cumpre destacar que as exigências de habilitação dos licita ntes, desde que não inibam a
participação de possíveis interessados na licitação, visam comprovar a aptidão de prováveis
licitantes para o desempenho de atividade pertinente, suficiente e necessária à execução do
objeto licitado, em respeito ao art. 37, XXI, da Constituição da República de 1988 – CR/88 e
aos arts. 3º e 27 a 31 da Lei nº 8.666/93.
Ainda, deve-se ter em mente que o objetivo de uma licitação é ampliar ao máximo possível o
rol de empresas interessadas e, a partir de então, obter a melhor proposta para a Administração.
Logo, devem ser previstas adequadamente as exigências de habilitação para fins de avaliação
da capacidade administrativa, técnica e operacional.
A Lei de Licitações e Contratos Administrativos disciplina, em seus arts. 27 a 31, a
documentação que pode ser exigida para a habilitação nos procedimentos licitatórios. O
objetivo desse rol é reduzir a margem de discricionariedade da Administração, a fim de que não
seja estabelecida a apresentação de documentos abusivos e desnecessários.
Com efeito, documentos de habilitação são meios (instrumentos), e não fins em si mesmos,
colocados à disposição da Administração Pública para seleção de fornecedores com capacidade
administrativa, operacional e profissional, afastando assim o risco de contratação com licita ntes
inaptos, em homenagem ao princípio da eficiência, vetor diretivo da atuação estatal, consoante
determina o art. 37, caput, da CR/88.
Nesse sentido destaco trechos dos seguintes acórdãos proferidos pelo Tribunal de Contas da
União (TCU):
ACÓRDÃO 1677/2014 - PLENÁRIO, Relator MINISTRO-SUBSTITUTO AUGUSTO
SHERMAN, Processo 031.200/2013-3
[...]
Acórdão
[...]
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
[...]
9.3.1. abstenha-se de exigir como critério de habilitação quaisquer documentos diversos
daqueles elencados nos arts. 27 a 31 da Lei 8.666/1993;
9.3.2. faça constar do processo licitatório os estudos preliminares para o dimensionamento
da demanda da entidade, bem como os estudos que embasem a especificação do objeto a
ser licitado, em observância ao art. 2º da Lei 9.784/1999;
[...]
ACÓRDÃO 2605/2016 - PLENÁRIO, Relator AUGUSTO NARDES, Processo
004.890/2014-0
Voto
[...]
5. Passo a decidir.
[...]
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Pelo exposto, não havendo liame entre as condutas do prefeito e do assessor jurídico e as
irregularidades, não há que se falar em imputação de responsabilidade. Assim, divirjo do relator
quanto a esse item e afasto a responsabilização do prefeito e do assessor jurídico, bem como as
multas a eles aplicadas.
II.3) exigência de atestado de capacidade técnica emitido, exclusivamente, por pessoa
jurídica de direito público, contrariando o § 1º do art. 30 da Lei federal nº 8.666/93.
Segundo o acórdão proferido nos autos da Denúncia nº 997.814, houve a prática de ato ilíc ito
ou antijurídico materializado em exigência de atestados de capacidade técnica emitidos,
exclusivamente, por pessoa jurídica de direito público, consoante subitens 5.3, 5.4, 2.1.3, 2.1.4
e 2.2 do instrumento convocatório, o que teria violado o § 1º do art. 30 da Lei nº 8.666/93.
Por tal ato foi aplicada multa ao Senhor Ademir de Souza Santos, presidente da Comissão de
Licitação (Portaria nº 01/16) e subscritor do edital, ao Senhor Augusto Faria de Morais, assessor
jurídico do município, e ao Senhor Anuar Arantes Amui, prefeito municipal, autoridade que
homologou o procedimento licitatório e signatário do contrato.
A exigência de habilitação técnica estava assim incluída nos subitens 5.3 e 5.4, Título VI, 2.1.3,
2.1.4 e 2.2, d, Título VII do instrumento convocatório :
VI – DA HABILITAÇÃO
5 – A documentação quanto à QUALIFICAÇÃO TÉCNICA consistirá em:
[...]
5.3 - Comprovação de aptidão, por meio de 01 (um) ou mais atestados de capacidade
técnica, expedido por pessoa jurídica de direito público, comprovando a realização de
serviços compatíveis com o objeto licitado [...]. O atestado também deverá conter o nome
da empresa licitante, com seu respectivo CNPJ, endereço da sede e o prazo da
prestação dos serviços [...];
5.4 - Comprovação de aptidão, por meio de 01 (um) ou mais atestado de capacidade técnica,
expedido por pessoa jurídica de direito público, comprovando a realização de serviços [...].
