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CONCEITOS PRELIMINARES
A Idade Média não teorizou o direito como um complexo autónomo. Concebeu-o, antes,
enquanto função da justiça.
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito Conceitos Preliminares
A Justiça Objectiva
Forma de rectidão plena e normativa, (Modelo de Conduta). A Jurisprudência medieval, sob a
influência da ideia romana do bónus pater famílias, determinou o conteúdo da justiça humana
objectiva com recurso à ideia de homem médio. (Foi adoptado como padrão de comportamento
justo do “bom pai de família”). (Declaratório Normal, artigo 594, nº1 do Código Civil.)
Justiça Particular
É a justiça que cada um de nós utiliza na relação com os outros,
A Justiça particular separa-se da justiça universal enquanto esta considera sobretudo o
mundo intra-subjectivo e a justiça particular o campo das relações inter-subjectivas.
A justiça particular regula a conduta do próprio agente com os outros, ou seja regula as
virtudes do sujeito em relação aos demais.
Justiça Particular: a determinação do seu: é a justiça precisa, é dar a cada a um o que lhe
pertence, depois de feito um juízo recto.
2) Modalidades da Justiça
1. As Partidas classificaram a justiça da seguinte forma:
Justiça Espiritual: que se traduz na atribuição a Deus quanto lhe é devido pelo
Homem;
Justiça Política: que se identifica com a atribuição pela comunidade aos respectivos
membros de quanto lhes cabe e por estes àquela;
Justiça Contenciosa: a que se aplica nos pleitos;
2. Alvares Pais enumera da seguinte forma:
Latria: Justiça para com Deus;
Dulia: Justiça para com as criaturas merecedoras de honra e consideração;
Obediência: Justiça para com os superiores;
Equidade: Justiça para com os iguais;
3. De acordo com a generalidade da filosofia escolástica, havia a distinguir apenas dois tipos
de Justiça particular:
Justiça Comutativa: (justiça da igualdade absoluta, segundo Aristóteles era a Justiça
Aritemética) ou sinalagmática, esta diz respeito às relações entre iguais (pessoas privadas). Hoje em
dia corresponderia ao direito Privado)
O objecto típico da justiça sinalagmática é a troca ou comutação. Requer-se nela
absoluta igualdade entre o que se dá e quanto se recebe, havendo o dever de restituir quando assim
não ocorre.
Justiça Distributiva: (Segundo aristóteles corresponderia à Justiça geométrica)
relativa às relações da comunidade com os seus membros, aplica-se às relações do conjunto político
com as pessoas individualmente consideradas. Esta tem como característica o facto de não exigir
uma igualdade absoluta , (Igualdade absoluta=Justiça comutativa), e rejeita-a mesmo, pois tratar
igualmente o desigual traduzir-se-ia numa desigualdade. Requer contudo que a relação entre o
mérito e a recompensa, a capacidade e o encargo, seja a mesma e igual para todos. Quem pode
trabalhar mais do que os outros, deve exigir-se-lhe mais, na exacta proporção da capacidade de
trabalho. Hoje em dia corresponderia ao direito Público
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3) A Justiça e o Direito
Concebeu o pensamento medieval a justiça como a causa do direito. Os três preceitos do
direito referidos por Ulpiano – viver honestamente, não prejudicar o próximo, dar a cada um o que é
seu – são comuns à própria justiça.
Entre a justiça e direito, a diferença residia no facto de este traduzir aquela mediante
preceitos autoritariamente fixados, O Direito era assim apenas um instrumento de revelação da
justiça.
Direito como ordem ordenante: a ordem é pré-existente. (Lei eterna, Natural e Divina)
Direito como ordem ordenada: é um produto essencialmente voluntário. (Lei Humana)
5) Lei eterna, natural, divina, humana:
Lei eterna:
É a razão e vontade de Deus que manda conservar a ordem natural e proíbe que ela
seja perturbada. (Santo Agostinho).
É a própria razão de Deus, governadora e ordenadora de todas as coisas. (Doutor
Angélico)
Lei Natural:
Foi inscrita por Deus no coração do homem, (Santo Agostinho).
