René Descartes nasceu em 31 de março de 1596 em uma cidade chamada La Haye (Reino Francês). Foi criado pela avó, pois perdeu sua mãe com treze meses de idade. Aos dez anos, foi mandado para um colégio interno jesuíta onde obteve os primeiros estudos. É importante destacar que em 1610
Título original
Resenha crítica da obra: “Discurso do Método” de René Descartes
René Descartes nasceu em 31 de março de 1596 em uma cidade chamada La Haye (Reino Francês). Foi criado pela avó, pois perdeu sua mãe com treze meses de idade. Aos dez anos, foi mandado para um colégio interno jesuíta onde obteve os primeiros estudos. É importante destacar que em 1610
René Descartes nasceu em 31 de março de 1596 em uma cidade chamada La Haye (Reino Francês). Foi criado pela avó, pois perdeu sua mãe com treze meses de idade. Aos dez anos, foi mandado para um colégio interno jesuíta onde obteve os primeiros estudos. É importante destacar que em 1610
Descartes Emerson Benedito Ferreira[1] Ren Descartes nasceu em 31 de maro de 1596 em uma cidade chamada La Haye (Reino Francs). Foi criado pela av, pois perdeu sua me com treze meses de idade[2]. Aos dez anos, foi mandado para um colgio interno jesuta onde obteve os primeiros estudos. importante destacar que em 1610, Descartes toma conhecimento de que Galileu teria descoberto as luas de Jpiter, o que colocaria por terra toda a filosofia escolstica de que a terra seria o centro de todo o movimento, teoria esta advinda da Bblia e de Aristteles e difundida com volpia nas escolas Jesuticas. Na juventude conhece Isaak Beeckman, figura que lhe influenciaria em seu interesse nos estudos da matemtica[3]. Nesta oportunidade, j estava diplomado em Direito. Diplomado, parte para uma srie de viagens pela Europa decidido a buscar somente o conhecimento que pudesse ser encontrado em mim mesmo ou no grande livro do mundo[4]. Muda para Holanda em 1628 e l permanece at 1649. Faleceu no dia 11 de fevereiro de 1650, de pneumonia, aos 53 anos, na Sucia[5]. Dentre vrias obras, Descartes publicaria, em 1637 O Discurso Do Mtodo, objeto de nossos estudos. O autor divide a obra em seis partes. interessante notar que para expor a sua filosofia e explicar o seu mtodo, Descartes faz uso de uma narrativa autobiogrfica, contando sua prpria histria, narrando sua trajetria e todos os eventos que o possibilitaram a desenvolver sua teoria. Na primeira parte da obra, grosso modo, o autor faz um apanhado de toda sua educao, das disciplinas auferidas no colgio, dos livros que teve oportunidade de ler fazendo algumas crticas sobre o que estudou e aprendeu. J enfadado de tudo, resolve abandonar os estudos e buscar conhecimento nas prprias entranhas do mundo, viajando e conhecendo pessoas[6]. Na verdade, sua inteno primaz era apresentar um mtodo (criado e seguido por ele) que conduzisse a razo do indivduo em busca do que era verdadeiro, ou seja, o seu desgnio no era ensinar nesta obra o mtodo que cada qual deve seguir para bem conduzir sua razo, mas apenas mostrar de que maneira me esforcei para conduzir a minha[7]. Na segunda parte, o autor apresenta os argumentos que julga necessrio para pavimentar o caminho que ser utilizado para discernir entre o verdadeiro e o falso. Entoa que est mais prximo de ser verdadeiro o simples raciocinar de um homem de bom senso a respeito das coisas do mundo do que a cincia que est contida em livros que rene opinies diversas de vrias pessoas[8]. Assim, Descartes entende que somos como um edifcio projetado desde a infncia por muitos arquitetos. Nesse
raciocnio, conclui que se usssemos do raciocnio desde criana, o nosso
relacionamento com o mundo poderia ser bem diferente do que se tem[9]. Deste modo, na busca de alicerar o seu prprio juzo, Descartes cria quatro preceitos lgicos: 1: Jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu no conhecesse evidentemente como tal, isto , de evitar cuidadosamente a precipitao e a preveno[10]; 2: dividir cada uma das dificuldades que eu examinar em tantas parcelas quantas possveis e quantas necessrias fossem para melhor resolv-las[11]; 3 conduzir por ordem meus pensamentos, comeando pelos objetos mais simples e mais fceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, at o conhecimento dos mais compostos (...)[12]; 4 fazer em toda parte enumeraes to completas e revises to gerais que eu tivesse a certeza de nata omitir[13].
