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Faculdade Quirinópolis

Direito Penal I
2º Período

Professor: Márcio Borges da Silva APOSTILA 01

1 – INTRODUÇÃO E HISTÓRICO

KANT – SÉCULO XVIII – Os juristas ainda estão à procura de uma definição para o
direito.

PITÁGORAS – sob a ótica da matemática: “O direito é igual ao múltiplo de si


mesmo”.

- Decorridos dois séculos, esta crítica mantém-se atual, de vez que os aplicadores do
direito, através das jurisprudências, não lograram objetivar, através de uma só
definição, todos os sentidos e aplicabilidade do Direito.

- De outro lado, as definições sofrem a influência das inclinações dos juristas, assim:

LEGALISTA – O direito é o conjunto de normas que regem a sociedade. Ou seja,


para o legalista aplica-se a lei independentemente se é justa ou injusta.

IDEALISTA – O direito é voltado para imprimir a igualdade entre as pessoas, deve-se


interpretar a lei segundo os ditames da JUSTIÇA.

- Conceito de Direito Penal (Guilherme de Souza NUCCI): É o conjunto de normas


jurídicas voltadas à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo
infrações penais e as sanções correspondentes, bem como regras atinentes à sua
aplicação.

- Conceito de Estado (Paulo Nader): É um complexo político, social e jurídico, que


envolve a administração de uma sociedade estabelecida em caráter permanente em
um determinado território, dotado de poder autônomo.

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- Relação do Direito Penal com os demais ramos do Direito:

 Direito Constitucional (Fonte dos direitos fundamentais – Art. 5°, incisos: XXXIX e

ss);

 Direito Civil (CP, art. 237 c/c CC, art. 1521);

 Direito do Trabalho (CLT, art. 482, “d”);

 Direito Administrativo (CP, art. 312 e ss, além da Administração de presídios, etc.);

 Medicina Legal (CP, arts. 129, 213, 214 – Exames de corpo de delito, de conjunção

carnal e atos libidinosos);

 Sociologia Jurídica (Estudo do homem como parte integrante da sociedade, criando

normas de conduta – evoluem para a tipificação do crime);

 Filosofia Jurídica (Estudo do grau da conseqüência gerada em razão da conduta

antijurídica, valorando a proporcionalidade da pena);

 Direito Internacional Penal (Corte Penal Internacional – HAIA [Holanda], Julga os

indivíduos por crimes graves que violam os direitos humanos – p.ex. crimes de

guerra, genocídios, etc);

 Direito Processual Penal (Normatizam os meios empregados na busca da verdade

real, no processo e julgamento dos acusados de crimes).

- PERÍODO PRIMITIVO: Cunho religioso, voltado para a crença em deuses e


divindades (pestes, secas, trovões, relâmpagos, chuvas, vento, etc – tudo se
relacionava com a conduta do homem, e era a vingança dos deuses por algo de
errado que tinha sido feito por ele).

- VINGANÇAS PRIVADAS: A própria vítima, parentes ou grupos sociais (tribo), se


encarregavam da vingança. Vingança coletiva – dizimação de todo grupo ou tribo do
ofensor.

TABU (Origem primitiva das normas penais – crime e pena): Cunho religioso e para
aplacar a ira dos deuses, criaram-se uma série de proibições, que não obedecidas,
acarretavam castigo.

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TALIÃO: (Origem primitiva da proporcionalidade entre o crime praticado e o castigo
imposto – limitando a abrangência da ação punitiva) – Fase do sangue por sangue,
olho por olho, dente por dente. (Adotado pelo Código de Hamurabi – Babilônia;
Êxodo – Hebreus; Lei das XII Tábuas – Roma).

COMPOSIÇÃO: (Origem primitiva das modernas formas de indenização do C.Civil –


Arts. 186, 187 e 927; e das multas do Código Penal – art. 155).

- Surgimento do ILUMINISMO (Século XVII: Montesquieu e Voltaire [França] e


Beccaria [Itália]) – Houve uma preocupação com a racionalização na aplicação das
penas, combatendo-se o reinante arbítrio da época.

. VINGANÇA PÚBLICA: Tinha como objeto o banimento do terrorismo punitivo,


uma vez que cada cidadão teria renunciado a uma porção de sua liberdade para
delegar ao Estado a tarefa de punir, nos limites da necessária defesa social.

- A pena passa a ter um caráter preventivo, de intimidação do ilícito, e não

simplesmente de castigo (repressivo).

- A prisão passa a ser adotada como pena privativa de liberdade, consolidando-se

definitivamente em meados do Século XIX.

- Em 26 de agosto de 1789, consagra-se o pensamento iluminista com a Declaração

dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Direito Medieval: Pródigo na cominação da pena de morte, executada pelas formas


mais cruéis (fogueira, afogamento, soterramento, enforcamento, etc); visava,
especificamente, a intimidação. As sanções penais eram desiguais, dependendo da
condição social e política do réu.

Direito Romano: Evolui-se das fases da vingança privada, através do talião e da


composição, bem como na época da vingança divina na época da realeza, para,
finalmente, tornar-se, em regra, pública. As sanções são mitigadas (abrandadas,
diminuídas) e é abolida a pena de morte, substituída pelo exílio e pela deportação.
Contribuiu decisivamente para a evolução do direito penal com a criação de

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princípios sobre erro, culpa, dolo, imputabilidade, coação irresistível, agravantes,
atenuantes, legítima defesa, etc... .