Participação da lei eterna na criatura racional que lhe permite distinguir o bom e o
mau. (Doutor Angélico)
Lei Divina: Participação da lei eterna. Simplesmente, a lei divina, constituída pela Velho e
Novo Testamento, foi por Deus expressamente revelada para que o homem pudesse sem vacilações
nem dúvidas ordenar-se em relação ao sue fim sobrenatural, que é a bem-aventurança eterna.
(Doutor Angélico)
Para São Tomás, a realidade a que este chama lei eterna aparece também designada
por lei divina. Daqui resulta que se distingue, depois, entre lei divina natural.
Lei Humana: é a lei do homem, feita para o homem, tem de estar de acordo com a ordem
ordenante, pois a Lei humana faz parte da lei ordenada.
Conclusão:
• Lei Eterna – é a lei geral do universo estabelecido por Deus para todos os seres por
ele criados
• Lei Natural – manifestação da lei eterna do Homem
• Lei Divina – Revelação da lei eterna nas Sagradas Escrituras
(São Tomás de Aquino)
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito Conceitos Preliminares
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico
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PERÍODO ROMANO
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Período Romano
Romanização Jurídica
A romanização jurídica operou-se mediante as duas providências que acima indicámos, a concessão
da latinidade e a concessão da cidadania romana. Mais de um século medeia entre ambas.
No ano de 73 ou 74, o imperador Vespasiano outorgou o direito latino ou latinidade (ius latti). O
que foi bastante importante no âmbito do direito privado, pois esta concessão permitiu a substituição dos
sistemas jurídicos indígenas pelo sistema jurídico romano.
As pessoas livres classificavam-se, pelo direito romano em três categorias cidadãos, latinos e peregrinos.
Cidadão Romano: gozava do direito de contrair matrimónio e constituir família legítima. (ius
connubii), do direito de celebrar validamente negócios jurídicos de conteúdo patrimonial (ius commercii), o
direito de votar nos comícios (ius suffragii) e o direito de ascender às magistraturas do estado. (ius
honorum). Relacionado ainda com estes direitos, cabia-lhe ainda a faculdade de alistamento nas legiões do
exército. (ius militiae).
Latinos: gozavam do direito de votar nos comícios (ius suffragii) e do direito de celebrar
validamente negócios jurídicos de conteúdo patrimonial (ius commercii)
Os peregrinos apenas gozavam do “ius gentium”, este Direito costumeiro aplicável quando eram
envolvidos estrangeiros. É o antecedente do direito internacional, é baseado no princípio da pessoalidade
ao o contrário da territorialidade.
A concessão da cidadania
Desta forma a cidadania romana ia-se estendendo a um largo número de peninsulares. Quando
Caracala, no ano 212, generalizou a cidadania a todos os habitantes do império, de condição livre, os
povos peninsulares, encontravam-se preparados para receber o novo estatuto jurídico. Podemos afirmar
que esta medida foi um dos factores de romanização de maior relevo quanto à península. Este passo
decisivo tinha sido dado por Vespasiano com a concessão do “ius latti” (concessão de Latinidade).
3) Princípio da Personalidade e da Territorialidade
Princípio da personalidade:
- A decisão sobre a aplicabilidade de uma norma assenta na pessoa; todas as pessoas estão sujeitas a
direitos e deveres;
- Hoje as regras de conflito são as do Direito Internacional Privado que remetem para a legislação aplicável
Princípio da territorialidade:
- A norma será aplicada num determinado espaço a todas as pessoas
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Direito Visigótico
2) Classificação das Normas Jurídicas dos Estados Germânicos, segundo Costa Almeida
Leis Populares ou Lei dos Bárbaros, leges barbarorum
Leis Romanas dos Bárbaros, leges romanaer barbarorum
Capitulares
em Geração. O povo teve uma participação directa ou indirecta na organização destas codificações, tendo
algumas delas sido redigidas com a colaboração activa das assembleias populares.
Estas leis disciplinavam principalmente o Direito e o Processo Criminal.
Leis Romanas dos Bárbaros "Leges romanae Barbarorum"
Colectâneas de textos de direito romano organizadas nos Estados germânicos com finalidades
diversas. Pode-se Conjecturar que umas se destinavam tanto à população romana como à germânica,
outras foram provativas da população romana e ainda outras tiveram natureza subsidiária ou didascálica
(função didáctica).