O atestado também deverá conter o nome da empresa licitante, com seu respectivo CNPJ,
endereço da sede e o prazo da prestação dos serviços [...];
VII - DA PROPOSTA TÉCNICA
2.1.3- Comprovantes de experiência [...], através de atestados de capacidade técnica,
emitidos por pessoas jurídicas de direito público, compatível com objeto do certame
[...];
2.1.4 - Comprovantes de experiência [...], através de atestados de capacidade técnica
emitidos por pessoas jurídicas de direito público [...];
2.2- Para apuração e pontuação de experiência serão utilizados atestados de capacidade
técnica, emitidos por pessoas jurídicas de direito público[...]:
[...]
d) Vigência do contrato e/ou período da prestação dos serviços; (Grifamos)
Com efeito, à Administração Pública não cabe fazer exigências que inadvertidamente frustrem
o caráter competitivo da licitação, devendo agir com vistas a assegurar a participação do maior
número possível de concorrentes no certame, desde que tenham qualificação técnica para
garantir o cumprimento das obrigações, consoante se extrai do disposto no art. 3º, § 1º, inc iso
I, da Lei de Licitações:
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área estritamente pública do objeto licitatório, o que só poderia ser feito por atestado de
capacidade técnica emitidos por pessoas jurídicas de direito público.
Este é o caso dos autos. O objeto da Concorrência Pública no 02/16 consiste em:
(...) contratação de serviços de acompanhamento, monitoramento e revisão das DAMEF´S
e Índices do Movimento Econômico, apurados pelas declarações transmitidas pelas
empresas com operação no território do Município de Prata, para formação do índice de
Participação do Município, de acordo com a legislação aplicável, e prestação de serviços
de acompanhamento de processos na segunda instância (TJMG – TRT – TRF) e terceira
instância (STJ e STF), acompanhamento de processos administrativos no TCE-MG e TCU,
atuação em demandas e casos de alta indagação, atendimento das necessidades da
Administração Municipal, mediante emissão de pareceres e elaboração de estudos
solicitados pelos setores da Prefeitura Municipal, conforme especificações abaixo
delineadas: (...).
A propósito, a procuradora dos recorrentes, em sua sustentação oral, anotou que o objeto do
contrato é, de fato, muito complexo, e poucos advogados, poucos escritórios de advocacia
detêm advogados com know how para tanto. Asseverou que a qualificação técnica busca
verificar a aptidão, de fato, desse profissional, porque, caso assim não fosse, qualquer escritório,
qualquer advogado poderia fazê-lo, o que não é o caso, uma vez que se percebe que os próprios
advogados do município não conseguem executá-lo.
Esclareceu que o objeto contratado pela Administração Pública se refere à contratação de
serviços de acompanhamento, monitoramento e revisão das DAMEFs, índice do movime nto
econômico apurado pelas declarações transmitidas pelas empresas, com operação no território
do Município de Prata, para formação do índice de participação do município, de acordo com
a legislação aplicável.
Ou seja, o objeto diz respeito a uma análise minuciosa do VAF, que remete ao ICMS, previsto
na Constituição Federal, em seu art. 158, § 4º, que prevê que 25% do ICMS é repassado aos
municípios e 75% é repassado ao Estado. No entanto, esses 25% que são repassados aos
municípios, 75% diz respeito ao VAF e 25% são repassados conforme critérios fixados pela lei
estadual. Esse índice do VAF é alcançado utilizando-se a seguinte proporção, 25% do VAF e
25% dos critérios fixados pela legislação estadual. Eis o que o objeto do contrato visa, a uma
análise jurídica dos repasses efetuados pelo Estado. E qualquer dessas inconsistências apuradas
geram uma demanda judicial.
Tal como exposto no item II.1, não se pode perder de vista a sinalização contida no art. 22 da
LINDB, que estabelece que na interpretação de normas sobre gestão pública, serão
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados e que em decisão sobre
regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa,
serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado
a ação do agente.
Então, também aqui para esta irregularidade, vejo que a interpretação realizada pelo agente
público, no caso concreto, ao fazer exigência de atestados de capacidade técnica emitidos,
exclusivamente, por pessoa jurídica de direito público, consistiu em uma construção
hermenêutica possível e razoável da norma.
Assim, a meu juízo, não houve a prática de ato ilícito ou antijurídico, haja vista a adoção de
cláusula editalícia discriminatória em situacao excepcional, devidamente justificada, relevante
e pertinente com o interesse público e realizada diante de uma interpretação possível e razoável,
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que o limite de prorrogação contratual previsto na Lei no 8.666/93, o que, por óbvio, justificar ia
a necessidade de novo procedimento licitatório.
Realizar licitação a cada ano, quando há comando legal que, em interpretação razoável,
permitiria a prorrogação contratual, sem observar a razoabilidade, a proporcionalidade e os
objetivos a que visa atingir, contrapõe-se ao princípio da eficiência, que reside no ápice do
ordenamento jurídico (art. 37, caput, da Constituição da Republica de 1988 – CR/88) e que
espraia seus efeitos por toda a Administração Pública de todos os entes da Federação.
Também aqui para esta irregularidade, vejo que a interpretação realizada pelo agente público,
no caso concreto, consistiu em uma construção hermenêutica possível e razoável da norma.
Assim, a meu juízo, não houve a prática de ato ilícito ou antijurídico.
Isso posto, neste item, divirjo do relator e deixo de considerar o fato constatado como ilícito ou
antijurídico, afastando, assim, a responsabilização dos ex-agentes públicos, bem como a multa
a eles aplicadas.
III – CONCLUSÃO
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