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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 1º


VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelos Procuradores da República


subscritos, no exercício de suas atribuições constitucionais, com fundamento no
disposto nos arts. 127 e 196 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB)
e na Lei n.º 7.347/1985, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência ajuizar a
presente:

AÇÃO PENAL PÚBLICA

1- DOS FATOS CRIMINOSOS

Contra Leonardo Brandão, brasileiro, inscrito no CPF 123.654.987-88, oficial


aposentado do Exército, atualmente com 82 anos, referido no Relatório da
Comissão Nacional da Verdade como alguém que participou ativamente de
atos de tortura e de execução extrajudicial no ano de 1972, segundo relato de
várias vítimas não fatais.

A presente Ação Civil Pública é instruída com elementos informativos presentes nos
autos do Inquérito Civil n.º 3.44.000.000900/2021-05, foi instaurada a partir de delitos
comportamentais do então oficial aposentado do Exército Leonardo Brandão, que no
dia 28 de agosto de 2021 ocorreu uma manifestação de ex-perseguidos políticos contra
a então data de 42 anos da Lei de Anistia no local simbólico do Monumento
Tortura Nunca Mais, em Recife, onde, tal manifestação tinha como pressuposto a
exigência de medidas de justiça de transição (verdade, memória, reparação, reformas
institucionais e punição de agentes do regime por
crimes contra os direitos humanos) conforme os critérios estabelecidos pela
jurisprudência da corte Interamericana de Direitos Humanos.

Com efeito, o oficial aposentado acompanhado de um grupo de protestantes contrários a


manifestação e apoiadores do regime pós 1964 se encontraram no mesmo local da
manifestação, logo após, o réu subira ao palco dos manifestantes e em um ato de
censurar subtraiu o microfone da liderança do manifesto, e começou a discursar,
afirmando que os ex-perseguidos políticos eram todos bandidos, criminosos e
arruaceiros que queriam implantar o consumismo no Brasil. Por conseguinte, o réu em
condição de ofical aposentado do exército militar brasileiro que fora reconhecidamente
referido como ativo participante de torturas durante o Regime pela Comissão Nacional
da Verdade, pegou o microfone e publicamente incitou que as torturas cometidas
durante o Regime foram necessáriaspara evitar que o país na Época se tornasse uma
“nova Cuba" e que atualmente não hesitaria em praticar os mesmos atos caso situação
semelhante ocorresse novamente no Brasil hodierno. Por fim, o militar indagara se não
era a hora certa de repetir-se o mesmo movimento político ocorrido em 1964.

Decorrido discurso, um dos manifestantes ex-perseguido duramte o regime reconheceu


Leonardo como sendo participante de sua tortura, e, movido por violenta emoção o
agrediu, posteriormente, necessitando o réu ser hospitalizado diante sua condição de
saúde e idade.

Com base no supracitado, é importante ressaltar, de início, a tentativa de vedar a livre


manifestação do pensamento dos manifestantes ao atrapalhar e tomar o microfone da
liderança. Conforme disposto no parágrafo IV, do artigo da CR/88:

[COLOCAR O PARÁGRAFO]

Ademais, no que se segue, nota-se que o réu ao transgredir a paz pública incitou a
prática de crimes ao referir-se que os atos de tortura por ele praticados na condição de
militar durante o Regimme poderiam ser realizados novamente sem qualquer remorso,
contrariando os direitos e garantias fundamentais garantidos pelos parágrafos II, III e IV
da CR/88:

Colocar os parágrafos ABNT

Haja vista a condição e os atos do réu, a tipificação está claramentee explicitada pelo
caput do artigo 286 do CódigoPenal Brasileiro:

COLOCAR ARTIGO ABNT

Além incitação realizada por Leonardo, no decurso do seu discurso fora feita apologia a
fato criminoso, quando ao trazer a tona as torturas cometidas durante o regime ainda as
considera como necessárias, essas por sua vez, apesar de anistiadas pela lei colocar
número da lei não deixam de ser reconhecidos propriamente como crimes, como
mostra a Comissão Nacional da Verdade. Conforme acepção doutrinária, a ação
incriminadora estaria em fazer apologia, louvar, elogiar, enaltecer e exaltar. Assim
sendo, não se confundiria esta com a simples manifestação da solidariedade, defesa ou
apreciação favorável, ainda que veemente não sendo punível a mera opinião (H.
FRAGOSO, LIÇÕES DE DIREITO PENAL- PARTE ESPECIAL, 1965 V.III). A
tipificação neste caso seria a do artigo 287, caput, do Código Penal:

CITAR CONFORME ABNT

2- DA IMPUTAÇÃO E DOS ASPECTOS JURIDICOS

3- DA CONCLUSÃO E DOS REQUERIMENTOS FINAIS

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