Capitulares
Eram normas jurídicas avulsas promulgadas pelos reis germânicos. O seu nome deriva da divisão
em Capítulos. Estas versavam predominantemente direito público, não raro se ocupavam inclusive de
assuntos eclesiásticos.
3) Fontes de Direito do período visigótico:
As fontes de direitos Visigótico assentavam em:
Direito consuetudinário;
Codificações Visigodas
Codificações Visigodas:
1 - Código de Eurico, Ano de 476, constituiu a primeira colectânea sistemática de direito
visigótico, ocupa-se principalmente do direito privado. Mostra grande receptibilidade ao direito romano
vulgar e possivelmente foi elaborados por pessoas conhecedoras do direito romano.
2- Breviário de Alarico, ou Lei Romana dos Visigodos ou Lex Romana Visigothorum, ano de
506, pertence à categoria das leis romanas dos bárbaros, consiste numa selecção de fontes romanas,
(textos romanos), acompanhadas por interpretações destinadas a esclarecer o conteúdo dos fragmentos
transcritos.
3 - Código Revisto de Leovigildo, cerca 580, por iniciativa do Rei Leovigildo, foi revisto,
actualizado e Difundido o Código de Eurico.
4 - Código Visigótico, ano de 654, também conhecido por Lex Visigothorum, Liber
Iudiciorum, Liber Iudicum e Forum Iudicum, promulgado por Recesvindo, filho de, Chindasvindo,
procurando estes abrir caminho para uma projectada obra codificadora que substituísse o Código de
Leovigildo. Pode considerar-se um produto de três correntes jurídicas, romana, germânicas e canónicas,
onde a corrente romana exerceu mais influência.
O Código está sistematizado em doze livros, que se divide em Títulos, integrados por leis.
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Direito Muçulmano
DIREITO MUÇULMANO
Introdução
Havia-se, pois m chegado À unidade do Direito Aplicável a toda a população da Península, a um
sistema de leis territoriais e já não pessoais, quando em 711 as dissensões entre os partidos, por ocasião da
eleição do novo rei dos Visigodos, provocaram a invasão muçulmana.
Resumo das Conquistas da Península entre 2181 a.C. até 1492
De 218 a 19 aC, Romanos, Vulgarização do Direito Romano;
Entre 466 e 585, Visigodos, integração do Direito Romano no Direito Visigótico;
Entre 711 e 716, Muçulmanos, pouca influência
Entre 753 e 1492, reconquista pelos Cristão, renascimento do Direito Romano
1) O Direito Muçulmano
O Direito Muçulmano tinha natureza confessional, não havia distinção entre a religião e o direito,
ou melhor, este ia buscar àquela o conteúdo dos seus critérios normativos, Afirmava-se como um sistema
jurídico personalista, que apenas abrangia a comunidade de crentes que integrava o mundo islâmico. Não
era a raça(Povo Germânico) que definia o direito aplicável, mas sim o credo religioso. A Autoridade política
decorre do poder religioso.
O Direito Muçulmano oferece, pois, carácter muito especial, as normas jurídicas são exactamente,
como preceitos morais e religiosos, ditadas por Deus, fruto da Vontade de Alá manifestada na revelação de
Maomé.
2) As fontes do Direito Muçulmano
O Alcorão
A Sunna
O Consenso
A Doutrina
O Alcorão - consiste no conjunto de revelações de Alá que os fieis se habituaram a recitar e que,
segundo Maomé, lhe foram feitas de modo explícito. Tais ensinamentos possuem um conteúdo variado,
mas sobressaem as regras de carácter religioso, moral e jurídico.
A Sunna - corresponde à conduta pessoal de Maomé, traduzida em actos, palavras e silêncios tidos
em concordância ao que presenciava. São ensinamentos recebidos de forma implícita. Conhecidos, de
início, apenas por tradição oral "hadith).
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Consenso Unânime da comunidade (Ijma) - era considerado uma manifestação indirecta e difusa
da vontade de Deus. Era a opinião comum dos teólogos e juristas da época.
Doutrina - esta surgia de várias escolas de interpretação jurídica.
