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EXCELENTÍSSIMO PRESIDENTE DA COMISSÃO DE

LICITAÇÃO DA REPARTIÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Ref.: PREGÃO Nº

PAPELARIA AZUL LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ/MF nº, com sede (endereço completo com CEP), vem,
tempestivamente, por seu advogado que esta subscreve (procuração em
anexo), perante Vossa Excelência, interpor

RECURSO ADMINISTRATIVO COM PEDIDO DE EFEITO


SUSPENSIVO

face à respeitável, mas equivocada decisão, com fulcro na Lei nº 8.666/93,


artigo 109, I, alínea a, assegurado no Artigo 5° XXXIV, alínea a da
Constituição Federal, considerando as razões de fato e de direito a seguir
aduzidas.
Requer que sejam devidamente autuadas, e que o recurso seja
recebido, processado e concedido, e se não acolhido, que haja uma decisão
motivada sobre o pedido formulado.

I. DO EFEITO SUSPENSIVO

A interposição do recurso administrativo pela Recorrente é o


exercício do direito e da garantia constitucional do contraditório e da ampla
defesa, não havendo o interesse em frustrar o procedimento, mas sim o
objetivo de que este ocorra dentro dos ditames legais, pautados pelos
princípios da legalidade e igualdade, de aplicação indiscutível no feito
administrativo.
Segundo dispõe o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal
Recebendo esta como efetiva contribuição a legalidade do procedimento de
acordo com o estabelecido no §2° do artigo 109 da lei 8.666/93. Solicita
esta Recorrente que seja atribuído efeito suspensivo ao presente, uma vez
que é assegurado a todos os litigantes e em todos os processos
administrativos o direito ao recurso, e tal decisão está trazendo
consequência desfavoráveis a Recorrente.

II. DOS FATOS

Trata-se de licitação feita pela Repartição Pública Federal por meio de


edital, em que o objeto é aquisição de material de escritório como caneta,
papel, lápis, borracha, dentre outros para registro de preços, na modalidade
pregão.
A empresa Papelaria Vermelha Ltda., empresa do irmão do prefeito,
apresentou na fase de habilitação certidões fiscais falsas e mesmo assim
restou vencedora, ferindo o Princípio da isonomia.
A empresa recorrente manifesta recurso em face da ilegalidade na
decisão que habilitou a licitante Papelaria Vermelha Ltda. a empresa
vencedora, visto que o pregoeiro observou a falsidade dos documentos da
mesma, porém a declarou vencedora do pregão, sabe-se que foge
totalmente do que é proposto, Vossa Excelência.

III. DO DIREITO

Na modalidade pregão o objetivo essencial é propiciar economia


de tempo e de dinheiro para o Poder Público. Mas os agentes públicos não
podem se valer dessa economia para não observar as exigências legais.
Após a fase dos lances verbais decrescentes, analisa-se a documentação
somente de quem ofertou o menor lance, devolvendo-se, fechados, os
envelopes com documentos de habilitação dos demais licitantes. Porém
houve fraude na análise da documentação da Papelaria Vermelha Ltda.,
visando dar vantagem indevida ao irmão do prefeito, prejudicando assim os
interesses da Papelaria Azul Ltda.
O ocorrido violou o princípio da Isonomia previsto pelo Artigo 37,
XXI, da Constituição Federal, em que a igualdade deve ser assegurada a
todos os concorrentes, observando este princípio, na contratação de obras,
serviços, compras e alienações; Princípio da responsabilidade, estabelecido
no Art. 37, § 6, Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviços público responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa”.
Outrossim o Art. 3, caput, da Lei 8.666/1993 preleciona no mesmo
sentido dos artigos já citados: “A licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos”.
A lei 8.666/1993 tipifica alguns crimes cometidos pelo agente no
pregão em questão: “Art. 90 Frustrar ou Fraudar, mediante ajuste,
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem,
vantagem decorrente de adjudicação do objeto da licitação (...)”.
“Art. 91 Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à
celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder
Judiciário”.
“Art. 97 Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou
profissional declarado inidôneo”. A conduta do agente ainda é tipificada na
Lei 8.429/1992: “Art. 1, II, retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício”.
Sendo que ele deveria de ofício impedir o prosseguimento do pregão,
já que a Papelaria Vermelha Ltda., apresentava certidões falsas de débito.
Prejudicando assim a Papelaria Azul Ltda., a qual deveria ser qualificada,
já que preenche todos os requisitos exigidos pela legislação.
Ressalta-se que a Papelaria Azul Ltda. cumpriu todas as exigências
previstas no edital de convocação, o que se extrai que ela deverá preencher
o lugar de vencedora no certame.