Com estes preceitos, Descartes mostra quo era sua desconfiana em
relao a tudo que foi-lhe ensinado. Assim, seria prefervel rejeitar todas as opinies[14] para posteriormente readmiti-las. E os preceitos metodolgicos seriam os fios condutores que prestariam auxlio para a busca do que verdadeiro. Na terceira parte da obra, Descartes formular suas mximas. Diz ele que so necessrias, pois se vai reconstruir o seu prprio juzo, retirando deles velhas opinies e crenas ultrapassadas, dever imprimir em si uma postura provisria, uma moral provisria. Dividiu-as em: 1 obedecer s leis e aos costumes de meu pas, retendo constantemente a religio em que Deus me concedeu a graa de ser instrudo desde a infncia, e governando-me em tudo o mais (...)[15]; 2 ser o mais firme e o mais resoluto possvel em minhas aes, e em no seguir menos constantemente do que se fossem muito seguras as opinies mais duvidosas, sempre que eu me tivesse decidido a tanto[16].
que fortuna, e de antes modificar os meus desejos do que a ordem do mundo; e, em geral, a de acostumarme a crer que nada h que esteja inteiramente em nosso poder , exceto os nossos pensamentos (...)[17]; 4 passar em revista as diversas ocupaes que os homens exercem nesta vida, para procurar escolher a melhor (...)[18].
Na quarta parte, Descartes, para discernir entre o verdadeiro e o falso,
passa a rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dvida a fim de ver se, aps isso, no restaria algo em meu crdito que fosse inteiramente indubitvel.[19] Descartes usa aqui a razo para entender as coisas do mundo, pois salienta que os nossos sentidos nos enganam s vezes[20]. Diz ele que se posso me enganar com as impresses de meus sentido ou de pensamentos que tenho quando estou acordado (pois posso ter os mesmos pensamentos quando estou dormindo), tudo que tenho em concreto so iluses. Mas, uma coisa verdade: se estou pensando, eu existo (eu penso, logo existo)[21]. Assim, constata o filsofo que era ele uma substncia cuja essncia ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, no necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa material[22]. E se no depende de coisa material, no depende do corpo pois o que pensa a alma. Ento, para Descartes, a alma inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que mais fcil de conhecer do que ele, e, ainda que este nada fosse, ela no deixaria de ser tudo o que [23]. Mas, continua Descartes, conhecer uma perfeio maior do que duvidar. Mesmo o raciocinar, o pensar, foi colocado em mim por algo superior Deus[24]. Na quinta parte, resumidamente, descartes utiliza de seu mtodo para descrever corpos e vai dos inanimados at o do homem. Discorre sobre a possibilidade de que os homens, em seu incio, eram desprovidos de almas[25], assim como os animais. Neste contexto, o corao dos homens era composto de fogos sem luz[26]. Por fim, Descartes reitera a independncia da alma em relao ao corpo. Na sexta parte, Descartes finaliza fazendo uma sntese de seu caminho percorrido nas cinco partes anteriores. Discorre que no incio de sua caminhada procurou: Encontrar em geral os princpios, ou primeiras causas, de tudo quanto existe, ou pode existir, no mundo, sem nada considerar, para tal efeito, seno Deus s, que o criou, nem tir-las de outra parte, exceto de certas
Quais os primeiros e os mais ordinrios efeitos que se podem deduzir dessas causas: e parece-me que, por a, encontrei cus, astros, uma terra, e mesmo, sobre a terra, gua, ar, fogo, minerais e algumas outras dessas coisas que so as mais comuns de todas e as mais simples, e por conseguinte as mais fceis de conhecer[28].
E seguidamente, Descartes diz que quando:
Quis descer s que eram mais particulares, apresentaram-se-me to diversas, que no acreditei que fosse possvel ao esprito humano distinguir as formas ou espcies de corpos que existem sobre a terra, de uma infinidade de outras que poderiam nela existir, se fosse a vontade de Deus a coloc-las, nem, por consequncia, torn-las de nosso uso, a no ser que se v ao encontro das causas pelos efeitos e que se recorda a muitas experincias particulares[29].
Assim, Descartes finalizaria o seu Discurso do Mtodo, obra que abriria
caminho para outras pesquisas e outras publicaes. Com esta obra, ele mudaria conceitos filosficos, colocando a subjetividade como conhecimento do mundo e distinguindo o corpo da alma, ambos sacramentados em tempos passados. Na verdade, sua intuio seria criar uma nova cincia, cincia esta com nfase particular na experimentao. Desejava, sobretudo que estes estudos fossem usados em prol da humanidade, melhorando-a naquilo que fosse possvel. ____________________________________ Referncias: COTTINGHAN, J. Descartes: a filosofia da mente de Descartes. Traduo de Jesus de Paula Assis. So Paulo: Editora UNESP, 1999. __________. Dicionrio Descartes. Traduo de Helena Martins. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.
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