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Direito Canónico
DIREITO CANÓNICO
Noção Introdutória
Entre os ordenamentos jurídicos que importa estudar nesta primeira época, o direito canónico tem
lugar de relevo. Trata-se de um direito que poderemos designar por supra-estatal, tomando expressão
apenas com vista à comodidade expositiva e no sentido de algo que se encontra num plano superior ao dos
reinos ou áreas políticas diferenciadas então existentes
Resumo da Reconquista Cristã
Ano 718: 1ª Monarquia Cristã com Capital em Oviedo nas Astúrias;
Ano 1249: Tomada do Algarve;
Ano 1942: Expulsão dos Muçulmanos da Península
1) Direito Canónico
O Direito canónico pode ser genericamente apresentado, como o conjunto de normas jurídicas
relativas à Igreja. Mais exactamente, é, como diz Van Hove, o complexo de cânones(norma ou regra) ou leis
estabelecidas, propugnadas(Defendidas) ou aprovadas pela autoridade eclesiástica, para recta instituição
da sociedade eclesiástica.
2) Fontes do Direito Canónico
Sagrada Escritura (Bíblia)
Tradição
Cânones
Decretais e Decretos
Doutrina
Compilações
Sagrada Escritura (Bíblia)
O Antigo Testamento contém preceitos cerimoniais (respeitantes ao culto), preceitos socais
respeitantes à organização e preceitos morais respeitantes à conduta do homem.
O Novo Testamento contém preceitos de direito divino (Estatuições dos Evangelhos), Direito Divino
Apostólico (Desenvolvimento do direito divino pelos Apóstolos) e Direito Apostólico (Direito ditado pelos
apóstolos na sua actividade evangelizadora.
A tradição
Conhecimento transmitido , passado de geração em geração que era considerado um factor de
autoridade. A tradição reporta-se a matéria latente nas sagradas escrituras.
Cânones, (Statutum, edictum, constitutio synodalis)
Determinações Conciliares dadas por "Concilium" assembleia Eclesiástica regularmente convocada
para deliberar sobre assuntos religiosos.
Decretais e Decretos
Correspondiam Às Decisões do Papa.
Doutrina,
Obras Científicas dos juristas eram consideradas fontes directas;
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Direito Canónico
Compilações
Corpus Iuris Canonici, ano 1140, era uma colectânea privada, mas difundiu-se como lei geral da
Igreja, sob o nome de decreto.
Em caso de conflito entre o direito canónico e as leis do Rei prevalece o canónico, de resto há uma
simultânea vigência. (1211) Lei da Cúria.
Apesar de não ter reconhecimento internacional (este em 1179), Portugal torna-se independente,
em 1143.
Portugal, em 1179, devido ao Direito Internacional tem reconhecimento económico por força do
direito canónico.
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Ius Romanum 1ª Parte
Ius Romanum
1ª Parte
1) Direito e Política em Roma
Segundo os dados tradicionais acerca da sucessão das formas de governo na História de Roma,
verifica-se que houve:
Uma Monarquia desde 753 a.C. a 510 a.C.
Uma República desde 510 a.C. a 27 a.C
Um Principado desde 27 a.C. até 284 (fins do séc. III)
Uma Monarquia Absoluta de 284 até 565 (séc. V)
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Pretor
A palavra praetor (prae-itor) significa o que vai à frente:
A Princípio era um designação genérica para indicar o chefe de qualquer organização
Os Cônsules, que são os Magistrados mais antigos, de início intitularam-se praetores, isto é
chefes militares
Em 450 a.C. a palavra praetor conservou um carácter genérico, pois era nome comum de
qualquer magistrado.
Em 367 a.C. a palavra praetor passa a significar especificamente Encarregado de
administrar a justiça.
Em 242 a.C. a administração da justiça é distribuída por dois pretores:
o O pretor urbano (praetor urbanus) - encarregado de organizar (dentro das normas
do ius civile) os processos civis em que só interviessem os cidadãos romanos;
o O pretor peregrino (praetor peregrinus) - incumbido de organizar (mas dentro das
normas do ius gentium) os processos em que pelo menos uma das partes era um
peregrino, quer dizer, um «non-civis».
