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A HISTÓRIA DO DIREITO PENAL

Inicialmente, temos o período da vingança no direito penal, passando por fases divinas
/ privadas (individuais ou tribais).
Uma das últimas fases, é a vingança pública, em que o Poder Político Central, antes
mesmo da ideia de Estado, começa a monopolizar essa punição, o grande exemplo é o
povo hebreu.
OBS. As fases do Direito Penal, não significa que foram estanques, tivemos momentos
em que cada um dos tipos está vivendo em conjunto.
De acordo com Roque, algo próximo ao Direito Penal, começamos a ver com o Código
de Hamurabi, nele temos a Lei de Talião, com a ideia de proporcionalidade – dente por
dente / olho por olho.
OBS. A lei do talião, foi adotada por diversos povos, conforme mencionado por Fábio
Roque.
Outro período histórico importante para o Direito Penal está coligada com as revoluções
liberais do século XVIII (Iluminismo, por meio do famoso Marquês Beccaria) e
sistematizadas a partir do final do século XIX (Carrara e Feuerbach, responsável por
redesenhar o direito penal), principalmente no cenário europeu.
Em análise ao nosso país, notamos que o grosso foi feito de repetições do que ocorria no
cenário internacional, agora, muitas vezes atrasados.
1.0 BRASIL COLÔNIA, 1500 – 1830
Nesse período precisamos lembrar das três Ordenações, oriundas do Direito português
que resolviam os conflitos penais, na época brasileira colonizada:
I – Afonsinas (1447 – 1521) → não tiveram influência no Brasil
II – Manuelinas (1521 – 1603) → também não foram concretizadas, deverás
burocráticas
III – Filipinas (1603 – 1830) → podemos dizer que foi a principal fonte penal no
mencionado período no Brasil. Teve sua publicação oriunda de Felipe III durante a
famosa União Ibérica, um grande recorte é o seu livro V, trazia várias penas cruéis
como a possibilidade de “morte natural de fogo”, basicamente ser queimado vivo.
Notamos então que o Brasil no período estava longe das tendências da época, que era
um Direito Penal mais humano.
2.0 PERÍODO DA INDEPENDÊNCIA – ADEUS FILIPINAS, BEM VINDO
PRIMEIRO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
A independência se deu no ano de 1822, sendo mantido a Ordenação Filipina até a
entrada em vigor do Código Penal do Império de 1830.
Notamos no bojo da nossa PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO – 1824, alguns avanços,
com o abolimento:
→ Açoite
→ Tortura
→ Marca de Ferro
→ Pena de Infâmia, basicamente é o etiquetamento da família do criminoso
→ Entre várias outras penas cruéis.
O que devemos levar para prova é a incorporação do princípio da reserva legal e a
exigência do devido processo.
Assim, em 1830, temos o surgimento do Código Penal do Império, segundo o professor
era um mix, com ideias liberais e retrógradas, visto a manutenção da escravidão.
O Código Penal do Império foi influenciado pelo da Baviera de Feuerbach, o da França,
bem como o que foi organizado para um dos Estados Americanos, Louisiana.
Entre as penas previstas, tínhamos MORTE. Também tínhamos o banimento, o
trabalho em galés.
OBS. Segundo aponta o Professor a pena de morte veio a ser revogada posteriormente,
por conta de uma mutreta envolvendo Mota Coqueiro, que foi penalizado, por um
homicídio que não fez.
OBS. A pena de morte não é exclusiva no período independente, tivemos lei no período
de Getulinho que permitiu a pena de morte, bem como no CP 1890. Mas no Código em
si, foi o único.
OBS. NÃO HAVIA PRESCRIÇÃO!
Um grande ponto dele é a previsão da PENA DE MULTA, EM DIAS!
Por volta de 1830, o Código Penal do Império foi alvo de diversas críticas, num
movimento antiliberal, aduziam que por conta das penas flexíveis, aumentou-se a
criminalidade.
Por conta disso, houveram diversas alterações no Código Penal do Império, entre eles
um procedimento que o escravo que atentasse contra a vida dos senhores, familiares,
fossem imediatamente para Júri, com a pena de morte, sem direito a recursos.
Posteriormente, foi permitido em 1841 a formação de culpa pela autoridade policial,
somente em 1871 ela retornou à competência do Juiz.
O Código do Processo Criminal de 1832 autorizava o juiz de paz a cominar as penas de
multa, prisão por até 3 meses em casa de correção ou oficinas públicas aos suspeitos da
pretensão de cometer algum crime, caso violassem o termo segurança que eram
obrigados a assinar. Portanto, punia-se, nesse caso, a conspiração.
Em 1841, o referido poder foi transferido aos chefes de polícia (delegados e
subdelegados).
Do mesmo modo, uma outra lei de primeiro de outubro de 1828 concedia às câmaras
municipais competência para a criminalização de várias condutas, como vozerias nas
ruas, injúrias, obscenidades, trazer gado solto e outras.
Em suma, o Código Criminal de 1830 e a legislação que lhe seguiu no contexto imperial
apresentava ambiguidades, com ideias liberais e escravocratas, que, no seu todo,
manteve o poder dos proprietários rurais e o fenômeno da escravidão.
3.0 PERÍODO REPUBLICANO
Como período pré, tivemos uma grave crise latifundiária, ante a movimentação da
proibição da escravidão. Muito provavelmente, esse grupo em conjunto com os
militares que voltam fortalecidos da Guerra do Paraguai arquitetaram a derrubada da
Monarquia.