Neste caso, estar-se-ia diante do disposto no artigo 48, inciso I,


da Lei 8.666/1993, que dispõe que serão desclassificadas as propostas que
não atendam às exigências do ato convocatório da licitação.
“Art.48. Serão desclassificadas: I – As propostas que não atendam as
exigências do ato convocatório da licitação;” Importante depreender
também que conforme o disposto no parágrafo 1, inciso I, do artigo 3 da lei
8.666/1993, “é vedado aos agentes públicos admitir, prever, incluir ou
tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências
ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes
ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
específico objeto do
contrato”.
Indo de encontro ao princípio da legalidade temos o magistério de
Hely Lopes Meirelles: “As leis administrativas são, normalmente, de ordem
pública e seus preceitos não podem ser descumpridos, nem mesmo por
acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vez
que contêm verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes
públicos”.
No caso aqui em questão, a dispensa da RECORRENTE, de forma
arbitrária, impede a realização da licitação, pois o licitante escolhido é
inidôneo.

Sendo assim, segue o entendimento do Tribunal de Justiça de São


Paulo:
APELAÇÃO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA – ATO ATENTATÓRIO AOS PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO – Os agentes da Administração Pública, no exercício
de suas atribuições, devem guardar em seus atos a mais lídima probidade, a
fim de preservar o interesse último dos atos praticados, qual seja, o bem
comum – preliminar: prescrição da pretensão do parquet – inocorrência – o
dies a quo a ser considerado para deflagração do prazo prescricional na
presente demanda corresponde ao momento em que se teve ciência
inequívoca quanto à ocorrência dos atos ímprobos imputados aos
servidores – inteligência do art. 23, inciso II, da LF nº 8.429/92 cc. art. 105,
da LCM nº 18/1993 – prazo quinquenal para exercício do direito de ação
que se iniciou a partir da data de notificação do Ministério Público a
respeito da comprovação da fraude perpetrada pelos corréus no processo de
licitação Convite nº 030/99, sendo irrelevante o momento em que foi
informado por terceiros a respeito das ilegalidades posteriormente
apuradas. Questão de fundo - execução de obras sem o competente
procedimento licitatório – formalização do contrato administrativo por
meio de intempestiva licitação - conluio envolvendo os integrantes da
comissão permanente e os convocados para participarem do certame -
violação aos princípios da impessoalidade e legalidade (art. 37, caput, da
CF/88) – elementos fáticos-probatórios coligidos aos autos que evidenciam
o dolo específico dos corréus no sentido do favorecimento pessoal de
terceiro – ausência, contudo, de prova do alegado prejuízo ao Erário –
incursão dos corréus na disposição isolada do art. 11, da LF nº 8.429/92 -
sentença de parcial procedência da demanda mantida, por seus lúcidos
fundamentos. Recurso dos corréus desprovido.

(TJSP; Apelação Cível 0101060-59.2005.8.26.0222; Relator (a): Paulo


Barcellos Gatti; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Público; Foro de
Guariba - 1ª Vara Judicial; Data do Julgamento: 23/05/2016; Data de
Registro: 30/05/2016)

Veja, Vossa Excelência, a única licitante é de propriedade do irmão


do prefeito, e este fere os Princípios da moralidade, deve agir de forma
honesta, seguindo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé, Princípio
da impessoalidade onde ninguém pode utilizar da máquina do Estado para
prejudicar uma pessoa, consideremos a Súmula Vinculante nº 13: ‘’A
nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola
a Constituição Federal.’’

Ressaltando este entendimento, Bandeira de Mello ilustra que:

“No princípio da impessoalidade se traduz a ideia de que a


Administração tem que tratar todos os administrados sem discriminações,
benéficas ou detrimentos as. Nem favoritismos nem perseguições são
toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas
não podem interferir na atuação administrativa e muito menos interesses
sectários, de facções ou grupos de qualquer espécie. O princípio em causa é
senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia.’’

IV. PEDIDOS
VISTO O EXPOSTO, a RECORRENTE requer que presente recurso
seja conhecido e após, julgado provido com base nos fundamentos nas
razões apresentadas, com efeito SUSPENSIVO, para que a empresa
Papelaria Vermelha Ltda. seja declarada inabilitada para seguir no pleito
com a anulação da decisão em apreço, por razão de plena transparência e
justiça.

De mesmo modo, de acordo com as razões recursais, requer-se que


esta Comissão de Licitação reveja sua decisão e, não sendo esta a decisão,
faça este recurso subir, adequadamente informado à autoridade superior,
seguindo o disposto no § 4º do artigo 109 da Lei nº 8.666/93 e no §3º do
mesmo artigo.

Termos em que,
Pede Deferimento,
Local e data.
Advogado OAB
ALUNOS:

ANNY GABRIELLY VITORINO DA SILVA – RA: 5674552


BEATRIZ ARAUJO PASSOS – RA: 2486701
LAURA BEATRIZ CORRÊA BASTOS MENEZES – RA: 2259385
RIZELMA CRISTINA DA SILVA – RA: 7659536
VANESSA PAULA DE ASSIS – RA: 1978689
VICTOR SANTOS ALVES - RA 5127121

TURMA: 003207D01

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