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Ius Romanum 1ª Parte
O Critério Político, segundo este critério, as fases do Ius Romanum são tantas quantos os períodos
da história política de Roma. E assim teríamos:
Direito Romano da época Monárquica (753 ac - 510ac)
Direito Romano da época Repúblicana (510 ac - 27 ac)
Direito Romano da época Imperial (27 ac - 284)
Direito Romano da época Absolutista (284-565)
O Critério Normativo, segundo este há tantas épocas do Ius Romanum quanto os modos de
formação das normas jurídicas (Costume, lei, jurisprudência, constituições imperiais) e assim teríamos:
Um direito romano consuetudinário;
Um direito romano legítimo (=legislativo);
Um direito romano jurisprundencial (=doutrinário);
Um direito romano constitucional (=Absolutista)
O Critério Jurídico atende à própria vida do Ius Romanum e às manifestações dessa vida.
Atendendo às manifestações da vida do Ius Romanum - se ele vigora só para os cives ou também para os
non-cives, se é local ou universal, se continua puro ou recebe influência estranhas, se permanece romano
ou é já mais oriental e helénico.
O Critério Jurídico externo fixa a periodização atendendo a certas características do Ius Romanum,
segundo este critério o Direito Romano dividir-se-ia em três períodos históricos:
Período de Direito Romano nacional ou Quiritário
Período de Direito Romano Universal ou do ius gentium
Período do Direito Romano oriental ou Helénico.
O Critério jurídico interno atende ao próprio valor do Ius Romanum, à perfeição jurídica das suas
instituições, segundo este critério teremos as seguintes épocas históricas do Ius Romanum:
Arcaica (753 ac - 130 ac)
Clássica (130 ac - 230)
post-Clássica (230 - 530)
Justinianeia (530 - 565)
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Ius Romanum 1ª Parte
Fontes exsistendi - São os órgãos produtores das normas jurídicas ( o «populus», os comícios, o
senado, os magistrados, o imperador e os «iusprudentes»; estes sobretudo a partir do Sec. II DC, dada em
que é oficialmente reconhecido carácter normativo às suas decisões)
Fontes manifestandi - São os modos de produção ou formação das normas jurídicas (O costume, a
Lei, num sentido muito amplo, compreendendo não só as «leges sensu stricto» ,as também as «leges sensu
lato»; e sob certo aspecto,a «iurisprudência» enquanto não foi reconhecida como fazendo parte das
«fontes exsistendi»
Fontes cognoscendi - São os textos onde se encontram as normas jurídicas
3) Lei das XII Tábuas
Nos anos 451 449 ac, efectuou-se em Roma uma obra codificadora de grande envergadura. Esta foi
elaborada por um organismo especialmente constituído para esse fim, os decemviri legibus scribundis
(comissão de dez homens para redigir as leis), Depois aprovada nos comícios das centúrias, afixada
públicamente no forum e finalmente publicada em doze tábuas de madeira, daí a sua designação.
Divisão, Conteúdo e importância da Lei das XII tábuas;
Divisão, a lei das XIII tábuas, formalmente encontra-se dividida em 12 partes (Tábuas) e cada um
subdividida em fragmentos ou leis.
Conteúdo - As Tábuas
I- III tratam do processo civil
IV - V Família e sucessões
VI Negócios jurídicos mais importantes
VII - XII Direito Penal
Importância: A lei das XII Tábuas é o monumento jurídico mais valioso da Antiguidade, não só para
Roma, mas até para todo o Ocidente. É o ponto de partida para as construções jurídicas posteriores.
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História das Instituições 2010/2011 1ª Ano Direito História do Direito Ibérico/Ius Romanum 2ª Parte
Ius Romanum
2ª Parte
1) Fontes do Direito Romano
Costume - mores maiorum
leges
senatusconsultum
Constitutiones principum
iurisprudentia
ius Praetorium
Lex
É toda a declaração solene com valor normativo, baseada num acordo com o declaratório e os
destinatário.
Lex rogata, deliberação proposta por um magistrado e votada pelos comitia
Plebiscitum, deliberação apresentada pelos tribunos da plebe e votada nos concilia plebis
o De início embora tivese um certo carácter normativo não jurídico, não vinculavam
como as leges, ne, patrícios nem plebeus;
o A partir de 449 a.C. adquirem força vinculativa à das leges, mas só em relação aos
plebeus;
o Em 287 a.C. estas passam a vincular, como as leges, tanto Plebeus como Patrícios,
são, portanto, equiparados às leis comiciais.