Direito Germânico: Não era composto de leis escritas, mas constituído apenas
pelos costumes. No processo vigoravam as “ordálias” ou “juízes de deus” (prova de
água fervente, de ferro em brasa, etc), além dos duelos judiciais pelos quais se
decidiam os litígios, pessoalmente ou através de lutadores profissionais.

Direito Canônico: Era o direito penal da igreja, com influência decisiva do


cristianismo na legislação penal. Politicamente a sua luta metódica visava obter
predomínio do papado sobre a sociedade, protegendo, dessa forma, os interesses
religiosos de dominação.

PERIODO HUMANITÁRIO (Final do Século XVIII): Movimento que pregou a


reforma das leis e da administração da justiça penal. Como foco no direito de punir
(poder-dever) do Estado e na legitimidade das penas. Reúne os seguintes princípios
básicos:

- Somente as leis podem fixar as penas, não se permitindo ao Estado-juiz


interpretá-las ou aplicar sanções arbitrariamente;

- As leis devem ser conhecidas do povo, redigidas com clareza para que possam ser
compreendidas e obedecidas por todos os cidadãos;

- Não se deve permitir o testemunho secreto, a tortura para o interrogatório e os


juízes de deus, que não levam à descoberta da verdade;

- A pena deve ser aplicada, não só para punir o transgressor, mas para intimidar o
cidadão e recuperar o delinqüente;

ESCOLA POSITIVA (Século XVIII – Médico italiano César Lombroso): Considera o


crime como manifestação da personalidade humana e produto de várias causas,
LOMBROSO estuda o delinqüente do ponto de vista biológico.

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São as seguintes as idéias de LOMBROSO, quanto ao criminoso nato:

 Insensível fisicamente, resistente ao traumatismo, canhoto ou ambidestro,


impulsivo, vaidoso e preguiçoso. A epilepsia era a causa da degeneração que
conduzia ao nascimento do criminoso, produzindo agressões transmitidas por
herança biológica.

 O criminoso nato apresentava características físicas e morfológicas


específicas, como assimetria craniana, fronte fugidia, zigomas salientes, face
ampla e larga, cabelos abundantes, barba escassa, etc.

ESCOLA CLÁSSICA (Século XIX – Francesco Carrara e Antônio Moniz Sodré de


Aragão): Os clássicos visualizavam a responsabilidade penal do criminoso com base
no LIVRE-ARBÍTRIO. Nas palavras de Sodré:

“O criminoso é penalmente responsável por que tem a


responsabilidade moral, e é moralmente responsável
porque possui o livre-arbítrio”

ESCOLA MISTA – Origem da progressão de Regime (Carnevale e Impalomeni):


Procurando conciliar aos princípios das Escolas Positiva e Clássica, surgiram as
Escolas Ecléticas ou mistas, como a terceira Escola na evolução do Direito Penal.

 Referiam-se os estudiosos à causalidade do crime e não à sua fatalidade,


excluindo, portanto, o tipo penal antropológico, e pregavam a reforma social
como dever do Estado no combate à criminalidade;

 Criou-se o instituto das medidas de segurança, o livramento condicional e o


sursis;

 Surgimento da doutrina da NOVA DEFESA SOCIAL, para a qual, a sociedade


apenas é defendida à medida que se proporciona a adaptação do condenado
ao convívio social.

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DIREITO PENAL NO BRASIL: Quando se processou a colonização do Brasil, as
idéias de Direito Penal que podem ser atribuídas aos indígenas estavam ligadas ao
direito costumeiro, encontrando-se nele a vingança privada, a vingança coletiva e o
talião.

Com a chegada dos Portugueses, estiveram em vigor no Brasil as Ordenações


Afonsinas e Manoelinas, evoluindo-se até as Ordenações Filipinas, que refletiam o
direito penal dos tempos medievais.

Proclamada a Independência (07/setembro/1.822), previa a Constituição de 1.824,


que se elaborasse nova legislação penal, e em 16 de dezembro de 1.830, era
sancionado o Código Criminal do Império (Fixava um esboço de individualização de
pena, previa a existência de atenuantes e agravantes e estabelecia um julgamento
especial para os menores de 14 anos.

Com a Proclamação da República (15/novembro/1889), foi editado em 11 de


outubro de 1.890, o novo estatuto básico, agora denominado de Código Penal.
Aboliu-se a pena de morte e instalou-se o regime penitenciário de caráter
correcional, o que constituía um avanço na legislação penal.

Em 1º de janeiro de 1.942, entrou em vigor o Código Penal (Decreto Lei nº 2.848,


de 7/12/1.940), que ainda é a nossa legislação penal fundamental. É uma legislação
eclética, em que se aceitam os postulados das Escolas Positiva e Clássica. Adota o
dualismo: Culpabilidade-pena; periculosidade-medida de segurança.

Em 11 de julho de 1.984, foi promulgada a Lei 7.209, que passou a vigorar seis
meses após a data de sua publicação.

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