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Direito Penal

História do Direito Penal Brasileiro


Introdução A partir de agora será feito um recorte do
direito penal brasileiro, de sua história, a
Ao estudar o direito penal, aborda-se o que
qual não acompanhou – em aspecto
aconteceu antes do Estado liberal, antes
temporal – a história do direito nos EUA,
das revoluções burguesas do fim do século
por exemplo.
XVIII – período iluminista – antes das
ideias de Feuerbach (“pai do direito Enquanto a Europa estava discutindo o
penal”). princípio da legalidade no fim do século
XVIII, rompendo com o modelo déspota e
Fala-se que tudo que aconteceu antes era
com o direito penal centralizador,
ruim, houve suplícios, como castigos
construindo, assim, um direito penal de
corporais e penas que atingiam a
garantias e princípios, o Brasil estava
constituição físico psicológica do ser
cortando o corpo de Tiradentes em pedaços
humano.
e dividindo-o em partes do território
Começa-se a afirmar que a pena privativa, nacional.
consolidada então no fim do século XVIII,
Desta forma, com o objetivo de ilustrar a
de origem remota – na prisão de
construção do modelo penal no Brasil, que,
monastério, pela igreja no século XII; nas
na maioria das vezes, pareceu repetidor de
penitenciárias em Amsterdã, no fim do
raciocínios jurídicos europeus, revela-se
século XVI; na colonização dos EUA. O
elementar caminhar pelo pensamento penal
modelo da pena privativa surgiu como uma
brasileiro, sobre as ideias que cercaram a
forma de humanizar o direito penal.
formação da legislação penal pátria, desde
Depois, aborda-se o século XIX, a escola as Ordenações Filipinas até o Código
clássica, o positivismo criminológico, dos Criminal do Império de 1830, passando
embates entre o determinismo e o livre- pelos Códigos Penais de 1890 e de 1940,
arbítrio. No início do século XX, há a com atenção especial à doutrina finalista
teoria causal clássica e o sistema Liszt- que inspirou a reforma penal de 1984.
Beling. Passa-se também pelo
No Brasil Colônia
neokantismo, pelo finalismo, pela teoria
social da ação, pelo funcionalismo Do descobrimento em 1500 até o ano de
teleológico, pelo funcionalismo sistêmico. 1830, o direito penal português,
Em seguida, trata-se da teoria significativa representado pelas Ordenações Afonsinas
da ação e do funcionalismo redutor. (1447-1521), Manuelinas (1521-1603) e
Filipinas (1603-1830) vigoraram no Brasil.
Direito Penal Brasileiro
Portanto, nesse período, o direito penal No seu Livro V, trazia um direito penal
brasileiro foi, na verdade, o direito penal cruel com a possibilidade de pena de
português, que, do final do século XVIII “morte natural de fogo”, que era a queima
até o ano de 1830, não contemplava as do réu vivo; com a “morte natural na forca
novas ideias penais do século das luzes que para sempre”, quando o réu era morto na
propagaram um direito penal, em tese, forca da cidade e seu corpo ficava
mais humanitário, no qual a pena privativa pendente até apodrecer e cair sobre o solo.
de liberdade em substituição ao modelo de
No contexto dos crimes sexuais havia uma
sanção penal dos suplícios medievais, com
preocupação religiosa, que acabava
um modelo penal e processual penal
gerando a punição desumana tanto de
alicerçado em princípios e garantias.
condutas que ofendiam a liberdade sexual
↪ as Ordenações Manuelinas não foram quando dos comportamentos imorais ou
tão concretizadas quanto afirma a doutrina! que feriam os costumes da época, como,
por exemplo, a sodomia.
Tais Ordenações foram aplicadas no Brasil
Colônia, principalmente as Ordenações ↪ Nas Ordenações Filipinas a
Filipinas e o seu Livro V. Assim sendo, o homossexualidade era uma infração punida
país não acompanhou as reformas liberais com morte de cabeça para baixo, corpo
que ocorrem no fim do século XVIII, queimado e cinzas enterradas.
continuando, então, com uma réplica do
Primeira Constituição
direito penal medieval nas Ordenações
Filipinas. Com a Proclamação da Independência do
Brasil no ano de 1822, as Ordenações
As reformas liberais no século das luzes na
Filipinas foram mantidas até a entrada em
Europa e a ideia do princípio da legalidade
vigor do Código Criminal do Império em
na Carta do Código Penal do Rei Dom José
1830.
II, da Áustria, não foi algo automático que
passou a existir em todos os Estados. Em A Constituição brasileira de 25 de março
fato, há uma crítica de que isso se tratou, de 1824, no seu artigo 179 aboliu os
na verdade, de uma fachada do Estado de açoites, a tortura, a marca de ferro quente e
Direito, isto é, foi previsto formalmente, todas as demais penas cruéis e incorporou
mas demorou para ser concretizado. De o princípio da reserva legal e a exigência
qualquer modo, o Brasil estava muito do devido processo.
distante dessa realidade.
O texto ainda afirmou que: ninguém seria
Ordenações Filipinas sentenciado senão pela autoridade
competente, em virtude de lei anterior, e na
As Ordenações Filipinas, cujo conteúdo
forma por ela prescrita; nenhuma pena
normativo foi inspirado na baixa idade
passaria da pessoa do delinquente,
média, foram publicadas em 1603, durante
revogando com isso a pena de infâmia que,
a União Ibérica, por Felipe III (II de
até então, era aplicada aos parentes do
Portugal).
condenado; as cadeias seriam seguras,
limpas e bem arejadas, com diversas casas
para separação dos réus, conforme as
circunstâncias e natureza de seus crimes.

Essa realidade de cadeias limpas e arejadas


não foi concretizada no Brasil até hoje.

↪ Segundo dados do Infopen (Ministério


da Justiça), existem 742.000 pessoas presas
no Brasil. Segundo dados do CNMP, o
Brasil tem apenas 400.000 vagas para
presos.

Portanto, o Brasil não tem, hoje, o espaço


adequado principalmente para presos do
regime fechado. Tal incapacidade e
omissão do Estado tem levado os Tribunais
a decidirem no sentido de promover o
afastamento do cárcere – chamado por
muitos de “desencarceramento”.

Em 2021 o STJ decidiu por contar em


dobro a pena para os sujeitos presos no
presídio

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