Senatusconsultum
1) A palavra senatus+consultum, de início, significa uma consulta feita ao senado;
2) passou a significar uma decisão do senado;
3) Segundo Ulpianos eram um fonte imediata de direito.
Como adquiriam força legislativa
De Início até ao séc. I a.C., os senatusconsultos eram meros pareceres do senado, dados aos
magistrados que os consultavam;
A partir do séc. I a.C., os senatusconsultos são fonte mediata de direito, sobretudo através
do edicto do pretor. O senado, valendo-se do seu prestígio sempre crescente, principiou a
sugerir aos pretores, e depois até a indicar, a matéria para os seus edictos. Desta forma, os
senatusconsulta tornavam-se fonte de direito, através do edicto do pretor.
Desde o início do principado, os senaconsulta já são fonte imediata de direito
Constitutiones Principum
No séc. I, as consituições imperiais têm um valor jurídico, de ordem prática; o povo acata os
seus preceitos e observa-os porque são decisões do imperador;
No séc. II, são equiparadas às leis, isto é têm força de lei, mas ainda não são leis;
No séc. III, já são leis
A Partir do séc. IV, são a única fonte de direito, isto era o início do absolutismo da lei, ou
melhor, da vontade absoluta do imperador, já que ele era designado e aclamado como lex
animata a lei viva. (O imperador era lei viva)
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Iurisprudentia
Do início ao séc. IV a.C., unicamente os sacerdotes pontífices eram juristas.
A Partir do séc. IV verifica-se a laicização da iurisprudentia, esta deixa de ser um privilégio
dos sacerdotes pontífices, no entanto fica reservada aos nobres ou a ceras classes
consideradas superiores.
A Partir do Império o, Augusto resolveu admitir para cargos importantes jurisconsultos,
mesmo pessoas da classe média – É a última laicização da iurisprudentia.
Funções da iurisprudentia
Cavere, isto é aconselhar os particulares como deviam realizar os seus negócios jurídicos;
Agere, era a função de assistir às partes do processo: Qual a fórmula a empregar, que
palavras usar, quais os prazos para apresentar provas, etc.;
Respondere¸ consistia em dar sentenças ou pareceres (Responsa) a particulares ou a
magistrados sobre questões jurídicas.
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2) Ius Praetorium
Pretor, é o intérprete da lex, mas sobretudo o defensor do ius e da justiça, interpretando o ius
civile (sobretudo os passos obscuros), integrando as suas lacunas e corrigindo as suas aplicações injustas
Divisão do Ius Romanum
O Ius Romanum é dividido em:
Ius Civile, Deriva do populus, dos comitia, do senatus, do princeps, dos iurisprudentes.
Ius Honorarium, é criado por certos magistrados, pretores, edis curuis e governadores das
províncias.
O ius honorarium é todo o ius romanum não civile, introduzido pelos edictos de certos magistrados,
a saber: pretor urbano, pretor peregrino, edis curúis e governadores das províncias.
O edictum do pretor é o programa apresentado pelo magistratus que pretendia ser eleito para
pretor.
1ª Fase, (Séc. IV – meados Séc. III a.C.) – Nesta fase, a função do pretor era administrar a justiça,
fundada no ius civile. A sua actividade é essencialmente interpretativa.
2ª Fase, (desde fins do séc. III a.C.) a 130 a.C) – O pretor, baseando-se no seu imperium – poder de
soberania, a que os cidadãos não podiam opor-se – usa expedientes próprios para criar direito mas
de uma forma indirecta:
o Se uma situação merecia protecção jurídica e não a tinha do ius civile, o pretor colocava-a
sob a alçada do ius civile;
o Ou se uma situação social estava protegida pelos ius civile e não merecia essa protecção,
retirava-a da alçada do “ius civile”,
3ª Fase, ( a partir de 130 a.C.) o Pretor baseado na sua iurisdictio – poder específico de administrar
a justiça dum modo normal, cria também direito (ius praetorium) e agora de forma directa, embora
por via processual. E assim, em vários casos não previstos pelos ius civile, o pretor concede uma
actio própria, por isso denominada actio praetoria. E como em Direito Romano ter actio é ter ius, o
pretor concedendo actio, cria directamente o ius.
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