Com isso, iniciamos o período da república do Brasil, com sua proclamação em 1889.
Nesse período temos a revogação das penas das galés, bem como a redução para
pena de 30 anos, bem como a instituição da prescrição, e DETRAÇÃO.
Em pouco mais de três meses, após a apresentação do seu projeto, tivemos a
promulgação do Código Penal de 1890.
Assim, ficamos com uma legislação feita as pressas, que gerou a necessidade de várias
leis extravagantes, ainda assim, Zafaronni crítica que esse Código Penal teve uma
punição contra grupos específicos.
O Código era tão bosta, mas tão bosta, como dito tínhamos várias leis espessas.
Daí, em 1930, tivemos um importante trabalho de Vicente Piragibe, com a
Consolidação dessas leis, que passaram a conviver ao lado do CP.
4.0 PERÍODO DE 1890 – 1940
No período também marcado por crises, principalmente a famosa quebra da Bolsa de
NY. No Brasil, vemos o crescimento da industrialização, e a contínua necessidade por
mão de obra.
Por conta disso, acredito que nesse período como forma de repressão, e forçar as
pessoas a trabalharem, vemos o aumento das penas de vadiagem e mendicância.
Paralelamente, em 1932, o indulto de vários condenados acusados por crimes como
vadiagem / capoeiragem / desacato / lesões leves / curandeirismo / feitiçaria.
Entre 1930 – 1940, vemos a criação dos crimes de usura / delito contra o abuso do
poder econômico.
Ainda, ante aos movimentos contrários ao comunismo, tivemos a Lei dos Crimes
Contra a Ordem Política e Social, criminalizando: insurreição / greve / conspiração
no sentido de modificar ou subverter a ordem política ou social.
Tudo isso, é um esquenta que vai culminar com um novo período ditatorial, oriundo
da Constituição Polaca de 1937.
Tivemos em 1936 a instituição na Justiça Militar, o Tribunal de Segurança Nacional,
responsável por julgar crimes contra a segurança externa da República e contra as
instituições militares.
Em 1937 esse Tribunal passou a ter competência para os crimes contra a economia
popular.
Em 1938, vemos uma alteração do art.122 da CF-37 autorizando a pena de morte para
inúmeros crimes políticos, bem como homicídio qualificado, com o processamento
perante o TSN. Tal pena de morte, jamais veio a ser executada.
O TSN veio a ser extinto em 1945.
No período autoritário, vemos aos poucos o movimento para criação de um novo
Código Penal, promulgado em 1940.
Vemos no seu projeto, exclusão entre outros:
→ Pena de morte
→ Segregação
→ A possibilidade de conversão em prisão domiciliar a pena de detenção de até um mês
a valetudinários e mulheres honestas
→ Retirou do texto a classificação de criminosos.
Recebeu influência do Código italiano (Código Rocco) e do suíço, segundo parcela da
doutrina ele adotava uma posição repressiva, com uma base filosófica mista, com ideias
positivas e clássicas.
Foi o nosso último Código Penal, perdurando até os dias atuais.
Alguns destaques:
→ Sistema Duplo Binário
→ Fim da Pena de Morte, nem a Perpétua
→ Reclusão, com a possibilidade de 3 meses isolado, surgindo a ideia de regime em
1977.
→ Fim da pena de multa em dias, bem como a possibilidade de converter ela em pena
prisão.
OBS. Os efeitos da condenação, o que conhecemos como, como a perda da função,
nesse período era tido como pena.
Em relação a fixação da pena, apenas em 1984 foi resolvida divergência, determinando
que é modelo trifásico (circunstâncias judiciais / atenuantes e agravantes / causas de
aumento e diminuição).
Em 1940 era possível o julgador na primeira fase, analisar a intensidade do dolo e da
culpa, visto que NÃO ERA ADOTADO O FINALISMO, só vindo a ganhar força POS-
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL! Surgindo no Brasil somente em 1970, vindo a ser
adotado em 1984.
A EXECUÇÃO PENAL SOMENTE VEIO A SER UNIFICADA EM 1984.
A Lei 6.416/77 foi responsável por várias modificações do CP de 1940, trazendo várias
novidades para execução penal: ampliou o trabalho externo; mulheres passaram a ter
trabalho externo. BEM COMO ESTABELECEU OS REGIMES OUTROS
CONHECIDOS! SUPRIMIU O ISOLAMENTO INICIAL DE 3 MESES DA
RECLUSÃO.
Em 1980 vemos a caminhada para reformar a parte geral, a qual hoje conhecemos! O
pontapé foi dado pelo Ministro de Justiça Ibrahim que constituiu uma comissão para
elaborar o anteprojeto sob a presidência de Francisco Assis Toledo, que entre seus
grupos tinha Miguel Reale Junior.
Vindo a ser aprovado em 1984, pela Lei 7.209.
A Lei 7.209 foi responsável por várias alterações:
→ fim do sistema duplo binário
→ preocupação com a responsabilidade subjetiva, eliminando boa parte de
responsabilidade objetiva (sendo mantido resquícios como rixa qualificada e
embriaguez)
→ manteve a ideia de reclusão e detenção, a qual não existe em vários países
→ voltou dias multa
→prestação de serviço
→ interdição de direitos
→ limitação de final de semana, logo, notamos em 1988 o ampliamento das penas
restritivas (Lei 9714), ante as instruções da ONU, em usar pena da prisão como último.
OBS. Nossa parte geral é reformada por meio da lei acima.
OBS. Nossa parte especial é de 1940.

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